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O que é Nefrologia?

Introdução

Nefrologia é uma especialidade médica dedicada ao diagnóstico e tratamento


clínico das doenças do sistema urinário, principalmente relacionadas ao rim.

O médico especializado nas doenças do sistema urinário chama-se médico


nefrologista.

Compreendendo os rins
Qual o impacto das doenças
renais na população?

Quando os rins já não funcionam corretamente, pode ser necessário fazer


diálise. Na maioria das vezes, o tratamento deve ser feito para o resto da vida
se não houver possibilidade de submissão a um transplante renal.

A cada ano, aproximadamente 21 mil brasileiros precisam iniciar tratamento por


hemodiálise ou diálise peritoneal.

Raros são aqueles que conseguem ter pelo menos uma parte do
funcionamento dos rins recuperada para deixarem de necessitar de diálise, e
poucos têm a sorte de receber um transplante renal.

No ano de 2012, 5.402 brasileiros foram submetidos a um transplante renal!

Como é formado
o aparelho urinário?

O trato urinário normalmente é formado por dois rins, dois ureteres, uma bexiga
e uma uretra, conforme demonstra a figura.

Os rins (normalmente dois) estão localizados na porção posterior do abdome e


suas extremidades superiores estão localizadas na altura dos arcos costais
mais inferiores (10ª a 12ª costelas torácicas).
O rim direito quase sempre é menor e está situado um pouco abaixo do rim
esquerdo. Os rins se movimentam (para baixo e para cima) de acordo com a
respiração da pessoa.

E como é
um rim normal?

Cada rim tem a forma de um grande grão de feijão, medindo em um adulto de


10 a 13 cm, com peso aproximado de 120 a 180g.

Os rins estão envolvidos por uma fina membrana, a chamada cápsula renal. Ao
redor deles existe a gordura perirrenal e, acima, estão localizadas as glândulas
suprarrenais.

No hilo renal entram e saem uma série de estruturas: a artéria renal, a veia
renal, o ureter, os nervos renais e os vasos linfáticos renais.
O sangue chega aos rins através das artérias renais. As artérias renais
originam-se na artéria aorta abdominal. Após circular pelos rins, o sangue
retorna à veia cava abdominal através das veias renais.

Os rins recebem cerca de 1,2 litros de sangue por minuto, ou seja, cerca de um
quarto do sangue bombeado pelo coração. Podemos dizer que os rins filtram
todo o sangue de uma pessoa cerca de 12 vezes por hora!

Pra que servem


os rins?

O equilíbrio da química interna de nossos corpos se deve em grande parte ao


trabalho dos rins. Nossa sobrevivência depende do funcionamento normal
destes órgãos vitais.

Os rins são responsáveis por quatro funções no organismo:

 Eliminação de toxinas do sangue por um sistema de filtração;


 Regulação da formação do sangue e dos ossos;
 Regulação da pressão sanguínea;
 Controle do delicado balanço químico e de líquidos do corpo.
E como os rins conseguem
eliminar as toxinas?

De maneira muito parecida ao trabalho de filtros, os rins trabalham para


conservar o corpo livre de toxinas, porém essa tarefa é bastante complexa. Os
rins agem como um filtro onde os furos devem ter tamanhos muito específicos,
pois, se muito grandes, substâncias que deveriam permanecer em nosso corpo
são eliminadas, como as proteínas. Já se os furos começam a diminuir demais,
substâncias que deveriam ser eliminadas, como as toxinas, começam a ser
retidas.

Todo nosso sangue é filtrado várias vezes ao dia, fazendo com que o sangue
que chega aos rins através da artéria renal volte limpo ao coração e, assim,
todas as toxinas sejam eliminadas na forma de urina.

Quando os rins não funcionam apropriadamente, as toxinas se acumulam no


sangue, pois o “filtro” não está funcionando corretamente. É importante lembrar
também que se o tamanho do “filtro” reduzir a ponto de não passar mais nem
água, o indivíduo para de urinar, fazendo com que as toxinas se acumulem
ainda mais rapidamente em nosso corpo.

Esta retenção de toxinas resulta em uma condição muito séria conhecida como
uremia. Os sintomas da uremia incluem náuseas, debilidade, fadiga,
desorientação, dispneia e edema nos braços e pernas.

Há toxinas que se acumulam no sangue e que podem ser usadas para avaliar
a gravidade do problema.
As principais substâncias mais comumente usadas para este propósito
atualmente se chamam ureia e creatinina. A enfermidade dos rins está
associada frequentemente com níveis elevados de ureia e de creatinina, porém
nem sempre é essa a maneira de realizar um diagnóstico precoce do
acometimento renal, pois essas substâncias podem se elevar apenas
tardiamente em algumas enfermidades renais.

E como os rins participam da formação dos ossos e de parte do sangue?

A formação de ossos sadios e a produção dos glóbulos vermelhos no sangue


necessitam da função normal de nossos rins. Primeiramente, por serem
grandes responsáveis pela regulação das concentrações de cálcio e de fósforo
no sangue, assim como por produzirem uma forma ativa da Vitamina D,
fundamental para o perfeito funcionamento de todo sistema que regulariza a
formação óssea.

Em segundo lugar os rins produzem um hormônio chamado de eritropoetina,


que ajuda na maturação dos glóbulos vermelhos do sangue e da medula óssea
e, na sua ausência, pode ocorrer anemia.

E a pressão sanguínea? Também é alterada pelos rins?

Ao contrário do que muitos pensam, a pressão alta sanguínea (hipertensão)


pode ser a causa ou também a consequência de uma enfermidade renal. O
controle da pressão arterial sanguínea também é uma função dos rins. Estes
órgãos controlam as concentrações de sódio e a quantidade de líquidos no
corpo e, quando os rins falham e não cumprem com estas funções vitais, a
pressão sanguínea pode se elevar e ocasionar inchaço (edema).

Os rins também secretam uma substância que se chama renina, substância


que estimula a produção de um hormônio que eleva a pressão sanguínea.
Quando os rins não funcionam, bem a renina é produzida em excesso e isto
pode resultar em hipertensão. A hipertensão prolongada danifica os vasos
sanguíneos, causando assim falha renal.

É importante lembrar que conhecer as características e o funcionamento dos


rins é muito importante para se ter uma ideia do que são as doenças renais,
como detectá-las, como evitá-las e como tratá-las. Informe-se.

 Doenças comuns
O excesso de peso e suas consequências
Prof. Dr. Rogério B. de Paula

A obesidade tem aumentado de modo alarmante nas últimas décadas. Em


2006 o percentual de indivíduos obesos em nosso país era de 11,0% da
população adulta, valores que se elevaram para 17,9%, em menos de 10 anos.
Se considerarmos também os brasileiros com sobrepeso, mais da metade da
nossa população apresenta excesso de peso corporal, o que corresponde a
cerca de 58 milhões de brasileiros. Ainda mais preocupante é a observação
cada vez mais frequente de obesidade em crianças e adolescentes.

Do ponto de vista prático classifica-se a obesidade pelo índice de massa


corporal (IMC), bastando dividir o peso em Kg pelo quadrado da altura em
metros (m2). Considera-se normal um IMC entre 20 e 25; sobrepeso entre 25 e
30 e, obesidade quando acima de 30 Kg/m2. Assim, um indivíduo com peso
igual a 90 Kg e com altura igual a 1,7 metros, teria o seguinte IMC: 90 Kg
dividido por 2,89 m2 = 31,1 Kg/m2, compatível portanto com obesidade.

Mas por que devemos nos preocupar com a obesidade? Seria essa
preocupação apenas uma questão estética?

A resposta é não. Devemos nos preocupar com a obesidade pelo fato de que
esta se associa a uma série de problemas graves de saúde. Sabe-se que a
obesidade está relacionada a diversos tipos de câncer, a problemas
ortopédicos, a varizes de membros inferiores e, em especial, com o
desenvolvimento de diabetes do adulto (tipo 2) e com hipertensão arterial ou
pressão alta.

A importância da obesidade no surgimento de hipertensão é facilmente


entendida quando comparamos o percentual de adultos hipertensos em nosso
país (aproximadamente 32% da população), com indivíduos obesos, quando
esse número se eleva para cerca de 70%. Observa-se, portanto, que 7 em 10
obesos têm pressão alta. Por outro lado, o emagrecimento leva a importante
redução da pressão arterial, de modo que para cada 10 Kg de peso corporal
perdidos, ocorre significativa redução da pressão arterial e consequentemente
menor necessidade de uso “remédios para a pressão”. Além disso, a glicemia
(glicose de jejum) reduz, ocorre aumento da capacidade para realizar
exercícios físicos, melhora a auto estima, entre outros benefícios.

Portanto, a prevenção e o combate à obesidade constituem armas poderosas


na prevenção da hipertensão e de suas complicações como o infarto, o
derrame, o diabete e a insuficiência renal. Assim, todos nós, profissionais da
área de saúde ou não, devemos assumir a responsabilidade de nos envolver
nessa tarefa como forma de buscarmos uma vida saudável e com melhor
qualidade. Neste sentido, listamos abaixo algumas dicas fornecidas pelo
Ministério da Saúde, para a perda de peso.

Sinais de doença renal


Como as doenças renais podem se manifestar?

 Pressão Alta
 Inchaço ao redor dos olhos e nas pernas
 Fraqueza constante
 Náuseas e vômitos frequentes
 Dificuldade de urinar
 Queimação ou dor quando urina
 Urinar muitas vezes, principalmente à noite
 Urina com aspecto sanguinolento
 Urina com muita espuma
 Dor lombar, que não piora com movimentos
 História de pedras nos rins

Diabetes mellitus
O que você precisa saber sobre diabetes?

O Diabetes Mellitus, conjunto variado de doenças que se configuram por


aumento da glicose no sangue, é uma das maiores causas de doença renal
com necessidade de diálise. Tal doença tem atingido proporções alarmantes,
em virtude do aumento paralelo da obesidade, do envelhecimento populacional
e dos avanços terapêuticos. È responsável por consideráveis aumentos no
risco de um adulto desenvolver insuficiência renal crônica. Aproximadamente
25% das pessoas com diabetes tipo I e 5 a 10% dos portadores de diabetes
tipo II desenvolve insuficiência nos rins.

Qualquer pessoa com diabetes (tipo I ou II) corre o risco de desenvolver


doença renal. A nefropatia diabética se manifesta após vários anos depois de o
paciente contrair diabetes. A doença nos rins não apresenta sintomas
precoces. Além de invisível, o processo de danificação dos rins é irreversível e
pode progredir até converter-se em insuficiência renal crônica terminal.

O diagnóstico da doença não é complexo. O diabetes pode ser detectado por


meio de testes simples que pesquisam a presença de açúcar na urina ou que
avaliam a quantidade desta substância no sangue. Contudo, o diagnóstico
deve ser comprovado através do exame laboratorial de sangue (glicemia). Tais
pacientes precisam ser acompanhados inicialmente pelo médico clínico e,
conforme necessário, encaminhados ao médico nefrologista.

Qual a prevalência de diabéticos no mundo?

Existem mais de 190 milhões de pessoas com diabetes no mundo. Projeções


estimam que esse número crescerá para 300 milhões até o ano de 2030,
devido em grande parte ao crescimento da população, ao seu envelhecimento
e à urbanização.

Este último fenômeno traz como consequências a alimentação pouco saudável


e a falta de exercício físico, o que pode ocasionar a obesidade. Esta é
considerada um fator de risco e é, atualmente, um dos focos das ações de
saúde pública.

Quais são os fatores de risco?

 Urbanização crescente
 Idade maior de 45 anos (envelhecimento da população)
 Estilo de vida pouco saudável, como:
sedentarismo, dieta inadequada e obesidade
 Sobrepeso (IMC – índice de massa
corporal maior ou igual a 25)
 Antecedente familiar
 Hipertensão arterial (maior que 140 por 90)
 Colesterol e/ou triglicerídios maior que o normal
 História de macrossomia ou diabetes gestacional
 Diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos
 Doença cardiovascular, cerebrovascular
ou vascular periférica definida

Glomerulopatias
O que são
glomerulopatias?

As glomerulopatias, que em geral são conhecidas como “glomerulonefrites”,


são doenças que acometem os glomérulos, estruturas constituídas por um tufo
de capilares sanguíneos (delimitados por uma cápsula), além de uma série de
outros elementos (entre eles, vários tipos de célula), responsáveis pela
ultrafiltração do plasma.

São doenças muito variadas, algumas de natureza aguda, outras de curso


crônico; umas de caráter eminentemente inflamatório, outras não; algumas
sabidamente tratáveis, outras não.

Podem ter origem nos rins e acometer apenas esses órgãos, sendo chamadas
de primárias, ou podem ser secundárias a outras doenças, como diabetes,
hepatites, doenças autoimunes, dentre outras.

Os pacientes com glomerulopatias podem ser assintomáticos ou apresentarem


sintomas urinários (urina escura, diminuição do volume urinário) ou inchaço (de
membros inferiores, face ou de todo o corpo).

O exame de urina pode revelar a presença de hematúria e/ou proteinúria.

Quando se faz o diagnóstico de glomerulopatia, a função renal pode estar


normal ou já estar deficiente.

É importante diagnosticar a glomerulopatia e determinar o tipo de


glomerulopatia, dentre os diversos existentes, para fazer o tratamento
adequado.

Se ela não é diagnosticada precocemente e/ou não é tratada adequadamente


pode progredir para insuficiência renal crônica terminal.

Em muitas situações, o nefrologista precisa lançar mão da biópsia renal para


determinar o tipo de glomerulopatia com precisão.

Algumas glomerulopatias são acompanhadas de grandes perdas de proteinúria


e, em geral, determinam síndrome nefrótica, dentre elas, destacam-se: a
doença de lesões mínimas, a glomerulosclerose segmentar e focal e a
glomerulopatia membranosa.
Outras glomerulopatias têm apresentação mais aguda e frequentemente
associam-se a déficit de função renal, como a glomerulonefrite difusa aguda
(GNDA), embora possam ter um curso autolimitado, como costuma acontecer
com a glomerulinefrite pós-estreptocócica.

O que são
glomerulopatias?

A glomerulonefrite pós-estreptocócica é uma glomerulonefrite difusa aguda


(GNDA) que se desenvolve após uma infecção por Streptococcus.

Em geral, 1 a 3 semanas após uma infecção de garganta ou de pele, o


indivíduo começa
a apresentar urina escura (cor de chá), inchaço e diminuição do volume
urinário. Ao ser examinado, é frequente constatar-se hipertensão arterial
sistêmica e os exames de laboratório nessa ocasião revelam hematúria.
Proteinúria é variável e déficit de função renal é comum.

Quando constatadas as primeiras manifestações renais, comumente a infecção


que a antecedeu não mais está presente.

O tratamento da glomerulonefrite é eminentemente sintomático, pois seu curso


de um modo geral é autolimitado, e corresponde a cuidados com a retenção
excessiva de líquidos pelo corpo, que leva a inchaço, hipertensão arterial e
outras eventuais complicações.

A glomerulonefrite usualmente tem boa evolução, em geral não evolui para


insuficiência

Insuficiência renal
Insuficiência renal aguda é a perda súbita da capacidade de seus rins
filtrarem resíduos, sais e líquidos do sangue. Quando isso acontece, os
resíduos podem chegar a níveis perigosos e afetar a composição química do
seu sangue, que pode ficar fora de equilíbrio.

Também chamada de lesão renal aguda, a insuficiência é comum em pacientes


que já estão no hospital com alguma outra condição. Pode desenvolver-se
rapidamente ao longo de algumas horas ou mais lentamente, durante alguns
dias. Pessoas que estão gravemente doentes e necessitam de cuidados
intensivos estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal aguda.

Insuficiência renal aguda pode ser fatal e requer tratamento intensivo. No


entanto, pode ser reversível. Tudo depende do estado de saúde do paciente.

Sintomas de Insuficiência renal aguda

Sinais e sintomas de insuficiência renal aguda podem incluir:

 Diminuição da produção de urina, embora, ocasionalmente, a urina


permaneça normal
 Retenção de líquidos, causando inchaço nas pernas, tornozelos ou pés
 Sonolência
 Falta de fome
 Falta de ar
 Fadiga
 Confusão
 Náusea e vômitos
 Convulsões ou coma, em casos graves
 Dor ou pressão no peito.
Às vezes, insuficiência renal aguda não causa sinais ou sintomas e é detectada
através de testes de laboratório realizados por outra razão.

Diagnósticos e Exames

Na consulta médica
A maioria das pessoas já está hospitalizada quando desenvolvem insuficiência
renal aguda. Se você ou um ente querido desenvolveu sinais de insuficiência
renal, converse sobre suas preocupações com o médico ou enfermeiro.

Se você não estiver no hospital, marque uma consulta médica. Se houver


suspeita de problemas renais, você poderá ser encaminhado para um médico
especialista na doença renal (nefrologista).

Antes da consulta, anote suas perguntas. Considere estas:

 Meus rins estão funcionando corretamente?


 Eu tenho insuficiência renal?
 O que está causando meus problemas nos rins?
 Que tipos de testes eu preciso?
 Meus rins vão se recuperar?
 Quais são minhas opções de tratamento?
 Quais os riscos potenciais de cada opção de tratamento?
 Preciso de diálise?
 Preciso ir ao hospital? Quanto tempo vou precisar ficar no hospital?
 Eu tenho essas outras condições de saúde. Como posso melhor
gerenciá-las?
 Preciso fazer uma dieta especial?
 Existe uma alternativa genérica para o medicamento que você está
prescrevendo?
 Você tem materiais impressos que eu posso levar comigo? Quais sites
você recomenda?
Não hesite em fazer perguntas durante a sua nomeação conforme elas
ocorrerem para você.

Diagnóstico de Insuficiência renal aguda


Insuficiência renal aguda é mais frequentemente diagnosticada durante uma
internação hospitalar para outra causa. Se você já está no hospital, exames
realizados por outros problemas podem encontrar a doença renal.
Se você não está no hospital, mas tem sintomas de lesão renal, o médico irá
perguntar sobre seus sintomas, quais medicamentos você toma, e quais
exames você fez. Seus sintomas podem ajudar a apontar a causa do seu
problema renal.

Entre os exames que fazem o diagnóstico de insuficiência renal aguda estão:

 Medições da produção de urina


 Exames de urina
 Exames de sangue
 Exames de imagem, como ultrassom e tomografia computadorizada
 Remoção de uma amostra de tecido de rim para o teste (biópsia).
Tratamento de Insuficiência renal aguda

O tratamento provavelmente será focado naquilo que está causando a


insuficiência renal, e por isso poderá variar. Por exemplo, o paciente pode
precisar restaurar o fluxo de sangue para os rins, parar todos os medicamentos
que estão causando o problema ou remover uma obstrução no trato urinário.

No entanto, existem algumas recomendações que são gerais para o tratamento


da insuficiência renal aguda. Confira:

Mudanças na dieta

Deverá ser feita uma restrição alimentar e de líquidos. O objetivo é reduzir a


acumulação de toxinas que são normalmente eliminados pelos rins. Uma dieta
rica em carboidratos e pobre em proteínas, sal e potássio é geralmente
recomendada.

Medicamentos

Antibióticos podem ser prescritos para tratar ou prevenir todas as infecções que
podem estar causando ou agravando a insuficiência renal. Diuréticos podem
ser usados para ajudar os rins a eliminar líquidos. Cálcio e insulina podem ser
receitados para ajudar a evitar uma acumulação perigosa de potássio no
sangue.

Diálise

Esse procedimento envolve o desvio de sangue para fora do seu corpo em


uma máquina que filtra os resíduos. O sangue limpo é então devolvido ao seu
corpo. Se os níveis de potássio são perigosamente altos, a diálise pode salvar
vidas. A diálise pode ser necessária, mas não é sempre necessária. É usada
se houver mudanças em seu estado mental ou se você parar de urinar. A
diálise também pode ser necessária em casos de pericardite, uma inflamação
do coração. A diálise também pode ajudar a eliminar resíduos de produtos de
nitrogênio do corpo.

Convivendo/ Prognóstico
Durante a recuperação da insuficiência renal aguda, pode ser recomendada
uma dieta especial para não sobrecarregar os rins. Você pode ser
encaminhado para um nutricionista.

Dependendo da situação, o nutricionista pode recomendar que você:

 Escolha alimentos com menos potássio. Exemplos incluem maçãs,


couve, feijão verde, uvas e morangos. O excesso de potássio no sangue
pode baixar a pressão arterial
 Evite produtos com adição de sal. Reduza a quantidade de sódio que
você come todos os dias, evitando produtos com adição de sal, incluindo
congelados, sopas enlatadas e fast foods. Outros alimentos com adição
de sal incluem salgadinhos, conservas de legumes e carnes
processadas e queijos. O excesso de sódio no sangue pode elevar a
pressão arterial
 Limite o consumo de fósforo, uma vez que seu excesso no sangue pode
enfraquecer os ossos e causar coceira da pele. O nutricionista pode lhe
dar recomendações específicas sobre o consumo de fósforo na sua
situação.
Quando os rins se recuperarem, a dieta pode voltar ao normal.

Prevenção

A insuficiência renal aguda é muitas vezes difícil de prever ou evitar. Mas você
pode reduzir o risco se cuidar de seus rins. Tente:

 Tome seus medicamentos conforme as instruções médicas, sem mudar


as doses ou quantidades ingeridas.
 Mantenha o tratamento para qualquer condição que aumenta o risco de
insuficiência renal aguda, tais como diabetes ou hipertensão. Siga as
recomendações médicas para gerir a sua condição
 Mantenham um estilo de vida saudável. Seja ativo, tenha uma dieta
equilibrada, beba com moderação, não fume.
 Lupus
 O que é lúpus?
 O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença que atinge órgãos diversos
(dentre eles os rins) e de formas diversas em cada indivíduo.
 O acometimento renal é frequente em pacientes com lúpus e, em geral,
corresponde a uma glomerulonefrite, que pode apresentar-se das
formas mais variadas, indo desde alterações urinárias mínimas
(hematúria e/ou proteinúria pequena) até insuficiência renal.
 Considerando-se que a nefrite é uma das manifestações de atividade
lúpica, devemos estar sempre atentos para a possibilidade de que venha
a agravar-se ou a instalar-se num paciente que antes não apresentava
lesão renal. Para tanto, além das informações fornecidas pelo paciente e
os achados do exame físico, a realização de exames laboratoriais
simples como o exame de urina (“Urina I”) e a determinação de
creatinina no sangue são necessários. Outros exames podem ser
adicionados a estes uma vez constatada a lesão renal.
 Essa “nefrite” do lúpus é classificada pela Organização Mundial de
Saúde em 6 tipos e tal classificação baseia-se nas informações obtidas
ao fazermos uma biópsia renal. A biópsia do rim é um procedimento em
que um minúsculo pedaço de tecido renal é retirado para exame
anátomo-patológico.
 No lúpus, é importante fazer esse tipo de biópsia, pois tratamentos
diferentes são indicados de acordo com a classe de nefrite encontrada
na análise da biópsia. Ela também serve para estabelecer se a doença
evoluiu para uma fase crônica, na qual não se deve mais insistir em
fazer tratamento imunossupressor. Além disso, dentre outras aplicações,
é muito útil para esclarecer por que motivo um paciente com lúpus está
evoluindo com insuficiência renal.
 Sem dúvida um dos pontos de maior interesse em relação ao problema
renal no lúpus é o tratamento. As drogas mais utilizadas com esse fim
são: prednisona (por via oral), azatioprina (por via oral),
metilprednisolona (por via endovenosa) e ciclofosfamida (por via oral e
por via endovenosa). Essas duas últimas medicações são bastante
empregadas sob a forma de “pulsoterapias” por via endovenosa.
 A nefrite lúpica que não é tratada ou que não responde a tratamento
pode evoluir para insuficiência renal crônica. Mas, mesmo quando
tratamentos imunossupressores não mais podem deter esse processo, o
paciente dispõe de “tratamento conservador” para garantir-lhe pelo
maior tempo possível a utilização do que lhe resta de função renal.
Cuidados com dieta e controle rigoroso da pressão arterial são medidas
simples que podem lentificar a progressão da doença renal crônica para
uma fase em que a diálise é imprescindível.
 Há relatos de que cerca de 20% dos pacientes com nefrite lúpica
evoluem para insuficiência renal terminal. É bom lembrar, entretanto,
que o paciente com lúpus tem uma sobrevida em diálise e após
transplante renal tão boa quanto a de qualquer outro paciente não-lúpico
e raramente apresenta qualquer tipo de atividade da doença (mesmo em
outros órgãos) quando em diálise ou após transplante.
 O temor que há algumas décadas todos tinham diante do acometimento
renal já não se justifica em nossos dias, pois, com a disponibilidade de
esquemas de tratamento mais eficientes, a sobrevida do paciente com
lesão renal vem melhorando continuamente.

Tratamentos

Dialise peritoneal
O que é diálise peritoneal?

É uma opção de tratamento através do qual o processo ocorre dentro do corpo


do paciente, com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal.
Esse filtro é denominado peritônio. É uma membrana porosa e semipermeável,
que reveste os principais órgãos abdominais. O espaço entre esses órgãos é a
cavidade peritoneal. Um líquido de diálise é colocado na cavidade e drenado,
através de um cateter (tubo flexível biocompatível).
FONTE: http://www.manualmerck.net/images/p_628.gif

O cateter é permanente e indolor, implantado por meio de uma pequena


cirurgia no abdômen. A solução de diálise é infundida e permanece por um
determinado tempo na cavidade peritoneal, e depois drenada. A solução entra
em contato com o sangue e isso permite que as substâncias que estão
acumuladas no sangue como ureia, creatinina e potássio sejam removidas,
bem como o excesso de líquido que não está sendo eliminado pelo rim.

Quem necessita se submeter a esse tratamento?

A diálise peritoneal está indicada para pacientes que apresentam quadros de


insuficiência renal aguda ou crônica. A indicação de iniciar esse tratamento é
feita pelo nefrologista, que avalia o seu organismo através de:

 consulta médica, investigando os seus sintomas e examinando o seu


corpo;
 dosagem de ureia e creatinina no sangue;
 dosagem de potássio no sangue;
 dosagem de ácidos no sangue;
 quantidade de urina produzida durante um dia e uma noite (urina de 24
horas);
 cálculo da porcentagem de funcionamento dos rins (clearance de
creatinina e ureia);
 avaliação de anemia (hemograma, dosagem de ferro, saturação de ferro
e ferritina).
Esse tratamento é melhor do que a hemodiálise?

Os resultados dos tratamentos por diálise peritoneal e hemodiálise são iguais.


Cada um deles tem as suas vantagens e desvantagens. A escolha entre
hemodiálise e diálise peritoneal depende das condições clínicas e da escolha
do próprio paciente.

É possível que durante algum tempo o paciente faça diálise peritoneal e depois
passe para a hemodiálise. Ou até mesmo ao contrário, faça um tempo
hemodiálise e depois passe para diálise peritoneal. Estas opções são sempre
decididas em conjunto, entre o médico nefrologista e o paciente. Após tomar
conhecimento do procedimento, o paciente juntamente com seu nefrologista e
familiares estarão aptos a tomar uma decisão que seja a melhor possível para
determinada situação.

Como o líquido de diálise é colocado no abdome do paciente?

Para isso é necessário que seja implantado um cateter de diálise peritoneal no


abdome do paciente, próximo ao umbigo. Este cateter é implantado através de
uma cirurgia pequena, em geral, com anestesia local, podendo receber alta no
mesmo dia. Este cateter, ou acesso peritoneal, deve ser colocado alguns dias
ou semanas antes da primeira diálise. Esse cateter é flexível, pouco incomoda
e fica instalado por tempo indefinido.

FONTE: http://www.latinoamerica.baxter.com/brasil/pacientes/doencas/dialise-
peritoneal.html#2

É necessário ir ao hospital ou à clínica para fazer a diálise peritoneal?

Essa diálise permite realizar tratamento em domicílio. A principal vantagem


desse método é que após um período de treinamento o paciente pode realizá-
lo em casa, de maneira independente. Um familiar do paciente também recebe
treinamento para ajudar o paciente quando for necessário.

Existem duas modalidades desta diálise:

Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC):realizada diariamente e de


forma manual pelo paciente e/ou familiar. Geralmente 4 trocas ao dia (manhã,
almoço, tarde, noite), sendo que o tempo de troca leva aproximadamente 30
minutos. No período entre as trocas, o paciente fica livre das bolsas.
FONTE: http://cartilhapacienterenal.cursoseconcursosnosite.com.br/?p=2130

Diálise Peritoneal Automatizada (DPA): realizada todos os dias,


normalmente à noite, em casa, utilizando uma pequena máquina cicladora, que
infunde e drena o líquido, fazendo as trocas do líquido. Antes de dormir, o
paciente conectase à máquina, que faz as trocas automaticamente de acordo
com a prescrição médica. A drenagem é realizada conectando a linha de saída
a um ralo sanitário e/ou recipiente rígido para grandes volumes. Durante o dia,
se necessário, podem ser programadas “trocas manuais”.

FONTE: http://www.clinicarenaldemanaus.com.br/CAPD.html

Geralmente uma vez por mês o paciente vai ao hospital ou à clínica para colher
exames de sangue, urina e fazer a consulta com o médico nefrologista.

Uma vez iniciado o tratamento, será necessário fazer diálise peritoneal para o
resto da vida?

Na maioria das vezes, sim. É comum que o paciente que inicia diálise
peritoneal manifeste o desejo de receber um transplante de rim para deixar de
fazer o tratamento.

Existem algumas situações em que os rins deixam de funcionar por um período


curto e podem voltar a funcionar depois. Isto é mais comum de ser observado
na insuficiência renal aguda. Na doença renal crônica isto é raro de ser
observado. Depende da patologia que ocasionou a perda da função renal e se
foi de uma forma aguda ou crônica. Se foi aguda (por exemplo na infecção
grave, queda importante da pressão arterial, obstrução aguda por problema
prostático) e o fator de risco identificado precocemente, existe a chance de
retornar a função renal e não necessitar de tratamento dialítico
permanentemente. Porém, nos pacientes diabéticos, hipertensos, portadores
de glomerulonefrites crônicas, a perda da função renal ocorre de maneira
progressiva, lenta e insidiosa levando à necessidade de tratamento dialítico por
tempo indefinido.

Fazer diálise peritoneal dói? Quais são os desconfortos que o paciente pode
sentir?

O tratamento é indolor. No início do tratamento alguns pacientes se queixam de


um desconforto abdominal pela presença do líquido dentro da cavidade
abdominal. Com o tempo esse desconforto tende a desaparecer. A presença
de dor persistente durante a diálise peritoneal deve ser comunicada ao médico
nefrologista, pois pode indicar a presença de uma infecção ou o mau
posicionamento do cateter.

Quais são as vantagens de se fazer diálise peritoneal para tratar a doença


renal avançada?

Ao iniciar o tratamento o paciente perceberá uma melhora significativa nos


sintomas que apresentava, como: falta de apetite, indisposição, cansaço,
náuseas, dentre outros. Adicionalmente serão reduzidas as restrições
dietéticas e o paciente perceberá uma melhora na sua qualidade de vida.

Quem faz diálise peritoneal pode comer e beber à vontade?

A hemodiálise substitui a função dos rins de quem tem doença renal crônica
avançada, mas seguir as recomendações de alimentação que a sua equipe
elaborou é fundamental para o sucesso do tratamento. A quantidade de
líquidos ou de alimentos que pode ser ingerida varia de pessoa para pessoa e
depende do estado nutricional, da quantidade de urina que o paciente ainda
produz e de outros fatores como a presença de doenças associadas (exemplo,
o diabetes). As clínicas de diálise têm nutricionistas, enfermeiros e médicos
para consultas e para tirar dúvidas.

O paciente que faz diálise peritoneal pode trabalhar?

Vários pacientes em diálise peritoneal trabalham, especialmente os que fazem


as trocas apenas no período noturno. O governo, através de lei Federal, auxilia
financeiramente pacientes portadores de doença renal crônica avançada em
diálise. As clínicas de diálise dispõem de assistentes sociais que podem
orientar os pacientes para conseguirem esse benefício.

O paciente que faz diálise peritoneal pode viajar?


Pode sim. Ele apenas precisará levar consigo o seu material. Em viagens
aéreas a clínica poderá fornecer um laudo de saúde a ser apresentado com
antecedência à companhia aérea, para que não seja cobrado excesso de peso
devido ao material para a diálise peritoneal que será transportado.

Hemodiálise
O que é hemodiálise?

Hemodiálise é um procedimento através do qual uma máquina limpa e filtra o


sangue, ou seja, faz parte do trabalho que o rim doente não pode fazer. O
procedimento libera o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso
de sal e de líquidos. Também controla a pressão arterial e ajuda o corpo a
manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, uréia e creatinina.

As sessões de hemodiálise são realizadas geralmente em clínicas


especializadas ou hospitais.

Como funciona a hemodiálise?

Basicamente, na hemodiálise a máquina recebe o sangue do paciente por um


acesso vascular, que pode ser um cateter (tubo) ou uma fístula arteriovenosa,
e depois é impulsionado por uma bomba até o filtro de diálise (dialisador). No
dialisador o sangue é exposto à solução de diálise (dialisato) através de uma
membrana semipermeável que retira o líquido e as toxinas em excesso e
devolve o sangue limpo para o paciente pelo acesso vascular

FONTE: http://blogdoresgatesaudedocarlao.blogspot.com.br/2013_04_01_archi
ve.html
Uma fístula arteriovenosa (FAV), que pode ser feita com as próprias veias do
indivíduo ou com materiais sintéticos. É preparada por uma pequena cirurgia
no braço ou perna. É realizada uma ligação entre uma pequena artéria e uma
pequena veia, com a intenção de tornar a veia mais grossa e resistente, para
que as punções com as agulhas de hemodiálise possam ocorrer sem
complicações. A cirurgia é feita por um cirurgião vascular e com anestesia
local. O ideal é que a fístula seja feita de preferência 2 a 3 meses antes de se
começar a fazer hemodiálise.
FONTE: http://www.manualmerck.net/?id=149&cn=2106

O cateter de hemodiálise é um tubo colocado em uma veia no pescoço, tórax


ou virilha, com anestesia local. O cateter é uma opção geralmente temporária
para os pacientes que não têm uma fístula e precisam fazer diálise. Os
principais problemas relacionados ao uso do cateter são a obstrução e a
infecção, o que muitas vezes obriga a retirada do cateter e o implante de um
novo cateter para continuar as sessões de hemodiálise.

FONTE: http://casosrenais.com/category/cateter/
Quem necessita fazer esse tratamento?

A hemodiálise está indicada para pacientes com insuficiência renal aguda ou


crônica graves. A indicação de iniciar esse tratamento é feita pelo seu médico
especialista em doenças dos rins (o nefrologista), que avalia o seu organismo
através de:

 consulta médica, investigando os seus sintomas e examinando o seu


corpo;
 dosagem de ureia e creatinina no sangue;
 dosagem de potássio no sangue;
 dosagem de ácidos no sangue;
 quantidade de urina produzida durante um dia e uma noite (urina de 24
horas);
 cálculo da porcentagem de funcionamento dos rins (clearance de
creatinina e uréia);
 avaliação de anemia (hemograma, dosagem de ferro, saturação de ferro
e ferritina);
 presença de doença óssea.
Através da consulta é possível começar o tratamento com remédios que podem
controlar os sintomas e estabilizar a doença. Em casos em que os remédios
não são suficientes e a doença progride, pode ser necessário iniciar a
hemodiálise. Esta decisão é tomada em conjunto com o paciente e o seu
médico nefrologista.

Uma vez iniciado o tratamento, será necessário fazer hemodiálise para o resto
da vida?

Na maioria das vezes, sim. Após iniciada uma terapia de substituição renal, o
paciente pode na maioria das vezes mudar da hemodiálise para diálise
peritoneal, e vice-versa. Além de realizar transplante renal dependendo das
condições clínicas.

Existem algumas situações em que os rins deixam de funcionar por um período


curto e podem voltar a funcionar depois. Isto é mais comum de ser observado
na insuficiência renal aguda. Na doença renal crônica isto é raro de ser
observado.

Quanto tempo o paciente necessita ficar na máquina para fazer a hemodiálise?

O tempo varia de acordo com o estado clínico do paciente e, em geral, é de


quatro horas, três ou quatro vezes por semana. Dependendo da situação
clínica do paciente esse tempo varia de 3 a 5 horas por sessão e pode ser feita
2, 3, 4 vezes por semana ou até mesmo diariamente. O médico nefrologista
avaliará o paciente para que seja escolhida a melhor forma de tratamento para
o mesmo.

Para assegurar que a diálise esteja adequada, o médico nefrologista faz


revisões mensais inclusive com o emprego de exames laboratoriais. Se a
diálise não estiver adequada, ajustes serão feitos na forma como a sua
hemodiálise está sendo feita, atingindo então o desempenho esperado.

O paciente em tratamento através da hemodiálise não deve faltar as suas


sessões. Em caso de não poder comparecer a uma sessão deve avisar assim
que possível a sua clínica de hemodiálise.

Fazer hemodiálise dói? Quais são os desconfortos que o paciente pode sentir?

A maioria dos pacientes faz hemodiálise através da fístula, como dito acima. E
essa é a melhor forma de acesso ao sangue do paciente, entretanto para iniciar
a hemodiálise é necessária realizar a punção da mesma com as agulhas e
esse procedimento causa dor leve.
Na maioria das sessões de hemodiálise o paciente não sentirá nada, mas
algumas vezes, pode ocorrer uma queda da pressão arterial, câimbras ou dor
de cabeça. Por estes motivos, a sessão de hemodiálise é sempre realizada na
presença de um médico e uma equipe de enfermagem.

Geralmente esses sintomas acontecem quando o paciente tem muito líquido


para remover do seu corpo naquela sessão de hemodiálise. Dessa forma, é
importante seguir as recomendações da equipe médica para evitar o ganho
excessivo de peso entre os dias das sessões de hemodiálise, e assim, ter uma
sessão confortável.

Quais são as vantagens de se fazer hemodiálise para tratar a doença renal


avançada?

Ao iniciar o tratamento o paciente perceberá uma melhora significativa nos


sintomas que apresentava, como: falta de apetite, indisposição, cansaço,
náuseas, dentre outros.

Adicionalmente, serão reduzidas as restrições dietéticas que o paciente fazia


antes de começar a fazer hemodiálise e o paciente perceberá, em geral, uma
melhora na sua qualidade de vida.

Quem faz hemodiálise pode comer e beber à vontade?

A hemodiálise substitui a função dos rins de quem tem doença renal crônica
avançada, porém a hemodiálise não substitui as funções renais por completo,
pois os rins não são apenas meros filtros de sangue, eles exercem várias
outras funções no organismo como: controle de água corporal, controle no nível
de sais minerais, controle dos ácidos (pH) no organismo, controle da pressão
arterial, síntese de hormônios que estimulam a produção do sangue e controle
da saúde dos ossos através da produção de vitamina D. Então seguir as
recomendações de alimentação que a sua equipe elaborou é fundamental para
o sucesso do tratamento.

A quantidade de líquidos ou de alimentos que pode ser ingerida varia de


pessoa para pessoa e depende do estado nutricional do paciente, da
quantidade de urina que o paciente ainda produz e de outros fatores como a
presença de doenças associadas (exemplo, o diabetes).

As clínicas de diálise têm nutricionistas, enfermeiros e médicos para consultas


e para tirar dúvidas.

O paciente que faz hemodiálise pode trabalhar?

Vários pacientes em hemodiálise trabalham, mas isso depende das condições


clínicas de cada um e do horário das sessões.

O governo, através de lei Federal, auxilia financeiramente pacientes portadores


de doença renal crônica em diálise. As clínicas de diálise dispõem de
assistentes sociais que podem orientar os pacientes para conseguirem esse
benefício.

O paciente que faz hemodiálise pode viajar?

Pode sim. As clínicas de diálise não só no Brasil, mas também em outros


países, compartilham um sistema chamado hemodiálise em trânsito. Ou seja,
se o paciente deseja viajar, a clínica do paciente entra em contato com as
clínicas do local de destino, as informações são passadas e durante a estadia
naquela cidade o paciente continua seu tratamento. Uma vez formalizado o
processo entre as duas clínicas, o paciente poderá viajar; é recomendável que
o paciente ou seu familiar, antes da viagem, entre em contato com a clínica que
vai lhe receber, para informar exatamente quando chegará, quais medicações
precisará levar com ele, entre outras coisas.

Transplante renal
O que é transplante renal?

É uma opção de tratamento para os pacientes que sofrem de doença renal


crônica avançada.

No transplante renal, um rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado


a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada. Através de
uma cirurgia, esse rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções
de filtração e eliminaçãode líquidos e toxinas.

Seus próprios rins permanecem onde eles estão, a menos que estejam
causando infecção ou hipertensão.

O transplante renal é considerado a mais completa alternativa de substituição


da função renal. Tendo como principal vantagem a melhor qualidade de vida,
pois o transplante renal garante mais liberdade na rotina diária do paciente.
Quem necessita se submeter a esse tratamento?

O transplante renal está indicado para pacientes que apresentam doença renal
crônica avançada. A indicação do transplante de rim é feita após o médico
nefrologista avaliar o paciente e considerar exames de sangue, de urina e de
imagem.

Quais as contra indicações para o transplante renal?

As contraindicações são impostas pelas condições de saúde do paciente, como


em qualquer outra cirurgia. Portadores de enfermidades hepáticas,
cardiovasculares ou infecciosas que não se encontrem controladas e pacientes
gravemente desnutridos são contraindicações formais para esta operação.
Pacientes com distúrbios psiquiátricos, abuso de álcool ou drogas, ou
problemas graves na estrutura familiar, podem comprometer o uso correto dos
medicamentos e controles médicos e laboratoriais no pós-transplante.

É necessário fazer diálise antes de fazer o transplante de rim?

Não necessariamente. Se o paciente com doença renal crônica estiver em


tratamento conservador desde o começo de sua doença, é possível programar
o momento que será necessário realizar um transplante de rim, ou seja, na fase
avançada de sua doença. Porém, para isso, é necessário ter um doador vivo.

Como a doença renal crônica é silenciosa, muitas vezes os pacientes só


descobrem a doença em fases avançadas, quando não há tempo para
programar o tratamento que ele desejaria realizar. É por isso que a maioria das
pessoas que apresentam doença renal crônica avançada começa primeiro por
hemodiálise ou diálise peritoneal. E depois, se inscrevem na lista de
transplante de rim ou recebem um rim de um doador vivo.

Quem pode ser doador de rim?

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos (parentes ou não) e os


doadores falecidos.

No caso de doadores falecidos os rins são retirados após se estabelecer o


diagnóstico de morte encefálica e após a permissão dos familiares. O
diagnóstico de morte encefálica segue padrões rigorosos definidos pelo
Conselho Federal de Medicina.

Vários exames são realizados para se certificar que o doador apresenta rins
com bom funcionamento e que não possui nenhuma doença que possa ser
transmitida ao receptor. O sangue do doador será cruzado com o dos
receptores, e receberá o rim aquele paciente que for mais compatível (menor
risco de rejeição) com o órgão que está disponível.

Para receber um rim de doador falecido é necessário estar inscrito na lista


única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será
feito o transplante.

Os critérios de seleção do receptor são compatibilidade com o doador e tempo


de espera em lista.

No caso de rim de doador vivo, tanto os parentes, quanto os não parentes


podem ser doadores, sendo necessária uma autorização judicial. São feitos
vários exames do doador para se certificar que apresenta rins com bom
funcionamento, não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao
receptor e que o seu risco de realizar a cirurgia para retirar e doar o rim seja
reduzido.

Então as condições necessárias para ser um doador vivo é manifestar desejo


espontâneo e voluntário de ser doador (a comercialização de órgão é proibida).
Há a necessidade de ter compatibilidade sanguínea ABO com o receptor. É
realizado testes para comprovar outras compatibilidades (HLA e cross-match).

Quais os riscos que corre um doador vivo?

Toda pessoa que se submete a uma cirurgia e anestesia geral corre riscos que
podem, no entanto, ser minimizados com os exames pré-operatórios e os
avanços nas técnicas anestésicas e cirúrgicas. Por outro lado, as funções
renais podem ser realizadas de forma normal por um único rim (como se
observa em pessoas que já nascem com um rim único, ou em vítimas de
acidentes ou enfermidades com perda de um dos rins).

É necessário continuar indo ao médico após o transplante de rim?


Sim. Após o transplante de rim, o paciente ficará tomando remédios chamados
de imunossupressores, que diminuem a chance de rejeição do órgão que ele
recebeu. Os pacientes transplantados devem usar medicações durante todo o
tempo que forem transplantados. O abandono da medicação pode ter sérias
consequências como a perda do rim transplantado e outras complicações

Esses remédios reduzem a imunidade do paciente para evitar a rejeição do rim,


mas, apresentam, como todos os remédios, efeitos colaterais. Entre os efeitos
colaterais mais comuns destacam-se a predisposição a infecções virais e
bacterianas, principalmente no primeiro ano após o transplante de rim.

Comparando a hemodiálise, diálise peritoneal e transplante de rim, qual é a


melhor opção?

De uma forma geral, os pacientes que se submetem ao transplante renal têm


uma maior sobrevida ao longo dos anos. Porém, a indicação da melhor
estratégia de tratamento depende de vários fatores, como: idade do paciente,
causa da doença renal crônica, outras doenças que o paciente apresenta,
fatores econômico-sociais, etc. Então a melhor opção deve ser individualizada
para cada paciente.

O rim transplantado dura para sempre?

Alguns pacientes permanecem com os rins transplantados funcionando por


vários anos (mais de 10 anos), mas em alguns casos o tempo de duração de
funcionamento do órgão não é tão longa.

Características relacionadas ao paciente que recebeu o órgão, como número


de transfusões sanguíneas, transplantes anteriores; intercorrências ocorridas
no momento do transplante renal e ao próprio órgão que foi doado terão
impacto na duração do funcionamento do órgão.

Outro fator que influencia o tempo de funcionamento do rim transplantado é o


uso correto dos imunossupressores.

O rim transplantado também pode ser acometido com algumas doenças que
poderão alterar sua função, como as infecções urinárias, obstruções na via de
saída de urina e rejeições aguda ou crônica (nesta situação, o organismo do
paciente passa a reconhecer o rim recebido como estranho). Cada uma dessas
situações tem um tratamento específico, e quanto mais cedo for iniciado,
maiores as chances de manter o funcionamento do rim.

Tratamento conservador
O que significa tratamento conservador
da doença renal crônica?

O tratamento conservador consiste em todas as medidas clínicas (remédios,


modificações na dieta e estilo de vida) que podem ser utilizadas para retardar
a piora da função renal, reduzir os sintomas e prevenir complicações ligadas à
doença renal crônica. Apesar dessas medidas, a doença renal crônica é
progressiva e irreversível até o momento. Porém, com o tratamento
conservador é possível reduzir a velocidade desta progressão ou estabilizar a
doença.

Esse tratamento é iniciado no momento do diagnóstico da doença renal crônica


e mantido a longo prazo, tendo um impacto positivo na sobrevida e na
qualidade de vida desses pacientes. Quanto mais precoce começar o
tratamento conservador maiores chances para preservar a função dos rins por
mais tempo.

Quando a doença renal crônica progride até estágios avançados apesar do


tratamento conservador, o paciente é preparado da melhor forma possível para
o tratamento de diálise ou transplante (consultar informações sobre
hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal).

Quais são as principais medidas usadas nesse tratamento?

Algumas dessas medidas serão usadas em todos os pacientes, enquanto


outras só serão usadas em casos especiais, por isso a avaliação pelo médico
nefrologista é essencial para definir quais as recomendações devem ser feitas
em cada paciente. Tentaremos listar aqui as principais estratégias usadas no
tratamento conservador:

Controle adequado da pressão arterial: essa é uma medida fundamental


para retardar a progressão da doença renal crônica. O ideal geralmente é que
a pressão seja mantida abaixo de 130 x 80 mmHg. A restrição de sal (sódio) é
muito importante, para isso evitar utilizar temperos prontos, alimentos
enlatados, sucos em pó, salames, queijos.

Controle adequado da glicemia: para os pacientes diabéticos esse é um


passo fundamental nessa etapa do tratamento, sendo recomendado de forma
geral manter a hemoglobina glicada (HbA1c) menor que 7% e a glicemia de
jejum abaixo de 140 mg/dl. Uma dieta adequada com redução de carboidratos
(massas, batata, arroz), preferindo alimentos integrais.

Interrupção do tabagismo: atualmente existem várias formas de tratamento


para parar de fumar, incluindo tratamento psicológico e medicamentos. Parar
de fumar traz benefícios não só para os rins, mas também para o sistema
cardiocirculatório.

Tratamento da dislipidemia: reduzir os níveis de colesterol apresenta


benefícios no tratamento desses pacientes, não só para os rins, mas também
para o sistema cardiocirculatório. Evitar frituras, molhos e carnes gordurosos.

Uso de remédios que diminuam a perda de proteínas pelos rins


(proteinúria): a proteinúria significa que os rins têm alguma lesão, então
reduzir a perda de proteínas é fundamental para desacelerar a progressão da
doença renal crônica. Há vários remédios disponíveis hoje que auxiliam na
redução da perda de proteína na urina. O remédio ideal e a dose a ser utilizada
serão definidos pelo médico nefrologista.

Uso de medicações que melhorem os sintomas: no caso de inchaço, por


exemplo, podem ser usados a restrição de sal e diuréticos (remédios que
aumentam a produção de urina) prescritos pelo médico. Porém estes
medicamentos só devem ser alterados pelo seu médico nefrologista, pois
podem piorar a função renal se mal utilizados.

Tratamento da anemia: anemia é diminuição da quantidade de glóbulos


vermelhos no sangue. Os glóbulos vermelhos (hemácias) são responsáveis
pelo transporte de oxigênio para todas as células do nosso corpo. Quando o
paciente tem anemia, dependendo da gravidade, ele pode sentir desânimo,
falta de apetite, fraqueza nas pernas, sonolência, falta de ar quando caminha,
etc.

Será fundamental a avaliação pelo médico da intensidade da anemia, dos


estoques de ferro e de alguns hormônios; é comum que pacientes com doença
renal crônica tenham insuficiência de eritropoetina (hormônio produzido pelos
rins, importante para a produção dos glóbulos vermelhos); às vezes é
necessária a reposição desse hormônio e também dos estoques de ferro. A
reposição de eritropoetina, na maioria das vezes, é feita por via subcutânea,
conforme a prescrição do médico.

Tratamento dos distúrbios ósseos e minerais associados à doença renal


crônica: é comum ocorrer uma queda dos níveis de cálcio, de vitamina D e/ou
um aumento
do fósforo e do hormônio produzido pelas glândulas paratireoideanas
(paratormônio-PTH). Para cada uma dessas combinações existe um
tratamento específico
a ser instituído.

Para que o nosso organismo funcione corretamente, o cálcio deve estar


presente, ele é importante para a formação do osso, mas também é muito
importante para que ocorra a contração de qualquer musculatura do nosso
corpo, inclusive a do coração. Infelizmente, ele só é absorvido no nosso
intestino se lá também estiver presente a vitamina D ativa (calcitriol). Como a
formação da vitamina D ativa ocorre nos rins, os pacientes que têm
insuficiência renal podem ter cálcio baixo no sangue.

O excesso de fósforo é eliminado por meio dos rins, portanto, no paciente que
tem insuficiência renal, ele tende a se acumular no sangue. O fósforo alto no
sangue causa prurido (coceira) e estimula a produção do paratormônio (PTH).
Seu nefrologista pode receitar um quelante de fósforo, medicação que deve ser
utilizada juntamente com as refeições que têm alimentos ricos em fósforo. A
medicação vai grudar em parte do fósforo presente na comida e fazer com que
ele seja eliminado junto com as fezes. Talvez você precise fazer uma dieta com
redução de fósforo.
O hiperparatireoidismo é a doença que ocorre devido ao estímulo contínuo das
paratireoides pelo cálcio baixo e fósforo alto. As glândulas paratireoides
crescem para aumentar a produção. Os níveis altos do PTH no sangue levam a
uma inflamação e destruição progressiva dos ossos.

Tratamento da acidose no sangue: acidose é a condição de acidez que se


desenvolve no sangue porque os rins não conseguem colocar para fora o
excesso de ácido que se forma continuamente com o funcionamento do nosso
organismo. Às vezes, é necessário o uso do bicarbonato de sódio para ajudar a
corrigir esta situação. A acidose pode contribuir para o aumento do potássio no
sangue.

Tratamento do aumento do potássio no sangue (hipercalemia): o potássio


é um mineral que tem como fontes principais as frutas e os vegetais. No
paciente que tem Insuficiência renal, ele tende a se acumular no sangue, pois o
rim deixa de eliminá-lo. Quando os níveis de potássio no sangue ficam muito
altos, pode ocorrer fraqueza muscular intensa, arritmias e até parada cardíaca.
A principal forma de tratamento é através da dieta, evitando alimentos ricos em
potássio como abacate, banana-nanica, banana-prata, figo, laranja, maracujá,
melão, tangerina, uva, mamão, goiaba, kiwi, feijão, chocolate, extrato de
tomate. Outras formas de ajudar no tratamento é uso de quelante de potássio
(Sorcal). A medicação vai grudar em parte do potássio presente na comida e
fazer com que ele seja eliminado junto com as fezes. Mas seu médico poderá
lhe informar melhor o nível do seu potássio e qual dieta ou medicação utilizar;

Dieta adequada: não existe uma dieta única para todos os pacientes. Cada
paciente deverá ser avaliado de forma individual e ter sua dieta elaborada com
o auxílio de um nutricionista. Em geral, a restrição alimentar aumenta na
medida em que a doença progride e na medida em que medicamentos não são
capazes de manter os níveis de potássio, fósforo e ácidos dentro do desejado.

De uma forma geral, será recomendada uma dieta com restrição de sal (em
torno de 3,0 gramas por dia); nas fases mais avançadas da doença, poderá ser
necessária a restrição de água (dependendo se o paciente persiste com
inchaço, apesar da restrição do sal e do uso de diuréticos), restrição de
alimentos que contenham muito potássio e/ou fósforo (leite, carnes,
refrigerantes a base de cola). Atenção especial deve ser dada ao consumo de
proteínas, pois a quantidade e o tipo de proteína a ser ingerida variam com a
fase da doença renal e a causa da mesma.

É comum que os pacientes e familiares interpretem estas restrições de maneira


bastante severa, ou mesmo como uma punição, já que esse tipo de
aconselhamento muda o estilo de vida do paciente. Porém, a restrição
exagerada pode resultar em desnutrição, o que é prejudicial para o paciente.
Por outro lado, não aderir às recomendações da dieta levará a complicações e
prejuízo para o paciente. Cada caso é um caso, e as modificações da dieta
dependem da fase da doença que o paciente se encontra. O médico e o
nutricionista são os profissionais que vão ajudar o paciente a encontrar a
melhor solução para cada caso.
Preparo do paciente para terapia de diálise ou transplante: essa fase do
tratamento inicia-se quando o paciente apresenta em torno de 20% da sua
função renal e depende da velocidade com que a sua doença progride; à
medida que a função renal se aproxima de 15% é fundamental preparar o
paciente para o tratamento de substituição da função renal (diálise ou
transplante). A realização desses procedimentos permitirá que o paciente tenha
menos complicações quando for iniciar a diálise ou submeter-se ao transplante
de rim.

Previna-se

Como se prevenir?
É fundamental que se conheça os fatores de riscos da Doença Renal. Evitar ou
tratar esses fatores é a única forma de prevenção.

Os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, o diabetes e doenças


familiares, mas obesidade, fumo, uso de medicações nefrotóxicas e outros
fatores também podem comprometer a função renal.

Cuidar da saúde global ajuda a proteger a saúde do rim.

As práticas recomendadas incluem:

 Praticar exercícios físicos regulares;


 Evitar o excesso de sal, carne vermelha e gorduras;
 Controle de peso corporal;
 Controle da pressão arterial;
 Controle do colesterol e da glicose;
 Não fumar;
 Não abusar de bebida alcoólica;
 Evitar o uso de anti-inflamatórios não hormonais;
 Cuidar com quadros de desidratação;
 Realizar, uma vez por ano, exames laboratoriais para avaliar a saúde
dos rins: dosagem de creatinina no sangue e análise de urina
 Consultar regularmente seu clínico;
 Não fazer uso de medicamentos sem prescrição médica.
Pacientes idosos, portadores de doença cardiovascular e pacientes com
história de doença renal em familiares têm grande potencial para desenvolver
lesão renal e devem ser investigados com triagem de exames de urina e
dosagem de creatinina no sangue.

Nutrição
Pacientes em tratamento conservador

Vários fatores podem levar a doença renal crônica e sabe-se que uma vez
instalada ela leva a perda progressiva do funcionamento dos rins, até a
necessidade de realizar diálise.
A fase que antecede a diálise é chamada de tratamento conservador e o seu
tratamento consiste em acompanhamento com o nefrologista e com o
nutricionista.

Pacientes com taxa de filtração glomerular > 60 ml/minuto, geralmente não


necessitam de orientações específicas quanto à alimentação, salvo àquelas
que são preconizadas para se ter uma vida saudável.

Todo paciente que apresente taxa de filtração glomerular < 60 ml/minuto, deve
fazer um acompanhamento ambulatorial com profissional nutricionista, a fim de
receber orientações e acompanhar sua evolução clínica. Nessa fase, existem
orientações específicas quanto à alimentação, especialmente no que tange à
qualidade da ingestão proteica, com restrição parcial de alguns alimentos ricos
em fósforo e potássio. Os valores de fósforo, potássio e paratormônio podem
estar limítrofes ou pouco aumentados, de acordo com o caso específico. Os
objetivos nessa fase são: minimizar sintomas urêmicos, tais como náuseas,
fraqueza e perda do apetite; retardar a progressão da doença e manter o
estado nutricional até a necessidade de iniciar o programa regular de diálise, se
assim for necessário.

A dieta para esse tratamento é baseada na restrição de proteínas da


alimentação e existem dois tipos desse regime. O primeiro trata-se de uma
dieta convencional restrita em proteínas onde se reduz pela metade o consumo
principalmente de leite, seus derivados e carnes. O segundo regime é uma
dieta muito restrita em proteínas suplementada com aminoácidos essenciais e
cetoácidos e praticamente se elimina os alimentos de origem animal como
carnes em geral (vermelha e branca), ovos e laticínios. Outros alimentos que
não são de origem animal, mas que contém proteínas e devem ter ingestão
reduzida são os pães, biscoitos, massas e o arroz. Em troca da ingestão de
proteínas de origem animal o paciente ingere os comprimidos dos aminoácidos
e cetoácidos que o nutricionista calculou. A cetodieta, como é chamada, reduz
as toxinas do sangue onde os rins não conseguem mais eliminar e retarda a
progressão da doença renal e consequentemente a entrada em diálise.

Mas vale ressaltar que qualquer tipo de dieta só pode ser calculada e orientada
por um nutricionista.

Paciente em Diálise

Quando o indivíduo apresenta doença renal crônica, o rim não consegue


eliminar adequadamente os restos dos alimentos digeridos e, nessa situação,
deve-se ter uma orientação quanto à alimentação, que deve ter certos
cuidados.

Ao iniciar o programa dialítico, a ingestão de proteína é maior do que no


tratamento conservador, pois a perda de proteínas no processo de diálise pode
ser significativa. Portanto, é essencial ter uma alimentação correta para evitar a
desnutrição. Nesta fase, os níveis de fósforo e potássio já podem estar bem
elevados e devem ser acompanhados de perto.
Para garantir a ingestão adequada de proteína, porém controle do fósforo,
deve-se seguir algumas orientações, tais como:

EVITAR

 Queijos;
 Miúdos (moela, fígado, coração, sarapatel, dobradinha, chouriço, etc);
 Embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, salame, presunto, etc);
 Oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes);
 Chocolates;
 Coca-cola e Pepsi;
 Cervejas;
 Frutos do mar;
 Peixes como: sardinha, atum, bacalhau e salmão;
 Gema de ovo.
Evite também alimentos industrializados, que possuem conservantes que são
grande fonte de fósforo facilmente absorvido no intestino.

Além dos cuidados com a alimentação, o controle do fósforo deve ser feito com
o uso de quelantes (medicações que impedem a absorção do fósforo), se
necessário. Este deve ser tomado durante as refeições e lanches segundo
orientações.

Para controle do potássio, prepare verduras e legumes cozidos para as suas


principais refeições. É importante ter uma tabela com uma lista de alimentos
ricos e pobres em potássio para consulta, que pode ser fornecida pelo
profissional que acompanha o caso.

Não coma carambola e não tome o suco natural da fruta, pois contém uma
substância tóxica para os portadores de doença renal. Entre as manifestações
destacam-se soluços, vômitos, fraqueza muscular, insônia, distúrbio de
consciência, agitação, convulsão e morte. Inicialmente os sintomas eram vistos
em pacientes que estavam em programa de diálise, porém, diversos estudos
também mostraram o mesmo ocorrendo em pacientes em tratamento
conservador.

Quanto à ingestão de líquidos, esta varia de acordo com a quantidade do seu


volume urinário. De um modo geral, se você urina, a restrição de líquidos é 500
ml somados ao seu volume urinário em 24 horas. Se você não urina, a
restrição é em torno de 500 ml ao dia. O ganho de peso entre uma diálise e
outra (intervalo interdialítico) deve ser de 3 a 5% do peso seco. Por exemplo,
para um paciente de 70 kg, o ganho entre uma diálise e outra deve girar em
torno de 2,1 kg (3% do peso seco). Como regra geral, é importante não ganhar
muito além de 2kg nesse intervalo e 3 kg aos fins de semana. O excesso de
líquidos pode trazer consequências importantes, tais como: água no pulmão,
falta de ar e aumento da pressão arterial.

Uma alimentação correta é essencial para que tenhamos sucesso no


tratamento. É importantíssimo que o paciente esteja em acompanhamento com
profissional especializado na área.
Veja abaixo as principais fontes destas substâncias

Fósforo:

 Carnes em geral – peixe, frango, porco, boi. Alto teor de fósforo:


sardinha, frutos do mar, miúdos, lingüiça, salsicha, presunto, mortadela,
salame, peito de peru
 Leite e derivados – queijos, iogurte, doce de leite, sorvete, chocolate
 Oleaginosas – amendoim, castanha, nozes e avelãs, todas com alto
teor de fósforo
 Ovos
 Grãos – feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja
 Refrigerantes a base de cola (alto teor de fósforo)
 Cervejas (alto teor de fósforo)
Potássio:

Baixo teor de potássio:

FRUTAS

Abacaxi
Acerola
Ameixa fresca
Banana maçã
Caju
Caqui
Jabuticaba
Laranja lima
Lima da pérsia
Limão
Maçã
Manga
Melancia
Morango
Pêra
Pêssego
Pitanga
VERDURAS

 Alface
 Agrião
 Almeirão
 Cenoura
 Escarola
 Pepino
 Pimentão
 Repolho
LEGUMES
(Baixo teor de potássio se cozidos em água fervente e desprezando a água da
fervura)

 Abóbora
 Abobrinha
 Acelga
 Batata
 Berinjela
 Beterraba
 Brócolis
 Chuchu
 Couve-flor
 Couve-manteiga
 Espinafre
 Mandioca
 Mandioquinha
 Quiabo
 Vagem
Alto teor de potássio:

 Abacate
 Açaí
 Água de coco
 Banana prata
 Banana nanica
 Damasco
 Figo
 Fruta-do-conde
 Goiaba
 Graviola
 Jaca
 Kiwi
 Laranja pêra ou bahiana
 Mamão
 Maracujá
 Melão
 Mexerica ou tangerina
 Nectarina
 Uva
Outros alimentos com alto teor de potássio:

 Grãos: feijão, ervilha, grão de bico, soja


 Frutas secas: coco, uva passa, ameixa seca, damasco
 Oleaginosas: nozes, avelã, amendoim, amêndoa, castanhas, pinhão
 Sal dietéticos ou light
 Chocolate
 Café solúvel
Sal (sódio):
 Embutidos em geral – presunto, mortadela, bacon, linguiça, salame,
salsicha.
 Peixes processados e salgados: sardinha, atum, salmão, bacalhau,
aliche e carne seca.
 Queijos em geral, exceto ricota e queijo minas fresco.
 Enlatados em conserva, como milho, ervilha, azeitonas, picles, palmito.
 Margarina ou manteiga com sal.
 Temperos e molhos prontos.
 Sopas e alimentos de pacote.
Sabendo dos teores de cada substância, consuma conscientemente, pois
alimentação é saúde. Esclareça com seu médico e nutricionista quaisquer
dúvidas, saiba do resultado dos seus exames e participe ativamente de seu
tratamento.

Perguntas e Respostas sobre Nutrição em Diálise

Alimentação em Diálise

O que é uma alimentação saudável?


Entende-se por alimentação saudável aquela planejada com alimentos de
todos os tipos, de procedência conhecida, preferencialmente natural, preparada
de forma a preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos
selecionados devem ser aqueles que a família tem o hábito de comer,
adequados em quantidade e qualidade para suprir as necessidades nutricionais
e calóricas.
Para pessoas que fazem diálise, isso é ainda mais importante, porque a correta
alimentação interfere no tratamento dialítico, mas essas pessoas precisam
saber que alguns cuidados devem ser tomados para que a saúde fique em dia.

Por que a dieta é tão importante para pessoas que fazem diálise?
Quando os rins não funcionam, substâncias como potássio, fósforo, uréia,
sódio e água vão se acumulando no sangue. A maior quantidade destas
substâncias causa problemas no corpo como fraqueza nas pernas, diminuição
do crescimento, palidez da pele, coceira no corpo todo, cansaço fácil, inchaço e
diminuição da urina.
A alimentação é responsável por fornecer estes nutrientes em quantidades
adequadas para manter um bom estado nutricional.

A diálise não tira todas estas substâncias?


A diálise ajuda muito, mas não trabalha 24 horas por dia como o rim saudável.
Então, não dá para tirar todo o excesso desses nutrientes.

É necessário excluir alguns alimentos da minha alimentação?


Primeiro converse com o seu médico para saber como estão os seus exames
de sangue e depois fale com o nutricionista para receber uma orientação
nutricional.

Então, como ter uma alimentação equilibrada?


Em primeiro lugar devemos conhecer a função dos alimentos e os nutrientes
que, se não controlados, podem fazer mal ao nosso corpo.
Pirâmide Alimentar

Você conhece a pirâmide alimentar?


A pirâmide Alimentar é a representação gráfica do Guia Alimentar e constitui
uma ferramenta prática que permite a seleção de uma alimentação adequada e
saudável.

Quantos grupos tem a pirâmide alimentar?


A pirâmide é composta por quatro grupos alimentares. Vamos responder um
pouco sobre eles.

Grupo dos Alimentos, fontes adicionais de energia


São alimentos que fornecem energia para o corpo, mas devem ser consumidos
em pequenas quantidades, pois são ricos em gordura e açucares, mas pobres
em outros nutrientes como vitaminas e minerais.
Estamos falando de doces, dos chocolates, da banha de porco, da manteiga,
da margarina, do creme de leite, do sorvete e de muitos outros.
Grupo dos alimentos construtores
São alimentos com muitas proteínas. Elas são utilizadas no crescimento, na
cicatrização e nos sistemas de defesa do corpo. Os exemplos que logo vem à
cabeça são a carne bovina, o frango, o peixe, os ovos e o leite, as leguminosas
como feijão, lentilha, ervilha, grão de bico e até a soja.
É neste grupo de alimentos que se encontra o fósforo.

Grupos de alimentos energéticos


São os alimentos responsáveis pelo fornecimento de energia para o organismo.
Alguns exemplos são o arroz, o macarrão, a batata, o milho verde, a mandioca,
as farinhas, os pães e os biscoitos.

Grupos dos alimentos reguladores


São os alimentos responsáveis pelo fornecimento de nutrientes que ajustam o
funcionamento geral do corpo, como vitaminas, sais minerais e fibras. Os
exemplos desse tipo de alimentos são as frutas, as verduras e os legumes.
É neste grupo de alimentos que encontramos o potássio.

Proteínas

Eu devo controlar a quantidade de proteínas nas minhas refeições?


Depois de ingeridas, as proteínas fornecem ricos nutrientes, mas esse
processo deixa um produto final, a já citada uréia. Quando se acumula no
corpo, ela provoca uma série de sintomas como náuseas, vômitos e falta de
apetite.
Durante a diálise, o excesso de uréia é retirado, mas essa eliminação não é
total. Então, para não haver acúmulo, é preciso equilibrar a quantidade de
proteínas que se come e a de uréia produzida.

Não seria melhor ficar sem comer proteínas, então?


Não, a falta de proteína no organismo pode levar a desnutrição e causar
complicações, deixando seu organismo mais fraco e com maior risco de
infeção.
Como os alimentos ricos em proteína – carne em geral, ovos, leite e substitutos
– são fontes do mesmo tipo de nutrientes, é recomendável que você coma
apenas um deles por refeição.

Veja na tabela abaixo os alimentos que são fontes de proteínas

Tabela 1 – Teor de proteínas de acordo com o valor biológico de


alimentos usualmente consumidos
Potássio

Qual a função do potássio para o nosso organismo?


O potássio é um elemento fundamental para o funcionamento dos músculos de
todo o nosso corpo, inclusive os do coração. É essencial também para as
células nervosas. Seu excesso, porém, pode trazer complicações sérias. Nos
músculos, causa fraqueza ou cãibras enquanto, no coração, enfraquece os
batimentos ou até provoca parada cardíaca. Por isso, mesmo para quem faz
diálise, é importante restringir a ingestão de alimentos ricos em potássio.
Alguns exemplos que você deve conhecer estão na próxima tabela.

Tabela 2 – Teor de potássio em porções usuais de alguns alimentos.


Alimentos com pequena e média quantidade de potássio

Outros alimentos com elevada quantidade de potássio são frutas secas, tomate
seco, extrato de tomate, caldo de cana, frutas oleaginosas (amendoim,
castanhas etc.), chocolate, caldas de frutas e compotas e suco de frutas
concentrados.

Existe alguma forma de diminuir a quantidade de potássio dos alimentos?


Existe sim. Veja agora algumas medidas e dicas para reduzir o potássio dos
alimentos.
O cozimento em água reduz 60% do potássio das frutas e legumes. Portanto,
deve-se proceder da seguinte maneira:
– Descasque as frutas ou vegetais
– Coloque em uma panela com bastante água e deixar ferver
– Escorra a água do cozimento
– Refogue como desejar

Atenção: A carambola, além de seu conteúdo de potássio, contém uma


substância tóxica ainda não identificada, que pode causar desde soluços até
coma e morte em pacientes com DRC. Portanto, esse alimento deve ser
abolido da alimentação desses pacientes.

Fósforo
Alimentos com elevada Quantidade de Fósforo

Tabela de composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos


Estados Unidos.

*Alimentos que estão marcados podem ser retirados da alimentação de


pacientes que necessitem de controle da ingestão de fósforo sem que haja
prejuízo nutricional significativo. Os demais devem ser reduzidos com calma e
nunca excluídos, principalmente para pacientes em diálise.
O que é o fósforo e qual é sua função?
Assim como o cálcio, o fósforo é um mineral e os dois tem função de ajudar a
manter os ossos fortes e saudáveis.

O fósforo pode ser encontrado em vários alimentos que contêm também


cálcio?
Como seu corpo necessita de cálcio, mas não pode ter excesso de fósforo, é
preciso equilibrar com cuidado a dieta. Muitas vezes, não podem faltar
medicamentos. É o caso da vitamina D. Ela facilita o depósito de cálcio nos
ossos. Além disso, existem medicamentos que impedem a absorção de fósforo
nos intestinos, são chamados de quelantes de fósforo, são eles: carbonato de
cálcio, acetato de cálcio, hidróxido de alumínio e sevelamer.

E o excesso de fósforo pode causar algum problema?


O excesso de fósforo no sangue pode causar sintomas desagradáveis como
coceira intensa, dores ósseas, fragilidade dos ossos com possibilidades de
fraturas ou deformidades. Altos níveis de fósforo também estão relacionados
com arteriosclerose (enrijecimento das artérias), doença cardiovascular,
acidentes vasculares cerebrais, e má circulação.

O que é importante saber sobre os quelantes de fósforo?


Na natureza, o fósforo está presente em muitos alimentos, principalmente os
construtores de que falamos anteriormente. Por essa razão, fica impossível
eliminar totalmente o fósforo da dieta. Para ajudar na diminuição do excesso de
fósforo, os médicos prescrevem remédios chamados quelantes de cálcio.

Como agem os quelantes no nosso organismo?


No estômago e no intestino, esses quelantes se grudam com o fósforo dos
alimentos. Assim, o fósforo é eliminado nas fezes, junto com o quelante, sem ir
para o seu sangue.

E como devem ser tomados?


Os quelantes de fósforo devem ser tomados às refeições e aos lanches ou, no
máximo, até trinta minutos depois. Se ingeridos com o estômago vazio, não
vão ter muito efeito.

A dose é a mesma para todos os pacientes que fazem diálise?


Não. A dose do quelante varia muito. Depende da quantidade de fósforo na
refeição ou no lanche. De maneira geral, refeições maiores precisam de uma
dose maior. Seu nutricionista e seu médico podem identificar a quantidade de
fósforo em suas refeições e assim ajustar a dose.
IMPORTANTE: não se esqueça de levar o seu quelante quando comer fora.

E o cálcio? Deve também diminuir na sua dieta?


Como é comum o nível de cálcio baixar no seu sangue, ele não deve ser
limitado em sua dieta. Mas ai é que está a dificuldade. Cálcio e Fósforo são
encontrados nos mesmos alimentos. Se diminuir o fósforo na sua dieta, você
também reduz o cálcio. Por essa razão, deve tomar suplemento de cálcio na
forma de comprimido ou líquido. Assim, seus ossos continuam saudáveis.

Vitamina D

Por que a vitamina D é um nutriente importante no seu tratamento?


Porque ela ajuda o corpo a usar os alimentos consumidos. Facilita a absorção
e o uso de sais minerais como cálcio e fósforo, equilibrando a quantidade deles
no sangue. Por isso, deixa mais saudáveis os ossos dentes. Poucos alimentos
são fontes de vitamina D, entre eles: óleo de fígado de peixe e gorduras de
peixes. O leite e seus substitutos (iogurtes e queijos) são fortificados com essa
vitamina. No entanto, 90 a 95% das necessidades dessa vitamina podem ser
atendidas por meio da fotossíntese de vitamina D na pele. Porém, para ser
usada, a vitamina D tem que ser transformada em sua forma ativa que se
chamacalcitriol.

E quem a transforma nessa forma ativa?


São os rins. Por isso, pacientes renais, não tem os rins fabricando calcitriol em
quantidade certa. Sem calcitriol suficiente, o cálcio e o fósforo perdem seu
equilíbrio. O resultado é coceira, dor nas juntas e problemas nos ossos e
aumento do PTH. O Calcitriol pode ser tomado como comprimido ou injetável
diretamente na linha de diálise (Calcijex®). Seu médico vai avisar quando você
deve tomar esse medicamento.
Ferro

Se eu comer alimentos ricos em ferro, a minha anemia acaba?


O ferro é um mineral necessário para a formação do sangue. Os alimentos
fontes de ferro são as carnes, os peixes, as aves e alguns vegetais, mas, no
caso de pacientes renais, a anemia não se deve ao baixo consumo de
alimentos fontes de ferro, mas sim porque os rins não fabricam
a eritropoietina. Essa substância estimula a produção do sangue. A falta dela
causa a anemia. Pequenos volumes de sangue são perdidos durante as
sessões de hemodiálise. Isso reduz a quantidade de sangue e de ferro. Por
isso, mesmo recebendo eritropoietina (Hemax®, Eprex®), você vai precisar de
um suplemento de ferro (Sulfato Ferroso) para não ter anemia.

Como devo tomar esses suplementos?


Aqui vai uma dica. Quando tomados via oral, os suplementos de ferro devem
ser ingeridos entre as refeições. É que o quelante de fósforo pode atrapalhar a
entrada do ferro no sangue. Também é importante não tomar os suplementos
com leite. Esse alimento atrapalha a absorção do ferro.

Sódio

Sódio é a mesma coisa que sal?


Muitas vezes as palavras “sal” e “sódio” são usadas como se fossem a mesma
coisa, mas não são.
O sódio está presente em muitos alimentos, sendo o sal de cozinha sua
principal fonte. Um exemplo de alimento que contém sódio é o leite. E nem por
isso o leite é salgado. Então, temos que prestar atenção não só no sal, mas
também na quantidade de sódio de outros alimentos.

Como saber se um alimento tem sódio se nem sempre ele é salgado?


Na maioria das vezes, ficamos sabendo do sódio lendo a tabela de
informações nutricionais presente no rótulo das embalagens.
Abaixo temos um exemplo de rótulo contendo informação nutricional do leite.
Além do sal, em que outros alimentos encontramos o sódio?
Alimentos como vegetais e carnes tem sódio naturalmente, mas, em muitos
casos, ele poderá ser acrescentado na forma de sal, como veremos na lista a
seguir. Para um bom controle de sódio no corpo, os alimentos enriquecidos
com sal devem ser consumidos com moderação ou evitados. Veja a tabela 4.

Tabela 4 – Alimentos com elevado conteúdo de sódio e sal.


Adaptado de EUA / Departament of Agriculture. Human Nutrition
Information Service. Composition of foods. Raw, processed prepared
foods. Agriculture Handbook nº 8, series 1- 16, 1976-1986.

É possível diminuir o sódio da minha alimentação?


Sim, seguindo as dicas abaixo.
– Use pouco sal no preparo dos alimentos ou, se preferir, prepare tudo sem sal
e acrescente 1 g no almoço e 1 g no jantar (1 g = uma tampinha de caneta ou
uma colher de café rasa).
– Evite alimentos muito salgados como linguiça, salsicha, carne seca, azeitona,
sopas industrializadas e miojo.
– Prefira margarina e manteiga sem sal.
– Diminua a quantidade de sal e temperos de suas receitas. Para não sentir
muita diferença no novo tempero, reduza aos poucos a quantidade de sal.
– Use alho, cebola, salsinha, açafrão, pimenta, cominho, manjericão, alecrim,
sálvia, orégano, louro, gergelim, cravo da índia, cebolinha, estragão, noz
moscada, manjerona, suco de limão, páprica, colorau, pimentão, tomilho ou
vinagre.
Como devo diminuir o meu consumo de sódio, posso consumir o sal diet
ou light?
Atenção! Muito cuidado com o consumo desses tipos de sal. Alguns deles são
ricos em potássio e nem sempre seu uso está indicado.

Por que quem faz diálise tem muito inchaço (edema) nos pés, nas pernas,
no abdômen ou na face?
Na insuficiência renal, não é possível eliminar o excesso de sódio do
organismo e manter o equilíbrio entre a quantidade de sódio e água no corpo.
Isto faz com que a água, que deveria ser eliminada na urina, fique retida. Assim
aparece o inchaço (edema). Em situações ainda mais graves, com a retenção
de sódio e água no corpo, acontece aumento de peso, piora da pressão arterial
(hipertensão arterial), das funções do coração (insuficiência cardíaca) e dos
pulmões (edema pulmonar).

Água

A importância da água
A água é indispensável à vida e faz parte de 60% do nosso corpo. Isso quer
dizer que mais da metade do nosso organismo é água. Além de ajudar a
manter certa a nossa temperatura, ela ainda transporta os nutrientes. Está
presente nas frutas, nos sucos, nos refrigerantes, nas frutas aguadas (melão,
abacaxi, melancia e outros), nas verduras e nos legumes (tomate, pepino e
outros).

Qual é a quantidade de líquidos que devo beber por dia?


Há uma conta fácil de se fazer: 500 mL + volume de urina em 24 horas. Por
exemplo, se o seu volume de urina for 300 mL em 24 horas, então você poderá
beber 500 mL + 300 mL = 800 mL. Se você não urina mais, o seu limite é de
500 mL ao dia.

Lembre-se que líquidos não são apenas água, mas também o leite, os sucos, o
chá, o café, e todos os alimentos que têm, em sua composição, grande
quantidade de água, principalmente as frutas, as verduras e legumes.
Portanto, para controlar a sede:
– Evite alimentos com muito sal e muito doce, pois dão mais sede.
– Prefira bebidas e frutas geladas, elas promovem mais saciedade.
– Evite sopas e caldos, porque apresentam grande quantidade de líquidos.
– Defina, na quantidade recomendada de líquidos, o quanto será reservado
para a
água. Coloque em uma garrafa para seu melhor controle.

Obedeça com rigor as restrições do volume de água e outros líquidos. Com


isso, você só te a ganhar.

Quando eu sentir muita sede, o que devo fazer?


– Faça bochechos com água ou molhe os lábios.
– Chupe pedrinhas de gelo (uma forma tem cerca de 250 mL), mas não se
esqueça
de computar a quantidade de gelo ingerida na quantidade de líquidos permitida
por
dia.
– Mastigue folhas de hortelã ou cidreira.

Peso

O que é peso intradialítico?


É o peso que você ganha entre uma sessão de hemodiálise e a outra (intervalo
dialítico).

O que é o peso seco?


É o peso ideal com que você sai no final de uma sessão de hemodiálise. Com
ele, deve se sentir bem, sem inchaços, com a pressão arterial normal e com
uma boa avaliação cardiopulmonar.

Quais as consequências de se ganhar peso de uma sessão de


hemodiálise para a outra?
Hipertensão, inchaço, falta de ar, edema agudo de pulmão (água no pulmão)
são as mais graves. Durante a hemodiálise, podem ocorrer câimbras,
hipertensão, náuseas, vômitos e mal estra. Com o tempo, seu coração
aumenta de tamanho, o que ocasiona cansaço fácil, falta de ar aos mínimos
esforços e incapacidade para realizar as atividades do dia a dia.
Qual o aumento máximo de peso de uma sessão de hemodiálise para
outra, sem prejudicar seu tratamento e sua saúde?
O ganho máximo de peso no intervalo interdialítico deve ser de 3% do peso
seco. Para calcular o ganho máximo de peso, faça a seguinte conta: multiplique
o seu peso seco por 3 e divida o resultado por 100.
Exemplo: Se o seu peso seco for 60 Kg

Peso Máximo
Seu peso seco = 60 x 3 = 180
180 : 100 = 1,80
Seu ganho de peso máximo é = 1 Kg e 800g

Então, se o seu peso seco for 60 Kg, o seu ganho de peso de uma sessão de
hemodiálise para outra não pode passar de 1 Kg e 800g.

Como vimos até agora, muitos são os cuidados com alimentação que o
paciente renal deve ter. Todavia, mesmo diante de tantas restrições, algumas
adaptações nas preparações e receitas do dia a dia podem torna-las saborosas
e saudáveis. Desta forma, a alimentação não tem por que deixar de ser uma
ocasião agradável.

Muitas pessoas pensam que, quando se prescreve uma “dieta”, é necessário


ter uma alimentação diferente, composta por “alimentos especiais” de custo
elevado. O receio de tantas mudanças faz com que elas não sigam as
orientações dadas. Porém, isto é um engano!

Siga estas dicas pata ter uma alimentação saudável:

 Escolha uma dieta variada com alimentos de todos os grupos da


pirâmide.
 Dê preferência aos vegetais como frutas, verduras e legumes nas
quantidades recomendadas.
 Fique atento ao modo de preparo dos alimentos para garantia da
qualidade final e às preparações assadas ou cozidas em água.
 Leia os rótulos dos alimentos industrializados para saber o valor nutritivo
do que será consumido.
 Modifique aos poucos seus hábitos alimentares.
 Use as tabelas de alimentos deste manual como suas aliadas. Elas
servem como referência para escolha de alimentos mais saudáveis e
que auxiliam em seu tratamento.
 Faça suas refeições todos os dias, em horários regulares e em
quantidades que saciem sua fome.
 O ser humano adora se alimentar, descobrir novos sabores e criar novas
receitas. Existe um mundo lá fora cheio de possibilidades e você ai
provar suas novas descobertas. Pense nas cores, sabores,
combinações e faça uma obra de arte com seu estilo pessoal. Você
pode ser um gourmet seletivo para pratos que protejam sua saúde renal.

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