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CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO

A MULHER NOS LIVROS


POEÉ TICOS
Uma abordagem Preliminar

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

2013

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A MULHER NOS LIVROS POÉTICOS
Rev. João Ricardo Ferreira de França.

INTRODUÇÃO:

Na literatura poética a mulher é bem colocada de forma singular. Os


salmos e os provérbios que falam da vida familiar exaltam o papel da mulher
nesta célula máter da sociedade. O livro dos Salmos e o de Provérbios possui
trechos que precisam ser analisados e encarados para o nosso contexto atual.
Usaremos aqui dois modelos deste tipo de literatura para mostrar como a
mulher tem sido vista neste gênero literário veterotestamentário.

O livro dos salmos é o espelho da alma. Neste sentido eles vislumbram a


resposta de Deus e a resposta dos homens. 1 Nesta relação nós iremos
trabalhar dois salmos que tratam de família de forma interessante.

1 – O SALMO 127.

”2. Além do mais o próprio salmo no primeiro verso nos informa que trata-se de
um “cântico de romagem”. Ou cântico dos degraus. Outra nota importante que

o salmo nos oferece é sobre sua própria autoria “ hmoïl{ñv.li”


[lishelomoh] a preposição “li” aqui é diretiva, mas com o sentido de autoria de
fonte, de origem. Salomão é indicado como sendo o autor desta peça poética.
Calvino informa que “não há razão para os judeus negarem que este salmo foi
escrito por Salomão”.3
No primeiro verso pode parecer que o autor está se concentrando sobre o
Templo ao declarar que se Yhaweh não tomar conta da casa em vão os
sentinelas trabalham. Embora isto, esteja na mente do poeta, o foco está na

1
Para uma discussão importante sobre este tema recomendamos a leitura do artigo do BOSMA, Carl J.
Discernindo as Vozes nos Salmos: Uma discussão de Dois Problemas na Interpretação do Saltério. In:
FIDES REFORMATA, julho-dezembro, 2004, Vol. IX, Nº 2, p.75-118.
2
BOSMA, Carl J. Estrutura Significante do Saltério. Seminário Presbiteriano Conservador,2006, p.14 –
Obra não Publicada
3
CALVINO, João. Série de Comentários Bíblicos - Salmos: Volume 4. Tradução: Valter Graciano
Martins. São Paulo: Editora Fiel, 2009, p.373
família. A palavra hebraica usada aqui é “ tyIb;ª” [Baith] que tem o sentido
de um edifício, ou mesmo de uma família estruturada. O texto pode indicar as
duas possibilidades. Calvino confirma isso de modo claro ao comentar: “Ao
usar a palavra casa, o salmista se referia não somente a um edifício de
madeira ou de pedras, mas também a toda a ordem e o governo de uma
família”4. Então, tomaremos o segundo sentido como o sentido claro do texto,
visto que o autor nos permite a esta conclusão, certamente este é o sentido
pretendido aqui.
Osborne nos lembra que este salmo pode ser enquadrado naquele tipo de
poema que produz ou comunica “sabedoria e ensino”, ou nas próprias palavras
dele “salmos de sabedoria e didático [...] que equivalem aos provérbios”. 5 A
primeira verdade apresentada pelo autor do texto é que sem a proteção do
SENHOR para com a família todo o nosso empreendimento é nulo, é inútil. A
temática certamente é que Deus tem sido o provedor para tudo em relação às
nossas famílias. Nos versos de 3 a 5 o autor focaliza-se na família de modo
peculiar. Ele fala dos filhos como sendo Herança do Senhor. Aqui o autor usa
uma relação de construto ao escrever a apalavra herança. O termo hebraico

empregado aqui “ tl;äx]n:” [nahalath] significa “herança que pertence a,


propriedade de, possessão de”; ou seja, a visão do poeta é que os filhos
pertencem primeiramente a Deus. Nós somos apenas mordomos que
cuidamos dos filhos. No verso 4 os filhos são retratados como armas
poderosas, pois, na cultura da época os filhos eram visto como aqueles que
continuariam a procriar e manter a geração familiar. E o último verso tem os
filhos educados pelos pais tornam-se sua defesa no futuro.

2 – SALMO 128.

Este segundo salmo focaliza-se nos filhos e no papel da mulher como


mãe dentro da família. Este é um salmo de romagem e a temática é a família
do pacto, pois, neste salmo encontramos. É um poema que fala da felicidade

4
Idem

5
OSBORNE, Grent R. A Espiral Hermenêutica – uma nova abordagem à interpretação bíblica.
Tradução: Daniel Oliveira, Robinson N. Malkomes, Sueli da Silva Saraiva. São Paulo: Vida Nova, 2009,
p.301.
pactual conforme percebemos pelo uso do substantivo

“ yrEv.a;â”[.’ash re] – bem-feliz - mostrando que felicidade no lar e na


e

família estão vinculados ao temor e no trilhar nos caminhos de Yahweh.


O principio Edênico é apresentado no texto no segundo verso onde o
homem cumpre o seu mandato cultural por meio do trabalho para trazer
alimento para sua subsistência, e a sua bem-aventurança é certa

“^yr<ªv.a;÷” [ ’ashereka] – tu serás feliz - assim enfatiza a


prosperidade daquele que tem ao Senhor.
O verso de número três introduz a esposa deste homem temente.
Revelam-se aqui algumas qualidades desta esposa. A primeira delas é que ela
é uma mulher do lar e para lar. “no interior de tua casa”, no texto hebraico a
palavra usada para “no interior” pode ser usada para traduzir “ao lado de”;
transmitindo a ideia de um vinheiro que suas ramas ficam ao redor de sua
haste principal, mas no uso da preposição hebraica que é usada, pode-se
entender como estando dentro da casa.
A segunda qualidade desta esposa é que ela é mãe. Parece-nos algo
simplório esta observação, mas na cultura antiga não ter filhos era sinal de
maldição, então, o salmista diz que o homem verdadeiramente próspero é
aquele que a sua esposa concede-lhe filhos.

3 – PROVÉRBIOS 31.

O provérbio que coroa a Mulher em sua maior glória e honra certamente é


o capítulo 31. Este poema sapiencial começa-nos informando que são palavras

“yrEb.DIâ”[diberi], todavia, não são palavras escritas por qualquer outra

pessoa, mas por um rei, a figura de “ laeäWml.”[l mu’el]. Mas notemos


e

que o texto acrescenta uma nota importante para nós, consiste no fato de que
tais palavras são o resultado do ensino de sua mãe.
O poeta escreve “as quais lhe ensinou”( WTr:îS.yI-rv,a]) o

verbo ensinar [ WTr:îS.yI -is rathu] aqui no hebraico tem o sentido de


e

“corrigir” a mãe é retratada como a disciplinadora do Rei. Nos versos de 1-9


temos as instruções importantes no campo da ética e da moral para que o Rei
saiba como se portar ante qualquer situação.
Apartir do verso 10 se tem a coroação da mulher. Ela é vista como
virtuosa (vs. 10) o autor sagrado lembra que a esposa deve ser virtuosa; as
qualidades apresentadas desta mulher tornam-na singular, e o conceito de
raridade é inserido no poema mostrando assim a singularidade desta mulher.
Então, ele passa a enumerar as qualidades desta mulher rara.
1. Fidelidade:
No verso 11 o autor sagrado reporta-se ao fato de que o marido desta
mulher confia nela, ou seja, a visão da mulher temente a Deus é que ela é

digna de confiabilidade. A palavra hebraica “ xj;B'ä” – batah – que significa


confiança tem o sentido de ser fiel.
2. Bondade:
Essa mulher descrita no poema é alguém que faz o bem para o seu
esposo, para o seu marido ela é caracterizada com alguém que faz bem ao

marido. A palavra bom aparece no texto “ bAjå” – tov – carrega o conceito


daquilo que é bom; observe que ela faz o bem até a sepultura “ todos os dias
da sua vida.”.
3. É uma mulher do lar:
Outra característica importante nesta mulher é descrita como sendo uma
mulher do lar, trabalhadora e empreendedora que trabalha no lar, manter a paz
e a ordem família (vs.13-31).

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