IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 14, NO.
10, OCTOBER 2016
A Characterization of Vertical Axis Wind Turbines
I. M. Albuquerque and F. F. S. Matos
Abstract— Vertical axis wind turbines (VAWT) have a
number of advantages over the horizontal axis wind turbines
(HAWT), however the performance is a little smaller, so that
researches for their development should be continued for the
implementation of these turbines in urban environment for
electrical energy generation. This paper provides an overview of
characterization of the VAWT, through a literature review,
making comparisons with the HAWT and highlighting the
advantages and disadvantages of this type of turbines. The paper
also defines and compares the main exist types of VAWT for
application in urban environment, so that aims to be a first step
towards development of a VAWT research. Finally, this paper
features how the aerodynamic optimization of a VAWT can be
obtained defining the experimental and the computational
numerical analysis, by the relationship between them.
Keywords— Turbina eólica de eixo vertical - TEEV, turbina
eólica de eixo horizontal - TEEH, vertical axis wind turbine -
VAWT, horizontal axis wind turbine - HAWT, Rotor Darrieus,
Rotor Savonius, computational fluid dynamics - CFD.
I. INTRODUÇÃO1
O AUMENTO da demanda por energia elétrica nos centros
urbanos, devido a fatores como o crescimento
populacional, a melhoria da renda e o desenvolvimento
tecnológico, tem contribuído consideravelmente para a busca
pela geração de energia por fontes renováveis em detrimento
da energia gerada por meio de combustíveis fósseis, já que
atualmente existe um senso comum em reduzir as taxas de
emissões de poluentes e gases que provocam o efeito estufa,
na medida em que diminuem as reservas de combustíveis
fósseis. A evolução das energias renováveis entre os anos de
2004 a 2014 superou todas as expectativas, onde a capacidade
e a produção de todas as tecnologias renováveis aumentaram
substancialmente devido às políticas de apoio que se
espalharam por muitos países em todas as regiões do planeta
[1]. Atualmente, as tecnologias em energias renováveis são
vistas não somente como uma ferramenta para melhorar a
segurança energética e adaptação às mudanças climáticas, mas
também são reconhecidas como investimentos que podem
proporcionar vantagens econômicas, reduzindo a dependência
por combustíveis importados, melhorar a qualidade do ar
local, impulsionando o acesso à energia e ao desenvolvimento
econômico e a criação de empregos [1].
Desta forma, o objetivo deste trabalho consiste em
caracterizar uma turbina eólica de eixo vertical, diferenciando-
as das de eixo horizontal, destacando as suas principais
características, vantagens e desvantagens. Por fim, realiza-se
uma análise sobre estudos das turbinas eólicas de eixo vertical
em CFD, destacando os parâmetros necessários para a análise
computacional.
I. M. Albuquerque, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará - IFCE, Maracanaú, Ceará, Brasil, igormagalhaes87@hotmail.com
F. F. S. Matos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará - IFCE, Maracanaú, Ceará, Brasil, ffsmatos@ifce.edu.br
4255
Dentre as fontes renováveis disponíveis, a energia
proveniente dos ventos destaca-se por conta de seu uso pelo
homem, desde tempos imemoriais, quando as forças dos
ventos eram aproveitadas na movimentação de barcos a vela e
no bombeamento de água através dos moinhos de vento. No
entanto, a geração de energia elétrica é a mais recente e
principal forma de aproveitamento da energia eólica, que é a
energia resultante do deslocamento das massas de ar
provocado pelo aquecimento irregular da superfície da Terra
[2]. A forma de captação dessa energia se dá pela utilização de
turbinas eólicas, que são dispositivos que convertem a energia
cinética do vento em energia elétrica por meio do torque
gerado pela passagem do fluxo de ar através das pás da
turbina, convertido então em energia elétrica pelo gerador [3].
As turbinas eólicas existentes podem ser divididas em duas
categorias: turbinas de arrasto e de sustentação, baseadas nas
forças que atuam de forma a movimentar o equipamento.
Assim, as forças necessárias para gerar torque nas turbinas
eólicas estão intimamente ligadas ao formato das pás, onde o
arrasto aerodinâmico, ou simplesmente arrasto (drag), é a
componente vetorial da força paralela à direção do
escoamento, e a sustentação aerodinâmica, ou simplesmente
sustentação (lift), é a componente vetorial da força
perpendicular à direção do escoamento [4], conforme a Fig. 1.
As turbinas de arrasto têm a sua eficiência limitada, devida à
incapacidade de as pás girarem mais rápido que a velocidade
do fluxo, e essa limitação faz com que este tipo de turbina não
seja usualmente utilizada na geração comercial de energia
elétrica, embora sejam populares em sistemas artesanais pela
facilidade de sua construção. Já as turbinas de sustentação são
mais eficientes, pois as forças de sustentação impulsionam as
pás da turbina a se movimentarem mais rápido que a
velocidade do fluxo [5].
Figura 1. Forças de arrasto e sustentação. Fonte: O Autor.
Outra forma usual de classificar as turbinas eólicas é em
relação à posição do eixo principal sobre o qual giram as
partes móveis, em eixos horizontais (TEEH - Horizontal Axis
Wind Turbine - HAWT) e eixos verticais (TEEV - Vertical
Axis Wind Turbine) [7], conforme a Fig. 2. Ainda que as
TEEV tenham sido as primeiras turbinas usadas para o
aproveitamento da energia do vento, os pesquisadores
modernos perderam o interesse por elas devido a uma
percepção inicial de não poderem ser usadas na produção de
energia elétrica em grande escala e, devido a isso, as TEEH
passaram a ser o foco principal das atividades de pesquisa
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relacionadas ao aproveitamento da energia do vento [6]. Quanto aos aspectos ambientais, que não devem ser
Contudo, os trabalhos de pesquisa relacionados às TEEV desconsiderados, as TEEV também apresentam vantagens,
seguiram em paralelo, porém em menor escala, e atualmente como menores níveis de ruído, menor impacto visual e maior
sabe-se que essas turbinas são adequadas para a geração de adaptabilidade à arquitetura dos prédios, além de um menor
energia elétrica em condições onde as tradicionais TEEH não risco de acidentes com pássaros e/ou outros animais que
são eficientes, como em regiões com grandes velocidades de voam. O ruído de uma turbina eólica consiste, principalmente,
vento e em escoamentos turbulentos [6]. no ruído aerodinâmico da rotação das pás e das vibrações
mecânicas da caixa de engrenagens e do gerador [11]. Já no
caso de uma turbina estar instalada em uma rota migratória de
pássaros, estes podem se chocar com as pás, causando
ferimentos e até mesmo a morte, pois a velocidade tangencial
de rotação das pontas das pás das turbinas de larga escala
podem chegar a mais de 70 m/s. Em se tratando de TEEV, por
serem de menor escala, esse efeito nos pássaros é minimizado,
uma vez que os rotores são posicionados próximos ao solo. O
impacto visual é uma característica que varia muito para cada
indivíduo, uma vez que para alguns, uma turbina eólica
inserida em um determinado ambiente pode não parecer uma
imagem agradável. Neste caso, as torres das turbinas de larga
escala podem ter mais de 100 metros de altura e assim, podem
ser observadas à distância. Para minimizar esse efeito visual,
as turbinas eólicas, usualmente, têm cores neutras, como
branco ou cinza claro, são instaladas de forma espaçada e seu
Figura 2. TEEH (esquerda) e TEEV (direita). Fonte: O Autor.
design é projetado também com essa preocupação [11]. As
TEEV, em geral, também são pintadas na mesma escala de
Mesmo com as TEEH sendo as mais popularmente
cores, mas por serem de menor escala, são facilmente
difundidas no cenário de energia eólica para a geração de
integradas à arquitetura das cidades, pois seu design já é
energia elétrica em larga escala, as TEEV apresentam uma
pensado de forma a harmonizar-se ao local de sua instalação,
série de vantagens que as tornam viáveis para o mesmo
o que geralmente ocorre sobre os prédios.
objetivo, a geração de energia elétrica. Quanto à capacidade
Desta forma, entende-se que as vantagens das TEEV
de produção, em condições de escoamentos laminares, como
aplicadas em ambientes urbanos, para a mini ou micro geração
em regiões costeiras ou offshore, as TEEH são mais eficientes;
de energia elétrica se sobressaem se comparadas às suas
contudo em regiões de escoamentos turbulentos, como em
desvantagens, como também em relação às vantagens das
regiões densamente construídas e nas cidades, as TEEV se
TEEH, tornando-se necessário caracterizar o melhor modelo
sobressaem. Isso ocorre porque as TEEH precisam ser
de TEEV para este fim.
posicionadas na direção perpendicular ao escoamento para que
se possa extrair a máxima energia do vento, o que não ocorre
II. ASPECTOS GEOMÉTRICOS DAS TEEV
nas TEEV, pois estas captam o fluxo em qualquer direção [5].
Em outras palavras, as TEEV não necessitam de mecanismos
Não há um padrão definido quanto à forma ideal para uma
que as orientem na direção do escoamento, característica essa
TEEV, mas existem alguns modelos patenteados que
extremamente necessária nas TEEH [8].
acabaram por nortear os estudos deste tipo de turbina, que se
Quanto ao tamanho da turbina ou ao diâmetro do rotor, as
diferem por aspectos geométricos e por princípios de
TEEV são vantajosas por, comumente, serem turbinas de
funcionamento. O diagrama na Fig. 3 exibe um resumo da
pequeno porte. Uma típica turbina de grande porte ou larga
classificação das turbinas eólicas quanto às forças
escala apresenta um rotor com o diâmetro variando de 50 a
aerodinâmicas atuantes. A posição do eixo principal, já
100 metros, enquanto que uma turbina de pequena escala tem
descrito, assim como os principais aspectos geométricos.
o diâmetro do rotor variando entre 3 e 10 metros [7]. Por
serem de uma escala menor, as TEEV podem ser instaladas
próximas ao solo, e esta outra vantagem permite maior
facilidade de instalação e manutenção da turbina e de outros
componentes, o que também diminui esses custos [9]. Pro
outro lado, a proximidade com o solo pode apresentar uma
desvantagem das TEEV em relação às TEEH, uma vez que
com essa proximidade entre o rotor e o solo, podem existir
variações cíclicas da potência a cada revolução do rotor [5].
Quanto à velocidade de arranque, as TEEH possuem um bom
torque de partida, e assim, são capazes de operar em baixas
velocidades de fluxo [10], enquanto que as TEEV do tipo
Darrieus, em geral, possuem uma elevada inércia inicial sendo
necessário um mecanismo para a sua partida inicial [5].
Figura 3. Classificação das turbinas eólicas. Fonte: O Autor.
MAGALHÃES ALBUQUERQUE AND MATOS : A CHARACTERIZATION OF VERTICAL AXIS WIND 4257

Em meados de 1920, o engenheiro Sigurd Johannes

Savonius divulgou uma patente de uma TEEV que ficou
conhecida como rotor Savonius [9], que é basicamente uma
turbina de arrasto que apresenta uma geometria relativamente
simples e, consiste em dois semicilindros fixados a um eixo
central que, vistos de cima, sua forma se assemelha à letra "S"
[9], conforme a Fig. 4. Em um dado instante uma das pás
captura o fluxo e é arrastada por este na mesma direção do
escoamento enquanto que a outra se move no sentido contrário
à direção do fluxo; assim, o torque líquido de rotação desta
turbina é igual ao torque gerado pela energia do vento que é
capturado pela pá que está sendo arrastada, subtraído do
torque resistivo da outra pá que está se opondo ao movimento
[4]. Este tipo de turbina apresenta como principal vantagem a
capacidade de operar a baixas velocidades de fluxo e possui
um bom torque de partida. No entanto, por outro lado, tem
Figura 5. Turbina eólica do tipo Darrieus (batedeira de ovos). Fonte: O Autor.
baixa capacidade de geração de energia (característica já
citada das turbinas de arrasto) além de sua geometria grosseira
Existe ainda uma configuração de TEEV que agrega as
[4]. A capacidade de auto partida deste tipo de turbina é uma
características das turbinas Savonius e Darrieus na tentativa de
grande vantagem, desde que turbinas eficientes sejam
juntar os méritos das duas configurações, destacando o alto
desenvolvidas, e assim estas podem ser aplicadas na produção
valor de torque de partida da turbina Savonius e a alta
comercial de energia elétrica [6]. Contudo, a baixa capacidade
eficiência da turbina Darrieus, apresentando um alto
de geração de energia elétrica das turbinas do tipo Savonius
coeficiente de potência - ‫ܥ‬௣ [14], contudo, mais estudos ainda
faz com que esta não seja comumente aplicada para esta
finalidade, sendo mais utilizadas para medições da velocidade são necessários para a validação desse resultado para
dos ventos [12], sob a forma de anemômetros. aplicação desta turbina em escala comercial [6].
Uma derivação da turbina Darrieus é conhecida como
turbina eólica de pás retas (Straight bladed wind turbine), que
consiste em uma turbina de sustentação cuja configuração
usual baseia-se em duas pás, denominada de Rotor H, ou três
pás, denominada de Giromill [6]. As pás têm o formato de um
aerofólio e são fixadas ao eixo central por uma barra central,
onde uma das pás é montada a favor do vento (upwind) e a
seguinte é posicionada contra o vento (downwind), e isso faz
com que o ângulo de ataque das pás varie constantemente
durante a rotação [4], conforme a Fig. 6. Neste tipo de turbina,
quando configurada com apenas duas pás (Rotor H) a
operação torna-se pulsante e por essa razão são utilizadas três
ou mais pás, tornando mais suave sua operação.

Figura 4. Turbina eólica do tipo Savonius. Fonte: O Autor.

Em 1931 o engenheiro aeronáutico francês Georges Jean

Marie Darrieus patenteou um tipo de turbina que ficou
conhecida como rotor Darrieus [6], que funciona devido às
forças de sustentação geradas pelo conjunto de aerofólios
(pás), que no projeto original tem a forma de uma batedeira de
ovos [13], conforme a Fig. 5. As turbinas Darrieus apresentam
os maiores valores de eficiência entre as TEEV, porém,
geralmente, elas sofrem com baixos torques de partida [6], ou
seja, não são capazes de realizar a auto partida, sendo
necessário uma excitação externa para iniciar a rotação [13].

Figura 6. Turbina eólica Giromill (Darrieus). Fonte: O Autor.

4258
Diante disto, além das vantagens e desvantagens acima
citadas, outros fatores devem ser considerados na
caracterização de uma TEEV.
III. PARÂMETROS DE INFLUÊNCIA
Alguns fatores são determinantes para o desempenho de
uma TEEV e esse, por sua vez, é decisivo para a escolha do
tipo de rotor a ser utilizado.
As curvas de performance, através dos coeficientes de
potência (power) - ‫ܥ‬௉ , de torque (torque) - ‫ܥ‬ொ e de impulso
(thrust) - ‫ ்ܥ‬, são os principais indicadores do desempenho de
uma turbina. Esses indicadores variam com a velocidade do
vento, sendo que a potência determina a quantidade de energia
captada pelo rotor, o torque determina o tamanho da caixa de
engrenagens que será acoplada ao gerador elétrico, e o
impulso do rotor tem grande influência no projeto estrutural
da torre [15]. A Figura 7 apresenta um gráfico ‫ܥ‬௉ X
Velocidade periférica da turbina [10], no qual se pode
observar que, em ordem crescente de coeficientes de
desempenho, os rotores Savonius, Darrieus e as turbinas de
alta velocidade de pás duplas e triplas (TEEH). Assim, fica
evidenciado, quanto ao desempenho, a vantagem das TEEH
em relação às TEEV. Fica claro também a vantagem do rotor
Darrieus em relação ao Savonius, em relação ao desempenho.
Figura 7. Gráfico de desempenho de turbinas eólicas. Fonte: [10].
O ângulo de ataque, a quantidade, a velocidade de ponta e
a geometria das pás também são fatores importantes que
influenciam no desempenho das TEEV, pois são as pás que
interagem com o vento de forma a produzir torque e estão
intimamente ligadas às curvas de performance. A geometria
da pá deve ser considerada na escolha do rotor, pois isto
implica diretamente na facilidade de construção do modelo,
logística e custos. O custo total de uma turbina depende da
soma dos custos de produção, de instalação, manutenção,
financiamento e da quantidade de energia captada [18]. O
número de pás de uma turbina é denominado de solidez da pá,
e altas relações de solidez exigem altos torques de partida e
uma operação com baixas velocidades; assim, para a geração
de energia elétrica, as turbinas têm uma baixa relação de
solidez, com duas ou três pás [16]. Uma turbina de uma única
pá é tecnicamente viável, porém essa configuração pode
IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 14, NO. 10, OCTOBER 2016
apresentar velocidades supersônicas na ponta da pá e um
torque pulsante, e por isso não são usuais. Já sistemas com
muitas pás são usuais na moagem de grãos, por exemplo, onde
um alto torque é exigido [16]. Usualmente, as turbinas de
sustentação podem operar com o número de pás variando de
uma até cinco; no entanto a configuração com três pás tem se
mostrado melhor em relação ao balanceamento, eficiência e
impacto visual [4].
Ainda em relação às turbinas de sustentação, para uma
mesma velocidade angular do rotor, a velocidade linear em
diferentes pontos da pá varia, e em particular, a ponta da pá
tem a mais alta velocidade, pois é o ponto mais afastado do
eixo de rotação [4]. A relação de velocidade de ponta (Tip
Speed Ratio - TSR) é um número adimensional que determina
quantas vezes a velocidade da ponta da pá é maior do que a
velocidade do vento, e aumentar a TSR significa aumentar a
velocidade angular do rotor, aumentar o ‫ܥ‬௉ que, por sua vez,
aumenta a potência da turbina [4]. Contudo, a relação com a
solidez deve ser observada, uma vez que esta determina a
velocidade de rotação em que a turbina apresenta seu
coeficiente de desempenho máximo; assim, alta solidez,
normalmente, determina baixas TSR e baixa eficiência [17]. A
Figura 8 apresenta o gráfico ‫ܥ‬௉ X TSR, no qual uma curva de
desempenho característica de uma turbina pode ser observada.
Em geral, inicialmente o valor do ‫ܥ‬௣ aumenta com o aumento
do TSR até atingir o máximo, e em seguida tende a diminuir
com o incremento do TSR [13].
Figura 8. Gráfico Cp X TSR. Fonte: O Autor.
IV. ESTUDOS EM FLUIDO DINÂMICA
COMPUTACIONAL
A Fluidodinâmica Computacional (Computational Fluid
Dynamics - CFD) foi desenvolvida para solucionar problemas
que não apresentavam soluções de forma analítica e também
como uma forma de reduzir os custos com experimentos, uma
vez que não existe um modelo físico, apenas um modelo
computacional. As equações que regem o escoamento de
fluidos, e que são resolvidas pelos softwares de CFD, formam
um sistema de equações diferenciais parciais, mas em
decorrência dos termos não lineares, os métodos analíticos
podem não gerar soluções [19]. Assim, a performance
aerodinâmica de uma TEEV pode ser determinada de duas
MAGALHÃES ALBUQUERQUE AND MATOS : A CHARACTERIZATION OF VERTICAL AXIS WIND
formas, por experimentação e por simulação numérica, via
CFD [20].
A análise em CFD de uma TEEV pode sofrer algumas
variações de acordo com o software utilizado para isso;
contudo, alguns procedimentos são semelhantes e já
consolidados. Inicialmente, um modelo computacional 2D ou
3D desenvolvido em software CAD é inserido em um
software de CFD onde são definidas a malha computacional,
os domínios, as condições de contorno, o modelo de
turbulência e os parâmetros do fluido e do escoamento. São
definidos dois domínios principais, um rotativo, onde a malha
do rotor está definida (malha de deslizamento – sliding mesh),
e outro estacionário, onde a malha do ambiente externo à
turbina está definida. No domínio rotativo, em especial
próximo às pás, a malha é refinada, enquanto que na região
estacionária a malha é relativamente maior devido ao campo
de escoamento ser mais simples [30], conforme a Figura 9.
Este procedimento é observado nos estudos realizados pelas
referências [17, 22, 23, 24, 25, 26, 27].
Figura 9. Malha refinada próximo a pá. Fonte: O Autor.
No estudo realizado por Mohamed et. al. [21], um total de
25 perfis aerodinâmicos foram estudados com diferentes TSR,
de forma a analisar a melhor performance possível para uma
turbina Rotor H, no qual os estudos em CFD mostraram que o
perfil LS(1)-0413 apresentou um ‫ܥ‬௣ cerca de 10% superior ao
NACA 0018, no entanto, o perfil NACA 63-415 apresentou
uma faixa de operação mais ampla, em relação a todos os
demais.
Nguyen et. al. [28] realizaram um estudo para investigar o
efeito da espessura das pás na capacidade de auto partida de
uma turbina Rotor H de 1 kW, em que os autores observaram
que alguns fatores são preponderantes. Três fatores afetam a
capacidade de auto partida da turbina analisada, como a
posição azimute de partida, a velocidade do vento e o perfil
das pás [28]. A posição azimute de partida é o fator que mais
afeta e que o perfil aerodinâmico NACA 0021 pode iniciar
bem a partida da turbina [28].
Mohamed [30], de forma a estudar a redução do ruído em
turbinas de eixo vertical, realizou um estudo em CFD, que
indica que o aumento do TSR aumenta levemente o nível de
ruído gerado por uma turbina.
Outra aplicação usual dos estudos em CFD estão
relacionados ao número de pás da turbina e/ou solidez. Casteli
et. al. [29] realizaram um estudo com uma turbina Darrieus de
pás retas, onde a quantidade de pás variava entre 3 e 5, em que
4259
o ‫ܥ‬௣ , numericamente previsto, diminui com o aumento da
solidez da turbina, enquanto que o TSR também diminui [29].
Howell et. al. [17], em seus estudos também concluíram que
uma solidez elevada resulta em um menor TSR e, em
consequência, uma baixa eficiência.
Desta forma, os estudos em CFD auxiliam no projeto de
uma TEEV com um maior grau de precisão, através da
otimização do projeto da lâmina e da visualização do campo
de escoamento, o que não somente acelera a concepção da
turbina como reduz o custo total do projeto [6]. Assim o
pesquisador pode realizar a otimização aerodinâmica da
turbina no software de CFD obtendo a melhor configuração da
geometria com a possibilidade de erros minimizada e somente
então o modelo físico pode ser submetido a experimentações
em túnel de vento para a validação dos resultados, de forma
que as ferramentas de análise computacional, através de CFD,
e experimental, através do túnel de vento, são complementares
e não concorrentes, onde o resultado de uma valida os dados
fornecidos pela outra.
V. CONCLUSÃO
A busca por fontes alternativas de energia é uma realidade
crescente e as pesquisas em relação às TEEV têm
acompanhado essa tendência, em especial para a aplicação
deste tipo de turbina em regiões urbanas na micro e mini
geração de energia elétrica para unidades residências. Neste
contexto, o presente artigo tem por objetivo determinar um
embasamento como passo inicial para a pesquisa das TEEV.
Sabe-se que as TEEH são as mais utilizadas na geração de
energia elétrica em grande escala, mas isso se dá devido à
grande concentração de estudos e pesquisas realizados para o
seu desenvolvimento. Entretanto, as vantagens das TEEV em
relação as TEEH, quando aplicadas a regiões urbanas, se
sobressaem, e isso é suficiente para justificar a concentração
de esforços em estudá-las e desenvolvê-las. Da mesma forma,
entende-se que a aplicação da TEEV em ambientes urbanos
para a micro e mini geração de energia elétrica pode gerar
benefícios como a sustentabilidade, por se tratar de uma fonte
de energia limpa e renovável; a economia, uma vez que o
consumo de energia proveniente da concessionária é reduzido;
e até mesmo a autonomia de energia elétrica, pois a produção
pode ser maior que o consumo, e assim esse excesso pode ser
exportado para a rede da concessionária, gerando créditos ao
consumidor.
Entende-se também que as TEEV do tipo Savonius
apresentam uma geometria mais simples e por isso são mais
fáceis de serem fabricadas, porém os atuais modelos
desenvolvidos não apresentam uma boa eficiência para a
geração de energia elétrica. Desta forma as TEEV do tipo
Darrieus são as mais indicadas para essa função e, neste
contexto, acredita-se que as turbinas de pás retas, configuradas
com três pás, são as ideais, pela eficiência e pela facilidade de
construção das pás.
Por fim, entende-se que os estudos de modelos
computacionais, através de CFD, e experimentais, por meio de
túneis de vento, são essenciais no desenvolvimento das TEEV,
de forma a se obter a otimização aerodinâmica, assim como a
otimização estrutural da turbina.
4260 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 14, NO. 10, OCTOBER 2016

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