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Tipos CAPITULO I TIPOS §10 Principio da Tipicidade 1. Nosio, Sentido e Fundamento 1 Em matdria de sociedades come:ciais, vigora 0 chamado principio da tipicidade ou, se se preterit, da tipologia taxativa (*numerus clausus"). Vale isto por dizer que sé se podem constimir sociedades comerciais ‘segundo um dos tipos taxativamente previstos na lei: nao se podem adotar tipos atipicos (a8o previstos) ou tipos mistos (resultantes da combinaso ‘entre aqueles)." IL © principio da tipicidade vem assim restringir, para o terreno espectfico das sociedades, 0 principio da autonomia privada que vigora para os contratos em geral (art. 405° do CCivil) — isto num duplo sentido. Por um lado, no momento da escolha do tipo™": as partes sao apenas livres de optar por um dos tipos constantes do elenco legal do art. 1°, n° 2 ‘iiiogralaPortoguss: ANTUNES, J. Bngskia, Din dar Soiedades Comercial -Pepectias do sey Enno, 46 vp, Almeinn, Cena, 2000: Maa, Ped, Thos de Soden Comarca ‘AAV, "Estudos de Dio das Sociedade, 739,10 io, Analin, Cob, 2010, Biblagr aia Farangeinar on Alma, Kataze, scsiy Grunagin since Tpnere i Celaya, Univer, abou, 197, em Espa, Cason, 1 Fernie, La dca on Derecho de Sovedndes, Pic, Zager, 197, ea ali Sean, Paco La Tpcud ale Soce, Coty, Paya, 974, m Sula, OFT, Walt, Die Problema ener Tpoogie tm Geselsshafurech, dang ant Beipedes schweceracon tunes, Sep, Bers, 197 Sobre wag tsi do pnipo a peda en Portugal vide ANTOWE, J Engr, Dito (ke Sosedades Camercias~Parpetvt do su Emin 48 e segs, Alnedina, Cb, 200. 5 Sobre varedde de ftrs gue pos afr aa eso do tio fecal (spans icae patio, seus orpiniztria, etn de apie iatlamen, reine cl cits operstivar,feniads BBL Direlto das Socledades do CSC (sociedade anénima, por quotas, em nome coletivo © em ‘comandita), nfo dispondo por vezes de liberdade de eleigo mesmo dentro do quadzo rstrito desse Snumerus class” (assim sucede, como verem0s, com numerosas sociedades comercais especiis, cujo diploma legal regulador impBe a adosio obrigst6ria de um determinado tipo legal “maxime”, sociedade anénima™). Por outro lado, no que conceme & conformagdo do regime juridico do tipo: os tipos constituem modelos societirios caracterizados por um nicleo minimo de caractersticas intangiveis e imperativas, que assim belizam e limilam a tiberdade de conformagio e de modelagio das partes no que conceme & constituiglo, corganizagdo,funeiontmento,financiamento € dssolupso do ente social TIL 0 fundamento geral dest principio da tipicidade ou do “numeras ‘tousus” societério reside na seguranca do tréfico juridico: & importante proteger os s6cios, os credores sociis ¢ 05 tereeiros em geral que entra ‘em contacto com uma empresa organizada societariamente, permitindo- “thes reconhecer facilmente e confiar tranquilamente nas linhas mestras da identidade e do regime juridico do respetivo modelo organizativo (através dos clemenios intangiveis do tipo), nfo sendo surpreendides por cespecialidades estatutérias que nto conkeciam nem podiam ou deviam conhever.™ ‘rma a Ta, rs Pilg, ov Monge on Dr des Sola, Jy, Pat, 1956 KADIR, pe Wl dr Umer, Al, Sens, ot Bei 202 Fe mime cee eens te notes eee scars» rae metres se verseinproftanant: of: KOA, Pa de apogee Tyler im Gevelicaaoech, 97 284 Univertiveig, PRO, 12 Tipos 2. Limi s Tipos Societarios como Tipes Abertus L Apesar de a tipicidade societéria ser de natureza taxativa (Coumerus clausus") © no meramente excmplificativa (*numerus ‘apertus”), importa salientar que 08 tipos legais de sociedades comerciais ‘ndo correspondem, em si mesmos, a tipos fechados®, Com isto quer-se sublinhar que 0s tipos societérios previstos no CSC, antes que ser ‘constituides por um feixe exaustivo de caracteristicas imutiveis de verificago integral © obrigatéria, sto tipas abertos no sentido em que correspondem a modelos juridicos de organizacdo societéria compostos por lum conjuato de tragos ou notas caracterizadoras dos quais apenas alguns sto imprescindiveis para a identidade do proprio tipo (“essentialia”), a par de outras caracteristicas cuja presenga ou auséncia nas sociedades em ‘conereto nto afeta a sua correspondéncia a esse tipo (“naturalia”). Este cardter aberto dos tipos secietérios possui, entre varias outras, uas implicagdes principals TL, Por um lado, © problema da determinaglo do aleance da ‘autonomia privada dos sécios na conformagio dos tipos sociais. No quadro de tipos abertos, as limitagses impostas a liberdade dos sécios apenas respeitam aquele setor de caractersticas tipicas essenciais, ‘Que se encontram tuteladas por normas imperativas ou cogentes e que sd0 inderrogiveis mesmo por vontade uninime daqueles (por exemplo, a responsabilidade extema dos sécios, a estrutura basica de administrago e fiscalizagdo, 0 capital ¢ a participacio social); jé relativamente aquelas outras caracteristicas tipicas ndo essenciais (regidas por normas supletivas) ‘ou, genericamente, as caracteristicas ndo ipicas (no reguladas por Ici, imperativa ou dispositiva), 08 modelos societérios nfo so rigidos, Permitindo a sua adaptapio aos casos concretos no exercicio da autonomia privada dos sécios. 2 Sob a ditingto ee tps fecudos eae, vile VASCONCELOS, P Pat, Cones Aiplos, $7¢ sep, rip, Almedin, Ciba, 2008, 133 Direito des Sociedades Importa aqui frisar que, por via de regra, tal autonomia de vontade se deve manifestar através de cléusulas introduzidas nos estatutos sociais (art 92, n& 3 do CSC): tais cléusulas atipicas apenas sero validas caso respeitem os prineipios configuradores ¢ as normas imperativas do tipo social escolhido, sob pena da invalidade parcial (nulidade da cldusule cstatutiria atipiea, com # consequente € automética aplicagio da norma imperativa violada) ou mesmo da invalidade total do pacto social (caso no seja possivel a redugo negocial nos termos do art, 292.° do CCivil)™. Claro esté, saber se se estd perante um “essentialia® ou um “naturalia” em ‘matéria de tipicidade societéria, bem como destringar entre normas socie- tris imperativas e supletivas, & questo que apenas poders ser respondida caso a caso, consoante © tipo societdrio em causa” , dentro deste, cconsoante a norma conereta em aprego.”* IH, Por outro lado, aproveitando a clasticidede que & propria dos tipos abertos, a propria dindmica da realidade empresarial se encarrcgou de densificar a tipicidade socieséiria” Essa complexificagto assume varias formas, desde 0 descnvolvi- ‘mento de modelos societérios resultantes da jungio ou articulagio entre dois tipos socisis (“tipos articulados”) — cujo exemplo mais flagrante & 0 da sociedade em comandita cujo sécio comanditado ¢ uma sociedade > pias dis eldnuan emai iin to a uals intepraes poctarparasovici que fase lp model ie sore dao gue poset tna eSchn esertei Obagaconal ene Socks eutpanies seo inoponiels A tciaoe ¢ aos dauals Ses, » sun evel vais (Moment, por Volsl> de nomas sokeirs impersivs)nlo fee vaio de sci, 1s {gand> mato, do prs seta prsiocal (at 17" go CSC) Pas ua exes eanigica de pc Ge clinalas esas, Ye, por expo, MoReti0, Aurelio, Le Sere Aiche, 8 seg, Gu, ‘Mn, 188, Jr panama hart jreprdencial, wide 9 Acedo do STI ds 5-11-1992 (TaT0 MARINO. au eps de cones qe © pagoda iplededeobrigs& doe dos Soe sve de aamaisngto © {promo tna rein pre tp lol est, repua vides lama do er ‘ac sede por qua oo agar eget (at 282" do CSC), exiplou sexta de un Snocho ce amiactogte peas prevaso per 2 Soleedss analsex Cnmdi por oes (i [SEMI (1990), 656.670. 2 Sore comes digo ete sors inperevasespltas elevate iis tls ineuindo «dh pila de rciso &abalogla an iegraso dhs acnas dle soe vide Xavi, V. Igbo! dnulocte de Delibrago Social DeberocdesComean 134 e ep, Aida, Coimtra 1976, 9 Mraioads, L. Nuva, La Libertad ConracnalyFlebided Tpligea en el Modero Derecio Burges de Soto Ed Comers, Gr, 2009, reed Tas ae ‘ndnima ou por quotas’ ~ até & propria criagdo de subespécies de determinados tipos sociais (“subtipas”) ~ € 0 caso, no terreno das sociedades anénimas, das chamadas sociedades abertas (art. 13° do VM)" ¢, no terreno das sociedades em comandita, das comanditdrias simples ¢ por agdes (art. 1.°, n® 2 do CSC)” -, sendo mais controvertido, ‘odavia, se serd possivel falar da emergéncia de modelos de organizagio societéria sem paralelo nos tipos existentes (“tipos novos”) — como sucederia, por exemplo, com a sociedade sndnime europeia (Regulemento 2° CEV2157/2001 ¢ Diretiva n° 2001/86/CE, ambos de 8 de outubro)”, ‘com as sociedades unipessoais por quotas (arts. 270.°-A e segs. do CSC), © com as sociedades coligadas, enquanto modelo organizativo societério de ‘segundo grau (arts. 481.° e segs. do CSC)? 2 a gu wv comme oa Alena (cots emeonen Xa}eqo wo pate oni en a eS pl reas emrisum ren xpi saps doschscpucnce deson ec ae isn eer ter wn ropa nee sola eden Fee ee ‘eros tau conan vcore at eds fot Soar ane ae (Gn riponnbine me nae nt vt Ls tapes Sate ee ele ne por as oes comnts (apne means ee in span ome Jr patimdato social, deixande assic al Sicn gunn Sob ex au ve ese se es cai [prdowch der Gmbit& Co, KG, 20. Aull, V. Ort Sehunict, Kea, 2009, enn “noes ints Pl, Div des Vara Maser 85

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