Professional Documents
Culture Documents
Repressão Sexual
essa nossa (des)conhecida
3 45 edição 4678
65 edição
Cop9ri'ht arilena de Soua Chaui
Capa: $ttore %ottini
Reisão: ;osé !3 Arruda Filho e +o.u<a Rachi
$ditora %rasiliense S3A3
R3 !eneral ;ardi,= 4>? ?4001 # São @aulo # S@ Fone (?44) 014#4800
Coleção Leituras Afins
Cani.alis,o A,oroso Affonso Ro,ano de SantAnna
Colcha de Retalhos $studos so.re a Fa,ília no %rasil &iersos
Autores
A Contestação Bo,ossexual !u9 Bocuen'hen
Cri,e e Cotidiano A Cri,inalidade e, São @aulo (477?#4608) %oris
Fausto
$, %usca de D, Bo,e, Sensíel Anais +in
A Funçãodedo%anheiro
!rafitos Er'as,oA ilhel, Reich
Literatura @roi.ida !ustao %ar.osa
+os Su.,undos da Anti'Gidade Catherine Salles
Es @apéis Sexuais ;ohn one9 e @atrícia Tuc<er
@ornéia Aline Rousselle
Sexo e ;uentude: D, @ro'ra,a $ducacional Fund3 Carlos Cha'as
Sexo e @oder &iersos Autores
As Hlti,as @alaras do Bere'e @ier @aolo @asolini
D, $nsaio So.re a Reolução Sexual &aniel !uérin
*i"ncia BistIria= Sexualidade e J,a'ens Fe,ininas Fund3 Carlos
Cha'as
Coleção @ri,eiros @assos
E ue é A,or %ett9 ilan
E ue é Fa,ília &anda @rado
E ue é Fe,inis,o %ranca oreira Ales e ;acueline @itan'u9
3 E ue é Bo,ossexualidade @eter Fr9 e $dKard acRae
E ue é Jdeolo'ia arilena Chauí
E ue é @sican-lise Ru.e, einert
Coleção Tudo é BistIria
A Chanchada no Cine,a %rasileiro AfrMnio 3 Catani e ;osé Jn-cio de 3
Soua
Es Cri,es da @aixão aria Corr"a
A Fa,ília %rasileira $ni de esuita Sa,ara
Coleção $ncanto Radical
$,,a !old,an A *ida co,o Reolução $lisa.eth S3 Lo.o
Benr9 iller +enhu,a Eusadia é Fatal arcos oreira
ae est +unca u,a Santa -rio endes
@ier @aolo @asolini Erfeu na Sociedade Jndustrial Lui +a-rio
Si',und Freud A Conuista do @roi.ido Renato ean
Coleção Cantadas Liter-rias
BistIria de @iera &acia araini e @iera &e'li $sposti
@orcos co, Asas &i-rio Sexo#@olítico de &ois Adolescentes arco L3
Radice e Lídia Raera
Tanto Fa Reinaldo oraes
Circo de Letras
Cartas na Rua Charles %u<oKs<i
ulheres Charles %u<oKs<i
@ara Jsa.ela=
A'radeço depri,eira
N Ci= a,or epraer recé,#nascida
leitora= tão exi'ente ue sa.e ue OLiros são
papéis pintados co, tinta3 $studar é u,a coisa e, ue est- indistint a3 A
distinção entre nada e coisa nenhu,a O= co,o P- disse Fernando @essoa3
A'radeço ao i<e= cuPa sensi.ilidade e lucide= conertidas e, fino hu,or=
arrancara, este liro da i,possi.ilidade onde ,er'ulhara3
Índice
E.seraçQes preli,inares 6
Contos de fadas 1?
dipo#Rei
RepressQes nossas conhecidas 22
Sexo e pecado 71
Sexo e i,oralidade 441
Sexo e ci"ncia 4>2
+ão existe pecado ao sul do $uador 477
%i.lio'rafia 011
4?
caso= trae, senti,entos de dor= sofri,ento e culpa ue desePa,os
esuecer ou ocultar3
Te,os= assi,= u, fenV,eno curioso= ual sePa= o de ue al'o suposto ser
,era,ente .iolI'ico e ,era,ente natural (sexo) sofre ,odificaçQes
uanto ao seu sentido= N sua função e N sua re'ulação ao ser deslocado do
plano da +aturea para o da Sociedade= da Cultura e da BistIria3
&esloca,ento ue aparece co, ,aior nitide uando nos le,.ra,os ue
repri,ir= nu,a das acepçQes oferecidas pelos dicion-rios= si'nifica ocultar=
dissi,ular= disfarçar3 Co, efeito= a repressão sexual ser- tanto ,ais efica
uanto ,ais conse'uir ocultar= dissi,ular e disfarçar o car-ter sexual
dauilo ue est- sendo repri,ido= u, dos ,elhores exe,plos disso
estando nos sonhos nos uais o.Petos= pessoas e situaçQes ue parece,
nada ter de sexual estão sendo ,o.iliados para ,ascarar conte/dos e
desePos alta,ente sexualiados3
*ia de re'ra= antropIlo'os e psicanalistas considera, ue o ,o,ento da
passa'e, do sexo OnaturalO ao sexo OculturalO= isto é= si,.oliado e
suPeito a cIdi'os=
i,portante ocorrea proi.ição
dos interditos: co, a deter,inação
do incesto3 do pri,eiro e ,ais
So.re isto coné, faer,os duas o.seraçQes3 $, pri,eiro lu'ar= co,o
,ostra, os estudos antropolI'icos e histIricos= o incesto não recai so.re
as ,es,as relaçQes e, todas as sociedades3 Se= e, nossa sociedade= ele
se refere N cha,ada fa,ília restrita (cVnPu'es= filhos= ir,ãos)= proi.indo
relaçQes sexuais entre pais e filhos= ir,ãos= aIs e netos (e apenas
elada,ente as relaçQes entre pri,os de pri,eiro 'rau e entre tios e
so.rinhos de pri,eiro 'rau)= e, outras sociedades= alé, da proi.ição
referente N fa,ília restrita= ,uitas outras se acrescenta,= atin'indo o ue
se deno,ina de fa,ília a,pliada= e, certos casos= u, 'rupo social
inteiro3 B- re'ras controlando a exo'a,ia (alianças externas) e a
endo'a,ia (alianças internas) e o cha,ado siste,a de parentesco=
extre,a,ente co,plexo e, ,uitas sociedades3
$, se'undo lu'ar= a efic-cia da proi.ição do incesto depender- não
apenas da força das nor,as e dos casti'os= ,as de sua interioriação
plena= inconsciente3 @or esse ,otio= os estudiosos fala, no ta.u do
incesto= isto é= na transfor,ação do incesto e, falta cuPa 'raidade não
pode ser reparada de ,odo al'u,= senão pela ,orte do infrator= porue
44
seu ato pQe e, risco a ida de u, 'rupo inteiro= de u,a sociedade
inteira3 A peculiaridade do paor 'erado pelo ta.u est- e, ue a ,orte do
infrator= na ,aioria dos casos= não precisa seuer da interenção física ou
direta do 'rupo= pois o trans'ressor ,orre de culpa= ,edo= isola,ento=
loucura3 E ta.u é interdição sa'rada e diiniada= tanto ,ais respeitada
uantoos,ais
fore, distante
poderes ue no te,po estier sua ori'e, e uanto ,ais inisíel
o decretara,3
+esta perspectia= pode,os dier ue o fenV,eno ou o fato da repressão
sexual é tão anti'o uanto a ida hu,ana e, sociedade= ,as ue o
conceito de repressão sexual é .astante recente= isto é= ue a reflexão
so.re as ori'ens= as for,as e os sentidos desse fato= seu estudo explícito=
data, do século XJX3 $, outras palaras= as pr-ticas sociais de controle=
proi.ição e per,issão do sexo são antiGíssi,as= poré, o estudo de seu
sentido= de suas causas= de suas ariaçQes no te,po e no espaço é u,
estudo recente= não sendo casual ue os dicion-rios re'istre, co,o
tardio o sur'i,ento da palara sexualidade= ,o,ento e, ue o ter,o
sexo passa a ter u, sentido ,uito alar'ado= especial,ente uando os
estudiosos passara, a distin'uir e diferenciar entre necessidade (física=
.iolI'ica)= praer (físico= psíuico) e desePo (i,a'inação= si,.oliação)3
$sse alar'a,ento fe co, ue o sexo deixasse de ser Oencarado apenas
co,o função natural de reprodução da espécie= co,o fonte de praer ou
despraer (co,o realiação ou pecado)= para ser encarado co,o u,
fenV,eno ,ais 'lo.al ue enole nossa exist"ncia co,o u, todo= dando
sentidos inesperados e i'norados a 'estos= palaras= afetos= sonhos=
hu,or= erros= esueci,entos= tristeas= atiidades sociais (co,o o
tra.alho= a reli'ião= a arte= a política) ue= N pri,eira ista= nada t", de
sexual3
Wue, consultar u, dicion-rio= notar- ue o su.stantio repressão é
referido ao er.o repri,ir e ue este possui seis sentidos principais: 4)
suster ou conter u, ,oi,ento ou u,a ação= reter= coi.ir= refrear=
,oderarY 0) não
opri,ir= exar= ,anifestar=
tiraniarY dissi,ular=
8) i,pedir ocultar= edisfarçarY
pela a,eaça 1) iolentar=
pelo casti'o= proi.irY )
casti'ar= punirY >) conter#se= do,inar#se= ,oderar#se= refrear#se3
40
@or seu turno= repressão é definida co,o ato de repri,ir (naueles seis
sentidos) ou co,o efeito desse ato3 @oré,= aos sentidos do er.o e,
acrescentar#se ,ais u, para o su.stantio3 Re'istra o dicion-rio: e,
psicolo'ia: ,ecanis,o de defesa ,ediante o ual os senti,entos= as
le,.ranças dolorosas ou os i,pulsos desacordes co, o ,eio social são
,antidos fora do ca,po da consci"ncia3 $ste /lti,o sentido ta,.é,
aparece nos dicion-rios de psican-lise= onde se l" ue repressão é a
operação psíuica tendente a faer desaparecer da consci"ncia u,
conte/do desa'rad-el ou inoportuno= conte/do ue pode ser u,a idéia
ou u, afeto3
E si,ples exa,e dos dicion-rios su'ere al'o curioso so.re a repressão e o
repri,ir3 +ota#se= e, pri,eiro lu'ar= ue repri,ir N se'urar ou
interro,per u, ,oi,ento ou u,a ação e ue isto é feito sePa pela
punição e pelo casti'o= sePa pela proi.ição e pela a,eaça= sePa pelo
senti,ento do desa'rado ue lea a dar su,iço e, al'u,a idéia= afeto ou
ação= ocultando#os3 B-= portanto= procedi,entos isíeis e inisíeis de
repressão3 +ota#se= e, se'undo lu'ar= u,a oscilação entre atitudes
psíuicas de ,oderação e autocontrole e atitudes de dissi,ulação e
disfarce ue pode, ser olunt-rios ou conscientes (co,o atesta o uso do
prono,e reflexio OseO para o er.o) tanto uanto inolunt-rias ou
inconscientes (e,.ora a psican-lise= co,o ere,os depois= prefira usar o
ter,oterceiro
e, recaluelu'ar=
ou recalca,ento
a refer"nciapara
a aprocedi,entos
repressão inconsciente)3 +ota#se=
sociais (Purídicos=
políticos)= u,a e ue se fala e, proi.ição= casti'o= punição= iol"ncia=
opressão= tirania= a,eaça3 Co,preende#se= então= porue repressão é
definida tanto co,o o ato de repri,ir (u, a'ir repressio) uanto o efeito
desse ato (al'o ou al'ué, repri,ido)3 $nfi,= nota#se ue su.Pa aos dois
ter,os a idéia de frear al'o ou al'ué, ue iria= por si ,es,o= nu,a
direção não aceita ou não desePada3
B- u,a duplicidade nesses ter,os: indica, u, procedi,ento psíuico ou
interior a u, suPeito indiidual e u, conPunto de procedi,entos sociais=
institucionais= exteriores ao indiíduo3 $ssa duplicidade reaparece uando
se define a repressão co,o operação psíuica ue desloca para fora do
ca,po da consci"ncia não sI o ue é desa'rad-el ou doloroso para u,
indiíduo deter,inado= ,as ta,.é, o ue é sentido co,o desa'rad-el
ou doloroso porue est- e, desacordo
41
co, o ,eio social3 Jsto indica ue h- operaçQes psíuicas encarre'adas de
interioriar a repressão enuanto fenV,eno social3
*ale a pena o.serar= desde P-= ue punir= casti'ar= proi.ir e a,eaçar
pressupQe, a exist"ncia de re'ras ou nor,as ue= se não fore,
o.edecidas e se fore, trans'redidas= lea, ao ato de repressão3 +o
entanto= o sentido de repri,ir ,uda .astante uando passa a si'nificar
opressão= iol"ncia e tirania3 +este caso= o.sera#se ue repri,ir é
exercer ação pela força= su.,etendo o repri,ido3 Epri,ir é es,a'arY
iolentar é contrariar a naturea de al'u,a coisa ou de al'ué,Y tiraniar é
,anter al'ué,
de outre, pela so.
forçao e
poder de u,a ontade
do,inando#o3 alheiaaparece=
A repressão N sua apoderando#se
assi,= co,o
ato de do,ínio e de do,inação e o repri,ido co,o su.,issão N ontade
e N força alheia co,o ue u,a alienação3
Es dicion-rios ta,.é, per,ite, supor a exist"ncia de u,a cu,plicidade
olunt-ria ou inolunt-ria= consciente ou inconsciente= entre nosso
psiuis,o indiidual e procedi,entos repressios institucionais ue
condue, N auto#repressão3 $, outras palaras= a repressão não é
apenas u,a i,posição exterior ue despenca so.re nIs= ,as ta,.é, u,
fenV,eno sutil de interioriação das proi.içQes e interdiçQes externas (e=
conseGente,ente= ta,.é, das per,issQes) ue se conerte, e,
proi.içQes e interdiçQes (e per,issQes) internas= iidas por nIs so. a
for,a do desa'rado= da inconeni"ncia= da er'onha (pois repri,ir= co,o
i,os= ta,.é, si'nifica: exar= ener'onhar)= do sofri,ento e da dor (e
dos senti,entos contr-rios a estes= no caso da o.edi"ncia ao per,itido)3
+ossos senti,entos poderão ser disfarçados= ocultados ou dissi,ulados
desde ue perce.idos ou sentidos co,o inco,patíeis co, as nor,as= os
alores e as re'ras de nossa sociedade3 Costu,a#se dier ue a repressão
perfeita é auela ue P- não é sentida co,o tal= isto é= auela ue se
realia co,o auto#repressão 'raças N interioriação dos cIdi'os de
per,issão= proi.ição e punição de nossa sociedade3
Se retornar,os aos dicion-rios= .uscando a'ora o adPetio sexual=
notare,os coisas interessantes3 E &icion-rio Aurélio re'istra: 4)
pertencente ou relatio ao sexoY 0) referente N cIpula= ato sexualY 1) ue
possui sexoY 8) ue caracteria sexo= partes sexuais3 E dicion-rio franc"s
@etit Ro.ert re'istra:
48
4) %iolo'ia: relatio a sexo= Ns confor,açQes e funçQes de reprodução
particulares ao ,acho e N f",ea= ao ho,e, e N ,ulherY 0) ue concerne
ao acasala,ento= os co,porta,entos ue deter,ina e ue dele deria,Y
instinto sexualY atos= pr-ticas sexuais3 RelaçQes sexuais= praer sexual3
São seus sinVni,os: coito= 'enital= fel-cio= carnal= erItico= físico= enéreo=
or'as,o3 1) @sican-lise: ue concerne Ns pulsQes sexuais (sexualidade)=
Ns re'iQes do corpo cuPa esti,ulação prooca praer erItico=
co,preendendo#se aí praeres anteiores N pu.erdade (est-'ios oral= anal=
'enital)3 Assi,= o ter,o sexual aparece no dicion-rio li'ado Ns pr-ticas
sexuais cha,adas 'enitais (os Ir'ãos fe,ininos e ,asculinos da
reprodução)= enuanto na psican-lise o sentido se alar'a= referindo#se a
ualuer re'ião do corpo susceptíel de praer sexual (onas erI'enas) e
aos praeres sexuais infantis (co,er= excretar= fantasiar co, partes do
corpo ou co, o.Petos ariados u,a relação 'enital i,a'in-ria)3
@ara o su.stantio sexualidade= o &icion-rio Aurélio re'istra: 4) ualidade
do sexualY 0) conPunto dos fenV,enos da ida sexualY 1) sexo3 @or sua e=
o @etit Ro.ert re'istra: car-ter do ue é sexuadoY conPunto dos caracteres
prIprios a cada sexo3 +a .iolo'ia= o ter,o sI aparece e, 4717 e= na
psican-lise= o dicion-rio oferece a data de 4608= o ue é u, euíoco se
nos le,.rar,os de ue Freud escree e, 46? as Tr"s Confer"ncias
so.re a Teoria da Sexualidade3 &e ualuer ,odo= o ter,o não existe
antes do século XJX3 @ara a psican-lise= o @etit Ro.ert re'istra o se'uinte
sentido: conPunto de co,porta,entos relatios ao instinto sexual e N sua
satisfação= uer
est- e, falar estePa,
nu, ou não
Oinstinto li'ados
sexualO= N 'enitalidade3
pois E euíoco=
u,a das desco.ertas a'ora=
principais
de Freud foi a separação entre sexualidade e instinto3
Assi,= o &icion-rio de @sican-lise= de Laplanche e @ontalis= considera ue
a sexualidade não se confunde co, u, instinto sexual porue u, instinto
é u, co,porta,ento fixo e pré#for,ado= característico de u,a espécie=
enuanto a sexualidadde se caracteria por 'rande plasticidade= inenção
e relação co, a histIria pessoal de cada u, de nIs3 +esse dicion-rio=
sexualidade não desi'na apenas as atiidades e o praer ue depende,
do funciona,ento do aparelho 'enital= ,as toda u,a série de excitaçQes
e atiidades= presentes desde
4
a infMncia= ue proporciona, praer irredutíel a al'u,a necessidade
fisiolI'ica funda,ental (respiração= fo,e= excreção) e ue se encontra,
presentes co,o co,ponentes da cha,ada for,a nor,al do a,or sexual3
A sexualidade não se confunde co, u, instinto= ne, co, u, o.Peto
(parceiro)= ne, co, u, o.Petio (união dos Ir'ãos 'enitais no coito)3 $la
é poli,orfa= polialente= ultrapassa a necessidade fisiolI'ica e te, a er
co, a si,.oliação do desePo3 +ão se redu aos Ir'ãos 'enitais (ainda
ue estes possa, ser priile'iados na sexualidade adulta) porue
ualuer re'ião do corpo é susceptíel de praer sexual= desde ue tenha
sido inestida de erotis,o na ida de al'ué,= e porue a satisfação
sexual pode ser alcançada se, a união 'enital3
Se deixar,os de lado= por u, ,o,ento= os er.etes definidos do ponto
de ista da psican-lise para ficar,os apenas co, seus re'istros nos
dicion-rios
e ern-culos=
sexualidade notare,os
não apresenta, ue= nosentido=
ualuer uso corrente= os di,ensão
ualuer ter,os sexual
do
sexo ue não sePa de cunho pura,ente .iolI'ico= fisiolI'ico= anatV,ico3
@ertence ao ca,po da +aturea e torna#se difícil co,preender co,o pode
aparecer a expressão: repressão sexual3 +outras palaras= os dois
er.etes indica, características e pr-ticas naturais de ,achos e f",eas=
enuanto os er.etes repri,ir e repressão indica, atitudes= pr-ticas=
operaçQes psíuicas= sociais= culturais3
Repri,ir= co,o i,os= si'nifica exar= ener'onhar3 Era= Chico %uarue e
ilton +asci,ento não fala, Odo ue não te, er'onha ne, nunca ter-O
as= não é curioso ue OissoO de ue fala, e ue canta,= nunca é
no,eado +ão te, no,e= não te, er'onha= Oo ue ser- ue ser-O3
essa aus"ncia ,es,a de no,e ue pode nos oferecer u,a pista para nos
aproxi,ar,os do fenV,eno da repressão sexual3
*inda do dicion-rio e su'erida pela canção= a expressão repressão sexual
nos coloca diante de u, fenV,eno peculiar= ual sePa= o da exist"ncia de
proi.içQes= puniçQes= per,issQes e reco,pensas concernentes a al'o ue
seria pura,ente natural3 @ara ue os poetas pudesse, cantar: Oe ,es,o
o @adre $terno= ue nunca foi l-= olhando auele infernoO é preciso
ad,itir,os ue a repressão sexual nos coloca diante da ue.ra da
si,ples naturalidade .iolI'ico#ani,al do sexo e de sua passa'e, N
exist"ncia co,o fenV,eno cultural ou histIrico3
4>
Torna#se auilo de ue se dee ter er'onha3 Auele OinfernoO ue é
preciso coi.ir= refrear= ,oderar= dissi,ular= ocultar e disfarçar3 Co,o
escreeu
i,possíelo se,
escritor %ataille= o esexo=
as interdiçQes nos hu,anos= é erotis,o e este é
as trans'ressQes3
$ntre al'uns cuidados teIricos preli,inares ao tratar do te,a da
repressão sexual est- o de le,.rar e, ue contexto sua discussão
co,eçou= no século passado= e, al'uns países europeus3
E sexo= ue até então era da responsa.ilidade de teIlo'os= confessores=
,oralistas= Puristas e artistas= foi deixando de pertencer exclusia,ente
ao ca,po reli'ioso= ,oral= Purídico e artístico e de concernir apenas Ns
exi'"ncias da ida a,orosa (conPu'al e extra#conPu'al) para co,eçar a
ser tratado co,o pro.le,a clínico e de sa/de3 Eu sePa= passou a ser
estudado e inesti'ado nu, contexto ,édico#científico preocupado e,
classificar todos os casos de patolo'ia física e psíuica= e, estudar as
doenças enéreas= os desios e as ano,alias= tanto co, finalidade
hi'i"nica ou profil-tica uanto co, a finalidade de nor,aliação de
condutas tidas co,o desiantes ou anor,ais3 E interesse ,aior olta#se
para o estudo das Oa.erraçQes sexuaisO= de u, lado= e para o incentio
peda'I'ico e terap"utico das for,as Onor,aisO= de outro lado3
ichel Foucault o.sera ue e, uase todas as culturas existe u,a arte
erItica (ars erItica)= isto é= for,as de iniciação ao praer e N satisfação
sexual (co,o= por exe,plo= o ha,a Sutra ou a arte a,orosa Paponesa)3
$, contrapartida= nossa cultura cristã= européia= ocidental deu
ori'e, a al'o insIlito: u,a ci"ncia sexual (scientia sexualis)= curiosidade
e ontade de tudo sa.er so.re o sexo para ,elhor control-#lo3 Foucault
considera ue a passa'e, do contexto reli'ioso para o científico não
alterou profunda,ente a atitude ocidental face ao sexo= pois tanto nu,
caso detalhes=
co, co,o no outro= o sexo é
co, ,in/cia= auilo de ue se dee
classificatoria,ente3 Se= falar e falar ,uito=
no contexto ,oral=
fala#se para ue sePa esta.elecida a fronteira entre o lícito e o ilícito= e no
contexto reli'ioso para a de,arcação dos li,ites entre o peca,inoso e o
não peca,inoso= no contexto científico= onde parece, desaparecer os
Puíos de alor e as condenaçQes= fala#se para ue o sexo possa ser
ad,inistrado3
42
Foto da Capa de u, liro:
Oswaldo Brandão da Silva
Jniciação Sexual $ducacional (Leitura reserada)
Co, pref-cio do @rof3 &r3 Ba,ilton +o'ueira
$&JTERA A%C
Fi, da descrição da foto3
+ota ue encontra#se a.aixo da foto:
Antes ,es,o ue se leia este liro= sua capa é u,a expressão fascinante
da repressão sexual: o sexo é apresentado nu,a perspectia peda'I'ica
(educacional) e a leitura do liro é OreseradaO (secreta e so,ente para
al'uns no caso= so,ente os rapaes sérios e respons-eis ue
pretende, constituir u,a fa,ília nu,erosa e saud-el)3
Fi, da nota3
47
@ertence ao ca,po da sa/de p/.lica3 +essa perspectia= tere,os de
ad,itir ue a ,udança não si'nificou u, aanço da li.eração sexual ou
u,a di,inuição da repressão= ,as a passa'e, a outras for,as
repressias
D, exe,ploue sere,
dessa ao propIsito
atitude da Onor,aliaçãoO3
aparece nu, liro de 4617= editado no Rio de
;aneiro= escrito por EsKaldo %randão da Sila3 ;- na capa do liro o.sera#
se al'o interessante3 L"#se: Jniciação Sexual $ducacional (Leitura
Reserada)3 E autor procura= lo'o de início= esclarecer ue não se trata de
u, liro porno'r-fico ou o.sceno (de sacana'e,= diría,os hoPe)= ,as
o.ra educatia3 @ressupQe (e explicitar- tal idéia no correr de todo o liro)
a distinção entre u, sexo Orui,O e u, sexo O.o,O= o ue= e, si ,es,o=
P- é u, exe,plo de repressão interioriada3 ais interessante= poré,= é o
par"ntese: Leitura Reserada3 ue o liro se destina exclusia,ente a
,eninos= aos OPoens ue possua, ontade o .astante para uerere,
aprend"#lo= pois se trata aui de u, ,étodo autoeducacional ('rifos são
,eus3 C)3
A resera do ,étodo é dupla: por u, lado= di o autor ue as ,eninas não
dee, l"#lo porue dee, ser ,antidas na inoc"ncia para ue sePa,
iniciadas ao sexo apenas por seus ,aridos ue= antes do casa,ento=
dee, ser castos e respeitar a ir'indade da futura esposa3 As ,eninas
estão excluídas porue não necessita, das infor,açQes= isto ue não
terão ida sexual antes do casa,ento3 Es ,eninos precisa, desta
iniciação porue= alé, de encarre'ados da iniciação das esposas= corre,
o risco ininterrupto das atraçQes do sexo co, a,i'os e prostitutas
(perce.e#se= portanto= ue ao excluir as ,eninas= o autor pensa apenas
nas ,eninas de O.oa fa,íliaO)3 @or outro lado= o liro é reserado a u,
tipo especial de ,enino: OA instrução sexual= ,es,o inicial,ente= exi'e
,uito alor do Poe,: inteli'"ncia franueada N raão= ontade inflexíel
nos princípios ao
indispens-el= adotados=
car-ter oausteridade ao corpo para ae ,ortificação
senso da responsa.ilidade ainda o da
discrição= pois u, Poe,= lo'o ue co,preender a seriedade do assunto=
não dee deixar de lançar so.re seus l-.ios a i,posição de calar as
uestQes
46
sexuais co, os co,panheiros= 'eral,ente leianosO3 E liro se dedica= e,
sua ,aior parte= a ,ostrar os peri'os físicos e psíuicos de u, sexo
OdescontroladoO e a incentiar a castidade porue a sa/de do pai é
indispens-el para a da prole3 +essa ,edida= o autor co,.ina preceitos
,orais e reli'iosos co, os conheci,entos científicos= Oa ci"ncia ,édica
,oderna= ue estudou ,inuciosa,ente a função sexual= a hi'iene e a
profilaxia co, suas estatísticas ri'orosas .aseadas na o.seração ,édico
hospitalar= ue se i,pQe, co,o preceitos i,prescindíeis= e a psicolo'ia
racionalO3 Sexo respons-el= li,po= estatistica,ente controlado e racional3
So. -rios aspectos= a a,.i'Gidade dos estudos da sexualidade decorre
do fato de= e, lu'ar de desendar e tentar di,inuir o peso da repressão
i,posta no correr dos séculos (no ocidente cristão)= aca.a por reforç-#la
(co,o é o caso do liro citado= ue fa ta,anhas exi'"ncias ao ,enino
ue este proael,ente ter- dificuldades sexuais) ou desloc-#la (por
exe,plo= ao deixar ao ,édico o ue antes ca.ia ao teIlo'o)3 B- u,a
espécie de círculo icioso: u,a sociedade repressora e u,a ,oral
conseradora acarreta, se'redo e clandestinidade de in/,eras pr-ticas
sexuais ue= por seu turno= prooca, tanto dist/r.ios físicos (a sífilis= por
exe,plo) uanto psíuicos (a culpa= por exe,plo) ue a perspectia
,édico#profil-tica pretende
poré, se, uestionar eitar cIdi'os
os prIprios introduindo conheci,entos
repressios e nor,as=
e= co, isto= criando
noas dificuldades3
E risco do reforço N repressão sexual ou do conseradoris,o aparece até
,es,o nu, estudioso e terapeuta co,o Freud= ue reolucionou tudo
uanto se sa.ia e se diia so.re a sexualidade3 +ão so,ente desco.riu e
de,onstrou= para escMndalo 'eral= a exist"ncia da sexualidade infantil=
,as ainda inerteu a principal concepção existente so.re o sexo ao
afir,ar ue a li.ido (ener'ia ou pulsão sexual presente e, todas as
épocas de nossa ida= desde a infMncia= e e, nossos senti,entos ,ais
profundos= deter,inando ,es,o a linha de nosso destino pessoal) não é a
causa de doenças e dist/r.ios físicos e psíuicos= ,as= pelo contr-rio= a
causa deles se encontra na repressão da li.ido3 $, suas pri,eiras o.ras=
pretendia ue a psican-lise auxiliasse a desco.rir as for,as dessa
repressão= seus efeitos e os ,eios de eli,inar tanto as pri,eiras uanto
os se'undos3 +o entanto= e, suas /lti,as
0?
o.ras= Freud concluía ,elancolica,ente ue a ciiliação depende da
repressão sexual (dado o car-ter a'ressio e destrutio das pulsQes
sexuais conflitantes) e ue e,.ora fosse necess-rio di,inuir a i'norMncia
e os preconceitos sexuais= não seria possíel= para o .e, da hu,anidade
e para a orde, social= eli,inar toda a repressão3
Al'uns críticos da psican-lise considera, ue tal conclusão proé, dos
prIprios princípios psicanalíticos ue conertera, a psican-lise nu,
psicanalis,o= isto é= nu,a terapia secreta= confinada= prote'ida= ue
deixa
de inteira,ente
sexo= co,o se de lado os ficar
pudesse pro.le,as
i,unedoN faer sexo para
realidade socialapenas falar
e política
repressia3 E ,ero falar de sexo= se'undo tais críticos= deixaria intacta a
pro.le,-tica do faer sexo= procuraria adaptar as pessoas Ns i,posiçQes
da sociedade uanto N ida sexual ao lhes dar a ilusão de estare,
resolendo suas dificuldades porue conersa, co, u, terapeuta do
ual a psican-lise exi'e= para ue sePa u, .o, terapeuta= ue sePa
inteira,ente assexuado= depIsito das fantasias sexuais dos pacientes3 A
psican-lise teria se tornado ,ais u,a fonte de repressão sexual por dois
,otios principais: por u, lado= porue a.andonou os afetos e
senti,entos sexuais para ficar apenas co, suas representaçQes (isto é=
passou do ue senti,os e fae,os para o ue pensa,os so.re o ue
senti,os e fae,os= caindo no intelectualis,o) e= por outro lado= porue
i,a'inou#se capa de li.erar as pessoas porue lhes per,ite expri,ir o
Osexo e, fantasiaO (não haendo li,ites ne, interdiçQes para o
fantasiar)= a fi, de ue não se expri,a Oe, realidadeO (conserando
ta.us e interdiçQes existentes)3
@ara os críticos= tudo uanto haia de su.ersio na psican-lise foi
a.sorido e consu,ido pelas ideolo'ias sexuais existentes e= e,
particular= o psicanalis,o teria reforçado u,a das instituiçQes ,ais
pro.le,-ticas para a sexualidade: a fa,ília3
+o entanto= o si,ples passar do Ofalar de sexoO para o Ofaer sexoO não
si'nifica necessaria,ente di,inuição ou co,preensão crítica da repressão
sexual3 Ainda ,ais prIxi,a da ,edicaliação do sexo estaria a ,oderna
sexolo'ia ta,.é, conhecida co,o terapia do or'as,o e clínica do
or'as,o3
04
@ara a sexolo'ia= a sexualidade se redu ao ato do or'as,o3 $ste é
considerado do ponto de ista da Ode,ocracia sexualO e= portanto= co,o
direito de todos3 @oré,= co,o ser feli e sexual,ente realiado é
conse'uir ,uitos e .ons or'as,os= o or'as,o passa= de u, direito= a u,
deer= o deer de or'as,o3 deer de todos= isto tratar#se de
Ode,ocracia sexualO3
E sexo é encarado pelo pris,a da psicolo'ia co,porta,ental
(.ehaioris,o) ue tra.alha co, a idéia de ue so,os u, conPunto de
co,porta,entos aduiridos por condiciona,ento externo e interno= as
dificuldades sexuais (isto é= não conse'uir or'as,o) sendo decorrentes de
condiciona,entos defeituosos ou inadeuados ue produe, OdisfunçQes
sexuaisO)3 E sexIlo'o seria= então= o especialista encarre'ado de
descondicionar e recondicionar as pessoas para 'arantir#lhes or'as,os
.ons e contínuos3
As disfunçQes serão tratadas por psicIlo'os= ,édicos= 'inecolo'istasY as
doenças enéreas deixa, de ser u, esti',a e o.Peto de condenação=
ficando a car'o de u, .o, der,atolo'ista e urolo'istaY para as
Oa.erraçQesO= .astaria u, .o, psicocirur'ião assessorado por u, .o,
endocrinolo'ista e= a se'uir= por u, .o, psicocondicionador3 A
,astur.ação é peda'o'ica,ente reco,endada= pois a sexolo'ia
considera ue sI é possíel a,ar outra pessoa uando se a,a a si ,es,o
(noa ersão do Se'undo anda,ento e ue os críticos Pul'a, prIpria da
ciiliação do selfserice)3 E trata,ento or'as,olI'ico procura ensinar
truues ede
cha,a, ,ala.aris,os= esti,ulando
Oonas estraté'icasO (ue asu.stituíra,
desco.erta as
do Oonas
ue os erI'enasO
sexIlo'os
da si,.oliação sexual= i,a'inada pelos psicanalistas)3
D, sexIlo'o fa,oso escreeu ue a finalidade da sexolo'ia é lirar os
seres hu,anos da Opeste e,ocionalO= 'raças a ,eios técnico#científicos
de ad,inistração de u,a sexualidade sadia e feli3 D, outro propVs a
for,ação de pools de ,ulheres e de ho,ens especialiados e, Oseriços
sexuaisO para o atendi,ento de pessoas co, dificuldades (u,a espécie
de flatserice para o sexo e de holdin' sexual)3 Es críticos considera, o
sexIlo'o u,a ,escla de peda'o'o e de pro'ra,ador de co,putador=
,édico e hi'ienista e u,a noa fi'ura da repressão sexual3
00
$ssas o.seraçQes preli,inares fora, feitas apenas co, dois o.Petios3
$, pri,eiro lu'ar= ,arcar a época e, ue se co,eça a ela.orar o
conceito de repressão sexual e o contexto da criação de u, sa.er so.re a
sexualidade ue procurou desaloPar conheci,entos e pr-ticas anteriores3
$, se'undo lu'ar= su'erir ue o noo sa.er so.re o sexo= sa.er científico
e o.Petio= não é necess-ria e auto,atica,ente portador do fi, da
repressão sexual= podendo ser apenas u,a noa ariante dela3
D, outro cuidado teIrico preli,inar= ue seria .o, ter,os ao tratar deste
assunto= é le,.rar ue a repressão sexual se diferencia .astante no
te,po e no espaço= estando articulada Ns for,as co,plexas de
si,.oliação ue diferentes culturas ela.ora, nas suas relaçQes co, a
+aturea= o espaço= o te,po= as diferenças sexuais= nas relaçQes
interpessoais= co, a ida e a ,orte= o sa'rado e o profano= o isíel e o
inisíel3 +enhu,a
,as P- o ie cultura lida
e co,preende co, o sexo co,o
si,.olica,ente= u, fato
dando#lhe natural alores=
sentidos= .ruto=
criando nor,as= interditos e per,issQes3
D, exe,plo3 $, decorr"ncia da forte repressão ue nossa sociedade
exerce so.re o ho,ossexualis,o= ,uitos tende, a considerar ue o fato
de o ho,ossexualis,o ser ad,itido na !récia e e, Ro,a proaria=
nessas sociedades= a aus"ncia de repressão neste aspecto particular3 +ão
é exata,ente o caso3
+a !récia e e, Ro,a= a ho,ofilia (o ter,o ho,ossexualis,o é recente)
,asculina era tolerada e= e, certos casos= esti,ulada= haendo ,uitos
ue Pul'aa, o a,or erdadeiro ser possíel apenas entre pessoas do
,es,o sexo= o casa,ento i,plicando outros senti,entos (respeito=
a,iade= deer= responsa.ilidade social) ue não o a,or3 uitos autores
escreera, louores ao fato de sI apreciare, outros ho,ensY ,uitos= ao
fato de apreciare, ho,ens e ,ulheresY ,uitos= ao de apreciare, apenas
,ulheres3 +o entanto= não se ad,itia ualuer for,a de relação de
ho,ofilia (ho,o Z o ,es,oY filia a,iade)3
01
E alor funda,ental= nessas sociedades= era atri.uído N fi'ura do ho,e,
lire= identificada co, a fi'ura ,asculina atia (política e social,ente)3
$sse alor= sexual,ente interpretado= leaa ao priilé'io da fi'ura
,asculina sexual,ente OatiaO3 A ,ulher= considerada natural,ente
OpassiaO= o Poe, lire= do sexo ,asculino= considerado OpassioO pela
pouca idade= e o escrao= considerado OpassioO por sua condição de
do,inado e por o.ri'ação= faia, co, ue as relaçQes ho,ofílicas sI
fosse, ad,itidas
escrao= Poe, ou entre
adulto3u,E ho,e, lire idade=
Poe,= pela adultopodia
e u, ser
Poe,
lirelire ou u,
e OpassioO
se, desonraY o escrao= por sua condição desonrosa= sI podia ser
OpassioO= ,as u, ho,e, lire adulto ue se prestasse a u,a relação
ho,ofílica no papel OpassioO era considerado i,oral e indi'no3 Assi,= era
repudiada a ho,ofilia entre os ho,ens adultos lires= relação considerada
i,oral= ile'íti,a e infa,e= desi'nada co,o Ocontra a natureaO3 +ão
porue houesse i,possi.ilidade .iolI'ica= anatV,ica= ani,al para essa
relação e si, porue contrariaa a naturea do ho,e, lire adulto= isto é=
do cidadão3
E pederasta e o ho,ofílico não era, ,onstros= ne, doentes ne,
cri,inosos (co,o iria, a ser tratados depois)= ,as ne, por isso
deixaa, de existir cIdi'os= nor,as= re'ras e alores re'ulando a
ho,ofilia e= portanto= for,as de repressão (para não ,encionar,os ainda
a situação fe,inina e a dos escraos)3
Ta,.é, é possíel o.serar ue o ho,ossexualis,o= ue iria a ser
inteira,ente condenado co,o OcontranatureaO na sociedade européia
cristã= rece.eu representaçQes ,uito diferentes no correr do te,po3
&urante -rios séculos= foi representado na pintura e na escultura atraés
da i,a'e, do ueru.i,= anPo#criança#Puenil= se,i#assexuado= se,i#
afe,inadoY ,ais tarde= passou#se para a i,a'e, co, traços e contornos
fe,ininos= for,as suaes= arredondadas= u, delicado ca,afeu co,
sorriso trocista dançando nos l-.ios3 BoPe= sua i,a'e, é iril: o
halterofilista ,usculoso= o esportista Poe, e .roneado= ou o ,otoueiro
de roupas de couro ne'ro= .rinco nu,a orelha= l-.ios carnudos= ca.elos
sedosos3 +estaserindo
fino do corpo= /lti,a i,a'e, (a ,ais
de ,odelo recente)=para
funda,ental a "nfase recai
ho,ens no talhe
e ,ulheres=
a partir do ,o,ento e, ue a ,oda unissex priile'ia
08
o tipo ho,ossexual ,asculino co,o i,a'e, sexual ideal para todos3 $,
cada época= portanto= alores= sí,.olos= fantasias= relaçQes co, outras
di,ensQes da ida social deter,ina, a i,a'e, e o sentido de u,a fi'ura
ue apenas pela desi'nação ho,ossexual poderia ser considerada a
,es,a3 &iferentes serão as for,as da repressão e diferentes as respostas
a ela3
@ara essas uestQes= são de 'rande alia os tra.alhos dos antropIlo'os
ue nos aPuda, a des,anchar as ilusQes de ue as for,as e sentidos da
sexualidade e da repressão sexual seria, uniersais= id"nticas para todas
as sociedades3
Assi,= por exe,plo= estudos feitos pela antropIlo'a ar'areth ead a
respeito de tr"s sociedades diferentes ,ostra, ue= nu,a delas= ho,ens
e ,ulheres são educados para sere, carinhosos= pacíficos=
co,preensios= ,uito er.aliadores= possuindo sexo e te,pera,ento do
tipo ue nossa sociedade Pul'a OprIprios do sexo fe,ininoOY na outra=
ho,ens e ,ulheres são educados para sere, a'ressios= .elicosos=
iolentos= pouco falantes= possuindo sexo e te,pera,ento do tipo ue
nossa sociedade Pul'a OprIprio do sexo ,asculinoOY na terceira= as
,ulheres são educadas para o poder e o co,ando= enuanto os ho,ens
são educados para a do,esticidade= a laoura= o artesanato e o cuidado
das crianças= realiando padrQes exata,ente opostos aos ue nossa
sociedadea i,a'ina
auxilia, sere,osOnaturaisO
co,preender e uniersais3
alores= ,itos $studosde
e preconceitos co,o estes
nossa nos
prIpria
sociedade e o ,odo co,o atua, na repressão da sexualidade ao
esta.elecere, características ue seria, Onatural,enteO fe,ininas e
,asculinas= esti,ulando#as e repri,indo as contr-rias3
Es antropIlo'os ta,.é, nos aPuda, a eitar o risco de i,a'inar,os ue
as for,as da sexualidade e de sua repressão e, nossa sociedade
poderia, ser uniersaliadas= isto é= i,a'inadas co,o presentes e,
todas as outras3
Tendo a psican-lise nascido nos fins do século XJX= na $uropa= seus
estudos focaliara, as uestQes sexuais pelo pris,a da instituição
fa,iliar e das relaçQes fa,iliares tais co,o existia, nauele ,o,ento3
uitos psicanalistas= esuecendo essa deter,inação histIrica= passara, a
uniersaliar aspectos particulares da sexualidade européia recente3
$studando= por exe,plo=as cha,adas OperersQes sexuaisO=
0
al'uns analistas considera, ue entre os -rios fatores respons-eis por
elas est- o co,porta,ento dos pais e particular,ente o da ,ãe3 Se os
pais= e especial,ente a ,ãe= recusa, ad,itir ue seus filhos são seres
sexuados e co, desePos sexuais= a ,aioria dos uais direta,ente
oltados para os 'enitores= tal atitude poder- co,pro,eter
definitia,ente o desenoli,ento sexual dos ,ais Poens3 Se a ,ãe
anda nua diante dos filhos= se est- se,pre por perto para "#los despidos=
se não lhes per,ite o uso solit-rio do uarto ou do .anheiro= prepara os
desastres sexuais de sua prole3 Era= al'ué, poderia i,a'inar u, ,enino
ou u,a
estes ,enina Enha,.iuara
,otios ou .ororIpoderia
historiador ta,.é, tendo OperersQes
ar'u,entar sexuaisO por
diendo ue
,es,o na sociedade européia= antes ue fosse inentada a casa repartida
e, cV,odos= tal co,o a conhece,os= a idéia da priacidade (do uarto=
do .anheiro) inexistindo= as OperersQes sexuaisO não poderia, encontrar
aí suas causas3
Ali-s= no caso dos índios= a isão européia aca.ou conduindo a duas
concepçQes i,a'in-rias: a dos ,ission-rios= ue interpretaa, a nude
co,o proa de ani,alidade (o ue Pustificaa= para ,uitos= a
escraiação) e a dos filIsofos do século X*JJJ= ue i,a'inara, a
inoc"ncia do O.o, sela'e,O3
A partir da psican-lise so.retudo (,as não so,ente a partir dela)=
considera#se a sociedade ocidental= de ori'e, Pudaico#cristã= co,o u,a
sociedade falocrata phalo Z p"nisY <rathIs Z poder) e patriarcal (so. o
poder do @ai)3 E falo (isto é= o p"nis co,o o.Peto si,.Ilico)= representado
consciente e inconsciente,ente co,o ori'e, de todas as coisas (poder
criador)= co,o autoridade (a Lei co,o lei do @ai) e sa.edoria= é auilo ue
a ,ulher não possui e desePa3 arcada por u,a falta ou car"ncia
ori'in-ria= por u,a lacuna= a ,ulher seria u, ser ue sexual,ente se
caracteriaria pela inePa do p"nis= enuanto o ho,e,= rial do @ai= seria
sexual,ente ,arcado pelo ,edo da perda do p"nis= isto é= pelo ,edo da
castração3 $, nossa sociedade= portanto= a repressão sexual operaria a
partir dauela inePa e dauele ,edo3 @ouco a pouco= os estudiosos
aca.ara, 'eneraliando essa idéia para todas as sociedades patriarcais3
Era= estudos antropolI'icos reelara, sociedades nas uais= se OinePaO
houer= é dos ho,ens e, relação Ns ,ulheres:
0>
ineParia, o /tero= a capacidade 'eradora das ,ulheres3 Tanto assi, ue
os %aru9a= da +oa !uiné= considera, ue as ,ulheres criara, a flauta
para a co,unicação co, os espíritos e o arco para a ali,entação e a
'uerra3 Jsto é= criara, os o.Petos si,.Ilicos funda,entais de sua
sociedade3 @oré,= as ,ulheres não teria, sa.ido usar adeuada,ente
esses o.Petos e por isso estão proi.idas de e,pre'-#los= so,ente os
ho,ens podendo us-#los para .e, orientar a caça= a 'uerra e a reli'ião3
Ad,ite#se= portanto= a criação ori'in-ria co,o fe,inina e so,ente a
se'uir se acrescenta a iol"ncia si,.Ilica contra elas= ,antendo#as na
posição su.ordinada3 possíel= die, os antropIlo'os= ue o pano de
fundo dessa ,itolo'ia sePa a or'aniação ,atriarcal ue essa sociedade
teria tido inicial,ente (as ,ulheres se, car"ncia= se, lacuna e se,
inePa)= antes de se tornar patriarcal3
@erce.e#se= pois= ue tanto a OinePa do p"nisO= nas ,ulheres= uanto a
OinePa do /teroO= nos ho,ens= não depende, direta,ente da anato,ia=
,as do processo de si,.oliação da diferença sexual no interior de u,a
cultura deter,inada3 nesse processo ue ,elhor se oculta e ,elhor se
reela a repressão sexual3 Alé, disso= é nessa si,.oliação ue ,elhor
transparece a sexualidade co,o desePo= car"ncia= plenitude e criação3
*ida e ,orte3
Co,o ere,os adiante= as consideraçQes so.re as diferenças te,porais e
espaciais= histIricas e 'eo'r-ficas= não se refere, apenas Ns existentes
entre nossa sociedade e outras= ,as ta,.é, Ns existentes e, nossa
prIpria sociedade=
fantasias= pr-ticas= na ual se
alores transfor,a, sí,.olos=
e preconceitos referentes representaçQes=
ao corpo= ao
casa,ento= a fa,ília= N casa= N infMncia= N adolesc"ncia= N elhice= ao
a,or= ao praer= N culpa= N codificação dos interditos e das per,issQes3
Assi,= por exe,plo= é ,uito tardio o sur'i,ento do ue hoPe entende,os
por casa,ento e por fa,ília3 +ão ue e, outras sociedades e no passado
da nossa não haPa casa,ento ou fa,ília= ,as si, ue a for,a= o
conte/do= o sentido= a função ue hoPe lhes da,os= e, nossa sociedade=
não são perenes3 E ,es,o pode ser dito so.re o corpo= a infMncia= a
elhice= o fe,inino= o ,asculino3 A título de exe,plo= le,.re,os apenas
ue durante u, lon'o período (no passado
02
de nossa sociedade) o ter,o sexo referia#se exclusia,ente Ns ,ulheres
estas não tinha, u, sexo= era, o sexo (e= por isso ,es,o= fi'uras por
excel"ncia do al e da .usca desenfreada do praer= a,olecendo corpo e
espírito dos ho,ens 'uerreiros) precisando ser controladas= punidas=
i'iadas de todas as ,aneiras possíeis3 +ão é surpreendente= então=
uando olta,os os olhos para o século XJX= desco.rir,os u,a
representação da fe,inilidade na ual as ,ulheres são assexuadas=
frí'idas= feitas para a ,aternidade e não para o sexo= a tal ponto ue
houe necessidade de ,édicos e sexIlo'os para lhes ensinar sexo Co,o
se a repressão da sexualidade fe,inina tiesse sido tão .e, sucedida
ue= no ponto final= encontr-sse,os a ne'ação do ponto inicial3
D, outro cuidado ue podería,os ter ao estudar a repressão sexual seria
o de não i,a'inar,os u,a oposição entre o Opassado repressioO e o
Opresente
pelas li.eradorO3
ci"ncias sexuais3;- fie,os refer"ncia aos pro.le,as noos traidos
Alé, disso= para esta.elecer,os tal oposição tería,os de supor a
exist"ncia de deno,inadores co,uns entre passado e presente=
per,itindo a co,paração e, ter,os de O,aisO e O,enosO repressio3
Tratando#se de repressão e li.eração sexuais= nossa tend"ncia poderia ser
a de considerar,os o sexo co,o o deno,inador co,u,3 @oré,= se a
si,.oliação é essencial na constituição da sexualidade= se as
si,.oliaçQes são constituídas e constituintes das diferenças culturais= o
/nico Peito de considerar o sexo co,o deno,inador co,u, ao passado e
ao presente= seria to,-#lo apenas nos seus aspectos .iolI'icos3 Jsto= no
entanto= tornaria in/til a co,paração= P- ue tería,os deixado de lado
Pusta,ente o ue fa do passado= passado= e do presente= presente3 $,
contrapartida= tale sePa ,ais rico e interessante inda'ar,os u,a outra
coisa e, e de per'untar,os ual é ,ais repressio e ual ,ais
li.erado3 @odería,os inda'ar: so.re uais aspectos da sexualidade recai a
repressão @or u" $, ue a escolha das proi.içQes e per,issQes torna
u,a sociedade ,enos ou ,ais repressia As interdiçQes explícitas nos
discursos (reli'ioso= ,oral= Purídico= liter-rio= científico) corresponde,
efetia,ente
07
Ns pr-ticas sociais= ou estas se realia, de ,odo contr-rio e trans'ressor
@or u" E ue u,a sociedade di e o ue silencia so.re a sexualidade
Wual a ualidade dessa fala e desse sil"ncio
Al'uns historiadores= co,o ;ean#Louis Flandrin= estudara, o oca.ul-rio
sexual usado Até
expressias3 e, outras épocas
o século XJX= epor
na nossa e erificara,
exe,plo= usaa,#se,odificaçQes
palaras tais
co,o: coito= a,or carnal= lu.ricidade= lux/ria= li.ertina'e,= li'ação
a,orosa= conotando o sexo co,o peca,inoso= pererso= indecente3 as
ta,.é, deseP-el= u, a.is,o (.o, e ,au)3 $, contrapartida= a partir
dos ,eados do século XJX= os oc-.ulos pertence, ao ca,po da .iolo'ia
e da ,edicina: ninfo,ania= eroto,ania= ho,ossexualis,o= ,asouis,o=
sadis,o= sado,asouis,o3 +as o.ras liter-rias= falaa#se direta e
franca,ente coito= cIpula3 BoPe= fala#se e, a.raço= .eiPo= carícia= a,or=
praer3 Boue= assi,= u, duplo desloca,ento da a.erração
peca,inosa= passou#se para a doença e sua etiolo'iaY do ato sexual pleno
passou#se a fra',entos dele3
So. certos aspectos= die, os historiadores= a passa'e, para o ca,po da
o.Petiidade científica parece ter faorecido u,a franuea ,aior e u,a
espécie de desnuda,ento da sexualidade3 @oré,= so. outros aspectos= a
conenção científica aca.a operando co,o u, ,anto protetor para
enco.rir realidades proi.idas co,o se o discurso científico funcionasse=
por exe,plo= co,o o da anti'a ,itolo'ia 'reco#ro,ana3
+o caso dos textos liter-rios= os historiadores o.serara, al'o curioso=
alé, dauela fra',entação a ue nos referi,os: o n/,ero de oc-.ulos
para se referir N sexualidade di,inuiu sensiel,ente= co,o se houesse
u,a retração da lin'ua'e, na inenção sexual e a,orosa3
D, outro fenV,eno interessante ue nos pQe de so.reaiso uanto N
suposição de u, passado repressio e u, presente li.erado é o do
ho,ossexualis,o3 +ão nos referi,os a casos recentes= co,o por exe,plo
o do afasta,ento
Er'aniação de u,
do Tratado 'eneral ale,ão
do AtlMntico do co,ando
+orte (ETA+) de tropas nae=
por ser ho,ossexual
por isso= suPeito a chanta'ens ue poderia, prePudicar a arte da 'uerra3
+e, nos referi,os ao pMnico sexista e, torno da
06
AJ&S co,o Odoença ho,ossexualO3 Referi,o#nos ao estatuto da
ho,ossexualidade e, nossa sociedade3
*i,os ue e, sociedades co,o a 're'a e a ro,ana= a pr-tica
ho,ossexual est- su.,etida a interditos e per,issQes (não sendo
Oli.eradaO)3 @oré,= nessas sociedades= co,o e, ,uitas outras= o
ho,ossexualis,o é u,a pr-tica e u, ato sexuais entre outros=
coniendo co, outros nu, ,es,o ser hu,ano= é u,a escolha
(ocasional ou definitia) de parceiros sexuais3 u,a atiidade3 $, nossa
sociedade= o ho,ossexualis,o não é encarado dessa ,aneira3 Atraés da
,edicaliação classificatIria= tornou#se u,a espécie sexual (co,o h-
espécies e, .otMnica e e, oolo'ia) e u, tipo social3 &e atiidade=
transfor,ou#se nu, ,odo de ser ue deter,ina todas as outras
atiidades e o destino pessoal de al'ué,3 +ão é apenas OdoençaO=
OdisfunçãoO ou OperersãoO: é uase u,a coisa3
Seria i,possíel= pelas consideraçQes ue fie,os até aui= pretender,os
escreer u, liro so.re a repressão sexual3 Tentare,os apenas focaliar
al'uns aspectos desse fenV,eno cultural e, nossa sociedade=
considerando#a pelo pris,a da ori'e, Pudaico#cristã (ue retra.alhou a
sexualidade pa'ã européia) e das relaçQes sociais esta.elecidas so. a
for,a da diisão e da luta de classes= nu,a econo,ia de tipo capitalista3
Antes de .ree
faça,os entrar,os
isita pelas
a u,are'iQes
re'ião ,ais so,.rias
lu,inosa onde da
ela repressão
ta,.é, ésexual=
exercida=
,as de ,odo sedutor e= por ue não dier= fecundo: os contos de fadas3
Se nos per'untare,: por ue não As ,il e u,a noites Respondere,os:
porue ,ereceria, ,uitos liros3 $ pertence, a u, outro ,undo3
@or ue não os poe,as de Santa Terea d[\ila Eu SadeEu333
Co, si,plicidade= responde,os: porue esta,os supondo al'o ue todos
os leitores conhece, e conhece, ,uito .e,= pois conhece, co, a,or3
1?
Contos de fadas
+essa r-pida isita aos contos de fadas= considerare,os a sexualidade
pelo pris,a a,pliado a ue nos referi,os no capítulo anterior e= portanto=
co,o at,osfera difusa e profunda ue enole toda nossa ida (nossas
relaçQes co, os outros= co, nosso corpo e o alheio= co, o.Petos e
situaçQes ue nos a'rada, ou desa'rada,= nossas esperanças= nossos
,edos= sonhos= reais e i,a'in-rios= conscientes e inconscientes)3 Co,o
di,ensão si,.Ilica (indiidual e cultural) ue articula nosso corpo e nossa
psiu"= suas ,-scaras= disfarces= ast/cias e an'/stias3
Se, d/ida= seria a.surdo tentar reduir os contos de fadas N sexualidade
e N repressão sexual= pois se o fiésse,os perdería,os a riuea e
,ultiplicidade de sentidos ue possue,= tanto do ponto de ista liter-rio=
filosIfico= histIrico e sociolI'ico uanto do ponto de ista ideolI'ico= das
relaçQes de poder= etc3 Wualuer redução= por ser ilusIria e
e,po.recedora=porue
co,preende, dese,.oca e, Oesue,as
tudo explica,3 explicatiosO
@retende,os apenasue nada
focaliar
al'uns aspectos da sexualidade co,o u,a entre outras di,ensQes do
conto de fadas cuPo interesse ,aior reside Pusta,ente no fato de ue seus
autores (anVni,os ou conhecidos) não tinha, a intenção explícita de falar
de sexo3
+u,a perspectia diersa da ue adotare,os aui= %runo %ettelhei,
estudou -rios contos de fadas (nu, liro intitulado
14
@sican-lise dos Contos de Fadas) e de seu estudo cre,os aler a pena
conserar al'u,as idéias3 $, pri,eiro lu'ar= o conto de fadas é essencial
na for,ação da criança porue a aPuda= dando asas N sua i,a'inação= a
distin'uir o real e o irreal se,= contudo= reduir este /lti,o ao falso: o
irreal é erdadeiro= e,.ora de ,aneira diferente do real3 $, se'undo
lu'ar= aPuda a criança a esta.iliar afetos conflitantes= confi'urando
clara,ente o Pusto e o inPusto= o .o, e o ,au= o erdadeiro e o falso nas
relaçQes co, as pessoas= especial,ente as ,ais prIxi,as= ,ostrando#lhe
ue todos nIs te,os fantasias= ,es,o as de destruição= se, deixar,os
de ser a,ados por isso3 $, terceiro lu'ar= 'arante N criança ue é a,ada=
e ue esse a,or não desaparecer- uando= ao crescer= ela se desli'ar de
seus prIxi,os para ier sua prIpria ida noutro lu'ar e co, outras
pessoas3 @ara %ettelhei,= o conto de fadas aPuda a criança na aceitação
de u, desePo ue possui e ue a ate,oria: o de separar#se para lear
sua prIpria ida= pois tal desePo lhe aparece co,o rePeição do a,or ue os
fa,iliares lhe dera,= produindo culpa3 E conto aPuda a criança a lidar
co, esse desePo
&iscorda,os dasean-lises
a ela.orar= no i,a'in-rio=
de %ettelhei, so.-rias soluçQes $,
tr"s aspectos3 parapri,eiro
ele3
lu'ar porue a idéia deixada pelo liro dissole o aspecto repressio=
ta,.é, presente nos contos3 $, se'undo lu'ar= porue enfatia o
aspecto peda'I'ico dos contos= aspecto ue se, d/ida possue,
(so.retudo e, certas ela.oraçQes ro,Mnticas)= ,as ue restrin'e seu
aspecto l/dico pri,ordial3 $, terceiro lu'ar= porue (co,o aconteceu co,
a ,aioria dos psicanalistas) não pQe e, d/ida a ,oral sexual .ur'uesa
eiculada pelos contos= e, al'u,as de suas ersQes ou e, al'uns
re,anePa,entos3
Assi,= por exe,plo= o autor não lea e, consideração o ,oralis,o de Es
Tr"s @oruinhos= o elo'io ascético do tra.alho contra os praeres3
Ta,.é, não analisa o fato de ue nos contos= a sexualidade fe,inina
se,pre é apresentada co,o dolorosa= ,as co,pensada pela
,aternidade= o caso típico sendo o da ,ãe de %ranca de +ee ue= ao
ferir o dedo no .ordado= san'rar e ,anchar a alura da nee= i,a'ina a
felicidade de ter u,a filha .ranca e rosada= lo'o depois nascendo a
criança3 Eu co,o peri'osa para os ,eninos= o caso
10
típico sendo o de ;oão e o @ede FeiPão ue dee cortar a -rore para ue
por ela não desça o 'i'ante assassino3
@odería,os considerar ue nu,a sociedade co,o a nossa= ue
dessacraliou a realidade e eli,inou uase todos os ritos= os contos
funciona, co,o espécie de Orito de passa'e,O antecipado3 Jsto é= não sI
auxilia, a criança a lidar co, o presente= ,as ainda a prepara, para o
ue est- dos
unierso por adultos3
ir= a futura separação de seu ,undo fa,iliar e a entrada no
&o ponto de ista da repressão sexual= os contos são interessantes porue
são a,.í'uos3 @or u, lado= possue, u, aspecto l/dico e li.erador ao
deixare, ir N tona desePos= fantasias= ,anifestaçQes da sexualidade
infantil= oferecendo N criança recursos para lidar co, eles no i,a'in-rioY
por outro lado= possue, u, aspecto peda'I'ico ue reforça os padrQes
da repressão sexual i'ente= u,a e ue orienta, a criança para desePos
apresentados co,o per,itidos ou lícitos= narra, as puniçQes a ue estão
suPeitos os trans'ressores e prescree, o ,o,ento e, ue a sexualidade
'enital dee ser aceita= ual sua for,a correta ou nor,al3 Reforça,=
dessa ,aneira= in/,eros estereItipos da fe,inilidade e da ,asculinidade=
ainda ue= se to,ar,os os contos e, conPunto= os e,.aralhe, .astante3
Se a psican-lise estier certa ao diferenciar fases da sexualidade infantil=
pode,os o.serar ue a repressão atua nos contos se'uindo essas fases:
as crianças são punidas se ,uito 'ulosas (fase oral)= se perdul-rias ou
aarentas (fase anal)= se ,uito curiosas (fase f-lica ou 'enital)3 $, certo
sentido= os contos opera, co, a diisão= esta.elecida por Freud= entre o
princípio do praer (excesso de 'ula= de aarea ou desperdício= de
curiosidade) e o princípio de realidade (aprender a protelar o praer= a
discri,inar os afetos e condutas= a ,oderar os i,pulsos)3
@ara facilitar a exposição= a,os diidir os contos e, dois 'randes
OtiposO: aueles ue asse'ura, N criança o retorno N casa e ao a,or dos
fa,iliares= depois de aenturas e, ue se perdeu tanto por deso.edi"ncia
uanto por necessidade= e aueles ue lhe asse'ura, ser che'ada a hora
da
11 partida= ue isso é .o,= deseP-el e definitio3
+ota ue encontra#se a.aixo da foto:
+ossa sociedade conse'uiu transfor,ar as diferenças anatV,icas entre
ho,ens e ,ulheres e, papéis e e, tipos sociais e sexuais= criando u,a
erdadeira oolo'iasociolo'ia sexual3 Repri,e= assi,= a a,.i'Gidade
constitutia do desePo e da sexualidade faendo da diferença e
,ultiplicidade sexuais u, tor,ento= u, cri,e= u,a doença e u, casti'o3
Fi, da nota3
18
+os contos ue desi'na,os aui co,o contos de retorno= a sexualidade
aparece nas for,as indiretas ou disfarçadas da 'enitalidade= ue são
apresentadas co,o a,eaçadoras= precisando ser eitadas porue a
criança ainda não est- preparada para elas3 Jsto não si'nifica ue a
criança sePa assexuada= pelo contr-rio= ,as ue a sexualidade per,itida
ainda é oral ou anal3 $, contrapartida= nos contos ue aui desi'na,os
co,o contos de partida= a sexualidade 'enital ter- prioridade so.re as
outras= co, as uais e, ,isturada= e pode ser aceita depois ue as
persona'ens passare, por -rias proas ue ateste, sua ,aturidade3
+o Chapeuinho *er,elho (ue= na canção infantil= é dito OChapeuinho
cor de fo'oO= o fo'o sendo u, dos sí,.olos e u,a das ,et-foras ,ais
usados e, nossa cultura para referir#se ao sexo)= o lo.o é ,au= prepara#
se para co,er a ,enina in'"nua ue= ,uito noinha= o confunde co, a
oI= precisando ser sala pelo caçador ue= co, u, fuil (na canção:
Oco, tiro certoO)= ,ata o ani,al a'ressor e a recondu N casa da ,a,ãe3
B- duas
ue usa fi'uras
a .oca,asculinas anta'Vnicas:
(tanto para o sedutor
seduir co,o para ani,alesco
co,er) e oe pererso=
salador
hu,ano e .o,= ue usa o fuil (tanto para caçar uanto para salar)3 B-
tr"s fi'uras fe,ininas: a ,ãe (ausente) ue preine a filha dos peri'os da
florestaY a oI (elha e doente) ue nada pode faer= e a ,enina
(incauta) ue se surpreende co, o ta,anho dos Ir'ãos do lo.o e=
fascinada= cai e, sua 'oela3 A sexualidade do lo.o aparece não sI co,o
ani,alesca e destrutia= ,as ta,.é, OinfantiliadaO ou oral= isto ue
pretende di'erir a ,enina (o ue poderia su'erir= de nossa parte= u,a
peuena reflexão so.re a 'íria sexual .rasileira no uso do er.o co,er)3
E co,er ta,.é, aparece nu, outro conto de retorno= ;oão e aria3 A
curiosidade de ;oão= depois acrescida pela 'ula diante da casa de
confeitos= arrasta os ir,ãoinhos para a ar,adilha da .ruxa (ue é= na
si,.olo'ia e ,itolo'ia da $uropa ,edieal u,a das fi'uras ,ais
sexualiadas= possuída pelo de,Vnio (o sexo)= ou tendo feito u, pacto
co, ele)3 A ast/cia sala as crianças uando ;oão exi.e o ra.inho ,ole e
fino de u, ca,undon'o no lu'ar do dedo 'rosso e duro (o
1
p"nis adulto)= eitando a ueda do ,enino no caldeirão ferente (outro
sí,.olo europeu para o sexo fe,inino= tanto a a'ina uanto o /tero)3 B-
te,po para ue o pai surPa e os recondua N casa= depois de ,atar a
.ruxa3 (A i,a'e, do caldeirão ferente ta,.é, aparece e, E
Casa,ento de &ona %aratinha= o noio nele caindo= íti,a da 'ula= não
podendo consu,ar o casa,ento3)
+os contos de partida= a adolesc"ncia é atraessada su.,etida a
proaçQes e proas
+esses contos= até ser ultrapassada
a adolesc"ncia ru,o
é u, período deao a,or encanta,ento=
feitiço= e N ida noa3
sortilé'io ue tanto pode, ser casti'os ,erecidos uanto i,erecidos=
,as ue sere, de ref/'io ou de proteção para a passa'e, da infMncia N
idade adulta3 u, período de espera: !ata %orralheira na coinha= %ranca
de +ee se,i,orta no caixão de idro= %ela Ador,ecida e, sono
profundo= @ele#de#%urro so. o disfarce repelente3 BerIis e heroínas se
esconde,= se disfarça,= adoece,= ador,ece,= são ,eta,orfoseados
(co,o os príncipes nos Tr"s Cisnes= a princesa e, A oura Torta= o
príncipe e, A %ela e a Fera= etc)3 $, 'eral= as ,eninas ador,ece, ou
ira, ani,aiinhos fr-'eis (po,.a= corça) e os ,eninos adoece,= ira,
ani,ais repu'nantes (freGente,ente= sapos= o sapo sendo u, dos
co,panheiros si,.Ilicos principais das .ruxas) ou ira, p-ssaros (o
p-ssaro sendo considerado u, sí,.olo para o Ir'ão sexual ,asculino)3 A
expressão= ,uito usada anti'a,ente= Oesperar pelo príncipe encantadoO
ou Opela princesa encantadaO não ueria dier apenas a espera por
al'ué, ,uito .o, e .elo= ,as ta,.é, a necessidade de a'uardar os ue
estão enfeitiçados porue ainda não che'ou a hora do desencanta,ento3
!ata %orralheira ai ao .aile (pri,eiros Po'os a,orosos= co,o a dança dos
insetos)= ,as não pode ficar até o fi, (a relação sexual) so. pena de
perder os encanta,entos antes da hora3 &ee retornar N casa= deixando o
príncipe doente (de desePo)= e co, o par de sapatinhos
,o,entanea,ente desfeito= ficando co, u, deles= ue consera
escondido so. as roupas3 %orralheira e o príncipe dee, a'uardar ue os
e,iss-rios do rei#pai a encontre,= calce os sapatos= co,pletando o par3
Sapatos ueapenas
pertence, são presente de de
N heroína= u,a ,ulher
nada .oa e poderosa
adiantando (fada)
os truues das efilhas
ue da
,adrasta (cortar artelhos= calcanhar)
1>
para deles se apossare,3 As filhas da ,adrasta uere, san'rar antes da
hora e so.retudo uere, san'rar co, o ue não lhes pertence= de direito
(relação sexual ilícita= repressia,ente punida pelo conto)3
%ranca de +ee= cuPo corpo não foi iolentado pelo fiel seridor (não lhe
arrancou o coração= a ir'indade= su.stituindo#o pelo de u,a corça) ser-
íti,a da 'ula e da sedução da ,adrasta#.ruxa= per,anecendo i,Iel
nu, caixão de cristal (seus Ir'ãos sexuais) co, a ,açã atraessada na
'ar'anta= se, poder en'oli#la3 Alé, da si,.olo'ia reli'iosa e, torno da
tentação pelo fruto proi.ido (o sexo)= o er,elho traido pela .ruxa li'a#se
ta,.é, N si,.olo'ia ,edieal onde as .ruxas fa.rica, filtros de a,or
usando esper,a e san'ue ,enstrual= .ruxaria ue indica não sI a
pu.erdade de %ranca= ,as ta,.é, a necessidade de expeli#la para poder
reier3 &espertar- por u, descuido dos anQes i'ilantes a casinha na
floresta= os peuenos seres tra.alhadores ue penetra, e, t/neis
escuros no fundo da terra (ue na si,.olo'ia sexual é i,a'e, da ,ãe
fértil)= u, OestreO= u, a ter sono per,anente= outro a espirrar= outro não
podendo falar= não fora, proteção suficiente= a ,orte aparente tendo sido
necess-ria para reter %ranca3 (Seria interessante o.serar a necrofilia do
.elo príncipe= pois pretende lear a ,orta e, sua co,panhia3)
%ela Ador,ecida ser- íti,a da curiosidade ue a fa tocar nu, o.Peto
proi.ido o fuso= onde se fere (fluxo ,enstrual)= ,as se, ter culpa= isto
ue fora ,antida
San'rando antes dana i'norMncia
hora= ador,ece= dadeendo
,aldição ue so.re
a'uardar ela príncipe
ue u, pesaa3
alente= enfrentando e encendo proas= 'raças N espada ,-'ica
(ta,.é, sí,.olo do Ir'ão iril)= enha sal-#la co, u, .eiPo3 $, sua
for,a 'enital= o sexo aui aparece de duas ,aneiras: pre,aturo e ferida
,ortal= no fusoY oportuno e iificante= na espada3
&e ,odo 'eral= herIis e heroínas são Irfãos de pai (os herIis) ou de ,ãe
(as heroínas)= íti,as do ci/,e de ,adrastas= padrastos ou ir,ãos e
ir,ãs ,ais elhos3 $ssa ar,ação te, u,a finalidade3 !raças a ela=
presera,#se as i,a'ens de pais= ,ães e ir,ãos .ons (pai ,orto na
'uerra= ,ãe ,orta no parto= ir,ãos ,enores desa,parados)= enuanto a
criança pode lidar lire,ente co, as i,a'ens ,-s3
12
B- u, desdo.ra,ento de cada ,e,.ro da fa,ília e, duas persona'ens=
o ue per,ite N criança realiar na fantasia a ela.oração de u,a
experi"ncia cotidiana e real= isto é= a da diisão de u,a ,es,a pessoa
e, O.oaO e O,-O= e dos senti,entos de a,or e Idio ue ta,.é,
experi,enta3 Lutar contra padrastos= ,adrastas e seus filhos é ,ais f-cil
do ue lutar co, pai= ,ãe e ir,ãos3
FreGente,ente= os contos se estrutura, de ,odo ,ais co,plexo3 $, A
%ela Ador,ecida= por exe,plo= h- -rias fi'uras fe,ininas superpostas: a
,ãe ausenteY a fada ,- ue ,aldi a criançaY a fada .oa ue su.stitui a
,orte pelo sono e pro,ete u, saladorY a elha fiandeira= deso.ediente=
ue conserou o fuso proi.idoY a ,enina curiosa e despreenida ue=
andando por lu'ares desconhecidos e su.indo por u,a escada (sí,.olo
da relação
fada sexual)
,- pune o reise fere
ue e ador,ece=
a excluiu N espera
de u,a da espada
festa dedicada e do .eiPo3(o
N fertilidade A
nasci,ento da princesa)= a punição consistindo e, decretar a ,orte da
,enina uando esta apresentar os sinais da fertilidade (,aldição ue
si,.olia o ,edo das ,eninas diante da ,enstruação e da alteração de
seus corpos)3 A ,orte da ,enina decorre da curiosidade ue a fa
antecipar co, u, o.Peto errado (,astur.ação) a sexualidade3 A fada .oa
est- encarre'ada de contra.alançar o euíoco (e o descuido ,asculino=
ue não supri,iu todos os fusos) colocando a ,enina na tranGilidade
sonolenta da espera e entre'ando a espada ao príncipe (ue= portanto=
rece.e o o.Peto ,-'ico de u,a ,ulher= pois todos nasce, de ,ulheres)3
E .eiPo final contra.alança o ,edo ue a espada poderia proocar= pois é
instru,ento de 'uerra e ,orte (o .eiPo si,.olia= e, ,uitas culturas= não
sI a,or e a,iade= ,as ta,.é, u, pacto ou u,a aliança)3
+a ,aioria dos contos= o pai é indireta,ente respons-el pela ,aldição
ou pelas desenturas da filha3 as e, A %ela e a Fera o pai é direta,ente
respons-el ao arrancar de u, Pardi, ue não lhe pertence= u,a rosa
.ranca= despertando a Fera3 B- no rou.o da flor a si,.oliação do desePo
e do ,edo inconsciente das ,eninas de sere, raptadas ou iolentadas3 A
fi'ura ,asculina se diide: h- o pai#.o, e o ho,e,#fera= diisão ue
o.ri'a %ela a ier co, o se'undo para salar o pri,eiro3 Contudo=
desePando reer o pai doente= %ela deixa ue Fera= a.andonada= ta,.é,
adoeça (de desePo)3 A i,aturidade
17
de %ela= seu ,edo da Fera= seu desePo de per,anecer Punto ao pai sI são
superados uando=
Fera= dedica#se pela
a ela piedade
e= ao e pela
fa"#lo= sedução=
ue.ra retorna
o encanto= ao castelo
sur'indo o .eloda
príncipe co, ue, ier-3 E conto se desenole co,o processo de
a,adureci,ento da heroína e de constituição da i,a'e, ,asculina
atraés de seus desePos3 &o pai N fera= da fera ao príncipe3
$, @ele#de#%urro= o desePo incestuoso do pai é a ,ola do conto3 A
pri,eira tentatia da filha para eitar o incesto fracassa: pede estidos
feitos de +aturea (sol= ,ar e lua)= ,as a +aturea não é contr-ria ao
incesto= o rei podendo perfeita,ente conse'uir os estidos3 A princesa
dee= então= fu'ir3 as seu disfarce indica os efeitos do desePo incestuoso
do rei: co.re#se nu,a pele de .urro= ani,aliando#se3 +u, outro reino
(ue não o da +aturea)= a princesa ir- aos .ailes da corte= ,as= co,o a
!ata %orralheira= não pode ficar até o fi, para não correr o risco de ser
desco.erta3 @oré,= o príncipe apaixonado ficar- doente e o re,édio ir-
no .olo feito pela princesa3 %olo ue possui o ,es,o sentido e o ,es,o
efeito ue a espada= ,-'ica= poré, co, a ,arca do fe,inino: é no
interior do .olo ue se encontra o re,édio salador= o anel3
$,.ora os contos reforce, estereItipos de fe,inilidade e ,asculinidade
e preconceitos so.re ho,e, e ,ulher= são a,.í'uos e ricos e por isso
não são sexistas: a salação pode ser traida tanto pelo herIi uanto pela
heroína3 As fadas= ali-s= possue, u, o.Peto ,-'ico supre,o= talis,ã dos
talis,ãs: a ara de condão= sendo seres excepcionais porue re/ne,
atri.utos fe,ininos e ,asculinos= sonho e fantasia de todas as crianças (e
não sI delas= eidente,ente)3 $, Es Tr"s Cisnes= é a ,enina ue,
ue.ra o encanta,ento dos ir,ãos= tudo dependendo de sua força de
ontade de
princípio (ficar e, ea.soluto
praer= sil"ncio edurante
de sua cora'e, destreasete
paraanos)ou ,oderar
acertar as o
setas= no
,o,ento exato= nos coraçQes dos tr"s cisnes= ,atando#os para ue ia,
os ir,ãos3 $la é portadora de u, o.Peto iril o arco e flecha = sa.endo
us-#lo3 Sua destrea é í,par: dee usar= e usa= o arco tendo os olhos
endados (no capítulo ORepressQes nossas conhecidasO= uando falar,os
da fi'ura do A,or de olhos endados= a i,a'e, dessa ir,ã ficar- ainda
,ais interessante= pois a enda nos olhos é sí,.olo ,edieal para a
16
,orte3 $ste conto= portanto= realia u,a erdadeira crítica da relação
sexo#,orte= pois ,orte dos cisnes é nasci,ento de sua irilidade= por o.ra
de u,a ,ulher3 $ o incesto= aui= é I.io)3 Alé, de não sere, sexistas e
de contornare, o incesto= os contos não condena, o sexo co, ani,ais: é
o a,or e o afeto pelos ani,ais ue per,itir- desencant-#los3
Al'uns psicanalistas considera, ue as pri,eiras ,anifestaçQes da
sexualidade estão li'adas ao ue deno,ina, escolha de o.Peto e o.Peto
parcial3 A ,ãe (ou ue, fa o papel de ,ãe para a criança) seria o
pri,eiro o.Peto escolhido e seus seios seria, o pri,eiro o.Peto parcial3 @or
outro lado= co,o a ,ãe não est- per,anente,ente presente=
acarinhando e ali,entando a criança= esta desenole fantasias so.re o
o.Peto parcial: ausente ou faltando= torna#se u, ,au o.PetoY presente e
satisfatIrio= torna#se u, .o, o.Peto3 A criança desenole ta,.é,
fantasias de a'ressão e de ternura co, relação a esses o.Petos= so.retudo
a da perse'uição= no caso do ,au o.Peto3 Assi,= nos contos= frutas=
plantas= flores e ali,entos enenosos ou ardilosos seria, o.Petos parciais
,aus ou persecutIrios=
PIias ue trae, sa/de ,as contra.alançados
e ue.ra, por .olos=
feitiços= sendo filtros=
o.Petos poçQes=
parciais .ons=
co, os uais a criança e os contos realia, a reparação do o.Peto
escolhido= a,ado e odiado3
E o.Peto parcial persecutIrio ,ais perfeito= poré,= é auele ue não é
deorado pela criança= ,as ue a,eaça deor-#la3 +os contos: os
dra'Qes= os lo.os= os o'ros= as te,pestades= as florestas so,.rias= os
castelos cheios de ar,adilhas3 $ para contra.alançar ta,anha
perse'uição e reparar o o.Peto a,ado= nos contos de retorno= adultos
sala, as crianças da perse'uição e= nos contos de partida= a sexualidade
a,adurecida e encedora das fantasias persecutIrias ,ais anti'as
aparece no prIprio herIi ou na heroína cuPos o.Petos ,-'icos (oferecidos
por u, .o, adulto) lhes per,ite,= soinhos= encer a perse'uição3 +esse
,es,o contexto= co,preende#se ue a fada tenha a ara e a princesa dos
Tr"s Cisnes= o arco3 colocado e, ,ãos fe,ininas al'o ue poderia ser
fonte de te,or para as ,eninas3
São raros os casos= nos contos de retorno= e, ue a criança conse'ue
oltar N casa soinha= se, auxílio de al'u, adulto= ,es,o porue a
finalidade do conto é ,ostrar o
8?
despreparo da criança para sair pelo ,undo3 A 'rande exceção é E
@eueno @ole'ar= criança e, tudo excepcional3
Co,o seu no,e indica= @eueno @ole'ar é u,a ano,alia (e tale por isso
o entusias,o das crianças por ele)= o ta,anho co,pensado pela
inteli'"ncia fora do co,u,3 As .otas de sete lé'uas= ue co, ast/cia
conse'ue=
te,po alé, idade)=
(a pouca de sere,
sãocapacidade
ta,.é, ,eio ,-'ica para encer
de asse'urar o espaço
N criança ue e o
seus
Ir'ãos sexuais peuenos não exi'e, ren/ncia dos desePos= ,as
i,a'inação para satisfa"#los3 interessante o.serar ue= se nos Tr"s
Cisnes a ,enina e,punha o arco= aui o ,enino entra nu, enor,e e
protetor OrecipienteO: as .otas3 $ se sai ,uito .e,3
E @eueno @ole'ar é u, dos contos onde ,elhor aparece, tanto o ,edo
ue a criança te, da rePeição (ser ,orta pelos pais) uanto a necessidade
de reparação= isto é= de reco,por a .ondade dos pais depois da fantasia
de sua i,ensa ,aldade3 @or isso ,es,o as proeas ,aiores são feitas3
@ole'ar su.stitui para si prIprio e para os ir,ãoinhos o pai e a ,ãe por
pais ideais: as .otas acolhedoras e saladoras do ,enino ue não
a.andona os ir,ãos= os prote'e contra os peri'os da floresta e contra o
'i'ante= os tra de olta N casa co, fortuna= 'arantindo a so.rei"ncia
da fa,ília3 +ão h- príncipes ne, princesas= tudo depende da inteli'"ncia
e i,a'inação da criança po.re e ,in/scula3
B- nos contos contínua interenção de .ons adultos= ,as ue não
interé, de ,odo casual ou ar.itr-rio e si, de acordo co, -rias re'ras=
entre as uais se destaca a escolha dos ,ais fracos (o caçula= o Irfão= a
íti,a) e dos ue t", senso de Pustiça= alé, da cora'e,3 E uso dos
talis,ãs ta,.é, est- su.,etido a re'ras= os trans'ressores sendo
punidos (perda da pot"ncia do o.Peto ,-'ico= retorno do o.Peto contra o
usu-rio) ou protelada a che'ada N ,eta (a seG"ncia de proas
reco,eçando ou tornando#se ,ais -rdua)3 BerIis e heroínas precisa,
de,onstrar ue são di'nos do talis,ã (sePa por suas ualidades anteriores
N
Nsrecepção
re'ras dedoseu
o.Peto= sePa pelo
e,pre'o)3 $,uso ue dele
resu,o: fae,= sePa
as condutas pelare'uladas
estão o.edi"ncia
por
nor,as e alores= a finalidade do conto sendo persuadir a criança de ue
tais nor,as são .oas e erdadeiras e ue o sofri,ento
84
decorre apenas de sua deso.edi"ncia3 o co,pro,isso do conto= situado
entre o l/dico e a repressão3
+a ,aioria dos contos= o talis,ã é do, de u, adulto para u,a criança
,es,o ue esta não o sai.a3 B-= poré,= u,a for,id-el exceção: ;oão e
o @é de FeiPão3
E.tido nu,a sa.ida transação (ue os adultos não entende, e casti'a,)
o 'rãoinho de feiPão= .o, s",en= plantado e, .oa terra= cresce durante
u,a /nica noite3 !i'antesco caule= so.e= so.e= elea#se até Ns nuens=
riPo e duro= o ,enino podendo nele trepar3 Co,o era ineit-el= ;oão
penetra no castelo do 'i'ante ,alado (fi'ura ,asculina a,eaçadora)
ue possui u, se'redo precioso= u,a 'alinha ue .ota oos de ouro
(i,a'e, fe,inina da fertilidade= 'uardada e, se'redo= fonte de riuea:
os ue nasce,)3 &ela se apodera ;oão= fu'indo pelo caule= perse'uido pelo
'i'ante e= para salar#se= o ,enino corta o .elo pé de feiPão3
E conto procura lidar co, u, ele,ento repressio co,plicado3 E.tida a
'alinha chocadeira de riueas por u, furto (Pusto= pois o 'i'ante é ,au e
a fa,ília= po.re)= esse ato te, clara si'nificação incestuosa e pode ser u,
risco para a ida da fa,ília e do ,enino= pois o 'i'ante se pQe a descer
pela -rore= a ,es,a por onde o ,enino trepara3 preciso cortar o pé de
feiPão depois ue o essencial foi conse'uido= isto é= a fertilidade3 E sexo
cresce
,as lire,ente
essa li.erdadedee
é co,o u, ele,ento
encontrar da naturea=
u, li,ite u, e'etal
e ser freada= cortada3=
E
,enino ue su.iu é o 'i'ante ,au ue desce3 $ e, co, f/ria assassina3
Es contos de fadas= tais co,o os conhece,os= são resultado de ,uitas
reela.oraçQes na sociedade européia= fixados nos séculos X*JJJ e XJX=
carre'ando as concepçQes desses séculos so.re a sexualidade (e so.re
outras coisas ta,.é,)3 Era= é interessante o.serar ue= no século XJX=
ao lado desses contos= sur'e= na Jn'laterra= u, outro tipo de estIria= e,
certos aspectos se,elhante ao ,arailhoso dos contos= ,as co, u,a
diferença funda,ental: o ,undo adulto não é apresentado co, diisQes e
a,.i'Gidades= .o, e ,au= difícil e deseP-el= ,as co,o ,au e
indeseP-el3 $sta,os pensando e, @eter @an e e, Alice o ,enino ue
recusou crescer= ficando na Terra do +unca= e a ,enina cuPo autor não
desePou ue ela crescesse= faendo#a conhecer a luta ,ortal e a.surda
co, a Rainha do %aralho nu, ta.uleiro de xadre3
80
uitos co,entadores= de for,ação psicanalítica= afir,a, ue o ,edo de
@eter @an o fa preferir a i,aturidade sexual= o ho,ossexualis,o e a
,astur.ação (o pI de pirli,pi,pi, e o Vo)= e ue as OperersQesO de
LeKis Carrol (o autor de Alice) o faia sentir atração sexual pelas ,eninas=
não desePando ue ficasse, adultas3
+ão pretende,os refutar ne, concordar co, esses co,entadores3
!ostaría,os apenas de le,.rar ue essas estIrias fora, i,a'inadas nu,
período conhecido co,o o da O,oral itorianaO= uando a Jn'laterra=
passando pela se'unda reolução industrial= ,antinha o controle
capitalista
por in/,erosso.re o ,undo3
autores co,oA sociedade
u,a das desse período,ais
sociedades é narrada e descrita
repressias da
sexualidade3 Assi, sendo= podía,os considerar a recusa do ,undo adulto
por @eter @an e por Alice= e, e de Oanor,alO= tale ,uito saud-el e
l/cida3 A Terra do +unca= apesar do Capitão !ancho= é perfeita= ,as o @aís
das arailhas é feito de a,eaças e de frustraçQes3
+u, ro,ance da escritora in'lesa *ir'ín ia oolf= Erlando (estIria de u,
ho,e,#,ulher ue ie e, dois períodos diferentes da histIria da
Jn'laterra)= a ro,ancista descree o ,o,ento e, ue= ador,ecendo
co,o rapa no século X*JJ= a persona'e, desperta co,o ,ulher= e,
pleno século XJX: " por toda parte casais co, traPes cina e ne'ro= o céu
é tene.roso e opressio e a ,oça despertada sente u,a dor inexplic-el
no dedo anular esuerdo (isto é= onde se coloca a aliança de casa,ento)3
uitos adultos fica, chocados co, a iol"ncia dos contos de fadas e se
surpreende, co, o fato de ue não a perce.ia, uando era, crianças=
co,praendo#se nela3 ue a ,aioria das crianças= alé, de aceitar
natural,ente o ,arailhoso= espera co, ina.al-el certea auilo ue o
conto pro,ete e se,pre cu,pre: Oe fora, felies para se,preO3 A 'ente
se en'ana= portanto= uando tenta OaçucararO os contos ou o,itir as
passa'ens OiolentasO3
uitos se surpreende, co, o fato de as crianças não sI desePare, ouir
in/,eras ees os ,es,os contos (nu,a repetição ue deixa os adultos
extenuados)= ,as ta,.é, não
81
ad,itire, ualuer ,udan ça no enredo= por ,enor ue sePa (co.ra, do
adulto ue
al'u,a OencurtaO
ação)3 a estIria=
$ssa relação uaseo,ite ou esuece
,aníaca al'u,dadetalhe=
e o.sessia criançaaltera
co, a
narratia é essencial3
A ,onta'e, do enredo= a confi'uração das persona'ens= os detalhes
constitue, u, ,undo cuPa esta.ilidade repousa no fato de poder ser
repetido se, alteração= contraria,ente ao cotidiano da criança ue= por
,ais rotineiro= é feito de ,udanças3 Alé, disso= os contos= operando co,
,eta,orfoses= desapareci,entos e reapareci,entos= ,orte inco,pleta
dos .ons e ,orte definitia dos ,aus= funciona, e, consonMncia co, as
fantasias da criança= particular,ente o ,odo co,o estrutura o
desapareci,ento e o reapareci,ento das pessoas ,ais prIxi,as= ue
a,a e de ue, depende in/,eras crianças inenta, Po'os de esconder e
achar o.Petos= pois sa.e, onde estão3 A anta'e, do conto so.re a
realidade= neste aspecto= consiste no fato de ue enuanto= nesta /lti,a=
a criança Pa,ais ter- certea do retorno dos desaparecidos ou do su,iço
definitio daueles ue te,e ou odeia= no conto tudo isto lhe é
asse'urado= a presença e a aus"ncia ficando apenas na depend"ncia dela
prIpria e= para tanto= exi'e a narração e a repetição3
Wual de nIs não experi,entou as e,oçQes de .rincar de OpiueO ou
Ope'adorO $ncontrar é encer u,a proa diante do desapareci,ento3
as= aspecto releante= o ,edo de ser encontrado ta,.é, é i,portante
porue nos torna isíeis no ue deseParía,os ocultar3 $= por isso3 não ser
encontrado ta,.é, define o encedor3 +ão é su'estio ue as crianças
,enores adore, esse Po'o= sI ue= esconder#se= para elas= é fechar os
olhos Acredita, ue o ue não estão endo as esconde3 arailhosa
fantasia3
i,a'inandoarailhosa onipot"ncia
ue &eus não o " porue(co,o Adão=
não é isto por entre
ele)3 as -rores=
FreGente,ente os adultos te,e, o praer ,anifestado pela criança
diante da Oiol"nciaO das narratias3 $, 'eral= o adulto te,e=
inconsciente,ente= ser identificado co, os O,ausO= se, perce.er ue
essa identificação é se,pre contra.alançada pela identificação co, os
O.onsO e= so.retudo= ue ela é saud-el para ele e para a criança ue
pode= pela fantasia= faer discri,inaçQes ue lhe seria, difíceis ou uase
i,possíeis se, o ,aterial i,a'in-rio3
88
+ão é raro er,os crianças ue se sentindo ou se i,a'inando pouco
a,adas e te,erosas do Idio ue experi,enta, por al'uns adultos
tendere, a duas atitudes ,uito co,preensíeis3 Al'u,as Otorce,O pelas
.ruxas= pelos o'ros e dra'Qes= identificando#se co, eles e dando aão N
a'ressiidade ue= doutro ,odo= poderia ser punida se ,anifestada3
Eutras= se enche, de paor= pois os O.onsO lhes parece, ,uito
lon'ínuos e inalcanç-eis= enuanto os O,ausO lhes parece, ,uito
prIxi,os e poderosos3 $, certo sentido= pode#se dier ue não o praer e
si, o paor sentido por al'u,as crianças é ue poderia ser considerado
co,o u,a espécie de aiso ou de alerta de u,a sexualidade co,
sofri,entos e dificuldades3
E praer pelos contos não ai se, discri,inação3 A criança discri,ina os
alores ali lançados e os or'ania para si prIpria3 $, contrapartida= co,o
o.serou %ettelhei,= a ,aioria das crianças não aprecia f-.ulas3 Wual a
criança ue não sente ofendido o seu senso de Pustiça na f-.ula de A
Ci'arra eporue
criança a For,i'a Feitas
esta não por adultosA para
é ,oralista3 éticaadultos=
infantil a f-.ula
não desa'rada
passa pelos a
cIdi'os estreitos dos apIlo'os ne, pelo cultio da frustração= prIprio das
f-.ulas a raposa se, as uas= o coro se, o ueiPo= o cão se, a carne3
Se a criança tolera a exi'"ncia de ,oderação dos i,pulsos= não tolera "#
los per,anente,ente frustrados3 ] patolo'ia repressia da f-.ula= ela
opQe u,a outra econo,ia do praer3 Co,o $,ília= se,pre se,#ceri,Vnia=
ue f-.ula a f-.ula= conta outro conto e ,uda a ,oral da estIria= para
escMndalo de &ona %enta3
Visitando ele!de!"urro
Ao dar N lu u,a ,enina= a rainha ,orre deixando i/o e triste o rei ue=
desde então= apenas cuida da princesa3 Che'ando esta aos uine anos=
sua se,elhança co, a ,ãe é tão 'rande ue o pai por ela se apaixona=
desePando casar#se co, ela3 Aterroriada= a ,enina procura ref/'io Punto
N aia ue a criara3 &ando tratos N .ola= final,ente a aia Pul'a ter
8
encontrado u, estrata'e,a para i,pedir o casa,ento3 Jnstrui a ,enina
para ue faça ao pai u, pedido i,possíel de ser satisfeito= ,as condição
para aceit-#lo co,o ,arido3 &ee pedir#lhe u, estido feito de sol3 Euido
o pedido= o rei conoca todos os tecelQes e tecelãs do reino e ordena ue
o estido sePa feito3 $, tr"s dias= est- pronto3 A aia repete o conselho=
,as a'ora o estido dee ser de lua3 Feito3 +oo pedido= ,as de u,
estido de ,ar3 Ta,.é, feito3 Furioso co, a recusa= o rei declara ue se
casar- co,a aaia
Apiedada= princesa= de toda
o.té, u,a pele,aneira=
de .urro=caso
nelacontr-rio
enole a,andar-
,enina ,at-#la3
e a lea
para fora do reino= deixando#a entre'ue N prIpria sorte3
Assi, disfarçada= @ele#de#%urro che'a ao reino iinho onde conse'ue
tra.alho co,o coinheira do pal-cio e= por causa de seu aspecto= dão#lhe
co,o ,orada o chiueiro3 Todas as noites= antes de dor,ir= @ele#de#%urro
usa seus estidos e chora seu triste destino3
E filho do rei che'a N idade do casa,ento3 E pai conida todas as da,as
solteiras do reino e dos reinos iinhos para tr"s .ailes= uando o príncipe
deer- escolher a esposa3 Dsando seus estidos de sol= lua e ,ar= @ele#de#
%urro co,parece aos .ailes e= desde a pri,eira noite= é a preferida do
príncipe ue so,ente co, ela dança3 $la não reela o no,e= onde ie=
ue, é3 Ao fi, do terceiro .aile= retorna ao chiueiro e N coinha3 E
príncipe adoece e ,édicos indos de toda parte não conse'ue, cur-#lo
porue desconhece, seu ,al3 @ele#de#%urro fa u, .olo colocando seu
anel de princesa na ,assa3 Lea ao príncipe ue= na pri,eira dentada=
,orde o anel= retira#o da .oca e o reconhece3 Jnda'a ue, o colocou ali3
@ele#de#%urro é traida e diante de todos retira a pele= aparecendo no
estido de sol3 Curado i,ediata,ente= o príncipe se leanta= pede#a e,
casa,ento= é aceito e lo'o se inicia, os festePos3 $ os dois fora, felies
para se,pre3
+este conto= a ,ãe ,orta não é su.stituída pela ,adrasta perersa= ,as
pela .oa aia ue criou= aconselhou e prote'eu a ,enina contra o desePo
incestuoso do pai3 $ste= diferente,ente de outros contos= não é u, po.re
elho infeli= ,as u, fo'oso senhor3 A não ser por essas diferenças= no
restante o conto parece se'uir o padrão dos de,ais: os uine
8>
anos da princesa e os riscos daí adindos= a fu'a= o esconderiPo na pele de
.urro= na coinha e no chiueiro= os .ailes e o casa,ento co, o príncipe=
depois de sal-#lo3 +o entanto= a tra,a é .e, co,plicada3
A .ondade da aia é a,.í'ua e suspeita3 Jnicial,ente procura esconder a
,enina= conserando#a no uarto= lon'e= portanto= do desePo paterno3
&epois= su'ere os estidos ue= alé, de sere, feitos co, ele,entos
naturais (a +aturea não proí.e o incesto) e não podere, prote'er a
,enina= ainda a transfor,a, e, sedutora= exacer.ando o desePo
paterno= cul,inando na a,eaça de ,orte (a,eaça ue al'uns estudiosos
cha,a, de OPul'a,ento do Rei LearO= para le,.rar o rei da tra'édia de
Sha<espeare ue repudia a filha Cordélia porue não Pul'a suficiente seu
a,or filial)3 Final,ente= é a aia ue, coloca a ,enina no interior da pele
de .urro repelente e a condu para lon'e da casa (nu,a expulsão
.eni'na= ,as expulsão de todo ,odo)3
Aparente,ente= as persona'ens se distri.ue, duas a duas: rei#princesa=
princesa#aia3 +a realidade= a relação é tern-ria= pois entre o pai e a filha
se coloca a aia#,ãe3 orta no parto= reaparece co,o a,a#de#criação3
A fi'ura da aia co,anda toda a pri,eira parte do conto= nu,a atitude
in'adora contra o rei e a filha3 +essa pri,eira parte= a ,enina est- so. a
a,eaça de dois a,ores: o do pai e o da aia= ,as se a a,eaça do pri,eiro
é perce.ida por ela= a da se'unda fica i,perceptíel so. o disfarce da
proteção3 A persona'e, co,plexa= portanto= é a da aia e não a do rei3
$ste= tudo ,ostraY auela= tudo oculta3 Rele'ada Ns partes seris do
castelo= neleporé,=
A situação= reina3 é ,ais co,plexa3 A aia#,ãe= falsa protetora= ta,.é,
est- a seriço de u,a outra fantasia3 Aparente,ente= o desePo incestuoso
parte do pai3 +a erdade= parte da filha= a aia estando a seriço do
oculta,ento desse desePo= colocada= co,o nas peças teatrais= na
ualidade de co,parsa e c/,plice3 E a,or da ,enina pelo pai não pode
aparecer porue sua aparição exi'iria o Idio pela ,ãe3 Era= isto ue o
ue a fa a,ada pelo pai é sua total se,elhança co, a ,ãe= ela não sI P-
conse'uiu ocupar o lu'ar ,aterno= ,as ainda colocar a ,ãe no lu'ar
su.alterno de u,a seriçal3 Lu'ar= ue a se'uir= ela prIpria ocupar-= ao
tornar#se coinheira= desaloPando a ,ãe de todos os lu'ares3 B- u,a
82
luta surda e inteira,ente dissi,ulada na relação princesaaia3
E disfarce da pele de .urro é si'nificatio3 +ão si'nifica apenas a
ani,aliação da ,enina por o.ra do pai e da ,ãe3 Si'nifica ,ais al'u,a
coisa3 $, -rias reli'iQes existe, rituais propiciatIrios dedicados N
purificação e N fertilidade3 +a !récia= por exe,plo= existe o rito dionisíaco
de ,orte do .ode para expiação das culpas= renasci,ento e fertiliação
da terra3 +esse ritual= os participantes se co.re, co, peles de .ode=
dança,= t", relaçQes sexuais e .e.e, inho= encenando a histIria do
deus &ioniso= ,orto por a,or de sua ,ãe e ressuscitado pelo sacrifício
por ela feito3 Co.erta na pele de .urro= a ,enina realia u, rito
se,elhante= ao ual se acrescenta a ,orada no chiueiro3
&iferente,ente de %ranca de +ee e de %ela Ador,ecida= sua espera ou
passa'e, não se realia pelo sono= ,as N se,elhança de %orralheira= ie
na suPeira
$ssa e na i,purea
i,purea e= N sentidos3
te, -rios se,elhança= de
por%ela=
u, ie
lado=co,
a ani,ais3
,enstruação=
encarada na ,aioria das culturas co,o i,purea ue isola as ,ulheres=
faendo#as intoc-eis3 São os desePos proi.idos= a ,astur.ação (estir os
estidos antes de dor,ir)= a fase anal= por outro lado3 as não sI isso3
Analisando o si'nificado das cinas e do .orralho= na %orralheira= %runo
%ettelhei, le,.ra ue na anti'a Ro,a as *estais (,eninas da ,ais alta
estirpe ro,ana ue deeria, per,anecer ir'ens até os trinta anos)=
estaa, encarre'adas de u,a das ,ais altas= no.res e i,portantes
funçQes: a conseração do fo'o sa'rado= protetor de Ro,a3 Era= @ele#de#
%urro ie no chiueiro= ,as é coinheira no pal-cio= iendo ao pé do
fo'ão3 $sse lu'ar não sI a transfor,a de rece.edora de ali,ento (criança)
e, doadora dele (,ãe)= ,as ta,.é, lhe d- u,a noa fi'ura: tra.alha
co, o tri'o (o .olo) e este é sí,.olo de ir'indade (a *ir'e,= do ^odíaco=
carre'a u, ra,o de tri'o) e de fertilidade3 Articula,#se= assi,= ida=
,orte= pele de ani,al para purificação= ir'indade e fertilidade3
Wuanto aos .ailes= P- i,os seu sentido principal nos contos3 *estida de
naturea= a princesa dança e sedu3
Wuanto ao .olo= ta,.é, P- ,enciona,os seu sentido3
87
Resta o anel3 Alé, de sí,.olo eidente da aliança ,atri,onial= o anel
assu,e sentido para a sexualidade da persona'e, ,asculina3 Antes de
enfi-#lo no dedo= o príncipe o coloca na .oca3 Sua doença é a infantilidade3
Sua cura= transferir o anel da .oca para o dedo= e reconhec"#lo co,o u,
o.Peto doado por @ele#de#%urro= não podendo deor-#lo3
Es estidos
ele,entos da ta,.é,
naturea3 são si'nificatios=
$, in/,eras alé, esses
,itolo'ias= do sentido 'eral
ele,entos sãode
deuses e costu,a, for,ar u,a trilo'ia ou trindade indissol/el: sol#dia#
lu#fo'o#sexoY lua#noite#trea#,istério#sexoY ,ar#-'ua#a.is,o#sexo3 Força
ital força ,-'ica e força conce.edora3
E n/,ero tr"s= cuPo si'nificado preciso desconhece,os neste conto= é
considerado e, ,uitas culturas o n/,ero perfeito ou n/,ero da
har,onia e da síntese dos contr-rios3 @ossui poderes ,-'icos (repetir tr"s
ees u,a expressão ou u, 'esto)3 +a filosofia pita'Irica= for,a a fi'ura
perfeita e sa'rada do triMn'ulo constituído pelos de pri,eiros n/,eros3
+a Ca.ala= tr"s são as lues ,ais altas do infinito= for,ando o Oteto dos
tetosO e tr"s são as letras do no,e de &eus uando este passa de OnadaO
a O$uO3 Tr"s são as @essoas da Santíssi,a Trindade3 Tr"s ees @edro
ne'ou Cristo3 Tr"s são as ess"ncias ou hieraruias celestes (na pri,eira:
tronos= serafins e ueru.insY na se'unda: poderes= senhorias e pot"nciasY
na terceira: anPos= arcanPos e potestades)3 Tr"s são as partes da al,a3 Tr"s
as irtudes cardeais (fé= esperança e caridade)3
Tr"s estidos= tr"s .ailes3 $, %ranca de +ee= tr"s ees a ,adrasta ai N
casa dos anQes (na pri,eira= co, o cinto de fitas= na se'unda= co, o
pente= na terceira= co, a ,açã)3 Tr"s são as filhas e, A %ela e a Fera e na
!ata %orralheira= co,o tr"s são as ir,ãs nos Tr"s Cisnes e nas Tr"s
@lu,as3
Tr"s ees= na canção= OTereinha foi ao chãoO e Oacudira, tr"s
caalheiros_ Todos tr"s chapéu na ,ão_ o pri,eiro foi seu pai_ o se'undo=
seu ir,ão_ o terceiro foi auele a ue, ela deu a ,ãoO3
A refer"ncia
de ue fie,os
lado aspectos aos contos
i,portantes de fadas foi ,uito su,-ria= deixando
co,o= por
86
exe,plo= outros si'nificados das prIprias fadas e de,ais fi'uras
,arailhosas= ou outros sentidos da relação entre a .ondade e a ,aldade=
para a criança= e a diisão dos .ons e ,aus nos contos3 Ta,.é, não
analisa,os os -rios si'nificados dos ani,ais e das plantas (oriundos de
,itolo'ias e si,.olo'ias de -rias épocas)= dos ele,entos naturais co,o
-'ua= fo'o= ar e terra (so.re os uais o filIsofo !aston %achelard
escreeu= considerando#os aruétipos do inconsciente uniersal)= das
poçQes e filtros preparados por fadas e .ruxas (so.re os uais os
historiadores ,uito t", pesuisado)= das palaras ,-'icas (ue
aparece, e, outros contextos= co,o no fil,e de Fellini= Eito e eio=
onde= ao pronunciar as palaras OAsa +isa asaO= o ,enino tra e expulsa
fantas,as e realia desePos)3 +ão analisa,os os o.Petos ,-'icos= e,.ora
tenha,os feito .ree refer"ncia Ns espadas= aos .olos= Ns .otas= aos
sapatinhos (,as nada disse,os so.re o espelho= e, %ranca de +ee e A
%ela e a Fera= o espelho aparecendo no pensa,ento ocidental e, idéias
co,o Oos olhos são espelho da al,aO= ou co,o feitiço peri'oso= N ,aneira
de +arciso ue se apaixonou por sua prIpria i,a'e,= propiciando o
sur'i,ento do conceito de narcisis,o ou de fase do espelho= na
psican-lise)3
Apesar dessas lacunas= 'ostaría,os de su'erir aui ue os contos
tra.alha, e, dois níeis: u, i,a'in-rio (a estIria propria,ente dita) e
u, si,.Ilico (a construção i,plícita do enredo= o lu'ar e a hora de cada
peripécia=
ta,.é, deosle,.rar
o.Petos=ue
as cores= os n/,eros=
os sí,.olos as palaras)3
não estão !ostaría,os
no lu'ar de outra coisa=
não são su.stitutos= ,as são a prIpria coisa presentificada por ,eio de
outras3 E sí,.olo realia ou tra a coisa por inter,édio de outra3
Ta,.é, não nos detie,os nas posiçQes sociais e políticas das
persona'ens reis= rainhas= príncipes= princesas= seros= ca,poneses3
+e, no fato de al'uns sere, estran'eiros ou defor,ados (não é curioso=
por exe,plo= ue haPa u,a oura ue é torta)3 +e, nos de,ora,os na
estrutura da fa,ília encontrada nos contos3 +u,a palara= as di,ensQes
histIricas= ideolI'icas e políticas fora, silenciadas3
So.retudo não fie,os ualuer ,enção N al,a dos contos= isto é= ue
são o.ras liter-rias3 +ada disse,os de sua construção artística= de suas
ori'ens= transfor,açQes e reela.oraçQes
?
no decorrer do te,po (situaçQes ,edieais tratadas co, recursos do
ro,antis,o= por exe,plo)= do ,odo co,o participa, de -rias fontes
diferentes de pensa,ento (co,o a Ca.ala= presente na escolha dos
n/,eros= priile'iando o 0= o 1= o 2 e o 4?Y na escolha das horas=
particular,ente a ,eia#noiteY na escolha de e'etais= cores= ,et-foras)=
do si'nificado da orde, de aparição e desaparição de persona'ens ou da
seG"ncia dos eentos (u,a an-lise de tipo estrutural poderia ,ostrar=
por exe,plo= porue a seG"ncia é se,pre a ,es,a)3 $ssa aus"ncia da
consideração artística é 'rae so.retudo uando considera,os dois fatos
culturais: a pasteuriação dos contos de fadas por &isne9 e o sur'i,ento
de u,a literatura infantil OrealistaO3
+a disne9lMndia
Fantasia e %ranca(exceção
de +eefeita
e ospara
Sete duas o.ras#pri,as
AnQes)= de curiosa
opera#se u,a &isne9:
inersão3 $, lu'ar de encontrar,os= co,o nos contos narrados= a criança
lidando consi'o ,es,a ao lidar co, a diisão dos .ons e dos ,aus=
encontra,os adultos fa.ricando a O.oa criançaO co, ue, possa,
conier se, ,edo3 E desenho sI é l/dico se for O.ondosoO (a
contraproa sendo o horror de u, fil,e co,o @inIuio)3
@ara ,elhor aaliar,os essa perda= pode,os rele,.rar A %ela e a Fera=
no fil,e de ;ean Cocteau3 Alé, da a,.i'Gidade na relação entre pai e
filha e na rialidade das ir,ãs pelo a,or paterno= Cocteau d- especial
atenção N fi'ura de Fera: na cena do desencanta,ento desco.ri,os ue
u, ,es,o ator fa dois papéisY nu, deles= é u, adolescente ena,orado
de %ela ue= oltada para o pai= seuer o perce.eY noutro= é a Fera3 E
desencanta,ento é a reunificação das fi'uras ue se,pre fora, u,a sI=
estando duplicadas apenas por causa do ,edo de %ela3 edo
,a'istral,ente tratado na cena do espelho= onde se reea, as i,a'ens
de %ela= do pai= da Fera e do apaixonado3 +a relação sexual= co, ue
ter,ina o fil,e= %ela e o @ríncipe= enlaçados= as roupas a'itadas pelo
ento= suae,ente elea,#se nos ares= su,indo por entre as nuens3
@or sua e= a cha,ada literatura infantil realista= alé, de priar a criança
do acesso ao i,a'in-rio ,arailhoso= funda,ental para sua constituição=
procura criar a Ocriança /tilO ue co,preende o ,undo Otal co,o éO (co,
o detalhe de ue é Otal co,o éO para o adulto ue escreeu a estIria)=
aceita a diisão social dos papéis co,o diisão sexual correta= fa do
tra.alho e do sucesso alores centrais3
4
+ota a.aixo da foto:
Ser- Freud o pri,eiro a captar ue $ros e @siu" não são dois entes
separados perpetua,ente .uscando u, ao outro= ,as ue são u, sI e
,es,o ser: $ros (o desePo) ha.ita @siue (a al,a)3 Co,o no poe,a de
Fernando @essoa= e, ue o príncipe deste,ido .usca a princesa
encantada para desco.rir ue ele era ela3 &esePo de indiisão e de fusão
perpétua (i,possíel)= o laço ue enlaça e, terno e fundo a.raço= é a
sexualidade hu,ana= perpetua,ente repri,ida3
Fi, da nota3
0
A fantasia é considerada peri'osa ou in/til3
$ssa literatura= pretensa,ente realista= su.stitui a criança sa.ida=
inentia= crédula e astuta= a,edrontada e alente= pela criança tonta e
O.e,#intencionadaO3 Tale fosse .o, rele,.rar,os a o.ra de onteiro
Lo.ato ue não repri,iu OperersQesO (+ariinho e o @ríncipe $sca,ado=
$,ília e Ra.icI)= escreendo na certea de ue a criança é inteli'ente=
sa.ida e crítica3 Afinal= não realiou a ,ais extraordin-ria proea uando=
traendo ao Sítio do @ica#@au A,arelo as persona'ens dos contos de
fadas= deu#lhes a oportunidade de conocar os autores dos contos e Pul'-#
los= $,ília propondo recontar doutro Peito as estIrias @ena ue a
teleisão ta,.é, tenha pasteuriado Lo.ato3
$nfi,= não ,enciona,os o ,arailhoso ela.orado no folclore .rasileiro3
@or ue ser- ue o canto da Diara sedu e ,ata os ho,ens E Saci#@erer"
é preto= perneta= usa .arrete er,elho e pita u, pito de .arro E Curupira
te, os pés irados
a.andonados para tr-s
ira, estrelas= +o conto
.rilhando do +o
no céu Sete $strelo
conto os filhos
A Fi'ueira= a
,adrasta enterra as enteadas= cuPos ca.elos se transfor,a, e, -rore e
cuPo canto triste per,ite a u, ho,e, desco.ri#las e sal-#las as não
custar- ao Poe, leitor partir e, .usca desse i,a'in-rio= se uiser3
+Is lhe reco,enda,os ia,ente ue= se o fier= aceite a co,panhia do
acunaí,a de -rio de Andrade3
Wuando inicia,os este tIpico= disse,os ue não concord-a,os
inteira,ente co, as interpretaçQes de %runo %ettelhei, e de,os al'uns
,otios de nossa discordMncia3 $, particular= diía,os= a excessia
centraliação das an-lises e, torno das relaçQes fa,iliares3
@ara ue nossa afir,ação não pareça desca.ida= so.retudo apIs a
peuena isita ue fie,os N @ele de %urro= 'ostaría,os de transcreer
aui u, outro conto de fada ue se olta= de ,aneira extraordinaria,ente
.ela= para o fundo ,ais fundo= l- onde ,er'ulha a .usca do ,arailhoso3
1
Conta a lenda ue dor,ia D,a @rincesa encantada A ue, sI despertaria
D, Jnfante= ue iria &e alé, do ,uro da estrada3
$le tinha ue= tentado= *encer o ,al e o .e,=
Antes ue= P- li.ertado= &eixasse o ca,inho errado @or o ue N @rincesa
e,3
A princesa Ador,ecida= Se espera= dor,indo espera3 Sonha e, ,orte a
sua ida= $ orna#lhe a fronte esuecida= *erde= u,a 'rinalda de hera3
Lon'e o Jnfante= esforçado= Se, sa.er ue intuito te,= Ro,pe o ca,inho
fadado3 $le dela i'norado3 $la para ele é nin'ué,3
as
se, cada u, processo
tino @elo cu,pre odiino
&estino$la dor,indo
Wue fa existir a encantada
estrada3 $le .uscando#a
$= se .e, ue sePa o.scuro Tudo pela estrada fora= $ falso= ele e,
se'uro= $= encendo estrada e ,uro= Che'a onde e, sono ela ,ora3
$= inda tonto do ue houera= N ca.eça= e, ,aresia= $r'ue a ,ão= e
encontra hera= $ " ue ele ,es,o era A @rincesa ue dor,ia3
$ste poe,a encontra#se no Cancioneiro do poeta Fernando @essoa e se
cha,a $ros e @siu"3
8
+ota a.aixo da foto:
+u, liro dedicado ao estudo da o.ra de Fernando @essoa= intitulado:
Fernando @essoa Aué, do $u= Alé, do Eutro= a escritora Le9la
@errone oisés interpreta a fi'ura desse poeta cuPa o.ra se desdo.ra e,
uatro= cada ual co, u, no,e de poeta diferente= cada ual por ele
atri.uída a u,apessoa diferente3 +a .usca#recusa da identidade (aué,
do eu= alé, do outro)= a escritora nos le,.ra ue= e, lati, persona é a
,-scara usada pelos atores no teatro= e ue= e, franc"s= personne uer
dier: nin'ué,3
$is aí a ersão repressia de $ros e @siu": dois seres= enclausurados nu,
cu.ículo e e, suas estes= se, corpo e se, rosto= enlaçados pelas
conençQes3 $ncontro se, contato (as .ocas não se .eiPa,= .eiPa,
trapos) e se, inti,idade= pois= no cu.ículo fechado e so. os panos ue
co.re, seus corpos e rostos= se desco.re a presença da sociedade inteira=
i'iando e controlando o po.re par3
#dipo!Rei
A tra'édia de dipo= rei de Te.as= ue ,atou seu pai= casou#se co, sua
,ãe= trouxe por seus atos infa,es a peste e a desolação ao seu poo=
cul,inando no suicídio da ,ãe#esposa= na ce'ueira olunt-ria do herIi
(ue fura os olhos)= no seu .ani,ento e na execração de seus filhos=
tornou#se u, te,a central na discussão da sexualidade e de sua
repressão= desde o ,o,ento e, ue Freud ela.orou= a partir da tra'édia
de SIfocles= u, conceito por ele desi'nado: co,plexo de dipo3
$,.ora haPa na literatura dos pri,eiros @adres da J'rePa al'u,as
refer"ncias a essa tra'édia (no contexto da discussão ,ais 'eral so.re o
escMndalo do sexo)= propo,os aui exa,in-#la .ree,ente so. uatro
Mn'ulos: o dos helenistas= ue a interpreta, e, seu contexto histIricoY o
de Freud= ue a interpreta co,o n/cleo uniersal da sexualidadeY o do
psicanalista Bélio @elle'rino= para ue, a tra'édia enole o período oral
ou pré#'enital da sexualidade= Ns oltas co, situaçQes persecutIriasY o do
antropIlo'o Léi#Strauss= para ue, o ,ito e a tra'édia de dipo
expri,e, a tentatia de responder a u,a uestão uniersal (isto é=
presente e, todas as culturas) concernente N ori'e, dos seres hu,anos3
$idente,ente= no espaço deste liro não podere,os aprofundar a
discussão= ,as si,ples,ente apresent-#la ao leitor para ue dela se
infor,e3
>
&iante do pal-cio de dipo= rei de Te.as= o poo= e, procissão= carre'a
ra,os
@ranto=para
'ritosdeposit-#los nos 'açQes
e preces= inda altares se,
dos deuses
respostaprotetores
nos fae,dasa.er
Cidade3
ue a
peste assola Te.as= ,atando crianças= adultos= ani,ais e plantas3 +asce,
seres ,onstruosos e= pouco a pouco= reina a esterilidade3 +o alto do
pal-cio= aparece o rei= desolado= ,as a,eaçador= pro,etendo desco.rir a
causa do infort/nio e ue= se causado por al'u, hu,ano= o far- confessar
o cri,e= ,andando ,at-#lo a se'uir3
&i ao poo ue a'uarde co, ele o retorno de seu cunhado= Creonte=
eniado a &elfos para consultar o or-culo= a fi, de ue este ofereça sinais
para a desco.erta do culpado3 &e re'resso= Creonte declara ue o or-culo
afir,ara estar o cri,inoso iendo e, Te.as e ser o ,es,o ue ,atara o
predecessor de dipo= o rei Laio= haendo relação entre esse cri,e e a
des'raça da Cidade3 dipo considera i,possíel o ue escuta= pois todas
as tentatias para encontrar o assassino haia, sido infrutíferas= ,as tão
seeras ue ele não teria co,o ier e, Te.as se, ser desco.erto3 E rei
desconfia de u,a tra,a de Creonte para rou.ar#lhe o poder3 &esconfiança
ue au,enta uando Creonte tra o adiinho Tirésias (u, ce'o= porue na
si,.olo'ia 're'a os ue são dotados do do, da id"ncia so.re o passado
e o futuro= precisa, não contar co, os olhos do corpo= se,pre suPeitos a
en'anos) ue a,eaça dipo co, des'raças ainda ,aiores= se este
prosse'uir a .usca Tirésias conhece o culpado= ,as se recusa a
no,e-lo apesar das ordens do rei3 ;ocasta= a rainha= ta,.é, aconselha
dipo a a.andonar a .usca= ale'ando ue ,uito te,po se passara e não
haeria por ue reoler o passado= ,elhor sendo realiar rituais
propiciatIrios para ue os deuses afastasse, as des'raças3 as dipo
persiste3
+o correr dos di-lo'os fica,os sa.endo ue dipo se tornara rei de Te.as
porue lirara a cidade da perse'uição da $sfin'e (,onstro co, ca.eça e
seios de ,ulher= corpo de cachorro= ra.o de dra'ão= asas de p-ssaro e
unhas de leão) deoradora das ir'ens de Te.as e ue i,punha co,o
condição para findar a ,atança ue u, ho,e, decifrasse o
2
eni',a ue propunha3 dipo o decifrou e salou a cidade= tornando#se rei
porue Laio fora ,orto nu,a estrada por salteadores3 Fica,os sa.endo
ta,.é, ue dipo iera para Te.as fu'indo de sua cidade= Corinto=
porue sou.era não ser filho le'íti,o de @oli.o e érope= apenas seus
pais adotios= partindo e, .usca dos pais erdadeiros= enfrentando
,alfeitores no ca,inho e ,atando o ,ais elho deles co, u, .astão3
Sa.e,os ta,.é, ue pesaa so.re a casa de Laio e ;ocasta u,a
,aldição: ue seu filho o ,ataria e se casaria co, a ,ãe3 $ ue para
eitar esse horror= ;ocasta entre'ara o filho recé,#nascido a u, seridor
para ue o ,atasse3 dipo di ue ,aldição se,elhante pesara so.re ele
e ue pretendia deixar Corinto= antes ,es,o de sa.er#se adotio= porue
te,ia ,atar @oli.o e desposar érope= pensando até ,es,o e, l- ficar
se pudesse certificar#se de ue tal risco não existiria= caso @oli.o e érope
fosse, seus pais adotios3 @or esse ,otio fora consultar o or-culo de
&elfos ue confir,ara a ,aldição se, lhe dier se os reis de Corinto era,
ou não seus erdadeiros pais3 A d/ida afastou#o de Corinto= leando#o
ru,o a Te.as3
As suspeitas cresce, e, ;ocasta ue procura de,oer dipo da .usca=
se,
Laio= sucesso3
,andando;ocasta sa.epara
,at-#lo ue i'ual
eitar,aldição pesara
ue fosse so.re seue=filho
consu,ada co,
e,.ora
estePa certa da ,orte da criança= a ,aldição de dipo a pertur.a3 dipo
sente#se tranGilo porue a descrição ue os te.anos lhe fiera, da ,orte
de Laio não coincide co, a le,.rança ue possui do encontro co, os
salteadores= na encruilhada ue o leou a Te.as3 Te,endo ue dipo se
deixe a.ater pela le,.rança da ,aldição e procurando apai'uar#se a si
,es,a= ;ocasta procura conenc"#lo de ue todos os ho,ens sonha, e,
dor,ir co, a ,ãe= o incesto sendo u, desePo co,u,3
E desenlace ocorre uando u, pastor= certo de ue trar- .oas notícias ao
rei= e, a Te.as e conta a dipo ue= de fato= ele não é filho de @oli.o e
érope= podendo re'res sar a Corinto se, ,edo= pois para l- fora leado
pelo pastor ue o encontrara no fundo de u, despenhadeiro= co, u,a
pedra a,arrada aos pés= a.andonado e N ,orte3 ostra ao rei as ,arcas
ue este possui nos tornoelos e os pés ue ficara, defor,ados co, o
peso da pedra ue os ataa3 Tudo se encaixa3 Co, horror= dipo e ;ocasta
reconstroe, a estIria3
7
;ocasta se suicida= dipo fura os prIprios olhos e sai de Te.as= .anido3
D,a das artes ,aiores de SIfocles (e ue é prIpria das tra'édias)=
consiste e, oferecer Ns persona'ens todos os ele,entos e indícios para o
conheci,ento da realidade= todos os sinais possíeis para decifrar os
eni',as= ,as ao ,es,o te,po (e nisto est- a tra'édia) enfatiar a
i,possi.ilidade das persona'ens para co,preendere, ou perce.ere, o
ue lhes é oferecido3 Ce'o= Tirésias tudo "3 *idente= dipo nada " e
so,ente
deixe ao conhecer
esuecer a erdade furar- os olhos para ue ce'ueira não lhe
o ue iu3
Se'undo os helenistas= a tra'édia não é apenas u, '"nero liter-rio=
nascido e desenolido e, Atenas entre o fin do século *J A3C e o início do
século J* A3C3= ,as é so.retudo= no dier de ;ean#@ierre *ernant= u,a
instituição social e u,a experi"ncia política3 Alé, de ser custeada pela
Cidade#$stado (a polis)= de ser u, concurso p/.lico de ue participa, os
cidadãos= de ser representada por atores profissionais e por u, colé'io
cíico de cidadãos (ue fae, o coro)= ela é u,a interro'ação ue a
Cidade efetua= u,a reflexão da Cidade so.re os conflitos entre a noa
orde, de,ocr-tica (orde, hu,ana e Purídica) e a orde, anti'a=
aristocr-tica (orde, reli'iosa e fundada no san'ue)3
+ascida no ,o,ento e, ue ta,.é, nasce, a orde, de,ocr-tica e os
tri.unais= as asse,.léias e u,a noa le'islação= a tra'édia confronta e
uestiona o passado e o presente= o ,undo hu,ano e a orde, diina= as
idéias de destino e responsa.ilidade= força e Pustiça= e as tensQes entre as
-rias for,as da autoridade (reli'iosa= política= fa,iliar)3 +ão é casual ue
a tra'édia de `dipo sePa escrita por SIfocles a partir de u, anti'o ,ito
te.ano= anterior N orde, de,ocr-tica= uando existia a realea e a orde,
hu,ana era inteira,ente re'ida pela orde, diina= desconhecida e
i,penetr-el3 As tra'édias são se,pre trilo'ias (tr"s estIrias) e se
desenole, a partir de u, ,es,o n/cleo o cri,e san'rento no
interior da fa,ília e ue pede in'ança co, outro cri,e san'rento ue
pedir- noa in'ança e se, possi.ilidade de findar o ciclo das ,ortes3
@ara esse n/cleo= as tra'édias se,pre oferece, a ,es,a conclusão a
necessidade
ue pune os de passar colocando
culpados= N orde, hu,ana
u, fi, do &ireito e intrafa,iliar=
N in'ança da Pustiça p/.lica
prIpria
da
6
realea e da aristocracia3 $, outras palaras= a redefinição do lu'ar do
poder co,o p/.lico (e não ,ais priatio de u, 'rupo li'ado por laços de
san'ue) e da instMncia da lei co,o cíica3
A tra'édia lida co, as contradiçQes entre passado (aristocr-tico= ,ítico e
herIico) e o presente (cíico e de,ocr-tico)Y no interior do indiíduo
(destino_fa,ília= responsa.ilidade_ cidadania)Y no interior do direito (orde,
diina i,posta aos ho,ens_orde, hu,ana da lei)Y no interior da
lin'ua'e, (as persona'ens usa, as ,es,as palaras para dier coisas
opostas= ou usa, palaras opostas para dier as ,es,as coisas)=
predo,inando u, oca.ul-rio Purídico ue indica estar a Cidade
ela.orando sua prIpria realidade= u,a erdadeira pesuisa coletia so.re
o poder3
A tensão entre passado e presente aparece na prIpria for,a teatral os
atores= no palco= são representantes do te,po passado (reis= rainhas=
herIis ,íticos) enuanto= no coro= estão os cidadãos= representantes do
presenteY e liter-ria os atores= e,.ora represente, o passado= fala,
nu, '"nero do presente= a prosa= enuanto o coro= e,.ora fi'ure o
presente= usa o '"nero lírico= prIprio do passado3
@ara haer tra'édia é preciso ue o ,undo diino e a orde, hu,ana
sePa, perce.idos co,o diferentes= anta'Vnicos e insepar-eis3 Ta,.é, é
preciso ue tenha sur'ido a fi'ura do ser hu,ano co,o suPeito= isto é=
co,o ue=
sai.a a'ente
e,dotado
/lti,ade ontadeoe ue
instMncia= respons-el por suas
fa é resultado deaçQes= ainda ue
u,a decisão
diina desconhecida3 Jsto é= se, a contradição entre a ontade lire e
respons-el e o senti,ento de cu,prir u, destino ineit-el= não pode
haer tra'édia3
$ssa contradição aparece so.retudo no senti,ento tr-'ico da culpa= pois
é tratada si,ultanea,ente co,o u,a falta reli'iosa e co,o u, delito ou
infração da lei hu,ana= defendo ser Pul'ada por dois tri.unais (u, diino#
reli'ioso e u, hu,ano#político)= a tarefa do autor tr-'ico sendo
Pusta,ente a de faer co, ue os dois tri.unais enha, a coincidir3 +o
caso de dipo#Rei essa dupla di,ensão do Pul'a,ento aparece atraés de
dois procedi,entos: u, reli'ioso (a purificação da cidade e da casa ré'ia)
e u, político (o ostracis,o ou .ani,ento do rei cri,inoso)3
>?
@ara os helenistas= não h- Oco,plexo de dipoO na tra'édia de SIfocles=
ne, a apresentação de u,a naturea hu,ana perene= uniersal3 $ssa
tra'édia é considerada exe,plar porue nela as contradiçQes entre
passado e presente= fa,ília e Cidade= culpa e casti'o= responsa.ilidade e
pena= destino e li.erdade= direito e força= Pustiça e iol"ncia não se
distri.ue,= co,o nas outras tra'édias= entre as -rias persona'ens= ,as
se concentra, todas e, dipo ue di se,pre o contr-rio do ue pensa
estar diendo e fa o contr-rio do ue i,a'ina estar faendo= supondo ue
controla as re'ras do Po'o do poder uando= na erdade= é u, Po'uete
delas3
Antes de ,ais nada= coné, le,.rar ue a tra'édia de SIfocles não se
intitula dipoRei
T9rannIs)3 Tanto a(Eidipous %asileus)=uanto
palara Eidipous ,as a`dipo#Tirano (Eidipous
palara T9rannIs são
essenciais para co,preender,os ual é a tra'édia de dipo3
dipo Eidipous uer dier: @é Jnchado3 Co,o seu no,e o di= dipo
carre'a u,a defor,ação física e= portanto= s"u corpo não est- confor,e N
+aturea3 Atraés da ação= dipo transferir- a defor,ação ta,.é, para
sua psiu" e se tornar- u, ser contr-rio N naturea hu,ana3 $ssa dupla
defor,idade o coloca aué, ou a.aixo dos de,ais seres hu,anos= fa
dele u, ,onstro no sentido e, ue os 're'os usa, a palara phar,a<Is
(icioso= i,puro= enenoso)3 Sua ação enenena Te.as= tornando#a i,pura
(a peste)3
Co,o na ,aioria das reli'iQes= a reli'ião 're'a possuía rituais de
purificação3 D, desses rituais encontra#se na ori'e, da tra'édia= ue
antes de tornar#se u,a representação teatral era u, rito coletio (o ritual
dionisíaco) de purificação= ,orte e fertilidade3 $ra o rito do .ode expiatIrio
(.ode= e, 're'o= tra'os)= co, apedrePa,ento e expulsão dos i,puros e
cri,inosos para li,par a Cidade das culpas= 'arantir fertilidade e proteção
diina3 $sse rito anti'o est- indicado na a.ertura da tra'édia de dipo
pela procissão dos suplicantes ue deposita, nos altares os ra,os para o
ritual da purificação= da expulsão do phar,a<Is3 Assi,= desde o início= o
autor aisa o p/.lico ue haer- .ode expiatIrio e purificação3
Ali-s= o filIsofo AristIteles escreeu ue a tra'édia possuía u,a função
cat-rtica ou pur'adora (cat-rsis pur'a purificação): o p/.lico= atraés da
representação= podia experi,entar
>4
senti,entos
dessa profundos
,aneira= proocados
dar aão a e,oçQespelas açQes terríeis
pertur.adoras= representadas
purificando#se e=
delas
(al'uns helenistas considera, ue esse aspecto cat-rtico apareceu ,ais
no final= uando não ,ais haia necessidade da reflexão política
Pustificadora da noa orde, esta.elecida= P- asse'urada= restando o papel
reli'ioso e psicolI'ico da representação tr-'ica)3
T9rannIs= para os 're'os= não si'nifica= co,o para nIs= o ditador iolento
ue do,ina pela força3 T9rannIs se opQe a .asileus isto é= ao rei por
hereditariedade ou linha'e,3 E tirano é auele ue conuista o poder= e,
e de herd-#lo= e ue o conuista 'raças Ns suas altas e extre,as
irtudes co,o 'uerreiro= protetor e s-.io3 auele ue possui ualidades
aci,a ou superiores Ns dos outros ho,ens= estando= por isso= aci,a das
leis da Cidade= suPeito apenas N sua prIpria ontade e N ontade dos
deuses3 @orue decifrou o eni',a da $sfin'e= salando a Cidade e
realiando o ue nin'ué, realiara= dipo torna#se tirano de Te.as3 Co,o
tal= encontra#se aci,a e alé, dos de,ais3
Se le,.rar,os ue a tra'édia pretende le'iti,ar a noa orde,
de,ocr-tica= ta,.é, precisare,os le,.rar ue na de,ocracia 're'a
dois princípios são essenciais: o da isono,ia (iso Z i'ualY no,os Z lei) ue
'arante a i'ualdade de todos os cidadãos perante Ns leis= e o da ise'oria
(iso i'ualY a'ora Z asse,.léia= praça p/.lica) ue 'arante a todos os
cidadãos o direito N palara nas decisQes políticas3 Era= o tirano= estando
aci,a dos de,ais= ue.ra a isono,ia e a ise'oria= é u, desi'ual ue fere
os princípios de,ocr-ticos3 @ara os tiranos= a de,ocracia possuía u,a
pena: o ostracis,o3 Assi,= o título da tra'édia P- indica u,a fi'ura ue a
orde, de,ocr-tica
Se unir,os Eidipouscoloca no ostracis,o3
e T9rannIs= perce.ere,os ue dipo Tirano é u,a
contradição ia: o ho,e, ue por sua defor,ação (física e ,oral) est-
a.aixo dos de,ais= u, phar,a<Is= e o ho,e, ue por suas ualidades
,ilitares e políticas est- aci,a dos de,ais3 Seu no,e prepara o
.ani,ento= sePa co,ophar,a<Is= sePa co,o t9rannIs3 Concentrando e,
sua pessoa os dois pIlos extre,os de possi.ilidade para u, hu,ano
de'radação ,-xi,a e eleação ,-xi,a dipo é u, ser interna,ente
contraditIrio ou diidido3 Contr-rio N
>0
+aturea parricida e incestuoso e contr-rio N Cidade tirano3 u,
,onstro3
neste contexto ue se esclarece o desePo edipiano da erdade a
ualuer preço3 @or u, lado= a .usca decorre do fato de ue dipo Pul'a
Creonte culpado e= se puder pro-#lo= eli,inar- o rial político3 @or outro
lado= no entanto= ele é ,oido por u,a uestão ori'in-ria (tanto no
sentido de ser a uestão ue d- ori'e, N sua tra'édia= uanto no sentido
de ser a uestão da .usca de sua prIpria ori'e,): ue, sou eu ue,
são ,eus pais
$ssa uestão= die, os helenistas= não é existencial ou psicolI'ica= ,as
política3 +u,a sociedade aristocr-tica= para ser rei ou tirano= para che'ar
ao poder= u, ho,e, depende da ori'e, de seu san'ue= de sua fa,ília3
Se os pais de dipo fore, de .aixa extração= estran'eiros ou escraos=
não poder- ser ne, rei ne, tirano3 Assi,= o ,edo da perda do poder lea
dipo N .usca da ori'e, e ao encontro de u,a resposta ue o destruir-3
Sua falta de
tentara, ,edidada
i,pedi#lo (prIpria
.usca=do t9rannIs)
,as se'uro est- e, ue Tirésias
de encontrar e ;ocasta
u,a resposta ue
o salaria= ele não oue nin'ué,= senão sua prIpria ontade3
$nfi,= tra'édia supre,a= dipo escutara a erdade uando fora a &elfos
ouir o or-culo e uando decifrou o eni',a proposto pela $sfin'e= poré,
não foi capa de co,preender o sentido do ue ouira ne, do ue
decifrara3
Wual o eni',a proposto pela $sfin'e OWue, é= ao ,es,o te,po= uatro
pés (tetrapous)= tr"s pés (tripous) e dois pés (dipous)O Eidipous i,a'ina
t"#lo decifrado ao responder: O o ho,e,3 A criança ue en'atinha= o
adulto ereto e o elho apoiado no .ordãoO3
Era= o ,ito conta ue dipo não falou= ,as= silenciosa,ente= oltou o
dedo indicador para si ,es,o3 Tanto ele uanto os de,ais supusera,
ue o 'esto si'nificasse Oo ho,e,O= tanto ue a $sfin'e aceitou a
resposta3 +o entanto= o ue ela per'untara @er'untara: Oue, é= ao
,es,o te,po333O $, sua resposta= correta e ilusIria= dipo se esuece
do Oao ,es,o te,poO e coloca o si,ultMneo co,o sucessio criança=
adulto= elho3 +a erdade= poré,= o ue ele desco.rira= se, o sa.er= era
ele prIprio e não todos os seres hu,anos3 @ois= ue, é ao ,es,o te,po
criança (filho)=
>1
adulto (,arido= pai) e elho (aV)= senão dipo= pai e aV de seus filhos=
filho e ,arido de sua ,ãe
@artindo do ,ito e da tra'édia de dipo#Rei= Freud ela.orou u, conceito:
co,plexo de dipo= ta,.é, cha,ado por ele de co,plexo nuclear3 Trata#
se de u, siste,a
e fantasias ou de u,a
ue a criança redeentre
possui= intrincada
os tr"s(donde= co,plexo)
e uatro anos= ao de afetos
perce.er
ue fa parte de u,a tríada ou relação trian'ular constituída por ela= pela
,ãe e pelo pai3 $sse co,plexo seria nuclear não sI por ser uniersal=
presente e, todas as culturas= ,as por ser o ponto central de cuPa
resolução ou irresolução depende nossa ida pessoal= psíuica= afetia=
sexual3 +ossa sa/de e nossa doença3
Antes de exa,inar,os o ,odo co,o Freud ela.orou esse conceito= é
coneniente considerar,os= de ,odo .ree (e= infeli,ente= ,uito
esue,-tico e si,plificado)= al'uns aspectos da teoria freudiana da
sexualidade (se, considerar,os aui as diferentes transfor,açQes ue
sofreu na o.ra de Freud ne, nas o.ras dos psicanalistas posteriores a
ele)3
A li.ido existe e, nIs desde o nasci,ento (e= se'undo al'uns= antes do
nasci,ento)3 A partir dela or'ania,#se as relaçQes entre dois princípios:
o princípio do praer (uerer i,ediata,ente al'o satisfatIrio e uer"#lo
cada e ,ais) e o princípio da realidade (co,preender e aceitar ue ne,
tudo o ue se desePa é possíel= ue se for possíel= ne, se,pre é
i,ediato= ue ne, se,pre pode ser conserado e ,uitas ees não pode
ser au,entado)3 E princípio de realidade é o ue nos ensina a tolerar as
frustraçQes3 Ta,.é, da li.ido= nasce, dois princípios anta'Vnicos ue
luta, e, nosso inconsciente: $ros (do 're'o= a,or) e ThMnatos (do 're'o=
,orte)= u, @rincípio de ida ou ital e u, princípio de ,orte ou ,ortal3
$sses dois princípios torna, o princípio do praer extre,a,ente a,.í'uo=
pois o praer não estar- necessaria,ente inculado a $ros= ,as= de ,odo
profundo= a
euilí.rio= ThMnatos3a Se
o repouso= oo
pa= desePo supre,o
i,ut-el= dos ThMnatos
so,ente seres hu,anos for o
ou a ,orte
poder- satisfaer tal desePo e produir erdadeiro praer= enuanto $ros
colocando#nos no interior de afetos conflitantes= pode
>8
não ser a realiação do princípio do praer3 E ponto essencial é ue o
princípio de ,orte não é apenas o desePo de destruição dos outros ue
seria, o.st-culos ao repouso= ,as de autodestruição3
Wual a ,aior dor ue sente u, ser hu,ano Wual o trau,atis,o
ori'in-rio +ascer3 Sair do aconche'o e do repouso uterino= separar#se do
corpo ,aterno3 ThMnatos é o princípio profundo do desePo de não
separação= de retorno N situação uterina ou fetal= de re'resso N pa e ao
nada pri,ordiais3 @or isso é tão potente= ,ais poderoso do ue $ros= ue
nos força a ier3
A li.ido se ,anifesta de for,as ,/ltiplas e, nossa ida e Freud= e,.ora
considerando ue na ida adulta todas essas for,as pode, estar
si,ultanea,ente presentes= classificou as fases da li.ido= se'undo a
ori'e, do praer= as re'iQes praerosas do corpo (onas erI'enas) e os
o.Petos (escolha de o.Peto) ue são sentidos co,o os ,ais praerosos3
A pri,eira fase é oral: o praer e, do ato de co,er ou su'ar= da
in'estão de ali,entosY as onas erI'enas principais são os l-.ios e a
.ocaY os o.Petos escolhidos são os seios e seus su.stitutos (dedo= chupeta=
o.Petos ue se possa su'ar= ali,entos)3 A proa de ue a fase oral não
desaparece para ,uitos de nIs= ,as realia u,a fixação= est- na
exist"ncia dos fu,antes= dos ue 'osta, de .e.er= decla,ar= faer
discursos e no cha,ado
praer é expelir sexo
ou reter as oral3o AIr'ão
feesY se'unda fase é anal:
priile'iado a fonte
do praer ou do
ona
erI'ena é o MnusY são su.stitutos praerosos das fees= o .arro= a ,assa
de ,odelar= a ,assa de pão ou .olo= etc3 A fixação dessa fase na ida
adulta aparece nos pintores= escultores= nas pessoas perdul-rias ou
'enerosas= nas pessoas aarentas= e no cha,ado sexo anal3 A terceira e
/lti,a fase é f-lica ou 'enital: a ori'e, e o lu'ar do praer onas
erI'enas) são os Ir'ãos 'enitais= h- 'osto pela ,astur.ação e é o
,o,ento do exi.icionis,o e da curiosidade infantis3 nessa fase= entre
os tr"s e uatro anos= ue Freud localia o sur'i,ento do co,plexo de
dipo ue per,anecer- latente até o fi, da pu.erdade uando deer-
resoler#se (ou não)3
+as fases oral e anal a criança ,anté, relaçQes duais= sePa porue se
relaciona co, a ,ãe ou co, parte dela ou co, su.stitutos dela (os
o.Petos parciais)= sePa porue se relaciona
>
co, seu prIprio corpo= tanto co, partes dele (co,o se fosse, pedaços
separados ou autVno,os= o.Petos) co,o co, seu corpo inteiro= ,as co,o
se fosse o de outré,= co,o se estiesse diante de u, espelho e
considerasse a i,a'e, refletida co,o de outra pessoa ue ela desePa ou
ad,ira (co,o no ,ito de +arciso= ena,orado de sua prIpria i,a'e,
refletida no espelho das -'uas)3 +a fase f-lica= a criança passa a u,a
relação tern-ria (ela= o pai e a ,ãe ou ue, faça o papel deles) ue P-
enole os corpos inteiros dos participantes da tríada= ainda ue certas
partes sePa, priile'iadas3 $ssa relação tern-ria= feita de a,or= ,edo=
Idio= inePa=
*-rios fantasias a'ressias
psicanalistas= co,o Ser'ee a,orosas=
Leclaire= for,a o n/cleo
o.sera, do as
ue dipo3
onas
erI'enas não se li,ita, aos Ir'ãos preferenciais de cada fase= nosso
corpo tendo in/,eras outras3 A constituição de u,a parte do corpo e,
ona erI'ena estaria li'ada aos inesti,entos afetios ue nela deposita
a criança= nos pri,eiros anos de ida= ao rece.er= nessa parte= carícias da
,ãe (ou de ue, faça o seu papel)3 A carícia erotia para se,pre todo o
nosso corpo3
D,a das ,aiores desco.ertas de Freud= alé, do sentido da sexualidade
a,pliada e não confundida co, u, instinto= da sexualidade infantil e da
idéia de ue é a repressão da li.ido e não a prIpria li.ido a causa dos
dist/r.ios físicos e psíuicos= é a desco.erta de u, fundo inisíel=
aparente,ente surdo e ,udo= desi'nado por ele co, o no,e de
inconsciente3 A psican-lise foi criada para alcançar= co,preender= decifrar
e interpretar o inconsciente= para fa"#lo falar e para sa.er escut-#lo3
E inconsciente não é u,a coisa ne, u, lu'ar= ,as u,a ener'ia e u,a
lI'ica e, tudo oposta N lI'ica da consci"ncia3 Freud diia ue o
inconsciente desconhece o te,po= a ne'ação e a contradição3 $ssa lI'ica
peculiar do inconsciente fa co, ue suas apariçQes não sePa, istas ne,
co,preendidas i,ediata,ente pela consci"ncia= ue opera noutro
re'istro3 @or isso reuer decifra,ento e interpretação3 Eferece#se de
,odo fra',entado= disfarçado e eni',-tico= N ,aneira de u,a charada
ou de u, Po'o de adiinha3 +ão é casual= portanto= ue Freud tiesse tido
tanto interesse pela tra'édia de SIfocles= onde a erdade= posta diante
dos olhos da consci"ncia=
>>
se oferece por eni',as= fra',entos= indícios e disfarces ue a torna,
inisíel e inco,preensíel3
Freud ela.orou -rias teorias so.re a estrutura de nossa psiu" e a ,ais
conhecida é auela ue diide nosso psiuis,o e, tr"s instMncias
articuladas entre si= a for,a= o conte/do e o sentido dessa articulação
dependendo tanto de fatores indiiduais (nossa histIria pessoal)=
'enéticos (a histIria da espécie hu,ana)= culturais ou coletios (a ida
social)3 $ssas instMncias sãoY o id (do lati,: isso= neutro= se, ualificação
de '"nero e n/,ero)= ou sePa= a li.ido plena= se, freios e se, li,ite= pura
ener'ia e, .usca de satisfaçãoY o e'o (do lati,: eu= o suPeito= a pri,eira
pessoa)= isto é= nossa parte consciente= olunt-ria e racionalY o super#e'o=
isto é= a instMncia repressora do id e do e'o= tão inconsciente uanto o id=
proeniente tanto das proi.içQes culturais interioriadas uanto das
proi.içQes ue cada u, de nIs ela.ora inconsciente,ente so.re os
afetos3
E id não conhece li,ites e o super#e'o sI conhece li,ites (o id= na canção
de Chico %uarue e ilton +asci,ento é o se, no,e= se, er'onha= se,
restriçQes= enuanto o super e'o é a censura forçando o id= o.ri'ando#o a
satisfaer#se nos escuros= nos cantos= nos esconderiPos)3 E e'o é nossa
,aneira consciente de lidar co, o ue desconhece,os= e,.ora
i,a'íne,os ue esta,os a lidar co, afetos= i,pulsos= desePos cuPas
causas= sentido= finalidade podería,os conhecer e controlar se, ,aiores
pro.le,as3 nossa ,aneira de ela.orar a sexualidade so. as exi'"ncias
irrefre-eis do id e so. as exi'"ncias repressoras do super#e'o3 A sa/de=
Pul'a Freud=
conflito depende ede
inconsciente nossa capacidade
a doença consciente para
e, de sucu,.ir,os lidarexcessos
sePa aos co, esse
do id= sePa aos excessos do super#e'o3 Tudo depende de conse'uir,os
OcolarO essa OrachaduraO ori'in-ria= essa diisão3 Freud preferia usar o
ter,o repressão para os processos conscientes e pré#conscientes= usando
o conceito de recalue ou recalca,ento para os processos inconscientes3
E recalue se realiaria uando a satisfação de u,a pulsão sexual (ue
poderia proporcionar praer) aparece co,o capa de suscitar despraer e
so.retudo co,o a,eaçadora para o suPeito3 Tal pode ser u,a censura
(repressão) co,o u,a defesa (u, ato de desinestir nu,a pulsão=
inestindo e, outras não a,eaçadoras)3 $xiste, recalues ori'in-rios (os
ue ão constituir os
>2
pri,eiros conte/dos e as pri,eiras for,açQes inconscientes) e
se'undados (os ue se realia, P- so. os efeitos ou ,otiaçQes dos
pri,eiros= sendo ariantes deles)3 A repressão (recalue) difere da
supressão porue nesta real,ente fae,os desaparecer definitia,ente
al'u,a coisa3
A peculiaridade do recalue (repressão sexual profunda ou inconsciente)
est- no fato de ue nosso inconsciente= astuciosa,ente= encontra ,eios
para faer o recalcado reaparecer se, danos ou se, a,eaças=
reapareci,ento ue não depende ne, de nossa ontade ne, de nossa
raão= faendo parte do cotidiano nor,al de nossa ida (sendo ,es,o
necess-rio= co,o descar'a de ener'ia): sonhos= atos falhos
(esueci,entos= en'anos de lin'ua'e,= 'estos inolunt-rios)= hu,or=
ape'o ou desa'rado
ue sai.a,os a causapor
do certos
a,or ouo.Petos= certasdasituaçQes
da repulsa= si,patia ou
ou pessoas se,
da antipatia=
da satisfação ou do ,edo3
Ta,.é, h- retorno do repri,ido ou recalcado atraés de u,
procedi,ento ,uito fecundo ou criador: a su.li,ação= isto é= o desio das
pulsQes proi.idas para u, alo não sexual e social,ente aloriado3 @ara
Freud= a atiidade artística e a atiidade intelectual são as for,as ,ais
altas da su.li,ação3
$ntretanto= o retorno do repri,ido ou do recalcado pode ocorrer de for,a
iolenta= doentia= patolI'ica co, ,uitos danos uando o prIprio recalue
foi iolento= doentio= trau,-tico3 E recalcado ou repri,ido olta= então=
so. a for,a de sinto,as= de neuroses= psicoses e perersQes3 E ponto de
partida de Freud= ali-s= foi o estudo desse tipo de retorno nu,a for,a
particular= conhecida co,o histeria= e ue ele inculou ao trau,atis,o na
repressão ou recalue do co,plexo de dipo= N i,possi.ilidade da
supressão desse co,plexo3
@ara Freud= tanto a sa/de uanto a patolo'ia se define,
preferencial,ente no ,o,ento do dipo= tanto assi, ue a fixação nas
fases oral ou anal são consideradas por ele co,o re'ressQes= isto é=
resultado da irresolução do co,plexo edipiano3 (Epinião ue não ser-
unMni,e entre os psicanalistas= so.retudo aueles ue dão 'rande
i,portMncia N fase oral= considerada ,atri das for,as da sexualidade3)
a solução satisfatIria ou sua i,possi.ilidade durante o co,plexo de
dipo co,o co,plexo afetio#sexual central ue= se'undo Freud= decide o
destino de nossa ida consciente e inconsciente3 +o ,o,ento do dipo= a
criança conhecer- pela
>7
pri,eira e= se'undo o psicanalista Lacan= ue o desePo est- su.,etido a
u,a lei a lei do Falo= a lei do @ai= a Lei das leis3 &esco.rir-= atraés do
interdito do incesto= atraés do ,edo da castração (,eninos) e da falta ou
da lacuna (,eninas)= a repressão sexual= a articulação entre desePo e
exist"ncia hu,ana3 Se puder aceitar a Lei= so.reier- co, sa/deY se não
puder aceit-#la= sucu,.ir- N doença3
Wue di Freud so.re dipo
+u, de seus liros A Jnterpretação dos Sonhos Freud escree: OSe o
dipoRei é capa de co,oer o leitor ou o espectador ,oderno não ,enos
do ue co,oia os 're'os do te,po de SIfocles= a /nica explicação
possíel desse fato sin'ular é a de ue o i,pacto tr-'ico da o.ra 're'a
não decorre da oposição entre o destino e a ontade hu,ana= poré, do
car-ter peculiar da f-.ula e, ue tal oposição é o.Petiada3 Se, d/ida=
h- u,a o interior ue nos i,pulsiona a reconhecer o poder co,pulsio
do destino e, dipo= enuanto outras tra'édias= construídas so.re as
,es,as .ases= nos parece, inaceitael,ente ar.itr-rias3 ue a lenda
do rei te.ano aprofunda al'o ue fere e, todo ser hu,ano u,a ínti,a
ess"ncia natural3 Se o destino de dipo nos co,oe é porue poderia ser
o nosso e porue o or-culo lançou so.re nossas ca.eças ,aldição i'ual=
antes ue nasc"sse,os3 Tale estiesse reserado a nIs todos diri'ir,os
N nossa ,ãe nosso pri,eiro i,pulso sexual e ao nosso pai nosso pri,eiro
senti,ento de Idio e o pri,eiro desePo de destruição3 +ossos sonhos disso
dão teste,unho3 E rei dipo= ue ,atou o pai e casou#se co, a ,ãe= não
é senão
ue a realiação
ele= nos de nossos
foi possíel= desePos
e, épocas infantis3N@oré,=
posteriores infMncia,ais feliesnão
e uando do
contraí,os u,a psicose= desiar nossos desePos sexuais de nossa ,ãe e
esuecer o ci/,e ue nosso pai nos inspirou3 &iante dauelas pessoas
ue che'ara, N realiação daueles desePos infantis recua,os co,
horror= co, toda a ener'ia do eleado ,ontante da repressão ue so.re
eles se acu,ulou e, nIs= desde a infMncia3 $nuanto o poeta tra N lu o
processo de inesti'ação ue constitui o desenoli,ento da o.ra= isto é=
a culpa de dipo= ta,.é, nos o.ri'a a u,a introspecção e, ue
desco.ri,os ue aueles i,pulsos infantis ainda existe, e, nIs= e,.ora
repri,idos (333)3 Co,o dipo= ie,os na i'norMncia daueles desePos
i,orais ue a +aturea nos i,pQe e=
>6
ao desco.ri#los= uere,os= co,o ele= afastar dos olhos as cenas de nossa
infMnciaO3
E co,plexo de dipo não é apenas o a,or da criança pela ,ãe (,enino)
e o ci/,e e a inePa do pai= ou o a,or pelo pai (,enina) e o ci/,e e a
inePa da ,ãe3 @ara ser a,ado pelo pai= o ,enino tenta ser co,o a ,ãe=
adotando atitudes ue seria, fe,ininas= enuanto a ,enina= para ser
a,ada pela ,ãe= adota atitudes ue seria, ,asculinas3 B- u, co,plexo
intrincado de senti,entos= co,porta,entos= atitudes a,.ialentes= a
criança procurando for,as de se adaptar ao triMn'ulo onde a escolha de
o.Peto (a ,ãe) das pri,eiras fases co,.ina#se co, as escolhas da fase
f-lica3 $ssa a,.ial"ncia explica= por exe,plo= a presença= natural= de
tend"ncias ho,ossexuais no ,enino e na ,enina3 @ara esta= a situação é
,ais co,plicada
capacidade porue oa o.Peto
de su.stituir passa'e, de u,a
do a,or= fase para
passando outrapara
da ,ãe i,plica a
o pai3
A fase edipiana é nuclear= para Freud= porue o fato de ser superada na
pu.erdade não si'nifica ue não tenha deixado ,arcas definitias= os
inesti,entos afetios e, o.Petos e as identificaçQes ue fare,os na ida
adulta dependendo do ,odo co,o experi,enta,os o dipo e a proi.ição
do incesto= na infMncia3
Assi,= por exe,plo= Freud considera o ho,ossexualis,o u,a fixação
infantil= u,a for,a de não resolução do co,plexo de dipo= a
identificação co, a ,ãe (no caso dos ,eninos) sendo u, su.stituto
i,a'in-rio para a i,possi.ilidade de possuí#la (ser a ,ãe por não ter a
,ãe) e u, ,ecanis,o para reparar o Idio ue ela inspira por não
entre'ar#se N criança3 A ,ãe é conserada co,o o.Peto de a,or (pela
identificação) e de Idio (pela ocupação i,a'in-ria de seu lu'ar)3 Ao
,es,o te,po= o Idio pelo pai é su.stituído pela tentatia de sedui#lo
(tornando#se a ,ãe para ele) e de i,pedi#lo de castrar o ,enino (ue=
sendo fe,inino= não possui o p"nis a ser cortado)3 +o caso da ,enina= a
situação é ,ais co,plexa= pois odeia a ,ãe não sI co,o rial= ,as
porue i,a'ina ue ela possui p"nis e sI por ,aldade não deu u, N filha3
@ara conse'uir o pai= a ,enina se identifica co, ele (ser o pai por não ter
o pai)= ,as ta,.é, co, ele se identifica para expressar seu Idio N ,ãe=
ue a priou do ue poderia ter (p"nis)3
2?
Jndependente,ente das críticas ue possa, ser feitas N teoria freudiana
do ho,ossexualis,o= u, ponto ,erece ser considerado: o
ho,ossexualis,o
O,aus costu,esO)=não
,asresulta da aus"ncia
da iol"ncia de repressão
da repressão (Oi,oralidadeO=
sexual inconsciente3
Freud considera ue do co,plexo de dipo depende, a estruturação do
super#e'o (sua atuação ,ais repressia ou ,enos repressia) e o ue a
psican-lise cha,a de ideal do e'o= isto é= a coner'"ncia da idealiação
de si ,es,a feita pela criança= e das identificaçQes co, os pais= co, seus
su.stitutos e co, os ideais coletios3 (E psicanalista Reich= por exe,plo=
tece consideraçQes so.re a personalidade nai#fascista a partir do ideal do
e'o paterno en'randecido= fi'urado pelo FGhrer= !uia ou @ai Supre,o)3
A superação do co,plexo de dipo depende não sI do co,porta,ento
dos pais e da fa,ília= ,as ta,.é, do sucesso da criança para supri,i#lo=
pois se for apenas recalcado ou repri,ido= retornar- ,ais tarde e de
for,a patolI'ica3
+o ,enino= o co,plexo ser- encido 'raças ao ,edo da castração pelo
pai= co,o punição do desePo incestuoso3 @ara conserar o p"nis= o ,enino
aceita renunciar N ,ãe3 +a ,enina= a solução ser- ,ais de,orada porue
precisa aceitar e conse'uir u, su.stituto para o pai= o ue sI lhe ser-
possíel na pu.erdade3 (E.sera#se ue Freud protela a solução para a
,enina porue a solução estaria na depend"ncia do encontro de u,
parceiro sexual ue lhe d" o su.stituto do p"nis: tal su.stituto são os
filhos3 &essa ,aneira= aui= co,o no caso do ho,ossexualis,o= o
fundador da psican-lise pQe -'ua no ,oinho da ,oral i'ente3)
i,portante le,.rar,os ue Freud iniciou suas reflexQes so.re o
co,plexo de dipo i,a'inando tratar#se de u,a situação concreta=
acontecida co, cada criança e, sua historia pessoal= iida direta,ente
por todos=e dependente
ocidental ,oderna= co,o da se
relação co, uniersal3
esta fosse os pais e ais
da fa,ília restrita
tarde= Freud
procurou ela.orar u,a outra hipItese para o dipo e ue não dependeria
direta,ente da influ"ncia do casal parental so.re a criança= ,as da
presença de u,a interdição ue não pode ser trans'redida e ue freia o
desePo na satisfação procurada3
$ssa hipItese foi ela.orada por ele nu,a o.ra intitulada Tote, e Ta.u=
u, ,ito pri,itio no ual os filhos= ciu,entos
24
e inePosos= ,ata, o pai para se apossar da ,ãe= ,as= inadidos pela
culpa= pelo re,orso e pelo ,edo= i,ortalia, e sacralia, o pai nu,
tote, protetor (su.stituindo a perse'uição pela proteção) e proí.e, o
incesto= dele faendo u, ta.u= isto é= proi.ição ue não pode ser
deso.edecida= so. pena de ,orte3 Foi essa ela.oração ue leou o
psicanalista Lacan a dier ue o dipo é a reelação da reelação entre
desePo e lei e ta,.é, a distin'uir u, plano i,a'in-rio e u, plano
si,.Ilico no desePo3
E psicanalista Bélio @elle'rino considera haer u, euíoco na
interpretação freudiana da tra'édia sofocleana do rei dipo= isto é= o fato
de Freud haer situado a tra'édia na fase f-lica ou 'enital3 $ssa
interpretação teria sido conseG"ncia do papel ue a sexualidade 'enital
tee nas ela.oraçQes teIricas de Freud= cuPo ponto de partida fora a
an-lise da histeria= isto é= de u, tipo de neurose (na época= considerada
apenas fe,inina) li'ada ao desePo incestuoso da filha pelo pai e ue=
recalcado= retorna so. a for,a de sinto,as ou de doença3
@ara Bélio @elle'rino=
deter,ina os pro.le,asa tra'édia defase3
para essa dipoEse situa da
n/cleo antes da fase
tra'édia é af-lica e
rePeição
e o a.andono de dipo por ;ocasta e a orde, para ue sePa ,orto3 A
tra'édia se situa nas pri,eiras relaçQes de o.Peto3 +a erdade= dipo não
a,a ;ocasta= ,as a odeia3
E a.andono e a condenação N ,orte lo'o apIs o nasci,ento é o n/cleo
trau,-tico de dipo= a fonte profunda e a,eaçadora de sua an'/stia da
ual procura defender#se pelo i,pulso incestuoso= ,odo de ne'ar o
a.andono ,aterno insuport-el3 A fixação edipiana ou incestuosa é u,
sinto,a defensio de trau,atis,os ocorridos na pri,eira relação de
o.Peto: a fo,e incestuosa pretende disfarçar e ne'ar as frustraçQes da
fase oral e os i,pulsos destrutios li'ados a tais frustraçQes3
Aco,panhando a psicanalista elanie lein (ue se dedicou N an-lise de
crianças)= @elle'rino considera ue a criança= P- na fase oral= sente#se
esti,ulada para desePos 'enitais= colorindo a oralidade co, a 'enitalidade
e= a se'uir=
20
sua sexualidade 'enital ser- forte,ente colorida pelos ressenti,entos e
a'ressiidades orais (o desePo de deorar e o ,edo de ser deorado)3 Jsto
ocorre co, as crianças ue não são ou não se sente, a,adas pela ,ãe3
@or outro lado= no esforço para preserar o o.Peto ,aterno= a criança
transfere para o pai o Idio e a a'ressiidade= os i,pulsos destrutios3 E
,edo da perda definitia da ,ãe colore o Idio oral co, as cores do a,or
'enital= co,pensatIrio3 Co,o= ital,ente= a criança não depende do pai
para so.reier= se for ,al a,ada inestir- a i,a'e, paterna co, os
i,pulsos destrutios=
co,pensatIrio co, h-aco,o
para isso3 +ão a'ressiidade
não ,atar Laio3arcaica se, nada
Tendo sido criado e a,ado por érope e @oli.o= dipo atraessou
satisfatoria,ente as fases de sua sexualidade na relação co, a ,ãe .oa
e o pai .o,3 E conflito incestuoso eio situar#se na relação co, ;ocasta e
Laio= os pais ,aus ue o a.andonara, e o odiara, até N ,orte3 A
reelação de ue érope e @oli.o não são seus erdadeiros pais desperta
e, dipo o terror pelos o.Petos persecutIrios ue estaa, interioriados e
ocultos no inconsciente= isto é= ;ocasta e Laio3 @artindo para &elfos para
ouir o or-culo ue lhe di'a ue, ele é e ue, são seus pais= oue auilo
ue e, seu inconsciente P- Osa.iaO= sI ue oue co,o al'o futuro=
e,.ora no plano dos afetos P- sePa al'o acontecido e passado3 Jsto é= o
desePo incestuoso e o parricídio fora, os i,pulsos de dipo recé,#nascido
e a.andonado para ,orrer3
E or-culo isto é= a o de seu inconsciente ao profetiar as des'raças
futuras apenas reelou o ue dipo P- traia consi'o e ue iria destruí#lo3
Seu esforço para lirar#se da an'/stia o lea a construir u,a defesa
inexpu'n-el auilo ue a psican-lise cha,a de racionaliação= isto é=
u,a construção i,a'in-ria co, apar"ncia de coer"ncia= lI'ica e
racionalidade para ocultar o paor do ue e, do inconsciente (ere,os
depois co,o a racionaliação é essencial para a repressão sexual= dando#
lhe apar"ncia de al'o lI'ico e coerente)3 +o caso de dipo= essa defesa
racionaliadora ou i,a'in-ria teria sido a se'uinte: se eu puder destruir
fora de ,i, aueles o.Petos ue u, dia tentara, ,e destruir e ue
continua, tentando essa destruição no ,eu ,undo interior= então= estou
salo porue ,ato ue, ueria ,e ,atar3 J,a'inando salar#se= ir-
perder#se
21
@ara ter o direito de nascer= crescer e ier= precisa ,atar e ao ,atar=
perde o direito N ida3
A ,orte de Laio na encruilhada ue leaa a Te.as é toda ela u,
episIdio alta,ente si,.oliado3 A encruilhada: a escolha do ca,inho3
Laio i,pedindo dipo de trilhar o ca,inho: o pai assassino= o.Peto ,au
ue Po'a a criança fora da estrada da ida3 E assassinato de u, elho
co, o 'olpe de .astão do Poe,: o falo de dipo destruindo o de Laio3 E
filho oral,ente insatisfeito precisa da relação 'enital co, a ,ãe= o ue sI
pode conse'uir atraés do parricídio3
A $sfin'e é a i,a'e, interioriada de ;ocasta: ,onstro destruidor (unhas
e dentes prontos para dilacerar= co,o nas fantasias a'ressias orais e,
ue a criança fantasia deorar o seio ,au)3 A frase inicial da $sfin'e é
si'nificatia: O&ecifra#,e ou deoro#teO3 *encendo a $sfin'e= dipo
enceu a ,ãe persecutIria da fase oral e tee a.erto o ca,inho para o
incesto3 +ada h- de 'enital no casa,ento co, ;ocasta= ,as realiação=
so. for,a 'enital= de u, desePo oral e destrutio= pois co,o rei e senhor=
dipo do,ina e su.,ete ;ocasta3
as a pa de dipo é prec-ria3 A peste= eniada pelas F/rias (as $ríneas
*in'adoras= ue na ,itolo'ia 're'a são protetoras da fa,ília e
particular,ente das ,ulheres)= é a in'ança da ,ãe ,-3 Afir,ando#se na
'randea hu,ana= dipo tentar- enfrentar a erdade e desendar o
eni',a desse casti'o= superando os terrores persecutIrios= ainda ue
durante essa
acusando .usca
outros= tentassefora
colocando ta,.é,
de si olirar#se da erdade=
ue estaa dentro deculpando
si3 e
@arricida e incestuoso= co, o suicídio de ;ocasta dipo ta,.é, se torna
,atricida= destruindo a ,ãe co,o o.Peto total e sucu,.indo na culpa3 Ao
furar os olhos co, as a'ulhas ue prendia, as estes da ,ãe (seus seios
prote'idos) e ao ,utilar#se pela destruição ue causara= dipo ,er'ulha
nas treas da ,orte= ,as ta,.é,= pela situação de depend"ncia e, ue
fica= re'ride N situação infantil= ao ponto de onde nunca conse'uira sair a
ida toda3 Jncapa de andar por si sI pri,eiro por causa dos pés
a,arrados e depois por causa da ce'ueira dipo co,pleta o círculo de
seu destino= sua infMncia inter,in-el3
28
E antropIlo'o Léi#Strauss interessou#se pelo ,ito de dipo ,ais do ue
por sua transcrição na tra'édia de SIfocles3 Seu interesse= poré,= não se
olta para a histIria ou conte/do narrado e si, para a estrutura do ,ito=
isto é= o siste,a de relaçQes ue o constitue,3
$sse interesse se dee ao fato de ue Léi#Strauss considera ue a
passa'e, da +aturea N Cultura ocorre uando é esta.elecida a proi.ição
do incesto e= co, ela= as re'ras do parentesco ou das alianças=
funda,entais na constituição de todas as sociedades arcaicas3 @or esse
,otio= Léi#Strauss procurou de,onstrar ue a estrutura (e não a histIria
narrada) do ,ito é uniersal= ou sePa= todas as sociedades possue, ,itos
para explicar sua ori'e, e sua or'aniação e e, todos esses ,itos
encontrare,os se,pre a ,es,a estrutura presente no ,ito de dipo3
$ssa estrutura apresenta as se'uintes relaçQes funda,entais: 4) as
narratias
consan'Gíneasco,eça, e ter,ina,
hiperaloriadas co, do
(no caso relaçQes
,ito de de parentesco
dipo= ou
a narratia
co,eça co, a histIria de C-d,o procurando sua ir,ã $uropa= raptada
pelo deus ^eus= passa pelo casa,ento de `dipo co, ;ocasta e ter,ina
co, a histIria de Antí'ona= filha de `dipo= dando sepultura ao ir,ão=
@oliniceY 0) as narratias se,pre cont", episIdios e, ue as relaçQes de
parentesco ou consan'Gíneas são superdesaloriadas (no caso do ,ito
de dipo= no início= os espartanos se ,ata, entre si= depois dipo ,ata o
pai Laio e= no final= o filho de dipo= $téocles= ,ata o ir,ão @olinice)Y 1) as
narratias se,pre cont", u, episIdio no ual u, hu,ano destrIi u,
,onstro su.terrMneo ou ctVnico= indo da Terra (no ,ito de dipo= no
início da narratia= C-d,o ,ata o dra'ão e= no ,eio= dipo ,ata a
$sfin'e)= episIdio ue si,.olia o conflito entre duas explicaçQes so.re a
ori'e, dos hu,anos: a da ofífe, autIctone (os hu,anos .rota, da
Terra) e a da ne'ação da autoctonia (a ,orte dos ,onstros ctVnicos)Y 8)
as narratias se,pre cont", u,a refer"ncia a hu,anos co, dificuldade
para andar (no ,ito de dipo= o pai de C-d,o e $uropa= cha,a#se
L-.daco= ue uer dier coxoY Laio si'nifica tortoY e dipo= pé inchadoY e,
outros ,itos a,ericanos e africanos aparece, @é Frouxo= anco= @é
Torto)= si,.oliando a reafir,ação da autoctonia e a dificuldade para
andar dos ue nasce, da Terra3
2
Léi#Strauss exa,inou 'rande uantidade de ,itos das ,ais diferentes
culturas (a,ericanas= africanas= asi-ticas) encontrando se,pre a ,es,a
estrutura e, histIrias de conte/dos ,uito diferentes3 E.serou ainda ue
a estrutura
lado= do ,ito
a afir,ação e éne'ação
u, tra.alho para resoler
da autoctonia e= deduas
outrocontradiçQes: de u,
lado= a aloriação
e desaloriação das relaçQes de parentesco3
Caso os hu,anos não tenha, .rotado da Terra= de onde iera,
+asce,os de u, /nico ser= a Terra= ou de dois= u, ho,e, e u,a
,ulher @or ue te,os dois 'enitores e, lu'ar de u, E ,es,o e, do
,es,o (da Terra nasce, os ctVnicos= dos hu,anos nasce, os hu,anos)
Eu o diferente e, do diferente (da Terra nasce, os hu,anosY de u,
ho,e, e de u,a ,ulher nasce u, ser co, u, /nico sexo= a cada e)
Se'undo Léi#Strauss= o ,ito é reflexão anVni,a e coletia so.re o
eni',a da ori'e, (a autoctonia aparece co,o ,onstruosa dra'ão=
esfin'eY ou co,o defor,ante coxo= torto= inchado)= so.re o eni',a da
diferença sexual (co,o o ,es,o 'era o outro) e so.re a necessidade de
re'ras re'ulando as relaçQes entre os sexos (o siste,a de parentesco)=
cuPa infração é delito ,ortal3
A lei do incesto torna#se -lida apenas uando são reconhecidas a não#
autoctonia e a diferença sexual= portanto= uando se consu,a a ruptura
co, a +aturea= tornando possíel o adento da Cultura3
As an-lises de Léi#Strauss nos lea, a ousar aui u,a peuena
extrapolação (cuPa alidade não sa.e,os de,onstrar= se é ue h- al'u,a
alidade)3
+a !"nese .í.lica= o ,ito da ori'e, co,.ina a idéia de ori'e, diina co,
a de ori'e, autIctone= pois &eus= ue criara todas as coisas apenas pela
@alara (OFaça#seO)= no caso dos hu,anos= ,odelou no .arro o pri,eiro
ho,e, (e= no ,o,ento da condenação lhe dir-: OTu és pI e ao pI
retornar-sO)3
autoctonia: a Aperda
defor,idade
de u,a aparece=
costela3 $então= isto
ta,.é, haer u,
aparece u, ele,ento
,onstro de
ctVnico: a serpente ue rastePa3 A diferença sexual ta,.é, é enfrentada:
olhando os ani,ais= &eus decide dar ao ho,e, u,a co,panheira= poré,
co,o até esse
2>
,o,ento esta,os no reino da +aturea= le,os: O$sta si, é osso de ,eus
ossos e carne da ,inha carnebO= portanto o ,es,o e, do ,es,o3 O$la
ser- cha,ada ,ulher (e, he.raico= ,ulher Z ishshN) porue foi tirada do
ho,e, (e, he.raico= ho,e, Z ish)O= a diferença sexual sendo o.tida por
u,a extração do corpo fe,inino do interior do corpo ,asculino= se,
procriação3 Ta,.é, encontra,os a superaloriação do parentesco:
OSede fecundos= ,ultiplicai#os e co.ri a terraOY e a superdesaloriação:
Cai, ,ata A.el3 $= por fi,= aparece a lei do incesto uando &eus= olhando
a terra pooada= iu Oue estaa toda perertida porue toda carne tinha
u,a conduta perersaO e eniou a purificação: o &il/io e a distri.uição
dos seres na Arca por casais3
E adento da Cultura aparece e, dois ,o,entos de ruptura: na expulsão
do @araíso e no &il/io3
A expulsão do @araíso é a saída do estado natural de inoc"ncia= ocorrendo
no ,o,ento e, ue= tendo pecado= os hu,anos Operce.era, ue
estaa, nus e se ener'onhara,= co.rindo#se co, folhas de fi'ueiraO=
isto é= perce.e, a diferença sexual e a diferença entre seus corpos e os
dos ani,ais= donde o senti,ento cultural da er'onha= pois= co,o
escreeu o filIsofo erleau#@ont9= os hu,anos não se co.re, porue
tenha,
nus3 ,edo das
A ruptura inte,péries
se consu,a co,e do frio= ,as porue
a condenação sa.e,
diina: ue estão
o ho,e, dee
tra.alhar a terra estéril para o.ter frutos e a ,ulher dee passar pela dor
no tra.alho do parto3 &uplo cultio= cultura3
E &il/io decorre da ueda dos hu,anos pelo retorno a u,a
naturaliação= i,possíel apIs o pecado ori'inal: poli'a,ia= sodo,ia=
fratricídio e incesto3 as a Arca é reposição da orde, cultural: não sI é
produto de c-lculos e de tra.alho ,as e, seu interior estarão casais de
ani,ais (ue posterior,ente praticarão OincestoO= pois são ani,ais) e a
fa,ília de +oé= esposa= filhos e noras3 $ sua descend"ncia ser-
a.ençoada= uando nos céus aparecer o arco da aliança3
22
Sexo e pecado
so.re oo casa,ento3
a,or= ,as ue ficara, silenciadas so. suas teses OortodoxasO
Wue essas idéias= silenciadas pela J'rePa= se desenolera, na sociedade
cristã= duas peuenas proas o atesta,: o uadro de Ticiano A,or
@rofano e A,or &iino = ue P- ,enciona,os= e u, dos ,ais .elos
trechos do Jnferno= na &iina Co,édia= do poeta florentino &ante: o
encontro do poeta= no se'undo círculo do inferno= co, o casal de a,antes
Francesca e @aolo de Ri,ini3 Boue adultério (Francesca era casada co, o
ir,ão de @aolo) e por isso h- casti'o infernal (os corpos= arre.atados pelo
ento= tenta, desesperada,ente unir#se se, o conse'uir)= ,as neste
inferno= &ante coloca na .oca de Francesca as ,ais ternas= .elas= doces
palaras de a,or= e a piedade do poeta (e, e do horror pela pecadora)
o fa concluir o poe,a co, o erso: O$nuanto a histIria triste u, tinha
dito_ Tanto carpia o outro= ue eu= a.sorto_ $, piedade= senti letal
conflito_ $ to,.ei= co,o to,.a corpo ,ortoO3 Letal conflito: por ue @aolo
e Francesca hão de ,erecer as penas do inferno
$, terceiro lu'ar= o papel dado ao a,or= for,a de aloriar enor,e,ente
a fa,ília (a parede adornada pela Sa'rada Fa,ília)= te, u, si'nificado
político: é a resposta da J'rePa contra os ,oi,entos socialistas=
so.retudo os do final do século XJX e início do século XX= ue pretendia,
desfaer todas as instituiçQes repressias da sociedade .ur'uesa= aí
co,preendida a fa,ília na for,a do casa,ento ,ono'M,ico indissol/el3
4?0
+ão é apenas atraés do sacra,ento do ,atri,Vnio ue a reli'ião cristã
repri,e a sexualidade e a controla3 D, outro sacra,ento est- a seriço
do ,es,o
+este= fi,: o da confissão3
a sexualidade ser- catalo'ada= classificada= codificada de ,odo
,inucioso e exaustio= deixando perdida na noite dos te,pos a
si,plicidade da lista dos uatro pecados de São @aulo3
Ali-s= é possíel notar ue= e,.ora a lista dos sete pecados capitais
(so.er.a= aarea= lux/ria= ira= 'ula= inePa e pre'uiça) pareça distin'ui#los
entre si pelas causas= for,as e efeitos= na erdade= o pecado sexual
do,ina todos os outros3 $, pri,eiro lu'ar= porue ualuer ato (do,inar=
reter= encoleriar#se= co,er= uerer al'u,a coisa ista co, outre,
descansar) conerte#se nu, dos pecados capitais toda e ue for
praticado co, excesso e o excesso se cha,a: lux/ria3 $, se'undo lu'ar=
nas representaçQes dos sete pecados= nas ilu,inuras e 'rauras
,edieais e nas pinturas renascentistas= todos eles trae, traços de forte
sexualiação do praer3 A ,elhor fi'uração do praer se encontra no
uadro de %ronino= A Lux/ria= representada por u,a ,ulher nua= de
for,as exu.erantes= acariciada nu, dos seios por u, ,enino (ue tra os
sinais de ser Cupido) aPoelhado nu,a al,ofada (e a al,ofada= no cIdi'o
pictIrico da época= si'nifica relação sexual)= tendo ela nu,a das ,ãos o
dardo3 $, terceiro lu'ar= nos uadros ue representa, as tentaçQes=
so.retudo nos do pintor ;erVni,o %osch= o resultado da presença
si,ultMnea dos sete pecados é a 'eração de todos os tipos possíeis de
,onstros e de todas as ,eta,orfoses possíeis= enfatiando= assi,= o
car-terprocriatio contra#naturea da reunião de todos os ícios da carne3
A eolução dos procedi,entos da confissão é espantosa3
+u,a pri,eira época= o confessor inda'aa se o penitente co,etera
al'u, dossepecados
inda'aa listados
o penitente por São @aulo
os praticara3 e= no casoa dos
$ra= portanto= açãopecados
ue erasexuais=
Pul'ada
peca,inosa3
Jnspirando#se nas discussQes de Santo A'ostinho so.re os conflitos e
dra,as da interioridade= nu,a época se'uinte o confessor passou a
inda'ar ao penitente se= alé, de atos= ta,.é, haia desePado pratic-#los=
ainda ue não o tiesse feito3 A'ora= o pecado concerne ta,.é, Ns
intençQes3
A se'uir= o confessor é instruído para conhecer u,a erdadeira anato,ia
do pecado carnal3 Aprende uais os pecados
4?1
carnais possíeis para cada u,a das partes do corpoY uais os o.Petos e
situaçQes ue pode, esti,ular cada u, desses pecados3 E pecado= alé,
de espalhar#se pelo corpo do penitente= ta,.é, enole o ,undo no ual
ele ie3
Jsto explica= por exe,plo= a exi'"ncia de ue as ,ulheres se cu.ra, co,
,uitas estes= ue não pise, e, certos lu'ares= não fale, certas
palaras ne, fale, co, deter,inadas pessoas para não sere, ocasião
de tentação= pois a'ora a si,ples tentação P- é peca,inosa3 &o ,es,o
,odo= re'ras são esta.elecidas para ue, não desePa correr o risco da
tentação3 Assi,= o @adre %ernardes= nu, liro intitulado +oa Floresta=
escree: OAo 'loriosíssi,o doutor da J'rePa (São To,-s de Auino) disse
u,a senhora: por ue se estranhaa tanto das ,ulheres= pois nascera de
u,a Respondeu: @orue nasci de u,a= é ue fuPo de todas (333)3 Es olhos
.aixos e, presença de ,ulheres denota, estar o coração leantado= e os
olhos leantados=
ue fita denota,
os olhos e, ,ulher=estar
.e, .aixo e caído3
poder- Reli'ioso
ser reli'ioso ou sacerdote=
ou sacerdote= ,as
então não pareceO3
$sse trecho de %ernardes é su'estio porue nos infor,a de u, outro
aspecto da confissão3 Ao dier o ue si'nifica ter os olhos leantados ou
os olhos .aixados= %ernades apenas reto,a u,a nor,a funda,ental do
confessor= ual sePa= a de sa.er decodificar todos os sinais do pecado e da
irtude por ,ais ínfi,os ue sePa, e apareça, onde aparecere,3 A
se'uir= dee transfor,ar esse cIdi'o e, peda'o'ia3 As ,eninas não
aprende, desde cedo ue é sinal de ,odéstia ,anter os olhos .aixos
Learão al'uns anos para desco.rir ue a aloriação da ,odéstia apenas
sere de ,-scara para i,pedi#las do uso sensual do olhar= pois o pecado
não est- apenas e, sucu,.ir N tentação= ,as ta,.é, e, ser fonte dela=
sendo o ,aior pecado uando a tentação é deli.erada= eidente,ente3
D,a leitura dos liros de .oas#,aneiras para ,eninos e ,eninas das
classes do,inantes catIlicas é suficiente para percorrer,os o ,inucioso
controle do corpo= apresentado co,o .oa#educação3 Es ,eninos= por
exe,plo= não dee, conserar as ,ãos nos .olsos3 Conser-#las ali seria
sinal de aarea Tale3 as a proi.ição isa a outro fi,: i,pedir a
tentação da ,astur.ação3 As ,eninas não dee, cruar as
4?8
pernas na altura dos Poelhos= ,as apenas na dos calcanhares3 Sinal de
ele'Mncia Assi, o di a racionaliação3 +a erdade= trata#se de i,pedir
ue= pela fricção das coxas= a ,enina ta,.é, se ,astur.e3 +ão se dee
falar co, superior fitando#o nos olhos3 Sinal de ,odéstia e de o.edi"ncia
+ão3 Risco
parece deconertido
ter#se sedução sensual3
nu, .a/$,do su,a=
dia.o333o Ote,plo do $spírito SantoO
$nfi,= co,pletando a ceri,Vnia confessional= o confessor não se
contentar- e, inda'ar do penitente se participou= tee a intenção de
praticar= ou fantasiou este ou auele pecado3 @rocura fa"#lo falar por si
,es,o para ue= atraés das traiçQes das palaras= capture o pecado
escondido3 @rocedi,ento 'eneraliado para todos os penitentes= ,as
particular,ente e,pre'ado para os réus da Jnuisição= pois esta sI
dispunha do direito para condenar= se o.tiesse a confissão olunt-ria do
acusado3 $idente,ente= ela dispunha de excelentes ,étodos para
che'ar a essa decisão Oolunt-riaO= ,as u, dos ,étodos= ue não
e,pre'aa tortura física e si, ,ental= era lear o acusado a falar para
ue caísse e, contradição= se en'anasse= tiesse lapsos de ,e,Iria=
sinais de ue ocultaa al'u,a coisa= traindo#se se, o sa.er3
A historiadora liana +oins<9= nu, ensaio intitulado Beresia= ulher e
Sexualidade= estudando processos de ,ulheres no +orte e +ordeste no
%rasil nos séculos X*J e X*JJ= selecionou os das ue fora, su.,etidas N
Jnuisição so. acusação de feitiçaria= sodo,ia= .i'a,ia= .lasf",ia e
incesto3 $ssas ,ulheres não era, ne, as sinh-s ne, as escraas= ,as
pertencia, N ca,ada dos co,erciantes= artesãos= peuenos funcion-rios
da Coroa e a u, 'rupo cha,ado= su'estia,ente= Odas a'a.undasO= isto
é= ,ulheres profissionaliadas= tecelãs= endeiras= i/as ue
sustentaa, a fa,ília= etc3
Es inuisidores= e, toda parte= %rasil ou $uropa= usaa, u, ,anual
deno,inado alíeus aleficaru, ue fornecia ao interro'ador todos os
ele,entos para
dissi,ulados ou desco.rir os fosse,3
ínfi,os ue sinais deA.ruxaria nu,ado,ulher=
idéia central ,anualporera,ais
a de
ue o ,al est- e, toda parte= ,as ue é de dois tipos: natural (pestes=
secas= inundaçQes) e ,aléfico (decisão olunt-ria de destruir ou sa.otar a
orde, do ,undo= decisão inda do rial de &eus= o &ia.o= o aléfico ou
ali'no)3
4?
As ,ulheres= se, exceção= são colocadas co,o ,al ,aléfico porue= por
naturea= são crédulas= faladoras= coléricas= in'atias= de ontade e
,e,Iria fracas e insaci-eis= prestando#se a todas torpeas sexuais3
Consideradas co,o desorde, (isto é= co,o +aturea ainda não su.,etida
N re'ra= N orde, e= portanto= N Cultura)= todas as ,ulheres= sePa, elas
esposas= parteiras= .ruxas= prostitutas ou freiras= são se,pre descritas
exclusia,ente e, ter,os sexuais (a .ruxa dor,e co, o dia.o e a freira=
co, &eusY a puta dor,e co, todos= a freira= sI co, ;esus u,a canção
de Chico %uarue nos reela co,o essas i,a'ens exclusia,ente
sexuadas das ,ulheres ainda per,anece, no i,a'in-rio e no cotidiano
.rasileiro= de tal ,odo ue o encontro ,atinal da puta= oltando do
tra.alho= co, a freira= indo N ,issa= é u,a espécie da síntese da i,a'e,
fe,inina .rasileira para o olhar ,asculino)3
A finalidade da confissão das acusadas= perante o Jnuisidor= era a de ser
transfor,ada e, peça funda,ental da prIpria acusação= so.retudo co,o
auto#acusação e co,o delação de todas as pessoas prIxi,as enolidas
(,uitas ees= co,o se sa.e= u, processo inuisitorial era feito ,enos
para condenar u, acusado e ,ais para ue ele= atraés da delação=
apontasse al'ué,
Aceitando ue= de
confessar#se= a fato= era arealiaa
acusada pessoa isada pela inuisição)3
a finalidade principal da
Jnuisição co,o instituição: reconhecia o tri.unal e= portanto= reforçaa o
siste,a3
Atraés das confissQes= a historiadora nos ,ostra o uadro da repressão
sexual dessas ,ulheres: a acusação de .i'a,ia decorre da luta entre
ho,ens riais e reela a estrutura do casa,ento co,o relação de forçaY a
de sodo,ia= é ,eio para eli,inar u,a ,ulher indeseP-el e Pustificar a
separação lícita se, ue os espanca,entos anteriores rece.a, punição e
se, ue o dote da esposa precise ser deolido= perdendo ela ta,.é, a
dotação do ,arido (nessa acusação= a proa é o.tida pela resposta
afir,atia N per'unta: Ohoue deleitaçãoO= isto é= praer)3 as= de todas
as acusaçQes= é a confissão da feiticeira ue ,elhor ilu,ina a situação
sexual dessas ,ulheres 3 A acusação de feitiçaria é se,pre sexual= pois a
feiticeira é auela ue dor,e co, o dia.o3 as as confissQes ,ostra, as
dificuldades ,atri,oniais das ,ulheres ue procuraa, solucion-#las
pela ,a'ia= co, poçQes e filtros= na
4?>
esperança ue os ,aridos lhes Odesse, a .oa idaO e lhes tiesse,
Oa,or e a,iadeO3 A procura da feitiçaria reela a incapacidade da J'rePa
para aPud-#las3
Todaia= a preocupação da J'rePa co, as feiticeiras e a sodo,ia
(ho,ossexualidade fe,inina) se dee ao te,or de ue criasse, u,
O,undo fe,ininoO= prIprio= desinculado do controle eclesi-stico (,undo
feito de solidariedade e so.retudo de profissionaliação das ,ulheres)3
Reencontra,os
decidiu ensinar aaui al'o
ler Ns se,elhante
,ulheres3 ao ue
E ,es,o i,os
,edo uando
de perder a J'rePa
o controle
so.re elas3
Re'resse,os= poré,= N confissão sacra,ental3
Tendo o corpo se tornado ,icroscopica,ente peca,inoso= tanto co,o
recept-culo da tentação uanto co,o proocador dela= ocorrer- co, ele o
,es,o ue assinala,os a respeito dos sete pecados capitais= isto é= a
sexualiação de todos os pecados reaparece a'ora co,o sexualiação do
corpo inteiro3
+esta perspectia= o pecado da palara= ue São @aulo colocara co,o u,
pecado específico (podendo ser contra &eus ou contra o prIxi,o= co,o a
.lasf",ia ou a cal/nia)= torna#se ta,.é, pecado sexual3
A sexualiação dos pecados e do corpo si'nifica= si,ples,ente= a
preocupação cristã co, todas as for,as da concupisc"ncia= isto ser esta
a ,anifestação da frauea da carne= e= conseGente,ente= a
preocupação est- oltada para a percepção= captura e controle de tudo
uanto desperte praer3 pela ia da caça ao praer ue os pecados e o
corpo ão sendo sexualiados3 $ é pela ia do praer ue a palara
passar- a ser u, pecado sexual3 Faladas= escritas ou si,ples,ente
pensadas e, sil"ncio (isto é= se, co,unicação)= ouidas ou lidas= estão
su.,etidas a ri'oroso exa,e3 A peculiaridade da palara= so. o re'i,e da
confissão= não se acha apenas no fato de haer u, oca.ul-rio sexual ue
precisa ser usado co, ,oderação e atraés dos eufe,is,os= e si, no
fato de ue toda e ualuer palara= dependendo de ue, a usa= co,o=
uando e por ue a usa= estar inestida de praer sexual3 &onde= e,
,uitas ordens
espantoso reli'iosas=
da palara= a o.ri'atoriedade
desco.erta do oto
ue o confessor de conse'ue
h-.il sil"ncio3 as o
produir
no penitente= é ue a pronuncia,os se, sa.er o ue die,os
4?2
e ue ela nos fa dier o ue não suspeit-a,os existir e, nIs (u, dia=
isso rece.er- no,e: inconsciente e retorno do repri,ido)3
A confissão é o corpo e o ,undo postos so. suspeitaY ,as a palara é
ainda acrescida de outro atri.uto: é reeladora e por isso ,es,o
peri'osa3
D,a síntese da suspeição#reelação e de seu peri'o= li'ado ao
conheci,ento e N di,inuição da censura= aparece ad,irael,ente no
ro,ance de D,.erto $co= E +o,e da Rosa= no ual o cri,e= a suspeita= o
pecado= o poder e a ueda estão distri.uídos N olta de u, centro= u,
local feito apenas de palaras: a .i.lioteca3 $ o liro proi.ido= auele ue
entre todos os da .i.lioteca nin'ué, poder- ler= os ue o fiera, tendo
sido assassinados= é u, liro de elo'io ao riso N ale'ria= ao hu,or e N
'raça3 +esse ro,ance= as ,editaçQes de Santo A'ostinho so.re o pecado
da curiosidade li'ado direta,ente ao conheci,ento intelectual e
inconsciente,ente ao praer sexual constitui u,a das tra,as da
narratia: ler e escreer são Panelas e portas preferenciais do &ia.o= por
isso a .i.lioteca não te, Panelas e sua /nica porta é 'uardada a chaes=
antecedida por u, corredor onde Pae, ossadas3 $ o 'uardião do liro
proi.ido= ue para prote'"#lo assassina= é ce'o3
@oré,= o uadro confessional ainda não est- co,pleto3
+as ConfissQes= perplexo e ator,entado= Santo A'ostinho escreia ue
todos os esforços de
era, inteira,ente controle
perdidos da ontade=
durante o sono:realiados durante a i'ília=
sonhaa pecados3
Assi,= N lista dos pecados e de suas ocasiQes= o confessor acrescentar- os
sonhos3 Wuando nosso corpo e nossa al,a relaxa, para o descanso=
,elhor oportunidade dão ao de,Vnio para infiltrar#se se, ue haPa co,o
co,.at"#lo e enc"#lo3 &onde as re'ras ue serão esta.elecidas para
di,inuir o risco de sonhar: as preces antes de ador,ecer (para as
crianças= a inocação do AnPo da !uarda)= a fru'alidade da refeição
espertina (o ue ,ostra a relação entre 'ula e sexo)= o cuidado co, os
dierti,entos noturnos para ue não deixe, a al,a preparada para a
infiltração de,oníaca (donde a reco,endação da leitura de idas de
santos= dos liros de oração= da %í.liaY a retic"ncia reli'iosa face aos
.ailes e festas noturnasY a re'ula,entação das ocasiQes e, ue a relação
sexual
4?7
conPu'al pode acontecer)= e o elo'io= leado ao ,-xi,o no
protestantis,o= do tra.alho= pois O,ente desocupada= oficina do dia.oO (o
ue ,ostra a relação entre pre'uiça e sexo)3
A confissão é= podería,os dier= u,a técnica da fala3 E confessor atua
nu, crescendo: inda'a inicial,ente se houe ato peca,inoso ou intenção
peca,inosaY sendo afir,atia a resposta= inda'a: houe deleitação= pois
a falta é ,aior e, caso de praer3 Afir,atia a resposta= inda'a uais os
Ir'ãos ue se deleitara, (a falta ariando de 'raidade confor,e os
Ir'ãos de praer)= uanto te,po durou a deleitação (a 'raidade da falta
sendo proporcional ao te,po de praer)= uantos se enolera, nela e
onde
de aconteceu (haendo
participantes u,a
e os locais)3 codificação
@or do pecado
fi,= o confessor confor,e
inda'a o n/,ero
se o penitente
est- arrependido= pronto para a contrição erdadeira e para não ,ais
pecar3 $xi'e= portanto= ue o pecador di'a a erdade so.re a sexualidade
e ue essa erdade= atraés do ato de contrição ou do arrependi,ento=
atue so.re o co,porta,ento futuro= ,odificando o ser do penitente3 na
exi'"ncia da ,odificação ue o controle ,elhor ,anifesta o papel da
repressão sexual: não se trata apenas de proi.ir atos= palaras e
pensa,entos= ,as de conse'uir ue outros enha, colocar#se no lu'ar
dos peca,inosos3
Al'o ta,.é, é exi'ido do prIprio confessor= posto ue é u, ser hu,ano=
apesar da 'raça santificante rece.ida pelo sacra,ento da Erde,: não
dee pecar ao ouir a confissão3 $sse risco existe se o confessor sentir
praer no ue oue= fantasiar a partir do ue escuta= tornar#se c/,plice
inolunt-rio do penitente= faendo#o alon'ar a fala e detalhar o prIprio
praer3 E risco da confissão para o confessor foi ad,irael,ente descrito
pelo ro,ancista $ça de Wueiro nu, ro,ance intitulado E Cri,e do @adre
A,aro3
E Catecis,o da &outrina Cristã= no capítulo dedicado N confissão= explica
sua necessidade= por ue se cha,a penit"ncia ou confissão e uais suas
re'ras3 necess-ria para perdão dos pecados co,etidos apIs o .atis,oY
é penit"ncia porue o pecador dee su.,eter#se Ns penas ue o
confessor lhe i,puserY é confissão Oporue para o.ter o perdão dos
pecados não .asta detest-#los= ,as é necess-rio acus-#los ao confessor
(no níel da racionaliação= a explicação é si,ples: trata#se de
4?6
,anifestar a irtude da hu,ildade= confessando#seY no níel inisíel= o
,otio é outro: é ,eio de controle)3
E poder do confessor é total= pois a Ofor,a do sacra,ento da penit"ncia
é: $u te a.solo dos teus pecadosO= a.solição feita e, no,e de &eus=
por ue, o confessor foi inestido3 $nfi,= a confissão dee ser precedida
do exa,e de consci"ncia (isto ue o pecador o é e, sua al,a e
consci"ncia) e o Catecis,o explica co,o fa"#lo: exa,inar co, dili'"ncia
os pecados Oco,etidos por pensa,entos= palaras= o.ras e o,issQesO=
exa,inar os ,aus h-.itos e as ocasiQes de pecadoY se os pecados fore,
,ortais= sa.er o n/,ero deles e o te,po e, ue se per,aneceu nelesY
exa,inar as circunstMncias= pois estas pode, transfor,ar u, pecado
enial e, pecado ,ortal= e exa,inar as Oue au,enta, ,uito a ,alícia
do pecadoO3 Co,o facilitar esse exa,e OE exa,e de consci"ncia torna#se
f-cil pensando nIs nos lu'ares e, ue estie,os= nas pessoas ue
freGenta,os e nas coisas co, ue nos ocupa,osY é ,uito ,ais f-cil
para os ue t", o costu,e lou-el de exa,inar todos os dias a
consci"ncia= coisa tão reco,endada a ue, uer ier cristã,ente3O
E Catecis,o ainda pre" o risco do esueci,ento e da er'onha3 E
$sueci,ento pode ser corri'ido na confissão se'uinte= ,as ue, o,itiu
u, pecado por er'onha= co,ete sacrilé'io (o ,ais 'rae dos pecados
,ortais)3 &iante dessa exi'"ncia de desnuda,ento incondicional= o
Catecis,o pre" a o.Peção do fiel: não é terríel ter de confessar a ou
tre, o ue nos causa er'onha Resposta: OAinda ue pareça duro= é
preciso fa"#lo= porue de outro ,odo não se pode conse'uir o perdão dos
pecados co,etidos
co,pensada e anta'ens
por ,uitas porue a e dificuldade de confessar#se
'randes consolaçQesO3 Assi,= éfica
o
aspecto cat-rtico ou purificador= a exterioriação do tor,ento
interioriado= ue torna a confissão u, .e,3 E ue= se, d/ida= é
erdade3 $ co,o não seria assi,= depois ue aprende,os a nos
ator,entar E ,ecanis,o funda,ental consiste= pois= e, nos li.erar
depois de nos haer repri,ido= ,as so. a condição de aceitar noa
repressão3 @or isso o Catecis,o fa duas exi'"ncias: a .oa confissão sI
pode ser feita por ue, conhece a doutrina cristã e uando o penitente
não escolhe u, confessor Ode,asiada,ente indul'enteO3
44?
Se, d/ida= entre a decisão repressia e sua plena execução h- u,a .oa
distMncia e ne, se,pre a reli'ião cristã o.tee o sucesso al,ePado= a
histIria do cristianis,o e da sociedade ocidentais sendo a ,elhor proa
disso3 +o entanto= o funda,ental não se encontra tanto no sucesso isíel
conse'uido ou não pelas re'ulaçQes reli'iosas= ,as na sua i,plantação
inisíel co,o ideal de ida e de perfeição= passando a deter,inar o
conPunto da exist"ncia social3 $ as trans'ressQes= se são proa do
insucesso isíel= por sere, trans'ressQes ta,.é, são a proa da
i,plantação das re'ras3
@oucas serão as pessoas= hoPe e, dia= ue se'ue, as re'ras dos
O$xercícios do Cristão para Santificar o &iaO= tais co,o apresentadas pelo
Catecis,o da &outrina Cristã= onde são codificadas todas pr-ticas
cotidianas do cristão (o ue dee faer ao leantar#se= ao estir#se= ao
ali,entar#se= no tra.alho= no laer= durante o toue da Ae#aria= ou dos
do.res
cidadesdo sino
cuPo anunciando
te,po u,a pelo
é re'ulado ,orte)= ,es,o
Liro porue
das Boras P- sãosinos
e pelos poucas
da as
i'rePa= o cronV,etro da produção capitalista tendo alterado radical,ente
nossa relação co, o te,po3
+o entanto= é a presença difusa= inisíel e ,odificada desse estilo de
ida= da relação co, o corpo e o ,undo= ue per,anece no fundo da
sociedade cristianiada= não sendo u,a a.erração= ,as u,a
conseG"ncia perfeita,ente racional= o sur'i,ento contínuo de seitas ou
de tend"ncias no interior das i'rePas he'e,Vnicas (catIlica e protestante)
ue pretende, lutar contra o aanço da dessacraliação do ,undo
atraés do Reer'ui,ento oral da sociedade= o pri,eiro alo sendo=
eidente,ente= a sexualidade3
Ainda ue não pretenda,os aprofund-#la= não 'ostaría,os de passar e,
sil"ncio u,a outra di,ensão da repressão sexual reli'iosa: sua for,a
extraordinaria,ente .ela e co,oente= sua su.li,ação no "xtase ,ístico=
dos santos cristãos= co,o San ;uan de La Cru e Santa Terea d[\ila3
Santa Terea escree u, liro E Castelo Jnterior3
E castelo interior é a al,a e nele existe, sete oradas: na pri,eira= a
al,a enfrenta feras i,undas ue desePa, a'arr-#la= se'ur-#la para ue
não si'a o ca,inho= serpentes
444
enrolando#se e, seus pésY na séti,a= a al,a se une ao &iino $sposo e,
n/pcias espirituais= cuPos preparatios fora, feitos na traessia do
ca,inho e cuPas delícias as /lti,as ,oradas anunciaa, nu, crescendo3
Co,o nas epopéias ou nas 'estas da Caalaria edieal (ue Santa
Terea lera
ta,.é, co, paixão)=
nas 'estas co,o
e le'endas)= nos contos
a al,a= ,arailhosos
Caaleiro (inspirados
Andante= puro= honrado
e coraPoso= passa pelas proas da estrada= dos la.irintos= das florestas
para encontrar= no final da ca,inhada= o pr",io da desePada pousada3
@ouso3 Repouso3
@aolo e Francesca dissera, a &ante= no * Canto do Jnferno= ue se
a,ara, enuanto lia, o ro,ance de Lancelot do La'o e a &a,a
!uineer ro,ance dentro do ro,ance= pois Lancelot e !uineer
ta,.é, fora, íti,as da paixão ue os leou ao adultério3 OA,or nos
conduiu a u,a orteO= soluça Francesca3
Santa Terea d[\ila atraessa incIlu,e as tentaçQes do ca,inho= ual Sir
!alahad= caaleiro da J,aculada @urea= di'no do Santo !raal o &iino
C-lice3 !uiada pelo canto .í.lico OSenhor= eu não sou di'na de ue
entreis e, ,inha ,orada= ,as se nela entrades= ,inh[al,a ser- salaO
Santa Terea alcança o "xtase ,ístico3
`xtase (do 're'o= e<st-sis sair de si= arre.ata,ento interior= transe=
deleitação= estado espiritual para alé, da raão e do autocontrole=
esueci,ento e perda de si no interior de u, outro ser)= ,ístico (do
're'o: ,usti<os= ,ust"s pessoa iniciada nos ,istérios sa'rados=
reelados diina,ente por ,eios inalcanç-eis pela si,ples raão
hu,ana)= "xtase ,ístico é arre.ata,ento e exaltação interiores= entre'a
de si N diindade para nela e dela rece.er a reelação do oculto= fusão
plena iida co,o encontro de si ao perder#se no seio de &eus3
Co,o todo ,istério= o "xtase ,ístico se realia co,o Jniciação=
aprendiado lento= difícil no ual o corpo precisa ser preparado (o iniciante
aprende
falar co,a aer co,
.oca os olhospara
fechada) fechados= a ouir
oltar#se so.reco, os ouidos
si ,es,o tapados=
a fi, de ue a
possa sair de si e desendar a presença oculta do espírito nas do.ras da
carne= preparando#se para a reelação supre,a: a presença do espírito
diino no espírito hu,ano e deste nauele3 E transporte ,ístico é esse
encontro consi'o ,es,o no encontro
440
co, o ser diino3 Fusão e esueci,ento3 @aixão#passiidade ue é
conheci,ento#atiidade3 $ntre'a ue é recepção3 Conte,plação ue é
i,ersão3 Rendição ue é li.eração3 A.is,o na trea ue é lu er co, o
olho do espírito3
*isão3 Es 're'os diia, ue os olhos pode, er a lu porue são parentes
do sol= e= e, lati,= olhos se die,: lu,ina= lues3 *isão ,ística: o olho do
espírito é parente do sol diino3 O+o princípio era o *er.o3 $ o *er.o era
&eus= Lu ilu,ina toda a terraO= assi, principia o $an'elho de São ;oão3
$xperi"ncia da ida co,o ,orte= da ,orte co,o ida= o "xtase ,ístico
realia a desencarnação do espírito atraés da carne: Santa Terea fala
e, +/pcias co, o &iino $sposo3 Sua lin'ua'e,= co,o a de todos os
,ísticos= não é ,etafIrica: não fala Oco,o seO isse " = ne, Oco,o
seO ouisse oue = ne, Oco,o seO tocasse ou fosse tocada toca e é
tocada = ne, Oco,o seO sentisse sente3 E ,istério é isso3 Wue
experi,ente na carne de seu corpo o ue ie e, puro espírito3 Se o
,ístico aspira pelo sil"ncio é porue aspira pela unidade co, o indiíel3
Dnidade ue não é apenas a da criatura co, o criador= ,as ta,.é, da
criatura consi'o ,es,a atraés do criador= unindo o separado= corpo e
espírito3 @or
cha,a, peloisso o senti,ento
no,e de: !lIria3da plenitude i,Iel
oi,ento plena ue os liros sa'rados
de reersi.ilidade= no
ual o sair de si é entrar e, si= o entrar e, si é sair de si3 Reersi.ilidade
ue o filIsofo erleau@ont9 desi'nou= depois de Be'el= co,o: o $spírito3
O333 e co,eço a falar co, o Senhor= u,a lin'ua'e, sin'ela porue ,uita
e ne, sei o ue di'o3 a,or ue fala e a al,a est- fora de si= tão fora
de si ue não ePo diferença entre ela e &eus3 E a,or sa.e ue, é Sua
aPestade= ,as esuece#se de si ,es,o= sente estar n[$le co,o e, coisa
prIpria= se, separação3 $ di loucuras333O
O333 *i'ia= ue tudo é .ree= ainda ue teu desePo faça parecer duidoso o
ue certo é3 Sa.e ue uanto ,ais co,.ateres= ,ais ,ostrar-s teu a,or
ao teu &eus e ,ais te deleitar-s co, teu A,ado= e, ale'rias e delícias
ue não terão fi,333O
O333 al,a ,inhab Ad,ir-el é a .atalha= essa luta e co,o tudo se
cu,pre N riscab @ortanto o ,eu A,ado é ,eu e eu sou do ,eu A,ado333O
441
O333 Wue, ousaria separar e apa'ar duas cha,as tão ardentes *ão seria o
esforço= porue duas= elas fae, u,a
O333 o ,eu Senhor ,e fala= ,e lea Punto a Si co,o o M,.ar atrai a palha=
fere ,inh[al,a co, ferida tão 'ooa ue não uereria curar#,e nunca333O
333V deliciosa loucura= ,inhas ir,ãsb333 Co,o -'ua do céu caindo nu, rio
ou nascente for,a /nica ,assa líuida= a -'ua do rio insepar-el da ue
eio do Céu333 ou co,o lu ue entra por duas Panelas nu, uarto: inda
ue separadas N entrada= for,a, u,a /nica ,ancha lu,inosa333 A al,a e
&eus 'oa, u,a da outra= nu, sil"ncio a.soluto333 assi, a n/pcia
espiritual333O
Dnidade do finito consi'o ,es,o na unidade co, o infinito no infinito=
a.sorção da parte no todo3 *ida e ,orte3 Dnidade cIs,ica e= no entanto=
experi"ncia da indiidualidade3 @or isso ,es,o= ida sI é possíel co, a
,orte3
*io sin iir en ,i
de tal ,aneira espero
Wue ,uero por ue não ,uero333
Co,o nu, eco prolon'ada= responde o A,or @rofano= falando pela .oca
do poeta Lorca:
A,or de ,is entraas= ia ,uerte= $n ano espero tu pala.ra escrita
pienso= con la flor ue se ,archita= Wue si io sin ,i uiero perderte3
Sexo e imoralidade
E aru"s de Sade= escritor franc"s do século X*JJJ= foi preso -rias ees
por causa de seus costu,es sexuais considerados i,orais (de suas idéias
e pr-ticas sexuais iera, as palaras sadis,o e s-dico_a)3 Acusado por
,aridos e esposas traídos= por pais cuPas filhas teria seduido e
,altratado= passou anos na %astilha e depois foi eniado para u,
hospício= onde eio a ,orrer3 $stranha,ente= Sade= acusado de
448
identificar coito e crueldade= sexo e porcaria= de desePar o sofri,ento dos
parceiros= durante u, período de li.erdade= no,eado para o P/ri de
tri.unal de acusação= recusou#se a prePudicar u,a das fa,ílias ue ,ais o
haia, perse'uido e cuPa sorte= durante a Reolução Francesa= estee e,
suas ,ãos3 Renunciando a ser parte do tri.unal= escreeu a u, a,i'o
diendo ue o fiera porue Oueria, ue eu co,etesse u, horror= u,a
desu,anidade e eu não assentiO3 @ara ele= o Terror= instaurado pela
Reolução= era inaceit-el= pois era crueldade e iol"ncia praticadas e,
no,e de princípios a.stratos3
Sade fa parte de u,a 'eração liter-ria conhecida co,o li.ertina3 D,
escritor e poeta= cha,ado Rétif de la %retonne= ta,.é, escree e pratica
u,a sexualidade trans'ressora= o praer te,pestuoso e se, li,itesY o
filIsofo &iderot escree u, liro cha,ado A Reli'iosa no ual freiras se
entre'a, a todos tipos de trans'ressão sexual porue= se'undo o
ro,ancista= repri,e, seus desePos e sI pode, li.er-#los de for,a
perersa3 Jn/,eros+o
pelo lado satMnico3 outros escritores
entanto= e,.oradotendo
período
auiira, o sexo e o co,
e ali pro.le,as a,oras
polícias de costu,es e co, a censura liter-ria= não tiera, o destino
tr-'ico de Sade3 @or u"= inda'a a escritora francesa Si,one de
%eauoir3 Responde: porue todos os outros consideraa, a +aturea
essencial,ente .oa= fonte de u,a ,oral pura ue a ciiliação tendia a
corro,per e a sexualidade de,oníaca de seus liros era a de,onstração
da perda da .ondade natural3 Sade= pelo contr-rio= é o /nico a não
idealiar a .ondade natural= a considerar a +aturea Oco,o éO e a se'ui#la
assi, ,es,o3 ` o /nico para ue, a relação sexual não é o encontro de
dois seres= considerando ue Otodo 'oo partilhado se enfraueceO3 o
/nico a desco.rir a sexualidade co,o e'oís,o e e'ocentris,o=
aloriando o a,ante cere.ral e l/cido ue não se perde ne, se
a.andona3
Si,one de %eauoir considera ser esta a O,aldição de SadeO3 Tale= no
entanto= alha a pena inda'ar se não é isto u, Pul'a,ento ,oral ue
pressupQe u,a certa idéia da sexualidade exclusia,ente li'ada ao
senti,ento do encontro e da entre'a recíproca= excluindo por isso outras
escolhas sexuais= co,o a de Sade3 $, su,a= não haeria= na opinião de
Si,one so.re Sade= o pressuposto de ue h- u,a for,a de sexualidade= a
'enerosa e do encontro= e, e de consider-#la u,a entre outras=
pressuposto ue conteria u, secreto ,oralis,o
44
+ota a.aixo da foto:
&os sete pecados capitais= a Lux/ria é o ,ais terríel porue o ,ais
sedutor e porue dela nasce, os outros seis ou por ela são eles
esti,ulados3 +o uadro de %ronino= o dardo na ,ão de Lux/ria e a
al,ofada so.re o ual se aPoelha Cupido= si,.olia, o ato sexual= apenas
es.oçado nos 'estos das fi'uras3 A .elea e perfeição dos efe.os e da
,ulher se contrapQe a elhice do Te,po (ao fundo)= ue reté, a che'ada
dos frutos da Lux/ria= isto é= os ,onstros contorcidos= N esuerda do
uadro3
Fi, da nota3
44>
Se o aru"s de Sade= politica,ente contr-rio ao Terror= é condenado é
porue sua sexualidade é peri'osa3 +ão pelo ínculo entre coito e
crueldade (a discutir)= ,as pelo ínculo entre sexualidade e e'oís,o3 Co,
dificuldade=
para a sociedade
aceit-#lo européia
era 'arantir aceitou o sexo=
sua 'enerosidade= sua ,as u,anecess-ria
relação das condiçQes
co,
a doação de si ao outro isto é= auilo ue a ,oral .ur'uesa definir-
co,o a,or conPu'al e fa,iliar= para o ual u, filIsofo= co,o Rousseau=
educou seu discípulo i,a'in-rio= $,ílio= e sua noia= Sofia3
+o século XJX itoriano= o escritor e poeta Escar ilde foi preso e
social,ente desualificado= alé, de literaria,ente esuecido (uando
alcançaa o au'e de sua criação)= acusado de ho,ossexualis,o3 +u,
texto= intitulado &e @rofundis= ,editando so.re a de'radação e o casti'o=
escree: OSe depois de tudo eu não sentir er'onha de ,eu casti'o
co,o espero não sentir serei capa de pensar= ca,inhar e ier
lire,ente3 B- ,uitos ho,ens ue= ao sere, li.ertados= carre'a, a
prisão dentro de si e a oculta, co,o u,a secreta des'raça e, seus
coraçQes= até ue aca.a, por enfiar#se nu,a coa ualuer para ,orrer
co,o se fosse, po.res ani,ais enenenados3 terríel ue se ePa,
forçados a a'ir assi, e errado= terriel,ente errado= ue a sociedade a
isso os o.ri'ue3 A sociedade= ue se arro'a o direito de inflin'ir ao
indiíduo os ,ais ,edonhos casti'os= co,ete ta,.é, o supre,o pecado
da ne'li'"ncia ao não perce.er as conseG"ncias de seus atos3 &epois
ue o ho,e, cu,pre a pena= ela o a.andona= isto é= o deixa entre'ue N
prIpria sorte= no ,aior ,o,ento e, ue deeria elar por eleO3
ilde inda'a a raão desse a.andono= depois ue o condenado cu,priu
as exi'"ncias da punição social3 Sua resposta nos esclarece por ue
afir,ara ue sairia lire se, lançar#se nu,a coa co,o po.re ani,al
enenenado= isto é= por ue não sucu,.iria N interioriação da culpa
i,posta e cultiada
Oas a erdade pela
é ue sociedade3se ener'onha de seus prIprios atos e
a sociedade
desprea auele a ue, puniu= assi, co,o as
442
pessoas desprea, o credor cuPa díida não tenha, co,o pa'ar= ou a
al'ué, contra ue, tenha, co,etido u, ato irrepar-el e irredi,íel3O
Texto ad,ir-el= ue desce ao M,a'o da repressão: lançar so.re a íti,a
o ,edo= a er'onha e o ressenti,ento ue deeria, ser do carrasco3
Reflexão se,elhante fa &iina dos Santos= internada desde os 01 anos no
;uueri (est- co, 14= a'ora)3 $xpulsa da ,esa de parto direta,ente para
a rua= co, o filho nos .raços= se, dinheiro para co,er= ne, para a
condução= se, condiçQes físicas para ali,entar a criança= percorrendo as
ruas so. sol ardente= a ,ãe solteira .usca o pai de seu filho3 Ao encontr-#
lo= é por ele espancada e precisa prote'er a criança contra a f/ria
assassina do pai3 Fo'e e doa o filho= Opara ue pudesse ter u,a ida .oa=
,elhor do ue a ,inhaO3 $ inda'a: O$ntão= a senhora ,e di'a= não era pra
eu ficar louca ,es,oO3
as &iina prosse'ue: OA senhora ,e responda= por faor= por ue é ue
uando a 'ente fica .oa e consciente= sai daui e lea u, docu,ento
diendo ue foi internada= nin'ué, d- tra.alho pra nIsO $u respondo: O
porue as pessoas= l- fora= t", ,edo e raia da 'ente3 $las não entende,
ue o ue aconteceu co, a 'ente pode acontecer co, ualuer u,= u,
acidente= co,o u,a pedra ue cai na ca.eça= se, a 'ente uerer3 as=
de erdade= elas sa.e, disso e fica, co, raia da 'ente porue= uando
olha, pra 'ente= a 'ente le,.ra pra elas ue isso ta,.é, pode
acontecer
solteira co, elas3 e@or
espancada ue as pessoas=
rePeitada l- fora= sãoue
pelo co,panheiro= tão doou
ruinsO3 ãe e
o filho
enlouueceu= co,o &iina poderia esperar ue Oas pessoas l- foraO não
fosse, ruins
@asolini foi assassinado por ser ho,ossexual3 D, 'eneral ale,ão= e,
4678= foi destituído do posto de co,ando na Er'aniação do Tratado do
AtlMntico +orte (ETA+) por ser ho,ossexual e= por isso= suPeito a
chanta'ens ue poderia, fa"#lo entre'ar se'redos ,ilitares a ini,i'os3
+as 'randes e,presas= os Poens executios ue assu,e, altos postos=
são forçados a se casar= de,onstrando sere, Onor,aisO= iris e co,
direito ao ,ando3 +a China Co,unista= adultério e ho,ossexualis,o são
punidos co, prisão perpétua e, Oca,pos de tra.alhoO= ou co, a pena de
,orte3 $, Cu.a= os ho,ossexuais são punidos pela lei3
447
+os $stados Dnidos= a ind/stria política desco.riu ue u,a das i,a'ens
ue ,ais produ confiança nos eleitores é a do candidato pai#de#fa,ília3 A
propa'anda= inariael,ente= exi.e fotos do candidato aco,panhado de
esposa= filhos= pais= ir,ãos= cães e 'atos3 Jn'rid %er',an= no -pice de sua
carreira= foi escorraçada de Boll9Kood por adultério: apaixonara#se por
Rosselini e= ainda casada= foi ier e, sua co,panhia3 $ perdeu o direito
de tutela da filha3 Atores e atries ho,ossexuais= possue, u, OcVnPu'eO
oficial= fa.ricado pelos a'entes= para 'arantir a O.oa i,a'e,O dos clientes
perante o p/.lico protestante puritano3
@elos capítulos precedentes= não é difícil co,preender ue fatos co,o
esses (e tantos outros) aconteça, ne, por ue acontece,3 Ta,.é, não
é surpreendente
Pustificatias= ue encontre,os
encarre'adas para eles
de torn-#los as ,aisinteli'íeis=
racionais= diersas e curiosas
lI'icos e
aceit-eis3 Jsto é= racionaliaçQes3
$ncarados pelo Mn'ulo da ,oral= as pr-ticas e idéias sexuais ue não se
confor,a, aos padrQes ,orais i'entes são considerados ícios= pois os
seus contr-rios= os padrQes= são tratados co,o irtudes3 E ício possui
tr"s sentidos principais3 $, pri,eiro lu'ar= é disposição ha.itual para o
,al (aproxi,ando#se= neste caso= do pecado)Y e, se'undo lu'ar= é u,a
tend"ncia ou i,pulso repro-el= incontrol-el= decorrente de u,a
i,perfeição ue torna al'ué, incapa de se'uir sua destinação naturalY é
defeito (e= neste caso= se aproxi,a da doença)3 as= e, terceiro lu'ar=
si'nifica depraação e= neste terceiro sentido= ício é direta,ente
sinVni,o de 'osto ou pr-tica sexual reproados pela ,oral e pela
sociedade3 Assi,= a palara ício tra inscrita= e, sua definição= a
refer"ncia ao sexo3
+a perspectia ,oral= portanto= as racionaliaçQes ue Pustifica, a
repressão sexual li'a,#se Ns idéias de h-.ito para o ício (u,a espécie de
se'unda naturea)= de i,pulso incontrol-el causado por u,a i,perfeição
(u, defeito ue 'era u,a conduta uase instintia,ente iciosa) e de
corrupção e desio das nor,as (portanto= al'o deli.erado)3 +os tr"s
sentidos= h- refer"ncia N nor,a3 +o pri,eiro caso= a nor,a é produto da
naturea e o ício= tend"ncia antinaturalY no se'undo sentido= a nor,a
tanto pode ser natural uanto social e o ício= face ao natural é
i,perfeição contranaturea= e face
446
ao social
social é oéício
i,pulso anti#socialY
é corrupção no terceiro(ere,os=
e anti#social sentido= ano
nor,a é inteira,ente
tIpico se'uinte=
co,o a idéia de doença nasce dessa constelação ,oral= não sendo casual
ue= no texto de Escar ilde= o escritor fale e, 'ente ue se sente
enenenada)3
$ssas si'nificaçQes=aponta, a direção ue a repressão sexual to,ar-= do
ponto de ista ,oral: ser- peda'o'ia (para corri'ir h-.itos e criar os
h-.itos sexuais irtuosos ou ,orais)= ser- punição (para faer o desio
deli.erado re'ressar aos trilhos)= ser- i'ilMncia (para captar os ,o,entos
de risco de desio e depraação) e so.retudo ser- esti',atiação (o ício
Opor natureaO e a corrupção#depraação sedi,entada ou irreersíel=
dee, ser apontados= condenados pu.lica,ente e sinaliados= isto é=
,arcados para ue os de,ais ,e,.ros da sociedade possa, dispor de
instru,entos para identificar os iciosos OnaturaisO= corruptos e
depraados)3 $, todos esses casos= o ício sexual aparece li'ado N idéia
de i,purea e de ,-#ontade3
&o ponto de ista ,oral= portanto= a repressão sexual opera de ,odo
duplo: pela criação de o.st-culo ao ício (educação da ontade) e pela
,ostração dele= se incorri'íel3 +o centro da disposição repressia
encontra#se= portanto= a corretia e a edificante i,pedir ou exi.ir para
exe,plo (Sade= ilde= &iina)3
A racionaliação funda,ental ser- oferecida pela idéia de proteção:
prote'er os indiíduos contra o ício e prote'er as instituiçQes sociais
contra os iciosos3
Assi,= por exe,plo= EsKaldo %randão da Sila= cuPo liro cita,os no
pri,eiro
cha,a de capítulo= procura explicar
Onaturalis,oO3 a prostituição
A prostituição= e al'o
di ele3 ,uitodacurioso
Onasce falha ue
da
educação do car-ter= e ue, di falha de car-ter di ta,.é, errVnea
educação sexual3 &ando#se o caso= ue u,a Poe, se a.eire do ício
pre,ida pelas circunstMncias da fo,e= ual ser- o epílo'o a esperar Se
encontrar u, ho,e, ue não sePa .o,= sI rece.er- u, pedaço de pão a
troco da honra e= tale ,es,o= da condição de ser lançada no ício
infa,ante (333)3 @or isso ,es,o= ,uitas das ,ulheres ue alu'a, o corpo
a troco de dinheiro= exerce, se, o sa.ere,= u,a cruel in'ança=
eiculando os 'ér,ens de ,oléstias incur-eis= faendo centenas de
íti,as por u,a íti,a ue foi tale ela prIpriaO3 A prostituição
40?
é= portanto= u, pro.le,a ,oral e de hi'iene3 $ é u, en'ano i,a'inar ue
u,a ,ulher prostituída sePa irrecuper-el= .astando para proar o
contr-rio a fi'ura .í.lica de adalena Arrependida3
E naturalis,o= se'undo o autor= é u,a for,a hipIcrita de tolerar
perersQes sexuais= u,a co,plac"ncia prePudicial3 Trata#se de u, ício da
ida ur.ana ,oderna ue partiu de Ou, ponto fraco: supor o ho,e,
se,pre tendente ao .e, e, lu'ar do ,al= o ue é o fatoO3 E cine,a= as
reistas e a ,oda exa'erada= são os respons-eis pelo naturalis,o3 as=
afinal= o ue é o naturalis,o SI indireta,ente che'a,os a perce.er o
ue o autor pretende co, essa palara3 &i ele ue o naturalis,o se
desenole porue exacer.a o instinto sexual: Ou, pouco ,ais
desco.ertas as pernas= u, pouco ,ais desnudo o colo= u, pouco ,ais de
pl-stica realçada pela arte= são suficientes para excitar a sexualidade
doentiaO3 E naturalis,o=
co,porta,ento co,o
ue o autor se perce.e=
ualifica é deixar
de .aixo o corpo N ,ostra=
e o.sceno3
Ao concluir seu liro de educação sexual dos Poens de .oa ontade=
%randão da Sila passa e, reista a psican-lise= ter,inando o exa,e co,
a condenação dela: OA psican-lise= co, respeito N sexualidade= é u,a
teoria falha e peri'osa= P- porue inerte a orde, dos fatores psicolI'icos=
P- porue destrIi as .ases do car-ter= uando considera as i,posiçQes da
,oral e conseGente,ente a educação= co,o desirtuaçQes das
finalidades da ida e causa respons-el de neuroses= a.erraçQes e
inersQes sexuaisO3 E risco ,aior da psican-lise é ,oral: ela a.re as
co,portas para o naturalis,o3
Era= %randão da Sila coloca co,o u,a das ,anifestaçQes do naturalis,o
o ue desi'na pelo no,e de co#educação dos sexos= te,a discutido por
Rui %ar.osa= ao tratar da Refor,a do $nsino no %rasil
Rui %ar.osa= ao propor a reestruturação do ensino no %rasil= no início do
século= co,enta a inia.ilidade da cha,ada co#educação sexual=
criticando sua i,itação pelos .rasileiros= por tere, notícia de sua
exist"ncia e, países europeus= no ;apão e so.retudo nos $stados Dnidos=
ue tanto fascínio exerce so.re os .rasileiros (anos ,ais tarde= esse
fascínio seria conceituado co, a expressão Oi,portação de ideolo'ias
estran'eirasO)3
404
Ar'u,enta Rui: OSer- indiferente,ente aco,od-el a todas as
nacionalidades= a todas as raças= a todos os estados sociais essa
peculiaridade típica da escola a,ericana (333) não h- peculiaridade
escolar
Dnidos Nue
sua,ais
idase li'ue Nue
,es,a= ess"ncia do or'anis,o
constitua nacional=
u,a expansão ,ais nos $stados
natural= ,ais
direta= ,ais ineit-el dos seus costu,es= do ue a co#educação dos
sexos3 +ão é= pois= u,a uestão propria,ente peda'I'ica a ue ora nos
defrontaY é estrita,ente u, dos aspectos de u,a uestão socialO3
A naturalidade e ineita.ilidade da co#educação dos sexos sexos
a,ericanos decorre= se'undo o autor= da for,ação protestante do car-ter=
,uito diersa da catIlica= .rasileira3 Alé, disso= toda i,posição estranha
aos costu,es nacionais pode ser u,a iol"ncia3 +ão seria iol"ncia=
inda'a ele= exi'ir ue as ,ulheres -ra.es não co.risse, o rosto co,
éus= sI porue as a,ericanas não o co.re, (A resposta afir,atia foi
dada pelo A9atol- o,ehini= uando eli,inou a influ"ncia a,ericana no
Jrã3)
@or outro lado= prosse'ue Rui= ,es,o nos $stados Dnidos= a co#educação
dos sexos não atin'e a todas as idades3 Assi, ue ,eninos e ,eninas
atin'e, a pu.erdade= as escolas se separa,= proando ue os
a,ericanos ta,.é, não desconhece, os riscos dessa educação (o ue
fe co, ue as ,ulheres a,ericanas= até o leante fe,inista dos anos >?=
não pudesse, freGentar as cha,adas 'randes uniersidades= ne, co,o
alunas ne, co,o professoras)3
E curioso= poré,= é ue para poder de,onstrar ue se trata de u,a
uestão social= Rui tenha de de,onstrar pri,eiro ue se trata de u,a
uestão ,oral3 @ara poder a.ordar o aspecto ,oral do pro.le,a= poré,=
oferece antes u, conPunto de Pustificatias ,édicas e fisiolI'icas=
apresentadas por especialistas3 Co,.inando dados ,édicos e fisiolI'icos=
o.té,= paradoxal,ente=
&ie,os haer paradoxo u,a conclusão ,oral=
na ar'u,entação uetodo
porue é a ue lhe interessa3
,undo considera
ue o ue diferencia u,a explicação científica de outras é o fato de ue
nela a erdade é o.tida 'raças N neutralidade= prIpria do conheci,ento
o.Petio= enuanto u,a ordenação ,oral se caracteria por aceitar e
aPeitar alores (.o,= ,au= Pusto= inPusto)= não sendo neutra3 Era nosso
autor não parece encontrar a ,enor dificuldade
400
e, extrair u,a conclusão ,oral (aloratia) de explicaçQes científicas
(suposta,ente neutras ou não#aloratias)3
A co#educação dos sexos= escree= é cientifica,ente contra#indicada
porue esti,ula a atitude da e,ulação (i,itação= rialidade e
co,petição) entre os sexos e a e,ulação Oatua co, ener'ia
notael,ente superior no sexo fe,inino= altera= pode,os dier uase
inariael,ente= a sa/de do or'anis,o nor,al da ,ulher= preparando a
extenuação crescente das 'eraçQes ue se sucede,O3 @ortanto= colocar a
,oça nessa co,petição co, o rapa é Osu.,eter N proa desse iolento
esti,ulante o a,or#prIprio= o .rio= a sensi.ilidade= tão ,elindrosos na
,oçaY é i,prud"ncia e artifícioO3
*"#se ual a diferença entre protestantis,o e catolicis,o: o pri,eiro é
doentia,ente co,petitio (eidente,ente= Rui não esta.elece ualuer
relação entre protestantis,o e capitalis,o)3 A uestão da co#educação
dos sexos é u,a uestão ,oral porue= alé,= de tocar na hi'iene ,ental
e corporal da ,ulher= di respeito N sua inte'ridade e N sua honra (,uito
,elindrosas)3
$idente,ente= di Rui=
e a alta inteli'"ncia das nin'ué,
,ulheres por- e,dar#lhes
(.asta d/ida escolas
a capacidade intelectual
fe,ininas para
ue essas ualidades se desenola,)3 +ão h- discri,inação3 B-
proteção da honra fe,inina= atraés da proteção da sa/de fe,inina= pois=
na escola ,ista= a ,ulher ser- o.ri'ada a aco,panhar Oo rit,o
aceleradoO dos rapaes e ue não é o rit,o dela= o ue trar- Odanos
certos e prePuíos irrepar-eis para o futuro seu e de seus filhosO3 A
proteção= portanto= é da futura ,ãe= pois a ,aternidade define a naturea
da ,ulher3
A uestão da co#educação é ,oral porue a ci"ncia ,ostra ue não é
natural3 &e fato= Rui afir,ou ue i,por esse tipo de educação é
i,prud"ncia e é artificial3 E contr-rio do artifício= todos sa.e,os= é o
natural3
A ar'u,entação de Rui te, u,a apar"ncia de 'rande si,plicidade e
parece fundada e, apenas duas teses: a coeducação dos sexos depende
dos costu,es e da or'aniação de u,a sociedade= sendo u, dado
cultural e socialY a ci"ncia proa ue ela não é o coneniente para a
,ulher= por ser artificial3 +a erdade= a ar'u,entação é .astante
co,plexa e cheia de sil"ncios ou de elipses3 Sua ar,ação depende da
possi.ilidade de co,.inar +aturea e Cultura= pois disso
401
depende a ,oral (se esta fosse apenas cultural= seria ar.itr-ria=
conencional e reo'-el= se, alores hu,anos uniersaisY ,as se fosse
apenas natural= não seria ,oral= não conteria alores e não dependeria da
ontade e da li.erdade= pois seria espontMnea e instintia)3
Era= a pri,eira
européia parte da ar'u,entação
e a,ericana= (elo'iodada or'aniação
e, decorr"ncia coeducação dos sexosé
social)
inteira,ente cultural: é por u,a conenção= prIpria da sociedade
a,ericana= ue h- co#educação nos $stados Dnidos e= por ser u,a
decisão social= não é 'enerali-el3 as a se'unda parte da ar'u,entação
é inteira,ente natural: a ci"ncia (ue é uniersal) ,ostra ue a
coeducação é artificial ou antinatural para as ,ulheres3 Co, isto= o
se'undo ar'u,ento reflui so.re o pri,eiro e o critica so. dois aspectos: 4)
a atitude a,ericana decorre de u,a concepção antinatural= portanto a
.rasileira é corretaY 0) a atitude a,ericana decorre de u,a sociedade ue
produ natureas hu,anas doentia,ente co,petitias= o ue não é
,oral,ente reco,end-el3
Fie,os essa lon'a an-lise de texto porue nos parece i,portante para
co,preender,os a conclusão do arti'o de Rui3 +esta= ele uniersalia ou
'eneralia a crítica N co#educação= ue fora elo'iada= no início= para países
eoluídos3 Alé, do aspecto doentio da e,ulação= a conclusão nos
esclarece por ue o contacto dos sexos= alé, de ser uestão ,oral= é
uestão social= aspecto ue ficara ne.uloso no decorrer do texto3
+a conclusão= Rui cita Laporte= inspetor escolar franc"s e conhecedor da
peda'o'ia norte#a,ericana3 &i Laporte: OE contacto i,ediato nos .ancos
das escolas p/.licas entre crianças de condição= educação e sexo diersos
não poder-= noutro sentido= encerrar inconenientes= resultantes de certas
antipatias= ora olunt-rias= ora irrefletidas $las se ,anifesta, entre
crianças do ,es,o sexo= e= no outro caso= não se acentuaria +ão
enha, 'a.ar#nos os .enefícios desse re'í,en i'ualista= ue pode
assentar
ualuer o,.ro
ao pé adeo,.ro= acotoelando#se=
u,a Poe, educada por o filho
,ãe 'rosseiro
instruída=de u,aefa,ília
casta de
'rande coração3 Apelo @ara as ,ães de todos os paísesO3
Antipatias irrefletidas3
408
Filhos 'rosseiros de fa,ília ualuer e filhas de fa,ílias de .e,3
ães instruídas= castas e de 'rande coração de todos os países= uni#osb
Ser- preciso al'u, co,ent-rio
(Le,.rete: caso o leitor não o sai.a= o ter,o uestão social era usado= no
%rasil e noutras partes= para desi'nar a luta de classes= se, no,e-#la3)
$, nossa sociedade= a ,oraliação do sexo (depois ue este rece.e a
pur'ação ou purificação de estilo reli'ioso) é feita preferencial,ente pela
fa,ília e pelo tra.alho a escola e o $stado oferecendo recursos for,ais
e le'ais para o ue se realia nas outras duas instituiçQes3
Tanto do ponto de ista histIrico uanto do ponto de ista conceitual não
h- co,o falar na fa,ília se, falar no tra.alho (na diisão social do
tra.alho)3 Jsto não apenas porue= desde $n'els e arx= nos acostu,a,os
a considerar ue a pri,eira diisão social do tra.alho é sua diisão sexual
(uer no sentido aristotélico de tra.alho ,asculino so.re o o.Peto
fe,inino para a procriação= uer no sentido .í.lico de tra.alho da terra
para o ho,e, e tra.alho de parto para a ,ulher= uer= enfi,= no sentido
sociolI'ico de diisão de papéis= funçQes= deeres e direitos entre os
,e,.ros da fa,ília)3 +e, sI porue os antropIlo'os= ue se'ue, as
an-lises de LéiStrauss= esta.elece, u,a conexão interna ou estrutural
entre siste,a de parentesco e econo,ia de su.sist"ncia3 as
si,ples,ente
histIrica porue a%asta
da econo,ia3 histIria dau,
aui fa,ília est- li'ada
exe,plo N diferenciação
para esclarecer o ue
esta,os uerendo dier3
+a !récia= a fa,ília é a casa3 $, 're'o= casa se di: Ii<os= e sua
atiidade= definidora de sua estrutura e função= se cha,a: Ii<ono,ia=
econo,ia3
E chefe da fa,ília e, 're'o: despot"s é dotado de poder de ida e
,orte so.re os ,e,.ros do Ii<os3 Co,o seu poder e sua autoridade=
enuanto despot"s= se refere, ao espaço do,éstico e= portanto priado=
não é co,o chefe de fa,ília ue ele é cidadão= a cidadania se definindo
por outros
40
critérios ue não o Ii<os (ali-s= uando i,os a tra'édia= aludi,os ao fato
de ue nela se ela.ora Pusta,ente u,a reflexão so.re a orde, política
por oposição N orde, fa,iliarY e a palara despotis,o e, da lin'ua'e,
're'a= si'nificando o re'i,e político inPusto e ile'al porue nele a coisa
p/.lica é tratada co,o se fosse propriedade priada do déspota= tudo
su.,etendo N sua ontade pessoal e ar.itr-ria)3
i<os#oi<ono,ia si'nifica ue a casa#fa,ília é u,a unidade produtia=
u,a realidade social direta,ente econV,ica e da ual depende= por
exe,plo= o rece.i,ento de honras reli'iosas e o cu,pri,ento de deeres
reli'iosos= co,o a litur'ia= isto é= a doação ue o chefe de fa,ília fa de
.ens N reli'ião da cidade= pois o ínculo reli'ião#fa,ília é indestrutíel3 $,
contrapartida= a política é o ue se realia fora da casa= na praça e nas
asse,.léias ,asculinas3 Se delas os escraos não participa, é
Pusta,ente porue=
das ,ulheres= entre aoutras
pertence, raQes=
u,a outra ue inclue,
esfera= ta,.é, a aus"ncia
a da fa,ília3
Era= se der,os u, salto no te,po e ier,os N sociedade capitalista=
desco.rire,os o sur'i,ento de u,a coisa ini,a'in-el na !récia: a
$cono,ia @olítica3
$ssa expressão indica ue a econo,ia não ,ais depende direta,ente da
fa,ília ne, a ela se articula direta,ente= sua relação funda,ental sendo
esta.elecida direta,ente no e co, o espaço p/.lico o ,ercado= a
sociedade e o $stado3
Tanto assi, ue= no século XJX= o filIsofo Be'el= nu, liro intitulado
Filosofia do &ireito= diia ue a fa,ília é constituída por indiíduos li'ados
pelo parentesco e definidos co,o suPeitos ,orais (isto é= lires e
respons-eis)= ,as ue a sociedade é constituída por pessoas= isto é= por
entidades Purídicas definidas pela propriedade priada e ue se relaciona,
não ,ais por alianças ,atri,oniais e de san'ue= ,as por contratos3 $ssa
sociedade= é= portanto= econV,ica3 $ o econo,ista in'l"s= Ada, S,ith=
escreeu u, liro cha,ado A Riuea das +açQes= definindo a riuea
co,o produto da atiidade social3
$nfi,= arx ,ostrou ue a econo,ia não é exata,ente política= no
sentido de riuea social produida por ho,ens lires e i'uais= definidos
co,o pessoas ou propriet-rios li'ados por contratos= ,as é produção
social da riuea pela exploração
40>
do tra.alho de u,a classe (cuPa /nica propriedade são os .raços e os
,/sculos= força física e social de tra.alho) por outra classe ue se
apropria isto
política= priada,ente (e não
é= coletiidade politica,ente=
p/.lica) nodo
do produto sentido forteso.
tra.alho= da apalara
for,a
do capital3 +este caso= a fa,ília olta a li'ar#se direta,ente N econo,ia=
,as ,ediada por u,a deter,inação social: a classe social3 A fa,ília
.ur'uesa procria herdeiros e 'estores do capitalY a fa,ília tra.alhadora
procria a ,ão#de#o.ra3 $nfi,= arx assinala ue considerar a sociedade
co,o constituída por fa,ílias ou por pessoas Purídicas é u, ,eio de
dissi,ular ue ela é constituída por classes sociais= ue se perpetua,=
física e Puridica,ente= pelas fa,ílias de propriet-rios e de não#
propriet-rios3
+o caso do %rasil= os estudiosos t", enor,e dificuldade para definir o ue
sePa a fa,ília .rasileira= anterior N a.olição da escraatura e anterior N
industrialiação= porue= no %rasil= a fa,ília anti'a é ainda u,a unidade
de produção (a fa,ília é o en'enho= por exe,plo)= nela o tra.alho é
escrao e não de tra.alhadores OliresO endendo tra.alho no ,ercado (a
fa,ília é a casa#'rande e a senala(= de ,odo ue ela existe co,o se
fosse u,a espécie ,uito curiosa de Ii<os uando P- existe a econo,ia
política3 @or isso= al'uns estudiosos die, ue se trata de u,a fa,ília
patri,onial articulada co, o ,ercado3 uitos ta,.é, considera, ue o
car-ter autorit-rio e repressio da fa,ília .rasileira (e, todas as classes
sociais) e, dessa ori'e,= da casa co, o chefe de fa,ília dotado de
poder de ida e ,orte so.re a Ofa,íliaO (escraos= esposa= filhos= .ois=
caalos= cães e 'atos)3
$ssas o.seraçQes= ,uito su,-rias= tiera, a intenção de su'erir a
dificuldade e os riscos de separar fa,ília e tra.alho3
Alé,
na suadisso=
for,aco,o tentare,os ,ostrar
.ur'uesa#capitalista ,aisue
(elo'io adiante= o elo'ioe do
o sociIlo'o tra.alho
historiador
ale,ão ax e.er estudou co, o no,e de ética protestante) é
insepar-el de for,as deter,inadas da repressão sexual ue conhece,os
e cuPa realiação depende= entre outros fatores= da fa,ília ,oderna3
Todaia= para facilitar a exposição (e correndo o risco de en'anos=
i,precisQes e o,issQes)= a,os tratar separada,ente
402
fa,ília e tra.alho= faendo refer"ncia a u,a e a outro nos ,o,entos e,
ue for indispens-el3
+os anos 0?= o psicanalista ale,ão Reich diia ser a fa,ília Of-.rica da
estrutura ideolI'icaO das sociedades de classe (e o ter,o f-.rica indica
ue ele usa para a fa,ília u,a palara ue pertence ao oca.ul-rio do
tra.alho)3 $ssa f-.rica é tão efica ue= atual,ente= al'uns críticos
,ostra, ue a prIpria psican-lise (de onde partia Reich para ela.orar sua
crítica) sucu,.iu a ela= dese,.ocando nauilo ue o ex#psicanalista
franc"s !uattari cha,a de fa,ilialis,o (existente= se'undo ele= tanto no
priilé'io do dipo= por Freud= co,o no priilé'io do seio ,aterno= por
elanie leinY isto é= a psican-lise d- N fa,ília u, lu'ar excessio e
incorreto)3
Antes de inda'ar,os co,o tra.alha a f-.rica fa,iliar na repressão sexual=
coné, a.ordar,os u, aspecto ue= e, nosso entender= explica u,a
das causas do sucesso ideolI'ico da fa,ília: a crença ue te,os de ue a
fa,ília= tal co,o a conhece,os hoPe e, nossa sociedade= é eterna=
natural= uniersal e necess-ria= de tal ,odo ue= 'raças a esses atri.utos=
ela est-Jsto
sexual3 aparelhada
é= os íciospara Pustificar=
sexuais reforçar
são ícios e destroe,=
porue reproduir corro,pe,=
a repressão
pererte,= enenena,= desia,= depraa, u,a instituição essencial da
hu,anidade3
+Is não perce.e,os ue a fa,ília= por definição= não pode ser natural
(+aturea Z incestoY fa,ília proi.ição do incesto)Y não é uniersal (suas
for,as= conte/dos e funçQes aria, enor,e,ente)Y não é eterna (até
para u, cristão isto deeria ser I.io= P- ue a fa,ília teria co,eçado
depois da expulsão do @araíso= não existindo antes)Y não é necess-ria
(pelo ,enos do ponto de ista das necessidades ue preenchia para a
sociedade capitalista= a fa,ília deixou de ser indispens-el)3
Wue não é eterna ne, uniersal= a refer"ncia .ree ue fie,os N fa,ília
're'a P- o indica3 es,o se nos oltar,os para a fa,ília da ual a nossa
seria proeniente= isto é= a fa,ília ro,ana cristianiada= não
encontrare,os nela (salo uanto N posição dependente das ,ulheres=
ue seuer tinha, no,e prIprio= seus no,es sendo o do pai co, a
ter,inação
407
e, OaO) nada ue le,.re a nossa (a não ser nos fil,es de Boll9Kood=
onde o ,arido conta N esposa as discussQes no Senado e sI falta o filho
Po'ar .eise.ol e a filha 'anhar u,a flor= 'rudar na t/nica e ir co, o par ao
.aile do liceu)3
+e, ,es,o a palara fa,ília ue e, do lati,= uer dier o ,es,o para
nIs e para os ro,anos3 Seria ini,a'in-el (a não ser e, Boll9Kood ou
nal'u,a noela da T* !lo.o)= u, chefe de fa,ília ro,ano dier: O*ou
lear ,inha
suficiente: fa,íliaera
a fa,ília N praiaO3 $ isto
o conPunto porue
for,ado pelanão haeria
esposa= transporte
os filhos= as
i/as e os filhos dos filhos ho,ens= os clientes= os li.ertos= os escraos=
os ancestrais ,ortos= terras= plantaçQes= ani,ais= o.Petos e a construção
física= isto é= a casa e suas adPac"ncias= nas uais os Pardins era,
essenciais (portanto= ne, todos os ca,inhQes das transportadoras
Lusitana e !ranero conse'uiria, lear a fa,ília N praia)3
Fa,ília é o conPunto de todas as pessoas= o.Petos e .ens ue estão so. a
autoridade de u, chefe do,éstico= o pater fa,ílias ue não precisa ser o
'enitor ou o pai3 Fa,ília é= e, se'undo lu'ar= todos os descendentes de
u, ancestral co,u,3 Fa,ília é= e, terceiro lu'ar= todas as propriedades
e todos os seridores do pater#fa,ilias3 A fa,ília é u,a estrutura de
poder: alé, do poder de ida e ,orte so.re todos os ,e,.ros= o pater#
fa,ilias= co,o cidadão= participaa de in/,eras instituiçQes p/.licas
(políticas e reli'iosas)= autoridade e prestí'io dependia, da anti'Gidade
da fa,ília= de suas posses= dos feitos ,ilitares do pater#fa,ilias= da
re'ulação seera dos casa,entos para i,pedir di,inuição de poder co,
alianças co, estran'eiros= co, ex#escraos e co, ordens inferiores lires3
Fa,ília é a 'enealo'ia= parentes prIxi,os= seridores e prote'idos (u,
re,anescente do si'nificado ro,ano de fa,ília é a Ofa,íliaO na -fia
italiana)3
+o ,undo cristão= alé, da fa,ília ro,ana= coexistia, in/,eras outras
sePa, as pertencentes aos poos conuistados pelo J,pério Ro,ano (ue
não tocaa nas estruturas funda,entais das sociedades conuistadas=
e,.ora aca.asse por transfor,-#las)= sePa, as dos 'rupos O.-r.arosO ue
inadira,oo&ireito
Ro,ano= J,pério3 %astaria co,parar
!er,Mnico e o &ireitotr"s tipos de
SaxVnico &ireito o &ireitoa
para aaliar,os
,ultiplicidade de estruturas fa,iliares existentes3 Foi o.ra da J'rePa
CatIlica a ho,o'eneiação
406
lentíssi,a da estrutura fa,iliar= co,o i,os no capítulo precedente3 Era=
ne, ,es,o a fa,ília cristã é a ,es,a hoPe= se co,parada aos séculos
precedentes3
E historiador franc"s= Aries= nu, liro intitulado BistIria da Fa,ília e da
Criança no Anti'o Re'i,e= nos aPuda a perce.er a lenta ca,inhada até N
constituição da nossa fa,ília= consolidada apenas no século XJX= co, os
preparatios finais feitos na se'unda ,etade do século X*JJJ3
@elo exa,e de 'rauras= pinturas= ilu,inuras e docu,entos ,edieais=
Aries ,ostra ue= até o século X*J= a fa,ília existe funda,ental,ente
co,o linha'e,= co,o instituição política e não co,o espaço do,éstico (a
não ser o sacrossanto leito conPu'al= eidente,ente)3 As casas senhoriais
não possuía, diisQes= senão as ue separaa, capela= refeitIrio#
coinha= dor,itIrio e estre.arias3 E dor,itIrio era co,u,: pais filhos de
todos sexos e idades= a,as e lacaios= dor,ia, Puntos= nus ou se,inus=
ia,#se uns aos outros estire,#se= despire,#se= faer sexo (não estranha
ue a J'rePa tanto se preocupasse co, a nude= a fornicação= o incesto= a
,astur.ação= a sodo,ia)3 Fa,ília é u, 'rande espaço a.erto de
socia.ilidade constituído por pais= filhos= 'enros= noras= seridores=
a,i'os= clientes= parentes= confessores= assalos do exército do senhor
feudal= e, relaçQes hieraruiadas= fixas e precisas= co,andadas pelo
chefe da fa,ília3
+ão existia a infMncia (senão co,o dado natural#.iolI'ico eidente)3 A
criança era u, adulto e, ,iniatura= co,o proa, os traPes3 +as 'rauras=
a diferença de idade é feita atraés do ta,anho das i,a'ens= ,as= ainda
assi,= e,.aralhadas por u, outro dado= pois o ta,anho ta,.é, era
co,andado pelo princípio do Oue, ,anda e, ue,O e do Oue, .ate
e, ue,O= podendo u,a criança ser representada ,aior do ue u, sero
adulto3 +as escolas= não haia diisão das classes por idade= ,eninos de
anos coniendo co, rapaes de 0? (ponto ue a J'rePa trataria de
,odificar uando considerasse perniciosa a influ"ncia sexual dos ,ais
elhos so.re os ,ais noos)3
+os séculos X*J e X*JJ (N ,edida ue se consolida social e politica,ente a
.ur'uesia) a linha'e,= eidente,ente= co,eça a perder lu'ar= sendo
su.stituída pela fa,ília conPu'al e o espaço priado co,eça a rece.er
diisQes3 +as 'rauras e
41?
pinturas a ,udança aparece: priilé'io de cenas de reunião da fa,ília (a
fa,ília do chefe da casa sendo representada co, os atri.utos da Sa'rada
Fa,ília= a criança ,ais noa se,pre lendo o liro de oraçQes=
si,.oliando a perpetuação da fa,ília= a noa 'eração)3 As festas
reli'iosas priile'iadas passa, a ser as fa,iliares: +atal e @-scoa3 $ São
;osé co,eça a ser o.Peto de 'rande deoção= sendo representado co,o
chefe da fa,ília (N ca.eceira da ,esa) e co,o chefe da oficina (onde
estão os artesãos= os .ur'ueses)3
(D, par"ntese: +u, estudo feito pelo antropIlo'o AntVnio Au'usto
Arantes so.re
constituição a instituição
da fa,ília no %rasildoe seu
co,padrio
,odo deco,o
relaçãoessencial para
interclasse= Sãoa
;osé ta,.é, passa a ter u, lu'ar priile'iado3 Es $an'elhos são
interpretados de ,odo a distin'uir entre 'enitor (&eus @ai 'era o Filho) e
pai espiritual (São ;osé)= distinção ue aparece na fa,ília co, o
sur'i,ento do padrinho de .atis,o3 A fa,ília passa a ser constituída
pelos 'enitores= filhos= padrinhos e afilhados= procedi,ento co, duas
direçQes .-sicas: ou a de aliança entre i'uais (econV,ica= política e
,ilitar,ente i,portante)= ou aliança entre u, inferior e u, superior= este
na ualidade de padrinho dos filhos ao inferior (co, a troca de seriços:
proteção do padrinho= assala'e, do afilhado os Pa'unços e capan'as
era, se,pre afilhados)3 E se'undo tipo de aliança= se'undo Arantes= é
u, ele,ento e e,.aralha,ento das diferenças de classes= porue o
inferior se torna parente do superior3 (+a -fia= o chefe é o @adrinho=
co,o se sa.e3)
+o século X*JJJ a priatiação da fa,ília (aco,panhando a priatiação da
propriedade e da apropriação do produto do tra.alho) prosse'ue3 A fa,ília
é conPu'al= a casa se reparte e, cV,odos definidos= separando os lu'ares
co,uns e os priatios= os dos donos e os dos seridores= os uartos dos
pais e dos filhos= ,as a separação definitia sI se co,pletar- co,o
separação por idade e por sexo= no século XJX3
+as classes do,inantes= co, o apareci,ento dos h-.itos noturnos
(.ailes= festas profanas= recepçQes nos cha,ados SalQes) sur'e, al'uns
fatos noos: a 'rande sala de Pantar= adornada co, uadros profanos
(caçadas= 'uerras) ao lado da i,a'e, da Sa'rada Fa,íliaY o salão de
festas=
palarasonde nasce a cortesia a,orosa ou o a,or 'alante (Po'os= re'ras=
414
co, ue os ho,ens cortePa, as ,ulheres e estas sedue, os ho,ens=
aprendendo técnicas para isto= co,o= por exe,plo= a arte de usar o leue
ue= confor,e a cor= o ta,anho= a elocidade e a altura do a.ano= a.erto=
fechado= é u,a erdadeira lin'ua'e, sexual= as ,ulheres expri,indo=
pelo artifício 'alante= seus desePos)Y e o dor,itIrio dos donos da casa=
onde o ,Iel principal (pelo ta,anho= pelos adornos e pela riuea) é a
ca,a= onde isitas são rece.idas para conersas= cantos= leitura de
poe,as= de onde parte, as ordens= cercada de isitantes= a,i'os e
seridores (na corte dos reis da França= era u,a honra poder assistir as
relaçQes sexuais do rei= aPud-lo a despir#se e a estir#se= prepar-#lo para
defecar e urinar)3
as= o a.ur'uesa,ento da sociedade= condenando as depraaçQes da
no.rea (so.retudo a catIlica uando ista pela .ur'uesia puritana)=
co,eça a aloriar o pudor= a dec"ncia= a li,pea e o isola,ento ou
priacidade3 $, e do Salão 'alante= sur'e a separação da sala das
,ulheres e dos ho,ens= ue= e, co,u,= haia, participado de u,
Pantar ou ue= e, co,u,= dançaa, nos .ailes= ,as ue tinha, espaços
reserados para as conersas ínti,as3 E uarto do casal se fecha=
recolhido= secreto e respeitado co,o u, te,plo iniol-el: sI os
cVnPu'es= a partir do século XJX= o freGenta,= os seridores aí entrando
apenas para a li,pea e na aus"ncia do casal= os /nicos a tere, trMnsito
,ais lire no santu-rio sendo o ,édico e o padre confessor ou o pastor3
Es traPes de dor,ir
escondendo se ,ais
cada e ,ultiplica,: alé,
os corpos da ca,isola=
conPu'ais= o roupão os
,as ta,.é, e ados
toca=
ir,ãos e seridores3
Sur'e u, noo cV,odo: o uarto dos .e."s e crianças noinhas= co,
suas a,as (é na nurser9 (uarto do .e.") ue @eter @an ir- .uscar
end9 e seus ir,ãoinhos)3 E .anheiro co, portas3 A nítida separação
entre O-rea de seriçoO e O-rea socialO= pois a partir do ,o,ento e, ue
o san'ue no.re= as ceri,Vnias de assala'e, e de seridão não existire,
,ais= ser- preciso ,arcar a diferença social co, outros sinais isíeis3 Se
a no.rea não receaa a ,istura no interior da casa= pois as re'ras
hier-ruicas era, suficientes= e, contrapartida a .ur'uesia= para a ual
todo ,undo= e, princípio= é i'ual= precisa da aruitetura para dier ue
h- os desi'uais3 Sala de Pantar e de festas fica, distantes dos uartos3 Es
,aridos possue, o escritIrio= onde se fecha, N chae3
410
As esposas possue, o .oudoir= anti'o lu'ar de recepção dos a,antes=
transfor,ado e, sala de costura= leitura e ,/sica3
uda o estu-rio3 E puritanis,o= oltando ao Ote,plo do $spírito SantoO e
ao elo'io da ,odéstia contra a ostentação da no.rea= escolhe o preto
para os ho,ens= inclui a 'raata= as luas e o chapéu o.ri'atIrios3
$scolhe tons claros e pastel para as ,ulheres= luas= ,eias e chapéus
o.ri'atIrios= 'rande uantidade de saias e an-'uas= achata,ento do
.usto3
as= enriuecida e satisfeita consi'o ,es,a= co,eçar- a trans'redir: nos
.ailes= os decotes e os .raços nus= e o escMndalo dos escMndalos= a alsa=
o par enlaçado3
paixão e do sexoWuantos ro,ances
desacontentado ro,Mnticos
pela não é'ira,
alsa $ não e, torno
pela isão da de
fu'idia
u, tornoelo ue se apaixona o herIi de A @ata da !aela= de Alencar
$stão dadas as condiçQes para ue Freud descu.ra o dipo co,o
co,plexo nuclear3
A partir do século X*JJJ= co,eça a idéia de infMncia propria,ente dita= sua
,elhor expressão sendo o liro do filIsofo Rousseau= $,ílio= ou da
$ducação3 +ão ue antes não houesse preocupação co, as crianças e
sua educação os confessores= de u, lado= os liros do filIsofo
hu,anista= $ras,o de Roterdã= de outro lado= proa, essa preocupação3
@oré,= so,ente co, Rousseau h- diferenciação das idades e do ue é
prIprio a cada u,aY diferenciação dos sexos e do ue é prIprio a cada
u,Y preparação do ,enino para as responsa.ilidades sociais= a pri,eira e
,ais i,portante sendo o casa,ento e a paternidade (no liro=Rousseau
considera ter,inada a educação de seu discípulo uando este anuncia
ue ser- pai)Y preparação da ,enina ta,.é, para o casa,ento e para a
,aternidade= instrução para ue sePa fir,e e ,odesta= su.,issa= ,as
orientadora do ,arido e, tudo uanto se refira N sensi.ilidade3
$la.ora#se a i,a'e, ro,Mntica da fa,ília idílica= ref/'io se'uro contra
u, ,undo hostil ou depraado3 @repara#se a fidelidade fe,inina:
o.edi"ncia ao pai e lealdade a.soluta ao ,arido3 Co,eça#se a ,orrer de
a,or3 $xe,plo: o ro,ance A Condessa Clges= a heroína ,orta de a,or=
se, sucu,.ir N tentação da traição3 Es ro,ances de a,or i,possíel:
$urico= o@res.ítero= de Alexandre Berculano= e a o.ra#pri,a do '"nero= o
erther= de !oethe3 A preseração do casa,ento
411
,es,o uando a naturea foi traída pela sociedade ue não per,itiu= a
te,po= o encontro dos ue deia, natural,ente se a,ar= faendo os
a,orosos= destinados natural,ente u, ao outro= renunciare, ao a,or=
transferi#lo para o ue possa,= se, sexo= faer e, co,u, e aceitar a
,orte co,o solução: As Afinidades $letias= de !oethe3
$ o des,orona,ento do .elo edifício .ur'u"s= afir,ado e ne'ado: ]
@rocura do Te,po @erdido= de @roust3 E deassa,ento da relação entre
sexo e capital= relação ue diri'e= co,o erdadeiro destino= os seres
hu,anos na sociedade .ur'uesa: A Co,édia Bu,ana= de %alac A relação
su.terrMnea entre sexo e poder: e,Irias @Istu,as de %ra Cu.as= de
achado de Assis3
&o século X*J ao XJX= a fa,ília enfrenta u,a a,.i'Gidade: o elo'io da
prole nu,erosa (proa da ."nção diina) e= no caso da classe do,inante=
a fra',entação do patri,Vnio3 A pri,eira solução encontrada é a herança
ficar co, o pri,o'"nito= os filhos restantes procurando u,a rica
pri,o'"nita ou as .enesses da ida reli'iosa3
$ssa a,.i'Gidade acarretaa ta,.é, a pr-tica dos anticoncepcionais=
condenada pela J'rePa3 A solução foi dupla: interrupção das relaçQes
sexuais apIs a o.tenção da prole certa3 @ara os ,aridos= as prostitutas3
@ara as esposas= a a.stin"ncia3 $, se'undo lu'ar= retarda,ento do
casa,ento (facilitado pela o.ri'atoriedade fe,inina da ir'indade e pelo
elo'io da castidade ,asculina) e as racionaliaçQes necess-rias= alé,
dessas duas: i,posição da responsa.ilidade aos ,eninos (casar#se
depende= pri,eiro= de asse'urar os ,eios para o sustento da fa,ília=
portanto= da profissionaliação
para o futuro ou da participação
herdeiro)Y e a co,pensação nospara
ceri,onial ne'Icios paternos=
as ,eninas (os
praeres do na,oro prolon'ado= pri,eiros encontros na presença dos
pais= depois a sIs= depois o noiado e a preparação do enxoal e= enfi,=
as n/pcias)3 $, su,a: co,.inação de repressão ne'atia e repressão
positia3
$sses recursos fora, ainda ,ais esti,ulados uando o CIdi'o
+apoleVnico= ue se conerteria e, ,odelo dos cIdi'os do ,undo
.ur'u"s= retirou os direitos do pri,o'"nito= a herança deendo ser
repartida entre todos os filhos3
$, contrapartida= nas classes populares= a interdição reli'iosa dos
anticoncepcionais faoreceu N classe do,inante:
418
o poder consolador#a,eaçador da reli'ião so.re os po.res leaa N prole
nu,erosa3 Sur'e u, proletariado i,enso= ,ãode#o.ra .arata no
,ercado= exército industrial de resera e i,i'rantes para as A,éricas3 A
repressão positia foi de 'rande efic-cia: as classes populares se
conencera, de ue os filhos= ."nção diina= era, ta,.é, sua riuea
(erdade parcial e pro.le,-ticaY erdade= porue o au,ento da classe
poderia le-#la a lutas sociais e políticasY erdade pro.le,-tica porue a
po.rea li,itaa o poder de .ar'anha pelo prIprio n/,ero)3
A re'ula,entação da fa,ília pelo $stado se fa por ,eio do casa,ento
ciil (o contrato de casa,ento e não ,ais o sacra,ento) e sua proteção
se fa pelos CIdi'o Ciil e @enal3 Sua ,anutenção é 'arantida ta,.é,
por ,eio da $scola @/.lica= onde as crianças passa, a co,preender ue
a fa,ília
ue era éresultado
a célula#,ater
de u,ada transação
sociedade esocial
do $stado= ficando nae so,.ra
(u, contrato) ue se
diferenciaa= se'undo as classes3
nessa ualidade= dissi,ulada pela le'alidade e pela reli'ião= ue passa a
ser definida co,o O.ase da sociedade e do $stadoO= pois pensar a
sociedade e, ter,os de conPuntos de fa,ílias é ocultar ue a .ase da
sociedade e do $stado são classes sociais anta'Vnicas3 A definição da
fa,ília co,o realidade sa'rada (pela J'rePa)= Purídica (pelo $stado)= ,oral
(pela ideolo'ia) é o ue a transfor,a na Of-.rica de ideolo'iaO= de ue
falaa Reich3
Era= a fa,ília é or'aniada por relaçQes de autoridade= de papéis
distri.uídos por sexo e idade= de deeres= o.ri'açQes e direitos= definidos
tanto pelo sacra,ento do ,atri,Vnio uanto pelo casa,ento ciil3
nesse contexto ue a fa,ília realiar- a repressão sexual= so.re a ual
fie,os ,enção na a.ertura deste capítulo e no início deste tIpico= isto é=
pelo ínculo entre sexualidade irtuosa e procriação e sexualidade iciosa
e não#procriação3
Consolida,#se as i,a'ens sexuais#sociais da ,ulher co,o ,ãe e do
ho,e, co,o pai3 Consolidação ue se realia tanto pela repressão
ne'atia (as proi.içQes do sexo não#procriatio= o ício) uanto pela
positia3 +esta= a ,ulher é construída co,o u, ser fr-'il= sensíel e
dependente= nu,a curiosa inersão dos alores desses atri.utos3 *i,os
ue tais atri.utos era, os respons-eis pela excessia sensualidade
41
fe,inina e por sua transfor,ação e, feiticeira= ,al ,aléfico3 A'ora= esses
,es,os
naturais atri.utos
da ,ulher=são cuPa
alores positios= proas
preseração da inoc"ncia
sI pode e .ondade
ser conse'uida pela
,aternidade3 !raças N construção de u,a fi'ura assexuada= os alores
ne'atios se conerte, e, positios3 @or outro lado= co,o interessa
conserar as ,ulheres fora da força de tra.alho e da co,petição pela
herança paterna= h- u,a erdadeira naturaliação do fe,inino: tudo= na
,ulher= e, da naturea e é por naturea ue est- destinada a ser ,ãe3
Seu espaço é a casa3
A fi'ura ,asculina= e, contrapartida= encontra#se inteira,ente do lado da
Cultura3 Afora a irilidade= ue é u, dado natural= os de,ais atri.utos
,asculinos são sociais: responsa.ilidade= autoridade= austeridade3
@roedor da casa= seu espaço prIprio é o p/.lico: o ,ercado e a política3
$st- constituído nosso cotidiano indu.it-el3 +ão o senti,os= a não ser e,
casos excepcionais= co,o iolento ou repressio3 Tale= então= para
alcançar,os sua iol"ncia si,.Ilica= alha a pena u,a refer"ncia N
fa,ília nai#fascista (estudada por Reich e pelos filIsofos ale,ães
Bor<hei,er e Adorno)= onde os traços suaes de nosso cotidiano 'anha,
as cores fortes e os traços nítidos do real3
A fa,ília tradicional= sePa ela .ur'uesa ou tra.alhadora= realia a
socialiação de seus ,e,.ros atraés da fi'ura paterna ue se situa
co,o ,ediadora entre a fa,ília e a sociedade (atraés do tra.alho) e
entre ela e o $stado (atraés do casa,ento ciil)3 +o nais,o= esse papel
ser- dado N criança e ao adolescente3
E culto naista da Puentude= da ,ilitMncia e da @-tria= ao ,es,o te,po
e, ue d- u, lu'ar priile'iado N criança e aos Poens= ta,.é, su.stitui
a refer"ncia
,-xi,o= N fa,ília (FGhrer)3
o Condutor pela refer"ncia ao $stado=
D,a das proas na
dessafi'ura de seu diri'ente
su.stituição éo
papel ue passa, a ter a $ducação oral e Cíica e o estí,ulo aos filhos
para ue denuncie, os pais= se estes não estiere, e, confor,idade
co, o ciis,o3 $ssa delação é facilitada porue a relação a,orosa
funda,ental é diri'ida ao Condutor= ficando aos pais a relação do Idio e
do ressenti,ento3 $, su,a= a criança passa a ter u, noo e 'rande @ai3
&ado o 'i'antis,o dessa fi'ura= os ,edos e an'/stias das crianças
au,enta, nu,a intensidade se, precedentes= a co,pensação
41>
para isso sendo a irrestrita deoção ao !rande @ai= o ue se realia
atraés da ,ilitMncia e da i'ilMncia so.re a fa,ília3
SI e, apar"ncia= poré,= a fa,ília foi desfeita3 $, lu'ar de u,a
politiação da fa,ília= ue a dissoleria no $stado= ocorre o contr-rio: o
$stado é ue se torna u,a 'rande fa,ília3 B- u,a fa,iliação da política3
+ela= os dois aspectos sexual,ente ,ais si'nificatios são: o
nacionalis,o= co,o culto N ãe @-tria= e o incentio Ns ,ulheres Poens e
sadias N procriação3 E detalhe= poré,= e nele est- o centro repressio= é
ue o parceiro procriador torna#se irreleante: a ,ulher est- dando filhos
na ualidade de parte da ãe @-tria cuPo esposo erdadeiro é o Condutor3
$, espírito= sua relação sexual se realia co, o FGhrer3
Te, lu'ar u, culto pererso do corpo3 Atraés da $ducação Física e da
purificação do san'ue= dee, ser produidos (e a palara é esta:
produidos) corpos perfeitos e, .elea3 E ,odelo do corpo ,asculino é o
do Poe, ariano= 'uerreiro e iril3 E ,odelo do corpo fe,inino é o da
Poe,
Pudeus=ariana fértil3 tchecos
poloneses= $, no,eou da eu'enia
russos3 racial= não,eninos
$sterilia,#se se ,ata, apenas
e ,eninas
ue não realia, o padrão corporal estetica,ente definido3 Wuanto aos
disfor,es (física ou ,ental,ente)= são eli,inados ao nascer3
Ao lado desse ,undo Poe,= iril e fértil= su.siste u, outro ue é pilar e
condição do nais,o: a fa,ília peueno.ur'uesa (e nela= ,uitos traços da
fa,ília .rasileira= so.retudo nos /lti,os anos= aparece,)3
A fa,ília peueno#.ur'uesa é auela ue= no capitalis,o= é a ,enos
i,portante: não te, poder econV,ico ne, políticoY não é indispens-el
co,o força de tra.alho criadora do capital3 Sua falta de i,portMncia a
transfor,a nu,a entidade repositIrio de dois afetos nucleares: o Idio N
.ur'uesia e o horror ao proletariado3 ela ue ie N cata da corrupção e
i,oralidade dos .ur'ueses= e da depraação e reolta prolet-rias3 +a
sociedade capitalista= ela se define a si ,es,a co,o OrepositIrio das
tradiçQesO (nor,al,ente é ela ue sai ,archando pelas ruas e, defesa
da Fa,ília= da Tradição= de &eus= da @ropriedade e contra a deassidão
sexual)3 Co,o OrepositIrio das tradiçQesO é conseradora= ,oralista=
contra#reolucion-ria= repressia e farePadora dos ícios= particular,ente
os sexuais= destruidores dos .ons costu,es e da fa,ília3
412
+o nais,o= ela é eleada N condição de Osadia influ"ncia ,oral
conseradoraO3
São seus alores: a honra (tanto assi, ue est- pronta a processar na
Pustiça ualuer coisa ue lhe pareça ofensa N honra) e o deer (tanto
assi, ue considera o tra.alho u, alor e, si e por si= P- ue de seu
tra.alho
e não sai
a i,purea (osnada ,es,o)3
Pudeus= Seusos'randes
os loucos= ne'ros=ini,i'os: a lux/ria=
os prolet-rios= o praer
as putas= as
.ichas= as lés.icas isto é= todos os ue para ela são a i,undície e a
escIria)3 Suas ar,as: a ini.ição sexual= o culto da autoridade paterna e da
fertilidade ,aterna3 $, sua ho,ena'e,= o nais,o acrescentou u,a
festa ao calend-rio: o &ia das ães3 Suas deoçQes: o $stado= a +ação= a
Raça e a +aturea3
A i,portMncia dessa fa,ília est- no fato de ue ela= se precisa da política
naista para aparecer na cena p/.lica= disso não precisa para existir co,o
força ideolI'ica (u,a ditadura lhe .asta)3 A união sacrossanta ue
esta.elece entre fa,ília= nação= estado= tradição e ,oral torna sua
capacidade sexual,ente repressia uase indestrutíel3
Todaia= ao ,es,o te,po e, ue a fa,ília Opeueno.ur'uesaO (co,o
tipo ideolI'ico= ,ais do ue co,o realidade sociolI'ica palp-el) persiste=
a estrutura da fa,ília= cuPa constituição aco,panha,os su,aria,ente
neste tIpico= parece estar e, ias de desaparição= pelo ,enos nos países
de capitalis,o aançado3
$, pri,eiro lu'ar= a auto,ação do processo de tra.alho eli,inou a
necessidade de 'rande controle da sexualidade oper-ria co, fins
procriatios3 o ,o,ento e, ue se inicia, as ca,panhas de controle
da natalidade (não ue esta pr-tica não tenha sido proposta antes3 $la foi
defendida= no século XJX= por althus3 as possuía outra raão: dada a
expansão dos ,oi,entos políticos e sociais prolet-rios= a classe
tra.alhadora= na ualidade de O,assaO= passou a ser considerada peri'osa
e procuraa#se di,inuí#la nu,erica,ente)3
$, se'undo
'estão lu'ar= a for,a
e ad,inistração dos oli'opolista do capitalis,o
capitais P- não depende, e daatrans,issão
noa for,a eda
conseração do patri,Vnio atraés da fa,ília .ur'uesa3 Ta,.é, aui
aparece a idéia de
417
controle da natalidade= ,as so. a for,a da li.eração sexual e do direito
ao praer= se, o.ri'ação procriatia3
$, terceiro lu'ar= o sur'i,ento do cha,ado $stado do %e,#$star= isto é=
o $stado ue d- 'rande lu'ar N política social (ali,entação= transporte=
sa/de= educação= aposentadoria= sanea,ento) co,o for,a de controle
estatal do capital e de .ar'anha nos conflitos sociais e políticos= fa co,
ue o $stado e a sociedade se encarre'ue, não sI da so.rei"ncia dos
elhos (para os uais= anterior,ente= a fa,ília era essencial)= ,as
ta,.é, das crianças e dos Poens3 Rece.e, fora não sI os
conheci,entos= ia escola= ,as ta,.é, treino psicolI'ico= físico e social
dado por especialistas: ,édicos= psiuiatras= psicIlo'os= assistentes
sociais= conselheiros sexuais e ,atri,oniais3 As crianças OdifíceisO ou
a.andonadas são enca,inhadas para os refor,atIrios3 Es loucos= para o
hospício3 Es delinGentes= para a cadeia3
E o.stetra se encarre'a do nasci,entoY o pediatra= da sa/de e da
ali,entaçãoY o professor= da inteli'"ncia e do treino profissionalY o
super,ercado= da ali,entaçãoY e os ,eios de co,unicação de ,assa= da
i,a'inação3 Es anti'os papéis= funçQes e seriços de pais= ,ães= a,as=
tias= tios= aVs P- não são necess-rios3
E ue assisti,os= portanto= é o fi, da anti'a fa,ília3 A ue a'ora existe
se define
fora dela funda,ental,ente co,o
e se passa fora dela)3 unidade
Era= ao uedeparece=
consu,oe,(pois
lu'artudo é feito
dessa
dissolução pro,oer u,a di,inuição da repressão sexual= isto ue esta
li'aa#se N finalidade procriatia e N fixação de papéis sexuais#sociais=
tudo indica estar haendo u,a refor,ulação inisíel e difusa de noas
for,as repressias u, pouco N ,aneira da reaco,odação da terra=
apIs u, terre,oto3 Se a ,oraliação do sexo passaa por sua definição
co,o ício e irtude= ousa,os aançar aui a se'uinte hipItese: a idéia
de ício su,iu (porue o sexo ai irar doença)= isto é= su,iu pelo ,enos
para os ue não pertence, N 'rande unidade ideolI'ica ue desi'na,os
aui co,o Ofa,ília peueno.ur'uesaO3 as restou a idéia de irtude3 $
cre,os ue de ,odo ,uito peculiar3
Se os especialistas passara, a se encarre'ar das anti'as atri.uiçQes ue
definia, a fa,ília= os ue decide, constituir
416
fa,ília sa.e, ue= de duas u,a: ou seus pro.le,as serão resolidos por
especialistas (a fa,ília ie os conflitos= ,as os especialistas a aPuda, a
co,preend"#los e a resol"#los)= ou serão capaes de não ter pro.le,as3
esta idéia ue aui desi'na,os co,o per,an"ncia da irtude3
Sexual,ente ela aparece no desePo do or'as,o perfeito e contínuoY na
ela.oração da ,ãe ideal (não tanto a O.oaO ,ãe= ,as .ela ,ãe= Poe,
sadia= co,preensia= 'r-ida e, plena atiidade esportia e profissional=
e ue é .ela por dois ,otios: porue decidiu ter o filho e porue escolheu
o te,po certo do nasci,ento)Y na ela.oração do pai ideal (ta,.é, .elo=
,as so.retudo .o,: Poe,= co,preensio= co, te,po e ale'ria para os
filhos)Y
an/ncionadeela.oração
teleisão edasa.ere,os
criança ideal (para
o ue é aisto= é suficiente
.ela#.oa ,eia
criança)3 hora
Era= porde
,ais críticos ue sePa,os da psican-lise= u,a coisa ela nos ensinou: a
fantasia dos ideais do e'o pode ser u,a das fantasias ,ais repressias e
autodestrutias3
$nfi,= outro aspecto ue não parece ser irreleante= di respeito N noa
,oral sexual dos Poens dos países desenolidos e dos 'randes centros
ur.anos dos países su.desenolidos (so.re o culto da adolesc"ncia co,o
for,a de repressão sexual= falare,os depois= uando nos referir,os aos
,eios de co,unicação)3
Es Poens parece, co,portar#se inertendo ou ne'ando ponto por ponto
a ,oral sexual tradicional: recusa, o casa,ento reli'ioso e ciil para se
constituíre, co,o casalY recusa, o casa,ento co,o relação indissol/el
e per,anenteY ne'a, a o.ri'atoriedade da procriação co,o finalidade da
ida e, co,u,= os filhos sendo decisão e lire escolha do casalY ne'a, a
o.ri'atoriedade da fidelidade conPu'al e a ,ono'a,iaY recusa, a
profissionaliação est-el co,o precondição para a ida e, co,u,Y
recusa, a depend"ncia co, relação Ns suas fa,ílias de ori'e,Y ne'a, a
o.ri'atoriedade de possuir ou alu'ar u,a casa co, a disposição
aruitetVnica conencional= inentando sua prIpria ,oradaY recusa, a
diisão sexual dos papéis= diidindo tarefas do,ésticas e tendo ida
profissional independenteY aloria, a atração sexual ardente e a ternura=
a a,iade ue os fa confidentes= se, ue pais e ,ães tenha, a anti'a
função de ouir ueixas ou dar conselhosY aloria, a esta.ilidade da
relação= ,es,o
48?
ue não sePa per,anente= o casal se defendendo do ue u, estudioso
cha,ou de Ono,adis,o sexual o.ri'atIrioO cuPos paradi',as seria,: a
,assa (palara de orde,: Oa,os circular= pessoalO) e a fila de espera
(palara de orde,: Oo se'uinte= por faorO)3
As inoaçQes são i,ensas e i,ensas as dificuldades= situaçQes noas
ainda não tendo for,as fixas e sinais de solução= e, caso de conflitos3 Até
ue ponto essa criação ori'inal ser- capa de di,inuir a repressão sexual
e, lu'ar de su.stituí#la por outra= inisíel= não sa.ería,os dier3
Wue a ideolo'ia da adolesc"ncia saud-el= lire e feli= de u, lado= e a do
elo'io do tra.alho santificante (hoPe e, dia se di: espontMneo) poderão
pesar so.re a inoação e deter,inar noa repressão sexual= tale
insidiosa porue reestida co, a capa da li.eração= é u,a hipItese ue
não descartaría,os3 +Is a deixa,os aui= caso o leitor ueira refletir
so.re ela ou tenha nisso al'u, interesse3 es,o porue nossas
consideraçQes= alé, de podere, estar co,pleta,ente euiocadas=
pode, ser ,uito tontas3
Se= na ersão reli'iosa (o sacra,ento)= a ceri,Vnia do casa,ento te, a
dupla finalidade de 'arantir= por u, lado= a circunscrição da sexualidade
per,itida e= por outro= a su.ordinação da esposa ao ,arido= na ersão
ciil (contrato)= essa dupla finalidade não deeria aparecer3 as aparece3
+a fIr,ula ciil#le'al= o ,arido assu,e o co,pro,isso de responsa.iliar#
se pela ,ulher e pelos filhos= prote'"#los e sustent-#los= enuanto a
esposa assu,e o co,pro,isso de respeitar a autoridade do ,arido=
cuidar dele e dos filhos e proer os seriços necess-rios N ,anutenção da
casa
isto)3 (sePa co, contrato
Era= nu, sgu prIprio
ciiltra.alho= sePa co, o de
esses co,pro,issos sãopessoas pa'as para
desca.idos3
&e fato= a principal característica da idéia de contrato é a de ue u,a
relação sI é contratual se for esta.elecida entre duas ou ,ais pessoas
lires e i'uais3 Se, a i'ualdade e se, a li.erdade= não h- contrato= ,as
hieraruia= su.ordinação= ,ando= desi'ualdade e do,inação3
Se exa,inar,os= portanto= o contrato de casa,ento podere,os faer tr"s
o.seraçQes: e, pri,eiro lu'ar= esta.elecendo
484
a su.ordinação da esposa ao ,arido= o casa,ento não é u, contrato
le'íti,o= ainda ue sePa le'alY e, se'undo lu'ar= o $stado reprodu na
for,a ciil a perspectia reli'iosa= e, e de ro,per co, elaY e, terceiro
lu'ar= a fIr,ula ciil inclui no contrato os filhos= exata,ente co,o na
fIr,ula reli'iosa do Ocrescei e ,ultiplicai#osO= e,.ora dito de outra
,aneira (o ,arido ser- pai respons-el e a esposa ser- ,ãe cuidadosa)3
Se procurar,os co,preender essa terceira cl-usula do contrato= ere,os
ue sua finalidade é si,ples: a lei esta.elece ue casa,ento é relação
duradoura= social,ente reconhecida apenas para a li'ação entre u,
ho,e, e u,a ,ulher= não podendo haer= le'al,ente= casa,ento entre
ho,ens ou entre ,ulheres3 $ssas li'açQes= sendo ile'ais= são cri,e (e não
apenas pecado ou ício)3 A fIr,ula ciil= tão si,ples e I.ia para nIs=
le'alia a repressão sexual3
Se exa,inar,os o se'undo aspecto o $stado repetindo a reli'ião =
notare,os ue não sI o $stado se apropria do ue a reli'ião criara= isto é=
o casa,ento co,o fato p/.lico= ,as ta,.é, torna p/.lica a fa,ília3
Fa parte de ref/'io
priacidade= nossa i,a'inação social hostil=
contra o ,undo a crença na fa,ília co,o
do,esticidade ue inti,idade=
não pode
ser iolada (senão uando u, re'i,e político se torna iolento e= para
prote'er seus interesses= inade casas)3 %asta= poré,= ue nos
le,.re,os de ue o $stado re'ula e controla o casa,ento e atraés dele
a fa,ília leis so.re a.orto= adultério= diIrcio= tutela de filhos= herança=
pensão fa,iliar= responsa.ilidades paterna e ,aternaY re'istro de
nasci,ento= de casa,ento= de ,aioridade= de eleitor= de seriço ,ilitar=
de aposentadoria= de tra.alho e atestado de I.ito = para perder,os
nossas ilusQes3 A fa,ília não é apenas instituição social= ,as ta,.é,
política3 Era= co,o atraés dela o $stado re'ula a sexualidade= o sexo é=
ta,.é,= u,a uestão política3 %asta nos le,.rar,os de ue= e, ,uitos
países= as propostas de controle da natalidade são feitas pelo $stado= ou
são por ele re'ula,entadas3
preciso= poré,= ue exa,ine,os a pri,eira o.seração ue fie,os
so.re a ceri,Vnia ciil para co,preender,os esses dois aspectos ue
aca.a,os de analisar3 Jsto é= precisa,os exa,inar o ue é u, contrato
de casa,ento ue fere a
480
le'iti,idade da idéia de contrato= ao instaurar desi'ualdade e hieraruia
entre os contratantes= supostos lires e i'uais3
Wuando inicia,os este tIpico= disse,os ue seria ,uito difícil separar
fa,ília e tra.alho e de,os u, exe,plo dessa dificuldade pela refer"ncia
ao par Ii<os#Ii<ono,ia e N idéia de $cono,ia @olítica3 Era= é exata,ente
co, o adento da $cono,ia @olítica (isto é= da econo,ia capitalista de
,ercado) uecontratos
conPuntos de sur'e a idéia de uesociais
os contratos a sociedade
= entreéosconstituída
uais estãopor
o
contrato de tra.alho e o contrato de casa,ento3
+a perspectia da $cono,ia @olítica= a sociedade é constituída por
indiíduos independentes ue a +aturea fe i'uais e lires uanto aos
seus direitos Udireito natural)= ainda ue física e intelectual,ente esses
indiíduos sePa, diferentes e ,es,o desi'uais3 @ara ue essas diferenças
e desi'ualdades não fosse, u, peri'o para a li.erdade natural dos
indiíduos= a sociedade criou u, direito Udireito ciil) ue= por ,eio de
leis= presera a i'ualdade e li.erdade ue todos te,os Opor natureaO3
Co,o so,os todos lires e i'uais= a /nica relação le'íti,a e le'al ue
pode ser reconhecida pelo direito ciil é a relação contratual3
+o contrato de tra.alho= duas pessoas lires e i'uais co,.ina, ue u,a
delas prestar- u, seriço e ue a outra pa'ar- por ele3 E contrato re'ula
a co,pra e enda do tra.alho= estipulando suas condiçQes3
E contrato é contrato entre pessoas e P- i,os ue= para o direito ciil=
pessoa é o propriet-rio priado de al'u,a coisa: de terras= de o.Petos= de
f-.ricas= de capacidades corporais e intelectuais3 As pessoas são todas
i'uais porue todas são= pelo direito natural e pelo direito ciil=
propriet-rias de seu corpo3 por isso ue pode haer contrato de
tra.alho= pois a relação se esta.elece entre dois propriet-rios: o
propriet-rio do corpo ou de sua força de tra.alho e o propriet-rio dos
,eios para pa'ar o tra.alho endido3
A idéia de contrato entre pessoas (propriet-rios)= i'uais e lires pelo
direito natural e 'arantidas e, sua i'ualdade e li.erdade pelas leis do
direito ciil=li.eralis,o3
Cha,a#se for,a a .ase de u,a teoria política nascida co, a .ur'uesia3
&o ponto de ista do li.eralis,o= portanto= o contrato de casa,ento e o
contrato de tra.alho possue, a ,es,a estrutura= isto é= são contratos
sociais3 E.sere,os= poré,= ue no
481
caso do contrato de casa,ento= a i'ualdade e li.erdade dos contratantes
é ro,pida pelo prIprio contrato e ue= alé, disso= ele não considera lires
ho,ens e ,ulheres ue ueira, casar#se entre si3
Se exa,inar,os o contrato de tra.alho= notare,os ue u,a
transfor,ação se,elhante ta,.é, ocorre= isto é= u,a das partes se
su.ordina N outra3
$, 'eral= uando se aponta essa peculiaridade dos contratos ue aca.a,
destruindo a situação inicial ue os tornaa le'al,ente possíeis=
costu,a#se encontrar a se'uinte resposta: o contrato se consera na
le'alidade e na le'iti,idade porue os contratantes não fora, o.ri'ados
a faer o contrato= se o fiera,= sa.ia, o ue estaa, faendo=
conhecia, as cl-usulas de co,pro,issos e foi lire,ente ue as
aceitara,3 &o ,es,o ,odo ue a J'rePa haia posto co,o condição do
sacra,ento do ,atri,Vnio o lire consenti,ento (a ponto de considerar
ue e,.ora a ceri,Vnia sePa oficiada por u, sacerdote= ela é real,ente
realiada pelos noios)= ta,.é, a teoria contratualista considera ue o
lire consenti,ento dos contratantes aos ter,os do contrato os
responsa.ilia pelos co,pro,issos assu,idos3
as= neste caso= esta,os diante de u, paradoxo: u,a pessoa= lire e
i'ual a outra=
i'ualdade e a consente
li.erdade3e, tornar#se
+ão su.ordinada
é estranho isso $, a'eral=
essa costu,a#se
outra= perder a
dier
ue as co,pensaçQes traidas por essa concessão são tão 'randes ue as
pessoas a fae, para se .eneficiar3 A ,ulher não 'anha proteção Auele
ue ende o tra.alho não te, a certea de ue rece.er- u, sal-rio= e,
e de depender das circunstMncias para ender al'o ue tenha fa.ricado
ou plantado
as= essa resposta cria u, pro.le,a noo: no caso da ,ulher= se era
i'ual e lire= por ue= de repente= precisa de proteção +o caso do ue
ende tra.alho= se era lire e i'ual= por ue a'ora depende de u, outro
ue pode uerer ou não co,prar seu tra.alho $, outras palaras: ser-
ue os contratantes= no ,o,ento e, ue ão fir,ar u, contrato= são
,es,o lires e i'uais
A ,ulher ue ai casar#se não .rotou da +aturea= não estaa lire e
contente pelos .osues e, flor uando deu de cara co, u, ho,e, e
co, ele resoleu fir,ar u, contrato de casa,ento3 $la é filha de al'ué,=
pertence a u,a fa,ília=
488
a u,a certa condição social e= co,o filha= é dependente ou su.ordinada
ao pai ou ao tutor3 Che'a ao casa,ento= portanto= se, possuir a tal
li.erdade estipulada pelo contrato3 E ho,e, ue ai#se casar ta,.é,
não .rotou da +aturea= não estaa feli da ida co,endo frutos silestres
ou pescando nu, ri.eirão uando deu de cara co, u,a ,ulher e decidiu
casar#se co, ela3 *isto ue o contrato de casa,ento estipula ue dee
ser respons-el pela esposa e pelos filhos= deendo prote'"#los e
sustent-#los=
tirar então=
os recursos3 Separa
ier preencher essas rica=
de u,a fa,ília cl-usulas= ele dee ",
seus recursos ter de
daonde
riuea fa,iliarY se ier de u,a fa,ília po.re= os recursos ", da enda
de seu tra.alho3 Era= se a fa,ília rica decidir não aPudar o filho= este
deer-= co,o o po.re= ender tra.alho3 +este caso= não são lires co,o
estipula o contrato= ou porue depende, dos recursos ue depende, da
fa,ília= ou porue depende, direta,ente de u, outro contrato= o de
tra.alho= no ual P- u,a parte su.ordina#se N outra3
@ara a ,ulher (se,pre supondo ue ela não tra.alhe= eidente,ente)= o
contrato de casa,ento pressupQe u, contrato anterior: o ue criou sua
prIpria fa,ília= no contrato de seu pai e de sua ,ãe3 @ara o ho,e,= alé,
de ser pressuposto u, contrato de casa,ento anterior (o de sua fa,ília)=
ta,.é, é pressuposto o contrato de tra.alho no ual= se for rico=
su.ordina outro= e se for po.re= se su.ordina a outro3
$, resu,o: os contratos se,pre pressupQe, contratos anteriores e=
portanto= ida social= desi'ualdades= depend"ncias= su.ordinaçQes= etc3
@ara resoler esse eni',a (ue, eio pri,eiro= o oo ou a 'alinha)= a
teoria li.eral contratualista possui u,a resposta e nela a,os encontrar a
ori'e, da idéia de pessoa= o lu'ar central aí ocupado pelo tra.alho= e o
prIprio contrato3
# *a,os aco,panhar essa resposta e, dois níeis: no do senso co,u, (o
ue oui,os todo dia e, ualuer lu'ar) e no da ela.oração teIrica ,ais
sofisticada e racional3
E senso co,u, pensa da se'uinte ,aneira3 $staa, todos os seres
hu,anos lires e i'uais desfrutando os recursos oferecidos pela +aturea3
Al'uns= ,ais
perce.era, ue inteli'entes= ,ais ,elhor
poderia, desfrutar respons-eis= ,ais
das coisas preidentes
se= e, e de
depender de encontr-#las (nu, inerno ri'oroso= nu,a seca ri'orosa= nas
enchentes
48
não se encontra coisa al'u,a) resolesse, 'uardar as ue não era,
perecíeis e ta,.é, cultiar a terra= criar ani,ais= fa.ricar instru,entos
para tra.alhar3 Eutros= perdul-rios= irrespons-eis= pouco inteli'entes=
nada fiera,= ficando se,pre N espera da .ondade da +aturea3 Co,o se
"= o senso co,u, adora a f-.ula de A Ci'arra e a For,i'a (ue foi
inentada por u, escritor franc"s= cha,ado La Fontaine= Pusta,ente na
época e, ue aparecia, a $cono,ia @olítica e as teorias contratualistas)
@rosse'ue o senso co,u,3 D, .elo dia= a +aturea não deu os frutos ne,
os ani,ais aos perdul-rios e irrespons-eis3 $stes= para não ,orrer= sI
tiera, u,a saída: ender a /nica coisa ue tinha, seus .raços e
,/sculos aos ue haia, tra.alhado= e, troca de casa e co,ida= ou
e, troca de sal-rio3 @oré,= co,o os ricos não era, perersos e não
ueria, ter escraos (co,o acontecia na Jdade édia)= criara, o contrato
de tra.alho= defendendo a i'ualdade e li.erdade de todos3
Es seres hu,anos são cheios de paixQes3 Al'u,as são .oas (a,or=
senti,entos de honra e do deer= poupança= ,oderação) e outras são
,-s (Idio= pre'uiça= inePa)3 Es .ons decidira,= então= educar os ,aus e
criara, leis proi.indo a pre'uiça e a inePa3 A pre'uiça fa o perdul-rio
não uerer tra.alhar e desePar ier Ns custas dos outrosY a inePa fa os
ue não tra.alhara, desePare, rou.ar o fruto do tra.alho alheio3 E
,elhor
a ,eioepara
pre'uiça não haer
a inePa ,iser-eis
e capaes ne, ladrQes
de forçar é faerNleis
todo ,undo proi.indo
irtude do
tra.alho3 Es ue não respeitare, essas leis serão punidos co, a ,orte ou
a prisão3
&esse ,odo= fica,os sa.endo co,o sur'ira, ricos e po.res= os contratos
de tra.alho= as leis punindo a'a.unda'e, e rou.o= e co,o o tra.alho se
tornou irtude supre,a= 'raças N ual os po.res ta,.é, pode, ficar
ricos= se sou.ere, ter as ,es,as ualidades ue estes (so.retudo o
espírito de poupança)3
E senso co,u, ta,.é, nos explica por ue os ricos fica, ,ais ricos e a
,aioria dos po.res fica ,ais po.re= e por ue os po.res não ,uda, tal
situação3
Es ricos fica, cada e ,ais ricos porue co, o fruto do tra.alho ue
co,prara,= alé, de pa'are, o tra.alho alheio= Oeste, o lucro ue
conse'uira, ao ender os produtos do
48>
tra.alho3 @ode, inestir tanto poupando o dinheiro uanto co,prando
,ais terras= ,ontando oficinas e f-.ricas e co,prando ,ais tra.alho para
o cultio das terras e o tra.alho nas oficinas e f-.ricas3 Es po.res= co,o
são pre'uiçosos= perdul-rios e irrespons-eis= não 'uarda, o sal-rio:
'asta, e, .e.idas= Po'os e so.retudo co, ,ulheres3 $, particular= co,o
são pre'uiçosos= e o pecado capital da pre'uiça esti,ula o pecado capital
da lux/ria= os po.res 'osta, ,uito de sexo3 por isso ue uando se
casa, não para, de ter filhos e= tendo u,a prole nu,erosa= 'asta, todo
o dinheiro para sustent-#la= ficando cada e ,ais po.res3
@or ue não
,elhorar de ,uda, isso
ida= não @orue
i,ita, são exe,plo
o .o, i'norantes=
dosnão t",e=interesse
ricos so.retudo=e,
porue ficara, ,uito crédulos nas coisas ditas pela J'rePa CatIlica= co,o
por exe,plo= ue o Reino de &eus foi feito para rece.er os po.res3 Fica,
esperando a felicidade no outro ,undo= e, e de lutare, neste3 $ os
ricos ta,.é, aca.a, sendo respons-eis3 Co,o são .ons= fae, o.ras
de caridade e de filantropia= e os po.res= satisfeitos= fica, incorri'íeis3
@ois= até não h- países onde os patrQes pa'a, aos e,pre'ados u,
sal-rio a ,ais do ue o necess-rio (o)
Todaia= e,.ora .ons= os ricos não são .urros3 Sa.e, ue a inePa lea
ao rou.o e por isso criara, o casti'o para os ladrQes3 Sa.e, ta,.é, ue
a pre'uiça é ali,entada pelo sexo e ue o ,elhor ,eio para di,inuir a
falta de contin"ncia sexual é forçar o corpo ao ,-xi,o no tra.alho= pois
sI assi, não haer- ,uita ener'ia disponíel para 'astar co, sexo3 @or
isso= os contratos de tra.alho= no início da sociedade contratual=
estipulaa, até ,ais de 48 horas de tra.alho di-rio= incluindo o do,in'o3
$ se, férias= pois nas férias os ícios olta, O,ente desocupada
oficina do dia.oO3
E senso co,u,= portanto= não est- ne, u, pouco interessado e,
estudar as condiçQes histIricas nas uais sur'ira, os contratos de
tra.alho= isto é= e, ue condiçQes se encontraa a sociedade européia
ue per,itira, a al'uns a co,pra do tra.alho alheio e a outros sI restou
ender a força de tra.alho3
;- a explicação teIrica= lI'ica= siste,-tica e racional percorre u, outro
ca,inho3 Assi,= por exe,plo= o filIsofo in'l"s Loc<e= nu, liro intitulado
Se'undo Tratado So.re o
482
!oerno= alé, de considerar ue= pelo direito natural= so,os todos lires
e i'uais e propriet-rios de nosso corpo= dele podendo dispor se'undo
nossa ontade= ta,.é, se preocupa e, funda,entar a le'alidade e
le'iti,idade da propriedade priada= da ual depende, os contratos de
tra.alho3
&i ele ue= pelo direito natural= te,os a posse le'íti,a de tudo uanto
sePa necess-rio para a so.rei"ncia de nosso corpo3 @oré,= inda'a ele=
por ue o fruto colhido e ar,aenado por al'ué,= o ani,al caçado e
coido por al'ué,= o peixe pescado e preparado por al'ué,= ue seria,
indispens-eis para a so.rei"ncia do corpo de ualuer pessoa= não
pode,= le'iti,a,ente= ser to,ados pela pessoa ue não colheu o fruto=
não caçou o ani,al= não pescou o peixe ue esses o.Petos fora,
conse'uidos pelo tra.alho de al'ué, e nenhu, outro te, o direito de se
apropriar dos frutos desse tra.alho3 E tra.alho é a ori'e, le'íti,a e le'al
da propriedade so.re terras= ani,ais= o.Petos3 @ropriedade tanto ,ais
le'al e tanto ,ais le'íti,a uanto ,ais tra.alho tier sido necess-rio para
conse'ui#la3 Wue, cultia u, ca,po= te, o direito de cerc-#lo e
apropriar#se priada,ente das colheitas= podendo punir ue, delas
desePar se apropriar3 E ,es,o co, os re.anhos= as oficinas= o dinheiro no
co,ércio= etc3
@or outro lado= co,o é cri,e (pelo direito ciil) apropriar#se dos produtos
do tra.alho alheio= nin'ué, poderia apropriar#se dos produtos produidos
por u, outro tra.alhador3 Co,o= poré,= o n/,ero de terras férteis é
li,itado= o ser
propriedade de cercada
ani,aisnin'ué,
procriadores ta,.é,=
,ais pode e= depois
nela penetrar parade u,a
to,ar
o.Petos co, ue fa.ricar instru,entos de tra.alho e o.ter ,atéria#pri,a
co, ue ,ontar u,a oficina= u,a olaria= u,a f-.rica de calçados= e ,uito
,enos para ender o ue u, outro cultiou= aueles ue não
conse'uira, ,eios de so.rei"ncia (propriedades e instru,entos de
tra.alho) são forçados a tra.alhar para os ue t", propriedades3 Co,o=
então= i,pedir o cri,e de apropriar#se dos produtos do tra.alho desses
tra.alhadores @or ,eio do contrato de tra.alho ual o produto do
tra.alho é apropriado por outre, porue pa'ou pela força de tra.alho
usada para a produção3
+ão é nossa intenção discutir se as teses do senso co,u, e as da filosofia
são erdadeiras ou falsas (não esta,os discutindo o nasci,ento do
capitalis,o)3 +ossas .rees indicaçQes
487
pretendera, apenas assinalar co,o o tra.alho= nu,a sociedade se,
OescraosO= tornou#se alor= irtude e re'ra funda,entais3 @elo lado do
senso co,u,= co,o co,.ate aos ícios da pre'uiça e do rou.o3 @elo lado
da filosofia= co,o conceito indispens-el para a teoria da le'iti,idade e
le'alidade da propriedade priada3
@oré,= ual a relação entre sexo e tra.alho
Wuando nos referi,os a Santo A'ostinho= disse,os ue ele haia
ela.orado u,a concepção profunda e eni',-tica a respeito da ontade
hu,ana3 @ara ele= nossa ontade é lire e é essa li.erdade ue nos fa
pecar (o nosso lire#ar.ítrio aca.a se transfor,ando e, sero#ar.ítrio)3
@oré,= essa
pecadores ,es,a do
e herdeiros ontade= por serdea Adão
pecado ori'inal ontade
e $a=de
nãoseres finitos=
possui= por si
,es,a= a força para nos salar3 A salação depende de u, do,
,isterioso de &eus: a 'raça ou 'raça santificante3 A perdição é nossa
o.raY a salação= o.ra diina3
&eus é Pusto3 @or Pustiça= deeria condenar#nos= a todos= Ns penas do
inferno= pois a ,ancha do pecado ori'inal nos tornou para se,pre
indi'nos3 &eus é @ai ,isericordioso: não sI enia o Filho para nos redi,ir
dos pecados= ,as ainda escolhe al'uns dentre nIs para a salação eterna=
i,erecida3 @or ser i,erecida= não depende de nIs3 Faça,os o ue
fier,os= não conse'uire,os a salação: ela não depende de nossos atos
e de nossas o.ras= ,as da decisão indecifr-el da ontade diina3 A
ontade diina indecifr-el se cha,a: &iina @roid"ncia3 A condenação
de uns e a salação de outros= decreto eterno e insond-el= se cha,a:
@redestinação3 $sse conceito aparece e, São @aulo uando di ue= nas
,ãos de &eus= so,os co,o .arro nas ,ãos do oleiro ue fa asos para a
honra e para a desonra3
A concepção de Santo A'ostinho ne, se,pre foi inteira,ente aceita pela
J'rePa= passando por ,odificaçQes= alteraçQes e até ,es,o por recusas3
as Pa,ais desapareceu e reaparecer- co, força noa co, a Refor,a
@rotestante3
As -rias tend"ncias protestantes irão interpretar de ,odos diferentes a
teoria da @redestinação= particular,ente a uestão de sa.er se pode,os
ou não nos salar pelas o.ras realiadas3 @ara al'uns= a salação não
depende das o.ras porue esta é decidida por &eus desde toda a
eternidade
486 e supor ue nossas o.ras possa, ,udar o decreto diino e
supor ue o ho,e, pode ,ais ue &eus= o ue é u,a .lasf",ia3
@ara outros= &eus nos escolhe ou nos condena e nos oferece sinais dessa
decisão3 D, desses sinais é a .oa ualidade das o.ras ue fae,os3 As
o.ras não ,uda, o decreto: apenas o reela,3 A prosperidade de ue,
tra.alha= a riuea= por exe,plo= é u, desses sinais da eleição diina
(perspectia ue sI poderia florescer no capitalis,o= eidente,ente)3
Eutros= por fi,= co,.ina, as idéias das duas tend"ncias anteriores3 Se a
perdição depende de nossa ontade= se &eus= no Liro Santo= disse o ue
é o .e, e o ,al= desiar#se do ,al é eitar a perdição= colocar#se e,
estado de rece.er a salação= se for,os escolhidos3 $ o tra.alho é u, dos
,eios ,ais eficaes para fu'ir da tentação e eitar os ca,inhos do ,al3
A pri,eira posição prealece no luteranis,o inicialY a se'unda= no
calinis,oY e a terceira= nu, ra,o in'l"s do calinis,o= o puritanis,o3
+estas duas tend"ncias= o tra.alho e a prosperidade dele decorrente são
transfor,ados nauilo ue e.er deno,ina: a idéia protestante de
ocação (ser cha,ado por &eus)3
$studando o.ras de líderes reli'iosos do século X*JJ= especial,ente a do
líder puritano in'l"s= %axter= e a do líder uacre in'l"s= %arcla9= o
sociIlo'o e historiador ale,ão= ax e.er= nu, liro intitulado A tica
@rotestante e o $spírito do Capitalis,o= ela.orou o conceito de ideal de
ida ascética= co,o n/cleo da ética protestante= e seu ínculo interno co,
idéias e pr-ticas do capitalis,o3 e.er fala nu, Oparentesco eletioO=
nu,a afinidade interna= entre essa ética e a noa econo,ia= constituindo
o unierso
Ascese uer.ur'u"s3
dier: li,par#se= purificar#se por ,eio de exercícios físicos=
,orais e espirituais ue li.era, a al,a das i,pureas e i,undícies do
corpo= particular,ente dauela ue est- na ori'e, de todas as outras: o
sexo3
A ida ascética ou o ideal da ida ascética= postos co,o ocação cristã
(cha,ado diino e= portanto= eleição por &eus)= colocarão e, seu centro a
irtude do tra.alho (os ue tra.alha, for,a, o noo poo eleito por
&eus)3 E ,elhor exercício de purificação é tra.alhar= tra.alhar ,uito= se,
descanso= tra.alhar até N exaustão3 @or isso= a riuea não é finalidade do
tra.alho e os ricos dee, continuar tra.alhando=
4?
co,o se fosse, po.res3 @oré,= a condenação não recai so.re a riuea
enuanto tal (co,o acontece nas ordens ,endicantes catIlicas ou no
elo'io da po.rea pelos Fratricelli de São Francisco de Assis)= ,as so.re o
'oo da riuea= isto é= e, faer da riuea pretexto para o descanso= o
laer e o Icio3 So,ente o tra.alho canta 'lIrias e honras a &eus3
$scree e.er: OA perda de te,po= portanto= é o pri,eiro e principal de
todos os pecadosOY trata#se do euialente espiritual da idéia central de
%enPa,in Fran<lin e do capitalis,o a,ericano= isto é= ti,e is ,one9=
te,po é dinheiro3 $ se o do,in'o existe= não é para o descanso= ,as para
ue o tra.alho físico deixe u, te,po para o tra.alho espiritual de
adoração a &eus3
E tra.alho é o 'rande purificador dauilo ue o puritanis,o cha,a de
ida suPa3 +esta= o sexo é central e os puritanos defende, para todos os
seres hu,anos
reserado auela
para ida disciplina
,onacal3 e contenção
Co,o ue a J'rePa
a ética puritana é co,oCatIlica haia
se o ,undo
todo irasse u, i,enso ,osteiro3 $ as idéias so.re o casa,ento reto,a,
as dos @ri,eiros @adres da J'rePa: freio= re,édio e casto= apIs a
procriação3
E tra.alho é a finalidade da ida e a ida e, estado de 'raça é a ida
operosa3 Lutando contra o catolicis,o e contra o an'licanis,o dos reis
in'leses= os puritanos condenaa, as leis ue instituía, os dierti,entos
populares: os .ailes= os esportes e as representaçQes teatrais3
E esporte era condenado por ser laer e por ser exi.ição corporal3 @ara ser
reconhecido pelo ideal ascético transfor,ou#se e, treino para au,entar a
efici"ncia do corpo no tra.alho3 Jsto é= a idéia do tra.alho co,o ocação
estar- li'ada estreita,ente N de racionalidade ou racionaliação: tudo
uanto é= e, si ,es,o= conden-el= pode ser transfor,ado e, aceit-el
se for racionaliado3 Racionaliar al'u,a coisa si'nifica: torn-#la /til ao
tra.alho3
E teatro era condenado por seu fundo erItico e corpIreo ue não poderia
ser racionaliado de ,odo al'u,3 A literatura= ta,.é, condenada por ser
supérflua e ociosa= poderia ser racionaliada: os escritos edificantes e os
textos para ,elhoria do rendi,ento do tra.alho3
A ostentação no estu-rio= tanto por seu erotis,o uanto pelo
exi.icionis,o= era condenada3 A racionaliação neste
44
caso= consistiu não apenas na so.riedade do estir#se= ,as nu, fato noo
ue ,arcaria o capitalis,o: a padroniação3 E ,es,o ideal ou .usca do
padrão de
,érito alendo paraees
ser duas a casa e os o.Petos de
racionaliadora: uso3
não sI Aeitaa
padroniação tinha o
o indiidualis,o
erItico= ,as a produção de o.Petos padroniados é ,uito ,ais eficiente e
r-pida= u, ,aior n/,ero de o.Petos passando a ser produido nu, te,po
,enor (Ote,po é dinheiroO)3
@or fi,= a ocação= de u, lado= e a racionaliação= de outro= iria, dar as
duas confi'uraçQes principais do tra.alho no ,undo capitalista3 Se o
tra.alho é ocação= todo ho,e, dee desePar profissionaliar#se= pois a
profissão é u,a ocação (,ais tarde= uando a psicolo'ia científica
su.stituísse a %í.lia= a ocação profissional= de cha,ado diino= iria
tornarse tend"ncia psíuica control-el enuanto a escolha da profissão
certa= o atendi,ento N ocação= passaria a ser aaliado por testes
ocacionaisY a ocação profissional acertada ser- não apenas ,eio de
realiação indiidual= ,as forneci,ento racional de ,ão#de#o.ra
adeuada ao ,ercado de tra.alho)3
Wuanto N racionaliação= i,.ricada na idéia de Ote,po é dinheiroO= seu
resultado ser- a diisão crescente do processo de tra.alho= a
profissionaliação co,o especialiação3
e.er= no liro ue ,enciona,os= refere#se N i,portMncia ue al'uns
pensadores= co,o Ada, S,ith= dera, N especialiação co,o
racionaliação do tra.alho: a especialiação au,enta o rendi,ento de
cada tra.alhador= a uantidade 'lo.al da produção e da riuea e a
ualidade dos produtos3 So. todos os aspectos= portanto= ela é /til e
deseP-el3 Se= ainda por ci,a= for sentida co,o realiação pessoal= co,o
cu,pri,ento da ocação= então= pode ser considerada perfeita3
Se deixar,os=
pri,Irdios da a'ora= a perspectia
constituição Ke.eriana=
do unierso ueético
social= nos colocou diante dos
e econV,ico do
capitalis,o= e nos oltar,os para a sociedade conte,porMnea= ere,os
os resultados dauelas concepçQes dos @ais Fundadores da ,oral
.ur'uesa3
Antes de ,ais nada= poré,= é coneniente o.serar,os ue a ética do
tra.alho pelo tra.alho é ,uito ,ais efica na repressão da sexualidade do
ue a ética do casa,ento3
$, pri,eiro lu'ar= porue o casa,ento co, todas as restriçQes e todas as
suas re'ras= ainda é O,atéria co,.ustíel
40
O (a esposa insatisfeita= ou se ,astur.a= ou co,ete adultério= ou desco.re
a felicidade na ternura da relação lés.icaY o ,arido insatisfeito= ou se
,astur.a= ou procura a prostituta ou ta,.é, desco.re os praeres da
relação ho,ossexual)3 +o caso do tra.alho= a exaustão i,pede o
sur'i,ento da ener'ia sexual porue ela ser- inteira,ente desiada para
a OproduçãoO3
$, se'undo lu'ar= poré,= ocorre co, o tra.alho al'o se,elhante ao ue
ocorrera co, o sacra,ento da confissão3 Antes de ,ais nada= ao contr-rio
do casa,ento= ele não é apenas u, freio para o sexo: é u, su.stituto
para ele e o ,elhor dos su.stitutos= pois é irtude= ocação espiritual=
reconheci,ento profissional= le'iti,idade da propriedade e da riuea=
enfi, alor positia,ente positio3 su.li,ação3 @or outro lado= co,o na
confissão= ue co,eçara pelos pecados co,etidos na relação co, outre,
e ter,inaa na relação solit-ria do pecador consi'o ,es,o= ta,.é, no
tra.alho é capitalista=
sociedade o corpo indiidualiado
co,o escreeu e solit-rio o ue ,ais
ichel Foucault= nu,interessa3 A
liro intitulado
*i'iar e @unir= desenole não apenas técnicas para transfor,ar todo o
corpo nu,a ,-uina de tra.alho (a racionaliação puritana)= ,as ainda
técnicas para corri'ir= disciplinar= i'iar e punir os corpos ue não se
aPustara, N produção= criando os corpos dIceis: disciplinados= operosos=
assexuados3
OA função tripla do tra.alho se,pre est- presente: função produtia=
função si,.Ilica e função de adestra,ento ou disciplinarO= escree
Foucault3 para ue, a função si,.Ilica e disciplinar são as ,ais
i,portantes porue estão li'adas ao pro.le,a da do,inação (de ue
falare,os ,ais adiante)3
Wuando nos transporta,os do período inicial de construção da ética do
tra.alho= co,o ocação e ideal ascético= para as for,as posteriores de
or'aniação do processo de tra.alho na ind/stria ,oderna= ,elhor
pode,os aaliar o papel reserado ao tra.alho3 Ao descreer a
,anufatura e= a se'uir= a 'rande ind/stria= arx o.seraa ue o local de
tra.alho se transfor,ara nu,a 'rande ,-uina constituída de peças ue
a faia, funcionar: os corpos dos tra.alhadores3 Cada oper-rio P- não
produia u, o.Peto por inteiro= ne, ,es,o partes inteiras de u, o.Peto=
,as partes das partes= apertando
41
parafusos ou porcas durante horas= dias= se,anas= ,eses anos= u,a ida
inteira3 Alienação3
$ssa diisão do processo de tra.alho é insi'nificante se a co,parar,os
co, as etapas
ta9loris,o3 posteriores
+este= ta,.é, daconhecido
industrialiação= e, particular
co,o 'er"ncia co, o
científica= o
ad,inistrador de e,presa= Ta9lor= conce.eu a racionaliação do tra.alho
,oderno3
Racionaliação= porue a idéia central da 'er"ncia científica é dupla: por
u, lado= o.ter= no interior das f-.ricas e dos escritIrios= controle a.soluto
so.re o tra.alhador durante as tarefas= 'raças N separação entre
concepção_decisão (ue são reseradas aos 'erentes) e execução (o
tra.alhador é ,ero executante de tarefas cuPo sentido= causas= ,eios e
fins i'nora)= e= por outro lado= o.ter a.soluto rendi,ento do tra.alho=
'raças ao total controle so.re o corpo do tra.alhador pela diisão de cada
tarefa e, partes as ,enores possíeis= correspondentes a diisQes do
corpo do tra.alhador3
Te,po é dinheiro3 Ta9lor co,eçou usando u, cronV,etro3 Crono,etraa
o te,po usado por u, tra.alhador= na f-.rica= para executar u, 'esto ou
u, ,oi,entoY depois= 'raças a treinos= ual o te,po ,íni,o
indispens-el para cada 'esto ou ,oi,entoY depois= au,ento da rapide
pela especialiação= isto é= cada tra.alhador= e, e de realiar ,uitos
'estos e ,oi,entos= passa a realiar dois ou tr"s= e,.ora o ideal sePa
ue realie u, sI= no ,ais .ree te,po possíel3 &epois dessa
fra',entação do corpo do tra.alhador3 Ta9lor adaptou as ,-uinas a
esse treino: ta,.é, elas fora, su.diididas nos ele,entos ,enores
possíeis e cada ual operando no te,po ,enor possíel3
$sse ,es,o procedi,ento= Ta9lor aplicou ao tra.alho nos escritIrios=
calculando 'estos e ,oi,entos necess-rios @ara pe'ar u, papel nu,a
'aeta e ecoloc-#lo
.orracha= na ,-uina
não sI conce.eu @aradedatilo'rafia=
as ,esas para
tra.alho de tal pe'ar
,odo ue l-pis=
fosse
,íni,o o te,po necess-rio para cada 'esto ou ,oi,ento= ,as ta,.é,
especialiou os e,pre'ados de escritIrio e, funçQes ,íni,as
co,.inadas co, as de outros3 Foi crono,etrando o te,po ue cada dedo
leaa para .ater u,a letra no teclado ue o ta9loris,o conse'uiu a
padroniação das ,-uinas de escreer= conce.idas para a dedilha'e,
,ais r-pida possíel3
E ta,anho dos clips= o peso da tesoura e do pincel de cola=
48
a altura da cadeira= a distMncia entre as ,esas tudo foi OracionaliadoO
pelo ta9loris,o3
D, outro especialista de 'er"ncia científica= cha,ado %ri'th= sofisticou o
ta9loris,o para o período da auto,ação (ue uase não existe ainda no
%rasil= ,as est- a ca,inho)3 $la.orou= a partir da o.seração e do treino=
u,a escala de rendi,ento do tra.alho (-lido para todos os lu'ares e não
,ais para f-.ricas e escritIrios apenas) ue é inersa,ente proporcional
ao esforço físico= ,ental= N especialidade= N instrução= N experi"ncia= N
to,ada de decisão3 Jsto é= u, tra.alho alcança o ,-xi,o de rendi,ento
uando nele não h- esforço físico e ,ental= não exi'e especialiação ne,
experi"ncia préia= nenhu,a instrução e so.retudo nenhu,a necessidade
de to,ar decisão3 $, su,a= o rendi,ento au,enta uando= 'raças N
auto,ação= o tra.alho redu o tra.alhador a u, autV,ato= encarre'ado
de i'iar a ,-uina= enuanto seu i'ilante é i'iado por outra ,-uina
ue é i'iada por u, i'ia final3
D, peueno exe,plo
super,ercado: a ,-uinadisso é o da
fa todas as ,oça na caixa
operaçQes= a ,oçare'istradora do
e a ,-uina
são i'iadas por teleisores ,/ltiplos nu,a sala escondida= ue ta,.é,
sere para a i'ilMncia dos fre'ueses= e u,a pessoa controla os i'ilantes
dos teleisores3 Co, 'raus diferentes de ariação e intensidade= assi,
funciona o tra.alho e, todas as instituiçQes= da escola ao centro esportio
e cultural= do hospital N prisão3
D, exe,plo interessante da crono,etria aparece no fil,e lut= onde ;ane
Fonda= usando o interalo entre dois tra.alhos= tra.alha co,o prostituta:
enuanto cu,pre seu papel ('e,idos= palaras= risos= a.raços e .eiPos)=
espia o relI'io de pulso e ter,ina a atiidade assi, ue os ponteiros
indica, ue o te,po disponíel para o co,prador est- es'otado3
A racionaliação do processo de tra.alho possui ainda u,a outra face:
per,ite racionaliar o consu,o3 Es o.Petos ue consu,i,os co,o se
fosse, neutros ou desePados porue a propa'anda criou e, nIs a
ontade e a necessidade de possuí#los= não são o.Petos si,ples3 Cada u,
deles foi calculado para nos proporcionar u,a uantidade deter,inada de
satisfação= apIs a ual precisa ser su.stituído por outro (co,o se
fVsse,os eternas crianças na tentatia se,pre frustrada de
4
satisfaer,os o princípio de praer= se, conse'ui#lo)3 as o c-lculo é
,ais sutil uando se trata de o.Petos de consu,o ue dee, auxiliar
nossa reposição de ener'ias para o tra.alho e so.retudo eitar ue
perca,os ,uito te,po nesse consu,o: copos= 'arrafas= pratos= talheres=
recipientes são calculados uanto ao ta,anho= ao olu,e= ao peso= de
,odo
e sedea se,
per,itire, u, consu,o
'astar,os r-pidone,
,uita ener'ia e, ue possa,os
,uito te,po3 satisfaer
$, resu,o:fo,e
nosso corpo est- ad,inistrado racional,ente3
A fra',entação do corpo est- presente= por exe,plo= na ,edicina= onde
u, ,édico é capa de curar nosso olho dando#nos a in'erir u,
,edica,ento ue destrIi nosso estV,a'o porue o especialista P- não "
o corpo co,o u, todo ou or'anis,o= ,as co,o partes de partes
independentes3 $ssa ,es,a fra',entação aparece noutro fenV,eno ue
conhece,os ,uito .e, porue cotidiano: a peculiar diisão dos
pro'ra,as de teleisão e, ,Idulos ue dura, de 4? a 4 ,inutos3
$studos de psicolo'ia e de psico.iolo'ia reela, ue= apIs o tra.alho
extenuante e o te,po dispendioso no transporte e nas refeiçQes= nossa
atenção cai uase a ero3 +enhu, de nIs= nessas condiçQes= concentra a
atenção ,ais do ue por al'uns ,inutos3 E detalhe i,portante= poré,= é
ue a recuperação da atenção= co,o os estudos científicos de,onstra,=
não precisa ser feita pelo repouso= ,as pela ,udança de o.Peto= e por isso
os an/ncios= entre os ,Idulos= são curtos e nu,erosos3
+u,a o.ra intitulada $ros e Ciiliação= o filIsofo arcuse aplicou
conceitos da psican-lise na co,preensão da repressão sexual o.tida
atraés da racionaliação exercida so.re o tra.alho e so.re toda a nossa
ida pela sociedade conte,porMnea= ue ele cha,a de sociedade
unidi,ensional (isto é= u,a sociedade se, di,ensQes e diferenciaçQes=
onde tudo euiale a tudo= se troca por tudo= tudo sendo ,ercadoria e
o.Peto de consu,o) e ta,.é, de sociedade ad,inistrada (isto é= onde
todas as nossas atiidades= idéias= todos os nossos desePos e pensa,entos
estão sãofala
arcuse controle de instMncias exteriores
e, super#repressão a nIsde
e e, princípio e ue desconhece,os)3
rendi,ento3
A super#repressão não é apenas a repressão no sentido do recalue= tal
co,o o i,os definido e, Freud3 +e, no sentido
4>
freudiano de contenção do princípio do praer por exi'"ncias do princípio
de realidade3 A super#repressão é u, conPunto de restriçQes e de
i,posiçQes ue t", co,o finalidade o.ter e conserar a do,inação3 u,
fenV,eno sIciopolítico3
+a teoria freudian a= a contenção do princípio do praer pelo de realidade
tinha u, pressuposto: os seres hu,anos ie, e, estado de pen/ria e
precisa, tra.alhar para so.reier3 preciso= portanto= ue a li.ido não
sI sePa repri,ida para ue ener'ias se diriPa, ao tra.alho= ,as ta,.é,
ue o praer aprenda a protelar#se e= e, certos casos= a suportar
frustraçQes definitias3 E tra.alho podia= si,ultanea,ente= to,ar o lu'ar
da li.ido para fins sociais /teis e podia ta,.é, ser u,a su.li,ação da
li.ido= u, ,eio para satisfa"#la indireta ou si,.olica,ente3
Era= di arcuse= Freud não leou e, conta u, aspecto essencial da
uestão: a desi'ualdade3 Jsto é= ue h- indiíduos= 'rupos ou classes
sociais cuPa pen/ria é resolida 'raças N condenação per,anente de
outros indiíduos= 'rupos ou classes sociais N pen/ria e ao tra.alho
forçado3 A itIria do princípio de realidade so.re o do praer foi o.tida
pela do,inação de u,a parte da sociedade ou outra3 isto a
superrepressão3
Assi, co,o a super#repressão produ a fra',entação do processo de
tra.alho
tenha para ue
o ,enor o tra.alhador
controle se transfor,e
so.re o ue nu,
fa= nenhu, inco,petente
poder de decisãoeenão
de
transfor,açãoY assi, co,o ela produ a fra',entação da produção e do
consu,o so. o controle da 'er"ncia científica e dos especialistas e,
,erchandisin' assi, co,o fra',enta o laer e os conheci,entos e, ,il
peuenas especialidades= ta,.é, fra',enta a sexualidade3 @ara ue o
tra.alho se torne central= alor e irtude= condenação e destino= a super#
repressão dessexualia e deserotia o corpo= destrIi as ,/ltiplas onas
erI'enas (cuPa satisfação= se for conserada= ser- cha,ada de perersão=
cri,e= i,oralidade) e redu a sexualidade exclusia,ente N ona 'enital=
co, finalidade procriatia3 A sociedade racionaliada é u,a sociedade
funcional= isto é= nela tudo o ue existe= sI te, direito N exist"ncia se for
definido por u,a função /til= adeuada e aceita: a sexualidade ser-=
então=
42
função especialiada e, procriar e função especialiada de al'uns Ir'ãos
do corpo3
A super#repressão não se contenta co, a do,inação e a funcionaliação3
E tra.alho ue ela aloria e transfor,a e, irtude é o tra.alho alienado=
isto é= auele ue não tra satisfação= ne, ale'ria= ne, co,pensaçQes=
ue não é fonte de criação= ne, possi.ilidade de su.li,ação3 Tra.alho
ascético da ida ascética= o tra.alho super#repri,ido não protela ne,
su.stitui o praer: apenas o ,ata3
A super#repressão= poré,= sI pode operar se estier interioriada= se as
pessoas considerare, nor,al= natural e deseP-el ier dessa ,aneira3
@ara isso ela
tal ,odo uerecorre
reste,Nu,diisão
te,poracionaliadora
,íni,o e u,do te,po,íni,o
espaço e do espaço=
para ade
sexualidade: u,as horas noturnas no leito conPu'al= no uarto secreto do
casal= nu, .ordel= nu, ca,pin'3 +o entanto= co,o ta,.é, as horas de
laer são controladas= porue estão li'adas ao consu,o= assi, co,o o
consu,o controla ta,.é, os espaços de laer= sI resta, duas saídas: ou
o laer exclui u, te,po para a sexualidade= ou a coloca so. o controle do
consu,o= isto é= da porno'rafia= do ,otel= da sauna= da casa de
,assa'e,3 $specialiação do espaço e ilusão da sexualidade li.erada3
@or esse ca,inho= a super#repressão se articula co, o princípio do
rendi,ento3 $ste= di arcuse= é a for,a conte,porMnea assu,ida pelo
princípio de realidade: produir para consu,ir e consu,ir para produirY
sentir#se culpado= hu,ilhado= di,inuído uando não se produ o uanto e
o ue a sociedade estipula= e uando não se conso,e o uanto= o ue e
co,o a sociedade estipula3 A identidade de cada u,= @ortanto= não
depende ,ais da relação peculiar ue se esta.elece entre nosso corpo=
nossa psiu"= nosso inconsciente e nossa consci"ncia co, a +aturea e a
Cultura= ,as do ,odo co,o so,os aaliados pelos critérios da
ad,inistração ue 'oerna a sociedade3 @or esses critérios= nossa
sexualidade é definida= aaliada= Pul'ada= aceita ou condenada3 +ossa
prec-ria li.erdade= desfeita pela heterono,ia (do 're'o hetero: utroY
no,ia= no,os: lei= re'raY autono,ia= do 're'o= autos: eu ,es,o= eu
,es,oY no,ia= no,os: lei= re'ra3 Autono,ia: dar#se suas prIprias leisY
heterono,ia: ser deter,inado por leis alheias)3
47
Super#repressão
uase e princípio
nada= realiando de rendi,ento
de ,odo redue,
cruel e pererso a li.ido
o desePo deou $ros a a
ThMnatos=
,orte= o aio= o nada3 +o entanto= assi, co,o o recalcado retorna= a
li.ido repri,ida retorna ta,.é,3 $sse retorno assu,e tr"s ,odalidades
principais: nu,a delas= a li.ido se transfor,a e, princípio de destruição=
a a'ressiidade realiando o praer (o nais,o= o fascis,o= os 'enocídios=
a destruição da +aturea= o cataclis,o atV,ico)Y nu,a outra= ela redu os
autV,atos hu,anos N infantiliação= ao confor,is,o= N dessu.li,ação
repressia (co,o= por exe,plo= a exi.ição dos corpos nus pela
propa'anda co,o profanação)Y nu,a terceira= enfi,= ela torna possíel a
re.eldia de $ros= a trans'ressão ue não é afir,ação do existente= ,as
sua ne'ação (por exe,plo= as OperersQesO sexuais co,o fonte de sa/de
e de ida)3 +esta terceira ia= a sexualidade re.elde parte e, .usca da
unidade perdida= da reco,posição do corpo e do espírito= e recusa
funçQes3
OE ho,e, de 'randes ne'Icios fecha a pasta de íper e to,a o aião da
tarde3 E ho,e, de ne'Icios ,i/dos enche o .olso de ,iudeas e to,a o
Vni.us da ,adru'ada3 A ,ulher ele'ante fa Cooper e sauna na uinta#
feira3 A ,ulher não ele'ante fa feira no s-.ado3 A freira fa oraçQes
diaria,ente e, horas certas3 A prostituta fa o trottoir todos os dias e,
certas horas3 E patriarca Po'a .rid'e e fa a,or se'undo o calend-rio3 E
oper-rio Po'a .ilhar e fa a,or nos feriados3 Bo,ens= ,ulheres e crianças
todos co, seus dias preistos e or'aniados: a,anhã te, ,issa de
séti,o dia= depois de a,anhã te, casa,ento3 %atiado na terça e na
uarta= ,acarronada= ue a feiPoada fica para o s-.ado= co,e,oração
préia do fute.ol
en'rena'ens de do,in'o=
da ,-uina itIria certa=
funcionando ora seb333
co, suas As o.edientes
rodinhas ensinadas=
u,as de ouro= outras de aço= estas ,ais si,ples= ,ais co,plexas auelas
l- adiante= aeitadas para o ,oi,ento ue é u,a fatalidade= taue#taue
taue#taue333 Ap-ticos e não ap-ticos= conulsos e apai'uados= atentos
e delirantes e, pleno funciona,ento nu, rit,o i,plac-el
$ste texto é da escritora L9'ia Fa'undes Telles= retirado de seu liro A
&isciplina do A,or3
46
A propa'anda é u, .o, filão para aco,panhar,os a repressão sexual na
sociedade ad,inistrada3 +ão sI porue nela o siste,a de euial"ncias=
prIprio do ,ercado= exi.e#se a si ,es,o= ual i,enso espelho= ,as
ta,.é, porue nela a do,esticação e ,anipulação do desePo atin'e
,o,entos de perfeição3
&esePar é desePar al'u,a coisa ou al'ué,3 sentir car"ncia= falta3
.uscar preenchi,ento= satisfação3 &onde o ínculo interior entre desePo e
praer3
E desePo não é a necessidade= ainda ue possa,os sentilo co, i'ual ou
,aior força do ue a necessidade3 +ecessidade é relação dual: fo,e#
co,ida= sede#.e.ida= cansaço#sono (nu,a perspectia .iolo'iante= o
sexo ta,.é, é reduido N necessidade)3 E desePo não é dual= ,as
tern-rio: o desePante= desePado e a coisa i,a'inada co,o realiação da
relação entre o desePante e o desePado (donde o papel do a,or no sexo)3
Te,os necessidade de co,ida= ,as tale tenha,os desePo de u,a
co,ida deter,inada (donde os céle.res desePos das 'r-idas)3
E ue
ue u,adesePa,os= no desePo
outra pessoa Al'unsdesePo=
aceite nosso filIsofos
uedissera, ue desePa,os
o reconheça e ue o
desePe3 Assi,= desePa,os o desePo de u, outro ser hu,ano (real ou
i,a'in-rio)3 A criança O.oainhaO fa a lição de casa porue desePa o a,or
de seus pais= a aproação dos professores= a ad,iração dos a,i'os= o
reconheci,ento de ue desePa ser a,ada= aproada= ad,irada3 E
adolescente Ore.eldeO ue não cu,pre seus OdeeresO desePa ser
reconhecido co,o lire por aueles ue so.re ele exerce, autoridade3 As
,ulheres são treinadas para a docilidade porue esta lhes é i,posta co,o
condição do a,or3
&esePo é relação entre seres hu,anos carentes3 @or isso a,a,os até N
loucura e odi-,os até N ,orte: nosso ser est- e, Po'o e, cada e e,
todos os afetos3 &esePo é paixão= diia, os cl-ssicos3
+o entanto= a ,arca funda e indeléel do desePo é o Pa,ais oferecer#nos a
'arantia de haer sido realiado3 @orue desePa,os o desePo de u,a outra
pessoa= a li.erdade de cada u,= os acidentes e destinos de cada u,= o
Po'o das relaçQes sociais= tudo i,pede (a não ser na tirania) a certea do
definitio e da plenitude3 @or isso distin'ue#se não apenas da necessidade=
,as ta,.é, do praer3 Afinal= por ue &on
4>?
;uan precisaria da Olista nu,erosaO= das céle.res 4??1= O,ilie treO
nesse n/cleo infinito do desePo ue a propa'anda e, tocar3 $ o fa co,
perfeição porue o essencial do consu,o é oferecer OproasO de nosso
reconheci,ento pelos outros e o.Petos de praer ef",ero para ue outros
enha, a ser consu,idos3 A propa'anda é a realiação perersa da
irrealiação
Eferece#nosessencial do ,es,o
o.Petos= ao desePo3 te,po= co,o indiidualiados (satisfação
do ,eu desePo pelo ,eu praer)= co,o portadores de reconheci,ento
(este o.Peto= e so,ente este= ,e fa ser desePada pelo desePo de outra
pessoa) e co,o interca,.i-eis ou indiferentes (ualuer o.Peto pode
satisfaer o ,eu desePo)3 $ isto tratar#se de u,a relação ,ercantil= ainda
nos 'arante ue pode,os Olear anta'e, e, tudoO= u,a espécie de
suple,ento de praer e desePo3 OLee dois e pa'ue u,3O
+a propa'anda= os estereItipos dos papéis sexuais#sociais reconhecidos=
respeitados ou ad,irados= são reforçados: os produtos são anunciados de
,odo a ,anter e le'iti,ar o ue é OprIprio de ,ulherO= OprIprio de
ho,e,O= OprIprio de adultoO= OprIprio de criançaO= OprIprio de
adolescenteO= OprIprio de elhoO eidente,ente= nada é anunciado
direta,ente co,o OprIprioO dos OperertidosO)3 +ão apenas ,ulheres
anuncia, produtos para ,ulheres= ho,ens para ho,ens= crianças para
crianças= adolescentes para adolescentes= elhos para elhos (pois cada
ual teria seu ,undo prIprio)= ,as ainda h- trocas de ofertantes:
,ulheres e ho,ens anuncia, produtos atraés da sedução= erotiando o
o.Peto pela ,ediação de ue, o oferece: crianças são usadas para
'arantir a eracidade do produto= pois a criança é inocente e sincera seus
atri.utos se transfere, para os o.PetosY elhos 'arante, a utilidade ou
efic-cia do produto porue os elhos são experientes e esse atri.uto é
transferido para os o.PetosY e= an/ncio perfeito= o recurso aos especialistas
(,édicos= dentistas= en'enheiros= professores= psicIlo'os= executios=
etc3) porue são conhecedores da erdade= 'arante, a autenticidade e
.oa ualidade
@oré,= dos produtos3
não é apenas co,o reforço de papéis ou de Oidentidades sexuaisO
ue o an/ncio funciona3 &isse,os haer u,a
4>4
transfer"ncia das ualidades ou atri.utos= ue se supQe pertencere, N
Oess"nciaO do anunciante= para os o.Petos anunciados3 $ssa transfer"ncia=
decorrente da prIpria naturea do desePo (ser o.Peto do desePo alheio) não
apenas torna i,possíel distin'uir 'ente e coisa (pois a coisa passa a ter
ualidades e atri.utos hu,anos= não sendo casual= por exe,plo= o
Ona,oroO da ,ar'arina e do pão)= ,as ainda deserotia as pessoas e
erotia os o.Petos3
Se, d/ida= co,o i,os no decorrer deste liro= u, dos traços de nossa
sexualidade é o inesti,ento li.idinoso e a,oroso#a'ressio dos o.Petos=
confor,e seu sentido inconsciente na histIria pessoal de nosso desePo3 +o
caso da propa'anda= poré,= não é isto o ue ocorre e si, u, duplo
processo: por u, lado= a função dos o.Petos é a de ocupar o lu'ar do
desePado= e, e de traer o desePado (a propa'anda é a for,a perersa
dos contos de fadas= das artes= da literatura)Y ,as= por outro lado= e
so.retudo= a propa'anda padronia os desePos e os o.Petos de sua
satisfação3 Es seres hu,anos= na ualidade de anunciantes= estão
encarre'ados de depositar so.re o.Petos anVni,os e ho,o'"neos a
,-scara da pessoalidade e da diferença3
as não sI isto3 A propa'anda produ u,a contradição insuper-el: nossa
sociedade condena co,o pecado= ício e cri,e a sexualidade cha,ada
fetichista (desePo e praer sexual atraés de al'uns o.PetosY nos fil,es de
Luis %unuel=
sapato por exe,plo=
fe,inino u,
(Cinderela= A dos
@atafetiches ,asculinos
da !aela) ,aisde
co,o fonte constantes
delícias)3 é o
Era= a propa'anda transfor,a e, ideal social auilo ,es,o ue a ,oral
repressia condena= pois a transfer"ncia das ualidades hu,anas aos
o.Petos é prIpria do fetichis,o3 oralista= a propa'anda nos indu ao
proi.idoconsentido porue d- lucro3 $xplora= portanto= as profundeas do
corpo e da al,a3
A propa'anda é repressia ainda noutra di,ensão3 A infMncia= co,o
su'eri,os e, outros capítulos= não é apenas u,a fase cronolI'ica de
nossa ida sexual3 Co,o diia Freud= o inconsciente desconhece o te,po
e consera co,o presente auilo ue a consci"ncia lança para o passado3
A infMncia é o fundo arcaico de nossa ida: o desePo da satisfação plena=
i,ediata e crescente de u, praer3 A propa'anda ,anipula nossa
di,ensão infantil3
4>0
+ão sI porue trata os adultos e as crianças co,o se fosse, criaturas
se, discerni,ento e se, discri,inação= ,as porue oferece a nIs todos
a ilusão da infMncia feli: os produtos são anunciados co,o portadores
i,ediatos e contínuos de satisfação3 Ter u, o.Peto é= e, si e por si
,es,o= a 'arantia do desePo satisfeito3 Tanto assi,= ue a propa'anda
perfeita é auela ue exi.e ,uito pouco o produto= exi.indo ,uito ,ais
as conseG"ncias felies dele (o OsucessoO= o Oa,orO= a Oli,peaO= a
Ointeli'"nciaO= a OfelicidadeO)3 A propa'anda esti,ula e, nIs a .usca da
'ratificação i,ediata3 Se, d/ida= a isto aspira,os e a repressão sexual
aí est- para frustrar nossa aspiração3 E ue a propa'anda fa é ocultar a
,oral repressia=
enunciados) per,ite, dando#nos a ilusão proí.e3
o ue a sociedade de ue al'uns o.Petos (os
Ao fa"#lo= poré,= passa a ,anipular nossas frustraçQes3 &e fato= a
principal característica do o.Peto ,oderno de consu,o= alé, da total
padroniação= é sua pouca duração: ie,os nu, unierso de
descart-eis3 Era= pro,etendo a 'ratificação instantMnea e a satisfação
i,ediata= a propa'anda nos oferece o.Petos ue sI poderão cu,prir esse
papel se fore, ininterrupta,ente su.stituídos uns pelos outros3 +ão sI
esti,ula o consu,o (afinal= essa é sua finalidade e seria a.surdo se não o
fiesse)= ,as o ,anipula e, duas direçQes: por u, lado= torna o consu,o
co,pulsio= co,o i,os= e= por outro lado= cria frustraçQes necess-rias
para a repetição do ato consu,ista3 $ssa ,anipulação da frustração é
calculada ,inuciosa,ente pelo ,erchandisin'3 Assi,= por exe,plo= o
lança,ento de u,a série de produtos nunca se d- de u,a sI e: cada
produto da série é apresentado sucessia,ente de ,odo ue o sucessor
OacrescenteO ualidades ao anterior= suprindo a frustração
deli.erada,ente criada pelo pri,eiro3
Alé, disso= o aspecto 'ratificante dos o.Petos é enfatiado não sI porue
são o.Petos O,-'icosO (produe, efeito instantMneo)= ,as porue sua
,a'ia os transfor,a e, dons: a não ser e, casos excepcionais= nunca o
o.Peto é apresentado co,o produto de u, tra.alho3 &essa ,aneira= não
sI o tra.alho (o te,po necess-rio entre a concepção e a realiação) é
ocultado= ,as esse oculta,ento é inerente N prIpria ética la.oriosa na
ual u, o.Peto é tanto ,ais alioso uanto ,enos trouxer as ,arcas de
sua fa.ricação= isto ue o fa.ricante é apenas u, instru,ento (co,o o
.arro
4>1 nas ,ãos do
oleiro)3 $sse oculta,ento aparece na expressão conhecida: fino
aca.a,ento= isto é= se, ,arcas de tra.alho3
A propa'anda é u, caso exe,plar= se uiser,os reto,ar a expressão de
arcuse= da dessu.li,ação repressia3 +ão apenas no sentido su'erido
por arcuse de profanação dos corpos (o corpo nu= di arcuse= não é
a,eaçador porue o corpo co,o unidade não existe ,ais)3 as nu, outro
sentido ta,.é,3 A propa'anda sa.e ue os consu,idores preferenciais
são os adolescentes (a função social e econV,ica dos adolescentes é a de
sere, /teis antes ,es,o de entrare, no ,ercado de tra.alhoY essa
OutilidadeO é seu poder de consu,o)3 Transfor,a= então= a adolesc"ncia
nu, ideal de ida para todas as idades: corpos Poens= nus ou se,inus=
iris= sensuais= .roneados= saud-eis= .elos= felies e plenos estão a
seriço não sI da enda de sa.onete= desodorante= roupa= ci'arro=
,-uina= ,Ieis= casas= liros= cos,éticos= turis,os (os o.Petos passando
a ter os atri.utos de Puentude= sa/de= .elea e felicidade de seus
oferecedores)= ,as ainda estão a seriço da disciplina corporal ('in-stica=
exercícios= dietas ali,entares)3 Assi,= a propa'anda conse'ue= por u,a
inersão i,a'in-ria fant-stica= repor= na for,a da sensualidade= a ida
ascética dos puritanos3
Ali-s= essa reposição é ,ais isíel nos cha,ados países desenolidos ou
de Oecono,ia da a.undMnciaO3 Co,o nestes países a auto,ação e a
alienação do tra.alho alcançara, u, índice ,uito alto= as propa'andas
oferecendo e,pre'os e tra.alhos são feitas de ,odo ,uito peculiar: o
seriço
laer $,é contrapartida=
apresentado co,o praeroso=
o laer feli= co,o
é apresentado f-cil= oho..9
tra.alho
(poisco,o u,
se laer
fosse ficar de papo pro ar não precisaria de o.Petos para se realiar)= e os
an/ncios dos ho..ies enfatia, o aspecto la.orioso e criatio da
atiidade= o laer co,o tra.alho3
Sexo e ci'ncia
$, ,uitas sociedades= e particular,ente na nossa= o corpo é u,a das
entidades priile'iadas para o exercício da do,inação3 A diisão social do
tra.alho e do processo de tra.alho= as peda'o'ias (nas escolas= nas
prisQes= nos hospitais)= o direito penal= a ,edicina= o consu,o ou a
filosofia eidencia, a presença de idéias e pr-ticas ue procura, confinar
o corpo N re'ião das coisas o.ser-eis= ,anipul-eis e control-eis3
Considerado pelo direito ciil co,o propriedade alien-el nu, contrato
(de casa,ento= de tra.alho)Y pela econo,ia= co,o força de tra.alho= força
produtia ou instru,entoY pela ,edicina= co,o conPunto de funçQes e
disfunçQesY pela escola e instituiçQes Orefor,atIriasO co,o disciplin-eisY
pelo consu,o= co,o espet-culo= o corpo é o lado ,enor= a parte inferior=
curiosa,ente /til (pelo
Tanto pela reli'ião tra.alho)=
uanto carentee(pelo
pela filosofia pela desePo)
ci"ncia=efo,os
peri'osa3
ha.ituados
pelo cha,ado pensa,ento ocidental a esta.elecer clara diferença entre
corpo e al,a= ,atéria e espírito
4>7
coisa e consci"ncia= e a relacion-#los de ,odo hier-ruico= u, dos ter,os
sendo se,pre superior ao outro e= nessa ualidade= dotado do direito de
,ando3 A hieraruia e a do,inação não aparece, apenas nas relaçQes
interpessoais e sociais= ,as no interior de cada u, de nIs uando
considerar,os ue nossa ontade e nosso espírito= nosso intelecto e
nossa consci"ncia dee, co,andar nosso corpo3 Ser adulto= nor,al e
racional é realiar esse co,ando3
&e ,odo 'eral= filosofia e ci"ncia distin'ue, entre os dois ter,os e as
duas realidades considerando o corpo coisa física e .iolI'ica (portanto=
,ecMnica e or'Mnica)= su.,etido a leis necess-rias e desproido de
li.erdade= enuanto a consci"ncia ou espírito= i,ateriais= constitue, o
ue cha,a,os de suPeito ou su.Petiidade= isto é= a capacidade de
pensar= refletir (pensar#se a si ,es,o) e decidir ou escolher= portanto
co,o ontade autVno,a ou li.erdade3
As idéias so.re o corpo hu,ano ,odifica,#se .astante= desde o adento
da cha,ada ci"ncia ,oderna3 Jnicial,ente= o ,odelo de ela.oração da
idéia de corpo era fornecido pela principal ci"ncia= a ,ecMnica= e= co,o
conseG"ncia= o corpo era pensado co,o ,-uina3 @oré,= u,a ,-uina
de tipo ,uito especial: o autV,ato= particular,ente o relI'io3 E corpo
ani,al e hu,ano é sensíel e iente= ,as desproido de al,a ou
espíritoY para ue funcione= suas partes dee, estar anato,ica,ente
dispostas de tal ,odo ue possa operar soinho depois de rece.er u,
co,ando indo da al,a (a corda no relI'io)3 Assi,= o corpo= conPunto de
dispositios ,ecMnicos e causal= rece.e o i,pulso inicial da consci"ncia e
depois opera soinho3 Co,o escreeu o filIsofo Can'uilhe,= nu, liro
intitulado Conheci,ento da *ida= o corpo é conce.ido co,o oper-rio3
@osterior,ente= co, o desenoli,ento das cha,adas ci"ncias da ida=
particular,ente a .iolo'ia e seus ra,os= o corpo passa a ser considerado
não ,ais ,onta'e, de partes separadas li'adas por relaçQes de causa e
efeito= ,as co,o or'anis,o3 D,a totalidade dotada de funçQes e
finalidades prIprias= capa de realiar a ,ais i,portante das funçQes: a
adaptação ao ,eio e a reprodução= isto é= funçQes de so.rei"ncia3 As
noçQes de eexperi"ncia=
corporais Pusta,enteinenção
porue eo transfor,ação
corpo não é li'a,#se
,-uinaNsinteira,ente
atiidades
control-el e preisíel é ue
4>6
pode, sur'ir seres ,uito especiais: os ,onstros3 A fecundidade corporal
é respons-el pela ,onstruosidade3 ;- pode,os i,a'inar o ue suceder-
N sexualidade333
Co,o o or'anis,o realia suas funçQes para atender a certas finalidades
externas e internas= o ,odelo do corpo= a'ora= é o da execução de ordens
co,andadas N distMncia isto é= o corpo é conce.ido co,o soldado3
Conte,poranea,ente= o ,odelo da ,-uina oltou a ser priile'iado na
ela.oração das idéias so.re o corpo= não sendo casual o sur'i,ento de
ci"ncias co,o a .iofísica= a .iouí,ica e a sIcio#físico#.iolo'ia3 +ão sI o
corpo olta a ser pensado co,o o.Peto técnico e técnico#instru,ental (isto
é= o corpo co,o realidade ue pode ser construída)= ,as a ,-uina ue
lhe sere de ,odelo é u, outro autV,ato ,uito ,ais sofisticado do ue o
relI'io: o co,putador3
@ensado a partir do co,putador= o corpo deixa de ser pensado co,o ida
e processo ital no sentido anti'o e, ue ida era relação co, o ,eio=
reprodução= capacidade de auto#re'ulação por u,a aaliação do a,.iente
(sentir a a'resiidade ou hostilidade do ,eio= confiar no ,eio ,antendo o
euilí.rio= esta.elecer relação co,petitia co, o a,.iente= atraés da
adaptação co,o itIria so.re as condiçQes dadas= aptidão ue per,itia
distin'uir a sa/de e a doença pelo critério da capacidade para criar
nor,as itais noas e da incapacidade para isto= rea'indo ao ,eio de
,odo ,onItono
exterior: o corpoe catastrIfico)3
realia por E si noo ,odelo
,es,o eli,ina a
operaçQes e relação
c-lculosco, o
para
conseração de seu Opro'ra,aO= isto é= do cIdi'o 'enético3 E ,odelo do
co,putador= pensa, ,uitos= daria ao siste,a neroso o lu'ar principal na
ela.oração do corpo e explicaria a descida ru,o ao ,icroscIpico (da
célula ao ,icrI.io= deste N .actéria= desta ao írus e deste N eni,a)= de
tal ,odo ue a ,-uina corporal é funda,ental,ente inisíel3 Todaia= o
sentido desse ,odelo é ,ais co,plexo3 @ensado co,o realidade de tipo
infor,acional e operando a partir de cIdi'os 'enéticos= o corpo se torna
inteira,ente preisíel e control-el: não so,ente conhece,os seu futuro
no /tero ,aterno= ,as tudo uanto lhe ser- possíel ou i,possíel ao
nascer e no decorrer da ida3 Alé, de ser possíel interferir e, sua ida=
alterando seu Opro'ra,aO ou o cIdi'o 'enético3 as não sI isto3
42?
&eixando de ser pensado co,o ,-uina natural para tornar#se ,-uina
construída= o corpo= so. o controle da .iofísica e da .iouí,ica= tornou#se
capa de u,a operação espantosa: reproduir#se se, sexo3
+ão se trata= co,o podería,os pensar= do .e." de proeta3 $ste ainda
necessita o encontro do esper,a e do Iulo3 ainda u,a operação
,acroscIpica3 Trata#se de outra coisa3 A .iofísica e a .iouí,ica são
capaes de proocar sur'i,ento ital 'raças a reaçQes físico#uí,icas
,icroscIpicas para reprodução de u, corpo noo a partir de u,a eni,a
ou de u, ele,ento ,icroscIpico ualuer retirado de u, outro corpo
io3 Trata#se do sur'i,ento dos cha,ados clones= seres ios o.tidos por
,ultiplicação físico#uí,ica de u, ele,ento ualuer3 A ci"ncia
conse'uiu=
,aior assi,=
esti',a li.erar aohu,anidade
e tor,ento: sexo3 de seu ,aior casti'o= de seu
Assi, co,o o pecado e o tra.alho se deslocara, do exterior para o
interior= se oltara, ,enos para as relaçQes interpessoais= intersu.Petias
e sociais e ,ais para a solidão do corpo penitente e do corpo la.orioso=
assi, ta,.é, a ci"ncia conse'uiu a solidão perfeita= o isola,ento
perfeito3 E corpo não precisa do ,eio para ier precisa apenas de seu
cIdi'o e não precisa de outro para nascer .asta#lhe o fra',ento
isolado a crescer por conta prIpria3
A uestão ue se coloca= para nosso assunto= não é tanto: teria isto sido
se,pre possíel e a desco.erta dependeu do pro'resso científico +e,:
isto não foi desco.erto (não era u,a potencialidade natural preé#
existente)= ,as foi construído pelo la.oratIrio +ão se trata de
discutir,os se essa concepção do corpo é al'o natural (ue estaa
escondido) ou se é pura,ente artificial (co,pleta,ente inentado)3 A
uestão é: por ue houe interesse nessa ,odalidade de pesuisa SePa
para desco.rir= sePa para inentar= o essencial é ue a ci"ncia tenha
escolhido u, ru,o no ual pVde eli,inar a relação sexo#ida3 +ão sI
eli,inou a /nica Pustificatia ue= atraés dos séculos= suportaa a
exist"ncia de seres sexuados= ,as ainda de,onstrou ue a ida e, da
não#ida3 @oderia ter sido ,aior a itIria de ThMnatos E corpo seria
,es,o OcorpusO
424
&eixe,os= poré,= essa discussão ue concerne ao futuro (seria essa
desco.erta#inenção propícia N li.eração sexual= ao desli'ar sexo e
reprodução Eu nu,a
e para o controle= essasociedade ad,inistrada=learia
desco.erta#inenção oltada para o for,as
a noas rendi,ento
de
repressão sexual)3
Antes de exa,inar,os o lon'o percurso de constituição de u,a ci"ncia
so.re o sexo ou sua cientificiação= exa,ine,os u,a curiosa instituição=
espécie de coroa,ento do processo ue ere,os posterior,ente: a
sexolo'ia ou or'as,olo'ia= nascida co, a finalidade de produir a
li.eração sexual= 'raças ao exter,ínio da Opeste e,ocionalO= isto é= das
paixQes e dos afetos conflitantes ue seria, respons-eis pela repressão
e infelicidades sexuais3 Tanto a li.eração uanto a felicidade sexuais
dependerão de u, /nico fator: o or'as,o satisfatIrio3
A sexolo'ia é u,a instituição curiosa porue é u,a espécie de
co,.inação do erotis,o co,o arte ou técnica do a,or e da ci"ncia co,o
conheci,ento teIrico so.re o sexo= sua atuação ,esclando peda'o'ia e
terapia= procurando su.stituir a coerção pela infor,ação correta3
A sexolo'ia co,.ina ,edicina e psicolo'ia co,porta,ental= parte de u,
estudo das doenças sexuais físicas e de co,porta,ento= propQe u,
trata,ento r-pido (,íni,o de u,a se,ana e ,-xi,o de u, ,"s)=
pro,ete o or'as,o perfeito= tolera o ho,ossexualis,o= reco,enda a
,astur.ação e defende a de,ocracia sexual (direito e deer de or'as,o
para todos)3 Tra.alha co, as idéias de função adeuada e disfunção (as
disfunçQes principais são: i,pot"ncia= fri'ide= ePaculação precoce e
aus"ncia de ePaculação)= atri.uindo estas a ,aus condiciona,entos ou
condiciona,entos inadeuados do co,porta,ento (a terapia consistindo
e, ,udar os condiciona,entos e o.ter a funcionalidade) e reco,enda
,edidas
,uito cedode ehi'iene e profilaxia=
ter,inar ,uito tarde=pois co,
não elas o or'as,o
haendo pode
necessidade deco,eçar
a'uardar
o ,o,ento de iniciar a ida sexual ne, de interro,p"#la Puentude e
elhice não t", alor para a or'as,oterapia3
A de,ocracia sexual apIia#se e, tr"s idéias: a pri,eira é a do altruís,o
social (donde o deer de produir or'as,o no parceiro)Y a se'unda= é a de
direito N felicidade (donde o deer
420
de o.ter seu prIprio or'as,o)Y a terceira= inclui as irtudes p/.licas:
tolerMncia= racionalidade (as relaçQes sexuais dee, ser refletidas=
calculadas= decididas e pro'ra,adas se'undo seus custos e anta'ens)=
aceitação da opinião p/.lica (no caso= a dos especialistas) e li.erdade de
expressão sexual (na ,edida e, ue a li.erdade de expressão é u, dos
direitos funda,entais do ho,e, e do cidadão)3
A sexolo'ia é u,a peda'o'ia sexual: ensina a cada u, o controle racional
de suas paixQes= o ,o,ento e, ue pode, ter lire curso e o ,elhor
,eio para fa"#lo (conheci,ento das Oonas estraté'icasO de seu prIprio
corpo e do corpo do parceiroY preparação ao ato sexual pela ,astur.ação
e outras técnicas de lu.rificação)3 E sexIlo'o ensina co,o controlar os
i,pulsos i,ediatos do desePo= co,o se preparar para sua satisfação= uais
as técnicas para fantasiar durante a relação sexual de ,odo ue= 'raças
Ns fantasias solit-rias= o 'oo do casal sePa ,aior= e so.retudo ensina cada
parceiro a respeitar os interesses sexuais do outro (a relação sexual é
pensada co,o u, contrato)3
Co,o escreeu u, estudioso= a sexolo'ia co,.ina praer e ascetis,oY
intelectualis,o (conhecer
e deeres= as ocasiQes os interesses
oportunas= sexuais
as onas do parceiro=
estraté'icas) seus direitos
e sensualidade
(técnicas de preparação ao praer)Y espontaneidade e pro'ra,açãoY
participar (a'ir sexual,ente) e ser espectador (ter suas fantasias prIprias
e i'iar para sa.er se o parceiro P- conse'uiu o or'as,o)Y uerer a
se'urança (se,pre o or'as,o perfeito pelo .o, conheci,ento do
parceiro) e o a.is,o do presente (esse tale sePa o /nico or'as,o
perfeito de toda a ida)Y uerer a unifor,idade (respeitar as re'ras e
técnicas aprendidas) e a diferença (uerer ser ori'inal e, cada relação
sexual)3 $, su,a: a esuiofrenia e a li.erdade i'iada3
A sexolo'ia não é u,a disciplina isolada3 Alé, do ,édico psiuiatra e de
psicIlo'os= as clínicas de or'as,oterapia inclue,: ,édico clínico=
urolo'ista= endocrinolo'ista= 'inecolo'ista= o.stetra= neurolo'ista=
der,atolo'ista= enereolo'ista e cirur'iQes (alé, dos seriços paralelos
co,o salão de .elea= 'in-stica= cirur'ia pl-stica= ,assa'e,= etc)3
%asica,ente ela opera 'raças ao Orespeito N opinião p/.licaO= isto é= dos
especialistas= de sorte ue o sexo fica su.ordinado N idéia de
co,pet"ncia= ue deter,ina o sa.er sexolI'ico e seu car-ter
421
peda'I'ico#profil-tico= operando ,enos por pressQes e ,ais por
infor,açQes3
$nfi,= a tolerMncia sexolI'ica não é ili,itada: o tipo de terapia
e,pre'ada se aplica a casais (,es,o ue se apresente, 'rupos e faça,
experi"ncias Oco,unit-riasO= pois dee, sair aos pares= co,o entrara,)
e= no caso dos ho,ossexuais= ta,.é, os esti,ula para ue for,e,
casais3
+os anos 1?= o cineasta franc"s ;ean Renoir fe u, fil,e ue até hoPe não
cessa de interessar a todos os ue a,a, e estuda, cine,a3 E fil,e foi
censurado= criticado pela direita (a classe do,inante aparece retratada
co, traços i,piedosos de cinis,o= hipocrisia e cripto#fascis,o) e pela
esuerda (a classe tra.alhadora aparece c/,plice dos do,inantes e
repondo a orde, .ur'uesa= ,al'rado si ,es,a)3 E fil,e= ue se cha,a A
Re'ra do ;o'o= é ,ontado so.re tr"s 'randes cenas#chae: u,a caçada
nu, castelo= u, teatrinho a,ador representado pelos conidados do
castelão= u, cri,e passional3 $ssas cenas são pontuadas por u,a
persona'e, especial= participante e espectador dos aconteci,entos: u,
poeta= apaixonado pela castelã e ue= conhecedor da re'ra do Po'o= sa.e
ue não é possíel trans'redi#la3
+u, fi, de se,ana= re/ne,#se para u,a caçada= u, .aile= u,a
representação teatral e .anuetes= os conidados de u, casal e u,
séuito de ad,iradores e seridores3 Re'ra do ;o'o: a,ores ou sexo
clandestinos entre as paredes do castelo= aão da a'ressiidade e do
ressenti,ento recíproco atraés da caçada= expressão das críticas e dos
desePos atraés do teatrinho a,ador3 Re'ra do ;o'o: os casais le'ais não
pode, ser desfeitosY o ,atri,Vnio ,ono'M,ico indissol/el se consera=
passada a trans'ressão consentida do fi, de se,ana3 Re'ra do ;o'o: as
classes do,inantes não se ,istura, a,orosa,ente co, as classes
do,inadas= senão pelo sexo clandestino3 as= al'ué, tentar- i,pedir o
Po'o de continuar: u, Poe, intelectual se apaixona pela castelã= é
correspondido= planePa a fu'a aproeitando#se do ,o,ento e, ue todos
estão ,ascarados=
arleuins) representando
no teatrinho do castelo3 papéis cl-ssicos (pierrVs= colo,.inas=
428
as= para ue.rar a re'ra do Po'o= a castelã tenta usar a trapaça: a patroa
pede N e,pre'ada ue lhe e,preste o ,anto co, capu= disfarçan do#se
para fu'ir (sutil refer"ncia tanto N fu'a de aria Antonieta= uanto N
duplicação dos disfarces da colo,.ina= alé, de ser o traPe cl-ssico de
Chapeuinho *er,elho)3
A Re'ra do ;o'o é restaurada: o ,arido da e,pre'ada= 'uarda#caça do
castelo= h-.il atirador= Pul'ando ser sua a ,ulher ue fo'e= O,atou co,
u, tiro certo o lo.o ,auO= isto é= fuila o Poe, apaixonado3 &esco.erto o
en'ano= consternação 'eral= ,as arranPo para ue o assassinato se
transfor,e e, ,orte acidental3 $ Onin'ué, fala ,ais nissoO3
Wue acontece co, a densidade tr-'ico#.urlesca= co, a crítica social e
política de A Re'ra do ;o'o uando passa,os N sua ersão asters and
;ohnson
+o fil,e %o.= Ted= Carol e Alice (ue a teleisão .rasileira reprisa pelo
,enos u,a e por se,estre)= u, dos casais ai a u,a clínica
or'as,oterap"utica (lindinha: .osues= ,/sica inisíel= a,.iente fino)
onde aprende a ser sincero= aut"ntico e corporal,ente sensíel3 Cura#se
nu,a se,ana3
@ri,eira proa dos noos iniciados: o ,arido= che'ando do tra.alho= d- de
cara co, a esposa na ca,a co, o Poe, atlético treinador de t"nis3 Jnício
da cena cl-ssica de f/ria= lo'o interro,pida pela le,.rança do
aprendiado da tolerMncia3 $ o treinador= apaler,ado= não entende por
ue oe ,arido
.e, e esposa
o despede, co,ocarinho3
aPuda, a se estir= uere, sa.er se est- tudo
Jnicia#se a ,issão peda'I'ica do noo casal: ai= a'ora= Osensi.iliarO u,
casal a,i'o3 @roposta terap"utica= depois de explicados os princípios
teIricos da noa doutrina: ida a u, hotel de luxo para troca de casais3 Es
uatro na ,es,a ca,a= desenxa.idos3 +ão d- ,uito certo= apesar dos
esforços3 as= e, contrapartida= co,o d- certo uando cada ual fa sexo
co, o seu erdadeiro parceirob D,a .elea3
@acificados= enternecidos e felies= l- ão os uatro= uase leitando e,
,eio N ,ultidão indiferente= co,pri,ida e apinhada pelas ruas= ,as ue=
u, dia= 'raças aos noos ,ission-rios sexuais= ta,.é, ser- feli3
Wual a diferença entre A Re'ra do ;o'o e %o.= Ted= Carol e Alice (não=
eidente,ente= do ponto de ista cine,ato'r-fico=
42
pois não h- co,o co,parar u,a o.ra#pri,a e u, fil,eco)
$nuanto e, A Re'ra do ;o'o são postas a nu as en'rena'ens iolentas
do ,undo .ur'u"s= a tra,a secreta ue urde os fios de sexo#poder= sexo#
diisão social= sexo#a,or= trans'ressão#per,issão= co,o se ela tiesse
uase a força inelut-el do destino= tra.alhada co, a ,in/cia da fili'rana
(u, olhar= u, 'esto= u,a caçada= u, teatro= u,a troca de estu-rio= u,
fuila,ento= as aco,odaçQes internas)= e,%o.= Ted= Carol e Alice= essa
,es,a sociedade é transfor,ada nu, cartão postal e, lees tons pastel=
idílica= diluída na Osensi.iliação corporalO e na o.ri'ação da
OautenticidadeO3 $, A Re'ra do ;o'o= a ida conPu'al é ,arcada pela
conenção= pelos interesses= pela hipocrisia e pelo oculta,ento da
iol"ncia ue
Alice ela se i,pedeno
conerte a ruptura
paraíso definitia da re'ra3
da sinceridade= $, %o.=
deseP-el Ted= Carol Se=
e praeroso3 e
e, A Re'ra do ;o'o= o exercício da li.erdade é cerceado pela força
i,piedosa das i,posiçQes sociais interioriadas= e, %o.= Ted= Carol e
Alice= conerter a re'ra do casal aut"ntico e feli e, li.erdade é operação
realiada 'raças ao ue se conencionou cha,ar de Oli.eração sexualO= a
,es,a ue torna toler-eis ho,ossexuais e lés.icas= desde ue
Ofuncione,O co, o recato e a discrição prIpria dos cVnPu'es3
A Re'ra do ;o'o exi.e os resultados da sociedade .ur'uesa3 A cena da
caçada é alusão a u,a outra caçada= céle.re no cine,a= a do Conde
^aroff= caçada hu,ana ue fracassa: ;ean Renoir nos ,ostra ue o ue a
no.rea não conse'uiu= a .ur'uesia realiou3 %o.= Ted= Carol e Alice
oculta esse resultado e su.stitui a caçada pela ean'eliação sexual da
,ultidão3
$idente,ente= se a sexolo'ia or'as,oterap"utica e or'as,olI'ica é a
tentatia para 'arantir aos adultos (Poens e elhos aí incluídos) ue
OsePa, felies para se,preO= e, contrapartida= a sexolo'ia forense te, a
triste tarefa de se ocupar co, os infelies: ho,ossexuais= ho,ens
i,potentes= ,ulheres frí'idas= ,ulheres estupradas= ad/lteros= filhos
ile'íti,os= os
42>
li.idinosos e os o.scenos3 E ue é doença= para u,a= é cri,e para a
outra3
E n/cleo da sexolo'ia forense é a proteção da fa,ília: discute e resole os
i,pedi,entos ,atri,oniais= o deflora,ento de ir'ens= a iol"ncia contra
crianças= enéreas=
doenças o estupro=excessos
os escMndalos contra
sexuais= a fa,ília
adultério= (ho,ossexualis,o=
ile'iti,idade de filhos)3
Auilo ue a sexolo'ia terap"utica pretende OcurarO= é o ue a sexolo'ia
forense est- encarre'ada de cri,inaliar3
Seria i,possíel= aui= detalhar,os idéias e procedi,entos e,pre'ados3
&are,os= por isso= apenas al'uns exe,plos para ue o leitor= ue
desconheça a sexolo'ia forense= infor,e#se u, pouco a respeito dela3
São i,pedi,entos ,atri,oniais: a identidade dos sexos (portanto=
,antida a proi.ição do ho,ossexualis,o= a'ora conertido e, cri,e)Y a
consan'Ginidade (pelo CIdi'o Ciil %rasileiro= não pode, casar#se:
ascendentes co, descendentes= ir,ãos e os colaterais até o terceiro 'rau=
os de terceiro 'rau= sI co, autoriação ,édicaY trata#se do incesto= co,o
se ")Y a insufici"ncia de idade (deter,inada por critérios fisiolI'icos=
psicolI'icos e incapacidade econV,ica: para os ,eninos= 47 anos= e para
as ,eninas= 4> anos= e,.ora não sePa esta a Oidade ideal para casar#seO
porue o corpo fe,inino ainda não est- pronto para ,aternidade se,
co,plicaçQes)Y a diersidade de raças (o ,atri,Vnio de raças fisica,ente
Odesar,VnicasO ou e, O'raus de desenoli,entoO diferentes não é
per,itido se, autoriação préia)Y doenças (o exa,e pré#nupcial é
o.ri'atIrio= tendo e, ista a eu'enia da raça= a hi'iene e a sa/de da
prole)3
Co,o é possíel o.serar= as condiçQes para o casa,ento le'al,ente
reconhecido inclue, dados econV,icos= preisão de ,aternidade e o
racis,o3 A O,istura de raçasO é desaconselhada porue os Ohí.ridosO são
,enos saud-eis e ,ental,ente ,enos desenolidos do ue os OpurosO=
a sexolo'ia
Oerdade forense apresentando 'rande n/,ero de proas dessa
científicaO3
E ue é fascinante na sexolo'ia forense é a ,in/cia co, ue cada caso é
discutido= os ar'u,entos sendo de tr"s ordens: ,édicos= Purídicos e
sociais3 $stes /lti,os se explica, pelo se'uinte ,otio: os ar'u,entos
,édicos e Purídicos são
422
considerados científicos e= co,o tais= possue, alidade uniersal= ,as
ne, se,pre suas indicaçQes = prescriçQes ou alores se coaduna, co, a
sociedade particular a ue se aplica, e cuPos costu,es dee, ser
leados e, conta3 *erifica#se= então= o ,ais interessante crua,ento de
ideolo'ias ,édicas= ideolo'ias Purídicas e ideolo'ias locais3
+a uestão da i,pot"ncia= por exe,plo= distin'ue#se a ,asculina e a
fe,inina3 +a pri,eira= tr"s tipos cuPos 'raus de doença e de cri,e são
ari-eis porue as causas pode, ser anatV,icas ou fisiolI'icas= ,as
ta,.é, pode, ser perersQes3 Assi,= por exe,plo= considera#se ,ais
cri,inosa a i,pot"ncia causada por ,astur.ação ou ho,ossexualis,o=
este e auela definidos co,o i,pot"ncia por perersãoY fala#se e,
i,pot"ncia psíuica= isto é= a ePaculação precoce3 +o caso da ,ulher=
poré,= são oferecidos apenas sinto,as anatV,icos e fisiolI'icos se,
ualuer refer"ncia a OperersQesO3 Es detalhes descritios dos Ir'ãos
'enitais fe,ininos e ,asculinos são exaustios e o ,otio é si,ples: no
caso da ,ulher= a i,pot"ncia não Pustifica anulação do ,atri,Vnio= ,as
no caso do ho,e,= si,3 interessante o.serar ue a i,pot"ncia
,asculina est- inculada N incapacidade para penetrar e fecundar a
,ulher= a ereção
contrapartida= e a ePaculação
a i,pot"ncia sendo
fe,inina ,inuciosa,ente
se identifica estudadas3 nada
co, a esterilidade= $,
sendo dito de sua atuação sexual= pois não é releante3
as a situação ,uda inteira,ente de fi'ura uando se trata da
erificação do estupro= pois alé, do exa,e pericial do corpo fe,inino= h-
inesti'ação para sa.er se a ,ulher per,itiu ou não= proocou ou não=
desePou ou não o estupro= isto é= h- Oinesti'ação psicolI'icaO si,ultMnea
N do hí,en e dos Ir'ãos 'enitais3 $ a ,es,a exi'"ncia para os casos de
iol"ncia= e, ue= por exe,plo= as roupas ras'adas são proa i,portante=
pois a roupa intacta su'ere consenti,ento3
+ota#se não sI a transfor,ação e, lei e cri,e dos papéis sexuais
atri.uídos a ho,ens e a ,ulheres= ,as ta,.é, o recurso aos
estereItipos de fe,inilidade e ,asculinidade na produção das proas3
E.sera#se ta,.é, a dualidade fe,inina: nenhu,a OperersãoO é
,encionada na an-lise da esposa i,potente= tudo se resu,indo N
descrição do estado defeituoso de seus Ir'ãos 'enitais e co,o se fosse
u, ser assexuadoY
427
,as no caso da estuprada e iolentada= h- enor,e interesse por suas
atitudes sexuais e ,uito cuidado até ue sua Oinoc"nciaO estePa
de,onstrada3
&e todo ,odo= tanto ho,ens co,o ,ulheres são su.,etidas a erdadeira
hu,ilhação: a sexolo'ia forense asculha seus corpos e senti,entos N
procura do cri,e3
E capítulo ,ais lon'o da sexolo'ia forense= co,o não poderia deixar de
ser= refere#se
duidosas3 ao exa,e
E capítulo de erificação
é lon'o da paternidade
não sI pela uantidade dee da ,aternidade
exa,es ,édicos
e periciais exi'idos (cuPos detalhes e Pustificatias são apresentados)= ,as
ta,.é, porue h- u, histIrico das proas= isto é= as -rias proas
inentadas no correr dos /lti,os séculos= suas falhas e irtudes3 As proas
são ,édico#le'ais= 'enéticas (pré#,endelianas e ,endelianas nas
pri,eiras= por exe,plo= procuraa,#se os traços fisionV,icos
se,elhantes)= san'Gíneas= não#san'Gíneas3 E alor de cada proa e o
si'nificado do conPunto são ta,.é, discutidos3 Alé, delas= h- recurso a
proas circunstanciais (por exe,plo= u,a teste,unha ue iu o encontro
clandestino de u, dos cVnPu'es)= cuPa i,portMncia é decisia para o cri,e
do adultério3
$ o capítulo ,ais interessante= por ser o ,ais reelador= trata dos atos
li.idinosos e o.scenos= ue são cri,es de atentado ao pudor e de ultraPe
p/.lico ao pudor3 Atos li.idinosos= são auele s co, os uais al'ué,
Oprocura satisfaer sua fo,e sexualO ou li.ido se, recorrer N conPunção
carnalO3 São eles: toues i,pudicos (,assa'ens= .eliscQes= co,pressQes=
,astur.açQes)= .eiPo e sucção (porue= alé, de eui,oses= são
trans,issores de sífilis= atraés da salia) e as cIpulas ectIpicas (sexo
oral= anal= uretal= cunilín'ua)3 Atos o.scenos são os ue ofende, o pudor=
praticados e, lu'ares p/.licos3 São eles: exi.icionis,o= .estialidade
(relação sexual co, ani,al) e pi',alionis,o (relação sexual co,
est-tuasY do ,ito 're'o se'undo o ual o escultor @i',alião fe u,a
est-tua tão perfeita= !alatéa= ue por ela se apaixonou e os deuses=
apiedados= dera,#lhe ida)3
as=
E o ue
pudor é osenti,ento
é u, pudor= se'undo a sexolo'ia
de respeito forense
e te,or pelo sexo3 Es te,ores ue
constitue, o pudor são tr"s: receio de fluidos ,-'icos ue e,ana, dos
Ir'ãos 'enitaisY te,or da concorr"ncia=
426
isto é= ue u, outro ho,e, desePe nossa ,ulher ou ir,ã ou filha ou ,ãe=
donde a necessidade de cuidar para ue ande, estidos de ,odo a não
suscitare, tal desePoY e o desa'rado3 $ste= é de tr"s tipos: desa'rado
pelos Ir'ãos 'enitais porue os Ir'ãos de reprodução estão prIxi,os dos
de excreção: é o desa'rado ,aterial= ue fa ho,ens e ,ulheres não
desePare, ser repu'nantes uns para os outros= escondendo as partes
'enitaisY desa'rado estético= isto é= desco.erta feita pela ,enina do efeito
sedutor= .estial e .rutal de suas for,as so.re os ho,ens= leando#a a
esconder todo o corpoY desa'rado ,oral: a ,ulher sa.e ue a ,elhor
,aneira de conuistar u, ho,e, e seu respeito é o recato nos 'estos=
nas palaras e no estu-rio3
Jndependente,ente da tentatia de definir o pudor co,o senti,ento
,asculino e fe,inino= a sexolo'ia forense o apresenta funda,ental,ente
co,o senti,ento das ,ulheres3 &onde sua a,.i'Gidade: a ,ulher precisa
do pudor co,o ar,a de sedução= de tal ,odo ue a irtude é o lado
,anifesto do ício oculto= ue os li.idinosos e o.scenos não são capaes
de dissi,ular3 Cri,e é recair na +aturea e, plena ciiliação3
Alé, de reforçar ideolo'ias acerca do fe,inino (do Oeterno fe,ininoO)= a
definição do pudor pela sexolo'ia forense deixa escapar o essencial: a
desco.erta espantosa e assustadora da diferença sexual= as si,.oliaçQes
ue circunscree,
i,purea reli'iosa,ente
e o ta.u do essa desco.erta
corpo= so.retudo (as idéias
o corpo fe,inino de purea=
,enstruado=
'r-ido ou no aleita,ento)= a ritualiação social dessa desco.erta
(ir'indade= castidade= fertilidade) e a percepção difusa de seu peri'o3 E
pudor= a se'uir,os o !"nese= é a desco.erta do corpo sexuado e u,a das
for,as ,ais arcaicas da repressão sexual3 &onde ser irtude e sua
trans'ressão= pecado ou cri,e3
A sexolo'ia forense .analia o pudor3
+u, estudo so.re a fe,inidade (e não Ofe,inilidadeO)= a psicanalista
@iera Auli'ner procurou decifrar a diferença sexual (não co,o ter ou não
ter deter,inados Ir'ãos= ter ou não ter deter,inadas condutas= ,as
co,o for,a da relação entre desePo e a,or= de sorte ue h- ho,ens
fe,ininos e ,ulheres ,asculinas)3 +esse estudo= o pudor ocupa u, lu'ar
especial3
47?
asculidade (e não O,asculinidadeO) é separar desePo e a,or3 E ho,e,
uer afir,ar o car-ter autVno,o do seu desePo= proa de sua irilidade e
ue per,ite considerar todas as ,ulheres co,o interca,.i-eis (as
céle.res 4??1 de &on ;uan)3 as por u" @orue se houer necessidade
de a,or= o desePo perde a autono,ia: não sI torna#se desePo desta
pessoa (a,ada) e de nenhu,a outra= ,as ta,.é, reela ue= para
realiar#se= o desePo precisa de u,a outra pessoa e= dependendo de
outre,= P- não é lire ne, autVno,o (ideolo'ica,ente= isto ira
,achis,o= ue é exata,ente o contr-rio da li.erdade desePada)3
Fe,inidade(e não Ofe,inilidadeO) é não separar a,or e desePo3 A ,ulher
afir,a
da ue a,orosa
relação sI pode desePar se= pri,eiro=
(ideolo'ica,ente= a,ar
isto irae,ulher
fa da fidelidade
ro,Mntica=oue
centro
é
exata,ente a i,possi.ilidade do a,or)3 E a,or funciona co,o -li.i para
o desePo porue é a ,aneira da fe,inidade esconder ue poderia ter u,
desePo autVno,o seu desePo é se,pre desePo de u,a pessoa
deter,inada e por isso cha,a#se a,or= isto é= relação co, u, outro3 Ao
,es,o te,po e, ue essa disposição a.re ca,inho para o ,asouis,o
(ser o.Peto do desePo alheio= por a,or) ta,.é, a.re ca,po para u,a das
,ais fundas fantasias da fe,inidade: a li.erdade da prostituta (a
,asculidade de ue, desePa se, precisar a,ar)3
as o ue essa co,plexa teia de senti,entos si'nifica Wue ho,e, e
,ulher (to,ados eidente,ente se, nenhu,a conotação anatV,ica)
reiindica, o direito de escolha (a li.erdade): o ho,e, exi.e sinais de
escolhedor= exi.indo sinais de seu desePoY a ,ulher exi.e sinais de
escolhedora= exi.indo a falta de sinais de desePo3 D, di ue não precisa
de nada ualuer ,ulher lhe sere3 A outra ta,.é, di ue nada lhe
falta= seu a,or sendo a causa de ceder ao desePo do ho,e,= ao ual não
precisaria ceder se não o a,asse3 $, su,a: cada ual precisa de,onstrar
a si ,es,o e ao outro ue não é carente= uando são= no M,a'o de seus
seres= car"ncia pura3
E pudor é a necessidade de u, éu ue cu.ra essa nude funda,ental da
fe,inidade e da ,asculidade3
474
Finaliare,os este tIpico apresentando al'u,as idéias desenolidas por
u, filIsofo e historiador franc"s= ichel Foucault= ue estudou a histIria
da sexualidade
Antes ocidental
de passar,os ,oderna3
ao seu estudo= 'ostaría,os de oferecer ao leitor
al'u,as infor,açQes so.re o estilo dos tra.alhos de Foucault= ue
pretende a.ordar arueolo'ica,ente os fatos discursios3 A arueolo'ia
se apresenta co,o o estudo dos estí'ios escondidos ue su.Pae, aos
edifícios teIricos e Ns pr-ticas sociais= u,a tra,a de idéias= instituiçQes=
atitudes= condutas (filosIficas= científicas= políticas= econV,icas= artísticas=
etc3) ue são operantes nu,a sociedade 'raças ao sil"ncio e, torno do
ue as tornou possíeis3
Ao ,es,o te,po= Foucault procura escaar esse sil"ncio nu, lu'ar ,uito
curioso: nos discursos3 E sil"ncio não é o ue os discursos não die,= ,as
são os conPuntos de estraté'ias e,pre'adas para a ,onta'e, desses
discursos3 Foucault considera ta,.é, ue o ,odo co,o u,a sociedade
lida co, o sa.er e o poder (ter,os sinVni,os) se realia atraés da
,onta'e, de dispositios discursios3 Jsto é= conhecer u,a sociedade ou
u,a época de u,a sociedade= é desco.rir o ue ela di= co,o o di= por
ue o di= para ue o di= a ue, o di= co,o foi possíel esse dier= ue
pr-ticas o suscitara, e fora, suscitadas por ele= e o ue não é dito3
uitos estudiosos critica, o O,étodoO de Foucault considerando#o
incapa de aco,panhar a '"nese histIrica necess-ria de deter,inadas
for,as de sa.er= de poder e de discurso3 Ta,.é, o critica, por dar u,
lu'ar tão central aos Ofatos discursiosO se, considerar= por exe,plo= a
luta de classes3 Eutros ainda o critica, por considerar ue o sa.er= o
poder e os discursos são estraté'ias= pois isto os tornaria ou ,auinaçQes
se, respaldo na realidade= ou construçQes ar.itr-rias ue se i,pQe, se,
dificuldade=ue
considerar pela si,ples
o poder nãopersuasão3
se encontra$nfi,= ,uitos
localiado o critica,
e, al'u, espaçopor
prIprio ue seria o lu'ar do poder (o $stado= a Lei= por exe,plo)= ,as se
encontra espalhado ertical e horiontal,ente por toda a sociedade=
nu,a ,icrofísica do poder3 &ie, os críticos ue Foucault aca.a
confundindo autoridade e poder= coerção e lei= desconhecendo a esfera do
&ireito e da @olítica3
470
+ão tentare,os aui discutir as posiçQes de Foucault ne, a de seus
críticos= ,as apenas resu,ir .ree,ente seus estudos so.re a ,onta'e,
do fato discursio sexualidade= a partir de u, conPunto de estraté'ias
teIricas e pr-ticas e, torno de u, o.Peto criado pelo discurso da
sexualidade: o sexo3
A idéia central de Foucault é ue a li.eração sexual= se for possíel= não
passa pela crítica da repressão sexual= ,as pelo a.andono do discurso da
sexualidade e do o.Peto sexo e pela desco.erta de u,a noa relação co,
o corpo e co, o praer3 Jsto si'nifica não sI a crítica da ,edicina= da
peda'o'ia= do direito= da psiuiatria= da psican-lise e da sexolo'ia= ,as
ta,.é, a crítica de suas críticas= pois estas per,anece, no ,es,o
ca,po definido pelas estraté'ias do discurso da sexualidade3
Foulcaultiana,ente= este liro seria u, caso exe,plar de su.,issão a tais
estraté'ias= isto ue não sI fala,os o te,po todo e, sexualidade= ,as
ainda lhe de,os u, lu'ar priile'iado na relação co, o desePo3 Era= para
Foucault= a li.eração sexual passa= entre outras coisas= pelo a.andono da
perspectia do desePo= isto é= do si,.Ilico3
&eixa,os
Se= por u,aolado=
leitor a decisão a esse
considera,os respeito3
os estudos de Foucault lu ue ilu,ina o
te,a e as pr-ticas da repressão sexual= entretanto= não te,os certea de
ue escolhería,os sua solução3 Ainda cre,os no inconsciente e no desePo
(alé, de crer,os= co,o ele= no praer e no a,or= eidente,ente)3
Se aco,panhar,os ichel Foucault= nu, liro intitulado BistIria da
Sexualidade A *ontade de Sa.er= ,uito do ue disse,os até aui teria
de ser a.andonado3 $,.ora tenha,os insistido no fato de ue a repressão
sexual não se realia apenas pelo conPunto explícito de interdiçQes e
censuras= ,as so.retudo pelas pr-ticas= idéias e instituiçQes ue
re'ula,enta, o per,itido= ,antie,os presente a idéia da repressão
co,o u, processo de ,utilação= desaloriação e controle da sexualidade
co,o peca,inosa= i,oral= iciosa3 Era= Foucault apresenta u, uadro
.astante dierso= a partir do ue desi'na co,o ci"ncia sexual= cuPa
nascente é reli'iosa3
A ci"ncia sexual= nascida no fi, do século X*JJJ e desenolida durante os
séculos XJX e XX= é= na erdade= u, conPunto
471
de disciplinas científicas e de técnicas relatias ao co,porta,ento sexual:
peda'o'ia= ,edicina= direito= econo,ia= de,o'rafia= psiuiatria e
psican-lise seria, suas principais co,ponentes3
A ci"ncia sexual se opQe a u,a outra instituição= existente e, uase
todas as culturas= so.retudo nas orientais: a arte erItica3 Sendo arte (e,
're'o= arte se di techné= técnica)= é u, conPunto de técnicas e
ensina,entos secretos (rituais de iniciação e preparação erItica de
ho,ens ecorporal
do,ínio ,ulheres) destinados
do corpo N plenitude
(e não sexual3
seu do,ínio pelo+ela= procura,#se
intelecto)= o 'oo o
perfeito= o esueci,ento do te,po e dos li,ites e o elixir da lon'a ida=
isto é= o praer perfeito co,o aders-rio da ,orte (co,o se nota= o
cristianis,o não poderia possuir arte erItica= u,a e ue= co,o i,os=
nele sexo e ,orte são insepar-eis)3
$, contrapartida= na ci"ncia sexual= procura#se diidir o corpo=
re'ula,entar o te,po e o espaço= li,itar o praer para ue não condua N
loucura ou N ,orte3 +a ualidade de ci"ncia= procura a erdade e a
falsidade so.re o sexo3
+a arte erItica= se fa sexo3 +a ci"ncia sexual= se fala de sexo3
Se'undo Foucault= contraria,ente do ue se pensa= isto é= ue a
repressão sexual se exerce pela censura= pela proi.ição e pelos interditos=
na realidade essa OhipItese repressiaO (co,o a cha,a Foucault) est-
en'anada3 $, nenhu,a sociedade falou#se tanto= escutou#se tanto=
discutiu#se tanto= detalhou#se tanto= estudou#se tanto e re'ula,entou#se
tanto o sexo co,o na nossa3 E sexo= e, nossa sociedade= se,pre foi
auilo de ue se dee falar= falar ,uito e falar tudo3 Até o ,utis,o não é
censura= ,as u,a certa estraté'ia de sil"ncio para ,aior efic-cia do
discurso so.re o sexo3
A ci"ncia sexual é insepar-el da relação poder#praer= ,as não co,o
lo'o i,a'inaría,os3 B- praer e, ter poder so.re o sexo (i'iar= espiar=
reelar= fiscaliar= re'ular= punir= pre,iar) e h- poder e, ter praer
(escapar da fiscaliação= da re'ulação= da punição= resistir= trans'redir=
escandaliar)3 D,a erdadeira tra,a de sedução se espalha pela casa=
pela escola=
consulta pelo pais
,édica: dor,itIrio
e filhos=dos cole'iais=
adultos pelos uartéis= pelas salas de
e crianças=
478
,estres e alunos= inferiores e superiores= ,édicos e pacientes sedue,#se
uns aos outros na tra,a poder#praer3 A peculiaridade dessa tra,a é ue
nela o sexo transita se, ser ,ono'M,ico= heterossexual ne,
necessaria,ente 'enital3 $ esse trMnsito não é repri,ido= ,as é parte da
estraté'ia 'eral da sexualidade controlada3
E ue é essa estraté'ia a produção de u, o.Peto de conheci,ento: o
sexo3
Jniciada nos fins do século X*JJJ= uando os $stados co,eça, a se
preocupar co, os pro.le,as de população= isto é= co, a de,o'rafia na
sua relação co, a econo,ia= a ci"ncia sexual se consolida no século XJX=
inscreendo#se e, dois re'istros: no da .iolo'ia da reprodução a,pliada
e no da ,edicina= oltada para a hi'iene sexual e a terapia de doenças
sexuais (as doenças enéreas)= i,pot"ncia ,asculina e fri'ide fe,inina)3
o ,o,ento ta,.é, e, ue se prepara o sur'i,ento de u,a idéia ue
iria a tornar#se central na antropolo'ia social: a da relação entre
proi.ição do incesto e nasci,ento da cultura3 Se'undo Foucault= essa
ela.oração é decorr"ncia dos estudos de,o'r-ficos ue leara, N
codificação das relaçQes de parentesco e N sua le'islação para ,elhor
controle populacional= por parte do $stado3
Wuatro serão os recursos e,pre'ados:
4) a codificação das técnicas de Ofaer falarO (per'untas= le,.ranças=
associaçQes lires= associaçQes causais)Y
0) a postulação
causa de u,a
de tudo= desde causalidade
a apoplexia atésexual difusa e 'eralda
a de'eneresc"ncia (o raça)Y
sexo pode ser
1) postulação de u, princípio de clandestinidade ou de lat"ncia do sexo
(tudo o ue N pri,eira ista não é sexual= pode ,uito .e, s"#lo)Y
8) ,edicaliação do sexo pela classificação das ano,alias= disfunçQes e
,oléstias e pela proposta de terapias3
Wuatro serão as estraté'ias e,pre'adas:
4) histeriação do corpo fe,inino (hipersexualiada e fecunda= a ,ulher
se distri.uir e, dois papéis= a ,ãe e a histérica)Y
0) peda'o'iação do sexo infantil (a criança é u, ser sexuado poli,orfo=
desconhecendo a sexualidade saud-el= de ,odo ue suas pr-ticas
sexuais coloca, e, risco sua ida= sua sanidade ,ental e a da futura
proleY o risco principal é a ,astur.ação)Y
1) socialiação das condutas de procriação ou re'ulação de,o'r-fica
47
(interdição das pr-ticas anticoncepcionais pelo $stado e pela ,edicina)Y
8) psiuiatriação do praer pererso (ue= de pecado e ício= se torna
doença)3
E essencial= di Foucault= é perce.er ue os recursos e as estraté'ias
produira, al'o até então inexistente: a sexualidade (co,o i,os= lo'o
no início deste liro= ao exa,inar,os os dicion-rios e as datas de aparição
do oc-.ulo)3 Assi,= e, lu'ar de encontrar,os repressão sexual= nos
depara,os co, a produção da sexualidade co,o u, sa.er ue di o
erdadeiro e o falso so.re o sexo= e cuPo ponto de partida fora, re'ras e
técnicas para ,axi,iar a ida= para o cresci,ento de,o'r-fico e
controle fa,iliar
A peda'o'ia= da população3 da criançaY a ,edicina= das ,ulheresY a
encarre'ando#se
psiuiatria= da de'eneresc"nciaY a econo,iade,o'rafia= da populaçãoY e
o $stado= da O,oraliação dos costu,es sexuais dos po.resO= fiera, da
fa,ília não o lu'ar da repressão= ,as o espaço funda,ental da
sexualiação dos corpos e de todas as pr-ticas ue= aparente,ente= fere,
a ida fa,iliar3 $st- preparado o ca,po para a psican-lise3 Le,.ra
Foucault ue o sur'i,ento do conceito freudiano de co,plexo de dipo
coincide co, o ,o,ento e, ue o CIdi'o Ciil eli,inou a fi'ura Purídica
do @-trio @oder (o poder do pai= a lei do pai)3
E dispositio da sexualidade= ela.orado na sociedade .ur'uesa= su.stitui
o critério do san'ue pelo do sexo e= ao fa"#lo= torna possíel a idéia
central da psican-lise: o sexo co,o si,.oliação $ssa si,.oliação=
poré,= di Foucault= é u, ,ecanis,o do poder para diri'ir o corpo= a
ida= a proliferação3 OSa/de= pro'enitura= raça= futuro da espécie=
italidade do corpo social= o poder fala da sexualidade e para a
sexualidadeY uanto a esta= não é ,arca ou sí,.olo= é o.Peto e aloO3
Atraés dela é construído u, o.Peto específico: o sexo3
+a histeriação da ,ulher= o sexo foi definido de tr"s ,aneiras: co,o al'o
co,u, ao ho,e, e N ,ulherY co,o o ue pertence por excel"ncia ao
ho,e, e falta N ,ulherY ,as ainda o ue constitui= por si sI= o corpo da
,ulher= tanto para orden-#lo N reprodução uanto para pertur.-#lo3
+a sexualiação da infMncia= ela.ora#se a idéia de u, sexo presente
(anato,ica,ente) e ausente (fisiolo'ica,ente)Y ta,.é, presente= se
considerado e, sua defici"ncia reprodutoraY
47>
e presente= ,as escondido= atraés de ,anifestaçQes cuPos 'raes efeitos
sI aparecerão na ida adulta3
+a psiuiatriação das perersQes= o sexo foi referido a funçQes .iolI'icas
e ao aparelho anato,ofisiolI'ico ue lhe d- sentido ou finalidadeY
ta,.é, co,o instinto= cuPo desenoli,ento pode ser pertur.ado por
causas endI'enas ou exI'enas= produindo as perersQes3 E sexo é
função e instinto= portanto= suPeito a disfunção ou a desio3
+a socialiação das condutas procriadoras= o sexo é descrito co,o u,a lei
da realidade e u,a econo,ia de praer ue tenta contornar a lei= u,a das
fraudes principais sendo o coito interro,pido3
E o.Peto sexo aparece= portanto= definido e, uatro 'randes disposiçQes:
todo#parte= presença#aus"ncia= excesso#defici"ncia= função e instinto3 +o
Po'o entre o real e o praer se define, a histeria= o onanis,o= o fetichis,o
e o coito interro,pido co,o principais doenças= desios= perersQes ou
cri,es3 Seus contr-rios são a sa/de= a nor,alidade= a irtude e a lei3
Era= di Foucault= essa estraté'ia aca.a sexualiando tudo= criando u,a
erdadeira O,onaruia do sexoO na ual não sI o sexo é i'iado e
re'ulado= ,as so.retudo torna#se fonte da inteli'i.ilidade de nosso ser3
@ara sa.er,os o ue so,os= te,os de conhecer nossa sexualidade3 isto
a psican-lise= resultado de u, certo i,a'in-rio social3
neste contexto ue Foucault conclui: a li.eração do dispositio da
sexualidade não passa pelo sexo#desePo co,o contra#ataue= ,as pelos
corpos e pelos praeres3 o discurso da sexualidade e o o.Peto sexo ue
precisa, ser a.andonados3
OSu'a#,e
+oalis co, força= A,ante= até ue eu desfaleça e possa a,arO
O .o, ,orrer d[a,or ,as não ier do referido ,aterial
.o, cantar d[a,or ,as não desencantar o cl-ssico ani,al3O
Ru.ens Rodri'ues Torres Filho
472
OA ale'ria é a proa dos noe3
Contra a realidade social estida e opressora= cadastrada por Freud a
realidade se, co,plexos= se, loucura= se, prostituiçQes= se,
penitenci-rias= do ,atriarcado de @indora,a3O
EsKald de Andrade anifesto AntropIfa'o
E sexo é o pecado ori'inal: pri,eiro pecado e pecado da ori'e,3 a
ueda erti'inosa dos seres hu,anos ue se desco.re, separados e
diferentes de &eus porue possue, corpo= nasce, e ,orre,= isto é= não
são seres infinitos ne, eternos= ,as finitos e ,ortais3 E pecado ori'inal é
a desco.erta e a articulação= i,possíel de ser desfeita= entre sexo e
,orte3 ta,.é, a desco.erta da ida co,o pena e tra.alho: tra.alho da
terra (para so.reier) e tra.alho do parto (para perpetuar a espécie
,ortal)3 &estruição da felicidade pri,ordial3
477
ão existe pecado ao sul do *uador+
A lu difusa do a.aPur lil-s= ao so, deste .olero= ida= disse o ca,pVnio N
sua a,ada:
inha idolatrada=
uerendo= ca.ocla
ue oc" 'osta de seu
,i,3olhar est- ,e diendo ue oc" est- ,e
Ai ioiV= tenha pena de ,i,3 Fui olhar pra oc"= ,eus olhinhos333
+ão existe pecado ao sul do $uador= a,os faer u, pecado ras'ado3 Se
o .aião é .o, soinho= ue dir- .aião de dois São dois pra c-= dois pra l-3
as a nor,alista linda= não pode casar ainda= sI depois ue se for,ar3 E
pai da ,oça é an'ado e o re,édio é esperar3
Wue, não te, seu sassarico= sassarica ,es,o sI= porue se,
sassaricar= esta ida é u, nI= nI= nI3
Ai= co,o esse .e, de,orou a che'ar3
Wue, sa.e= sa.e co,o é 'ostoso 'ostar de al'ué,3 Ai= ,orena= deixa
eu 'ostar de oc"3 *e, sentir o calor dos l-.ios ,eus= essa paixão ue
,e deora o coração3 *e,= e,= e,3
$xistencialista= co, toda raão= sI fa o ue ,anda o seu coração3
$ ue tudo ,ais - para o inferno3 Wuero ficar no teu corpo feito
tatua'e, ue é pra te dar cora'e, pra se'uir ia'e, uando a noite
e,Y ,e perpetuar e, tua escraa= ue oc"= pe'a= esfre'a= ,as não
lar'a3
476
as hoPe daria u, ,ilhão para ser outra e Conceição3
eu pri,eiro a,or= foi co,o u,a flor ue desa.rochou e lo'o
,urchou3 A er'onha foi a herança ,aior ue ,eu pai ,e deixou3 SI
in'ança= in'ança aos santos cla,ar3 *oc" h- de rolar co,o as pedras
ue rola, na estrada= se, ter nunca u, cantinho de seu para poder
descansar3
Wue,
faor inentou
nenhu, e, o'ostar
a,or=denão fui eu= E
al'ué,3 ne, oc"=
a,or ne, nin'ué,3
acontece na ida3 +ão faes
$staas
despreenida e= por acaso= eu ta,.é,3 Risue ,eu no,e do seu caderno3
+ão suporto o inferno do nosso a,or fracassado3 Wuando a le,.rança
co, oc" ,orar e= de saudades .e, .aixinho oc" chorar= ai le,.rar
ue u, dia existiu u, al'ué, ue sI carinho pediu e oc" fe uestão de
não dar= fe uestão de ne'ar3
Atr-s do trio elétrico sI não ai ue, P- ,orreu3 Ao so, desse .olero=
ida= a,os reco,eçar3
E teu ca.elo não ne'a= ,ulata= ue és ,ulata na cor3 as co,o a cor
não pe'a= ,ulata= ,ulata eu uero o teu a,or3
Ai= ioiV= fui olhar pra oc"3 Ai= co,o esse .e, de,orou a che'ar3
$staa Po'ando sinuca uando:
D,a ne'a ,aluca ,e apareceu3 *inha co, o filho no colo e diia pro
poo ue o filho era ,eu3 +ão Senhorb
Si, senhorb
+ão senhorb
Si, senhorb To,e ue o filho é seu3 To,e ue &eus lhe deub
Criança feli= feli a cantar3 Ale're a e,.alar no seu coração3 V ,eu .o,
;esus= ue a todos condu= olhai as crianças do nosso %rasil3
+ão posso ficar ne, u, ,inuto ,ais= ,ulher3 Sou filho /nico= tenho
,inha ,ãe para cuidar3 +ão posso ficar3 inha ,ãeinha uerida=
,ãeinha do coração3 Te adorarei= toda ida= co, toda deoção3 V ,inha
,ãe= ,inha santa uerida= és tudo o ue eu tenho na ida= ,ãeinha do
coração3
Che'a N choupana
san'rando= da elhao ,ãeinha
ca,pVnio3o$ncontra
po.re a ,ãeinha a rear3 Tira do peito
46?
coração3 O*e, .uscar#,e= filho= aui estou= ue ainda sou teu3O
a,ãe ,e deu u, conselho= na hora d[eu e,.arcar ,eu filho= anda
direito= ue é pra &eus te aPudar3 Wue ta,.é, si'nifica: eu desconfio ue
o nosso caso est- na hora de aca.ar3
entira= foi tudo ,entira= oc" não ,e a,ou3 entira= foi tanta ,entira
ue oc" contou3 Cansei de ilusQes3
Ao so, desse .olero= ida= a,os reco,eçar3
*oc"= u, sonho tão real= diendo ue ,e a,a= deitada e, ,inha
ca,a3 Tão ,inha= tão linda e tão ,ulher3
Ahb $u uero a,or= o a,or ,ais profundo3 $u uero toda a .elea do
,undo= para enfeitar a noite do ,eu .e,3
+osso a,or= ue eu não esueço= e ue tee seu co,eço nu,a festa
de São ;oão= ,orre hoPe se, fo'uete= se, luar ne, iolão3 @ois é= falara,
tanto ue a ,orena foi e,.ora3 &issera, ue ela era a ,aioralY ue eu é
ue, não sou.e aproeitar3 A ,aldade desta 'ente é u,a arte3 Co,o
est-s= onde est-s= co, ue, est-s= a'ora
A 'ente .ri'a= fica pensando ue não ai sofrer= ue não fa ,al se
tudo ter,inar3 as che'a u, dia= a 'ente " ue ficou soinha= e, a
ontade de chorar .aixinho3 Foi isso ,es,o ue se deu co,i'o3 $u tie
or'ulho e tenho por casti'o a ida inteira pra ,e arrepender3 @ara as
pessoas ue eu detesto= di'a se,pre ue eu não presto= ue o ,eu lar é o
.oteui,= ue eu não ,ereço a co,ida ue oc" pa'ou pra ,i,3
&etalhes3
Se al'u,a*oc" ai le,.rar
pessoa de ,i,3
a,i'a= pedir ue*oc"
oc"ai
lhepensar e, ,i,3
di'a3 &i'a ue oc" ,e
adora= ue oc" la,enta e chora a nossa separação3
Ao so, desse .olero= ida= a,os reco,eçar3
as= se ela oltar Wue coisa linda= ue coisa .oa3 %eiPinhos e carinhos
se, ter fi,3 Wue é pra aca.ar esse ne'Icio de oc" lon'e de ,i,3 Wue é
pra aca.ar co, esse ne'Icio de oc" ier se, ,i,3 as a .ase é u,a
sI: tanto fa no sul co,o no norte= eu sou ho,e,= ,uito ho,e,= eu sou
ho,e, co, a'-3 eu pai na ca,a= ,inha ,ãe no pisador3 $la no céu= ele
no ,ar3
464
Wue ser-= da ,inha ida se, o seu a,or= da ,inha .oca se, os .eiPos
teus &a ,inha al,a se, o teu calor
*e,= e,= e,3 $ sI então serei feli= .e, feli3 Elha ue coisa ,ais
linda= ,ais cheia de 'raça333
Wue coisa ,ais linda= ,ais cheia de 'raça= aria= aria3 ela ue passa=
lata d[-'ua na ca.eça= l- ai aria3 So.e o ,orro e não se cansa= pela
,ão lea a criança= l- ai aria3 ais cheia de 'raça3
Cuidado= 'aroto= eu sou peri'osa3 $u ou faer oc" ficar louco3
;- ,e a.orreci= ,e an'uei3 A,élia é ue era ,ulher de erdade3
arina= ,orena= arina= oc" se pintou3 +ão pinte esse rosto ue é sI
,eu3 A,élia não tinha a ,enor aidade= A,élia é ue era ,ulher de
erdade3 arina= ,orena= não sei perdoar3 Saiu diendo: ou ali= P- olto
P-3 as não oltou= por u" @or ue ser- aria= arina= aria= onde
est-s= co, ue, est-s a'ora
@orue
le,.rar esta
ue ida t- ficando
o passarinho u, osso
da 'aiola não duro de roer3
esuece $ então eu acho .o,
de cantar3
*oc" sa.e o ue é ter u, a,or= ,eu senhor Ter loucura por u,a
,ulher $ depois encontrar esse a,or= ,eu senhor= nos .raços de u,
outro ualuer preciso ter neros de aço= se, san'ue nas eias e se,
coração3 *ai dar na pri,eira edição: Cri,e de san'ue e paixão= nu, .ar
da Aenida São ;oão3
$scracho= esculacho3
@afunça= ue pena= @afunça= ue o nosso a,or irou .a'unça3
Wue ser-= da ,inha al,a se, o teu calor Se a lu difusa do a.aPur lil-s
nunca ,ais ilu,inar outras noites i'uais
$scracho= esculacho3
Elha a ca.eleira do ;oséb Ser- ue ele é Ser- ue eleé
Wue não te, 'oerno porue não fa sentido3
as não oltou= por u" @or ue ser-
$la di ue co, al'uns ho,ens foi feli= co, outros foi ,ulher3 $la di
ue ai ser o ue se,pre uis= inentando u, lu'ar onde a 'ente e a
naturea feli ia, e, co,unhão3 $ a ti'resa possa ,ais do ue o leão3
460
$scracho= esculacho3
Elha a ca.eleira do ;osé= ho,e, co, a'-3 *e,= e,= e,3 *e, sentir
o calor dos l-.ios ,eus3
+ão te, censura= não te, Puío3
Lança= lança perfu,e na .anheira de Afrodite3 e deixa de uatro no
ato3 e enche de a,or= de a,or3 Lança= lança perfu,e3
$st-
Ai dena naturea3
ue, ,er'ulhar nesse ,ar de eneno3 Ai de ue, ne'ar esse ,ar
de eneno ,il ees ,aldito3
+a iola ue ponteia= disse o ca,pVnio N sua a,ada:
inha idolatrada= oc" se le,.ra da casinha peuenina= onde o nosso
a,or nasceu Tinha u, coueiro do lado ue= coitado= de saudade P-
,orreu3
*ia a palhoça= ça= ça3
eu %rasil= .rasileiro= terra de a,or e pandeiro= e co,o a cor não pe'a=
,ulata= ,ulata eu uero o teu a,or3 Epab $ não oltou= por u" @or ue
ser- +e'a do ca.elo duro= cad" o pente ue penteiab A cor não pe'a=
,ulata3 A cor não pe'a3 $ não oltou= por u" @or ue ser-
ora na filosofia: ue ta,.é, si'nifica: eu P- lhe dei ,eu corpo= ,inha
ale'ria= deixa e, pa ,eu coração= ue ele é u, pote= até aui= de
,-'oa3 $ ualuer desatenção= faça não3 @ode ser a 'ota d[-'ua3
as a cor não pe'a= ,ulata3
@ode ser a 'ota d[-'ua3 @ode ser a 'ota d[-'ua3 Até aui= de ,-'oa3
E ,onu,ento é de papel crepon e prata= ,eu %rasil= .rasileiro3
Teus ca.elos 'ra/na
tentando o Vo
tre,endo as asas
e pairando so.re ,i,
Teus olhos dois 'randes la'os
serenos= serenos
onde .e.o toda tua sede
e ,e e,.ria'o
eneneno
Tua .oca papoula enfe.recida
,olhada pelo sereno
er,elha papoula ia
461
Tuas ,ãos u,a carícia
do ento
arrepio= arrepio= sofre'uidão
Teu corpo susto ,oreno
surpresa solta
e sonidos= sonidos
de ,edo e solidão3
Che'a de tentar dissi,ular3 Che'a de te,er3 Chorar3 Sofrer3
&esir'inando a ,adru'ada= eu uero ,eu a,or se derra,ando3 +ão d-
,ais pra se'urar3 $xplode coração3
OA ,aior li.erdade sexual existente deter,ina freGente,ente ,aior
n/,ero de relaçQes sexuais= alé, da facilidade inusitada na ariação de
parceiros3 Tanto a freG"ncia co,o a ariação são causas erdadeiras de
,aior risco de cont-'io3 E pro'resso uniersal ue= de ualuer for,a=
trouxe essa ,aior li.erdade aos ho,ens parece ue contri.uiu
faorael,ente para a transfor,ação dos conceitos radicais uanto ao
uso do sexo3 $ste= atual,ente= é usado não so,ente para serir N causa
.iolI'ica da procriação= co,o de,onstrar a,or= ,as ta,.é, sere co,o
recreação ou tão#so,ente para reelar afeiçQes fu'aes e pouco intensas3
E indiscutíeleau,ento
inse'urança dos conPu'ais=
inuietude desuites= ue
a procura de parceiros
indue, noos= a Ns
,ais facil,ente
relaçQes extra#conPu'ais= constitue, fatores atuantes para o au,ento da
freG"ncia sexual indiscri,inada3 So,e,#se a isso as facilidades da
anticoncepção= a falta de esclareci,ento so.re o te,a e o despreparo da
população3 $= final,ente= co,o fatores i,portantes no au,ento das
doenças enéreas= a inexist"ncia de seriços especialiados de
enerolo'ia (333) A conclusão é ue se ad,ite= na realidade= u, erdadeiro
au,ento das doenças enéreas deter,inado pelo ,aior n/,ero de
relaçQes entre os Poens e os casais desaPustados= co, ,aior risco de
cont-'io enéreoO (&r3 Fernando @edrosa Filho= ,édico 'inecolo'ista= R;)3
O+a clínica priada= onde ta,.é, fae,os 'inecolo'ia= erifica,os u,
fato interessante: uer e, pacientes casadas= co,o nas solteiras= o
período de ,aior n/,ero de consultas por ,oléstias enéreas ocorria
i,ediata,ente apIs o ,"s de feereiro (333) A ir'indade P- era é o ue
os Poens apre'oa,3 Es Poens= ue anti'a,ente ,antinha, relaçQes
sexuais apenas co, prostitutas controladas pelo &eparta,ento $stadual
de Sa/de= de repente= desco.rira, u,a ,aneira ,ais .arata e ,ais
pr-tica de se satisfaere, co, as a,adoras ue= uando aduire,
u,a ,oléstia ualuer= por falta de controle= cora'e, e instrução=
transfor,a,#se e, trans,issoras eficaes do ,al3
Nota:
(*) onidos, sonidos, de !dnardo.
Fim da nota.
468
+o erão= os ,aridos per,anece, nas cidades e ão apenas nos fins de
se,ana para a praia isitar as fa,ílias3 Tanto o ,arido .or.oleta co,o a
,ulher ou ,oça= troca, de parceiros no sexo e isto explica o fato de
tantas esposas retornare, de eraneios co, pro.le,as enéreos=
aduiridos atraés do ,arido ou do rapainho ue per,anecia na praia
durante a se,anaO (&r3 @aulo @adilha &uarte= 'inecolo'ista= RS)3
O&e 46>? para c-= te,#se notado u, pro'ressio e constante au,ento na
incid"ncia de ,oléstias enéreas3 &entre os diferentes fatores ue
contri.ue, para esse assunto= dee,os citar:
4) o uso indiscri,inado de ualuer anti.iItico para ualuer infecçãoY
0) a perda do ,edo da 'eração atual e, contrair ,oléstias enéreas= pois
os anti.iIticos cura, todasOY
1) a li.eração sexual= principal,ente entre os 'rupos ,ais Poens (4#46
anos)=
8) onde os h-.itos
o apareci,ento dos hi'i"nicos
cha,ados ainda não
hippies se co,
ue= desenolera,Y
suas andanças e ,aus
h-.itos hi'i"nicos= são 'randes etores na disse,inação das ,oléstias
enéreasY
) as facilidades da r-pida loco,oção aérea= per,itindo ue e, al'u,as
horas as ,oléstias enéreas sePa, trans,itidas e transferidas e, -rios
continentesY
>) o n/,ero dos cha,ados portadores assinto,-ticosO (ue não
parece, estar doentes) é crescente= sua incid"ncia no sexo fe,inino
sendo de 8?j3 A cha,ada Poe,#'uarda est- e, franca atiidade sexual
e 'rande n/,ero de .lenorra'ia a'uda e sífilis e, ir'ens é decorrente do
coito anal= le,.rando#se ue a ,oléstia enérea localiada na re'ião ano#
retal é co,u,ente de dia'nIstico tardio3 $nuadra,#se aí os
ho,ossexuais cuPo au,ento é .astante expressio e, todo o ,undo3O
(&r3 ;osé Cur9= urolo'ista= S@)3
OA pr-tica da ho,ossexualidade= e, Recife= fa#se presente .e,
acentuada= co, .oates de traestis e lés.icas (exclusias)= proocando
conseGente,ente= tra.alho constante e de i'ilMncia per,anente da
polícia especialiada de costu,esO (&r3 *enMncio !onçales de Li,a=
titular da &ele'acia de Costu,es= @$)3
O&entro de nossa estrutura funcional= ca.e N &iisão de Jnesti'açQes=
atraés da &ele'acia de Costu,es= a preenção e repressão da pr-tica de
diersos delitos li'ados= de u,a for,a ou de outra= N pro.le,-tica da
prostituição= hoPe acrescida co, o co,porta,ento escandaloso dos
traestis= ue disputa, par e passoO co, as prostitutas= inclusie no
trottoirO3 Co,o ,edida saneadora para tais atitudes contur.adoras da
,oral e dos .ons costu,es= adota,os a siste,-tica da autuação por
infração ao dispositio contraencional da *adia'e, (art3 6 da Lei de
ContraençQes @enais)333 Jsto fe co, ue houesse u, arrefeci,ento
nessas ,aelas sociais3 Frise#se
46
ainda a .oa acolhida ue tee essa pr-tica policial#Pudici-ria Punto ao
@oder ;udici-rioO (&r3 AntVnio &ini Ales de Elieira= diretor da &iisão de
Jnesti'açQes= RS)3
OAl'u,as o.seraçQes pessoais nos lea, a dier ue os ho,ossexuais
são istos co, certa indiferença pelas pessoas da classe ,enos
faorecida= ue= por i'norMncia= não dão i,portMncia al'u,a ao
pro.le,aO
$ssas falas (Ana $li.eth @errucci
de especialistas dodaueles
(isto é= A,aral= sociIlo'a= @$)3 sociedade são
ue e, nossa
considerados co,petentes porue estão na posse de conheci,entos ue
outros não possue,= posse ue lhes d- o direito de controlar= disciplinar=
explicar e re'ular a ida das pessoas) fora, retiradas de u, liro
intitulado Co,porta,ento Sexual do %rasileiro= da autoria de &élcio
onteiro de Li,a3 E liro é de 462>3 Ainda estaa faltando AJ&S= co,o se
nota (os 'rifos= nos depoi,entos= são ,eus)3
A intenção do autor= Pornalista= era a de co,preender e auxiliar ho,ens e
,ulheres cuPas cartas a Pornais e reistas expri,ia, ,edos= an'/stias=
frustraçQes uanto ao seu corpo e ao sexo3 Alé, das cartas= o autor ouiu
e rece.eu respostas a uestion-rios ue distri.uiu por todo o país3 A
interenção dos especialistas= ao ue tudo indica= tinha a função de serir
de esclareci,ento= aPuda e co,preensão dos pro.le,as3 +ão sa.e,os se
o autor se considerou satisfeito co, os esclareci,entos= ne, se
auxiliara, as pessoas= co,o era sua intenção3 A nIs= o ue ,ais
i,pressiona (e,.ora não nos surpreenda) é a ,escla de
conseradoris,o= autoritaris,o e ,oralis,o por parte dos especialistas3
Wue os pro.le,as apontados existe,= ue as pessoas se ator,enta, co,
eles= ue seria deseP-el poder resol"#los= ue, duidaria as a fala
dos especialistas possui tr"s características principais: culpa.ilia as
pessoas por suas dificuldades sexuais= atri.ui essas dificuldades N
li.erdade sexual e propQe ,edidas saneadoras física= ,oral= Purídica e
policial,ente3 Jsto é= a fala dos especialistas fa da repressão científica e
policial a solução das tra'édias sexuais ou a resposta Ns aspiraçQes de
cada u,3 pecado ao sul do $uador
+ão existe
+osso céu te, ,ais estrelas= nossos .osues t", ,ais flores= nossa ida=
,ais a,ores3 OA naturea aui= perpetua,ente e, festa= é u, seio de
,ãe a trans.ordar carinhos3O
46>
@aís tel/rico (ahb essa seca nordestina333) @aís tropical (ahb essa enchente
sulina333)3 @aís da de,ocracia racial (e co,o a cor não pe'a333)3 @aís
sensual (ahb esses hippies= esses aiQes= essas a,adoras= essas
.or.oletas= essas ,ariposas= esses ho,ossexuais= essas lés.icas= esses
traestis= essas prostitutas= essas doenças enéreas= esses ,aus
costu,es= essas classes desfaorecidas i'norantes333)3 @aís de 'ente
pacífica= ordeira e cristã333 $xplode coraçãob
Afinal= ue é o \l.u, de Fa,ília= de +elson Rodri'ues
Jncestos cruados (pai#filha ,ãe#filho= ir,ão#ir,ã) e suas conseG"ncias:
loucura= suicídio= castração olunt-ria= assassinatos3 Adultério (co,
reuinte: ao pai de fa,ília são traidas= pela cunhada alcoiteira ou por
outros pais de fa,ília= ,eninas de 40 a 4 anos ue= 'r-idas= são
deixadas para ,orrer)3 Rancor e ressenti,ento de ,achos e f",eas ue
desePa, o ue eles ,es,os Pul'a, p/trido e infa,e3 Les.ianis,o3
+ecrofilia3 Jni,i'os ,ortais res'uardados pelo se'redo de fa,ília=
conserados no 'rande fetiche: o -l.u, de fa,ília3
Wual o se'redo da fa,ília Wual a histIria desse -l.u,
Oãe= Ns ees eu sinto co,o se o ,undo estiesse aio= e nin'ué, ,ais
existisse= a não ser nIs= uer dier= oc"= papai= eu e ,eus ir,ãos3 Co,o
se a nossa
teria, fa,íliadefosse
de nascer nIs3Oa /nica e a pri,eira3 $ntão= o a,or e o Idio
as= e, ue a radio'rafia do -l.u, é repressia
+o fato de ue +elson Rodri'ues su.stitui o to, tr-'ico e reelador pelo
to, ,oralista: a fa,ília= apresentada co, os traços fortes da tara= da
doença e da perersão= si'nifica= apenas= ue esta fa,ília não é u,a
fa,ília nor,al3
E ue seria o to, não#,oralista Tale o to,= entre cético e irVnico= de
ue, aceita a confusão= apesar da pretenção ordeira da lei e da exi'"ncia
hipIcrita da ,oral Al'o assi,= co,o o conto de Clarice Lispector= D,
Caso Co,plicado
O@ois é3 CuPo pai era a,ante= co, seu alfinete de 'raata= a,ante da
,ulher do ,édico ue trataa da filha= uer dier da filha do a,ante e
todos sa.ia, (333) @ois a filha tee 'an'rena na perna e tiera, ue
a,put-#la (333) daí a tr"s ,eses ,orreu (333) a ,orte é de 'rande
escuridão3 Eu tale não= não sei co,o é= ainda não ,orri (333) $ssa
462
,ulher l- u, dia tee ci/,es3 $ tão reuintada co,o +elson Rodri'ues
ue não ne'li'encia detalhes cruéis3 as= onde estaa eu= ue ,e perdi
(333) A ,ulher tee ci/,es e enuanto o %astos dor,ia despePou -'ua
ferendo do .ico da chaleira dentro do ouido dele (333) pe'ou u, ano e
pouco de cadeia (333) Aí é ue entra o pai dela (da ,enina de 42 anos=
,orta h- ,uito te,po)= co,o ue, não uer nada3 Continuou sendo
a,ante da ,ulher do ,édico ue tratara sua filha co, deoção3 Filha=
uero dier= do a,ante3 $ todos sa.ia,= o ,édico e a ,ãe da ex#noia3
Acho
,ulheruedo,epai=
perdi de noo=,ãe
portanto est- da
confuso= ,as uesa.ia
ex#noiinha= possodas
faer (333) A
ele'Mncias
adulterinas do ,arido ue usaa relI'io de ouro e anel ue era PIia=
alfinete de 'raata de .rilhante ne'ociante a.astado= co,o se di= pois as
'entes respeita, e cu,pri,enta, lar'a,ente os ricos= os itoriosos= est-
certo (333) ks ees ,e d- enPVo de 'ente3 &epois passa e fico de noo
toda curiosa e atenta3 sI3O
Eu= tale= ue, sa.e= no to, a,ar'o= entre a,oroso e desesperançado
do poe,a de anoel Carlos= Fa,ília
+a cristaleira= se, prata e porcelana=
u, Po'o de cristal co, falhas .e, hu,anas
reflete atenta,ente a ida do casal3
+o ,ais as coisas corre, ,uito .e,
e o pai aposentado ainda sorri
ao cu,prir co, a ,ulher o seu deer:
se escaa, e se deora, lon'a,ente
co, as ,ãos= ue a'ora dão ,aior praer3
o pai li'a a te" nu, 'esto natural: a sala se incendeia= a dor se ne'a= e o
.icho da ilusão dierte e ce'a a noite a,ordaçada do casal3O
Eu= ue, sa.e= tale o to, não#,oralista se encontre no to, ético +a
reelação tr-'ica das profundeas E ue seria a sa'a da fa,ília
desnudada
O333 entenda= Ana= ue a ,ãe não 'erou sI os filhos uando pooou a casa=
fo,os e,.e.idos no ,ais fino caldo dos nossos po,ares= enrolados e,
,el transparente de a.elhas erdadeiras= e= entre tantos aro,as
esfre'ados e, nossas peles= fo,os entorpecidos pelo ,aar
467
suae das laranPeirasY ue culpa te,os nIs dessa planta da infMncia= de
sua sedução= de seu iço e constMncia (333) Ana= ainda é te,po= não ,e
li.ere co, a tua recusa= não deixe tanto N ,inha escolha= não uero ser
tão lire= não ,e o.ri'ue a ,e perder na di,ensão a,ar'a deste espaço
i,enso= não ,e e,purre= não ,e condua= não ,e a.andone na entrada
franca desta senda lar'a= P- disse e repito ainda u,a e: estou cansado=
uero co, ur'"ncia o ,eu lu'ar na ,esa da fa,íliab (333) Ana= te cha,o
ainda N si,plicidade= te incito a'ora a responder sI por reflexo e não por
reflexão= te exorto a reconhecer co,i'o o fio at-ico desta paixão: se o
pai= no seu 'esto austero= uis faer da casa u, te,plo= a ,ãe=
trans.ordando no seu afeto= sI conse'uiu faer dela u,a casa de perdição
(333) não tenho culpa deste sol florido= desta cha,a alucinada= não tenho
culpa do ,eu delírio: u,a conta do teu ros-rio para ,inha paixão= duas
contas para ,eus testículos= todas as contas deste cordão para os ,eus
olhos= de terços .e, reados pelo ir,ão aco,etido (333)333
Ana er'ueu#se nu, i,pulso iolento= e,purrando co, a i.ração da
at,osfera a cha,a indecisa das elas= faendo ca,.aleante o transtorno
ruio da capela: i o paor no seu rosto= era u, susto de ,edusa cedendo
aos poucos= e= lo'o depois= nos seus olhos= senti profunda,ente a ir,ã
a,or-el te,endo por ,i,= e sofrendo por ,i,= e chorando por ,i,= e
eu ue ,al aca.aa de ,e Po'ar no ritual deste calor anti'o inscrito
se,pre e, ouro na lo,.ada dos liros sacros (333)
333 Ana (ue todos Pul'aa, se,pre na capela) sur'iu i,paciente nu,a sI
lufada=
nu, dos os ca.elos soltos
lados por u,espalhando
coalho delaas= sI li'eira,ente
san'ue apanhados
(ue assi,etria ,ais
proocadorab)= toda ela ostentando u, de.oche exu.erante= u,a .orra
'ordurosa no lu'ar da .oca= u,a pinta de carão aci,a do ueixo= a
'ar'antilha de eludo roxo apertando o pescoço (333) foi assi, ue Ana=
co.erta co, as uinuilharias ,undanas da ,inha caixa= to,ou de
assalto a ,inha festa= arando co, a peste no corpo o círculo ue
dansaa (333)
333 a testa no.re de ,eu pai= ele prIprio ainda /,ido de inho= .rilhou u,
instante N lu ,orna do sol enuanto o rosto inteiro se co.riu de u,
.ranco s/.ito e tene.roso: e a partir daí todas as rédeas cedera,=
desencadeando#se o raio nu,a elocidade fatal: o alfanPe estaa ao
alcance da ,ão= e= fendendo o 'rupo co, a raPada de sua ira= ,eu pai
atin'iu co, u, sI 'olpe a dançarina oriental (ue er,elho ,ais
pressuposto= ue sil"ncio ,ais cao= ue friea ,ais torpe nos ,eus
olhosb)= não teria a ,es,a 'raidade se u,a oelha se infla,asse= ou se
outro ,e,.ro ualuer do re.anho caísse exasperado= ,as era o prIprio
patriarca= ferido nos seus preceitos= ue fora possuído de cIlera diina
(po.re paib)= era o 'uia= era a t-.ua solene= era a lei ue se incendiaa333O
466
$sses trechos fora, recolhidos do liro de Raduan +assar= Laoura
Arcaica3
uitos estudos t", sido feitos nos /lti,os te,pos= no %rasil= so.re a
sexualidade e sua repressão3 Tanto ,oi,entos fe,inistas=
ho,ossexuais= ne'ros= uanto tra.alhos de antropIlo'os= historiadores=
psicIlo'os= alé,
contri.uído paradea tentatias diersas
co,preensão das no ca,poisíeis
for,as da educação sexual t",
e inisíeis da
repressão sexual= co, suas co,ponentes racistas e classistas= for,ando
intrincada rede de idéias= pr-ticas e instituiçQes= sustentadas por u,
i,a'in-rio social contraditIrio onde se crua, e se entrecrua, se,
cessar a crença na espontaneidade sensual do poo .rasileiro= o
conseradoris,o e a confiança na ,odernidade científica3
Seria i,possíel= neste liro= a.ordar,os e co,entar,os essa asta
.i.lio'rafia3 Aui apenas apontare,os= de ,odo esparso e .ree= al'uns
te,as ou uestQes ue nos parece, su'estios para o assunto3
Assi,= por exe,plo= aleria a pena realiar= para a lin'ua'e, erItica
o.scena conte,porMnea= u, estudo se,elhante ao ue foi feito pelo
professor &ino @reti e, seu liro A Lin'ua'e, @roi.ida u, estudo so.re
a lin'ua'e, erItica= no ual o autor exa,ina o &iccion-rio oderno
(escrito por olta de 46?1)= cuPos er.etes era, pu.licados nu, pasui,
carioca= E CoiI3
A ori'e, da palara coiI= di @reti= é confusa= ,as seu uso é claro3 CoiI é
o na,orador= o a,ante= o conuistador3 A expressão OcoiI se, sorteO=
referida ao fanfarrão= ,as ridículo ou ,al sucedido= e, dar no coiI ue
conhece,os: tonto= .o.o3
&atado do fi, do período -ureo da .o",ia carioca= o &iccion-rio oderno
apresenta frases feitas e oc-.ulos 'írios ue cont", a idéia de inP/ria ou
.lasf",ia (os palarQes)= os ue se refere, a ta.us sexuais atraés de
i,a'ens populares= os ue alude, aos Ir'ãos 'enitais ,asculinos e
fe,ininos co,o 'rosseiros= os ue se refere, direta,ente a atos sexuais
e, aspectos
ta,.é, de'radantes
considerados ou iciosos
'rosseiros= e os ou
de'radantes ue alude, a contextos
iciosos3
0??
*ão constituir a 'íria sexual ou erItica e= detalhe interessante= ,uitas
ees as palaras P- pertencia, N 'íria= ,as se, conotação sexual=
passando para a Olin'ua'e, proi.idaO ao rece.ere, a conotação sexual
nos sentidos aci,a ,encionados3
o ue ocorre= por exe,plo= co, a palara cacete= na 'íria co,u,
si'nificando ,açante= na erItica= p"nis3 Eu co, a palara .olacha=
anterior,ente si'nificando .ofetada e= na 'íria erItica= n-de'as3 !rude
ue= de co,ida e na,ora= passa a esper,a3 Lata ue= de rosto e ser
recusado= passa a Mnus3 Trepar ue= na 'íria co,u,= si'nifica falar da ida
alheia= passa a si'nificar o ato de copular3 A passa'e, de u, contexto
para o outro se d- por refer"ncia fi'urada aos atos e Ir'ãos sexuais= ou N
ida a,orosa= ou a lin'ua'ens de 'rupos fechados ou N fala na
prostituição3 Fo'osa é excitadaY espirro é a.ortoY é pereira= 'raideY
canhão= ,ulher elha e feiaY ,enelau= ,arido en'anadoY ,ina= prostitutaY
tipI'rafo= o cafetãoY ona= o local do ,eretrício3
@reti estuda os procedi,entos sociolin'Gísticos ue per,ite, o
deslia,ento do sentido de u,a palara para u, outro= sePa por afinidade
sonora= isual ou t-ctil= sePa pelo unierso de si'nificaçQes a ue
pertence, (co,o= por exe,plo= a relação existente e, uase todas as
lín'uas entre sexualidade e co,ida ou o ato de co,er)= sePa pela
transfer"ncia do conte/do não erItico para o erItico= na for,a da
o.scenidade ou da porno'rafia3
E &iccion-rio
referentes a oderno
todas asé u, cat-lo'o direta
atiidades de oc-.ulos e de frases feitas
ou indireta,ente sexuais
('enitais)= classificadas da letra a N letra = a.ran'endo adultério= na,oro=
casa,ento= prostituição= ho,ossexualis,o ,asculino e fe,inino=
conuista= sedução= i,pot"ncia= fri'ide= for,as ariadas (colocadas co,o
anor,ais de relaciona,ento sexual3 @assa'e, de palaras da 'íria
referente a dinheiro para a do erotis,o (os Ir'ãos sexuais fe,ininos são
cha,ados ,ina= os ,asculinos= .a'os= ue na 'íria dos 'atunos
si'nificaa dinheiro)= assi, co,o as da culin-ria (aeite= para na,oroY
aeiteiro= para cafetãoY filé para ,ulher de n-de'as salientesY ostra para
,ulher elha)Y de oc-.ulos pertencentes= por exe,plo= N lin'ua'e,
portu-ria ou N de al'u,as profissQes Ucostureira= a ,eretriY catraia=
ta,.é, a prostitutaY fra'ata= para ,ulher 'orda)= etc3
0?4
E &iccion-rio oderno= di a ue e,: O*oca.ul-rio 'alante ao paladar do
poo da l9ra contendo a technolo'ia co,pleta da '9ria carioca=
si'nificados positios do calão nacional e ,aneira especial de dier as
cousas ue não se die,3 $special,ente feito para uso das escolas
nor,aes e anor,aes= e approado pelo Conselho Superior da Jnstituição
deCoiIsO3
A função do léxico de frases feitas e de oc-.ulos é tríplice (não alendo
apenas para este &iccion-rio= ,as para toda a 'íria porno'r-fica=
eidente,ente): a trans'ressão (dier o proi.ido)= a preseração dos
estereItipos sexuais (,achis,o= nor,alidade= anor,alidade)= a 'arantia
da repressão (suPar o proi.ido ou ,ant"#lo suPo= hu,ilh-#lo e
ridiculari-lo)3 +u, das
chiste= assi, co,o estudo so.rede
palaras o papel inconsciente
.aixo calão= do hu,or ,ostrar
Freud procuraa e do
seus aspectos a,.í'uos= isto é= co,o funciona, si,ultanea,ente na
ualidade de instru,entos para dar aão N li.ido e na ualidade de seus
repressores dier se, dier= dier se, perce.er ue se di= ou não dier
para poder dier3
A partir dos estudos de @reti e de Freud= pode,os faer al'u,as
o.seraçQes para nosso assunto3 $, pri,eiro lu'ar= o.sera#se ue a
lin'ua'e, proi.ida (pelo ,enos de ,odo 'eral) é ela.orada nu, contexto
,asculino e para uso ,asculino e, espaços ,asculinos (.ares= .ordéis=
conersas reseradas apIs o Pantar ou e, festas)3 es,o ue atual,ente
as ,ulheres e,pre'ue, essa lin'ua'e,= rara,ente a criação dos
oc-.ulos é de sua autoria3 $, se'undo lu'ar= essa lin'ua'e, realia o
ue haía,os su'erido acontecer co, outras instituiçQes: a se're'ação
(u, oca.ul-rio para os OiniciadosO) e a inte'ração (sua proxi,idade do
léxico de nosso cotidiano)3 $, terceiro lu'ar= no caso específico do
&iccion-rio= pode,os notar ue al'uns ter,os ainda per,anece, e, uso
no %rasil= outros desaparecera, e outros fora, su.stituídos por
refer"ncias a situaçQes e o.Petos conte,porMneos3 @er,anecera,= por
exe,plo= .a'o= cacete= canhão= ,ina (ue o &iccion-rio define co,o:
coisa rendosa ue as ,ulheres t",)= .rocha (definido co,o: pincel ue os
senhores de ,ais de sessenta anos usa,Y o sentido= co,o se "= foi
lar'a,ente a,pliado nos te,pos conte,porMneos)3 as sur'iu= por
exe,plo= coroa (para a ,ulher elha ou ,adura e ta,.é,=
0?0
hoPe e,
dente dia= para
postiço) ho,ens)=
e da funer-riaproael,ente inda
(não eniar flores da coroas)3
ne, lin'ua'e, dent-ria (o
Frases feitas per,anecera, e ,uitos de nIs as usa,os se, sa.er de seu
sentido porno'r-fico3 @or exe,plo: Opintar o rostoO refere#se a adultério
fe,inino (Oarina= ,orena= oc" se pintou_ não pinte esse rostoO)Y Osair
para co,prasO ou Osair soinhaO ta,.é, possui o ,es,o si'nificado
(OCad" ^a-= saiu diendo: ou aliPa olto P-= e não oltou= por u"= por
ue ser-O)3 $ a letra o3 &i o &iccion-rio ue a letra a éa pri,eira do
alfa.eto= ue uer dier ,uitas coisas e ue é Ocoisa por onde a 'ente
co,eça3 +atural,ente por P- ter as pernas a.ertas3 Al'uns poré,=
co,eça, pelo IO3 +a ,archinha carnaalesca: Oaria Candel-ria= é alta
funcion-ria= saltou de p-ra#uedas= caiu na letra IO= aisando#nos uais
fora, as proas para a contração da alta funcion-ria= o coito anal3
+os anos 8?= no interior do $stado de São @aulo= usaa#se a expressão
Ote, 'ente descalçaO se,pre ue= nu,a roda= a conersa iria 'irar so.re
sexo= ,as haia ,ulheres e= particular,ente= ,eninas3 +os anos ?= a
expressão Oa,iade a,ericanaO era usada para o na,oro lire= idéia ue
aparecia aos Poens .rasileiros interioranos inda dos fil,es a,ericanos=
nos uais as ,eninas= e, lu'ar de ire, a festas co, pais= ir,ãos ou tias
(N .rasileira) ia, aco,panhadas apenas por u, par eidente,ente= a
Puentude interiorana não sa.ia ue esse h-.ito a,ericano era= l- e, sua
prIpria terra= u,a das for,as da repressão sexual (o par= conhecido da
fa,ília= era a 'arantia da ir'indade da ,ocinha nos .ailes da ida= alé,
de seu ,arido e, potencial e u, tor,ento para ,eninos e ,eninas
porue= se, o par= não se podia ir N festa)3
$nfi,= seria
palaras ou interessante ta,.é,
expressQes li'adas N analisar
lin'ua'e,o deslia,ento contr-rio=
erItica o.scena isto é=
ue passa,
para u, contexto deserotiado: Osaco cheioO= Oencher o sacoO= Ofodido_aO=
Ofodido_a e ,al pa'o_aO= Ofilho_a da putaO= Oporra loucaO= OpicasO= etc3
E.serando#se ue e, todas elas per,anece, as idéias de desa'rado=
de'radação= ridículo= hu,ilhação3
interessante o.serar,os ue a ela.oração do &iccion-rio oderno se
situa entre dois aconteci,entos: u,= posterior= a ue P- aludi,os= isto é= a
discussão so.re a co#educação
0?1
dos sexosY outro= anterior= concernente N ,edicaliação da prostituição3
$,.ora situados e, te,pos cronolo'ica,ente sucessios= ainda ue
prIxi,os= esses tr"s aconteci,entos for,a, u,a constelação de
si'nificado eidente uanto ao controle e N repressão sexual3
$studando o fenV,eno da ,edicaliação da prostituição= e não sI dela
(,as ta,.é, o da ,edicaliação da loucura= da escola= da prisão)= os
autores do liro &anação da +or,a (título ue Po'a co, tr"s sentidos
si,ultMneos: dano ou inP/ria= danação ou condenação= e da nação= isto é=
feito pelo $stado) escree,: O333 a prostituição é constituída co,o peri'o
físico e ,oral= causa de doenças e deassidão dos costu,es3 &aí ser= a
partir de então= o.Peto da ,edicina= ue te, o direito e o deer de e,itir
u, discurso e for,ular propostas a seu respeitoO3
Teses= arti'os= confer"ncias= de.ates= con'ressos ,édicos e, torno da
prostituição para cercar suas causas= conseG"ncias e oferecer ,edidas
de sanea,ento físico e ,oral3 +o centro da periculosidade: o ataue ue a
prostituta fa ,eninos
desenca,inha N inte'ridade dauer
e ,eninas= fa,ília
porue.rasileira3
trans,ite Wuer
ou causaporue
as
doenças enéreas= particular,ente a sífilis= uer porue esti,ula o
celi.ato= i,pedindo o sur'i,ento de noas fa,ílias3 Alé, disso= é u,
estí,ulo ao Icio e N adia'e,: retira as ener'ias do Oli.ertinoO e esti,ula
a ociosidade das ,ulheres3 Ta,.é, a.re ca,inho para a cri,inalidade=
isto ue ON concupisc"ncia est- li'ado o esueci,ento da prIpria
di'nidade= por sua e li'ado a todos os íciosO= co,o P- sa.e,os= desde
o início do cristianis,o ro,ano ocidental3
@ela leitura do liro= no ual são exa,inados os ,otios pelos uais a
prostituição não pode ser eli,inada e por isso precisa ser ,edica,ente
controlada e saneada co,o caso de sa/de p/.lica tanto uanto de polícia=
o.sera#se ue= ao lado da defesa da fa,ília= a crítica da prostituição P- se
enca,inha ta,.é, para o elo'io do tra.alho3
A prostituição não sI é respons-el pelo Icio= ,as ainda te, franca
li'ação co, a exist"ncia da escraidão3 @elos se'uintes ,otios: nu, país
onde tra.alho é coisa de escrao= tra.alhar é u,a er'onha e os po.res=
ener'onhados de prestar seriço a outros i'uais (.rancos)= prefere, a
adia'e, (prostituição das ,ulheres= cafetina'e, dos ho,ens)Y nu,
0?8
país onde escrao tra.alha= os ricos senhores se entre'a, N indol"ncia e
N so.er.a= nada respeitando= faorecendo a lux/ria e seu cortePo de
,alesY enfi,= co,o os escraos ne'ros são .roncos e i'norantes= i'nora,
o pudor e são ,uito li.idinosos nas relaçQes co, todos os ,e,.ros da
fa,ília= os ,eninos passa, a 'ostar das prostitutas e as ,eninas= de se
prostituir3
Jnfeli,ente= os autores não fae, a ,enor inculação entre essa isão
,édica da escraidão co,o fonte de prostituição e os ar'u,entos de u,a
parte da oli'aruia .rasileira e, faor do tra.alho OlireO= isto é= do
tra.alho co,o relação de ,ercado e= portanto= e, faor da a.olição da
escraatura3 Se o fiesse,= o círculo se fecharia co, perfeição: defesa da
fa,ília= do tra.alho e da hi'iene na prostituição= O,al necess-rioO= isto é=
da criação dos .ordéis so. controle p/.lico3 *i,os= pelos depoi,entos
contidos no liro de &élcio onteiro de Li,a= co,o ,édicos e dele'ados
de polícia la,enta, a di,inuição dos .ordéis= causada pela Oexcessia
li.erdade sexualO3
D,a outra linha de estudos= ,uito su'estia= aparece no ensaio OAí a
@orca Torce o Ra.oO= no liro intitulado *i"ncia3
As autoras C9nthia Sarti e aria Wuarti, de orais analisa, as reistas
fe,ininas= particular,ente Cl-udia= +oa e Carícia= enfatiando não sI as
for,as de reforço dos estereItipos dos papéis sexuais#sociais de ho,ens
e ,ulheres= ,as o fato de as ,udanças sociais (so.retudo
profissionaliação fe,inina e anticoncepcionais) tere, forçado= por raQes
co,erciais= o apareci,ento de +oa e Carícia e u,a certa
O,oderniaçãoO de Cl-udia3 $sta se olta para a dona#de#casa ,odernaY
+oa= para as profissionais= e Carícia= para as adolescentes3
+o pri,eiro caso= no ue se refere ao sexo= a receita é: co,o se'urar seu
ho,e, sendo esposa#a,ante#,ãe perfeita (li,pinha= perfu,adinha=
uituteira= infor,adinha= discreta= se,pre Poe, e Poial)3 +o caso de
+oa= a receita é: co,o ser inteli'ente e sedutora= se, assustar o ,acho
e= paraéO=
Oco,o tal=eidente,ente=
a noa ,ulher rece.e
precisa u,a
'ostar de si ,es,a=
aPudainha tal co,o
de cre,es= é (o
,assa'ens=
cos,éticos= 'in-sticas= cirur'ias pl-sticas= ,odistas= ca.eleireiros= etc3
arriscaría,os aui a expressão: a ,ulher
0?
Onatural,enteO produida)3 +o caso de Carícia= ensina#se Ns ,eninas ue
dee, ser lires= ,as co, li,ites= e respeitar a li.erdade ,asculina= se,
li,ites= co,o proa, os dados científicos3 A idéia 'eral so.re a
sexualidade proé, da sexolo'ia: técnicas sexuais de f-cil aprendiado e
eficaes (para as cl-udias= a fi, de Osalar o casa,entoO= para as noas= a
fi, de ,antere, a sedução e para as carícias= a fi, de estare, .e,
infor,adas para o ,o,ento oportuno)= tolerMncia (caso OoutraO apareça)=
ter ida prIpria= conersar ,uito co, o ,arido e esuecer os euíocos
ineit-eis3 $ e, todas elas= eidente,ente= o ideal ,aterno= co,o fi,
natural da fe,inilidade= aui a sexolo'ia rece.endo peitadas de
psican-lise= co, o dipo= a castração e a inePa Oao alcance de todosO3
$sse ensaio torna#se ainda ,ais releante uando o co,pleta,os co, u,
outro= no ,es,o liro= intitulado OSexualidade e &esconheci,ento: A
+e'ação do Sa.erO= no ual a autora analisa o ue desi'na co,o a
estraté'ia do sil"ncio= isto é= o treino fe,inino para não falar de sexo= não
ouir so.re sexo e tecer fantasias de an'/stias so.re o prIprio corpo3 $sse
treina,ento possui dois resultados precisos3 @or u, lado= co,o i,os no
início deste liro ao co,entar,os a Jniciação Sexual de %randão da Sila=
o OaprendiadoO sexual fica na depend"ncia da infor,ação ,asculina
(,aridos= na,orados= a,antes)= de sorte a a.afar o ue as ,ulheres
possa, sa.er
pode ir= ou sentir
e e,= dasporreistas
conta prIpria3 @or outro lado=
OespecialiadasO ue areforça,
infor,ação
os
estereItipos e 'arante, a repressão sexual3
Alé, disso= co,o o.sera %ranca aria oreira Ales= esse sil"ncio= ue
faorece a interioriação dos padrQes so.re o fe,inino e o ,asculino= é
reforçado não sI pelas idéias .analiadas so.re o pudor= ,as ainda pela
necessidade de proar a adeuação fe,inina ao seu OtipoO essencial: a
passiidade3
Se nos le,.ra,os das an-lises de Foucault so.re a sociedade ocidental
co,o auela ue ,ais fala de e so.re sexo e a ue ,ais exi'e a
OerdadeO so.re e do sexo= o sil"ncio estudado por %ranca aria 'anha
ainda noo releo para a repressão sexual: nesta sociedade falante e
ta'arela= não é todo ,undo ue te, direito Nfala3 ulheres e
ho,ossexuais ,asculinos= por exe,plo= estão destinados ao sil"ncio3
Eutros fala, por eles e deles3
Tantos outros aspectos ,ereceria, an-lise333
0?>
@or exe,plo= a noa porno'rafia3 Jsto é= o fato de ue a anti'a porno'rafia
(herdada da cha,ada Oporno'rafia itorianaO) apresentaa a ,ulher co,o
dIcil= passia= lan'uida,ente proocadora= N espera de toda sorte de
,anipulação ,asculina= a si,ples ,ostração de seu corpo enlan'uescido
parecido suficiente para despertar desePos e fantasias= enuanto= na noa
porno'rafia= a i,a'e, fe,inina é iril= a'ressia= auto#suficiente (pois a
,aioria das i,a'ens enfatia poses de ,astur.ação) e so.retudo
insaci-el= ,ulher ue nenhu, super,acho conse'uiria satisfaer3 @or
ue essa ,udança
fantasias se desePa@or ue a passa'e,
,o.iliar co, essada noa
doce para a atreida
i,a'e, Seria Wue
ela a
interpretação= hostil= da li.eração fe,inina feita atraés da Itica
,achista Sinal de noos ,edos Eu a si,ples nude P- não é suficiente=
na ,edida e, ue a ,oda reduiu sensiel,ente o estu-rio &e
ualuer ,odo= fica a per'unta: por ue a porno'rafia anti'a enfatiaa a
,ulher O,asouistaO enuanto a noa priile'ia a Os-dicaO
@or ue sur'iu u,a porno'rafia para ,ulheres= isto é= os corpos
,asculinos nus= 'enitais i,ensos e erectos= sorriso proocatio nos
l-.ios B- ou não u,a a,.i'Gidade nessa porno'rafia Jsto é= ad,ite ue
as ,ulheres tenha, desePos sexuais= ,as procura canali-#los para a
direção OcertaO: os ho,ens
@or ue= na porno'rafia para ho,ossexuais fe,ininos e ,asculinos= se
repete, os padrQes da porno'rafia heterossexual Es OatiosO nas poses
Os-dicasO= os OpassiosO= nas O,asouistasO
@or ue= nas -rias porno'rafias= repete#se a ,es,a exi'"ncia sexual#
social= isto é= ue as ,ulheres sePa, Poens (,ais noas do ue os
ho,ens) e os ho,ens sePa, adultos ou ,aduros (,ais elhos do ue as
,ulheres) Jsto é= por ue= na suposta trans'ressão= a reiteração da
nor,a: ,ulher#Poe,dependente (na porno'rafia= a ninfeta) e ho,e,#
adulto#realiado profissional,ente#protetor @or ue a suposta
trans'ressão repete a condenação ue pesa so.re ,ulheres cuPos
parceiros são ,ais Poens e consera o elo'io dos ho,ens ue conse'ue,
parceiras ,ais Poens= sinal de irilidade ines'ot-el
$nfi,= por ue a especialiação na prIpria porno'rafia @ara ho,ens=
para
0?2 ,ulheres= para ho,ossexuais= para Poens=
para adultos3 So,ente as re'ras do ,ercado a explicaria,= co,o
deeria, explicar o sur'i,ento e ,ultiplicação das pornoshops Eu
esta,os diante de for,as noas e ,ais sofisticadas de controle da
fantasia
$, resu,o: as porno'rafias são trans'ressQes ou reposição forçada das
nor,as repressias pela ,anipulação das fantasias= e, o.edi"ncia aos
padrQes sexuais per,itidos e codificados
@artindo da porno'rafia (tanto na lin'ua'e, proi.ida uanto nas i,a'ens
OreseradasO) tale possa,os pensar na repressão sexual se realiando
so. o si'no de al'o conhecido pelo no,e de duplo nI3 E duplo nI consiste
e, afir,ar e ne'ar= proi.ir e consentir al'u,a coisa ao ,es,o te,po (os
lI'icos afir,a, ue o duplo nI condu N i,possi.ilidade da decisão= os
psiuiatras o considera, causa ,aior da esuiofrenia e os
antipsiuiatras o considera, a pr-tica típica da fa,ília e da ci"ncia
,édica)3
Tale o duplo nI sePa ineit-el na repressão sexual ue conhece,os na
,edida e, ue nossa cultura= co,o tenta,os assinalar nos capítulos
precedentes= opera u, crua,ento ou u,a urdidura uase indestrutíel
unindo sexo= ida e ,orte3
D, exe,plo priile'iado dessa urdidura encontra#se nu,a fi'ura .astante
desenolida na época ro,Mntica e reto,ada pela O,oral itorianaO: o
a,piro3 +ecrIfilo= sexualidade oral= desePo noturno insaci-el= horror N
lu= ferocidade canina (e o Cão= co,o se sa.e= é u, dos no,es do dia.o)=
o a,piro
ie é a fi'uração
do san'ue uase
ir'inal3 A perfeita
ir'e,= co,odo duploénI:
i,os= ,acho ,ortífero
interrupção ue
da ,orte3 A
ida do a,piro é ,orte da ir'e,3 Lo.iso,e, e al,a penada= o a,piro
é san'uessu'a o parasita (a .ur'uesia ro,Mntica o representaa co,o
aristocrata decadenteY e= curiosa,ente= na noa porno'rafia= a ,ulher
te, traços a,pirescos= é a a,p= co,o se diia anti'a,ente a respeito
de ,ulheres ue= ,ais tarde= se diia tere, sex#appeal)3
+o caso do %rasil= o re'i,e do duplo nI parece estar e, toda parte3
@or exe,plo= na afir,ação do destino essencial da ,ulher N ,aternidade
e no dese,pre'o das 'r-idas e ,ães3 Eu na hu,ilhação das ,ães
solteiras da classe tra.alhadora (se a ,enina est- na escola= é expulsa
para não Oconta,inarO as
0?7
outrasY se é e,pre'ada do,éstica= é despedida para não dar ,au
exe,plo Ns filhas de fa,ília= e despedida tanto ,ais depressa se= por
acaso= a 'raide tier sido causada pelo filho da fa,ília)3 @ara as ,eninas
da .ur'uesia e da classe ,édia ur.ana intelectualiada= tr"s saídas: ida
para u,a Oescola na SuíçaOY a.orto r-pido e se'uroY 'lorificação da
independ"ncia3
Eutro exe,plo de duplo nI aparece na afir,ação de ue os ho,ossexuais
são doentes (física e ,oral,ente) e= ao ,es,o te,po= ue dee, Ose
assu,irO nada de O.icha louca enrustidaO3 Era= o ue é esse Oassu,ir#
seO *-rias coisas si,ultMneas3
For,ar u, 'ueto= é a pri,eira opção: OA'ora h- duas alternatias3 A ,ais
freGente= o super,acho= .i'odes e outros p"los decoratios= estido de
couro= ,/sculos
transexual= e unifor,es
ue cultia -rios
peitinhos= ,as de .raos
'uarda 'uerreiros3
o caralho= paraAficar
outra=
na o
fronteira de todos os sexos3 ;- não ,ais ho,ens co, ,a,as= ne, ,ulher
co, p"nis a fi'ura de u, louco desePo= o desePo do ho,e, por si ,es,o3
+ão se creia ue o traesti i,ita a ,ulher3 &e Peito nenhu,3 $le eli,ina a
,ulher3 Assi,= a rua é o antro de u,a ir'indade falocr-tica3 undo de
,achosO= escree Ber.ert &aniel e, @assa'e, para o prIxi,o sonho3
Eu= então= a nor,alidade da ida conPu'al= ho,ossexuais fe,ininos e
,asculinos diididos e, OatiosO e OpassiosO= ,odelando a relação
a,orosa pelo padrão estereotipado da ida conPu'al heterossexual=
reproduindo deeres= direitos e o.ri'açQes= co,o se a afir,ação de u,a
outra possi.ilidade sexual sI pudesse ser confi'urada pela repetição da
repressão= traendo= co, a repetição= os pro.le,as dos casais
conencionais= co,o suple,ento necess-rio N ruptura ue= desta ,aneira=
não se consu,a3 Co, esta se'unda opção= ta,.é, se a.re o ca,po da
prostituição3 Ainda de Ber.ert &aniel: OBo,ossexual e triste e u, tanto
ce'o na ,inha fei/ra (333) fiera u, enor,e esforço para re,odelar o
corpo= os tradicionais ,étodos do culto do deus da época:
e,a'reci,entos= esportes= roupas e decoraçQes= poses e teatros3 &era
certo3 (333) +3 co, sua o.Petia cotação do desePo ,e tornou deseP-el=
concreta,ente= se, disfarce= se, re,orso3 (33) fe,e entrar no di-lo'o
cru da sedução3 ercado3 Crua,ente a coisa eu= o.Peto de desePo=
co,pr-el3 +3 introduiu#,e
0?6
no ,undo fascinante da enda e sua co,pra= apresentou#,e u,a certa
ilu,inaçãoe
pri,eira a respeito do ,eu
ue notei corpo e doda
os horiontes ,eu desePo3 Creio
o.scenidade ue foi ada
fortificada
,ecMnica da sedução3O
$, su,a= co,o o descree Ber.ert &aniel= I Oassu,ir#seO é procurar u,a
identidade Oho,ossexualO= u,a diferença Oho,ossexualO ue transfor,e
al'ué, nu, tipo social e nu,a espécie oolI'ica ue= depois de
,anipulada pela f-.rica da ind/stria sexual (das dietas ali,entares ao
estu-rio)= passa direta,ente ao ,ercado: rua= .oate= sauna e lardoce#lar3
E ho,ossexual suportando= e, no,e dessa Oidentidade assu,idaO= até o
deer de ter doenças específicas= co,o AJ&S3
E duplo nI aparece no Ona,oro sério pra casarO= criando u,a contradição
intoler-el para a ,enina e o ,enino= pois a ir'indade é exi'ida co,o
proa de a,or= ao ,es,o te,po e, ue a excitação recíproca= leada N
exasperação= cria nos parceiros a d/ida: ,e a,a ou não ,e a,a A
Oproa de a,orO é a resist"ncia ou a rendição
Ta,.é, h- duplo nI= para ho,ens e ,ulheres= no ,edo ou na an'/stia
suscitados pelo ta,anho dos Ir'ãos sexuais3
+os ho,ens= o ,edo e a an'/stia uanto ao ta,anho do p"nis: ,edo de
não satisfaer a ,ulher= de ser por ela interioriado ou ridiculariado pelos
a,i'os= de ue (,uitos= por cartas aos correios senti,entais de Pornais e
reistas= enia, a ,edida do p"nis e, ereção) sePa causa de esterilidade
ou i,pot"ncia ou ho,ossexualis,o3 +as ,ulheres= an'/stia co, o
ta,anho dos seios e das n-de'asY ,edo de ue= se ,uito peuenos ou
,uito 'randes= não desperte, atração e desePo nos parceiros= ne, sePa,
excit-eis e praerosos para elas prIprias3
Ende o duplo
tentando nI ;ornaisa ean'/stia
di,inuir#lhes reistas 'arantindo#lhes
procura, auxiliar ho,ens
ue e ,ulheres=
Ota,anho não é
docu,entoO3 Eferece, exe,plos OhistIricosO dessa aus"ncia de
i,portMncia ou da ariação dos critérios= confor,e as sociedades3 A
se'uir= poré,= oferece, soluçQes: cirur'ia pl-stica= 'in-sticas= ali,entos
especiais= cre,es= ,assa'ens (no caso dos seios= processos depilatIrios
para ue, não 'osta de p"los N olta dos ,a,ilos)= etc3 Assi,= ao ,es,o
te,po e, ue se asse'ura a ho,ens e ,ulheres ue seus ,edos são
infundados= se oferece a eles
04?
,eios ue= não tendo a ,enor exeGi.ilidade= para uns (por exe,plo=
falta de recursos financeiros)= ne, a ,enor 'arantia de efic-cia= para
todos= recria e redo.ra o ,edo inicial3 Jsto para não falar,os nas p-'inas
dedicadas aos Otipos ideaisO e nas uais tudo uanto fora expresso co,o
te,or ressur'e aloriado3
Ta,.é, h- duplo nI= por exe,plo= na situação das ,ulheres estupradas
ue procura, o Oa,paro le'alO3 Ao ,es,o te,po e, ue a lei lhes
'arante o direito de reparação pela iol"ncia sofrida= essa ,es,a lei as
su.,ete Ns ,aiores hu,ilhaçQes= não sI pelo exa,e do Ocorpo de delitoO=
,as ta,.é, pelainesti'ação= exi'ida pela sexolo'ia forense= das proas
de Oresist"nciaO ou de Onão consenti,entoO3 Jsto para ne, falar,os no
trata,ento ue rece.e, nas dele'acias de polícia= onde dele'ados=
ado'ados e policiais as encara, co,o Odesfrut-eisO e lhes fae,
propostas o.scenas3
Tale u, dos lu'ares priile'iados para o apareci,ento do duplo nI
estePa na
%rasil) noa
diante daatitude da reli'ião cristã (particular,ente a catIlica= no
sexualidade3
+u, liro intitulado Conersas de A,or e Sexo= o autor= ;oão %atista
e'ale= procura desfaer os anti'os preconceitos e as anti'as
superstiçQes ue= se'undo ele= certas filosofias e certas interpretaçQes das
Sa'radas $scrituras= aca.ara, acarretando3 As ci"ncias hu,anas= a
psican-lise= a antropolo'ia e as condiçQes conte,porMneas de ida não
poderia, conserar auelas anti'as idéias3 @or outro lado= escree o
autor= o ,undo conte,porMneo parece tentar u, ca,inho en'anoso ao
conferir ao sexo i,portMncia central na ida hu,ana3
Es procedi,entos e,pre'ados pelo autor são de tr"s tipos: inoca
ar'u,entos clínicos e psiui-tricos para explicar o sexo e seu
funciona,ento= procurando desincul-#lo da idéia de pecado (tanto assi,
ue declara o ho,ossexualis,o u,a doença de ori'e, hor,onal ou
'landular ou u, deseuilí.rio psíuico= oriundo de trau,as infantis e
fa,iliares)Y inoca ar'u,entos científicos ue de,onstra, ser o sexo u,
instinto e= portanto= natural= ,as ao ,es,o te,po= enuanto sexo
hu,ano= é ternura= a,or e o.edi"ncia a aloresY inoca ar'u,entos
reli'iosos= de,onstrando ue o sexo é a.ençoado por &eus (Osede
fecundosO) e por ;esus Cristo atraés da J'rePa (o sacra,ento do
,atri,Vnio)3
Ende est- o duplo nI
044
E autor ad,ite ue o sexo é fonte de praer nisto est- seu ,istério= sua
ale'ria= ,as ta,.é, o peri'o3 A relação sexual é oferenda recíproca de
dons
ensinae Oa
desePos entrepraer
ier co, ho,e, e ,ulher
e ale'ria e a educação
os ,o,entos sexual=@oré,=
do sexoO3 necess-ria=
e aui
o nI: OWual o ,o,ento ,ais lindo da união Wuando os corpos t", o seu
'oo +ão3 Wuando os olhos= se encontrando= pode, conidar os l-.ios a
confessar .e, .aixinho: Co,o é .o, estar,os Puntosb3O $, su,a: o
praer supre,o e, depois do 'oo sexual3 $= eidente,ente= sI é lícito
ao rece.er a ."nção ,atri,onial3
A se'uir= o liro afir,a ue o praer é real e necess-rio= ,as ue= sendo
físico e ef",ero= não pode ser confundido co, a felicidade3 esta ue
&eus nos desePa3 E praer te, seus direitos e seria a.surdo recus-#los=
,as Oo ho,e, e a ,ulher não pode, olhar o casa,ento co,o a .usca
do praer sexualO3
$ h- os pecados do sexo3 A ,odificação é sensíel= co,o se nota3 +ão
,ais o sexo é pecado= ,as est- suPeito a tornar#se peca,inoso:
,astur.ação= ho,ossexualis,o= adultério e relaçQes sexuais pré#
conPu'ais3 @oré,= noa nuança: os dois pri,eiros= pode, ser causados
por pertur.açQes físicas e ,entais ue di,inue, a responsa.ilidade de
seu autorY o uarto pode ser decorr"ncia da i,possi.ilidade de contrair
,atri,Vnio nu, te,po .e, prIxi,oY so,ente o terceiro per,anece
i,perdo-el (e não poderia deixar de s"#lo= isto ferir o Sexto
anda,ento da Lei de &eus)3
Eutro duplo nI: a ir'indade é purea e= co,o tal= o ,ais alto .e,
deseP-el pela ,ulher3 as= purea se di tanto do corpo uanto da al,a:
h- ,uita ,ãe solteira e ,uita ,oça não ir'e, ue são puras de al,a3
Eutro duplo nI: o sexo é instru,ento de co,unhão entre ho,e, e
,ulher= ,asSo,ente
insuper-el3 o ,istério do sexo é
a co,unhão co,ue ele pode
&eus é u,realiar
estadoa de solidão
superação
dessa solidão radical: o sexo= na sua solidão irrepar-el= nos ensina ue
Oal'o ,ais nos espera para alé, de todas as criaturasO= a união das al,as
e delas co, o espírito diino3 @or isso a Opri,eira reolucion-ria do sexoO=
se'undo o autor= foi aria *ir'e, ue Orenunciou N di,ensão erItica do
sexo= para ,elhor faer dele u, instru,ento de co,unhãoO= ela é a
OhistIria de a,or entre &eus e nIsO3
040
E percurso de desculpa.iliação científica sociolI'ica e teolI'ica do sexo
condu N se'uinte conclusão: OLire=pura= ir'e,= ,ãeO3 Lon'o ca,inho
ue= atraés de lin'ua'e, noa= condu ao anti'o ponto de partida3 as
a'raado3 Es pri,eiros @adres da J'rePa= co,o i,os= não apresentaa,
ar'u,entos ue desinculasse, sexo e pecado= de ,odo ue sI tinha, a
oferecer re,édios para di,inuir seus danos3 A'ora= não3 Retira#se a car'a
peca,inosa do sexo para torn-la ,ais pesada ue antes: o sexo é .o,=
,elhor depois dele= ,elhor ainda se, ele3
Co,o não poderia deixar de ser= o duplo nI sur'e co, intensidade no
caso do a.orto3 Aparente,ente= seria a.surdo i,a'inar duplo nI neste
caso: o a.orto é proi.ido por lei hu,ana e interditado por lei diina3 +ão
h- a,.i'Gidade al'u,a a seu respeito3 +ão é .e, o caso= todaia3
*ia de re'ra= as discussQes so.re o a.orto 'ira, e, torno de tr"s eixos
principais: o reli'ioso é pecado = o Purídico é cri,e e o
.iolI'ico é ,orte
+a perspectia conseradora= a discussão do assunto deixa de lado a ,ãe
e priile'ia opelo
sexualidade feto pris,a
porueda
enfatia u,a noção
procriação a.strata
e oferece de ida= encara
u,a resposta a
afir,atia
Ns tr"s uestQes aci,a3 E ,elhor exe,plo da atitude conseradora é u,a
anti'a noela de r-dio e teleisão: E &ireito de +ascer3
+a perspectia das fe,inistas li.erais= a "nfase não recai nas
idéias de ida e de procriação3 e a discussão se refere ao feto
porue h- ,aior preocupação co, a idéia da ,ulher co,o pessoa=
entendida co,o indiidualidade racional= afetia= consciente= capa
de co,unicação e de interação= lire e dotada de direitos3 Assi,= a
,ulher 'r-ida é u,a pessoa= enuanto o feto ainda não o é3
@ortanto= não podendo o feto ser inPuriado pessoal,ente= o a.orto
não é pecado= ne, cri,e= ne, ,orte3 encarado co,o direito de
autodefesa da pessoa fe,inina e co,o lire decisão N
,aternidade3
A discussão entre conseradores e li.erais pressupQe duas atitudes
anta'Vnicas co, relação ao ue se entende por Ofe,ininoO: no pri,eiro
caso= a ,ulher é identificada co, a ,aternidade= enuanto no se'undo= é
encarada co,o u, ser hu,ano ue pode escolher ou não a ,aternidade3
$sta deixa de ser= portanto= u, destino e u,a ess"ncia das ,ulheres3
041
+o entanto= a discussão ,anté, os aders-rios no interior do ,es,o
ca,po de uestQes cuPos ter,os não são alterados= ,as apenas
aloriados co, sinais opostos e= ao fi, de certo te,po= o de.ate aca.a
patinhando se, ,udar de ru,o3 Tanto conseradores co,o li.erais
discute,= por exe,plo= a possi.ilidade de deter,inar e, ue ,o,ento
u, feto h-
Auino= é ida3
ida @ara os pri,eiros=
a partir do ,o,entose'uindo AristIteles
da concepção3 e São To,-s de
Aproeitando#se da
controérsia so.re o assunto (para os ,uçul,anos= h- ida 48 dias antes
da concepção e= para os ,édicos ocidentais= h- ida so,ente al'u,
te,po depois da concepção)= as fe,inistas li.erais afir,a, ue sI h-
ida= co,o ida hu,ana= co, o nasci,ento3
A ,anutenção do ,es,o ca,po de uestQes para os aders-rios te,
conseG"ncias pr-ticas3 o ue se pode o.serar pelo exa,e das -rias
le'islaçQes existentes le'aliando o a.orto3 +elas= i,plicita,ente= i'ora
o ponto de ista conserador3
$, uase todas as le'islaçQes= uatro pontos principais se,pre
aparece,: 4) o a.orto sI pode ser realiado e, hospitais ue tenha,
licença especial e nos uais dee haer u,a Oco,issão para caso de
a.ortoO ue decide se este pode ser ou não efetuado= independente,ente
da decisão da ,ulher 'r-idaY 0) so,ente ,édicos deida,ente
autoriados pode, fa"#lo (o ue= se'undo as fe,inistas= si'nifica não sI
au,ento dos custos da interenção e ue são decididos exclusia,ente
por ue, a realia= ,as ta,.é, a criação de u, aparato institucional
co,plicado desproporcional para a si,plicidade da interenção= ue pode
ser efetuada co, u, si,ples aparelho= tipo OaspiradorO)Y 1) so,ente pode
ser efetuado o a.orto até u,a certa fase da 'raide na ual a ,ulher
não corre peri'o= sendo excepcional,ente per,itido e, casos de al'u,
acidente ue tenha tornado a 'raide ou o parto peri'osos (as fe,inistas
ale'a, ue se o a.orto é possíel neste se'undo caso é porue pode ser
realiado e, ualuer etapa da 'raide= ,étodos diferentes sendo
necess-rios
casada co, e, cada situação)Ydo8),arido
o consenti,ento o a.orto
e= sI
na poder-
,ulherser feito na
solteira= ,ulher
co, o
consenti,ento dos pais ou respons-eis (as fe,inistas ale'a, ue nos
dois casos a li.erdade fe,inina é total,ente desconsiderada)3
048
Ende sur'e o pri,eiro dos duplos nIs
+o fato de ue= nu,a sociedade ue define o ser fe,inino pela
,aternidade= a le'aliação do a.orto= nas condiçQes aci,a ,encionadas=
si,ples,ente reforça, a culpa atraés da lei tolerante= u,a e ue esta
pede Ns ,ães (por naturea e por ess"ncia) ue decida, lire e
consciente,ente a não sere, ,ães3 @or ue o pedido estranho @orue a
,aternidade= apesar de destino natural= est- inculada ao casa,ento3
&essa ,aneira= o a.orto sur'e co,o inaceit-el (para as casadas) e co,o
necess-rio (para as solteiras) e= conseGente,ente= co,o conden-el
para a,.as a lei produ a condenação dauelas ue ela inocenta3
Sur'e= co, isto= o se'undo duplo nI3 Se= natural,ente= as ,ulheres são
,ães= ainda ue so. certas condiçQes= por ue a decisão so.re o a.orto
depende de ,aridos e pais
$ste se'undo duplo nI te,= no entanto= a anta'e, de nos esclarecer
porue as discussQes priile'ia, o feto3 $sse priilé'io não é apenas
conseG"ncia de haer sido o a.orto se,pre discutido pelos ho,ens e
não pelas ,ulheres (o padre= o Purista= o ,édico)= ,as é so.retudo o
indicador da função repressia do feto na discussão: ele per,ite a
racionaliação3 Atraés do feto= o a.orto se incula irre,ediael,ente N
,orte (ao infanticídio) e= desta ,aneira= o.té,#se o resultado desePado:
falar na
$ssa criança para culpar
racionaliação é tão aefica
,ãe3 ue as fe,inistas= e, 'eral= não a
perce.era,3 Tanto assi, ue= não por acaso= elas respondera, N
cri,inaliação do a.orto co, duas ale'açQes: a de ue o feto ainda não é
ida hu,ana ne, pessoa= e a de ue o a.orto é u, assassinato e,
le'íti,a defesa3 Resultado: os conseradores se apropriara, dessa idéia
para= aceitando a le'islação do a.orto= afir,are, ue uando o feto é u,
peri'o para a ,ãe esta te, o direito de ser li.erada dele= ,as não te, o
direito de expedir sua ,orte= raão pela ual a /nica a não se pronunciar
so.re o a.orto é a ,ulher 'r-ida3 $= não contentes= ainda afir,a, ue os
pro'ressos científicos e tecnolI'icos tornara, uase nulos os peri'os
físicos da 'raide e do parto3 as sa.ia,ente deixa, e, sil"ncio os
danos psíuicos e sociais da ,aternidade co,pulsIria3
+u, esforço para superar esse uadro de discussQes= u, noo ca,inho
foi tentado3
04
@assou#se a afir,ar ue:
4) o a.orto é clínica e cirur'ica,ente ,uito si,ples= ,enos difícil e ,enos
peri'oso do ue u, parto= podendo ser feito por pessoas ue rece.a,
r-pido e adeuado treina,entoY
0) o a.orto é u, direito fe,inino não sI de autodefesa= ,as ta,.é, de
opção face N ,aternidade (podendo ser opção circunstancial ou
definitia)Y
1) tanto o a.orto peri'oso e ,ortal uanto o a.orto clandestino
trau,-tico decorre, da falta de u,a erdadeira sa/de p/.lica ue
infor,e as ,ulheres
e ue sePa e as auxilie
capa de propor co, ,étodos fa,iliar
u, planePa,ento contraceptios
ue nãoadeuados
fira a
li.erdade de cada u, uanto N procriação3
+o entanto= idéias tão corretas pode, faer u, ca,inho apressado e
i,ediatista= pois= exceção feita N pri,eira idéia (aus"ncia de peri'o do
a.orto)= o restante da ar'u,entação parece deixar de lado séculos de
ideolo'ia procriadora e de interioriação da culpa3
B- tend"ncia 'eneraliada a tratar o a.orto co,o se este não fosse u,
fenV,eno cultural= físico e psíuico dotado de si,.olis,os profundos e
co,o se= na pr-tica= não fosse ienciado pelas ,ulheres co,o u, ato
se, li.erdade e se, autono,ia= al'o ue lhes é tão i,posto uanto a
,aternidade= (aesso e direito da ,es,a ideolo'ia repressia= u,a for,a
de culpa)3 $ é assi, ue as ,ulheres .rasileiras o iencia,3
iido co,o aus"ncia de li.erdade (i,posição social e ,oral) e co,o
iol"ncia3 J,posição: h- puniçQes e sançQes ariadas para as ,ulheres=
tanto uando não a.orta, co,o uando a.orta,3
*iol"ncia física: não sI e, decorr"ncia das péssi,as condiçQes e, ue é
realiado para a ,aioria das ,ulheres= ,as ta,.é, porue as ,ulheres
sente, ue nele al'o é extirpado do corpo= ainda ue de for,a indolor3
Si,.olica,ente= portanto= o a.orto é inestido de u,a car'a afetia ,ais
dra,-tica ue a extração de u, dente ou de u, ap"ndice= ainda ue
clinica,ente sePa tão ou ,ais si,ples3
*iol"ncia psíuica: nu,a cultura cristianiada= na ual não h- acordo
uanto N ida ou não#ida do feto e na ual a ,aternidade define a
ess"ncia do fe,inino= o a.orto sur'e nas estes da culpa e da falha3
Sur'e
ue o terceiro
o reproa e duplo nI:
ue= ao por u,
le'islar lado=
e, seuafaor=
inserção doexplíc
deixa a.ortoitonu,a cultura
ue apenas
o tolera co,o u, ,al necess-rio=
04>
o consera i,plicita,ente cri,inaliadoY por outro lado= não é si,ples sua
inserção no inconsciente fe,inino= de tal ,odo ue= ,es,o deli.erando
lire e consciente,ente para fa"#lo= 'rande parte das ,ulheres realia
u,a operação psíuica inconsciente= deslocando a culpa cultural,ente
produida para situaçQes ue= aparente,ente= nada t", e, co,u, co,
o prIprio a.orto3
$sse desloca,ento é extre,a,ente efica uando as situaçQes ue
sere, de su.stitutos para a culpa parecere, ,uito distantes da situação
culpada ori'in-ria3 Assi,= por exe,plo= o ue o desa'rado por certas
cores= certos sons= certos odores= certos 'estos= o ue certos lapsos de
,e,Iria= certas repulsas= certos ressenti,entos= certas dificuldades para
falar= escreer= andar teria, a er co, u, a.orto +o plano consciente=
nada3 +o plano inconsciente= tudo3 $ essa su.stituição possui ainda u,a
a'raante= pois a falta de u,a relação isíel e consciente entre a
situação#ori'e, e as situaçQes#su.stitutas coloca todas elas fora de nosso
controle racional e afetio= faendo co, ue passe,os a lidar co, ,il
peuenas ,anias= ,il peuenas culpas= ,il peuenas falhas para nos
lirar,os (se, o conse'uir,os) de u,a /nica OculpaO e de u,a /nica
OfalhaO3
@asse,os e, sil"ncio (não porue sePa ,enos 'rae ou doloroso) o caso
das ,ulheres ,ais elhas (solteiras ou casadas= de -rias classes sociais)
ue a.orta,
(excesso ou a.ortara,
de filhos= peri'o parapelos ,ais opção
a sa/de= diferentes
pela enão#,aternidade=
Pustos ,otios
decisão profissional= risco de perda de e,pre'o= relaçQes a,orosas ue
não co,porta, filhos= cansaço)3 $,.ora os depoi,entos de todas as
,ulheres reele ue= na ,aioria dos casos= o a.orto sePa iido e
co,preendido co,o u,a necessidade e não co,o u,a lire escolha= e=
no caso das ,ulheres po.res= sePa realiado nas piores condiçQes
i,a'in-eis (freGente,ente erdadeira carnificina co, danos
irreersíeis)= olte,os nossa atenção apenas para as ,eninas entre 41 e
0? anos3
D,a das características da sociedade capitalista conte,porMnea é tentar
retardar tanto uanto possíel a entrada de Poens no ,ercado da co,pra
e enda da força de tra.alho3 Tanto o prolon'a,ento da escolaridade
(para a classe ,édia) uanto os sal-rios irrisIrios dos ,enores (na classe
oper-ria) são indícios desse retarda,ento3
042
Ao ,es,o te,po= a declaração da ,aioridade costu,a coincidir co, u,
período de aus"ncia de esta.ilidade no e,pre'o= de sal-rio insuficiente
para a so.rei"ncia (no caso das ,eninas das classes populares) e de
.usca de tra.alho (para a ,aioria das ,eninas de classe ,édia)3 Assi,=
antes da ,aioridade= ,eninas e ,eninos são retidos nas escolas ou
su.,etidos a condiçQes prec-rias de tra.alho= de tal ,odo ue as
condiçQes ,ateriais ou o.Petias reforça, a nor,a= se'undo a ual é
preciso esperar condiçQes ,íni,as de se'urança para esta.elecer u,a
relação a,orosa duradoura (identificada co, o casa,ento) e para a
procriação
*isto (ta,.é,
ue tais dependente
exi'"ncias do casa,ento)3
contraria, a sexualidade dos Poens= a ideolo'ia
se encarre'a de o.ter a o.edi"ncia N nor,a pela aloriação da
ir'indade= da relação a,orosa casta e do ofereci,ento de su.stitutios
lícitos para os ,eninos (as prostitutas)= u,a e ue se parte do
pressuposto tena de ue as ,eninas não possue, desePos sexuais3
Social,ente= o reforço da nor,a repressia se tradu= ainda= pelas
sançQes a ue estão suPeitas as ,eninas ue a.orta, e as ,ães solteiras3
E a.orto= para as ,eninas entre 41 e 0? anos possui u,a face o.Petia:
na ,aioria das ees= elas não t", co,o arcar co, a ,aternidade= desde
a prIpria 'raide= o pré#natal= o parto= até a criação de u,a criança= a
não ser ue ocorra o costu,eiro= isto é= o casa,ento co,pulsIrio= cuPos
desastres se farão sentir lo'o depois= alé, da er'onha ue essa
o.ri'ação acarreta no interior da ideolo'ia do casa,ento da ir'e,3
@ossui ta,.é, u,a face su.Petia: elas não tolera, as pressQes sociais=
as sançQes reli'iosas e ,orais da ,aternidade fora do casa,ento= ne,
desePa, a hu,ilhação do casa,ento co,pulsIrio3 Ali-s= a prIpria
'raide= na ualidade de fato inesperado= possui u, sentido ,uito
preciso: reelar ue as ,eninas não to,a, anticoncepcionais porue não
são co,o prostitutas= dispostas ao sexo se, a,or3 @aradoxal,ente=
portanto= a 'raide inesperada si'nifica si,ultanea,ente pecado e
purea3 $, su,a: duplo nI3
A não ser e, casos excepcionais= so.retudo das ,eninas da alta classe
,édia e da .ur'uesia= cuPas fa,ílias tanto pode, aceitar co,
naturalidade a necessidade do a.orto
047
uanto a da ,aternidade (se esta for desePada pelas ,eninas) e socorr"#
las e, a,.os os casos= nos de,ais casos= as ,eninas a.orta, porue
estão aterroriadas co, a prIpria 'raide= aterroriadas co, a idéia de
criar filhos se, condiçQes para fa"#lo (sePa porue fora, a.andonadas
pelos parceiros= sePa porue estes ta,.é, são ,uito Poens e não t",
co,o arcar co, a paternidade) e porue estão aterroriadas co, as
puniçQes ue desa.arão so.re elas3
@or não tere, a'uardado o casa,ento= são esti',atiadas co,o i,orais=
perertidas e anti#sociais3 Se estão na escola= são expulsas para eitar o
O,au exe,ploOY se estão e,pre'adas= são despedidas porue O,ulher
'r-ida é u, pro.le,aO3 FreGente,ente se sente, a.andonadas pelos
parceiros e pela fa,ília= a.andono ,uito especial porue não si'nifica
necessaria,ente ue sePa, deixadas soinhas e ao deus#dar-= ,as si,
porue parceiros e fa,ília são os pri,eiros a propor i,ediata,ente o
a.orto (se, ,aiores inda'açQes) e co, naturalidade= uando elas ainda
não sa.e, se é isto o ue real,ente desePa,3 A.andono tanto ,aior=
uando seu i,a'in-rio se pooa co, as i,a'ens tr-'icas das ,ães
solteiras suicidas= das prostitutas= das ,ulheres estéreis apIs o a.orto
,al realiado= fi'uras despreadas pelo farisaís,o da ,oral i'ente3
As ,eninas ue rece.era, for,ação reli'iosa= e a pratica,= são
pressionadas ainda co, ,aior iol"ncia pelo duplo nI: sa.e, ue a
ir'indade é alor supre,o tanto uanto a ,aternidade (aria *ir'e, e
Osede fecundosO)= ,as ao ,es,o te,po são acusadas do pecado de
en'raidar fora do ,atri,Vnio (co,etendo o pecado da lux/ria) e do
pecado de
,ulher a.ortar (destruindo
solteira#casada= u,a ida)3
ir'e,#,ãe T", alor=
e= co,o co,o ,odelo ideal u,a
a ida co,o do,
diino ue criatura al'u,a pode ceifar3
Wuando= forçadas pelas circunstMncias= fae, o a.orto clandestino= ual é
a experi"ncia das ,eninas +ão nos referi,os aui Ns tentatias
desesperadas das soluçQes do,ésticas= ,as N ida a clínicas clandestinas
de a.orto3 Se as condiçQes financeiras e o apoio fa,iliar o per,itire, e
pudere, ser atendidas por ,édicos decentes e, locais decentes= pelo
,enos estão fisica,ente prote'idas= ainda ue= nu,a cultura co,o a
nossa= não sePa possíel aaliar a presença ou aus"ncia de trau,as
e,ocionais3 Se= ao contr-rio= fore, o.ri'adas a
046
recorrer a açou'ueiros= passarão por experi"ncia dupla,ente dra,-tica3
Co, efeito= os açou'ueiros são açou'ueiros porue co,partilha, a
ideolo'ia repressia antia.orto e descarre'a, so.re as ,ulheres o rancor
e o ressenti,ento pelo ato ue= cinica,ente= se dispQe, a realiar: não
usa, anestésicos= não h- assepsia= o local de Otra.alhoO é or'aniado de
,odo a ,arcar sua ile'alidade e nele prealece o estilo Olinha de
,onta'e,O ou de Osuper,ercadoO3 Dsa, lin'ua'e, a'ressia=
culpa.iliadora3 Fae, propostas o.scenas a ,ulheres ainda estendidas
nas ,esas de cirur'ia3 $, su,a: transfor,a, o a.orto nu, ato de
casti'o e punição= ,aneira pela ual i,a'ina, Onor,aliarO u,a conduta
OdesianteO3
$nfi,= existe, as soluçQes caseiras re,édios= eras= tIxicos= .ar.ante=
tesoura= colher= 'ilete= faca3 E horror3 *iol"ncia física (co, seGelas= co,o
o cMncer
(horror e a esterilidade per,anente) e iol"ncia psíuica ou si,.Ilica
N sexualidade)3
Resta#nos u,a /lti,a refer"ncia: a relação entre repressão sexual e a
diisão social das classes= refer"ncia feita esparsa,ente no decorrer deste
liro e ue foi estudada por Rose arie uraro= nu, liro intitulado
Sexualidade da ulher %rasileira Corpo e Classe Social no %rasil3
A autora ouiu ,ulheres e ho,ens da .ur'uesia= da classe ,édia ur.ana=
do operariado ur.ano e do ca,pesinato nordestino (^ona da ata e
A'reste)= tendo feito a todos as ,es,as per'untas: 'osta de seu corpo
cuida dele ue, lhe ensinou a cuidar dele co,o " seu corpo (ou de sua
,ulher) apIs o nasci,ento de filhos 'osta de faer sexo ue acha dos
anticoncepcionais= do controle da natalidade= do a.orto= do
ho,ossexualis,o co,o é o seu dia fica doente ue acha da
profissionaliação das ,ulheres $ per'untas so.re econo,ia e política
.rasileiras3
Rose arie uraro tra.alhou co, tr"s hipIteses principais= todas elas
confir,adas pelas respostas o.tidas:
4) ue h- relação entre corpoconsci"ncia do corpo e entre corpo sexo
e as deter,inaçQes sociais de classeY
0) ue ao pesuisador não interessa o ue ele prIprio pensa das pessoas=
,as o ue elas pensa, e sa.e, de si ,es,as= as contradiçQes e
a,.i'Gidades de suas falas não si'nificando incoer"ncia= ,as sendo=
antes= expressão das dificuldades criadas pela prIpria
00?
diisão social de classesY as falas são si'nificatias não apesar= ,as por
causa
1) ueouh-'raças Ns contradiçQes
u, i,a'in-rio e a,.i'GidadesY
social difuso ue se espalha por todas as classes
sociais= cuPa fonte é a classe do,inante= ,as e, diferentes ,o,entos da
histIria de sua ideolo'ia= isto é= a ideolo'ia da classe do,inante
encontrada entre os ca,poneses não é conte,porMnea N ideolo'ia atual
da classe do,inante ur.ana e operante para ela ,es,a= para a classe
,édia e setores do operariadoY alé, disso= cada classe ou cada setor de
classe reela.ora esse i,a'in-rio se'undo suas condiçQes concretas de
exist"ncia= passando a assu,ir sentidos diferentes e, cada u,a delas3
$xe,plifiue,os3
N per'unta: 'osta de seu corpo= co,o o "= cuida dele A classe
do,inante responde co, critérios estéticos (.elea)= afir,a 'ostar dele
co,o fonte de praer para si e para outro= ,enciona os cuidados de
hi'iene e a ,edica,entação3 Es ca,poneses responde, tendo o tra.alho
co,o horionte (o corpo OespertoO= OcansadoO= forte= fraco)= afir,a,
'ostar do corpo= se co, sa/de= ou tal co,o era uando ,ais Poe, (ou tal
co,o 'ostaria, ue fosse)= de sorte ue os critérios da consci"ncia do
corpo são dados pela capacidade de seriço e pela aus"ncia de doença3 A
classe ,édia e o operariado ,escla, as duas ersQes: h- os ele,entos
estético#praeroso#saud-eis da .ur'uesia tanto uanto os de tra.alho#
cansaço#doença do ca,pesinato3 Rose arie uraro fala no corpo
oper-rio co,o u, Ocorpo ,istificadoO: nas suas falas= as oper-rias e os
oper-rios die, clara,ente co,o é o seu corpo (instru,ento de tra.alho)
e= ao ,es,o te,po= co,o enxer'a, esse corpo (os padrQes estético#
praerosos da classe do,inante)3
Co, exceçãoco,
tr"s classes= da classe ,édia
nuanças= ur.ana li.eral
o ,achis,o e intelectualiada=
é a re'ra3 Ca,ponesas enas outras
oper-rias
responde, ue seus ,aridos são .ons Oporue não ,e .ateO= enuanto
as .ur'uesas se expri,e, na lin'ua'e, OCl-udia#+oaO3 A relação sexual
é ,arcada pelo ,achis,o= de ponta a ponta3 As ca,ponesas e as
oper-rias ,ais elhas se ueixa, do sexo anal= do sexo uando estão
exaustas= do /tero caído= das doenças de toda sorte= dos partos
consecutios e da aus"ncia de praer no sexo= o corpo co,o fardo e dor3
Ao ,es,o te,po= afir,a, a
004
felicidade de ser ,ãe3 &uplo nI +e, tanto3 Aui= se trata da
transfer"ncia para os filhos do a,or cada e ,ais difícil pelos parceiros3
As oper-rias ,ais Poens e a classe ,édia são faor-eis ao
anticoncepcionais= desePa, i'ualdade sexual (ainda ue a superioridade
,asculina per,aneça incontestada= a não ser na peuena faixa
intelectualiada da classe ,édia)= direito ao praer3 @ara a classe ,édia=
as reistas= os fil,es porno'r-ficos e os ,otéis aparece, co,o
desco.erta de noos praeres e possi.ilidades sexuais3 @ara os ho,ens da
.ur'uesia e do operariado= a porno'rafia te, esse papel= ,as para
exercício extraconPu'al3 $ os corpos fe,ininos= por eles idealiados= nada
t", a er co, o de suas parceiras= no caso do operariado e do
ca,pesinato3
Co, exceção da classe ,édia ur.ana intelectualiada= as ,ulheres das
de,ais classes condena, a ,astur.ação= o ho,ossexualis,o e o excesso
da profissionaliação fe,inina= ainda ue os dois pri,eiros sePa,
praticados
,orais= pelos ho,ens
clínicos= sociais= ereli'iosos3
e, lar'a Eescala3 Es critérios
curioso= poré,= ésãoa ariados:
su.li,ação
ocorrida a partir da condenação3 As .ur'uesas recorre, ao espiritualis,o
oriental de disciplina e eleação corporal e espiritualY as ca,ponesas= Ns
doenças ue lhes conso,e, a exist"nciaY as oper-rias= N i,a'inação
ro,Mntica3 &e todo ,odo= no centro da condenação#su.li,ação encontra#
se a defesa intransi'ente da fa,ília= ainda ue não a defesa da sua
prIpria3 $ é= nela= co,o su'eri,os antes= ue os duplos nIs irão
,ultiplicar#se: a fa,ília ideal é o critério para aloriaçQes e condenaçQes
da fa,ília real3
Rose arie uraro tra.alha ainda co, a hipItese da diferença entre o
,undo ur.ano e o rural3 Assi,= apesar das diferenças e se,elhanças de
classe no i,a'in-rio sexual= a diisão ca,po#cidade parece assu,ir u,
papel i,portante e a autora escree: O$, su,a= e, relação N
sexualidade= "#se u,a 'rande diferença entre o ,undo rural e o ur.ano
(ue ir- acentuar#se ,ais ainda nas classes ,édias): a ueda real da
supre,acia ,asculina= o a.alo do dispositio fa,iliar e do casa,ento
co,o ideolo'ia e representação= ,as per,anece se,pre a clia'e, entre
ho,ens e ,ulheres3 Cai ,uito ta,.é, no ,eio ur.ano a desaloriação
da ,ulher apIs a ,enopausa= ue é ,uito alta no ca,po= ,ais entre as
,ulheres do ue os prIprios ho,ens3 interessante notar ue a
000
proi.ição do a.orto= e,.ora di,inuindo na classe oper-ria= é a ue
per,anece co,o u,a distMncia ,enor e, relação ao ca,pesinatoO3
A idéia 'eral do liro de uraro é a de transfor,açQes sociais 'lo.ais co,
relação N sexualidade=
sociais do país uedae,do decorr"ncia das transfor,açQes
ta.u da ir'indade= do casa,entoeconV,icas
co,o saídae
natural para a sexualidade= ,aior aceitação do ho,ossexualis,o= da
,astur.ação= dos anticoncepcionais3 E carro#chefe dessa ,udança
ideolI'ica é a classe ,édia ur.ana li.eral e intelectualiada= ,ais prIxi,a
dos padrQes dos países cha,ados desenolidos3
&isse,os= h- pouco= ue do liro nos inha a i,pressão de ue ,achis,o
e fa,ília per,anecia, intocados= exceção para a classe ,édia3 As
conclusQes de uraro são contr-rias N nossa afir,ação: e, sua opinião=
h- declínio do ,achis,o= no ,undo ur.ano= e dos ta.us da ir'indade e
do casa,ento3 +o entanto= uraro afir,a ue estas tend"ncias são ,ais
fe,inino#ur.anas do ue ,asculinas e do ue ca,ponesas= e afir,a
ta,.é, ue a ,aioria das ,ulheres 'ostaria de oltar ao te,po de
solteira3 &e nossa parte= não interpretaría,os esse desePo co,o
di,inuição do lu'ar i,a'in-rio e si,.Ilico ocupado pelo casa,ento e
pela fa,ília= pois o retorno N ida de solteira si'nifica= por u, lado=
retorno N ida fa,iliar= ,as não na situação de cVnPu'e e si, na de filha=
e por outro lado= o desePo de u,a sexualidade lire= isto é= não procriatia=
ou pelo ,enos= se, a Odíida conPu'alO e se, a o.ri'atoriedade da
,aternidade de nu,erosa prole3
Fae,os essas consideraçQes a partir de u,a pesuisa ue al'uns
estudiosos estão realiando nos .airros periféricos de São @aulo3 ]
per'unta: ual a anta'e, de ser ho,e, e ,ulher= inariael,ente
o.té,#se o se'uinte resultado3 Es ho,ens considera, anta'ens: não ter
,enstruação= não en'raidar= não ser forçado N ir'indade e N fidelidade
conPu'al=
as= ter li.erdade3
N per'unta: ual aAsdesanta'e,
,ulheres: serde,ãe= ser sensíel
ser ho,e, e ser fr-'il3
e ,ulher= as
respostas reela, u, conflito per,anente não apenas entre ho,ens e
,ulheres= ,as no interior de cada u, deles Es ho,ens responde,: ser o
respons-el pela fa,ília= não poder chorar= errar= ter ,edo ne, fracassar3
As ,ulheres:
001
+ota a.aixo da foto:
Sociedade autorit-ria= ,achista e racista= o %rasil se ali,enta de ,itos
co,o o da inexist"ncia do racis,o e o da exist"ncia da sensualidade de
u, poo ,estiço ue desconhece as .arreiras de classe e raça= A
,elancolia dolorosa de A +e'raO reela a ,ulher escraa ue ofereceu
seu leite (o 'rande seio) e seu tra.alho (seus pés e suas ,ãos) ao
do,inante .ranco3 +ão é sensualidade o ue e,os aí3 *e,os dor e
a.andono de u, corpo usado co,o se fosse coisa= porue corpo fecundo
e opri,ido3
Fi, da nota3
008
não ter li.erdade= a dupla Pornada de tra.alho= o sexo uando não h-
ontade ne, praer= o excesso de filhos3 Jndependente,ente dessa
peuena dier'"ncia interpretatia= cre,os haer no liro de uraro=
entre outros aspectos de 'rande releMncia= pelo ,enos dois: o corpo é
u,a a.stração corpo é o ue te,os na relação co, os outros no
interior de u,a sociedade diidida e, classes (isto é= os discursos da
li.eração sexual do corpo são a.stratos)Y os conflitos interclasses (a luta
de classes)= nainterpessoais=
deter,inantes intersu.Petios
repressão sexual (a ca,ponesa epodeintersexuais são
considerar u,
,artírio a relação sexual= ,as seu ,arido a exi'e porue possui outros
si'nificados para ele= alé, do praerY a oper-ria e a estudante pode,
considerar a ir'indade u, ta.u a ser ue.rado= poré, .oa parte dos
futuros parceiros OdefinitiosO dela precisa, por outros ,otiosY a
.ur'uesa pode faer 9o'a e seu ,arido faer Cooper e t"nis= na ca,a= a
conersa é outra se houer conersa= .e, entendidoY o ,enino de
fa,ília en'raida e prostitui a Poe, e,pre'adaY os executios fae, o
,es,o co, as secret-riasY e h- o OAnPo AulO entre as ,ulheres)3
&e ,odo 'eral= os estudos so.re a sexualidade no %rasil= uando feitos
por ,oi,entos sociais= apresenta, duas características principais: a
crítica (do ,achis,o= do racis,o= das discri,inaçQes sexuais) e a
reiindicação de direitos3 $ssa reiindicação é de 'rande i,portMncia não
sI por indicar noa atitude face a diferentes for,as de do,inação= ,as
ta,.é, porue= nu, país co,o o %rasil= lutar por direitos é colocar no
espaço p/.lico auilo ue tende a per,anecer aceito co,o iol"ncia
natural ou i,perceptíel pelo confina,ento ao espaço priado3
E crua,ento de ersQes diersas da reli'ião cristã co, a ,odalidade
,uito peculiar de nossa fa,ília (auela cuPas ori'ens re,onta, N
escraidão e N estrutura do,éstica da Casa !rande e da Senala afinal=
o ue são Odepend"ncias de e,pre'adaO e Oeleador de seriçoO= nas
,odernas resid"ncias ur.anas e nos edifícios de aparta,entos) e co, as
peculiaridades do $stado .rasileiro produ u,a sociedade
00
extre,a,ente autorit-ria e= so. u, deter,inado aspecto= .astante
curiosa3
E $stado= no %rasil= é uase onipresente: ocupa não apenas as decisQes
p/.licas= ,as= atraés da política social= ta,.é, controla o espaço
priado3 +o entanto= esse $stado não é exata,ente u, poder p/.lico3 +ão
porue= co,o e, toda sociedade diidida e, classes= u,a delas se
apossa do poder e dele fa uso priado para do,ínio so.re o social3 as
porue= e, nosso país= 'rupos ue ocupa, o poder lida, co, ele co,o o
anti'o despot"s 're'o lidaa co, seu Ii<os propriedade priada so.re a
ual te, poder de ida e ,orte3 Assi,= o 'i'antis,o e a onipresença do
$stado e, nossa sociedade fa co, ue= no %rasil= não exista de ,odo
definido e claro a coisa p/.lica (do lati,: res pu.lica= rep/.lica)3 +ão sI os
detentores do poder do $stado e os funcion-rios da .urocracia a'e, co,o
o despot"s= ,as ta,.é,= no espaço priado= o despot"s é inestido de
autoridade= co,o se fosse u, t9rannIs= diri'ente p/.lico3
$sse autoritaris,o 'eneraliado= no ual os chefes de $stado se
asse,elha, a paires fa,iliae e os pais de fa,ília se asse,elha, a chefes
de $stado= atraessa todas as instituiçQes3
Assi,= por exe,plo= nos partidos políticos= a relação entre representantes
e representados= e, lu'ar de ser a da representação (al'ué, é
,andat-rio de ontades= interesses e direitos de outros ue para isso o
escolhera,)= é de tutela e de clientelis,o3 Tutela: o OrepresentanteO
decide pelo e para o OrepresentadoO o ue ,elhor lhe coné,3
Clientelis,o: o OrepresentadoO espera e rece.e do OrepresentanteO
faores e seriços pessoais3
+ão é curioso=
atende, por isto
o p/.lico= exe,plo=
é= co,oo se
,odo co,o os funcion-rios
lhe estiesse, p/.licos
prestando faor e
faendo concessão= co,o se o seriço prestado não fosse p/.lico= ,as
dependente da .oa ontade e do interesse pessoal de ue, o presta +ão
é curiosa a exist"ncia de u,a fi'ura existente apenas no %rasil o
despachante Jsto é= auele ue conhece as ,anhas e .ar'anhas= as
trocas de faores e propinas por ,eio das uais cada indiíduo= não co,o
cidadão= ,as na ualidade de -to,o social= se articula co, a intrincada
rede da autoridade .urocr-tica +ão é curiosa a ,aneira co,o as pessoas
,otoriadas se co,porta, no
00>
trMnsito: não respeita, se,-foros= faixas de pedestres= locais de
estaciona,ento= faendo da rua não u, local coletio= ,as u, ,ero
prolon'a,ento de seus uintais e Pardins
$sse autoritaris,o 'eneraliado te, a peculiaridade de faer co, ue
toda relação entre diferentes sePa conertida nu,a assi,etria e essa
assi,etria= nu,a relação de hieraruia (Osa.e co, ue, est- falandoO)3
A repressão sexual= alé, dos traços ue possui e, sua for,a 'eral nas
sociedades conte,porMneas= aui fica acrescida desse noo traço= cuPas
conseG"ncias= entre outras= é o duplo nI per,anente3
A ,escla confusa entre p/.lico e priado é a ,arca funda,ental do
,achis,o3 Ao ,es,o te,po anti'o ideal das sociedades 'uerreiras ou
a'onísticas= aristocr-ticas= fundadas no san'ue= na alentia e honra= o
,achis,o encontra ca,po fértil nu,a sociedade capitalista co,o a
.rasileira na ual= Pusta,ente= as relaçQes de ,ercado= as for,as
contratuais
anti'as e i,pessoais=
tradiçQes o alor
'uerreiras do tra.alho=
de alé,#,ar e dassecapitanias
realia, no interior de
heredit-rias
nos cordéis nordestinos= a presença dos &oe @ares de França (ersão
.rasileira= posterior N portu'uesa= da Chanson de Roland= ,edieal) é u,a
constante e o ideal épico#,acho aparece co, clarea e, !rande Sertão:
*eredas= de !ui,arães Rosa: pacto do ho,e, e do dia.o= pacto de honra
e san'ue entre Rio.aldo e &iadori,= a,or ho,ossexual desesperado
entre ,achos presos no ue a escritora alnice !alão desi'nou co,o as
for,as do falso3
+os cha,ados cri,es passionais= ou co,o os desi'nou a antropIlo'a
aria Corr"a= Es Cri,es da @aixão= os ,aridos ue assassina, esposa e
a,ante= ainda ue cri,inosos= perante a lei= não são por ela tratados
co,o tais porue na esfera do,éstica a ontade do ,arido (co,o=
outrora= a do rei) te, força de lei3 Assi, co,o é considerado nor,al ue
Pa'unços e capan'as ,ate, ho,ens= ,ulheres e crianças se isto
desePare, e ordenare, os senhores de terras= assi, ta,.é, o ,arido=
Oferido e, sua honraO= te, o direito de ,atar a ad/ltera e seu a,ante3 A
a.solição é uase certa e é indu.it-el uando o fla'rante foi o.tido no
interior da casa= no leito conPu'al3 Co,o 'randes exceçQes= tri.unais
ta,.é, pode, a.soler esposas assassinas de ,aridos ad/lteros= ,as a
re'ra não é esta= isto ue a Oli.erdade sexualO dos ho,ens ta,.é, te,
força de lei3 Cha,a#se: direito costu,eiro= tão
002
poderoso uanto o direito positio= isto é= codificado e, leis escritas3
D, liro diertido e sinto,-tico= E Analista de %a'é= de Fernando
*eríssi,o=
'auchesca3 ataca co,a Odifa,açãoO
Cruando hu,or o ,achis,o
dos ,achosna de
sua@elotas
for,a (tidos
'a/cha ou
co,o
ho,ossexuais no i,a'in-rio sulino) co, a ,atchea indiscutíel dos
caaleiros de %a'é= *eríssi,o realia u,a síntese perfeita: o psicanalista
(nor,aliador= Olaador de cére.roO= na 'íria norte#a,ericana) é ,acho
(portanto= falocrata= edipiano e alente) e= nessa ualidade= seu Otra.alho
analíticoO= o ,édico e, .o,.achas e to,ando chi,arrão= se efetua co,o
reposição do ,achis,o= ne, ue sePa usando a .oleadeira3 $, seu
consultIrio= ao lado da foto de Freud= estão o relho= a .oleadeira e o facão
(Ote castro P-= seu castradoO)3 E fato de poder,os rir da ,atchea é=
tale= u,a das for,as ,ais sutis de crítica: nada é ,ais des,oraliante
do ue a 'ar'alhada= afinal3
difícil OexplicarO o ,achis,o (.oa parte deste liro foi dedicada a
co,preender a e,er'"ncia de idéias e instituiçQes ue o constituíra,=
Punta,ente co, seu aesso necess-rio= o Ofe,ininoO= no sentido do
Oeterno fe,ininoO e do Oco, ,ulher ,inha= nãoO)3
+o caso do %rasil= arriscaría,os as se'uintes hipIteses para co,preend"#
lo e ao seu aesso co,ple,entar: e, pri,eiro lu'ar= a repetição= no
interior da casa= do ue se passa na sociedade e na política co,o u,
todo= isto é= a priatiação e pessoaliação das for,as de autoridadeY e,
se'undo lu'ar= ta,.é, a reiteração do ,ecanis,o sIcio#político de
transfor,ação da assi,etria (no caso ho,e,#,ulher= pais#filhos= ir,ão#
ir,ã) e, hieraruia= a diferença sendo si,.oliada pelo ,ando e pela
o.edi"nciaY e, terceiro lu'ar= a co,pensação pela falta de poder real no
plano sIcio#político= o ,achis,o funcionando co,o racionaliação= assi,
co,o a fe,inilidade
,ulherO= (Oatr-s
indicando ue h- u,depoder
todo ou
'rande ho,e,=
autoridade h- se,pre
fe,ininos u,a
ue se
exerce, so. a condição de sere, dissi,ulados e ocultados pela
o.edi"ncia e pelo recato3 Afinal= se a ontade do rei te, força de lei= as
,ulheres são cha,adas de Orainhas do larO filhas= noras e e,pre'adas
ue o di'a,= não é ,es,o)Y e, uarto lu'ar= porue= u,a e
interioriado= sur'e na for,a da expectatia e da atitude desePada por
007
ho,ens e ,ulheres3 D, peueno exe,plo dessa interioriação: a
condenação e ridiculariação de ,ulheres cuPos parceiros sePa, ,ais
noos (Onão te, er'onha= nãoO) e o elo'io dos ho,ens cuPas parceiras
sePa, ,ais noas (Oaí= ,achãobO)3 Ta,.é, é exe,plo da ,anutenção da
expectatia a diisão dos ho,ossexuais e, atios e passios=
reproduindo não sI a diisão heterossexual= ,as= se nos le,.rar,os dos
ideais 'uerreiros ou a'onísticos da elha Ro,a= ta,.é, esti',atiando
os OpassiosO3 A rua ir'inal e falocr-tica= de ue falaa Ber.ert &aniel3
Co,o se não .astasse= essa rede autorit-ria de relaçQes e, dese,.ocar
no racis,o: a cor ue não pe'a= o Opreto de al,a .rancaO= a frase=
'raada nas paredes de ,uitas escolas de polícia: Ocrioulo parado é
suspeito= correndo é culpadoO3 achis,o e racis,o se entrecrua, nu,a
for,a ,uito peculiar: o elo'io da sensualidade e do rit,o dos ne'ros=
particular,ente das ,ulatas3 +u,a sociedade ue separou espírito e
corpo= fe do pri,eiro al'o superior ao se'undo= aloria a raão contra a
paixão= a inteli'"ncia contra a sensi.ilidade= o elo'io da sensualidade
rít,ica dos ne'ros e das ,ulatas é a for,a aca.ada e perfeita do duplo
nI:
Se aelo'ia#se auilo
repressão ,es,o
sexual ue a,ais
é apenas sociedade
u,a= inferioria e condena3
dentre in/,eras outras ue
constitue, a sociedade conte,porMnea= e a .rasileira e, particularY se=
entre nIs= é aspecto priile'iado da confusão entre o p/.lico e o priado=
de sorte ue sua crítica sI pode realiar#se atraés da reiindicação de
direitos ue faça, p/.lica a iol"ncia priada= tale che'-sse,os N
,elancIlica conclusão de ue se, u,a transfor,ação 'lo.al da
sociedade (u,a reolução)= nada poderia ser feito no tocante N repressão
sexual3 elancolia reforçada uando aalia,os os resultados da
psican-lise e da sexolo'ia3
+o entanto= se pensar,os ue= no caso específico do %rasil= a uestão da
sexualidade= insepar-el da estrutura fa,iliar existente= ao ser tocada
ta,.é, toca na instituição fa,iliar= ue= diferente,ente de outros países=
não é apenas u, instru,ento (outrora necess-rio= hoPe dispens-el) do
,ercado e da política= ,as e o ,odelo da prIpria for,a assu,ida pelo
poder e pelo $stado (não é su'estio ue o ,ais céle.re dos presidentes
do %rasil tenha sido cha,ado de O@ai dos @o.resO e ue os donos do poder
sePa, cha,ados de
006
O@ais da @-triaO)= então= a crítica da repressão sexual poderia ter u,
alcance insuspeitado3 Aparente,ente pontual e localiada= a crítica da
repressão sexual atin'e as estruturas da sociedade .rasileira no seu todo3
OCo,o= de repente= não i ,ais &iadori,b333 &iadori, tinha ,orrido ,il#
ees#,ente para se,pre de ,i,333 $ su.ira, as escadas co, ele= e,
ci,a da ,esa foi posto3 &iadori,= &iadori,333 Es ca.elos co, ,arcas de
dur-eis333
$la era3
Tal assi, ue se desencantaa= nu, encanto terríel3 &iadori,b &iadori,
era ,ulher333 Ca.elos ue cortou co, a tesoura de prata333
$u ne, sa.ia por ue no,e cha,arY eu excla,ei ,e doendo
eu a,orb333
Aui a estIria aca.ou3
Aui= a estIria aca.ada3
Aui se aca.a a estIria3O
!ui,arães Rosa !rande Sertão: *eredas3
$ra u,a e= nu, reino distante333 $ então= fora,333
+ão=
não fora, felies para se,pre3
A li.eração sexual é utopia3
A palara utopia é de a,.í'ua ori'e,3
Al'uns pensa, ue e, do 're'o: eutopos= lu'ar feli3
Eutros Pul'a, ue e, do 're'o: utopos= lu'ar nenhu,3
$= por isso ,es,o= seria u,a aporia3 &o 're'o: dificuldade insol/el
aus"ncia de ca,inho por falta de referenciais para traç-#lo3 E ,ar é
-poros= se, ca,inho3 peiron se di do ili,itado= do irreferenci-el3
Cha,a#se: infinito3
Dtopia: lu'ar feli= lu'ar nenhu,= lu'ar da felicidade i,possíel3
+enhures= diria a escritora Le9la @errone oisés3
Tale a utopia não sePa i,possíel= consolação ue nos confor,a para a
aceitação resi'nada do presente3 A utopia é a afir,ação de ue u,a outra
sociedade=
possíeis3 A u,a
utopiaoutra
nasceida hu,ana= e
do senti,ento a da
li.erdade e a felicidade são
idéia do possíel3
01?
as= diferença i,portante= o possíel não é o pro-el3
Tale porue a li.eração sexual tenha to,ado o /nico ru,o ue a
sociedade ad,inistrada lhe per,itia to,ar o do c-lculo= da
re,anipulação e do pro-el to,ou u,a direção ue excluía a idéia do
possíel3 C-lculo= ,anipulação e pro-el são idéias 'oernadas teIrica e
pratica,ente pela cate'oria do controle#control-el3 as o possíel é o
ue Pa,ais foi feito e= no entanto= poderia ser feito é possi.ilidade e não
pro.a.ilidade3 o ue não possui a ,enor 'arantia préia de ue
acontecer- é aporia N procura de ca,inho= se, sa.er de ante,ão se
h- ca,inho e= se houer= se ser- possíel encontr-#lo e= se encontrado= se
poder- ser percorrido e= se percorrido= onde nos lear-3 $ssa falta
a.soluta de 'arantia é a utopia3 Sua ,arca é o possíel e não o
i,possíel3
+os anos >?= ,undo a fora= Poens desePara, o i,possíel3 +os ,uros das
cidades= u,a inscrição aparecia: OSePa,os realistas= peça,os o
i,possíelO3 @ela pri,eira e= luta política e reiindicação de li.erdade
sexual ca,inhaa, Puntas3 +a $uropa= lutaa#se contra o poder e, todas
as for,asY na A,érica Latina= contra as tiraniasY nos $stados Dnidos=
contra o prosse'ui,ento da 'uerra do *ietnã3 $, cada lu'ar= lutas
diferentes e= no entanto= e, todas elas estaa presente a idéia da
li.erdade sexual Ofaça a,or= não faça a 'uerraO si'nificaa= e, cada
lu'ar= al'o diferente= pois diferentes era, as 'uerras e ne, se,pre seria
possíel nãod-
Oir'indade fa"#las3
cMncerOAtentatia do i,possíel
e pela esperança Oafaia#se pela no
i,a'inação ironia
poderO3
$, toda parte= a inscrição: Oé proi.ido proi.irO3 Luta contra todas as
for,as da repressão3
uitos ,orrera,3 uitos so.reiera,3 A ,aioria ad,itiu ue Oo sonho
aca.ouO3 Al'uns= poré,= continua, pedindo Opassa'e, para o prIxi,o
sonhoO3
Tale porue tiesse, lutado pelo i,possíel e desePado ,orrer por ele=
não tenha, che'ado onde ueria,: as forças da realidade= da orde,= do
pro-el e do necess-rio (de tudo uanto= neste liro= i,os estar a
seriço da repressão) .arrara, o ca,inho= cortara, a passa'e,3 A aporia
irada nada3
Wue, sa.e= se os ue hoPe desePa, o possíel e não uere, ue sePa
u,a causa pela ual se dea ,orrer= ,as
014
pela ual ale a pena ier= possa, reencontrar o ca,inho= rea.rir a
passa'e,3 Se não pudere, percorr"#lo ou che'ar ao seu fi,= pelo ,enos
terão indicado por onde atraessar a aporia: desePando ier= terão
desatado o nI ue= e, nossa cultura= ataa para se,pre sexo e ,orte3
011
"iblio%rafia
+o decorrer deste liro fora, ,encionados ,uitos autores (filIsofos=
antropIlo'os= psicanalistas= psiuiatras= historiadores= críticos de arte=
poetas= ro,ancistas= pintores=
fora, explicita,ente etc)3 $ntre
citados= conta,os porautores
olta dee 0?
o.ras cuPosetítulos
no,es títulos3
$, outros ,o,entos= usa,os u,a expressão 'enérica (Oos estudiososO=
O,uitos historiadoresO= O-rios críticosO) e so. ela h- ,uitas o.ras e
,uitos autores3 Assi,= por exe,plo= uando fie,os refer"ncia aos
helenistas= estudiosos do dipoRei= pens-a,os e, ;ean#@ierre *ernant=
*idal +acuet= oses Finle9= erner ;ae'er= innin'ton#Jn'ra,= ;el.=
Stanford= a,er.ee<= etc3 Concluí,os ue a apresentação total da
.i.lio'rafia seria desproporcional para a finalidade deste liro ue=
,al'rado sua extensão= é u, liro dos @ri,eiros @assos3 @or esse ,otio=
oferece,os aui apenas al'uns títulos ue possa, interessar ao leitor ue
desePe prosse'uir no estudo do assunto3
J ColetMneas
Reista Co,,unications= n 1= 4670= ed3 Seuil= @aris (n/,ero dedicado a
Séxualités Eccidentales)3
*oca.ul-rio da @sican-lise= de ;3 Laplanche e ;3 %3 @ontalis= 462?= oraes
$ditores= Lis.oa3
*i"ncia histIria= sexualidade e i,a'ens fe,ininas= 467?= $d3
%rasiliense= São @aulo3
Fe,inis, and @hilosoph9= 4622= Littlefield= Ada,s= and Co3= +oa ;erse93
018
&anação da +or,a edicina Social e Constituição da @siuiatria no
%rasil= 4627= ed3 !raal= Rio de ;aneiro3
JJ E.ras indiiduais
%ataille= !eor'es Lmérotis,e= 46>= ed3 4?_47= @aris3
%ettelhei,=
editora @a e%runo
Terra=Rio
A de
@sican-lise
;aneiro3 dos Contos de Fadas3 05 edição= 4626=
Castels= Ro.ert Le @s9chanalis,e= 4674= ed3 Fla,,arion= @aris3
!uattari= Felix Reolução olecular pulsaçQes políticas do desePo=
4674= ed3 %rasiliense= São @aulo3
Freud= Si',und La Jnterpretation de los Sueos (nas E.ras Co,pletas
e, tradução castelhana reista por Freud= e,.ora o leitor ue não leia
ale,ão possa ta,.é, consultar a Standard $dition= in'lesa)= in E.ras
Co,pletas= 46>2= $ditorial %i.lioteca +uea= adri= 4343
Dna Teoria Sexual= ,es,a refer"ncia editorial= 4343
etapsicolo'ia= ,es,a refer"ncia editorial= 4343
Tote,9 Ta.u= ,es,a refer"ncia editorial= t3 JJ3
JntroducciIn al @sicoanalisis= ,es,a refer"ncia editorial= t3 JJ3
Foucault= ichel icrofísica do @oder= 4626= ed3 !raal= Rio de ;aneiro3
BistIria da Sexualidade J= 4622= ed3 !raal= Rio de ;aneiro3
lein= elanie Textos $scolhidos (introdução e notas por A,aonas
Ales Li,a e F-.io Ber,ann)= 4670= editora tica= São @aulo3
arcuse= Ber.ert $ros e Ciiliação= 46>2= ^ahar $ditores= Rio de
;aneiro3
ead= ar'aret Sexo e Te,pera,ento= 4626= editora @erspectia= São
@aulo3
ean= Renato Freud: a Tra,a dos Conceitos= 4670= editora
@erspectia= São @aulo3
illan= %ett9 E ue é A,or= col3 @ri,eiros @assos= 4671= ed3 %rasiliense=
São @aulo3
uraro=
Social noRoseare Sexualidade
%rasil= 4671= da @etrIpolis3
editora *oes= ulher %rasileira Corpo e Classe
Reich= ilhel, A Reolução Sexual3 75 edição= 4671= ^ahar $ditores= Rio
de ;aneiro3
Dssel= ;os *an Repressão Sexual= 467?= ed3 Ca,pus= Rio de ;aneiro3
01
"io%rafia
arilena de Soua Chauí é filha de Laura de Soua (professora) e de
+icolau Chauí (Pornalista)= so.rinha de Ja.el de Soua attos (artista)3
,ãe de ;osé !uilher,e e de Luciana3 +asceu e, São @aulo e, sete,.ro
de 46843 *ieu e, @indora,a= onde fe o 'rupo escolar= e e, Catandua=
onde fe o 'in-sio no colé'io das ir,ãs de +3 S3 do Cal-rio3 Aos 4 anos=
retornou a São @aulo onde cursou o cl-ssico no Colé'io @residente
Rooseelt da rua São ;oaui,3 Fe a 'raduação e a pIs#'raduação e,
filosofia na Faculdade de Filosofia da rua aria AntVnia3 $, 46>2=
defendeu u,a tese de ,estrado so.re erleau#@ont9= so. a orientação do
professor %ento @rado ;/nior3 Co,o .olsista= passou dois anos na França
pesuisando so. a orientação do professor *ictor !oldsch,idt3 $, 46>6=
renunciando N prorro'ação de sua .olsa de estudos na França= re'ressou
ao &eparta,ento de Filosofia da DS@= onde= e, 462?= defendeu u,a tese
de doutora,ento so.re $spinosa= filIsofo ue seria ta,.é, tratado por
ela nu,a tese de lire#doc"ncia= defendida e, 46223 Fe a,i'os= perdeu
al'uns= conserou outros e dee ,uito a todos eles3 @or força da dupla
Pornada de
atenção uetra.alho (dona#de#casa
,erecia,= ne, cuidoue da
professora)
casa co,onão deueaos
deia filhos
uase toda a
se,pre
suas aulas= arti'os e confer"ncias ficara, a deer Ns suas prIprias
esperanças3 %e, ou ,al= pu.licou os liros: E ue é Jdeolo'ia e &a
Realidade se, istérios ao istério do undo $spinosa= *oltaire=
erleau#@ont9Y e Se,in-rios= pela $ditora %rasiliense= Cultura e
&e,ocracia E discurso co,petente e outras falas= pela $ditora oderna3
01>
$SCRJTES &E @RA^$R
SRJ$ $RTJCA
@ARA S$R CALD+JA&E # @oe,as erIticos @aul *erlaine3 Trad3: Beloísa ;ahn
Forte de,ais para ser pu.licada nu,a época ainda ,er'ulhada no
Ro,antis,o= a poesia erItica de *erlaine é u, dos se'redos ,ais .e,
'uardados da literatura do século XJX3
$SCRJTES @ER+E!R\FJCES
%orls *ian Trad3: Beloísa ;ahn
/sico= co,positor= teatrIlo'o= roteirista= a,i'o de Sartre= *ian che'ou a
ser proi.ido na França= so. a acusação de atentado ao pudor3 +o entanto=
para ele= a perersidade não estaa na porno'rafia= ,as na ca.eça da
cada leitor333
012
@ADL *$+$:
&$ !R$!ES A REA+ES
$L$!JA $RTJCA REA+A
E a,or= a poesia e o Ecidente
ais ue
realia u,u,a leitura
ensaio des,istificadora
so.re desse
a si'nificação do '"nero
a,or liter-rio=
e da poesia no@aul *e9ne $
Ecidente3
reela ue= na Anti'Gidade= o a,or não tinha o ,es,o si'nificado de hoPe:
te,ia#se a paixão co,o se te,e, as doenças333
ACR$&JTA*A ES !R$!ES $ S$DS JTES $nsaio so.re a i,a'inação
constituinte
Co,o é possíel acreditar pela ,etade ou acreditar e, coisas
contraditIrias @artindo da relação dos 're'os co, seus ,itos= @aul *e9ne
propQe ue= e, e de crença= dee,os falar e, erdade3 $ a erdade
não é ,ais real ue o ,ito: os ho,ens a inenta,= co,o inenta, a
histIria333
E J+*$+T\RJE &AS &JF$R$+AS BistIria e sociolo'ia
Wual o erdadeiro papel da histIria To,ando e,prestado conceitos
pertinentes Ns ci"ncias hu,anas= a erdadeira histIria é sociolI'ica= não
se li,itando si,ples,ente a narrar3
FR$D&=
@$+SA&ER &A CDLTDRA
Renato ean
D, aconteci,ento ,arcante no panora,a cultural .rasileiro e= no M,.ito
da @sican-lise= u, erdadeiro terre,oto3(333) A ori'inalidade e
inentiidade de u, estudioso ue parte de seus prIprios sonhos para
che'ar a u,a an-lise cintilante da teoria freudiana3
-rio Sér'io Conti *ePa
D, liro a,i'o= a'rad-el e ele'ante= ue se deer- tornar co, certea
u,a espéciee de
psicanalistas não co,panheiro de leitura
psicanalistas3 +ão decerto da
u, o.ra de ,as
,anualY Freud= para
uase u,
ro,ance de ,istério= so.re o ,istério da criação da @sican-lise3
F-.io Berr,ann3 Folheti,
@ercorrendo os ca,inhos da constituição da @sican-lise= ean= co,
sIlido e,.asa,ento teIrico= fa u,a leitura da o.ra de Freud ue lea
e, conta a i,portMncia do inconsciente do ho,e, Freud3
$thel Alaren'a Pornal do %rasil
CAJ+BES &E &$S$;E $ &E @E&$R
S$XDALJ&A&$S ECJ&$+TAJS
Contri.uição para a histIria
para a sociolo'ia da sexualidade3
@hilippe Aries e André TePin (or's3)
Wuais as ori'ens do casa,ento E a,or é diferente no casa,ento e fora
dele Wue espaço ocupa o auto#erotis,o nas doutrinas e costu,es Wual
a hportMncia atual da o,ossexualidade $stes são al'uns dos pol",icos
arti'os dessa coletMnea= assinados por i,portantes intelectuais franceses=
co,o ichel Foucault= @aul *e9ne= Bu.ert Font e outros3
R$CER&AR FEDCADLT
Renato ;anine Ri.eiro (or'3)
D,a ho,ena'e, N o.ra e aos te,as de ichel Foucault= pedra an'ular
da filosofia conte,porMnea3 Eri'inais a.orda'ens das o.ras de +ietsche=
achado de Assis e %audelaire= e insti'antes isQes so.re sexualidade=
política e loucura3 Falas inuietantes de 'randes talentos do nosso
pensa,ento3