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O ÍNDIO DEVE MORRER.págma
sta é uma revista do interior.
Da terra roxa^da zona rural.Mas
que,conforme a segmento do seu
tituloinão i ide ser xenófoba,
e que aspira a uma abertura total
a outras terr , jxo Brasil e ao
exterior. Como Mario de Andrade,
em 1926, se rebeln sumariamente
contra fatos ou procedimentos
que negam a formação,a origem,o
passado e abraçam as iyrftações
estrangeiras.Assim, o nosso .critério
máximo de valorização é o
"brasileirÍ8mo",bem como a falha
mais rigorosamente censurada é
a imitação estrangeira.
OFICIAL DO DCE
Rua Anionina 1777- Londrina-Paraná
terra roxa
larros P
e outras terras
Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a
inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf* na "Typ. PíUII.U", de JOSB NAPOLI * CIA. _ Rua A««embléa, 56-58 — S. 1
11 ilU
ARREISEINTAÇÃO
! .
bolas-irias:
PRESTA
'yéHÚáR
IGNORAR O BOlA-FRIA É IMPOSSÍVEL.O NOSSO SERTANEJO NAO ESTA MAIS
ESCONDIDO NO MEIO DO S CAFEZAIS;ELE ESTA CIRCULANDO DIARIAMENTE P£
LAS RUAS E ESTRADAS, NUM INCANSÁVEL ÊXODO DAS CIDADES PARA 0 CAMPO
E VICE-VERSA.MAS REC ONHECER A EXISTÊNCIA DO BÕIA-FRIA NAo S I GN I rj_
CA^/CONHECÉ-LO.ASSIM, QUASE TODAS AS REFERÊNCI AS FEITAS A ELE SAO í
EM TOM DE DESPREZO,M ENOSPREZO,ÕDIO E,QUANDO MU I TO,COMPAIXAO.
RARAMENTE É IDENTIFI CADO COMO TRABALHADOR E PRODUTOR DE RIQUEZA.
7
produtos é, sobretudo, o bóia-fria,
sem organização, sem segurança . Os
como poderá ele estar â margem co-
mínimos direitos, já adquiridos
mo produtor? Como consumidor, sim,
ele está à margem: sobrevive com por outras categorias profissio-
menos de um salário mínimo. nais, lhes sao negados; ass i s tên-
cia me d í c ^~p r é vTlíeTrc ia social, fé
/^ Quanto ã produtividade, ê pos-
sível fazer entre o colono e o bó- rias, descanso remunerado, contra-
to de t rabaIho , etc .
ia-fria a mesma comparação feita
0_unico e maior bem que pos-
entre o eácravo e o trabalhador li
s u e m -"q ü e já c o meçam a valor í z a r -
vre? Talvez a diferença nao_seja
é a liberdade de trabalhar onde
na mesma proporção - de um para
quiserem, sem nenhum vínculo de de
trinta - mas sabe-se que a produti
pendência a prendê-los a um pã»
vidade no sul do país, que é onde-
trão. Apesar de invejarem a roci-- •
se concentra o maior número de as-
nha do "pê-de-ferro", começam a re
salariados, principalmente bóias -
frias, ê 500 por cento maior do conhecê-la uma faca de dois gumesT
em troca do direito de plantar pa-
que no nordeste, onde se mantêm as
ra si, o colono fica preso ao pa-
relações de produção mais atrasa-
trão, submetendo-se a situações a-
das, ao passo que os salários pa-
viltantes, raramente vendo a cor
gos no sul são apenas 90 por cento
ma i s altos do que os do nordeste // do dinheiro» Ainda hoje os traba-
lhadores não-remunerados no campo,
em todo o Paraná, chegam a ^OOmi 1 .//
da enxada e oa roca Mas a cada dia essa cifra diminui,
e dezenas de famílias vão inchando
para a favela as cidades do Norte do Estado.
e a marginalização [I ^ Tendo que enfrentar tantos o\>%_
táculos, perigos e rudezas para po
g^e, enquanto na roça, eles são derem sobreviver, ê de se admirar-
^*fundamentaís para a economia , a resistência dos bôias-frlas ao
9l/a"do regressam"aos seus barracos atrativo da mendicância, da crimi-
a noite, transformam-se em marqf - na 1 idade JB—-da. ^prost i tui çã^. E, no
nais para a sociedade. São analfa- entanto. são chamados de vaqabun-
betos, desnutridos, mortos-vivos dos...
8
bóia-fria é palavrâo,,vxtra'do de um
poema)
10
eles perseguem um (irfuro melhor
é a alma
• o JBaaça
lru»a-pâ©
i
duas culturas é a tarefa que se e acaba no por do sol.
Impõe.Os bólas-frlas, como seres MARIA LEOPOLDINA RESENDE
s
humanos, são históricos, evoluem. do um futuro melhor, despercebi -
Ao descobrirem seu valor, sua fo£ dos e desprezados por uma multi -
ça, seus reais anseios , estario a dio de cegos que passam por eles
um passo de sua redençio .Assim,t£ nos caminhos, bebem o café colhi-
rio ainda em vida o destino que do por eles, quase lhe esbarram
os colonos só tiveram depois de nas ruas:
extintos- serem va1orizados.Mas , "No outro dia, na Avenida Para-
no caso dos bõias-frias,va1oriza- ná, eu vi a figura que mais mexeu
dos pelo que eles têm de humano,e comigo nesta cidade.
nio de bestas de carga.AT, entio, Um bóia-fria,
seu nome, inventado para humilhá- vermelho de terra,sandá1ias de
lo,perderá seu atual significado. borracha, enxada ao ombro, sg me-
A história já se encarregou de xendo entre o povo passante.Só
transformar o caráter pejorativo conseguia enxergar a ele,única fi
do nome "tiradentes" no símbolo gura destacada, na calçada cheia.
do herói naciona1 , apontando quem A enxada nas costas era levada co
foram aqueles que o chamaram de mo uma arma, leve e eficiente;eF¥
"bandido","inconfidente" (sem fi- admirável a destreza, a leveza co
delidade), e o enviaram ã forca. mo ele se mexia entre as pessoas,
A história destruiu o "título" imundo, tostado de sol e também
que lhe atribuíram e reconheceu , pardacento, esguio,1igeiro.E1e
finalmente, o valor da sua atitu- mais deslizava que andava na cal-
de . çada e ao atravessar a rua, teve
Nio está longe o tempo do reco- um íntimo conhecimento,quase fami
nhecimento do bóia-fria.Apesar de liar, do trânsito - nio esbarrava
tênues,já notam-se alguns sinto - em nada.Nem nas pessoas,nem nos
mas.Em Arapongas,estudantes cria- veículos.Era rápido,calmo e,ape-
ram um jornal que tem o seu nome. sar de andrajoso,compôs to,ereto,
Jornalistas têm testemunhado com inteiriço.A partir dessa cena,pa-
fidelidade a sua vida.Poetas e e£ receu-me que nio tinha mais nada
critores tentam retratar o seu a ver na vida urbana de Londrina".
drama . Po 1 í t i cos lembram-se de mer\_ Quem escreveu esta cena foi
cioná-los nos pa r 1 amen tos . C i en t i s_ Joio Antonio,escritor,e um dos
tas sociais procuram ententer a poucos que têm olho, numa terra
sua situaçio.Educadores,médicos , de cegos.
advogados,economistas e outros
preocupam-se ante a ineficiência Artigo escrito pelo GEIE- Grupo
de sua açio e compaixão para solu^ ie Estudos de Imprensa Estudan-
cionar o problema dos bóias-frias. til, do DCE da FUEL3a partir de
E estes, montados nas carrocerias debates3pesquisas nos jornais
dos caminhões,continuam perseguin locais e livros ("Grande Sertão:
Veredas" e "Os Sertões").
12
O HMDIO
(documento de urgência
de bispos e missionários)
Ji antes de \(>k2,a I greja , a traves do Papa Urbano , reconhec i a que o
índio tem a 1 ma.É gente.Apesar disto e dos esforços de alguns homens ,
o indigena continua nio sendo considerado.como tal.Tem suas terras In
vadidas pelos brancos,a lém^dej1 ver a extinção de sua raça em consequen
cia das mais variadas violências.
Tal como o bóia-fria, nio é considerado gente.E sinônimo de margi -
na 1 ,vagabundo, gentinha.
13
NO VIOESIMO dUlHTO ANIVEBSAmo DA DECLARACÍO umvFIKli
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S B E A
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M. , ■ . . 2
5 DÊ DEZEMBRO DE 1973
Dom Max mo Blennes,Bispo de Câcercs,MT
Dom Mel Io Campos,Bispo de Viana,NA
Dom ?
Dom Peíír?,í;rí ?? d%fve"«r,Blspo de Marabá,PA
Pedro Casaldallga,Bispo de São Fêllx,MT
Dom Temas Balduíno,BIspo de Golas,60
Dom Agostinho José SartorI,BIspo de Palmas,PR
Frei
Gomes Leitao,MIsslonârlo de Marabá,PA
0 10 a , M,Ss4onir,0 de
F^rní;? " i ?' Diamantino,MT
Frei Domingos Mala LeIte,MIsslonârlo de Conceição
do
P.^.- * .
,. Araguaia,PA
Padrl LIITAM ^""^'«'"íonirío de São Fêlíx,MT
Padre Leonlldo BrustolIn,Mlsslonârlo de Palmai,PR
Padre Tomas LIsboa,MIsslonârlo de Dlamantlno^MT
15
"Quanto e que as companhias (agro-pecuárias) pagaram
ao Pai do Céu de vocês para ele dar as terras dos Índios?"
indio Tupirapé.
be...sõ nós nio sabemos porque o diretrizes da Funai para l9722vo^
índio deve continuar a ser exter- tou a ressaltar que o índio não
Tninado sob o olhar tutelar da Fu- pode deter o desenvolvimento"(15) .
nai . .."(9) . A simples construção de uma es-
A BR-80 que dividiu a tribo Tu- trada em área indígena constitui
karramie provocou toda uma reação uma violação do direito que os Í£
em cadela."Como conseqüência da- dios têm sobre suas terras.No dj_
quela reação em cadê 1 a , outros pro^ zer de quem é autoridade no assu£
blemas virão e,quando forem cons- to,Gonzalo Rúb i o , Di re tor do lnstj_
ta tados , mu i tos índios ja terão tuto Indigenista 1nteramericano:
morrido"(10).lsto,infelÍ2mente,jâ "A ação dos aventureiros e explo-
radores de ontem, contra os Indí-
está acontecendo:"4 mortos, 20 genas,se somam hoje os elementos
doentes em perigo de vida e 70 \n novos,as estradas e as forças prc)
ternados são o resultado do surto gresso- os quais,mesmo sem Inten-
de sarampo que atingiu os Índios ção de produzir danos,atrapa 1ham
Tukarramãe, numa das mais graves inegavelmente a vida dos grupos,
crises de doenças do Parque Nacio que ainda res tam" ( 1 6) .Ta 1 assertj_
nal do Xingu,agora cortado pela va encontra eloqüente comprovação
rodovia BR-80"(1 1) . no que disse o engenheiro Cláudio
Essa ca 1amidade,porém,se justi- Pontes, da Empresa industrial e
fica dentro da visão do sistema Técnica,uma das que vio construir
"pois o Parque Nacional do Xingu a Perimetral Norte:"Em momento a_l_
não pode impedir o progresso do qum o trabalho será interrompido,
país",como afirmou o presidente mesmo que surjam problemas com IJI
da Funai,Genera 1 Bandeira de Me 1- dios"(l7).
Io.(12).A resposta a isto já foi Os conflitos surgem inevitavel-
dada antecipadamente pelo poeta: mente : "Traba 1 hadores e engenhei -
"... chame-1he progresso quem do ros da COTERRA - companhia de te£
extermínio secular se ufana:eu,mo raplenagem que constrói a BR-80 -
desto cantor do povo extinto cho- foram recebidos.a bala,quando te£
rarei nos vastíssimos sepulcros taram se aproximar da aldeia dos
que vão do mar aos Andes e do Pr£ índios Tuk.a r ramãe . . . " ( 1 8)
ta ao largo e doce mar das Amazo- "Um ultimato,um furto e um tiro
nas"(l3) . telo,com a agravante da tensão na
Tal violação dos direitos dos área,provaram, há duas semanas,
índios não constitui problema pa- que os índios do Xingu não acei -
ra a Fanai que,na opinião do Depu tam ainda a estrada"(19) .
tado Jeronimo Santana , "perdeu o Resumindo:1^ Transamazônica e
sentido da mensagem do Marechal outras estradas em construção no
Rondon-morrer se for preciso, ma- Norte do país estão formando o
tar nunca-e hoje em dia,para de - cerco em volta de 80 mil índios
fender seus interesses,o que o 5£ brasileiros, condenando-os â ex -
gão leva menos em conta ê o pró - tinção"(20).
prio índio"(li») . Aliás a Amazônia é tida como
A linguagem do General Bandeira terra de ninguém e o triste exem-
de Mello parece menos a do presi- plo de desrespeito aos direitos
dente do órgão criado para defen- de seus legítimos ocupantes lamen^
der os direitos dos índios,que o tavelmente vem de ei ma:"Quando se
eco das palavras dos latifundiá - quer fazer alguma coisa na Amazô-
rios da Amazônia:"Referindo-se às nia,não se deve pedir licença:fa£
se",afirma o Coronel Carlos Aloí- quisa nessa área.A situação não é
seo Weber (21) . boa em nenhum dos postos que co-
Que outros órgãos do governo, » nhecemos,mas é sempre pior quando
responsáveis pelos bens materiais os indígenas estão em contato com '
da Amazônia, sejam omissos,jâ é iin os brancos"(25).
tolerável pois constitui,na .ex- "Bêbados,maltrapi1hos e famin -
pressão do General Olímpio Mourão tos,escondi dos no mato ou vagando
Fllho:"um absurdo o que se faz a- pelas estradas a esmolar,os pou -
tualmente na Amazônia.Acabaremos cos milhares de Índios das reser-
transformando a selva num deserto" vas do Rio Grande do Sul,passam
(22).Ultrapassa,portanto,o absur- quase ignorados durante os últi -
do que o órgão nato para a defesa mos meses de farto noticiário a-
dos direitos dos índios seja "o^ cerca de seus Irmãosde raça"(26)
grande ausente nos sertões amazô- "0 engenheiro Moisés Westpbblen,
nicos",como teve oportunidade de professor universitário e grande
confirmar,em sua segunda viagem estudioso do problema indígena a-
ao Norte,o General Frederico Ron- flrmou:"0 governo gaúcho sempre
participou da expoliação da terra
don(23).
A Imagem que temos da Amazônia, dos Índios e a Funal é uma morta-
essa vastidão plena de mistérios viva.O que estãokfazendo com os
e de desafios, que oferece tanto Índios no Rio Grande do Sul é um
espaço para o mito da "conquista" genocídio,porque eles não podem
pode facilmente atenuar ou enco - viver sem terra"(27).
brlr a responsabilidade da FUMAI. Seguindo o roteiro da miséria e
Se,porém,passarmos para o extremo da fome do índio b ras i 1 e i ro , encon^
sul do país,encontramos melancólj_ tramo-los também em S.Paulo onde
cos depoimentos como este de Car- "passam o dia mendigando,dormindo
los de Araújo Moreira Neto:"Em re sob as pontes e bebendo a cachaça
lação ao problema que vem sendo que podem comprar ou que os mora-
especificamente díscutido,Isto é, dores de outros barracos lhes of£
a situação atual dos índios Kaln- recém.Vestem-se de farrapos e pe-
gang do Rio Grande do Sul,princi- rambulam pelos bairros próximos,
palmente no que se refere às su - de Santo Amaro(28).
cesslvas Invasões de Nonoãi por No Mato Grosso,os Xavantes es -
intrusos.a posição da Funal e de tão "em pé de guerra e dispostos
outros setores oficiais lnteress£ a reagir a qualquer invasão de^
dos,é característicamente cautelo suas reservas"(23).Os Tapirapés
sa e dilatorla o que leva ao fo£ foram recentemente ameaçados de
talecimento do "status-quo".Neste serem retirados de suas terras pe
sentido não há diferença entre a Ia Funal, que desejava "transferT
ação da Funal e a do SPI,ambos iji los para a Ilha do Banana 1 •, ceden-
capazes de uma modificação signi- do ãs pressões da Companhia Colo-
ficativa no sistema geral de expo nlzadora Taplraguaia(30).
Ilação e aviltamento a que esteve "Os Índios Galera e Sararé do
(e está) submeti do"(2M . grupo Nhambiquara,que a Funal es-
Ainda a propósito dos índios do tá transferindo para uma reserva
sul,podemos citar a opinião de ou^ 1ndigena,encontram-se em estado
tro antropólogo»o professor Sil > de saúde tão precário que,há pou-
vlo Coelho dos Santos,dlretor do cos meses,um surto de gripe,deco_r
Museu de Antropologia da UnlversJ[ rente do contato com os brancos ,
dade Federal de Santa Catarina: dizimou toda a população tribal
"...conheço a situação dos índios na faixa dos 15 anos"(3l).A trans
nos Estados do Paraná,Santa Cata- ferência dos índios Nambikuara se
rina e Rio Grande do Sul, pois de prende ã necessidade de ceder
senvolvl extenso projeto de pes - suas terras a poderosos grupos e'
17
"Nos/índios^omds como a plantação:
Quando mudada de lugar, se não morre, índio Pataxo'
pelo menos se ressente multo."
crianças que morrem antes de com-
conômlcos.
Notícias provenientes de Cuiabá pletar um ano de Idade,assim vi -
dio conta de que os Kaiabi foram vem os Índios Qu1rIrIs,tr1bo em
solicitar armas à Funai "para en- decadência atua 1 mente,loca 1Izada
frentar alguns fazendeiros da lo- na Vila de Mlrandelo a 293 kms de
calidade de Porto dos Gaúchos que Salvador"(35) •
Continuam Invadindo suas terras Os Índios Pataxós,como alias to
dos os outros,nos planos oficiais,
(32).
Em Goiás informa-se que "250 iji valem até menos que a flora e a
dlo;s, Xerentes tentam assumir ,. o fauna:"A proteção deles deveria u
controle do município de Tocatlnj_ dilr-se ou mesmo sobrepor-se a de-
as,tendo Já saqueado algumas fa fesa da flora e da fauna do lugar"
kendas.Os Índios reclamam a pro - (36). E se sua transferência for
prledade das terras em que vivem" concretizada,"decretará" o fim do
último direito que a tribo ainda
(33) . tem de viver na terra onde nasceu"
A respeito dos Índios Karajá da
Ilha do Bananal.Estado de Gojâs, (37).0 protesto dos índios Pata,-
lemos depoimentos como e8te:"\/e - xós é patético:"Nôs,índios, somo»
Jam.os civilizados construíram a- como a plantação que,quando muda-
qui os seus hotéis para assistir da de lugar,se não morre pelo me-
a decadência de outra civilização. nos se ressente muito.Nio aceita-
Ê uma barbárie".A barbárie a que mos sair daqui porque muitos anos
se refere o oficial da FAB e o e£ antes de existir o parque,a gente
petáculo visto da varanda do ho- já estava nestaterra que,boa ou
tel Kennedy naquela I1ha:"0s índj_ ruim,é nossa e é onde nasceram,se
os carajás voltando bêbados da cj_ crlaram,morreram e estão enterra-
dade matogrossense de S.Felix. Os dos nossos pais e avos"(38K
Índios atravessam o rio soltando No Pará,"os Indlps (Gaviões) a-
,
longos uivos dentro da nolte"(3 «). cabaram sendo removidos para ou-
Ainda sobre os Karajâs:chegou-nos tra área pela Funai. Mas esta -
ao conhecimento uma carta de LucJ[ vam tão transtornados que as mu-
ara,no dia do Indlo,(19.^.73),as- lheres chegaram a praticar abor -
sinada por 125 moradores daquele tos para que não nascessem crian-
lugarejo e endereçada ao Diretor ças,pois os bebês ,segundo elas,dj_
do Parque Indígena do Araguaia,1- flcultavam a locomoção da tribo .
Iha do Bananal .Entre outras coU- E a tribo estava sempre mudando
.sas,dizla:"Pedlmos em favor deles de lugar, fugindo dos brancos"(39)
(índios Karajás em Luciara)uma ur_ Um grupo deles "maltrapilho e fa-
gente Intervençio da FunaI .Alguns minto,chegou a Fortaleza para pe-
gravemente doentes (tuberculose)e dir ajuda" e na sua linguagem sim
todos absolutamente abandonados , pies fizeram a denúncia contra a
precisam de uma assistincla exce£ Funai porque ela é dirigida por
cional e permanente". um homem civilizado e homem civl-
1
Na Bahia,nio obstante o reduzi- 1 I zado engana índio"( »0) .
do número de índios lã existentes 0 mesmo drama do índio pode ser
encontramos a mesma vlolaçio dos presenciado no Nordeste onde "Xu-
seus direi tos,com todas as conse- curus",Fulniôs,Pankararus e Hamu-
qüências que daí der Ivam:"Homens és . . .sobrevi vem apesar de confinai
entregues ã beb1 da,mulheres tran£ dos em parcelas de seus antigos
formadas em empregadas domésticas. territórios e "perambulam" de um
18
lado para outro,sempre escorraça- trama contra o Parque Indígena do
dos"(/»l). Xi ngu, pat roc 1 nada pela Funai e de_
"Em Rondônia,a ocupação afeta fendida pelo General Ismarth de
índio e eco 1ogía"(42) .Surgem mor- Araújo,super 1ntendente do órgão,
tes de parte a parte e os respon- sob pretexto de 1ntegração:"índio
sáveis são "os gr i 1 ei ros ,gar impej_ 1ntegrado,segundo os boletins do
ros e seringueiros,que invadem as órgão,é aquele que ée converte em
terras dos Índios" éo que se vê o mão de obra".Para os sertanistas,
brigado a reconhecer o próprio é um mal.Essa política caracteri-
presidente da Funai(^B).Mas a ver zou-se pela opressão"(If7) .0 pro -
dadeira responsabilidade recai so blema de fundo continua o mesmo,
bre a Funai porque "tem dado^per- em que pese a explicação posterior
missão a empresas de mineração p£ do superintendente que persiste
ra explorarem minério na área in- em defender a "1ntegração",mesmo
dígena",como foi afirmado na Cirna que a qualifique de "lenta e har-
ra dos Deputados em Brás T 1 i a (M) . moniosa" (48) .
Nesta rápida amostragem da situ Para encerrar esse levantamento
ação dos Índios,ficou bem c^aro de dados,passemos a palavra a um
que "o Índio brasileiro está sen- dos mais sensíveis poetas atuais:
do extermi nado.Com o avanço da cj_ "Homens esquecidos do arco-e-fle-
vilização branca tem havido cho - xa/deixam-se consumir em nome/ da
quês e sempre o Índio brasileiro integração que desintegra/a raiz
leva a pior.Esse extermínio não do ser e do vi ver./"Vocês têm o -
se faz através de armas mais podje brigação de usar ca 1ça/camisa;pa-
rosas,mas também por causas biolo letó^sapato e lenço/enquanto no
gicas introduzidas pelos brancos , Leblon nos despedimos/de toda a
como afirmou o professor Newton convenção e viva a natureza".../
Freire Mala,Diretor do Departameji Noel, tu o disseste:/a civiliza -
to de Genética da Universidade do ção que sacrifica povos e cultu -
Paraná(^5)• ras ahtiquíssimas/é uma farsa amo
Não obstante a criação do novo
órgão para atender às populações
indígenas,a situação destas contj_
nua a mesma senão pior que a des-
crita pelo Grupo de Trabalho cons^
tituído por decreto pres1denc1aj ,
em maio de 1968:"Em que pese à
forte legislação que,desde o pe -
ríodo colonial procura amparar o
nosso 1nd1 o,cont1 nua o desrespei-
to pelo sllvícola.As dificuldades
para o cumprimento dessas leis e
a morosidade do rito processual^
nos casos de invasão ou posse,são
incentivos para a continuação da
espoliação de suas terras.Sempre
de maneira 11egftima,por fraude
ou violência,foram as terras ti-
radas a seu dono .E , não_raro,para
"legltlmar"o esbulho,há a acober-
tá-lo um decreto,uma lei ou um a-
to administrativo qua1 quer (^ô) .F£
nal.SPI, mesma coisa', exclamava
um chefe Karajá...
"Os VI lias Boas protestam"faz a
manchete da notícia da verdadeira
19
»jste sucinto e incompleto levan confessava o sértanista Antônio Co
^™tamento das nossas populações" trim Neto(51) .
indigenas já teria sentido para Cumpre reconhecer que tem sido
nos se,com e1e,conseguíssemos a- farto o noticiário dos jornais so
lertar a consciência de todos os bre os indios,mas esbarra na indi-
brasi1eiros,correspondendo ao ape ferença do nosso povo que tem uma
Io do General Antônio Coutinho,De" visão er rônea , supe r f i c i a 1 e tendejn
legado da Funai:"Se a igreja não ciosa a respeito das populações ir^
botar a boca no mundo,os Índios., digenas.Para a maioria,© indio não
vãoser sempre massacrados"(50) . passa de um selvagem ou de uma fi-
Sinajs de um despertar da gura de museu.
consciência se vislumbram ao^ in Para alertar e melhor interpre -
'di osmas , diante da sombria rea 1 i da" tar essa problemática que,queira -
de,não conseguem vencer uma "enor- mos ou não,é também nossa,apresen-
me sensação de remorso",porque "no tamos algumas pistas para a análi-
fundo,no fundo,o que a gente faz ê se das causas que produzem essa
um crime",como me 1anco1icamente morte lenta das populações indige-
nas .
21
Em funçio dessa opção "desen - ritório onde vivem apenas índios
volvimentista" assim caracteriza começa a receber co1onos,maderei-
da ê que se constituem os orga - ros e grupos exploradores de mine
nismos admi n i s t rat i vos ,como a Fu^ rios,as autoridades resolvem o i-
nai.Muito a propósito vêm as re- nevitâvel conflito entre indios e
centes palavras do etnôlogo Car- brancos-quando ainda restam in-
los Moreira Neto,do Conselho Na- dios- transfer i ndo o grupo indíge-
cional de Pesquisas:"0 Brasil na para outro local mais afastado
passa por uma febre desenvolvi - da civilização e ãs vezes jâ povo
mentista que pode estar influen- ados por tribos inimigas das que
ciando ma 1eficamente a Funai"(6l) chegam"(62) .Nisto se reflete o fe
Todos os setores da administra nômeno geral:o que importa não se
çio devem colaborar para alcan - rã promover algo mas, " i n tegra r " a
çar os mesmos objetivos.Por tanto população que puder ser integrada
todos estão dependendo das dire- ao sistema adotado,servindo ao"mo
tivas econômicas e a elas devem de Io bras ile i ro" .
servir.Tendo estas uma linha an- Todos percebem que^com uma mentia
ti-nacional e antipopu!ar , ê ne - lidade e programa assim desenvolvj_
cessãrio que estes órgãos admi - mentistas qq,e tem presente "somen-
nistrativos amorteçam e contró - te orendimento econômico,caminhar£
lem as tensões sociais que apare mos fatalmente para a extinção to-
çam.No nosso caso "quando o ter- tal das populações indígenas, por
22
mais belas sejam as nossas inten - que o deserto de homens permanece.
ções, estatutos e leis"(63).0 ex- Derrubam-se as matas não só para a_
diretor do SPI e experiente indige brlr estradas mas também para In -
nista.Gama Malcher afirmou que "a troduzlr o bol.Garante-se que só^
política definida como de "prote - com a pata do boi a Amazônia será
ção ao indio",na realidade trans - conquistada...Em nome disso,expu1 *
forma o silvicola em justificativa sam-se os índios de suas reservas,
para a existência de um aparato bjj mutila-se fortemente nosso equilí-
rocrãtico que relega os interesses brio ecolõgico",dlz severamente
dos indígenas a um segundo plano £ Cláudio Vi 1 Ias Boas(68) .
fim de atender prioritariamente as Se para isso é necessário abrir
pressões e interesses de lattfundj[_ grandes rodovl as , sej am abertas mes^
ãrios"(6i4) .Com energia,© deputado mo que os "males sejam grandes",se:
Jerônimo Santana denuncia:"A Funal gundo Orlando Vlllas Boas que a
se transformou num órgão de que os propósito da BR-80 frlsa:"Estrada
grupos se valem para explorar os política e não de interlorlzação"
recursos naturais das reservas on- (69).Se é necessário expulsar os
de os índios vivem.Hoje o indio ê posseiros ali radicados hâ anos;
o que menos importa.0 indio é uma que,depois dos Índios,foram os únj_
coisa e a política posta em práti- cos defensores daquelas riquezas ,
ca pela Funai o prova"(65)."As pa- sejam expulsos a qualquer custo_ ,
lavras "progresso" e "desenvolvi - conforme a vigorosa denúncia ate
mento" servem de escudo para a dejs hoje 1rrejpondlda do Prelado de
truição do ambiente natural brasi- São Fellx do Araguala (70) .Se n£
leiro e para o extermínio dos ind_i_ cessar Io ma tar,mata-se . ,, .J
genas" ê a conclusão a que chega a E se ali encontra rem. os índlos?£
equipe do "0 Estado de S. Paulo" les não podem Impedir a marcha do
que fez uma alentada pesquisa so - "desenvolvimento" e devem ser "In-
bre o indígena no Brasil (66). tegrados", "acul tu rados" para cola-
Para o povo pobre do Brasil o fu borar no crescimento naclonaK" 0
turo que o sistema oferece ê uma des-envo 1 v l mento da Amazônia não p£
margina 1ização cada dia maior. Pa- ra por causa dos índios" é o títu-
ra os Índios, o futuro oferecido ê lo das declarações do Ministro Co^
a morte.0 insuspeito "Osservatore ta Cavalcanti que exclama patética
delia Demenica" do Vaticano comen- mente:"E por que eles hão de ficar
ta:"esse progresso (do Brasil) no sempre 1nd i os"?(71) .
entanto tem um preço ecológico: a Se os índios ali estão mas não
extinção dos indios"(67). produzem segundo os critérios do
0a política global de desenvolv_i_ capitalismo Integrado e dependente,
mento econômico do governo faz pajr se não possuem propriedade legal
te a "ocupação da Amazônia" (e do da terra,se não são proprletá
território nacional) mesmo que se- rios de empresas agríco1 as , então
ja feita por companhias estrangei- devem dar lugar aos novos "ban -
ras ou multinacionais que ali en - delrantes",devem retirar-se des-
contram grandes oportunidades de tas terras que nunca lhes perten_
investimentos altamente lucrativos ceram e que só agora a "civiliz£
na exploração de minérios e de ma- ção" dâ ou vende aqueles que vão
deiras ou na organização de "empre desenvolver o país'. Podem estes
sas agro-oecuãrias". últimos explorar (ou roubar) no£
Se para isso é necessário conti- sas riquezas naturais que vão au
nuar, os métodos importados e tradj^ méntar as riquezas dos países rj_
cionais de depredação da natureza, cos...deles é o direito a apro -
não 1mporta."Dlz-se que é preciso prlação daquelas terras.Se os iin
abrir estradas para povoar,fixar o dlos assim provocados e expolla-
homem na Amazônla .Agora que as es- dos do seu direito reconhecido
tradas estão abertas verlflca-se teoricamente e do seu modo natu-
23
Se apresentamos aqui a atual po
ral de viver.morrerem, pois que lítica indígenísta como a causa
morramlSe reagirem,sejam enfren- mais próxima da sítuaçio em que
tados como se fossem eles os in- vivem (ou morrem) nossos índios ,
vasores dessas terras! 0 Marechal temos clara consciência de que ""a
Rondon.em trágica profecia,jâ em causa real e verdadeira está na
1916 dizÍa:"Mais tarde ou mais própria formulação global da polí
cedo,conforme lhes soprar o ven- tica do "modelo brasí1eiro".E se
to dos interesses pessoais,esses dizemos que é necessário modifi -
proprietários-coram Deum soboles car profundamente a política da
(ante a face de Deus)-expe1irio Funai,afirmamos que isto somente
dali os índios que,por uma inver será possível com uma modifícaçio
sio monstruosa dos fatos,da* ra "- radical de toda a política brasi-
zio e da moral,serio considerados leira.Sem esta modificação global
e tratados como se fossem eles os nao poderá a Funai ou outro orga-
intrusos,sa1teadores e ladrões" nismo passar dos limites de um as
(72). s i s tenc í a 1 í smo barato e farisaict)
Fazendo eco ã profecia do Mare- aos condenados à morte,para camu-
chal Rondon,diz o Xavante Juruna: flar o inconfessado apoio aos
"...a terra ê a única riqueza que grandes proprietários e explorado
o índio tem na vida.Sem ela,ele res das riquezas nacionais . Neste
vira um bicho,um cachorro que es- contexto,o decantado Estatuto do
tá sempre triste . . .E1 es (os Kra - índio não passará de uma publici-
nhacacores)precísam saber que o dade oportunista ou uma homenagem
branco quer sempre enganar para póstuma.
ficar com as terras"(73).Não fal- De nada adiantaria reformular a
ta razão aos Irmios Vi lias Boas Funai se a psicose desenvolvi men-
quando c1 amam:"Nossos Índios es - ti sta ,mot i vada por exclusivos cri
tio mor rendo,desaparecendo numa terios econômicos e por um falso
paisagem em que o boi e o capim prestígio naclona 1,continuasse a
vio expulsando definitivamente o dominar a política global do pa.ís.
homem.Agora,diante do processo de Seria o mesmo que reformar um dos
ocupaçio da Amazônia,vemos o in - vagões,não modificando o trilho -
dio ao largo do desenvolvimento sistema que está estragadoro de -
como mera paisagem"(74). sastre é inevitável'.
24
da,aceita a tese de que as cultu-
Depois desta sumária análise
ras primitivas são quistos ao de-
das causas da situação das_po-
senvolvimento nacional,Já estou
pulações indigenas, a conclusão _i_
cansado de ser coveiro de Índio :
'mediatista seria que não existe
transformei-me em administrador
solução para o prob1 ema.Sertanis-
de cemitérios indigenas"(79).
tas/funeionários e missionários ,
Muitos missionários fariam suas
que atraem novos rjrupos de Índios
as enérgicas palavras do missioná^
sentem-se angustiados pela cons -
rio jesuita , Padre Tomas de Aquino
ciência de que o resultado de seu
Lisboa no Simpósio sobre o futuro
trabalho foi apenas atrasar (oua_
dos indios Cinta-Larga,em março
celerar?) em alguns anos a extin-
deste ano:"0 Parque Ãrlpuanã será
ção de tais grupos .
cortado como o foi o Parque do
"Ê com tristeza,diz Apoena de
Xingu.0 trabalho já está iniciado.
Meireles, que tentamos atraí-los,
Eu,como responsável pela atração
sabendo-se que um futuro sem pers_
desse grupo Cinta-Larga,não estou
pectivas os águarda"(75)•
mais animado a faze-la,a não ser
Esta mesma nostalgia se encon.-
que as regras do jogo sejam obed£
tra em declarações de outros co -
ei das:respeitar os Indios,inter.-
nhecidos sertanistas.Or1 ando Vi1-
romper os trabalhos da estrada fi-
Ias Boas,em setembro deste ano_,
te que se consiga falar com os \t\_
voltando de uma frente de atração
dios para orientá-los nos seus f£
"parecia preocupado com o destino
turos contatos com os brancos.
dos indios,que chama de tragédia"
Pois é melhor que o índio morra
(76).Mas já em f ever e í r o, a s s i m de_
lutando pelo que é seu do que vi-
sabafava:"E quantos de nós, por
ver marginalizado e mendigando o
força de miseráveis e desgraçadas
que sempre foi dele"(80).
circunstâncias os estamos traindo
naquele exato momento do aperto Será q.ue os Indios constituiri-
de mão,do abraço,do sorrir,do ges_ am "um povo com os dias contados"
to enfim de afeição.Desgraçados (8l),ou como afirma Cláudio Vil -
que somos,é a ve rdade " ( 77 ) . Seu ir_ Ias Boas, "os indios não terão
mão Cláudio comenta com meIancolJ_ propriamente um destino?" (82).Ou
a:"Levamo-1hes (aos indios) nos - ainda , na me 1hor das hIpóteses,se-
sas doenças ; into 1erancia e muitas gundo o falecido Francisco Meire-
vezes o extermínio c r i m i noso , as s u_ les "o índio só tem um destino: a
m i do , proc 1 amado-" ( 73) . marginalização?"(83).
No mesmo tom,falava Antônio Co- Não obstante esta trágica pers-
trim Neto:"Não pretendo contribu- pectiva ou exatamente por isso, é
ir para o enriquecimento de gru - preciso salvar os povos indígenas,
pos econômicos ã custa da extin - ameaçados de desaparecer . E1 es
ção das culturas primitivas.(.. .) mais do que patrimônio-arquívo da
A política indigenista desenvolvj_ humanidade,são humanidade viva.
25
êr
26
4(
Estou cansado de ser covéiro de índios"
ANTÔNIO COTRIN NETO sertanista
PADRES CATÓLICOS
31
manda}mas sim o sãbio que aaonse
.lha o que deve ser feito...Se os
indijos seguem ou não seus conse-
lhos,o problema não é do chefe.E
le apenas é um líder que aconse-
lharão um patrão que determina
o que tem de ser feito.Mesmo no
caso de uma guerra,o chefe nunca
poderá determinar que todos os
homens participem da luta"(105).
Isto significa que, entre eles,a
autoridade é realmente um servi-
ço a comunidade,não dominação.
Claro que nestas condições não
há lugar para instituições de po
- liciamento e coerção.
69 - As populações indígenas
vivem em harmonia com a natureza
e seus fenômenos,em contraposiçã
o a nossa "integraçãocom as difê
rentes poluições, destroços de u
ma natureza arrazada e substitui
da pelo habitat em que vivemos:~
"Os indios, ao contrário dos
brancos, sempre conviveram em O chefe;
peje feita harmonia com a natureza, não é aquele
não havendo casos de tribos que que manda, mas sim
tenham destruído a fauna ou a o sélpio que aconselha
flora de qualquer região por e o que deve ser feito...
Ias habitada.Esta e a posição di"
antropólogos e especialistas em Se os índios seguem
indigenismo"(106). ou nao
79 - A descoberta, evolução e os seus conselhos
vivência do sexo entram no ritmo o problema não é do chefe
Ele apenas e um líder que aconselha
normal da vida do indio,num cli- não um patrão
ma de respeito,sem as caracteres que determina o que tem
ticas de tabu ou de ídolo que si"
manifestam em nossa sociedade e de ser fe/to"»
tanto a condicionam. (O Estado de São Paulo)'
Essa enumeração de valores ni,
o pretende ser exaustiva nem e ^
les se realizam uniformemente,
mesmo porque cada grupo indigena
constitui um povo, com suas ca -
racterísticas pecu1iares,cuja ex
pressão maior ê a língua.Não ig"
noramos que também no homem indí
gena há sinais da sombra do peca"
do que,sob formas diferentes dõ
egoismo comum,embaraçam a plena
realização e autêntica integra -
ção desses valores humanos.
Mas esses valores existem e
devem ser respeitados ,e promovi-
dos.0 trabalho à ser feito será
decidido com os indios e nunca
"Um pai nunca obriga o filho a fazer o que ale não quer.
Um pai nunca bate num filho, por maior gue tenha ado a sua travessara?'
Luiz Salgado Ribeiro.
36
realista e hone sta ,o presl dente 1973.
da FUNAI , genera 1 Is marth de Araú 18- O Estado de S.Paulo - 16/11/
jo.diz:'^ ave rã con t i nu i dade na 1971.
po1't i ca i nd!ge nf st a oficia ti 19- Jornal do Brasil - 28-29/11/
(Jornal d o Brás IM 2/3/71») . 1971.
0 ma i s acerta do s er i a diz er 20- O Estado de S.Paulo - 12/3/
com o Pre s i dent e do Cl Ml :"A po!_[. 1971.
t i ca da F UNA! ê vac Ilante"( 0 Es- 21- Realidade - Outubro de 1971.
tado de S .Paulo .13/ B/M) -El a de- 22- Realidade - Outubro de 1971.
ve irão sabor da p o 1't i ca d e*s e£ 23- O Estado de S.Paulo - 5/11/
vo1v i men t i s ta d o pa T s,pa ra a 1973.
qua1 o In d i o ê vi s t o como u m es - 2 4- Carlos de Araújo Moreira Ne-
torvo ao progre sso nacional .En - to in "La Situación dei Indí
tre tan to "a que s tão do i nd i o -co gena en América Del Sur" -
mo af i rma o an t ropõ logo Rob er to Montevideo - üruguay - 1972-
da Mata,D i retor de Ant ropol ogia pâg.404.
do Museu Nac i on ál - deve se r co- 25- O Estado de S.Paulo - 9/5/71
locada de ou t ra man e i ra,ou sej a: 26- Veja - 28/2/1973.
como o de senvo1 v i me nto bras i 1 e i - 27- O Estado de S.Paulo - 28/3/
ro poderá benef icia r os gru pos 1972.
tribais q ue v i v em e m ter r i t õr i o 28- O Estado de S.Paulo - 19/4/
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10- O Globo - 19/7/1971. 1971.
11- Jornal do Brasil - 15/ll/73# 44- Correio Brasiliense - 8/12/
4 12- Visão - 25/4/1971. 1971.
13- Gonçalves Dias,Antônio - Os 45- Veja - 5/4/1972.
Tymbiras,canto III.
46- O Estado de S.Paulo - 3/10/
14- Jornal da Tarde - 8/12/1971.
15- O Estado de S.Paulo - 26/10/ 1971.
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JLG- O Estado de S.Paulo - 8/8/72 1973.
17- O Estado de S.Paulo - 15/8/ 48- O Estado de S.Paulo - 21/11/
-
38
100- O Estado de S.Paulo - 20/8/
.1972. _
101- Adalberto Holanda Pereira -
"Questões de Aculturação"in
Essa Onça - Universidade Fe
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§18.
102- O Estado de S.Paulo - 29/4/
1973.
39