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Introdução
As empresas, para gerar vendas, necessitam de ativos fixos, independen-
temente de estarem ou não em um processo de crescimento. Quando uma
empresa encontra-se em fase de expansão, necessita de investimentos adi-
cionais em capital de giro, resultante do aumento em estoques e contas a
receber, e dependendo do grau de utilização de sua estrutura, de novas in-
versões em ativo fixo.
Deficits no fluxo de caixa, por outro lado, indicam que os recursos de finan-
ciamento utilizados para a manutenção da empresa foram obtidos em pata-
mares inadequados, em termos de prazos e taxas, gerando descasamentos
que podem comprometer, num primeiro momento, a liquidez da empresa
e, em se mantendo sem as devidas correções, problemas de solvência que
podem levar uma organização à falência.
Essa diferença conceitual significa que uma venda a prazo realizada hoje,
irá gerar um lançamento nos demonstrativos contábeis na data de emissão
da nota fiscal de venda. No fluxo de caixa, o valor da venda será lançado na
data prevista de pagamento, já levando em consideração o eventual risco de
atraso de pagamento pelo cliente.
quantificar as ações tomadas por todas as áreas e seu impacto nos re-
sultados financeiros e econômicos, evitando a busca pelo cumprimen-
to de interesses setoriais em detrimento das necessidades globais da
empresa;
definir uma política global de gestão da liquidez, com relação a itens que
afetam a performance das várias áreas da empresa, como, por exemplo,
as condições de venda e a política de cobrança e de compras;
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Finanças Corporativas
Quando o fluxo de caixa apresentar deficits de caixa – por que tudo isso?
Por esse motivo, antes de definirmos a forma como o fluxo de caixa será
elaborado se através da utilização de um programa feito em planilha eletrôni-
ca, ou de um programa interligado com as demais áreas da empresa, de forma
que sempre que uma mercadoria for adquirida uma provisão de pagamento
seja efetuada, ou quando houver a recepção física do material a informação
seja automaticamente lançada, é fundamental que a informação tenha a sua
qualidade analisada antes de ser lançada, automaticamente ou não, no fluxo
de caixa da empresa.
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Finanças Corporativas
A projeção pode ser realizada dia a dia, mês a mês, trimestre a trimestre,
ano a ano. Normalmente, as empresas realizam projeções para os próximos
vinte a trinta dias úteis, detalhando todas as entradas e saídas de recursos a
cada dia. A cada dia ocorrido, um novo é projetado no futuro. Após esse pe-
ríodo, as projeções são efetuadas mês a mês, usualmente até o final do ano
em curso e a partir daí, ano a ano, por um período de tempo compatível com
o horizonte de planejamento estratégico utilizado.
Método direto
No método direto, o fluxo de caixa é construído a partir das informações
relativas a todas as saídas e a todas as entradas de caixa projetadas, assim
como os dados já de conhecimento da empresa – como, por exemplo, o
valor do aluguel ou de uma matéria-prima adquirida no passado.
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Fluxo de caixa
Além disso, as variações ocorridas nos saldos das duplicatas a receber e de es-
toques, se não estiverem sendo adequadamente financiadas, aumentarão as ne-
cessidades de capital de giro, resultando em incrementos na utilização de recur-
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Finanças Corporativas
Exemplo:
A Sapatos Rio Belo abriu recentemente sua primeira sapataria, em uma
das ruas mais exclusivas do Rio. Apesar de os negócios estarem apresentan-
do resultados muito bons, os dois sócios desejam realizar uma programação
financeira para os próximos 3 meses, através do fluxo de caixa da empresa.
Além dessas projeções, os sócios da Sapatos Rio Belo definiram como es-
tratégia de gestão do caixa, para o próximo trimestre, a manutenção de um
saldo mínimo de caixa de R$2.000. O saldo final de caixa projetado para o
final do mês em curso é de R$45.000, valor que será mantido em disponibili-
dade imediata, ou seja, não será aplicado no mercado.
Resolução:
1. Mapa Auxiliar:
Mapa auxiliar de projeção
Contas Mês atual Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4
Vendas 3.500.000,00 4.680.000,00 4.160.000,00 4.420.000,00
Recebimentos
Rio 2.800.000,00 3.744.000,00 3.328.000,00 3.536.000,00 0,00
Salvador 0,00 700.000,00 936.000,00 832.000,00 884.000,00
Compras 3.200.000,00 3.200.000,00 3.000.000,00 3.000.000,00
Pagamento de compras 3.200.000,00 3.200.000,00 3.000.000,00 3.000.000,00
2. Fluxo de Caixa:
Contas Mês 1 Mês 2 Mês 3
Saldo inicial 45.000,00 2.000,00 2.000,00
Entradas:
Vendas Rio 3.744.000,00 3.328.000,00 3.536.000,00
Vendas Salvador 700.000,00 936.000,00 832.000,00
Juros aplicação 0,00 3.369,00 3.821,69
Resgate aplicação 0,00 336.900,00 382.169,00
Total de entradas 4.444.000,00 4.604.269,00 4.753.990,69
Saídas
Pró-labore (40.000,00) (40.000,00) (40.000,00)
Aluguel (2.100,00) (2.100,00) (2.100,00)
Luvas (8.000,00) 0,00 0,00
Compras (3.200.000,00) (3.200.000,00) (3.000.000,00)
Outras despesas (900.000,00) (980.000,00) (1.050.000,00)
Total de saídas (4.150.100,00) (4.222.100,00) (4.092.100,00)
Superávit/(deficit) 338.900,00 384.169,00 663.890,69
(aplicação)/captação 336.900,00 382.169,00 661.890,69
SALDO FINAL 2.000,00 2.000,00 2.000,00
Método indireto
Esse demonstrativo é elaborado com base nos mesmos conceitos empre-
gados na elaboração do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR). Na realidade, é um instrumento financeiro que procura ampliar a
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Fluxo de caixa
Ativo Passivo
Aplicações Fontes
Ativo Passivo
Bens
Obrigações
Direitos
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Finanças Corporativas
toda vez que uma conta do passivo aumenta, a empresa está gerando
uma fonte de recursos;
toda vez que uma conta do ativo aumenta, a empresa está gerando
uma aplicação de recursos.
O autor.
Aumento de Aumentos de
ativo = ATIVO PASSIVO passivo =
APLICAÇÃO FONTE
APLICAÇÕES FONTES
Redução de Redução de
ativo = passivo =
FONTE APLICAÇÃO
Fontes do Passivo:
obtenção de um novo financiamento,
aumento de capital,
aumento das compras de fornecedores;
Fontes do Ativo:
venda de uma máquina,
recebimento de uma duplicata,
venda de estoque;
Aplicações do Ativo:
compra de matéria-prima,
compra de uma nova máquina,
aplicação de recursos no mercado financeiro;
Aplicações do Passivo:
pagamento de um financiamento,
pagamento de dividendos,
pagamento de débitos com fornecedores;
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Fluxo de caixa
Recebimento de clientes
+ Vendas Brutas
+ Duplicatas a Receber (saldo inicial)
– Duplicatas a Receber ( saldo final)
= Total recebimento de clientes (A)
Pagamento a fornecedores/despesas
+ Custo dos Produtos Vendidos
– Estoques (saldo inicial)
+ Estoques (saldo final)
+ Fornecedores (saldo inicial)
– Fornecedores (saldo final)
+ Impostos sobre Vendas
+ Despesas Administrativas
+ Despesas de Vendas
+ Salários e Encargos (saldo inicial)
– Salários e Encargos (saldo final)
+ Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial)
– Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final)
+ Outros Passivos Operacionais (saldo inicial)
– Outros Passivos Operacionais (saldo final)
+ Pagamento de Imposto de Renda
= Total pagamento fornecedores e despesas (B)
+ Aumento de Capital
– Compra de Imobilizado
+ Venda de Imobilizado
– Aquisição de Investimentos
+ Venda de Investimentos
+ Aumento no Financiamento de Longo Prazo
+/– Variação do Realizável de Longo Prazo
– Pagamento de Dividendos
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Finanças Corporativas
Importante:
Como o modelo não apresenta o saldo inicial de caixa, o saldo apresen-
tado no item “Fluxo de Caixa Final” representa a movimentação de recursos
ocorrida no período.
Exemplo:
A Indústria de Móveis Colonial produz e comercializa, tanto no mercado
interno quanto no mercado externo, móveis em estilo colonial. No exercício
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Fluxo de caixa
Com base nos resultados apresentados para o exercício anterior e nos de-
monstrativos projetados para o próximo exercício, determine a movimenta-
ção do caixa, utilizando o Método do Lucro Ajustado.
BALANÇO PATRIMONIAL
R$000’S
ATIVO REAL PROJETADO
Circulante
Caixa e Bancos 22.950 ?
Duplicatas a Receber 72.086 80.531
Estoques 138.470 267.875
233.506 373.406
Permanente
Investimentos 250.000 257.046
Imobilizado 874.897 874.897
Depreciação Acumulada (287.547) (302.858)
837.350 829.085
TOTAL DO ATIVO 1.070.856 1.202.491
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Finanças Corporativas
DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS
R$000’s
REAL PROJETADO
Receita de Vendas 550.890 676.250
Impostos sobre Vendas (101.160) (121.725)
Custo dos Produtos Vendidos (258.876) (319.744)
Lucro Bruto 190.854 234.781
Despesas Operacionais
Comerciais (67.935) (77.520)
Gerais e Administrativas (104.023) (94.430)
Depreciação e Amortização (4.790) (15.311)
Despesas Financeiras (47.920) (42.753)
Lucro Operacional (33.814) 4.767
Resultado de Equivalência Patrimonial 8.490 7.046
Lucro antes IR (25.324) 11.813
Provisão para IR 0 (4.134)
Lucro Líquido do Exercício (25.324) 7.679
Resolução:
Recebimento de clientes
+ Vendas Brutas 676.250
+ Duplicatas a Receber (saldo inicial) 72.086
– Duplicatas a Receber ( saldo final) (80.531)
= Total recebimento de clientes (A) 667.805
Pagamento a fornecedores/despesas
+ Custo dos Produtos Vendidos 319.744
– Estoques (saldo inicial) (138.470)
+ Estoques (saldo final) 267.875
+ Fornecedores (saldo inicial) 128.590
– Fornecedores (saldo final) (109.882)
+ Impostos sobre Vendas 121.725
+ Despesas Administrativas 94.430
+ Despesas de Vendas 77.520
+ Salários e Encargos (saldo inicial) 0
– Salários e Encargos (saldo final) 0
+ Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial) 10.058
– Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final) (27.770)
+ Outros Passivos Operacionais (saldo inicial) 0
– Outros Passivos Operacionais (saldo final) 0
+ Pagamento de Imposto de Renda 9.450
= Total pagamento fornecedores e despesas (B) 753.270
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Fluxo de caixa
+ Aumento de Capital 0
– Compra de Imobilizado 0
+ Venda de Imobilizado 0
– Aquisição de Investimentos 0
+ Venda de Investimentos 0
+ Aumento no Financiamento de Longo Prazo 0
+/– Variação do Realizável de Longo Prazo 0
– Pagamento de Dividendos 0
quando o fluxo de caixa apresentar deficits de caixa – por que tudo isso?
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Finanças Corporativas
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Fluxo de caixa
Claro está que quanto maior o saldo de caixa mantido pela empresa,
maior será o nível de liquidez imediato e menor o grau de rentabilidade
apresentado (se a empresa consegue rentabilizar seus recursos através de
aplicações financeiras a uma taxa superior à rentabilidade do negócio princi-
pal, seus proprietários deveriam fechá-la e aplicar esses recursos nessa alter-
nativa), sendo a recíproca também verdadeira, ou seja, quanto menor o nível
do caixa, menor a liquidez imediata e maior a rentabilidade (nesse caso, os
recursos das disponibilidades estariam aplicadas na atividade fim da empre-
sa). É importante frisar que em situações muito específicas essa regra pode
não prevalecer.
De qualquer forma, o nível final do caixa, além de ser função das entra-
das e saídas de recursos resultantes da atividade da empresa, também leva
em consideração o perfil de risco dos administradores da empresa. Empresas
com políticas operacionais mais conservadoras tendem a manter um nível
de caixa maior do que as empresas operacionalmente mais agressivas.
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Finanças Corporativas
com seus credores, aspectos que serão analisados pelas instituições finan-
ceiras, é necessário que a empresa defina o tipo de necessidade (recursos e
serviços) que pretende captar e as instituições existentes no mercado que
podem atendê-la.
Fatores Internos
Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de
compras e custos operacionais.
Aumento no prazo de vendas, concedido pela empresa como forma
de aumentar seu grau de competitividade ou aumentar sua participa-
ção no mercado.
Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas.
Diferenças acentuadas no giro das contas a pagar e a receber, em de-
corrência dos prazos médios de recebimento e pagamento.
Ciclo de produção extremamente longo e incompatível com o prazo
médio concedido pelos fornecedores.
Giro do estoque lento, significando o carregamento de produtos ob-
soletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no es-
toque.
Baixa ocupação do ativo fixo.
Distribuição de lucros em volumes incompatíveis com a capacidade
de geração de caixa.
Custos financeiros elevados, em decorrência da utilização de capital de
terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento.
Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e de-
mais despesas operacionais.
Aumento do nível de inadimplência.
Fatores Externos
Redução nas vendas, causada por retração do mercado.
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Fluxo de caixa
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Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Marque com um X, dentre os itens abaixo, aqueles que representam os
objetivos para a elaboração do fluxo de caixa.
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Fluxo de caixa
2. Dos elementos abaixo, indique aqueles que não deveriam ser encon-
trados na gestão financeira das empresas.
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Fluxo de caixa
5. Das etapas descritas acima, qual delas é a mais importante? Por quê?
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