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APOSTILA

PREPARATÓRIA

MPU

MINISTÉRIO PÚBLICO
DA UNIÃO | MPU

TÉCNICO ADMINISTRATIVO
LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU E AO CNMP
LÍNGUA PORTUGUESA
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
RACIOCÍNIO LÓGICO
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

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MINISTÉRIO PÚBLICO
DA UNIÃO

Legislação Aplicada ao MPU e ao CNMP


Língua Portuguesa
Informática
Ética do Serviço Público
Raciocínio Lógico
Direito Constitucional
Noções de Direito Administrativo
Administração
Administração de Recursos Materiais
2016 FOCUS CONCURSOS
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. Proibida a reprodução
de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, por quaisquer
meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, reprográficos, microfílmicos, fotográfi-
cos, gráficos e outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às características gráfi-
cas.

APOSTILA PREPARATÓRIA PARA CONCURSO DE TÉCNICO DO MPU


Organizadores:

Vitor Matheus Krewer , Marcelo Adriano Ferreira

DIRETORIA EXECUTIVA
Evaldo Roberto da Silva
Ruy Wagner Astrath

PRODUÇÃO EDITORIAL
Vítor Matheus Krewer
05
DIAGRAMAÇÃO
Liora Vanessa Coutinho

CAPA/ILUSTRAÇÃO
Rafael Lutinski

DIREÇÃO EDITORIAL
Marcelo Adriano Ferreira

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Vitor Matheus Krewer
Marcelo Adriano Ferreira
Daniel Sena

REVISÃO
Vítor Matheus Krewer

Técnico do MPU

NÍVEL MÉDIO
Conhecimentos Gerais e Específicos

Publicado em Junho/2016
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno, dar tudo que verá aqui e compreender bem.
Desejamos que todo esse esforço se transforme em
Este material foi concebido para que você tivesse questões corretas e aprovações em concursos.
a oportunidade de entrar em contato com os conteú-
dos necessários para realizar a prova do seu concurso. Bons estudos!
Muito esforço foi empregado para que fosse possível
chegar à síntese de conteúdos que aqui está proposta.
Na verdade, esse material é o resultado do trabalho
dos escritores que se dedicam – há bastante tempo – à
preparação de candidatos para a realização de concur-
sos públicos.
A sugestão é que você faça um estudo sistemáti-
co com o que está neste livro. Dito de outra maneira:
você não deve pular partes deste material, pois há uma
ideia de unicidade entre tudo que está aqui publicado.
Cada exercício, cada capítulo, cada parágrafo, cada li-
nha dos textos será fundamental (serão fundamentais
em sua coletividade) para que sua preparação seja ple-
na.
Caso o seu objetivo seja a aprovação em um con-
curso público, saiba que partilhamos desse mesmo ob-
jetivo. Nosso sucesso depende necessariamente do seu
sucesso! Por isso, desejamos muita força, concentração
e disciplina para que você possa “zerar” os conteúdos
aqui apresentados, ou seja, para que você possa estu-

PROFESSOR
Pablo Jamilk
PROPOSTA DA APOSTILA PARA O CONCURSO DE TÉCNICO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
O presente material tem como objetivo preparar candidatos para o certame do MPU.
Com a finalidade de permitir um estudo autodidata, na confecção do material foram utilizados diversos
recursos didáticos, dentre eles, Dicas e Gráficos. Assim, o estudo torna-se agradável, com maior absorção dos
assuntos lecio-nados, sem, contudo, perder de vista a finalidade de um material didático, qual seja uma preparação
rápida, prática e objetiva.
O presente material tem como objetivo o cargo de Técnico do Ministério Público da União, conforme o
último edital publicado em 2013:

Conhecimentos Básicos e Específicos

Legislação Aplicada ao MPU e ao CNMP e alterações: regime disciplinar (deveres e proibições,


Ministério Público da União. Lei Orgânica do Ministério acumulação, responsabilidades, penalidades) Lei nº
Público da União (Lei Complementar nº 75/1993). Perfil 8.429/1992: das disposições gerais, dos atos de improbi-
constitucional do Ministério Público e suas funções ins- dade administrativa.
titucionais. Conceito. Princípios institucionais. Os vários
Ministérios Públicos. O Procurador-Geral da República: Raciocínio Lógico
requisitos para a investidura e procedimento de desti- Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias,
tuição. Membros: ingresso na carreira, promoção, apo- inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial
sentadoria, garantias, prerrogativas e vedações. Conse- (ou proposicional). Proposições simples e compostas.
lho Nacional do Ministério Público (CNMP). Composição. Tabelasverdade. Equivalências. Leis de De Morgan. Dia-
Atribuições constitucionais. gramas lógicos. Lógica de primeira ordem. Princípios
de contagem e probabilidade. Operações com conjuntos.
Língua Portuguesa Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, ge-
Compreensão e interpretação de textos, Tipologia textu- ométricos e matriciais.
al, Ortografia oficial. Acentuação gráfica, Emprego das
classes de palavras, Emprego/correlação de tempos e Direito Constitucional
modos verbais, Emprego do sinal indicativo de crase, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 09
Sintaxe da oração e do período. Pontuação. Concordância Emendas Constitucionais e Emendas Constitucionais de
nominal e verbal. Regência nominal e verbal. Significa- Revisão: princípios fundamentais. Aplicabilidade das
ção das palavras. Redação de Correspondências oficiais normas constitucionais: normas de eficácia plena, conti-
(conforme Manual de Redação da Presidência da Repú- da e limitada; normas programáticas. Direitos e garantias
blica). Adequação da linguagem ao tipo de documento. fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos;
Adequação do formato do texto ao gênero. direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos polí-
ticos. Organização político-administrativa: das compe-
Informática tências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Win- Administração Pública: disposições gerais; servidores
dows). Edição de textos, planilhas e apresentações (am- públicos. Poder Judiciário: disposições gerais; Supremo
biente LibreOffice). Redes de computadores. Conceitos Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; Superior
básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Tribunal de Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juí-
Internet e intranet. Programas de navegação (Microsoft zes Federais; Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais
Internet Explorer, Mozilla Firefox, Google Chrome e si- e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribu-
milares). Programas de correio eletrônico (Outlook Ex- nais e Juízes dos Estados. Funções essenciais à Justiça:
press, Mozilla Thunderbird e similares). Sítios de busca do Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e
e pesquisa na Internet. Grupos de discussão. Redes so- da Defensoria Pública.
ciais. Computação na nuvem (cloud computing). Concei-
tos de organização e de gerenciamento de informações, Noções de Direito Administrativo
arquivos, pastas e programas. Segurança da informação. Noções de organização administrativa. Administração
Procedimentos de segurança. Noções de vírus, worms e direta e indireta, centralizada e descentralizada. Ato ad-
pragas virtuais. Aplicativos para segurança (antivírus, ministrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação
firewall, anti-spyware etc.). Procedimentos de backup. e espécies. Agentes públicos. Espécies e classificação.
Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage). Cargo, emprego e função públicos. Poderes administra-
tivos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia.
Ética no Serviço Público Uso e abuso do poder. Licitação. Princípios, dispensa e
Ética e moral. Ética, princípios e valores. Ética e demo- inexigibilidade. Modalidades. Lei nº 8.666/1993. Controle
cracia: exercício da cidadania. Ética e função pública. e responsabilização da administração. Controles admi-
Ética no Setor Público. Código de Ética Profissional do nistrativo, judicial e legislativo. Responsabilidade civil
Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994). Lei nº 8.112/1990 do Estado.
Administração
Noções de administração. Abordagens clássica, buro-
crática e sistêmica da administração. Evolução da ad-
ministração pública no Brasil após 1930. 1.2.1 Reformas
administrativas. A nova gestão pública. Processo admi-
nistrativo. Funções da administração: planejamento, or-
ganização, direção e controle. Estrutura organizacional.
Cultura organizacional. Gestão de pessoas. Equilíbrio
organizacional. Objetivos, desafios e características da
gestão de pessoas. Comportamento organizacional: re-
lações indivíduo/organização, motivação, liderança, de-
sempenho. Gestão da qualidade e modelo de excelência
gerencial. Principais teóricos e suas contribuições para a
gestão da qualidade. Ciclo PDCA. Ferramentas de gestão
da qualidade. Modelo do gespublica. Noções de gestão de
processos: técnicas de mapeamento, análise e melhoria
de processos. Legislação administrativa. Administração
direta, indireta, e funcional. Atos administrativos. Requi-
sição. Regime jurídico dos servidores públicos federais:
admissão, demissão, concurso público, estágio probató-
rio, vencimento básico, licença, aposentadoria. Noções de
arquivologia. Arquivística: princípios e conceitos. Legis-
lação arquivística. Gestão de documentos. Protocolos: re-
cebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição
de documentos. Classificação de documentos de arquivo.
Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo.
Tabela de temporalidade de documentos de arquivo.
Acondicionamento e armazenamento de documentos de
arquivo. Preservação e conservação de documentos de
arquivo.
10
Administração de Recursos Materiais
Classificação de materiais. Atributos para classificação
de materiais. Tipos de classificação. Metodologia de
cálculo da curva ABC. Gestão de estoques. Compras. Or-
ganização do setor de compras. Etapas do processo. Per-
fil do comprador. Modalidades de compra. Cadastro de
fornecedores. Compras no setor público. Objeto de lici-
tação. Edital de licitação. Recebimento e armazenagem.
Entrada. Conferência. Objetivos da armazenagem. Crité-
rios e técnicas de armazenagem. Arranjo físico (leiaute).
Distribuição de materiais. Características das modalida-
des de transporte. Estrutura para distribuição. Gestão
patrimonial. Tombamento de bens. Controle de bens. In-
ventário. Alienação de bens. Alterações e baixa de bens.
LEGISLAÇÃO APLICADA
AO MPU E CNMP
PROFESSOR
Tiago Zanolla
Professor de Ética no Serviço Público, Co-nheci-
mentos Bancários e Direito Regimental. Formado em
Engenharia de Produção pela Universidade Pan-A-
mericana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de
Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Para-
ná. Envolvido com concursos públicos desde 2009 é
professor em diversos estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
Como Estudar Legislação Específica....................................................................................................................................................................................................15

1. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO.................................................................................................................................................. 15


Conceito...........................................................................................................................................................................................................................................................15
Princípios Institucionais...........................................................................................................................................................................................................................15
Autonomia Institucional...........................................................................................................................................................................................................................16
Ramificações do Ministério Público da União.................................................................................................................................................................................17

2. O PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA................................................................................................................................... 17


Procurador-Geral do Trabalho...............................................................................................................................................................................................................18
Procurador-Geral da Justiça Militar....................................................................................................................................................................................................19
Procurador-Geral de Justiça..................................................................................................................................................................................................................20

3. MEMBROS: INGRESSO NA CARREIRA, PROMOÇÃO, APOSENTADORIA, GARANTIAS, PRERROGATIVAS E


VEDAÇÕES..................................................................................................................................................................................................... 21
Ingresso............................................................................................................................................................................................................................................................21
Promoção.........................................................................................................................................................................................................................................................21
Aposentadoria...............................................................................................................................................................................................................................................21
Garantias........................................................................................................................................................................................................................................................ 22
Prerrogativas................................................................................................................................................................................................................................................ 23
Vedações......................................................................................................................................................................................................................................................... 23

4. CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..............................................................................................................24


Composição.................................................................................................................................................................................................................................................... 24
Atribuições.................................................................................................................................................................................................................................................... 24
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 26

13
CAPÍTULO 01 - Ministério Público da União

Como Estudar Legislação Específica c. “defesa da ordem jurídica” - O Ministério


Público tem por missão histórica a defesa da or-
A cobrança de Legislação Específica em provas, por dem jurídica (em sentido amplo), tanto em sua
serem normas restritas ao órgão, tem sido cobrado abor- atuação como órgão agente (parte) como na qua-
dando o “texto de lei” e suas interpretações. Assim, ao lidade de órgão interveniente (custos legis).
vencermos os tópicos da ementa, teremos grande êxito d. “regime democrático” - A República Fede-
O Estatuto, como assim podemos chamar, nada mais rativa do Brasil, enquanto Estado Democrático
é que a lei que organiza e regulamenta as compe- de Direito, possui o Ministério Público como seu
tências internas do Ministério Público e traz, de eterno guardião. A partir disso, tem-se a extrema
forma mais detalhada, suas atribuições administrativas necessidade de instituição de garantias e prerro-
e jurisdicionais – que partem da Constituição Federal –, gativas para atuação independente de seus mem-
a fim de organizar e sistematizar esse rol de atribuições bros.
dos membros da instituição. e. “interesses sociais e individuais indisponí-
Via de regra a incidência de estatutos em provas gira veis” – Incumbe ao Ministério Público a defesa
em torno de 5 a 10% da pontuação total possível. O estudo do interesse público primário (interesse da socie-
com afinco pode render pontos preciosos na classifica- dade ou do indivíduo que necessita de proteção
ção. especial do Estado), que não se confunde com o
Assim, abordaremos de forma objetiva e sintética o interesse público secundário (interesse momen-
conteúdo, para que você tenha uma excelente desempe- tâneo do administrador público). Não lhe cabe,
nho em prova. portanto, a defesa de interesses meramente indi-
viduais (disponíveis).

1. MINISTÉRIO PÚBLICO DA Princípios Institucionais


UNIÃO
A teor do art.127, § 1º, da Constituição Federal são
Conceito princípios institucionais do Ministério Público a unidade,
a indivisibilidade e a independência funcional.
O Ministério Público é instituição permanente, essen- No mesmo sentido, é o artigos 4º da LC nº 75/93:
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
Art. 4º. São princípios institucionais do Ministério Públi-
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos co da União a unidade, a indivisibilidade e a independência 15
interesses sociais e individuais indisponíveis” (art.127, funcional.
caput, da Constituição Federal).
Este conceito é idêntico ao ventilado no artigo 1º da a. Unidade - todos os membros de um mesmo
Lei Complementar nº 75/93 (Lei Orgânica do MPU): Ministério Público integram um só órgão sob a
direção de um só chefe, visando a atingir as fi-
Art. 1º. O Ministério Público da União, organizado por
esta lei Complementar, é instituição permanente, essencial
nalidades institucionais como um todo único. A
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa atuação de cada membro corresponde à atuação
da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses so- do próprio órgão ministerial.
ciais e dos interesses individuais indisponíveis.
Impende observar que não há unidade administrati-
Façamos uma análise das principais características va entre órgãos de Ministérios Públicos diversos, confor-
do referido princípio: me dispõe o art. 185 da Lei Complementar nº 75/93:

a. “instituição permanente” - O Ministério Pú- Art. 185. É vedada a transferência ou aproveitamento


blico é órgão através do qual o Estado manifesta nos cargos do Ministério Público da União, mesmo de um
para outro de seus ramos.
sua soberania. É órgão estatal que tem por missão
a defesa do interesse público (primário). A partir
desta característica tem-se a vedação à edição de b. Indivisibilidade - os membros de um mes-
norma infraconstitucional que possa porventura mo Ministério Público podem ser substituídos uns
abolir os poderes conferidos à instituição. pelos outros sem que haja alteração subjetiva na
b. “essencial à função jurisdicional do Estado” atuação judicial ou extrajudicial. É corolário do
– Segundo a doutrina, cabe interpretação amplia- princípio da unidade.
tiva e restritiva. A instituição poderá atuar em
funções que não reivindicam prestação jurisdi- De acordo com este princípio, assim como não há
cional, tais como a promoção de inquéritos civis, unidade, não há indivisibilidade entre membros de Mi-
atuação em procedimentos de mediação e de ar- nistérios Públicos distintos.
bitragem, etc. No que tange a atuação judicial do
Ministério Público, esta se restringe às hipóteses c. Independência Funcional - consiste na li-
previstas em lei e quando o interesse público jus- berdade de atuação funcional de cada membro
tificar a sua intervenção. do Ministério Público. Não há hierarquia funcio-
LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU E CNMP

nal entre os membros do Ministério Público, mas destina apenas à instituição ministerial como um todo,
apenas hierarquia administrativa, com estrita ob- mas a todos os seus membros, enquanto agentes polí-
servância do princípio da legalidade. ticos.

d. Promotor Natural - O princípio do promotor Autonomia Administrativa e Financeira:


natural representa a impossibilidade de alguém
ser processado senão pelo órgão de atuação do A autonomia administrativa e financeira do Minis-
Ministério Público dotado de amplas garantias tério Público se evidencia, respectivamente, no disposto
pessoais e institucionais, de absoluta independên- nos §§ 2º e 3º do artigo 127 da CF/88 e nos artigos 22 e 23
cia e liberdade de convicção, com atribuições pre- da LC nº 75/93
viamente fixadas e conhecidas.
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,
Nesse sentido, tem-se que este veda designações ca- essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
suísticas de promotores de exceção, determinando que a interesses sociais e individuais indisponíveis.
atuação na defesa do interesse público recaia ao órgão (...)
ministerial previamente investido de atribuição legal. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia fun-
Trata-se, para grande parte da doutrina, de princípio cional e administrativa, podendo, observado o disposto no
art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de
institucional implícito. Assim, como não cabe juízo ou seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso
Tribunal de exceção (CF/88, art. 5°, XXXVII) e ninguém público de provas ou de provas e títulos, a política remu-
pode ser processado nem sentenciado senão pela autori- neratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua
dade competente (CF/88, art. 5º, LIII), deve ser preserva- organização e funcionamento.
§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orça-
da a atuação do promotor natural. mentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
A sua matriz constitucional assenta-se no princípio orçamentárias.
da independência funcional e na garantia da inamovi-
bilidade. Nesse sentido, os §§ 4º e 5º do artigo 127 da CF/88
dispõem acerca da inobservância do prazo e dos limites
Autonomia Institucional impostos pela lei de diretrizes orçamentárias:

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,


Nos termos dos arts.127 e seguintes da Constituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
Federal, a autonomia institucional abrange a autonomia a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
16
funcional, a autonomia administrativa e financeira, bem interesses sociais e individuais indisponíveis.
assim a iniciativa do processo legislativo. (...)
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
O Ministério Público é órgão constitucional indepen- proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei
dente, deixando de ser um mero apêndice do Poder Exe- de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
cutivo, razão pela qual a Constituição Federal, em seu para fins de consolidação da proposta orçamentária anual,
art.127, lhe assegurou a condição de instituição perma- os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados
de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.
nente, essencial à função jurisdicional do Estado. § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo
A partir disso, a autonomia funcional resta assegu- for encaminhada em desacordo com os limites estipulados
rada no § 2º do artigo 127 da CF/88 e no artigo 22 da Lei na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
Complementar n° 75/93: necessários para fins de consolidação da proposta orçamen-
tária anual.
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe Iniciativa do Processo Legislativo:
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.
(...) Trata-se de corolário da autonomia funcional, admi-
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia fun- nistrativa e financeira do Ministério Público.
cional e administrativa, podendo, observado o disposto no Nos termos do art.127, §2º da Constituição Federal,
art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de incumbe ao Ministério Público a edição de lei (lei ordi-
seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso
público de provas ou de provas e títulos, a política remu- nária) sobre criação e extinção de seus cargos e serviços
neratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua auxiliares, a política remuneratória e os planos de car-
organização e funcionamento. reira.
Art. 22. Ao Ministério Público da União é assegurada au- Neste sentido, é o artigo 22, inciso I, da Lei Comple-
tonomia funcional, administrativa e financeira, cabendo-lhe:
I - propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de mentar nº 75/93:
seus cargos e serviços auxiliares, bem como a fixação dos
vencimentos de seus membros e servidores; Art. 22. Ao Ministério Público da União é assegurada au-
II - prover os cargos de suas carreiras e dos serviços tonomia funcional, administrativa e financeira, cabendo-lhe:
auxiliares; I - propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de
III - organizar os serviços auxiliares; seus cargos e serviços auxiliares, bem como a fixação dos
IV - praticar atos próprios de gestão. vencimentos de seus membros e servidores;

Impende observar que a autonomia funcional não se Além disso, leis complementares da União e dos Es-
tados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procu-
CAPÍTULO 02 - O Procurador Geral da República

radores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribui- é assegurada autonomia funcional, admi-


ções e o estatuto de cada Ministério Público (art.128, § 5º nistrativa e financeira, cabendo-lhe:
da Constituição Federal).
I - propor ao Poder Legislativo a cria-
Por outro lado, tem-se a iniciativa concorrente entre
o Presidente da República e o Procurador-Geral da Re- ção e extinção de seus cargos e serviços
pública para leis que disponham sobre a organização do auxiliares, bem como a fixação dos venci-
MPU (artigos 61, § 1º, inciso II, alínea “d” e 128, § 5º, da mentos de seus membros e servidores;
CF/88):

Art. 128. O Ministério Público abrange:


(...) 2. O PROCURADOR GERAL DA
§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, REPÚBLICA
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de
cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros:
O Procurador-Geral da República é o chefe do Minis-
tério Público da União e do Ministério Público Federal,
Acrescente-se ainda, que é de iniciativa exclusiva do por força, respectivamente, dos artigos 128, § 1º, da CF/88
Procurador-Geral da República a criação de leis que dis- e 25, caput e 45 da LC nº 75/93:
ponham sobre o estatuto e as atribuições específicas do
Art. 128. O Ministério Público abrange:
MPU, sob pena de afronta à autonomia institucional e §1º. “O Ministério Público da União tem por chefe o Pro-
administrativa. curador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da
República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta
e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
Ramificações do Ministério Público da absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de
União dois anos, permitida a recondução”
Art. 45. O Procurador-Geral da República é o Chefe do
Ministério Público Federal.
Nos termos do art.128, caput da Constituição Federal,
o Ministério Público abrange: Nomeação:
Art. 128. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende: Nos termos do art.128, §1º da Constituição Federal,
a) o Ministério Público Federal; poderá ser Procurador-Geral da República, membro do 17
b) o Ministério Público do Trabalho; Ministério Público Federal nomeado pelo Presidente da
c) o Ministério Público Militar;
República dentre integrantes da carreira, maiores de
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela
maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
Da mesma forma, dispõe o artigo 24, I a IV, da Lei
mandato de dois anos, permitida a recondução.
Complementar nº 75/93:
Neste sentido, é o disposto no art.25, caput, da Lei
Art. 24. O Ministério Público da União compreende: Complementar nº 75/93:
I - O Ministério Público Federal;
II - o Ministério Público do Trabalho; Art. 25. O Procurador-Geral da República é o chefe do
III - o Ministério Público Militar; Ministério Público da União, nomeado pelo Presidente da
IV - o Ministério Público do Distrito Federal e Territó- República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e
rios. cinco anos, permitida a recondução precedida de nova deci-
são do Senado Federal.
Veja como é cobrado em provas:

Questão Comentada Destituição:

(CESPE – 2010 – MPU) A destituição do Procurador-Geral da República, por


No exercício de sua autonomia funcional, ad- iniciativa do Presidente da República, deverá ser pre-
ministrativa e financeira, cabe ao MPU propor ao cedida de autorização da maioria absoluta do Senado
Poder Legislativo a criação e a extinção de seus Federal, conforme dispõe o art.128, §2º da Constituição
cargos, assim como a fixação dos vencimentos dos Federal.
seus membros e servidores. Tal procedimento também se encontra previsto no
art.25, parágrafo único da Lei Complementar nº 75/93:
Gabarito: Correto
Art. 25. O Procurador-Geral da República é o chefe do
Ministério Público da União, nomeado pelo Presidente da
República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e
cinco anos, permitida a recondução precedida de nova deci-
Comentário: Segundo a Lei com- são do Senado Federal.
(...)
plementar 75:
Parágrafo único. A exoneração, de ofício, do Procurador-
Art. 22. Ao Ministério Público da União -Geral da República, por iniciativa do Presidente da Repúbli-
LÍNGUA
PORTUGUESA
PROFESSOR
Pablo Jamilk
Professor de Língua Portuguesa, Redação e Redação
Oficial. Formado em Letras pela Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. Mestre em Letras pela Universida-
de Estadual do Oeste do Paraná. Doutorando em Letras
pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Espe-
cialista em concursos públicos, é professor em diversos
estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. COMO ESTUDAR LÍNGUA PORTUGUESA................................................................................................................................... 31
Introdução...................................................................................................................................................................................................................................................... 31
Morfologia: classes de palavras............................................................................................................................................................................................................ 31
Artigo............................................................................................................................................................................................................................................................... 31
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 32

2. MORFOLOGIA..........................................................................................................................................................................................32
Adjetivo........................................................................................................................................................................................................................................................... 32
Classificação Quanto ao Sentido........................................................................................................................................................................................................... 32
Classificação Quanto à Expressão........................................................................................................................................................................................................ 32
Adjetivo x Locução Adjetiva................................................................................................................................................................................................................... 32
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 35
Advérbio......................................................................................................................................................................................................................................................... 35
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 35
Conjunção....................................................................................................................................................................................................................................................... 36
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 36
Preposição...................................................................................................................................................................................................................................................... 37
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 37
Pronome.......................................................................................................................................................................................................................................................... 37
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 40
Substantivo.................................................................................................................................................................................................................................................... 40

3. SINTAXE.....................................................................................................................................................................................................42
Sujeito.............................................................................................................................................................................................................................................................. 43
Predicado........................................................................................................................................................................................................................................................ 44
Termos Integrantes.................................................................................................................................................................................................................................... 44
Vozes Verbais................................................................................................................................................................................................................................................ 44
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 45
Tempos e Modos verbais.......................................................................................................................................................................................................................... 45
Formas Nominais do Verbo..................................................................................................................................................................................................................... 46
Complementos Verbais............................................................................................................................................................................................................................. 46
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 47

4. ACENTUAÇÃO GRÁFICA....................................................................................................................................................................48 29
Antecedentes................................................................................................................................................................................................................................................. 48
Encontros vocálicos.................................................................................................................................................................................................................................... 48
Regras de Acentuação............................................................................................................................................................................................................................... 48
Alterações do Novo Acordo Ortográfico............................................................................................................................................................................................ 49
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 49

5. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL .....................................................................................................................................50


Conceituação................................................................................................................................................................................................................................................. 50
Concordância Verbal................................................................................................................................................................................................................................. 50
Regras com Verbos Impessoais............................................................................................................................................................................................................. 5 1
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 5 1
Concordância Nominal............................................................................................................................................................................................................................. 52
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 53

6. CRASE.........................................................................................................................................................................................................53
Casos Proibitivos......................................................................................................................................................................................................................................... 54
Casos Obrigatórios..................................................................................................................................................................................................................................... 54
Casos Facultativos....................................................................................................................................................................................................................................... 55
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 55

7. COLOCAÇÃO PRONOMINAL..............................................................................................................................................................56
Posições dos Pronomes – Casos de Colocação ............................................................................................................................................................................... 56
Colocação Facultativa................................................................................................................................................................................................................................ 57
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 57

8. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL ..................................................................................................................................................58


Principais Casos de Regência Verbal: ............................................................................................................................................................................................... 58
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 59
Regência Nominal....................................................................................................................................................................................................................................... 61
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 61

9. PONTUAÇÃO ........................................................................................................................................................................................... 61
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 62
Ponto Final – Pausa Total......................................................................................................................................................................................................................... 63
Ponto-e-Vírgula – Pausa Maior do que uma Vírgula e Menor do que um Ponto Final.................................................................................................. 63
SUMÁRIO

Dois-Pontos – Indicam Algum Tipo de Apresentação ................................................................................................................................................................. 63


Aspas – Indicativo de Destaque. .......................................................................................................................................................................................................... 64
Reticências (...).............................................................................................................................................................................................................................................. 64
Parênteses...................................................................................................................................................................................................................................................... 64
Travessão........................................................................................................................................................................................................................................................ 64
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 64

10. ORTOGRAFIA.........................................................................................................................................................................................65
Definição......................................................................................................................................................................................................................................................... 65
Emprego de “E” e “I”................................................................................................................................................................................................................................... 65
Empregaremos o “I”................................................................................................................................................................................................................................... 65
Orientações sobre a Grafia do Fonema /S/...................................................................................................................................................................................... 66
Emprego do SC............................................................................................................................................................................................................................................. 66
Grafia da Letra “S” com Som de “Z”..................................................................................................................................................................................................... 67
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 67

11. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS........................................................................................................................................................68


Tipologia Textual......................................................................................................................................................................................................................................... 68
Texto Narrativo............................................................................................................................................................................................................................................ 68
Texto Descritivo:.......................................................................................................................................................................................................................................... 68
Texto Dissertativo....................................................................................................................................................................................................................................... 68
Leitura e Interpretação de Textos........................................................................................................................................................................................................ 68
Vícios de Leitura.......................................................................................................................................................................................................................................... 69
Organização Leitora................................................................................................................................................................................................................................... 69

12. ESTILÍSTICA: FIGURAS DE LINGUAGEM.................................................................................................................................. 71


Figuras de Linguagem.............................................................................................................................................................................................................................. 7 1
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 72

13. REESCRITURA DE SENTENÇAS ...................................................................................................................................................72


Substituição................................................................................................................................................................................................................................................... 72
Deslocamento................................................................................................................................................................................................................................................ 73
Paralelismo.................................................................................................................................................................................................................................................... 73
Variação Linguística.................................................................................................................................................................................................................................. 74
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 74
30
14. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS....................................................................................................................................................76
Campo Semântico....................................................................................................................................................................................................................................... 76
Sinonímia e Antonímia............................................................................................................................................................................................................................. 76
Hiperonímia e Hiponímia........................................................................................................................................................................................................................ 76
Homonímia e Paronímia.......................................................................................................................................................................................................................... 76
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 84

15. REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS..........................................................................................................................................92


OFICIAIS.........................................................................................................................................................................................................92
Aspectos da Correspondência Oficial................................................................................................................................................................................................. 92
Documentos Norteadores da Comunicação Oficial....................................................................................................................................................................... 93
Os Vocativos e Pronomes de Tratamento Mais Utilizados......................................................................................................................................................... 94
Concordância dos Termos Relacionados aos Pronomes de Tratamento.............................................................................................................................. 95
Os Fechos Adequados para Cada Correspondência..................................................................................................................................................................... 95
Identificação do Signatário..................................................................................................................................................................................................................... 95
Normas Gerais para Elaboração para Documentos Oficiais..................................................................................................................................................... 96
Destaques....................................................................................................................................................................................................................................................... 96
Documentos .................................................................................................................................................................................................................................................. 99
Aviso................................................................................................................................................................................................................................................................. 99
Ofício................................................................................................................................................................................................................................................................ 100
Memorando................................................................................................................................................................................................................................................... 100
Requerimento............................................................................................................................................................................................................................................... 100
Ata..................................................................................................................................................................................................................................................................... 101
Parecer............................................................................................................................................................................................................................................................ 101
Atestado.......................................................................................................................................................................................................................................................... 102
Certidão........................................................................................................................................................................................................................................................... 102
Apostila........................................................................................................................................................................................................................................................... 102
Declaração...................................................................................................................................................................................................................................................... 103
Portaria .......................................................................................................................................................................................................................................................... 103
Telegrama....................................................................................................................................................................................................................................................... 104
Exposição de Motivos................................................................................................................................................................................................................................ 104
Mensagem...................................................................................................................................................................................................................................................... 106
Fax..................................................................................................................................................................................................................................................................... 106
Correio Eletrônico....................................................................................................................................................................................................................................... 107
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 107
CAPÍTULO 01 - Como Estudar Língua Portuguesa

1. COMO ESTUDAR LÍNGUA mais simples para construir uma base sólida para a re-
flexão sobre a Língua Portuguesa.
PORTUGUESA
Artigo: termo que particulariza um substantivo.
Introdução Ex.: o, a, um, uma.

A parte inicial desse material se volta para a orienta- Adjetivo: termo que qualifica, caracteriza ou indica
ção a respeito de como estudar os conteúdos dessa dis- a origem de outro.
ciplina. É preciso que você faça todos os apontamentos Ex.: interessante, quadrado, alemão.
necessários, a fim de que sua estratégia de estudo seja
produtiva. Vamos ao trabalho! Advérbio: termo que imprime uma circunstância
Teoria: recomendo que você estude teoria em 30 % sobre verbo, adjetivo ou advérbio.
do seu tempo de estudo. Quer dizer: leia e decore as re- Ex.: mal, bem, velozmente.
gras gramaticais.
Prática: recomendo que você faça exercícios em Conjunção: termo de função conectiva que pode
40% do seu tempo de estudo. Quem quer passar tem que criar relações de sentido.
conhecer o inimigo, ou seja, a prova. Ex.: mas, que, embora.
Leitura: recomendo que você use os outros 30% para
a leitura de textos de natureza variada. Assim, não terá Interjeição: termo que indica um estado emotivo
problemas com interpretação na prova. momentâneo.
Ex.: Ai! Ufa! Eita!
Níveis de Análise da Língua:
Numeral: termo que indica quantidade, posição,
Fonético / Fonológico: parte da análise que estuda multiplicação ou fração.
os sons, sua emissão e articulação. Ex.: sete, quarto, décuplo, terço.
Morfológico: parte da análise que estuda a estrutu-
ra e a classificação das palavras. Preposição: termo de natureza conectiva que im-
Sintático: parte da análise que estuda a função das prime uma relação de regência.
palavras em uma sentença. Ex.: a, de, em, para.
Semântico: parte da análise que investiga o signifi-
cado dos termos. Pronome: termo que retoma ou substitui outro no 31
Pragmático: parte da análise que estuda o sentido texto.
que a expressões assumem em um contexto. Ex.: cujo, lhe, me, ele.

Substantivo: termo que nomeia seres, ações ou


Exemplos: anote os termos da conceitos da língua.
análise. Ex.: pedra, Jonas, fé, humanidade.
O aluno fez a prova.
Verbo: termo que indica ação, estado, mudança de
estado ou fenômeno natural e pode ser conjugado.
Morfologicamente falando, temos a se- Ex.: ler, parecer, ficar, esquentar.
guinte análise:
O = artigo. A partir de agora, estudaremos esses termos mais
pontualmente. Apesar disso, já posso antecipar que os
Aluno = substantivo.
conteúdos mais importantes e mais cobrados em concur-
Fez = verbo. sos são: advérbios, conjunções, preposições, pronomes e
A = artigo. verbos.
Prova = substantivo.
Artigo
Sintaticamente falando, temos a se-
Termo que define ou indefine um substantivo, par-
guinte análise: ticularizando-o de alguma forma. Trata-se da partícula
O aluno = sujeito. gramatical que precede um substantivo.
Fez a prova = predicado verbal.
A prova = objeto direto. Classificação:
• Definidos: o, a, os, as.
• Indefinidos: um, uma, uns, umas.

Morfologia: classes de palavras


Iniciemos o nosso estudo pela Morfologia. Assim, é
LÍNGUA PORTUGUESA

Emprego do Artigo: dica a origem de outro”. Vejamos os exemplos:

1 – Definição ou indefinição de termo. • Casa vermelha.


Ex.: Ontem, eu vi o aluno da Sandra. • Pessoa eficiente.
Ex.: Ontem, eu vi um aluno da Sandra. • Caneta alemã.

2 – Substantivação de termo: Veja que “vermelha” indica a característica da casa;


Ex.: O falar de Juliana é algo que me encanta. “eficiente” indica uma qualidade da pessoa; e “alemã”
indica a origem da caneta. No estudo dos adjetivos, o
3 – Generalização de termo (ausência do arti- mais importante é identificar seu sentido e sua classi-
go) ficação.
Ex.: O aluno gosta de estudar.
Ex.: Aluno gosta de estudar. Classificação Quanto ao Sentido
4 – Emprego com “todo”: Restritivo: adjetivo que exprime característica que
Ex.: O evento ocorreu em toda cidade. não faz parte do substantivo, portanto restringe o seu
Ex.: O evento ocorreu em toda a cidade. sentido.

5 – Como termo de realce:


Ex.: Aquela menina é “a” dentista. Exemplos: cachorro inteligente,
menina dedicada.
Observação: mudança de sentido pela flexão:
Ex.: O caixa / A caixa. Explicativo: adjetivo que exprime característica
Ex.: O cobra / A cobra. que já faz parte do substantivo, portanto explica o seu
sentido.

Questões Gabaritadas Exemplos: treva escura, animal


(IBFC) Veja as três palavras que seguem. Com- mortal.
plete as lacunas com o artigo.___ púbis;___cal;__
32
mascote. Em concordância com o gênero das pala-
vras apresentadas, assinale abaixo a alternativa Classificação Quanto à Expressão
que completa, correta e respectivamente, as lacu-
nas. Objetivo: indica caraterística, não depende da sub-
jetividade.
a. o/a/a
b. a/a/o.
c. o/o/a Exemplo: Roupa verde.
d. a/o/o

Resposta: A Subjetivo: indica qualidade, depende de uma aná-


lise subjetiva.
(MB) Assinale a opção em que a palavra desta-
cada é um artigo. Exemplo: Menina interessante.
a. Foi a pé para casa. Gentílico: indica origem
b. O aluno fez a prova a lápis.
c. Chegamos a São Paulo no inverno.
d. Convidaram a mãe para as férias. Exemplo: Comida francesa.
e. Não a deixaram de fora da festa.

Resposta: D
Adjetivo x Locução Adjetiva
2. MORFOLOGIA Essencialmente, a distinção entre um adjetivo e uma
locução adjetiva está na formação desses elementos. Um
Adjetivo adjetivo possui apenas um termo, ao passo que a locução
adjetiva possui mais de um termo. Veja a diferença:
Podemos tomar como definição de adjetivo a seguinte
sentença “termo que qualifica, caracteriza ou in- Ela fez a sua leitura do dia.
Ela fez a sua leitura diária.
CAPÍTULO 02 - Morfologia

ADJETIVO LOCUÇÃO ADJETIVA D


A dedo digital

abdômen abdominal diamante diamantino, adamantino

abelha apícola dinheiro pecuniário

abutre vulturino E
açúcar sacarino elefante elefantino

águia aquilino enxofre sulfúrico

alma anímico esmeralda esmeraldino

aluno discente esposos esponsal

anjo angelical estômago estomacal, gástrico

ano anual estrela estelar

arcebispo arquiepiscopal F
aranha aracnídeo fábrica fabril
asno asinino face facial
audição ótico, auditivo falcão falconídeo

B farinha farináceo

baço esplênico fera ferino

bispo episcopal ferro férreo

boca bucal, oral fígado figadal, hepático

bode hircino filho filial

boi bovino fogo ígneo 33


bronze brônzeo, êneo frente frontal

C G
cabeça cefálico gado pecuário

cabelo capilar gafanhoto acrídeo

cabra caprino garganta gutural

campo campestre, bucólico ou rural gato felino

cão canino gelo glacial

carneiro arietino gesso típseo

Carlos Magno carolíngio guerra bélico

cavalo cavalar, equino, equídeo ou hí- H


pico
homem viril, humano
chumbo plúmbeo
I
chuva pluvial
idade etário
cidade citadino, urbano
ilha insular
cinza cinéreo
irmão fraternal
coelho cunicular
intestino celíaco, entérico
cobra viperino, ofídico
inverno hibernal, invernal
cobre cúprico
irmão fraternal, fraterno
coração cardíaco, cordial
J
crânio craniano
junho junino
criança pueril, infantil
LÍNGUA PORTUGUESA

L pântano palustre

laringe laríngeo pato anserino

leão leonino pedra pétreo

lebre leporino peixe písceo ou ictíaco

leite lácteo, láctico pele epidérmico, cutâneo

lobo lupino pescoço cervical

lua lunar, selênico pombo colombino

M porco suíno, porcino

macaco simiesco, símio, macacal prata argênteo ou argentino

madeira lígneo predador predatório

mãe maternal, materno professor docente

manhã matutino, matinal prosa prosaico

mar marítimo proteína protéico

marfim ebúrneo, ebóreo pulmão pulmonar

mármore marmóreo pus purulento

memória mnemônico Q
mestre magistral quadris ciático

moeda monetário, numismático R


monge monacal, monástico raposa vulpino

morte mortífero, mortal, letal rio fluvial

34 N rato murino

nádegas glúteo rim renal

nariz nasal rio fluvial

neve níveo, nival rocha rupestre

noite noturno S
norte setentrional, boreal selo filatélico

nuca occipital serpente viperino, ofídico

núcleo nucleico selva silvestre

O sintaxe sintático

olho ocular, óptico, oftálmico sonho onírico

orelha auricular sul meridional, austral

osso ósseo T
ouro áureo tarde vesperal, vespertino

outono outonal terra telúrico, terrestre ou terreno

ouvido ótico terremotos sísmico

ovelha ovino tecido têxtil

P tórax torácico

paixão passional touro taurino

pai paternal, paterno trigo tritício

paixão passional U
pâncreas pancreático umbigo umbilical
CAPÍTULO 02 - Morfologia

urso ursino
tante saber reconhecer os advérbios em uma sentença,
portanto anote esses exemplos e acompanhe a análise.
V
vaca vacum
• Verbo.
• Adjetivo.
veia venoso • Advérbio.
velho senil
Categorias adverbiais: essas categorias resumem
vento eóleo, eólico os tipos de advérbio, mas não essencialmente todos os
verão estival sentidos adverbiais.
víbora viperino
• Afirmação: sim, certamente, claramente
vidro vítreo ou hialino etc.
• Negação: não, nunca, jamais, absolutamen-
virgem virginal
te.
virilha inguinal • Dúvida: quiçá, talvez, será, tomara.
visão óptico ou ótico
• Tempo: agora, antes, depois, já, hoje, ontem.
• Lugar: aqui, ali, lá, acolá, aquém, longe.
vontade volitivo • Modo: bem, mal, depressa, debalde, rapida-
voz vocal mente.
• Intensidade: muito, pouco, demais, menos,
mais.
Cuidados importantes ao analisar um adjetivo:
• Interrogação: por que, como, quando,
• Pode haver mudança de sentido:
onde, aonde, donde.
• Homem pobre X Pobre homem.
• Designação: eis.
Na primeira expressão, a noção é de ser desprovido
de condições financeiras; na segunda, a ideia e de indiví- Advérbio x Locução Adverbial
duo de pouca sorte ou de destino ruim.
A distinção entre um advérbio e uma locução adver-
bial é igual à distinção entre um adjetivo e uma locução
Questões Gabaritadas adjetiva, ou seja, repousa sobre a quantidade de termos. 35
Enquanto só há um elemento em um advérbio; em uma
(CESGRANRIO) Em “Ele me observa, incrédu- locução adverbial, há mais de um elemento. Veja os
lo”, a palavra que substitui o termo destacado, exemplos:
sem haver alteração de sentido, é:
• Aqui, deixaremos a mala. (Advérbio)
a. feliz • Naquele lugar, deixaremos a mala. (Locução
b. inconsciente adverbial)
c. indignado • Sobre o móvel da mesa, deixaremos a mala.
d. cético (Locução adverbial)
e. furioso

Resposta: D Questões Gabaritadas

(VUNESP) Indique o verso em que ocorre um (FCC) Érico Veríssimo nasceu no Rio Grande
adjetivo antes e outro depois de um substantivo: do Sul (Cruz Alta) em 1905, de família de tradição
e fortuna que repentinamente perdeu o poderio
a. O que varia é o espírito que as sente econômico. O advérbio grifado na frase acima tem
b. Mas, se nesse vaivém tudo parece igual o sentido de:
c. Tons esquivos e trêmulos, nuanças
d. Homem inquieto e vão que não repousas! a. à revelia.
e. Dentro do eterno giro universal b. de súbito.
c. de imediato.
Resposta: E d. dia a dia.
e. na atualidade.

Resposta: B
Advérbio
(AOCP) A expressão destacada que NÃO indica
Trata-se de palavra invariável, que imprime uma cir- tempo é
cunstância sobre verbo, adjetivo ou advérbio. É impor-
LÍNGUA PORTUGUESA

a. “...mortes entre os jovens, especialmente nos DINADA SUBSTANTIVA.


países...”
b. “...Mais recentemente, me admiro com a co- Exemplos: É fundamental que o
ragem...”
país mude sua política.
c. “...diagnosticar precocemente doenças men-
tais.”
d. “...O que temos até então é um manual...” Maria não disse se faria a questão.
e. “...um milhão de pessoas morrem anualmen-
te...”
Adverbiais: Introduzem ORAÇÃO SUBORDINA-
Resposta: A DA ADVERBIAL.
São 9 tipos de conjunção:
Conjunção
• Causal: já que, uma vez que, como, porque.
Pode-se definir a conjunção como um termo invari- • Comparativa: como, tal qual, mais (do)
ável, de natureza conectiva que pode criar relações de que.
sentido (nexos) entre palavras ou orações. Usualmente, • Condicional: caso, se, desde que, contanto
as provas costumam cobrar as relações de sentido ex- que.
pressas pelas conjunções, desse modo, o recomendável • Conformativa: conforme, segundo, conso-
é empreender uma boa classificação e memorizar algu- ante.
mas tabelas de conjunção. • Consecutiva: tanto que, de modo que, de
sorte que.
Classificação das Conjunções • Concessiva: embora, ainda que, mesmo
que, apesar de que, conquanto.
Coordenativas • Final: para que, a fim de que, porque.
• Proporcional: à medida que, à proporção
Ligam termos sem dependência sintática. Isso quer que, ao passo que.
dizer que não desempenham função sintática uns em • Temporal: quando, sempre que, mal, logo
relação aos outros. que.

36
Exemplos: Machado escreveu con-
tos e poemas. Exemplos: Já que tinha dinheiro,
resolveu comprar a motocicleta.
Drummond escreveu poemas e entrou
para a história.
Questões Gabaritadas
(FCC) Ainda que já tivesse uma carreira solo
Categoria Conjunção Exemplo de sucesso [...], sentiu que era a hora de formar
seu próprio grupo. Outra redação para a frase aci-
Aditiva E, nem, não só... mas Pedro assistiu ao fil-
também, bem como, me e fez um comen- ma, iniciada por “Já tinha uma carreira...” e fiel ao
como também. tário logo após. sentido original, deve gerar o seguinte elo entre
as orações:
Adversativa Mas, porém, contu- A criança caiu no
do, entretanto, toda- chão, todavia não
via, no entanto. chorou. a. de maneira que.
b. por isso.
Alternativa Ou, ora...ora, quer... Ora Márcio estu-
c. mas.
quer, seja...seja. dava, ora escrevia
seus textos. d. embora.
e. desde que.
Conclusiva Logo, portanto, as- Mariana estava do-
sim, então, pois ente; não poderia
(após o verbo). vir, pois, ao baile. Resposta: C

Explicativa Que, porque, pois Traga o detergente,


(FCC) Segundo ele, a mudança climática con-
(antes do verbo), porque preciso la-
porquanto. var essa louça. tribuiu para a ruína dessa sociedade, uma vez
que eles dependiam muito dos reservatórios que
Subordinativas eram preenchidos pela chuva. A locução conjun-
tiva grifada na frase acima pode ser corretamente
Ligam termos com dependência sintática: substituída pela conjunção:
Integrantes: Introduzem uma ORAÇÃO SUBOR-
CAPÍTULO 02 - Morfologia

a. quando. Trás.
b. porquanto.
c. conquanto.
Acidentais
d. todavia.
e. contanto.
Salvo.
Resposta: B Exceto.

(FCC) Embora alguns desses senhores afortu- Mediante.


nados ocasionalmente emprestassem seus livros, Tirante.
eles o faziam para um número limitado de pes-
Segundo.
soas da própria classe ou família. Mantêm-se a
correção e as relações de sentido estabelecidas no Consoante.
texto, substituindo-se Embora (2º parágrafo) por

a. Contudo.
Questões Gabaritadas
b. Desde que.
(FJG) A preposição existente em “identificar
c. Porquanto.
uma mentira contada por e-mail” relaciona dois
d. Uma vez que
termos e estabelece entre eles determinada rela-
e. Conquanto.
ção de sentido. Essa mesma ideia está presente
em:
Resposta: E
a. As histórias que nascem por mãos humanas
Preposição são muitas vezes pura falsidade.
b. A pesquisa reforçou o que já se sabia: na
Trata-se de palavra invariável, com natureza tam- internet, frequentemente, se vende gato por lebre.
bém conectiva, que exprime uma relação de sentido. A c. Consumiu-o por semanas a curiosidade de
preposição possui uma característica interessante que é estar cara a cara com sua amiga virtual.
a de “ser convidada” para povoar a sentença, ou seja, ela d. Alguns deveriam ser severamente penaliza-
surge em uma relação de regência (exigência sintática). dos, por inventarem indignidades na rede. 37
A regência pode ser de duas naturezas:
• Verbal (quando a preposição é “convidada” Resposta: A
pelo verbo)
• Nominal (quando a preposição é “convida- (CEPERJ) “Cada um destes fatores constitui,
da” por substantivo, adjetivo ou advérbio) para as Nações Unidas, os desafios iminentes que
exigem respostas da humanidade” (7º parágrafo).
Nessa frase, a preposição “para” possui valor se-
Exemplo: O cidadão obedeceu ao mântico de:
comando. (Regência verbal)
a. conformidade
b. comparação
A necessidade de vitória o animava. c. finalidade
(Regência nominal) d. explicação
e. direção

Classificação Resposta: A

As preposições podem ser classificadas em: Pronome


Essenciais O conteúdo sobre pronomes é um dos mais impor-
tantes (senão o mais) dentro da parte relacionada à Mor-
A, ante, até, após, fologia. É muito comum haver questões que exijam sua
identificação, sua interpretação e sua análise funcional.
Com, contra,
Além disso, muitos examinadores gostam de cobrar as
De, desde, noções de “referenciação”, que – basicamente – significa
perceber a que elemento o pronome faz alusão.
Em, entre,
Por definição, pode-se dizer que o pronome é um ter-
Para, per, por, perante, mo que substitui ou retoma algo na sentença.
Sem, sob, sobre,
LÍNGUA PORTUGUESA

03. Função de adjunto:


Exemplo: Comprei um carro e ele
estragou logo depois. Exemplo: Ela levou-me as cane-
tas. (adjunto adnominal do termo “cane-
tas”)
Vamos iniciar uma classificação dos pronomes, a fim
de facilitar nosso estudo.
Emprego de “O, A e LHE”
Classificação
Esse conteúdo é muito frequente em provas de con-
• Pessoais; cursos, portanto convém entende-lo.
• De tratamento;
• Demonstrativo; O, A: termos diretos.
• Relativos; Retomam elementos não introduzidos por preposi-
• Interrogativos; ção.
• Indefinidos;
• Possessivos. Lhe: termo indireto.
Retoma elemento introduzido por preposição.
Pessoais

São os pronomes relacionados às pessoas do discurso: Exemplos: Minha irmã devolveu


a carta para Jonas.
1ª pessoa = Quem fala. Minha irmã a devolveu para Jonas.
2ª pessoa = Para quem se fala. Minha irmã lhe devolveu a carta.
3ª pessoa = Sobre quem se fala.
Minha irmã devolveu-lha.

Caso Reto Caso Oblíquo


Emprego de “O” e “A” na Ênclise
Átonos Tônicos
38
Eu Me Mim, comigo Nos estudos de Colocação Pronominal, um dos ca-
sos – a ênclise (pronome após o verbo) – exige especial
Tu Te Ti, contigo
atenção para a estrutura da sentença.
Ele, ela O, a, lhe, se Si, consigo Se a palavra terminar em R, S ou Z: use lo, la, los
ou las.
Nós Nos Nós, conosco

Vós Vos Vós, convosco Exemplos: Soltar o pensamento.


Eles, elas Os, as, lhes, se Si, consigo Soltá-lo.

Se a palavra terminar em ÃO, ÕE ou M: use no, na,


Funções Pronominais
nos ou nas.
A depender de como são empregados, os pronome
podem possuir diferentes funções sintáticas. Veja: Exemplos: Compram as roupas.
Compram-nas.
01. Função de sujeito:

Exemplo: Nós compramos o car- Pronome de Tratamento


ro. (sujeito do verbo “comprar”)
É o tipo de pronome empregado para criar algum
tipo de circunstância cerimoniosa. São exemplos de pro-
02. Função de complemento: nomes de tratamento:

Exemplo: Pegue a toalha e a tra- Exemplos: Vossa Senhoria.


ga aqui. (complemento do verbo “trazer”) Vossa Majestade.
Vossa Excelência.
CAPÍTULO 02 - Morfologia

Observação: há uma distinção de Exemplo: Nunca vi tal pessoa


emprego dos pronomes de tratamento que passando por aqui.
costuma ser alvo de questões.

Pronome Relativo
Vossa Excelência: para o tratamento direto com a
pessoa. É o tipo de pronome que promove uma relação entre:

Substantivo e verbo.
Exemplo: Vossa Excelência gos- Pronome e verbo.
taria de um rascunho? Substantivo e substantivo.
Pronome e substantivo.

Sua Excelência: para o tratamento não direto, ou Vejamos quais são os pronomes relativos da língua.
seja, quando se fala sobre a pessoa. Não esqueça de anotar as informações pertinentes a
cada pronome.
Exemplo: Eu falei a respeito de
Que:
Sua Excelência ontem, mas ele não ouviu.

Exemplo: A matéria de que gosto


Pronome Demonstrativo é Gramática.

Pronome que aponta para algo no espaço, no tempo


ou no texto. O qual:

Masculino Feminino Neutro Exemplo: Eis a mãe do menino, a


Este Esta Isto qual passou a noite comigo. 39
Esse Essa Isso

Aquele Aquela Aquilo Quem:

Exemplo: O indivíduo com quem


Exemplos: A saída para a crise é briguei sumiu.
esta: interromper a especulação.

Quanto:
Interromper a especulação: essa é a sa-
ída para a crise.
Exemplo: Ele fez tudo quanto
pôde.
Manuel e Jorge chegaram: este com
uma maçã; aquele com um pão.
Onde:

Outros Demonstrativos
Exemplo: O país onde ocorreu o
Olho vivo para esses pronomes, pois costumam apa- evento está em crise.
recer associados a pronomes relativos.

O / A (aquilo / aquela) Cujo:

Exemplo: Ele dirá o que for ver- Exemplo: Ele falou da pessoa
dade. cuja mãe surgiu anteriormente.

Tal / semelhante (permutáveis por outros demons-


trativos)
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Indefinidos prego do pronome pessoal segue a norma padrão.

Esses pronomes servem para esvaziar um referente. a. Manda ele fazer o serviço sozinho.
Veja alguns exemplos: b. Sinto muito, mas não posso lhe ajudar.
c. Há muito trabalho para mim fazer.
Alguém
d. Entre mim e você não há mais nada.

Algum Resposta: D
Ninguém
(FCC) Ao se substituir um elemento de deter-
Nenhum minado segmento do texto, o pronome foi empre-
Tudo gado de modo INCORRETO em:
Nada
a. e mantém seu ser = e lhe mantém
Cada b. é dedicado [...] a uma mulher = lhe é dedi-
cado
Qualquer
c. reviver acontecimentos passados = revivê-
-los
d. para criar uma civilização comum = para
Mudança de sentido criá-la
e. que provê o fundamento = que o provê
Importante: A depender da posi-
Resposta: A
ção do pronome, pode haver mudança de
sentido.
Substantivo
Exemplo: Algum amigo X Amigo É a palavra variável que nomeia seres, conceitos, sen-
algum timentos ou ações presentes na língua. Podemos classifi-
car os substantivos da seguinte maneira.
40

Pronomes Interrogativos Quanto à existência:

Servem para criar uma interrogação direta ou indi- Concreto: pessoa, casa, fada, Deus, carro.
reta. Abstrato: vingança, amor, caridade.

Que você deseja? Quanto à designação:


Qual é seu nome?
Quem trouxe o carro aqui? Próprio: João, Jonas, Fundação José Clemente.
Quanto de coragem você tem? Comum: homem, dia, empresa.

Quanto à composição:
Pronomes Possessivos
Simples: roupa, casa, sol.
Essencialmente indicam posse. Podem também in-
Composto: guarda-roupas, passatempo, girassol.
dicar aproximação ou familiaridade. É preciso observar
seu emprego para não gerar ambiguidade nas sentenças.
Quanto à derivação:

Meu, minha (s) Primitivo: motor, dente, flor.


Teu, tua (s) Derivado: mocidade, motorista, dentista.
Como partitivos: gole, punhado, maioria, minoria.
Seu, sua (s) Como coletivos: enxame, vara, corja, esquadrilha,
Nosso, nossa (s) esquadra.
Vosso, vossa (s)
Os substantivos próprios são sempre concretos e de-
Seu, sua (s) vem ser grafados com iniciais maiúsculas. Porém, alguns
substantivos próprios podem vir a se tornar comuns,
pelo processo de derivação imprópria que, geralmente,
Questões Gabaritadas ocorre pela anteposição de um artigo e a grafia do subs-
tantivo com letra minúscula. (um judas, para designar
(FUNDEP) Assinale a alternativa em que o em-
CAPÍTULO 02 - Morfologia

um indivíduo traidor / um panamá, para citar o exemplo Z ES Cartaz - cartazes


do chapéu que possui esse estilo).
As flexões dos substantivos podem se dar em gênero, N ES Abdômen - abdô-
menes
número e grau.
S (oxítonos) ES Inglês - ingleses
Gênero dos Substantivos AL, EL, OL, UL IS Tribunal - tribunais

Quanto à distinção entre masculino e feminino, os IL (oxítonos) S Barril - barris


substantivos podem ser: IL (paroxítonos) EIS Fóssil - fósseis
Biformes: quando apresentam uma forma para o
masculino e outra para o feminino. ZINHO, ZITO S Anelzinho - aneizi-
nhos

Exemplos: Gato, gata, homem, Alguns substantivos são grafados apenas no plural:
mulher
• alvíssaras;
Uniformes: quando apresentam uma única forma • anais;
para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos • antolhos;
em: • arredores;
Epicenos: usados para animais de ambos os • belas-artes;
sexos (macho e fêmea). • calendas;
• cãs;
• condolências;
Exemplos: Besouro, jacaré, alba- • esponsais;
troz. • exéquias;
• fastos;
Comum de dois gêneros: aqueles que desig- • férias;
nam pessoas. Nesse caso, a distinção é feita por • fezes;
um elemento ladeador (artigo, pronome). • núpcias;
• óculos;
• pêsames; 41
Exemplos: Terrícola, estudante,
dentista, motorista; O plural dos substantivos compostos será tratado no
capítulo sobre Flexão Nominal. Esta é apenas uma in-
Sobrecomuns: apresentam um só gênero gra- trodução.
matical para designar pessoas de ambos os sexos.
indivíduo, vítima, algoz; O Grau do Substantivo
Em algumas situações, a mudança de gênero
altera também o sentido do substantivo: Aumentativo / Diminutivo

Exemplos: O cabeça (líder) / A Analítico: quando se associam os adjetivos ao subs-


tantivo.
cabeça (parte do corpo).

Exemplo: carro grande, pé pe-


O Número dos Substantivos queno;

Tentemos resumir as principais regras de formação Sintético: quando se adiciona ao substantivo sufixos
do plural nos substantivos. indicadores de grau.

Terminação Variação Exemplo Exemplo: carrão, pezinho.


Vogal ou ditongo Acréscimo do ‘s’ Barco - barcos

M NS Pudim - pudins Sufixos


ÃO (primeiro caso) ÕES Ladrão - ladrões
Aumentativos: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão,
ÃO (segundo caso) ÃES Pão - pães
-alhão, -arão, -arrão, -zarrão;
ÃO (terceiro caso) S Cidadão - cidadãos
Diminutivos: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho,
R ES Mulher - mulheres
-inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório quando o
LÍNGUA PORTUGUESA

substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafe- os apetrechos ou os petrechos


zinho, paizinho);
O aumentativo pode exprimir tamanho (casarão), os arredores
desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimida- os Bálcãs
de (amigão); enquanto o diminutivo pode indicar carinho
(filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre), além os confins
das noções de tamanho (bolinha). os esponsais (contrato de casa-
Alguns substantivos que se empregam apenas no mento ou noivado)
plural: os esposórios (presente de núp-
cias)
as algemas os Estados Unidos
as alvíssaras os fastos (anais)
as arras (bens, penhor) os idos
as cadeiras (ancas) os manes (almas)
as calças os parabéns
as calendas (1º dia do mês roma- os pêsames
no)
os picles
as Canárias (ilhas)
os suspensórios
as cãs (cabelos brancos)
os víveres
as cócegas

as condolências

as costas 3. SINTAXE
as custas
A sintaxe é a parte da Gramática normativa que es-
as damas (jogo)
tuda a função dos termos em um período. Para entender
42 as endoenças (solenidades reli- melhor o que isso quer dizer, é preciso fazer uma distin-
giosas) ção entre frase, oração e período. Vejamos:
as exéquias (pompas, honras, ce-
rimônias fúnebres) Frase: sentença dotada de sentido.
as férias

as fezes
Exemplos: Bom dia!
Até logo!
as finanças
Estudo para o concurso!
as hemorroidas

as matinas (breviário de orações


matutinas) Oração: frase que se organiza em torno de uma for-
ma verbal!
as nádegas

as núpcias
Exemplo: Língua Portuguesa é o
as olheiras
máximo!
as palmas (aplausos)

as pantalonas
Período: conjunto de orações. O período pode ser:
as primícias (começos, prelúdios, Simples: que possui apenas uma oração (ora-
primeiros frutos) ção absoluta).
as profundas Composto: que possui mais de uma oração.
Misto: que possui mais de um processo de
as trevas
composição de período.
as vísceras
A principal parte do estudo da Sintaxe está em estu-
os afazeres
dar os termos da oração, ou seja, do período simples, pois
os anais tudo se articula a partir dele. Portanto, vamos começar
os antolhos
fazendo uma divisão dos termos da oração.
CAPÍTULO 03 - Sintaxe

Termos da Oração Perceba que há uma diferença entre sujeito sintático


e sujeito semântico. Estamos trabalhando com a classi-
ficação sintática do sujeito. O sujeito semântico será o
Essenciais Integrantes Acessórios
referente da frase.
Sujeito Complementos Ver- Adjunto Adnominal
bais 04. Sujeito indeterminado: comumente nos
Predicado Complemento No- Adjunto Adverbial casos a seguir.
minal

Agente da Passiva Aposto


Verbo na 3ª pessoa do plural, sem referente:

Predicativo do Su- Vocativo
jeito Exemplo: Entraram na sala do
Predicativo do Ob- presidente.
jeto

Anote os mais importantes e centralize seus estudos VTI, VL ou VI + SE:


neles!
Exemplos:
Sujeito Precisa-se de guerreiros.
Fica-se feliz na riqueza.
Termo sobre o qual se declara ou se constata algo.
Lembre-se de que o sujeito não precisa ser uma pessoa Vive-se bem no Brasil.
ou um ser animado. Como termo da sentença, pode ser
até mesmo uma oração inteira. Vejamos os tipos de su-
jeito: 05. Sujeito inexistente: também chamado
de oração sem sujeito, ocorre com verbos impes-
01. Sujeito simples: apenas 1 núcleo. soais!

Substantivo: Verbo que denota fenômeno natural:



43
Exemplo: Surgiram boatos sobre Exemplo: Nevou em Cascavel.
a crise.
Verbo “Haver” (empregado no sentido de existir, ocor-
rer ou acontecer):
Pronome


Exemplo: Havia pessoas estudan-
Exemplo: Você precisa de orien-
do.
tação.

Verbo “Haver”, “Fazer” ou “Ir” (no sentido de tempo


Expressão substantivada
transcorrido).


Exemplo: O falar alheio prejudica
Exemplo: Faz dez dias que a vi
a vida.
aqui.

02. Sujeito Composto: mais de 1 núcleo:


06. Sujeito Oracional: oração subordinada

substantiva subjetiva.
Exemplo: Joelma e Márcia aden-
traram a sala. Exemplos: É necessário que você
estude.
03. Sujeito Oculto: retoma-se pelo verbo. Convém que façamos essa prova.

Exemplo: Pedro saiu cedo, mas Os casos de sujeito oracional são muito cobrados em
não retornou. prova.
LÍNGUA PORTUGUESA

Predicado Nocional: indica ação ou fenômeno natural. Como


essa categoria é extensa, o conveniente é dividi-la para
Definimos predicado como “aquilo que se declara ou facilitar a compreensão.
se constata a respeito do sujeito”. Há três naturezas de
predicado. Intransitivo: não necessita de complemento.

Verbal: que exige um verbo nocional. Exemplos: Chegar, sair, viver,


Nominal: que exige um verbo relacional e um pre-
dicativo. morrer.
Verbo-nominal: que exige um verbo nocional e um A criança nasceu.
predicativo.
Transitivo: necessita de complemento. A depender do
tipo de relação entre o verbo e o complemento, é possível
Exemplos: O aluno é inteligente. fazer ainda mais divisões. Veja:
(Predicado Nominal)
Eu farei a prova. (Predicado Verbal) Direto: não necessita de preposição.
Eu farei a prova entusiasmado. (Predi-
cado Verbo-Nominal). Exemplo: Comprar, fazer, falar,
ouvir, escrever.

Termos Integrantes
Indireto: necessita de preposição.
Os termos integrantes auxiliam na estruturação das
sentenças, preste atenção à relação desses termos para
Exemplo: Crer (em), obedecer (a),
com os termos essenciais da oração.
necessitar (de)
Verbo
Bitransitivo: 2 tipos de complemento: um direto e
Estamos diante do coração de muitas das análises
44 um indireto.
que podem ser feitas em uma sentença: o verbo. Essa

classe de palavras é especial, porque muitas questões
costumam envolver, mesmo que indiretamente, o conhe- Exemplo: Dar, doar, envolver, pa-
cimento a seu respeito. Vejamos a definição: gar.
Verbo é a palavra que exprime:
Ação: correr, jogar, pular.
Estado: ser, estar, parecer. Vozes Verbais
Mudança de estado: ficar, tornar-se.
Fenômeno natural: chover, ventar, nevar. A noção de voz do verbo está relacionada à atitude
que ele exprime. Isso quer dizer que deve ser feita uma
Algo muito importante, no estudo dos verbos, é sua análise semântica da forma verbal, para poder entender
classificação. Por isso, vamos ao trabalho! em que voz ela foi aplicada.

Classificação 01. Ativa: deve possuir um sujeito agente.


02. Passiva: deve possuir um sujeito paciente.
Relacional: exprime estado ou mudança de estado. 03. Reflexiva: deve possuir um sujeito ao
Decore a lista com esses verbos. mesmo tempo agente e paciente.
04. Recíproca: deve possuir um verbo que
Ser exprima ação mútua.
Estar
Voz ativa: foco no sujeito agente. Anote os papéis de
Continuar
sujeito agente e afetado!
Andar

Parecer Exemplos: O corretor vende ca-


Permanecer sas.
Ficar Eu comprarei aquela casa.
Meu aluno está fazendo uma ativida-
Tornar-se
de.
CAPÍTULO 03 - Sintaxe

Voz passiva: há dois tipos de voz passiva. A VP ana- (FCC) Transpondo-se para a voz passiva o seg-
lítica (maior) e a sintética (menor). mento sublinhado em É possível que os tempos
modernos tenham começado a desfavorecer a so-
01. Analítica: sujeito paciente + locução verbal lução do jeitinho, a forma obtida deverá ser:
+ agente da passiva. Preste atenção para o fato de
o verbo auxiliar “ser” entrar na jogada da locução a. tenha começado a ser desfavorecida.
verbal. b. comecem a desfavorecer.
c. terá começado a ser desfavorecida.
d. comecem a ser desfavorecidos.
Exemplos: Casas são vendidas e. estão começando a se desfavorecer.
pelo corretor.
Aquela casa será comprada por mim. Resposta: A
Uma atividade está sendo feita por
meu aluno. Tempos e Modos verbais
Nessa parte, estudaremos a construção dos tempos e
02. Sintética: verbo + se + sujeito paciente. dos modos verbais nas formas de conjugação. É impor-
Preste atenção à função da palavra “se” = partícu- tante que você fique atento às desinências (formas que
la apassivadora / pronome apassivador. finalizam) os verbos. Facilita enormemente o processo de
aprendizagem.
Vamos relembrar a conjugação de alguns verbos.
Exemplos: Vendem-se casas. Faremos a conjugação da primeira pessoa dos verbos
Comprar-se-á aquela casa. “amar”, “vender” e “partir”, a fim de que seja possível es-
Está-se fazendo uma atividade. tudar algumas particularidades da conjugação.

01. Modo Indicativo: exprime ideia de cer-


Voz Reflexiva: nesse caso, o sujeito será o agente teza.
e o paciente da mesma ação. O pronome “se” será cha- Presente: amo, vendo, parto.
mado de pronome reflexivo (morfologicamente) e, sin- Pretérito Perfeito: amei, vendi, parti.
taticamente, receberá o nome de objeto direto – pois é a Pretérito Imperfeito: amava, vendia, partia
45
função que desempenha na frase. Pretérito Mais-que-perfeito: amara, vendera,
partira.
Futuro do presente: amarei, venderei, partirei.
Exemplo: A menina rabiscou-se Futuro do pretérito: amaria, venderia, partiria.
com a caneta.
02. Modo Subjuntivo: exprime ideia de hi-
pótese.
Voz Recíproca: nesse caso, o verbo deve exprimir Presente (que): ame, venda, parta.
uma ação mútua. Obrigatoriamente, haverá mais de um Pretérito Imperfeito (se): amasse, vendesse,
elemento envolvido na ação. partisse.
Futuro (quando): amar, vender, partir.

Exemplo: Os candidatos se ofen- 03. Modo imperativo: exprime ideia de or-


deram no debate. dem, pedido ou súplica.
Não há primeira pessoa.

Questões Gabaritadas Montagem do Imperativo:

AFIRMATIVO
(FCC) Transpondo-se para a voz passiva o
2ª do singular e 2ª do plural –s do final da palavra.
segmento sublinhado na frase os partidários de
O resto: Presente do Subjuntivo.
quem subjuga acabam por demonizar a reação do
subjugado, ele deverá assumir a seguinte forma:
NEGATIVO: SEM FRESCURA!
Não + presente do subjuntivo.
a. acabam demonizando.
b. acabam sendo demonizados.
c. acabará sendo demonizada. Exemplo: Verbo falar.
d. acaba por ter sido demonizado.
e. acaba por ser demonizada.

Resposta: E
INFORMÁTICA
PROFESSOR
Vitor Krewer
Graduado em Processos Gerenciais e graduando em
Tecnologia da Informação pela UniCesumar - Centro
Universitário de Maringá. Envoldido na área de con-
cursos públicos como escritor, organizador e editor no
Focus Concursos desde 2012.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. CONCEITOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO COM ARQUIVOS UTILIZANDO O WINDOWS EXPLORER E LINUX......
115
Conceitos de Pastas, Diretórios, Arquivos e Atalhos no Windows........................................................................................................................................115
Formas de copiar e mover arquivos...................................................................................................................................................................................................115
Windows Explorer.....................................................................................................................................................................................................................................116
Linux...............................................................................................................................................................................................................................................................116
Licenças de software................................................................................................................................................................................................................................116
Interfaces Gráficas....................................................................................................................................................................................................................................117
Estrutura dos Diretórios do Sistema..................................................................................................................................................................................................117

2.NOÇÕES CONSISTENTES DE USO DE INTERNET PARA INFORMAÇÃO (INTERNET EXPLORER E MOZILLA


FIREFOX) E COMUNICAÇÃO (MICROSOFT – OUTLOOK EXPRESS). ................................................................................. 119
Internet Explorer 11..................................................................................................................................................................................................................................119
Google Chrome............................................................................................................................................................................................................................................121
Mozilla Firefox........................................................................................................................................................................................................................................... 123
Programas de Correio Eletrônico (Outlook Express, Mozilla Thunderbird e Similares). .......................................................................................... 125
Thunderbird................................................................................................................................................................................................................................................130

3. COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING).............................................................................................................. 131


Definição........................................................................................................................................................................................................................................................131
Características............................................................................................................................................................................................................................................131
Topologia...................................................................................................................................................................................................................................................... 132
Tipos de Nuvem......................................................................................................................................................................................................................................... 134
Armazenamento de Dados na Nuvem (Cloud Storage)............................................................................................................................................................. 134

4. NOÇÕES CONSISTENTES DE TRABALHO COM COMPUTADORES EM REDE INTERNA, AMBIENTE WINDOWS


E LINUX. ......................................................................................................................................................................................................134
Conceitos Básicos; Ferramentas; Aplicativos e Procedimentos de Internet e Intranet............................................................................................... 134
Definição....................................................................................................................................................................................................................................................... 135
Componentes e Meios Físicos de Comunicação. ......................................................................................................................................................................... 136
Topologia das Redes................................................................................................................................................................................................................................. 136
Protocolos de Comunicação. ................................................................................................................................................................................................................ 137
Principais Protocolos............................................................................................................................................................................................................................... 137 113
Tipos de Rede Quanto ao Tamanho................................................................................................................................................................................................... 138

5. EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTE LIBREOFFICE)............................................. 141


Libre Office Writer....................................................................................................................................................................................................................................141
Libreoffice Calc.......................................................................................................................................................................................................................................... 150
Libre Office Impress.................................................................................................................................................................................................................................157

6.NOÇÕES BÁSICAS (DE USUÁRIO) SOBRE A INSTALAÇÃO DE APLICATIVOS E FUNCIONAMENTO DE


COMPUTADORES PESSOAIS................................................................................................................................................................164
Hardware...................................................................................................................................................................................................................................................... 164
Tipos de Computadores e Dispositivos............................................................................................................................................................................................. 164
Conceito........................................................................................................................................................................................................................................................ 164
Tipos de Hardware................................................................................................................................................................................................................................... 165
BIOS e CMOS.............................................................................................................................................................................................................................................. 168
Software........................................................................................................................................................................................................................................................ 170
Sistemas Operacionais............................................................................................................................................................................................................................171
Licenças........................................................................................................................................................................................................................................................ 172
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 173

7.VÍRUS, WORMS, PHISHING, SPAM, ADWARE E PRAGAS VIRTUAIS ...........................................................................174


Malware........................................................................................................................................................................................................................................................ 174
Vírus............................................................................................................................................................................................................................................................... 174
Cavalo de Tróia (Trojan)..........................................................................................................................................................................................................................175
Worm...............................................................................................................................................................................................................................................................175
Bots..................................................................................................................................................................................................................................................................175
Backdoors (Porta dos Fundos)..............................................................................................................................................................................................................175
Spyware.........................................................................................................................................................................................................................................................175
Ransomwares.............................................................................................................................................................................................................................................. 176
Adwares........................................................................................................................................................................................................................................................ 176
Spams............................................................................................................................................................................................................................................................. 176
Hoaxes........................................................................................................................................................................................................................................................... 176
Phishing........................................................................................................................................................................................................................................................ 176
Pharming...................................................................................................................................................................................................................................................... 176
Ataque de Senhas......................................................................................................................................................................................................................................177
Hijacker.........................................................................................................................................................................................................................................................177
Rootkits..........................................................................................................................................................................................................................................................177
SUMÁRIO

Firewalls e Regras de Isolamento e Proteção de Redes............................................................................................................................................................ 178


Aplicativos para Segurança (Antivírus, Antispyware Etc.). ................................................................................................................................................... 178
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 179

114
CAPÍTULO 01 - Conceitos Básicos de Operação com Arquivos
utilizando o Windows Explorer e Linux.

1. CONCEITOS BÁSICOS DE Arquivos


OPERAÇÃO COM ARQUIVOS É o que compõe o computador enquanto software.
UTILIZANDO O WINDOWS Cada programa, desde o sistema operacional até um
simples texto é composto de arquivos. Cada dado é salvo
EXPLORER E LINUX. em seu arquivo correspondente. Existem arquivos sim-
ples como fotos, vídeos, imagens e músicas, assim como
Conceitos de Pastas, Diretórios, Arquivos arquivos que fazem parte de um programa específico,
e Atalhos no Windows sendo escritos numa linguagem de programação corres-
pondente a aplicação.
Dentro de um sistema operacional Windows a nave-
gação de pastas acontece por meio do Windows Explorer
onde há exibição de pastas do sistema através de listas
hierarquizadas na parte esquerda, além de possibilitar
ao usuário a visualização dos discos e as pastas que es-
tão dentro deles.
Ao abrir uma pasta, no topo da janela, podemos uti-
lizar a barra de ferramentas para auxiliar a navegação
e fazer o uso de recursos como os “Modos de Exibição”
para determinar como o conteúdo deverá ser exibido.

Extensões
Pastas
Trata-se de representação do tipo de programa ao
Possuem função de organizar tudo o que está dentro qual pertence o arquivo (por exemplo, .doc e .pdf).
de cada unidade. Em si, as pastas não contêm informa-
ção propriamente dita, e sim arquivos ou mais pastas. Atalhos
115

É uma maneira rápida de abrir um arquivo, pasta ou


programa. Um atalho em si não tem conteúdo algum,
sendo sua única função “chamar o arquivo, pasta ou pro-
grama” que queremos e que está armazenado em outro
Diretórios local.
Geralmente os atalhos ficam localizados na área de
Consiste numa estrutura utilizada para organizar ar- trabalho, e podem ser identificados por uma flecha indi-
quivos ou um arquivo que contém referências a outros cativa presente no ícone. Um exemplo fácil de memori-
arquivos dentro do sistema operacional. Sua função é a zar é o menu “Iniciar”, pois, nada mais é do que um ín-
de organizar o disco rígido (HD) e outras mídias (Pen dice de atalhos. Caso um atalho seja apagado, o arquivo
drives, CD, DVDS etc.). original continuará intacto.

Janelas e Caixas de Diálogo são representações grá-


ficas de um conjunto de opções para um comando ou
programa.

Formas de copiar e mover arquivos


Existem diversas formas de copiar e mover arquivos
dentro do Sistema Operacional Windows 7.

• Através do botão direito do mouse;


• Através das opções copiar, recortar e colar
de o menu Editar; e
INFORMÁTICA

• Através dos botões de copiar, recortar e co- »» Lista,


lar da barra de ferramentas. »» Detalhes,
»» Lado a Lado, e
Área de Transferência/Clipboard »» Conteúdo.

A Área de Transferência é uma área de armazena- Linux


mento temporário de informações que você copiou ou
moveu de um lugar e planeja usar em algum outro lugar. O Linux é um sistema operacional moderno criado
Você pode selecionar texto ou elementos gráficos e, em por Linus Torvalds em 1991 sobre a licença de software
seguida, usar os comandos recortar (Ctrl+ X) ou copiar livre.
(Ctrl+ C) para mover sua seleção para a Área de Trans- É um dos sistemas operacionais mais populares do
ferência, onde ela será armazenada até que você use o mundo; originalmente construído como um sistema de
comando colar (Ctrl+ V) para inseri-la em algum outro multitarefas para microcomputadores e computadores
lugar. Por exemplo, você pode copiar uma seção de texto de grande porte (mainframes) meados dos anos 70.
de um site e, em seguida, colar esse texto em uma men- O Linux é basicamente um clone de Unix e sua cria-
sagem de e-mail. ção teve como objetivo ser uma alternativa barata e fun-
cional para todos os usuários que não estão dispostos a
Windows Explorer pagar por um sistema Unix comercial ou não possui um
computador de desempenho considerável.
O aplicativo Windows Explorer é o gerenciador nati- Linus Benedict Torvalds era aluno da Universidade
vo de pastas e arquivos do Windows desde as suas pri- de Helsinque, na Finlândia e estava disposto a construir
meiras versões. Pode ser encontrado através do Menu um kernel clone do Unix que possuísse memória vir-
Iniciar ou utilizando a combinação de teclar de atalho tual, multitarefa e capacidade de multiusuários. Era um
Winkey+E. trabalho gigantesco e, na prática, impossível para ape-
Como no computador tudo se resume a um emara- nas uma pessoa concluí-lo.
nhado de pastas e arquivos; nada mais que justo ter uma
aplicação que gerencie todo este conteúdo. Software livre

Bibliotecas É um software que pode ser usado, copiado, estuda-


do, modificado e redistribuído sem restrição. A forma
116
Um novo modo de exibição da estrutura de armaze- usual de um software ser distribuído livremente é sendo
namento de arquivos, chamada de biblioteca, dá acesso acompanhado por uma licença de software livre (como
a vários locais de armazenamento a partir de uma única a GPL ou a BSD), e com a disponibilização do seu códi-
janela. As bibliotecas são pastas virtuais que não estão go-fonte.
fisicamente presentes no disco rígido, mas que exibem o
conteúdo de várias pastas como se os arquivos estives- Open Source
sem armazenados juntos em um só lugar.
Projetos de Open Source são aqueles com a finali-
dade de criar e manter softwares que incluem o código
fonte para seus usuários.

Licenças de software
GNU

GNU General Public License, ou simplesmente GPL,


é a mais popular licença de software livre utilizada em
projetos abertos. Essa licença se distingue das outras por
obrigar que trabalhos derivados de algum código GPL,
passem a ser GPL também.
Ícone

Ícones são imagens pequenas que representam ar-


quivos, pastas, programas e outros itens.

• Modos de Exibição
• Ícones Extra grandes. Copyrights
• Ícones Grandes,
• Ícones Médios, As licenças livres não retiram os direitos autorais de
• Ícones Pequenos, seus autores. O autor do software pode, se desejar, alte-
CAPÍTULO 01 - Conceitos Básicos de Operação com Arquivos
utilizando o Windows Explorer e Linux.

rar a licença das partes de software que ele escreveu. A


grep Procura por uma determina “palavra”.
próxima versão poderia vir em qualquer outra licença
de software, podendo ser até um software proprietário. logout Sai da sessão atual.

lpr Imprime arquivo.


Kernel (núcleo)
ls Lista nomes arquivos
O kernel é um componente do Sistema Operacional,
mas fica tão escondido que a maioria dos usuários do- mkdir Cria diretório.

mésticos sequer ouviu falar nele. O kernel é cérebro do mv Move e/ou renomeia arquivos.
sistema operacional.
Apesar de o termo ser amplamente associado ao rm Apaga arquivos.
Linux, é importante mencionar que todo sistema ope- rmdir Apaga um diretório
racional possui um kernel, sendo a parte nuclear, sua
função é fazer “a ponte” entre a interface gráfica e a lin-
Sobre a utilização dos comandos no Linux, fique
guagem de máquina utilizada para comunicação com
atento para o fato de o sistema ser Case Sensitive, ou
hardware.
seja, ele diferencia letras maiúsculas e minúsculas nos
arquivos. O arquivo Focus é completamente diferente de
Interfaces Gráficas FOCUS. Esta regra também é válida para os comandos
e diretórios.
O Linux, ao contrário do Windows, pode ter diver-
sas interfaces gráficas (GUI). Essas interfaces são
chamadas de gerenciadores de janelas, pois, são esses Exemplos: Na imagem abaixo
programas que desenham as janelas do sistema e como você pode visualizar as pastas que cons-
elas se comportam. tam dentro do diretório /vmk por meio
As principais são:
do comando cd vmk dentre as listas pelo
• KDE comando ls, podemos mencionar a pasta
• GNOME Documents.
• XFCE Para acessar a pasta Documents pelo
• UNITY
comando cd Documents, porém, caso seja 117
• OPENBOX
• BLACKBOX digitado documents o sistema irá retornar
• ENLIGHTMENT à informação de que não consta a pasta do
»» FLUXBOX diretório.
»» LXDE.
É recomendado usar letras minúsculas
Comandos do Sistema para identificar seus arquivos, pois quase
todos os comandos do sistema estão em
É possível operar o Linux através de comandos na minúsculas.
sua Shell por meio de um Terminal (prompt de coman-
dos do Windows) e os principais comandos são:

man Manuais de programas

cd Muda de diretório.

chmod Altera permissões de arquivos.

clear Limpa a tela.

Cmp Compara dois arquivos;

cp Copia arquivos.

date Retorna a data e a hora do sistema.

df Mostra espaço usado, livre e capacidade partições/


HD.
Estrutura dos Diretórios do Sistema
diff Compara dois arquivos textos.
Nas distribuições Linux, temos uma estrutura de di-
du Relatório de uso do disco.
retórios um tanto diferente do Windows, sendo impor-
find Procura um arquivo no HD. tante identificarmos a forma como é organizado, visto
que, quando o assunto é Linux, várias bancas têm cobra-
INFORMÁTICA

do pelo menos uma questão sobre o assunto. Programas Diversos: /USR

Quando um comando ou aplicação não é localizada


nas pastas listadas acima, certamente estará localizada
na pasta /usr. Sua função e elencar executáveis, biblio-
tecas, documentação de softwares. No momento em que
você compilar e instalar um programa a partir do códi-
go-fonte, está será sua localização por padrão.

Configurações do Sistema: /ETC

Localização dos arquivos de configuração que são


usados por todos os softwares presentes do computador,
O Diretório Raiz (/) além de scripts especiais cujo objetivo seja iniciar ou in-
terromper módulos e programas.
Mesmo que estejam armazenados em outras unida-
des de armazenamento, é a partir do diretório raiz (/) Bibliotecas: /LIB
– que o usuário poderá acessar os arquivos relacionados
ao sistema. Neste diretório é possível acessar todo o con- Ficam armazenadas as bibliotecas utilizadas pelos
teúdo, seja arquivos do Sistema operacional e aplicações comandos presentes em nas pastas /bin e /sbin. Em
ou ainda as pastas do usuário com os respectivos arqui- tese, os arquivos de bibliotecas começam com os prefi-
vos. xos ld ou lib e apresentam a “extensão” so.
Para ser capaz de criar ou mover arquivos do diretó-
rio raiz, é necessário que o usuário tenha privilégios de Opcionais: /OPT
administrador do sistema, chamado o root.
O diretório Raiz seria similar ao Disco C no Windows. Este diretório armazena aplicativos adicionais que
foram instalados de outras fontes e sem a presença do
Binários Executáveis: /bin código-fonte; sendo softwares não essenciais para o sis-
tema.
Consta nesta pasta os binários executáveis que serão
118
utilizados por qualquer usuário do sistema, seja Root ou Arquivos Pessoais: /HOME
não. São comandos essenciais para a manipulação de ar-
quivos, textos e alguns recursos básicos de rede, como o No diretório /home encontramos os arquivos pes-
cp (copiar), mv(mover e renomear), ping e grep. soais, como documentos, imagens, downloads dentro de
pastas nomeadas com o nome de cada usuário.
Binários do Sistema: /sbin O diretório /home é similar ao encontrado no Win-
dows dentro do diretório C nomeado como user ou usu-
Similar ao /bin, este diretório guarda os executá- ários.
veis de várias aplicações, porém, sua diferença está no Importante mencionarmos que o diretório pessoal
fato de os aplicativos listados serem utilizados apenas do administrador (Root) fica localizado na pasta /root.
por administradores de sistema (Root) com a finalidade
de realizar funções de manutenção. Entre os comandos
disponíveis estão o ifconfig (configurar e controlar inter-
faces de rede TCP/IP), e o fdisk (permite localizar e par-
ticionar discos rígidos).

Inicialização: /BOOT

Arquivos da inicialização do sistema, o chamado pro-


cesso de boot, momento em que o computador é ligado.

Volumes e Mídias: /MNT e /MEDIA

Local de acesso de arquivos armazenados em CD,


DVD, pen drive ou outro disco rígido instalado, é neces-
sário “montar” esse conteúdo no sistema de arquivos
local, portanto, o sistema precisar tornar o conteúdo le-
CAPÍTULO 02 - Noções Consistentes de Uso de Internet para Informação

gível, tornando acessível e similar a outro diretório do


sistema.
No diretório /media encontramos montadas todas as
mídias removíveis, já o diretório /mnt o acesso é restrito
aos administradores (Root) tendo a finalidade de montar
temporariamente um sistema de arquivos externo.

Serviços: /SRV

Dados de servidores e serviços em execução no com-


putador.

Arquivos de Dispositivos: /DEV

No Linux, tudo é apresentado na forma de arquivos,


critério que torna o Linux tão “customizável”, uma vez
que o usuário Root pode fazer alterações nestes arqui-
vos.
Ao conectar um pen drive no computador, por exem-
plo, um arquivo será criado dentro do diretório /dev e
ele servirá como interface para acessar ou gerenciar o
drive USB. Nesse diretório, você encontra caminhos se-
melhantes para acessar terminais e qualquer dispositivo
conectado ao computador, como o mouse e até modems.

Arquivos Variáveis: /VAR

Diretório que tem a função de armazenar arquivos


que aumentam de tamanho ao longo do tempo. Confor-
me o sistema é utilizado, é comum o armazenamento de
119
registros de texto chamados de logs do sistema.

Processos do Sistema: /PROC

Armazenamento de arquivos que demonstram in-


formações sobre os recursos e processos que estão em 2.NOÇÕES CONSISTENTES
execução no sistema. DE USO DE INTERNET PARA
Arquivos Temporários: /TMP INFORMAÇÃO (INTERNET
EXPLORER E MOZILLA FIREFOX)
Arquivos e pastas criados temporariamente pelo sis-
tema, usuários e aplicações. Por padrão, a maioria dos E COMUNICAÇÃO (MICROSOFT –
arquivos são deletados sempre que o computador é rei- OUTLOOK EXPRESS).
niciado.
Abaixo você pode verificar os itens trabalhados atra-
vés do gráfico. Está apresentação do diretório é chamada
Internet Explorer 11
de hierarquia primária.
Neste momento, a versão mais atual do Internet
Explorer é a versão 11, e será esta a ser trabalhada no
decorrer da aula, porém, as funcionalidades básicas de
navegação são as mesmas desde a versão 8 e trabalha-
remos questões de concursos anteriores que possuem as
funcionalidades em comum.
Na imagem a seguir podemos visualizar um panora-
ma do navegador.
INFORMÁTICA

• Definir a Página Inicial (Home Page)


• Excluir o histórico de navegação ou confi-
gurar o para o navegador não armazenar mais as
páginas ao ser fechado.
• Definições relacionadas à segurança.
• Privacidade
• Conteúdo.

Barra de Menus

A barra de menus é o campo que contém todas as


Barra de Ferramentas
funções do navegador, desde abertura de novas abas e
arquivos, até a configuração do navegador.
Por padrão, a barra de Menus fica oculta quando o
navegador é iniciado, porém, para podermos visualizar
basta utilizar a tecla Alt que logo em seguida a barra irá
aparecer. Caso o usuário queria que a barra fique fixa
no navegador. Clique em Exibir>>Barra de Ferramen-
tas>>Barra de Menus.

Barra de Favoritos

A barra Favoritos é utilizada para criar “atalhos”


para sites que o usuário tenha interesse de armazenar
na barra de favoritos.

Adicionando links à barra Favoritos


Botões “Voltar” e “Avançar”: Localizada na parte
A barra Favoritos fornece acesso conveniente aos si-
superior do navegador, a barra de ferramentas dispõe
tes que você visita com mais frequência. Veja como adi-
dos botões “Voltar” e “Avançar” onde o usuário pode
cionar links à barra Favoritos para suas páginas da Web
120 utilizar para navegar em páginas já acessadas ou em uso.
favoritas.
Barra de Endereços 01. Para abrir o Internet Explorer, clique no
botão Iniciar. Na caixa de pesquisa, digite Focus
É o local do navegador onde será inserido o endere- Concursos e, na lista de resultados, clique em Fo-
ço, chamada de URL, para acessar o site desejado. Nela cus Concursos.
constará além da página principal do site, bem como, os
caminhos das páginas acessadas dentro do site conforme 02. Acesse a página que você deseja adicionar
exemplo: à barra de Favoritos.
Página Principal: http://www.focusconcursos.com.
br 03. Siga um destes procedimentos:
Link de Materiais: http://www.focusconcursos. • Arraste o ícone da página da Web da barra
com.br/?pg=materiais de endereços para a barra Favoritos.
Notasse que no caso do link para materiais consta o • Arraste o link da página da Web diretamen-
endereço da página principal seguido do caminho para te até a barra Favoritos.
o página dentro do domínio principal (/?pg=materiais). • Clique no botão Adicionar à Barra de Favo-
Página Principal (HOME PAGE): tendo com íco- ritos.
ne o desenho de uma casa, a página principal será o site
configurado pelo usurário como a primeira página a ser
Histórico
exibida quando o navegador for iniciado.
Para configurar a página principal do navegador bas-
O histórico consiste nas páginas visitadas anterior-
ta clicar no ícone de” Ferramentas” localizado no ca-
mente pelo usuário. No histórico contará um registro das
beçalho do navegador, ao lado do ícone de “Favoritos” .
páginas navegadas. Outra forma de acessar o histórico
Após clicar será aberta um menu com opções. Clique em
de navegação é pela “Barra de Menus” clicando no
“Opções de Internet”.
botão “Editar” e em seguida selecionando “Barra do
Explorer” e após “Histórico”.
Opções de Internet Os navegadores dispõem de atalhos para acessar fer-
ramentas e utilidades. Para acessar o “Histórico” basta
Neste item o usuário terá várias opções relacionadas clicar em Ctrl+H conforme exemplo abaixo:
ao navegador como por exemplo:
CAPÍTULO 02 - Noções Consistentes de Uso de Internet para Informação

Arquivos de Internet Temporários Abrir a barra de endereços (para exi- Ctrl+Seta para
bir o histórico, os favoritos e os prove- baixo
Após o usuário realizar a navegação em sites, é pos- dores de pesquisa)
sível limpar os dados e todo o conteúdo armazenado Pesquisar usando texto copiado Ctrl+Shift+L
temporariamente. Existem algumas formas de realizar o
procedimento e para isso seguiremos alguns passos bá- Ampliar (+ 10%) Ctrl+Sinal de
sicos conforme descrito abaixo: adição

MÉTODO 1
Reduzir (- 10%) Ctrl+Sinal de
• Clique no botão Ferramentas >> Opções subtração
da Internet. Aplicar zoom de 100% Ctrl+0
• No item “Histórico de Navegação” você
irá clicar no botão “Excluir”.
• Uma nova janela irá ser aberta. Selecione
quais os dados você deseja excluir e, em seguida, Google Chrome
clique no botão “Excluir”.
O Chrome é o navegador criado pela Google em 2008
MÉTODO 2 e, dentre os navegadores disponíveis no mercado, é o
• Por padrão, a barra de menus não está sen- mais novo, porém, em termos de utilização vem domi-
do visualizada, para que ela seja exibida clique nando o cenário mundial. É muito rápido e leve, possi-
na tecla Alt ou no botão direito do mouse sobre a bilitando ao usuário integrar funcionalidades através de
barra de títulos. extensões disponíveis na Chrome WebStore.
• Clique botão Ferramentas>>Excluir His-
tórico de Navegação Principais Funcionalidades
• Uma nova janela irá ser aberta. Selecione
quais os dados você deseja excluir e, em seguida, Abas: utilização de várias páginas web em uma úni-
clique no botão “Excluir”. ca janela da aplicação. Essa função é possível abrindo
novas abas no navegador.
MÉTODO 3
• Clique no botão Ferramentas >> Segu-
rança>>Excluir Histórico de Navegação 121
• Uma nova janela irá ser aberta. Selecione
quais os dados você deseja excluir e, em seguida,
clique no botão “Excluir”.
Extensões: possibilidade de adicionar aplicações
complementares ao navegador. Estas aplicações funcio-
Lista de Atalhos nam como programas que integram funcionalidades ao
Adicionar o site atual aos favoritos Ctrl+D navegador, como leitores de PDF, player de vídeos, cap-
tura de tela dentre outros.
Fechar a guia Ctrl+W
Ir para a home page Alt+Home
Excluir o histórico de navegação Ctrl+Shift+Delete
Obter ajuda e suporte F1
Abrir o histórico de navegação Ctrl+H
Abrir uma nova guia Ctrl+T
Abrir uma nova janela de Navegação Ctrl+Shift+P
InPrivate

Imprimir a página atual Ctrl+P


Atualizar a página F5
Sincronização: é a funcionalidade de sincronizar o
Alternar entre guias Ctrl+Tab histórico, favoritos, senhas e preferências dos usuários,
Exibir os downloads Ctrl+J por meio de um login e senha realizado com uma conta
do Google (@gmail.com). No Google Chrome está funcio-
Abrir uma consulta de pesquisa na Ctrl+E nalidade está associada a ideia de armazenamento na
barra de endereços
nuvem (Google Drive).
Abrir uma consulta de pesquisa em Alt+Enter
uma nova guia
INFORMÁTICA

Navegação Anônima (Nova Janela Anônima):


permite que navegar na Web sem deixar o histórico de
navegação salvo no navegador. Isso ajuda a impedir que
outras pessoas que usam o computador identifiquem
quaisquer sites visitados.
Habilitando a navegação anônima, o usuário não
deixará de ser “rastreado” pelos serviços de busca e Lista de Atalhos
operadora de internet. Esta opção apenas não regis-
trará o histórico, senhas e palavras utilizadas durante
o período em que o usuário estiver navegando na inter- l+N Abre uma nova janela.
net. Atualmente o único navegador que propicia certo
Ctrl+T Abre uma nova guia.
anonimato durante a navegação é o navegador TOR.
Favoritos: permitem que você visite as suas páginas Ctrl+Shift+N Abre uma nova janela no modo de na-
da web prediletas com apenas um clique. Quando algum vegação anônima.
site é incluído na lista de favoritos, um botão é colocado Pressionar Ctr- Abre um arquivo do seu computador
na barra de favoritos na parte superior da janela do seu l+O e selecionar no Google Chrome.
navegador. Clique no botão para abrir. Para adicionar os arquivo.
122 favoritos no Chrome você deve clicar na estrela localiza-
da na barra de endereços. Pressionar Ctrl Abre o link em uma nova guia em se-
e clicar em um gundo plano.
Históricos: registro de sites visitados pelo usuário.
Durante a navegação, o Chrome armazenará uma lista link. Ou clicar
de sites visitados. em um link com o
botão do meio do
Configurações mouse (ou rolar o
mouse).
Através do ícone você poderá ter acesso as prin- Pressionar Ctr- Abre o link em uma nova guia e alter-
cipais configurações do Chrome, como abrir novas jane- l+Shift e clicar na para a guia recém-aberta.
las e abas, consultar o histórico e os arquivos baixados em um link. Ou
da internet (Download). pressionar Shift
No item “Configurações” você terá acesso aos recur- e clicar em um
sos relacionados as preferências de usuário como qual link com o bo-
página inicial deverá ser exibida, locais em que os ar- tão do meio do
quivos deverão ser armazenados após a finalização do mouse (ou rolar o
download, além das preferências de salvar ou não as se- mouse).
nhas utilizadas em sites durante a seção.
Pressionar Shift Abre o link em uma nova janela.
e clicar em um
link.
Ctrl+Shift+T Reabre a última guia que você fechou.
O Google Chrome lembra as dez últi-
mas guias fechadas.

Arrastar um link Abre o link na guia.


para uma guia.
CAPÍTULO 02 - Noções Consistentes de Uso de Internet para Informação

Arrastar um link Abre o link em uma nova guia. Pressionar Ctrl Abre o destino do botão em uma nova
para uma área e clicar na seta guia em segundo plano.
em branco na "Voltar", na seta
barra de guias. "Avançar" ou no
botão "Ir" na bar-
Arrastar uma Abre a guia em uma nova janela.
ra de ferramen-
guia para fora da
tas. Ou clicar em
barra de guias.
um dos botões
Arrastar uma Abre a guia na janela já existente. com o botão do
guia para fora da meio do mouse
barra de guias e (ou rolar o mou-
em uma janela já se).
existente.
Clicar duas vezes Maximiza ou minimiza a janela.
Pressionar Esc Retorna a guia para sua posição ori- na área em bran-
ao arrastar uma ginal. co na barra de
guia. guias.

Ctrl+1 a Ctrl+8 Alterna para a guia no número de po- Alt+Home Abre sua página inicial na janela atu-
sição especificado na barra de guias. al.

Ctrl+9 Alterna para a última guia.

Ctrl+Tab ou Ctr- Alterna para a próxima guia. Mozilla Firefox


l+PgDown
C t r l + S h i f t + Ta b Alterna para a guia anterior. Desenvolvido pela Mozilla Foundation, o Firefox é
ou Ctrl+PgUp um dos navegadores mais utilizados do mercado, sendo
continua a cobrança nas provas de concursos, portanto, é
Alt+F4 ou Ctrl + Fecha a janela atual. importante que seja estudado sua interface gráfica e as
Shift + W principais funcionalidades. Com quase 11 anos de vida,
o navegador teve seu surgimento possível com a libera-
Ctrl+W ou Ctr- Fecha a guia ou o pop-up atual.
ção do código de outro navegador famoso no passado, o 123
l+F4
NetScape.
Clicar em uma Fecha a guia em que você clicou. Sendo um navegador Open Source (Código Aberto),
guia com o bo- é multiplataforma, ou seja, possui versão para Windows,
tão do meio do Linux e Mac OS e possui centenas de colaboradores em
mouse (ou rolar o seu projeto, cujo objetivo é desenvolver um navegador
mouse). seguro, leve e com uma gama extensa de complementos.
No ranking mundial da chamada “guerra de navegado-
Clicar com o bo- Exibe seu histórico de navegação na
res”, possui a terceira colocação com aproximadamente
tão direito do guia.
20% de todos os usuários da internet.
mouse ou clicar Ao contrário do Internet Explorer, o Firefox não é
e manter pressio- identificável pela sua versão, apesar de as bancas utili-
nada a seta "Vol- zarem como referência no enunciado de várias questões,
tar" ou "Avançar" sendo desenvolvido no formato Rolling Release, formato
na barra de fer- este, que possibilita a liberação de atualizações sequen-
ramentas do na- ciais para os usuários.
vegador. Atualmente os navegadores possui pouca diferença
Pressionar Ba- Vai para a página anterior no seu his- entre si, sendo a interface gráfica o principal diferencial,
ckspace ou Alt tórico de navegação da guia. pois, no processo de desenvolvimento, fatores como se-
e a seta para es- gurança, complementos, estabilidade e usabilidade são
querda ao mesmo levados em consideração e seguem as regras do merca-
tempo. do e as necessidades dos sistemas operacionais. Aborda-
remos as principais funcionalidades.
Pressionar Shif- Vai para a próxima página no seu his- Por padrão, o Firefox exibe apenas o botão “Voltar”
t+Backspace ou tórico de navegação da guia.
em sua interface gráfica, porém, dando início a navega-
Alt e a seta para a ção e consequentemente a criação de histórico, o nave-
direita ao mesmo gador passar a exibir o botão avançar conforme imagem
tempo. a seguir:
INFORMÁTICA

Barra de Menus visualizada no canto esquerdo do navegador conforme


demonstra a imagem abaixo:
Seguindo a mesma linha do Internet Explorer, por pa- Outra forme de acessar o histórico é pela barra de
drão o Firefox não exibe a barra de menus em sua con- Menus ou utilizando o botão localizado no canto direito
figuração inicial. Para visualizar o usuário deve utilizar do navegador. Sua função é acessar as configurações do
a tecla Alt e, caso tenha interesse em que a barra fique navegador e, dentre elas, o histórico.
fixa no navegador, utilize a sequência: Exibir>>Barra
de Ferramentas>>Barra de Menus conforme mostra Configurações
a figura abaixo:
Através do ícone você poderá ter acesso as prin-
cipais configurações, como abrir novas janelas e abas,
Barra de Endereço consultar o histórico e os arquivos baixados da internet
(Download).
O Firefox possui integrado a sua barra de endereço Com as últimas atualizações do Firefox, o acesso as
um sistema que, conforme o usuário digita as primeiras configurações ficaram similares ao Chrome, sendo a na-
letras, busca no histórico de navegação os sites mais visi- vegação feita por categorias como Geral, Pesquisar, Con-
tados e mostra como sugestão. Outro elemento é o realce teúdo, Aplicativos (item relacionado aos complementos),
nos endereços confiáveis. privacidade, segurança, Sync e Avançado.

Abas Novidades

Algumas bancas utilizam o termo “Guia”. Sua função Na imagem acima, podemos visualizar os ícones re-
é abrir várias instancias de navegação. lativos aos Downloads e a Página Inicial (Home Page),
porém, notamos uma novidade com a presença do ícone
Complementos do novo serviço apresentado pela Mozilla. Trata-se do
Firefox Hello.
Possibilidade de adicionar extensões e modificar a Este serviço possibilita o bate-papo com videochama-
aparência do cabeçalho do navegador. Similar ao Chro- da sem a necessidade de programas como Skype, Han-
me, estas aplicações funcionam como programas que in- gout dentre outros; sendo necessário apenas o usuário
tegram funcionalidades ao navegador, como leitores de clicar no botão Hello para iniciar a aplicação.
124 Ao clicar em Iniciar uma conversa, será exibida uma
PDF, player de vídeos dentre outros.
caixa com a imagem da câmera conectada e dois bo-
Firefox Sync tões para encaminhar o link de acesso a vídeo chamada
por e-mail ou ainda copiar o link para encaminhar para
Funcionalidade de sincronizar o histórico, favoritos, outro usuário. Utilizando qualquer uma das opções será
senhas e preferências dos usuários, por meio de uma lo- possível estabelecer conexão.
gin e senha realizado com uma conta do Firefox Sync.

Nova Janela Privativa Lista de Atalhos

Permite navegar na Web sem deixar histórico de na- Voltar Alt + Backspace
vegação salvo. Isso ajuda a impedir que outras pessoas
que usam o computador identifiquem quaisquer sites Avançar Alt + Shift + Backspace
visitados. Esta função está presente em todos os navega- Início Alt + Home
dores atuais, porém, o nome pode variar, mas a função
é a mesma. Abrir ficheiro Ctrl + O
Recarregar F5
Favoritos
Recarregar (com sobre- Ctrl + R Ctrl + F5 Ctrl +
posição de cache) Shift + R
Quando algum site é incluído na lista de favoritos, um
botão é colocado na barra de favoritos, ou pasta caso o Parar Esc
usuário opte em não visualizar a barra de favoritos, na
parte superior da janela do seu navegador. Imprimir Ctrl + P
Guardar página como Ctrl + S
Históricos
Ampliar (aumentar Ctrl + +
O histórico de navegação do Firefox é similar ao In- zoom)
ternet Explorer, fazendo o uso de listas agrupadas por Reduzir (zoom) Ctrl + -
data, site, número de visita dentre outros.
Seu acesso é feito pela tecla de atalho Ctrl+H, sendo
CAPÍTULO 03 - Noções Consistentes de Trabalho com Computadores em Rede Interna, Ambiente Windows e Linux.

é multiplataforma, estando disponível em versão para


Repor (zoom) Ctrl + 0
Windows e Linux.
Eliminar Del
Conceito de Correio Eletrônico
Colar Ctrl + V
Colar (como texto sim- Ctrl + Shift + V Analisando as premissas descritas acima podemos
ples) conceituar correio eletrônico como um método que per-
Refazer Ctrl + Y mite anexar, enviar e receber mensagens através de sis-
temas eletrônicos de comunicação, sendo o termo e-mail
Selecionar tudo Ctrl + A aplicado tanto aos sistemas que utilizam a Internet e se
baseiam nos protocolos POP3, IMAP e SMTP, como
Anular Ctrl + Z
aqueles sistemas utilizados em meios corporativos, co-
nhecidos como intranets.
Programas de Correio Eletrônico A leitura das mensagens, necessita que o usuário
(Outlook Express, Mozilla Thunderbird e obrigatoriamente esteja conectado ou “logado” na sua
conta de e-mail. Os serviços de e-mail mais utilizados
Similares). são Hotmail (atual Outlook.com), Gmail (Google), Yahoo.
A maioria dos serviços de e-mail abarcam em seu leque
Com o avanço da informática e da necessidade de co-
funções de armazenamento na nuvem e ferramentas
municação instantânea, nasce à ideia de correio eletrô-
colaborativas como bate-papo e aplicações de escritório
nico (e-mail), possibilitando assim o envio de mensagens
para desenvolvimento de textos, planilhas e apresenta-
e arquivos via mensagens instantâneas entre usuários
ções.
conectados a uma rede.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): O SMTP
Seguindo está linha o correio eletrônico veio fornecer
é o protocolo de envio de e-mail. Não existe um outro
um serviço da Internet que possibilite o envio e recebi-
protocolo que tenha essa mesma função, por isso, caso
mento de mensagens eletrônicas por meio de um ser-
seja perguntado qual é o protocolo de envio de e-mail, a
viço. A utilização deste serviço é feita por meio de uma
resposta certa será SMTP.
“conta” num determinado servidor de e-mail.
Protocolo de transferência de correio simples
Os serviços de e-mail não são restritos apenas a in-
(SMTP): tem a função de transferência de mensagens,
ternet, sendo utilizado dentro das chamadas intranet ou
sendo amplamente usado em instalações da maioria dos
mesmo numa rede local pois, a utilização de protocolos é 125
servidores de e-mail, seja do governo, educação ou ini-
a mesma para todas as conexões.
ciativa privada, portanto, padrão para envio de mensa-
O acesso as contas de e-mail, ou até mesmo a utili-
gens.
zação dos recursos do correio eletrônico pode ser feita
O Simple Mail Transfer Protocol é um protocolo da
via navegador; neste caso temos o Webmail, e pelos cha-
chamada "camada de aplicação", na maioria dos casos,
mados programas gerenciadores ou clientes de e-mail.
SMTP opera em conjunto com o serviço de protocolo de
Este último tem a função de comunicação com o servi-
controle de transmissão, o TCP, que fornece a camada de
dor de e-mail e fornece recursos de gerenciamento on e
transporte confiável ao serviço.
off-line, além de recursos adicionais pertinentes a cada
POP3 (Post Office Protocol): O protocolo POP3 é
software disponibilizado pelo desenvolvedor.
um dos protocolos de recebimento de e-mail. Permite
Em provas de concursos, temos a cobrança dos prin-
que o cliente de e-mail transfira todas as mensagens que
cipais gerenciadores de e-mail disponíveis; abaixo temos
estão na caixa de entrada do servidor de e-mails para o
uma lista dos mais utilizados atualmente:
computador cliente.
O acesso por meio do POP, os conteúdos armazenados
• Microsoft Office Outlook
nas pastas de e-mail são baixados, sejam elas mensagens
• Microsoft Outlook Express;
ou arquivos anexados no servidor, salvando localmente
• Mozilla Thunderbird;
no computador do usuário, sendo padrão a exclusão de
• Zimbra;
uma cópia das mensagens no servidor, ao menos que
• Kmail (Linux);
seja configurado para manter cópia no servidor.
• Windows Live Mail;
Esta configuração é recomendada para usuários que
• Evolution (Linux).
necessitem acessar os e-mails em apenas um computa-
dor, ou possuem conexão de internet com baixa largura
Em provas de concursos, geralmente a cobrança é
de banda.
feito sobre as funcionalidades do outlook e thunder-
Havendo necessidade de exclusão de uma conta con-
bird, sendo possível a referência de outros programas
figurada como POP nos programas clientes de e-mail,
caso o sistema operacional cobrado contenha o softwa-
todas as mensagens, baixadas da caixa de entrada, serão
re como padrão. Neste caso citado temos a presença do
perdidas, com poucas chances de serem recuperadas,
Outlook Express como padrão do Windows XP e o Kmail
caso o servidor de e-mail não conte com sistema de ba-
e Evolution nas distribuições Linux como é o caso do
ckup periódico.
Ubuntu, Fedora, RedHat, Debian dentre outras.
IMAP (Internet Message Access Protocol): O
O Thunderbird, programa desenvolvida pela Mozilla,
RACIOCÍNIO
LÓGICO-MATEMÁTICO
PROFESSOR
Altevir Carneiro Rossi
Formado em Matemática pela Universidade Esta-
dual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Especialista em
Ensino da Matemática pela Universidade Paranaense
– UNIPAR. Mestrando em Educação pela Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Professor de
Matemática, Matemática Financeira, Estatística e Ra-
ciocínio Lógico, atua desde 1998 em cursos preparató-
rios para concursos e pré-vestibulares.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................................................................................................................................... 251

1. RACIOCÍNIO LÓGICO..........................................................................................................................................................................251
Proposições.................................................................................................................................................................................................................................................. 251
Proposições Compostas..........................................................................................................................................................................................................................252
Conectivo “e”...............................................................................................................................................................................................................................................252
Conectivo “ou”............................................................................................................................................................................................................................................252
Negação.........................................................................................................................................................................................................................................................253
Equivalência Lógica.................................................................................................................................................................................................................................254
Proposições Condicionais......................................................................................................................................................................................................................255
Proposições Bicondicionais..................................................................................................................................................................................................................255

2. LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO...................................................................................................................................................... 256


Validade de um Argumento..................................................................................................................................................................................................................256
Premissas Verdadeiras e Conclusão Verdadeira.........................................................................................................................................................................256
Argumentos Dedutivos...........................................................................................................................................................................................................................257
Argumentos Indutivos............................................................................................................................................................................................................................257

3. ARGUMENTOS E DIAGRAMAS LÓGICOS..................................................................................................................................257


Verdades e Mentiras................................................................................................................................................................................................................................258
Estruturas Lógicas....................................................................................................................................................................................................................................258

4. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM.......................................................................................................................................................... 258


Princípio Aditivo.......................................................................................................................................................................................................................................258
Princípio Multiplicativo.........................................................................................................................................................................................................................258
Fatorial..........................................................................................................................................................................................................................................................259
Arranjos Simples.......................................................................................................................................................................................................................................259
Permutações Simples..............................................................................................................................................................................................................................259
Questão Gabaritada................................................................................................................................................................................................................................ 260
Combinação Simples.............................................................................................................................................................................................................................. 260

5.TEORIA DAS PROBABILIDADES...................................................................................................................................................260


Probabilidade de Ocorrência de um Evento.................................................................................................................................................................................. 261
249

6. TEORIA DOS CONJUNTOS............................................................................................................................................................... 262


Operações com Números Inteiros, Fracionários e Decimais..................................................................................................................................................262
Conjunto dos Números Naturais (ℕ).................................................................................................................................................................................................262
Conjunto dos Números Inteiros (ℤ)...................................................................................................................................................................................................262
Conjunto dos Números Racionais (ℚ)...............................................................................................................................................................................................263
Frações..........................................................................................................................................................................................................................................................264
Conjunto dos Números Racionais (ℚ)...............................................................................................................................................................................................265
Conjunto dos Números Irracionais (ℚ’ ou 𝕀)..................................................................................................................................................................................267
Conjunto dos números reais (ℝ).........................................................................................................................................................................................................267

7. PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS......................................................................................... 267


Razão e Proporção....................................................................................................................................................................................................................................268
Propriedades das Proporções..............................................................................................................................................................................................................268
Grandezas Diretamente Proporcionais e Grandezas Inversamente Proporcionais......................................................................................................268
Mínimo Múltiplo Comum (MMC).......................................................................................................................................................................................................269
Máximo Divisor Comum (MDC)..........................................................................................................................................................................................................269
Porcentagem...............................................................................................................................................................................................................................................270
Média Aritmética Simples E Média Aritmética Ponderada....................................................................................................................................................270
Média Aritmética Simples..................................................................................................................................................................................................................... 271
Média Aritmética Ponderada............................................................................................................................................................................................................... 271
Regra De Três............................................................................................................................................................................................................................................. 271
Medidas De Tempo...................................................................................................................................................................................................................................272
Múltiplos e Submúltiplos do Segundo.............................................................................................................................................................................................272
Formas Geométricas Básicas: Perímetro, Área e Volume........................................................................................................................................................273
Perímetro e Área.......................................................................................................................................................................................................................................273
Volume...........................................................................................................................................................................................................................................................274
CAPÍTULO 01 - Raciocínio Lógico

Introdução mento, isto é, seu propósito é estudar e estabelecer as


propriedades das relações formais entre as proposições.
Para melhor estruturar nosso curso, iniciaremos pelo Edmundo D. Nascimento afirma que a lógica investiga o
estudo da lógica sentencial, no capitulo 1, onde veremos pensamento não como ele é, mas como deve ser.
as proposições simples e compostas, as tabelas-verda-
de, as equivalências, as leis de Morgan e os diagramas Proposições
lógicos.
No capítulo 2, estudaremos a lógica de argumenta- Chamaremos de proposição a todo conjunto de pa-
ção, onde se apresentam as analogias, as inferências, as lavras ou símbolos que exprimem um pensamento de
deduções e as conclusões. sentido completo.
De posse desses conhecimentos, vamos dar continui- Exemplos de sentenças que são proposições:
dade, no capítulo 3, com o estudo da lógica de primeira
ordem, onde veremos as sentenças abertas e os quanti- O Brasil é um país da América do Sul.
ficadores.
No capítulo 4, vamos sistematizar os conceitos estu-
dados nos capítulos anteriores e entender as ideias bási- Exemplos: Shakespeare escreveu
cas sobre as estruturas lógicas. a Ilíada.
Passaremos daí, no capítulo 5, ao estudo dos princí- Existem políticos que são honestos.
pios de contagem e probabilidades.
7>2
As operações com conjuntos serão estudadas no ca-
pítulo 6. 3+4≠7
Finalmente, no capitulo 7, estudaremos os problemas
aritméticos, geométricos e matriciais. Exemplos de sentenças que não são proposições:

1. RACIOCÍNIO LÓGICO Exemplos: O rio Amazonas.


Abaixo a corrupção!
Em geral, as pessoas pretendem raciocinar e agir “lo- Será que o motorista conhece o cami-
gicamente”, no dia-a-dia, nos estudos, no trabalho, falan-
nho?
do de política, de futebol, de seus projetos, do futuro da
humanidade, etc. 2/3
251
Entretanto, a lógica que fundamenta os raciocínios e 3 vezes 8
as ações raramente é explicitada ou submetida a críticas.
Ela é incorporada de forma inconsciente a partir, sobre-
tudo, do aprendizado da língua natural e parece tão As proposições podem ser classificadas como verda-
bem partilhada por todos que poucos se julgam carentes deiras ou falsas. Quando uma proposição é verdadeira,
de lógica ou consideram necessário estudá-la. dizemos que seu valor lógico é V. Quando uma proposi-
Por outro lado, é muito frequente ouvirmos dizer que ção é falsa, dizemos que seu valor lógico é F.
estudar matemática desenvolve o raciocínio lógico. As proposições são geralmente representadas por le-
Apesar de esta relação não ser direta e nem imediata, a tras minúsculas do alfabeto latino.
percepção da estreita relação entre a matemática e a Existem dois princípios importantes que regem as
lógica, entre a lógica e a linguagem, entre a lingua- proposições, e devem ser conhecidos:
gem e o pensamento contribui bastante para esclarecer
mitas das razões pelas quais estudamos certos assuntos, • Princípio da Não-Contradição
sobretudo a matemática. Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao
Nesse curso trataremos, ainda que de forma introdu- mesmo tempo.
tória, de algumas noções de lógica. Não desejamos com
isso mais do que dar os primeiros passos no sentido de • Princípio do Terceiro Excluído
perceber as relações acima referidas. Esses passos são Uma proposição ou é verdadeira (V), ou é falsa (F),
fundamentais para que possamos tirar proveito da lin- não podendo ter outro valor.
guagem natural em benefício de uma melhor aprendi-
zagem. Exemplos de julgamentos de proposições:

O Que é Lógica
Exemplos: Brasil é um país da
De maneira simples, podemos dizer que a lógica é América do Sul.
uma ciência do raciocínio. Segundo Irving Copi, a sua Proposição VERDADEIRA
ideia está ligada ao processo de raciocínio correto Shakespeare escreveu a Ilíada.
e incorreto que depende da estrutura dos argu-
Proposição FALSA
mentos envolvidos nele.
A lógica estuda as formas ou estruturas do pensa- Existem políticos que são hones-
RACIOCÍNIO LÓGICO

tos. A tabela a seguir permite determinar, de forma ge-


Proposição VERDADEIRA ral, o valor lógico da proposição p ⋀ q. A primeira linha
indica que quando p é verdadeira e q é verdadeira, p ⋀
7 > 2
q é verdadeira. A leitura das demais linhas deve ser feita
proposição VERDADEIRA de modo análogo.
3+4≠7
proposição FALSA p q p⋀q
V V V

Proposições Compostas V F F

F V F
Ao utilizarmos a linguagem, combinamos ideias sim-
ples, ligamos proposições através de conectivos (como F F F
e, ou), obtendo, então, proposições compostas. As pro-
posições componentes de uma proposição composta são Uma tabela desse tipo, que prevê todas as possibili-
chamadas proposições simples. dades para o valor lógico de uma proposição composta a
partir dos valores lógicos das componentes e dos conecti-
vos, é chamada tabela-verdade da proposição composta.

Exemplos: João é inteligente e


Conectivo “ou”
Paulo é bom atleta.
Maria joga tênis ou faz ginástica. O conectivo ou é utilizado, na linguagem natural,
O Brasil exporta minérios e importa para traduzir tanto a ideia de hipóteses mutuamente
exclusivas (ou ocorre isto ou ocorre aquilo) quanto a de
petróleo.
que pelo menos uma das hipóteses ocorre.
O ministro está mentindo ou eu não en- A proposição “Irei ao cinema ou ao estádio” contém
tendo coisa alguma de economia. uma ideia de exclusão. Isso não acontece com a proposi-
ção “Os alunos dessa turma jogam futebol ou basquete”.
Nessa última, a ideia que se pretende transmitir é a de
252 O valor lógico (V ou F) de uma proposição composta é que pelo menos uma das duas proposições componentes
totalmente determinado pelos valores lógicos das propo- é verdadeira, nada impedindo que ambas o sejam simul-
sições simples que a constituem e pela forma como elas taneamente.
estão ligadas, isto é, pelo conectivo. É nesse sentido, não-exclusivo, que o ou será utiliza-
do, sistematicamente.
Conectivo “e” Assim, a proposição p ou q, chamada disjunção e
representada simbolicamente por p ⋁ q, é verdadeira
Quando duas proposições simples são ligadas pelo quando pelo menos uma das proposições componentes o
conectivo e, a proposição composta resultante e chama- é, sendo falsa apenas quando ambas forem, simultane-
da conjunção. amente, falsas. Podemos resumir isso na tabela-verdade
Simbolicamente, representando por p umas das pro- a seguir.
posições simples e por q a outra, a conjunção das duas é
representada por p ⋀ q. p q p⋁q
O conectivo e traduz a ideia de simultaneidade. As-
sim, uma proposição do tipo p ⋀ q é verdadeira apenas V V V
quando p e q são verdadeiras simultaneamente. Em V F V
qualquer outro caso, p ⋀ q é falsa.
F V V

F F F
Exemplos: Paris situa-se na Áfri-
ca e a África tem uma população predomi-
nantemente negra. Considerando as proposições simples:
Trata-se de uma proposição falsa, uma p: Um pentágono tem seis lados. (F)
vez que a primeira proposição componente q: Um icoságono tem vinte lados. (V)
é falsa. r: Os insetos tem seis patas. (V)
Platão era grego e Pilatos era romano. s: Os cachorros são insetos. (F)
podemos afirmar que:
Esta proposição é verdadeira, pois as
duas proposições simples conectadas são a. são verdadeiras as proposições compostas:
verdadeiras. q ⋀ r, p ⋁ q, p ⋁ r, r ⋁ s e outras.
CAPÍTULO 01 - Raciocínio Lógico

b. são falsas as proposições compostas: Apesar de serem muito frequentes, as construções


p ⋀ q, r ⋀ s, p ⋁ s e outras. com a dupla negação sempre podem ser substituídas por
outras, preferíveis do ponto de vista lógico. Por exemplo,
Negação
- em vez de “Não quero nada” podemos dizer “Não
Já vimos que uma proposição p ou é verdadeira ou é quero coisa alguma”;
falsa, não havendo outra possibilidade. Quando p é ver- - em vez de “Não tenho nada a declarar” podemos
dadeira, a sua negação, representada por ~p (ou ¬p), é dizer “Nada tenho a declarar”;
falsa. Inversamente, se p é falsa, ~p é verdadeira. - em vez de “Não vou a lugar nenhum” podemos dizer
A tabela-verdade a seguir resume o parágrafo ante- “Não vou a lugar algum”.
rior.
Tabelas-Verdade
Pelo uso repetido dos conectivos ⋀, ⋁ e da negação ~,
p ~p podemos construir proposições compostas progressiva-
V F mente mais complexas, cujos valores lógicos não temos
condições de determinar imediatamente. No entanto, o
F V
valor de uma proposição sempre pode ser determina-
do a partir dos valores lógicos das proposições simples
Como exemplo, considerando as proposições: componentes e dos conectivos utilizados. Um modo or-
p: Paris é a capital do Japão. (F) ganizado e sistemático de fazer isso é a utilização de
q: No Brasil, fala-se português. (V) uma tabela com todas as possíveis combinações entre
r: 2 + 3 = 6 (F) os valores lógicos das proposições componentes e com
s: 4 não é um número primo. (V) o correspondente valor lógico da proposição composta.
Como exemplo, vamos construir a tabela-verdade
podemos escrever as seguintes negações: das seguintes proposições:
~p: Paris não é a capital do Japão. (V)
(ou “Não é verdade que Paris é a capital do Japão”) a. p⋀~q
~q: No Brasil não se fala português. (F)
(ou “Não é verdade que no Brasil se fala português”)
~r: 2 + 3 ≠ 6 (V) p q ~q p⋀~q
~s: 4 é um número primo. (F) V V F F 253

V F V V
Embora a negação de uma proposição pareça extre-
mamente simples, convém destacar alguns de seus as- F V F F
pectos:
F F V F

• Negar uma proposição p não é apenas afir-


mar algo diferente do que p afirma, ou algo com b. ~p⋁~q
valor lógico diferente. Por exemplo, a proposição
“t: Tóquio é a capital do Japão” (V) não é a negação p q ~p ~q p⋀~q
de “p: Paris é a capital do Japão” (F).
V V F F F
• Sendo verdadeira uma proposição, a sua ne-
gação é falsa e vice-versa. Consequentemente, a V F F V V
negação da proposição ~p afirma o mesmo que p,
F V V F V
isto é, a negação da negação de p é logicamente
equivalente a p. Escrevemos ~(~p) ≡ p (o símbo- F F V V V
lo ≡ significa “logicamente equivalente”). Assim,
sendo “p: A Lua é um satélite da Terra” temos
“~p: A Lua não é um satélite da Terra” e também Dica Focus: Quando uma propo-
“~(~p): Não é verdade que a Lua não é um satélite sição composta possui V e F em seu resul-
da Terra”. tado, na última coluna da tabela-verdade,
• Assim, podemos concluir que, embora na ela é chamada CONTINGÊNCIA.
língua portuguesa a dupla negação seja frequen-
temente utilizada como um reforço da negação, c. p⋀~p
do ponto de vista puramente lógico ela equivale
a uma afirmação.
p ~p p⋀~p
Desse modo, dizer “Não tenho nada a declarar” é logi- V F F
camente equivalente a “Tenho algo a declarar”.
Analogamente, dizer “Não quero nada” é o mesmo F V F
que dizer “Quero algo”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

produtos são caros e duram pouco” é logicamente


Dica Focus: Quando uma propo- equivalente a “Nossos produtos não são caros ou
sição composta possui sempre o valor lógi- não duram pouco”. Escrevendo de forma simbóli-
co F, ela é chamada CONTRADIÇÃO. ca, temos:

p: Nossos produtos são caros.


d. p⋁~p ~p: Nossos produtos não são caros.
q: Nossos produtos duram pouco.
~q: Nossos produtos não duram pouco.
p ~p p⋁~p ~(p ⋀ q): Não é verdade que nossos produtos são ca-
V F V ros e duram pouco.
~p ⋁ ~q: Nossos produtos não são caros ou não duram
F V V
pouco.
Verificando através da tabela-verdade:

Dica Focus: Quando uma propo- p q p⋀q ~(p⋀q)


sição composta possui sempre o valor lógi- V V V F
co V, ela é chamada TAUTOLOGIA.
V F F V

F V F V

Importante: O número de linhas F F F V

de uma tabela-verdade é igual a 2n, sendo


p q ~p ~q p⋀~q
n o número de proposições simples compo-
V V F F F
nentes. Então:
V F F V V
1 proposição → 21 = 2 linhas
2 proposições → 22 = 4 linhas F V V F F

3 proposições → 23 = 8 linhas F F V V F
254 4 proposições → 24 = 16 linhas
n proposições → 2n linhas Comparando os valores lógicos da última coluna das
tabelas, concluímos que

~(p ⋀ q) ≡ ~p ⋁ ~q
Equivalência Lógica
Portanto, negar uma conjunção é negar pelo menos
Quando, a partir das mesmas proposições simples, uma das proposições simples componentes.
duas proposições compostas transmitem exatamente a
mesma informação, a mesma ideia, elas são chamadas b. Analogamente, podemos verificar que a pro-
logicamente equivalentes. Para que isso aconteça, as posição “Não é verdade que o piloto ganha a cor-
duas proposições compostas devem apresentar exata- rida ou é despedido” é logicamente equivalente a
mente os mesmos valores em suas respectivas tabelas- “O piloto não ganha a corrida e não é despedido”.
-verdade.
O símbolo da equivalência lógica é ≡. Verificando através da tabela-verdade, temos:
Já vimos anteriormente que as proposições p e ~(~p)
são logicamente equivalentes. Vamos comprovar essa p q p⋁q ~(p⋁q)
afirmação, por meio de tabela-verdade: V V V F
~p ~(~p) V F V F
V F V F V V F
F V F F F F V

Comparando as colunas, observamos que as tabelas- p q ~p ~q ~ p⋀~q


-verdade de p e ~(~p) são exatamente iguais. Então, po-
V V F F F
demos concluir que p ≡ ~(~p).
Como exemplo, vamos analisar duas equivalências V F F V F
muito importantes, chamadas Leis De Morgan.
F V V F F

a. A proposição “Não é verdade que nossos F F V V V


CAPÍTULO 01 - Raciocínio Lógico

Comparando os valores lógicos da última coluna das


tabelas, concluímos que ~(p → q) ≡ p ⋀ ~q

~(p ⋁ q) ≡ ~p ⋀ ~q Proposições Bicondicionais


Portanto, negar uma disjunção é negar simultanea- Quando são verdadeiras, simultaneamente, as propo-
mente as duas proposições simples componentes. sições “se p, então q” e “se q, então p”, dizemos que é ver-
dadeira a proposição bicondicional “p se, e somente se,
Proposições Condicionais q”, que é representada por p↔q. A veracidade de p↔q
significa que não podemos ter p verdadeira e q falsa nem
Muitas das sentenças que utilizamos diariamente q verdadeira e p falsa, de onde resulta a seguinte tabe-
têm a forma “se p, então q”. Proposições compostas desse la-verdade.
tipo são chamadas condicionais e representadas simboli-
camente por p → q.
p q p↔p
a. Se o Santos ganha essa partida, então ele é V V V
o campeão. V F F
b. Se o ministro tem razão, então dias melho-
res virão. F V F
c. Se os preços sobem muito, as vendas dimi- F F V
nuem.
d. Se a = b, então a + 3 = b + 3. Um exemplo de uma proposição bicondicional é a
e. Se o gelo é aquecido, ele se derrete. afirmação “Um polígono é um quadrilátero se, e somente
f. Se não chover, eu volto pra te ver. se, tem quatro lados”.
g. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho
come.
h. Se está chovendo, então existem nuvens. Observação:
(p ↔ q) ≡ (p → q) ⋀ (q → p)
Examinando a primeira proposição, sendo p: “O San-
tos ganha essa partida” e q: “O Santos é o campeão”, te-
255
mos, simbolicamente: p → q. Equivalência Entre Condicionais
Essa afirmação garante que se “o Santos ganha essa
partida” (p verdadeira), então “ele é o campeão” (q ver- Partindo de duas proposições simples p e q, forma-
dadeira), mas não informa o que acontecerá se o Santos mos as seguintes proposições condicionais:
não ganhar essa partida (p falsa). Nesse caso, ele poderá
ser campeão (q verdadeira) ou não (q falsa), sem negar p → q; q → p; ~p → ~q; ~q → ~p
a proposição p → q. A negação da afirmação ocorrerá
somente se “o Santos ganha essa partida” (p verdadeira) • As proposições p → q e q → p são chamadas
e “ele não é o campeão” (q falsa). proposições recíprocas.
Assim, podemos afirmar que uma proposição do tipo • As proposições p → q e ~p → ~q são chama-
“se p, então q” só é falsa se tivermos p verdadeira e q fal- das proposições inversas.
sa; em qualquer outro caso, ele é verdadeira. Daí, temos • As proposições p → q e ~q → ~p são chama-
a seguinte tabela-verdade: das proposições contrapositivas.

Vamos analisar as relações entre essas proposições.


p q p→p
Sejam p: “Ele é paranaense” e q: “Ele é brasileiro”.
V V V Temos:
V F F
a. (condicional) p → q: Se ele é paranaense, en-
F V V tão ele é brasileiro. (V)
F F V b. (recíproca) q → p: Se ele é brasileiro, então
ele é paranaense. (F)
Como uma proposição p → q só é falsa quando ocor- c. (inversa) ~p → ~q: Se ele não é paranaense,
rem, simultaneamente, p verdadeira e q falsa, podemos, então ele não é brasileiro. (F)
de forma equivalente, afirmar que não é verdade que d. (contrapositiva) ~q → ~p: Se ele não é brasi-
temos p verdadeira e q falsa, ou seja: leiro, então ele não é paranaense. (V)

(p → q) ≡ ~(p ⋀ ~q) Através da tabela-verdade, pode-se verificar que


(p → q) ≡ (~q → ~p)
e, consequentemente,
RACIOCÍNIO LÓGICO

Premissas Verdadeiras e Conclusão


2. LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO Verdadeira
Um argumento é um conjunto de proposições (p1, p2, Exemplo:
p3, ..., pn) com uma estrutura lógica que tem como conse-
quência uma outra proposição (q). • Premissas:
As proposições p1, p2, p3, ..., pn são chamadas premis- – Todos os apartamentos são pequenos. (V)
sas do argumento, e a proposição q é chamada conclusão – Todos os apartamentos são residências. (V)
do argumento.
De um modo geral, os argumentos são escritos na • Conclusão:
forma: – Algumas residências são pequenas. (V)

p1 Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclu-


p2 são verdadeira.
p3
: Exemplo:
pn
________
• Premissas:
∴q – Todos os peixes têm asas. (F)
– Todos os peixes são pássaros. (F)
Exemplos:
a. • Conclusão:
p1: Se eu passar no concurso, então irei trabalhar. – Todos os pássaros têm asas. (V)
p2: Passei no concurso.
q: Irei trabalhar. Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclu-
são falsa.
b. Exemplo:
• Todos os brasileiros são humanos.
• Todos os paranaenses são brasileiros. • Premissas:
• Conclusão: Todos os paranaenses são huma- – Todos os peixes têm asas. (F)
256
nos. – Todos os cães são peixes. (F)

c. • Conclusão:
• Se o Brasil ganhar o jogo, todos os jogadores – Nem todos os cães têm asas. (F)
receberão o prêmio.
• Se o Brasil não ganhar o jogo, todos os joga- Todos os argumentos vistos são válidos, pois se suas
dores receberão o prêmio. premissas fossem verdadeiras, então as conclusões tam-
• Conclusão: Todos os jogadores receberão o bém seriam.
prêmio. Um argumento é válido se, quando todas as suas pre-
missas forem verdadeiras, a sua conclusão também será
d. verdadeira.
Premissa: Todos so sais de sódio são substâncias so- Um argumento é não válido se existir a possibilidade
lúveis em água. de suas premissas serem verdadeiras e sua conclusão
Premissa: Todo sabão é um sal de sódio. ser falsa.
Conclusão: Todo sabão é uma substância solúvel em A validade do argumento depende apenas da estru-
água. tura dos enunciados.

Validade de um Argumento Exemplo:

De acordo com o que já estudamos anteriormente, • Premissas:


sabemos que uma proposição pode ser verdadeira ou – Todas as mulheres são bonitas.
falsa. No caso de um argumento, diremos que ele é vali- – Todas as princesas são mulheres.
do ou não válido.
A validade é uma propriedade dos argumentos de- • Conclusão:
dutívos que depende da estrutura lógica das suas pro- – Todas as princesas são bonitas.
posições (premissas e conclusão) e não do conteúdo de
cada uma delas. Não precisamos de nenhum conhecimento aprofun-
Sendo assim, podemos ter as seguintes combinações dado sobre o assunto para concluir que o argumento aci-
para os argumentos válidos dedutivos: ma é válido.
Para concluir que o argumento anterior é válido, va-
ÉTICA NO
SERVIÇO PÚBLICO
PROFESSOR
Tiago Zanolla
Professor de Ética no Serviço Público, Conhecimen-
tos Bancários e Direito Regimental. Formado em Enge-
nharia de Produção pela Universidade Pan-Americana
de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de Mandados
no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Envolvido
com concursos públicos desde 2009 é professor em di-
versos estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. COMO ESTUDAR ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO....................................................................................................................187
Introdução...................................................................................................................................................................................................................................................... 187

2. ÉTICA, MORAL, PRINCÍPIOS E VALORES..................................................................................................................................187

3. ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA......................................................................................................... 191

4. ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA.............................................................................................................................................................192

5. DECRETO 1.171/1994 - INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................194


Das Regras Deontológicas....................................................................................................................................................................................................................... 195
Dos Principais Deveres Do Servidor Público ................................................................................................................................................................................ 198
Das Vedações Ao Servidor Público...................................................................................................................................................................................................... 201
Das Comissões De Ética – Decreto 1.171............................................................................................................................................................................................. 203

6. LEI 8.112/1990.......................................................................................................................................................................................204
Formas De Provimento E Vacância Do Cargo Público................................................................................................................................................................. 205
Direitos, Deveres, Proibições, Acumulação De Cargos, Responsabilidades, Penalidades E O Regime Disciplinar........................................... 212
Vantagens....................................................................................................................................................................................................................................................... 213

7. LEI 8.429/1992....................................................................................................................................................................................... 234

8. QUESTÕES GABARITADAS............................................................................................................................................................. 244

185
CAPÍTULO 01 - Como estudar ética no serviço público

1. COMO ESTUDAR ÉTICA NO A ética é construída por uma sociedade com base nos
valores históricos e culturais, ou seja, antecede qualquer
SERVIÇO PÚBLICO lei ou código.

Introdução Evolução Histórica da Ética

Muitos candidatos, desprezam o estudo da discipli- A evolução do conceito de ética foi, sempre, dentro
na Ética no Serviço Público. Acreditam que apenas uma de determinados contextos específicos, elaborados pelo
leitura da “lei seca” é suficiente. Ocorre que muitas ban- homem. Significa que a evolução do conceito resulta de
cas têm elaborado questões mesclando conhecimentos condições civilizacionais e de contemporaneidade que
de outras disciplinas, tais como, direito administrativo, foram mudando ao longo do tempo.
direito constitucional, direito penal, leis especiais, entre Por outras palavras é a sociedade que determina as
outros, com dispositivos do Decreto 1.171. regras da ética (seja através das leis, dos costumes , da
Além disso, temos o estudo da “Teoria da Ética”. O Moral, de códigos de conduta ou da deontologia) mas
estudo da ética é muito subjetivo, existem centenas de existe sempre um espaço de consciência individual que
conceitos. permite a cada cidadão estabelecer as suas fronteiras
Veja o exemplo de recentes questões que concurso: desde que não infrinja princípios determinados por re-
(CESPE – 2008 – Analista do Seguro Social) O código gras de conduta sociais.
de ética se caracteriza como decreto autônomo no que A ética na civilização Grega: A ética tinha uma rela-
concerne à lealdade à instituição a que o indivíduo serve ção muito estreita com a política. Atenas era o ponto de
(CESPE – 2012 – IBAMA – Téc. Adm.) A ética, enquan- encontro da cultura grega onde nasceu uma democracia
to filosofia da moral, constata o relativismo cultural e o com assembleias populares e tribunais e as teorias éticas
adota como pressuposto de análise da conduta humana incidiam sobre a relação entre o cidadão e a polis. As
no contexto público. correntes filosóficas: ética aristotélica, ética socrática e
(CESPE - 2015 - MPU - Técnico do MPU) A ética en- ética platónica, têm em comum que o homem deverá pôr
volve um processo avaliativo do modo como os seres hu- os seus conhecimentos ao serviço da sociedade. A Ética
manos, a natureza e os animais intervêm no mundo ao na civilização grega era apenas uma ética normativa. Li-
seu redor mitava-se a classificar os atos do homem.
O que achou? Conseguiu respondê-las? Após as conquistas de Alexandre Magno, a huma-
Questões desse tipo, podem ser a diferença entre a nidade presencia uma nova era: No mundo helenístico
aprovação no certame pretendido. Quem visa passar em e romano, a ética passa a sustentar-se em teorias mais 187
concurso público deve lutar por cada ponto. individualistas que analisam de diversas formas o modo
Apesar de muitos acharem a disciplina complicada, mais agradável de viver a vida. Já não se tratava de con-
pois o tema é amplo e difícil de ser previsto devido à ciliar o homem com a cidade. Em todas as abordagens
grande referência bibliográfica, a grande verdade é que éticas estava subjacente a procura de felicidade como o
o foco de cobrança de Ética tem sido tratado sobre a bem supremo a atingir.
abordagem sobre o cliente-cidadão. Com a metodologia A Ética na Idade Média: Na idade média o conceito
apropriada, o estudo torna-se muito agradável. de ética altera-se radicalmente. Desliga-se da natureza
para se unir com a moral cristã. A influência da igreja,
entre os séculos IV e XIV, impede que nas cidades euro-
2. ÉTICA, MORAL, PRINCÍPIOS E peias a ética se afaste das normas que ela própria dita.
VALORES Só o encontro do Homem com Deus lhe possibilitará a
felicidade.
O tema ética está presente na vida das pessoas, seja Ética e moral fundiam-se numa simbiose que a igreja
em pequenas ou grandes decisões, dilemas éticos sur- considerava perfeita. Durante este período a Ética deixa
gem cotidianamente. A escolha entre o caminho fácil e o de ser uma opção, passa a ser imposta, confundindo-se
mais correto, entre obediência e sentimento, conflitos de com a religião e a moral. Continua porém apenas a ser
foro íntimo são travados. normativa.
A ética é uma ciência de estudo da filosofia., pautada
Idade contemporânea: Surgem ramos diferenciados
no indivíduo. O termo Ética deriva do grego ethos (ca-
ráter, modo de ser de uma pessoa). A ética serve para aplicados nos diferentes campos do saber e das ativi-
que haja um EQUILÍBRIO E BOM FUNCIONAMENTO dades do ser humano. No Séc. XIX começa a aparecer
SOCIAL, possibilitando que ninguém saia prejudicado. a ética aplicada. A ciência e a economia substituem a
Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida religião. Começa a falar-se de “ética utilitarista”: tudo o
com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça que contribua para o progresso social é bom.
social. Anos 50 a 80, Ética, consumo e sustentabilidade: So-
ciedade de consumo – cidadão consumidor
ÉTICA Significa COMPORTAMENTO, Final do séc. passado: As desigualdades fazem des-
sendo um conjunto de valores pertar uma consciência cívica. O consumidor-objeto dá
morais e princípios que nor- lugar ao consumidor sujeito, mais preocupado com o
teiam a conduta humana na
sociedade
significado e as consequências dos seus padrões de con-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

sumo. Multiplicam-se os códigos de ética ou de conduta. losófica e ética científica:


Nasce a empresa-cidadã: postura ética empresarial.
Séc. XXI: Ética sustentável – caracterizada pelo res- ÉTICA FILOSÓFICA x ÉTICA CIENTÍFICA
peito pela natureza. A ÉTICA FILOSÓFICA é aquela que tenta esta-
Do ponto de vista da Filosofia, Ética é a parte da filo- belecer princípios constantes e universais para a
sofia que estuda os fundamentos da moral e os princípios boa conduta da vida em sociedade, em suma, tenta
ideais da conduta humana, ou seja, tem como objeto de estabelecer uma moral universal, a qual os homens
estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as causas, deveriam seguir independentemente das contingên-
os princípios, as máximas, as circunstâncias. cias de lugar e de tempo. A ética tem como objeto
As ações (condutas) são baseadas em juízos éticos de estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as
que nos dizem o que são o bem, o mal e a felicidade. causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias;
Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e mas também analisa as consequências dessas ações.
comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto Por outro lado, a ÉTICA CIENTÍFICA constata
de vista moral. o relativismo cultural e o adota como pressuposto.
Juízos éticos de valor, que são também normativos, , Qualifica o bem e o mal, assim como a virtude e o
enunciam normas que determinam o dever ser de nos- vício, a partir de seus fundamentos sociais e históri-
sos sentimentos, nossos atos, nossos comportamentos. cos. Na investigação da ética científica, a pluralida-
São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções de, a diversidade cultural e a dinâmica da sociedade
e ações segundo o critério do bem e do mal, ou seja, do são relevantes.
correto e do incorreto.
Fique atento: o examinador pode cobrar dois tipos Memorize:
de juízo:
ÉTICA FILOSÓFICA ÉTICA CIENTÍFICA
Juízo de Fato São aqueles que dizem o que as
coisas são, como são e porque Moral universal Relativismo cultural
são. Em nossa vida cotidiana,
Princípios universais Depende da situação
os juízos se fato estão presentes
Lei natural Cultura e sentimentos
Juízo de Valor Constitui avaliações sobre coi-
sas, pessoas, situações, e são Consciência imutável Relativismo moral
proferidos na moral, nas artes,
na política, na religião, enfim,
em todos os campos da exis- SÓCRATES, considerado o pai da filosofia, dizia que a
188 tência social do ser humano. obediência à lei era o divisor entre a civilização e a bar-
Juízos de valor avaliam coisas,
pessoas, ações, experiências,
bárie. Segundo ele, as ideias de ordem e coesão garan-
acontecimentos, sentimentos, tem a promoção da ordem política. A ética deve respeitar
estados de espíritos, intenções às leis, portanto, à coletividade.
e decisões como sendo boas ou KANT afirmava que o fundamento da ética e da mo-
más, desejáveis ou indesejáveis
ral seria dado pela própria razão humana: a noção de
dever. Mais recentemente, o filósofo inglês BERTRAND
Juízo de Fato são aqueles que dizem o que as coisas RUSSELL afirmou que a ética é subjetiva, portanto não
são, como são e porque são. Em nossa vida cotidiana, os conteria afirmações verdadeiras ou falsas. Porém, defen-
juízos se fato estão presentes dia que o ser humano deveria reprimir certos desejos e
Juízo de Valor constitui avaliações sobre coisas, pes- reforçar outros se pretendia atingir o equilíbrio e a fe-
soas, situações, e são proferidos na moral, nas artes, na licidade.
política, na religião, enfim, em todos os campos da exis- Quer um exemplo prático? Imagine que você precisa
tência social do ser humano. Juízos de valor avaliam coi- ir ao banco. Chegando lá há uma enorme fila, porém você
sas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, senti- está atrasado para um compromisso. O que você faz? Por
mentos, estados de espíritos, intenções e decisões como que está com pressa, já vai “furando” a fila? NÃO, CLARO
sendo boas ou más, desejáveis ou indesejáveis QUE NÃO, pois, é ético respeitá-la, ou seja, apesar de
Qual a origem da diferença entre os dois tipos de juí- seu desejo e necessidade, você vai lá para o final da fila,
zo? A diferença está entre a natureza e a cultura. mantendo assim a harmonia da coletividade ali presente.
A natureza é constituída por estruturas e processos Quem chegou antes, tem o direito de ser atendido antes.
necessários, que existem em si e por si mesmos, inde- E essa coisa de respeitar a fila, está em alguma lei? Tam-
pendentemente de nós. A chuva, por exemplo, é um fe- bém não, pois é um valor arraigado em nossa sociedade.
nômeno meteorológico cujas causas e efeitos necessá- O termo moral deriva do latim – mos/mores (do latino
rios podemos constatar e explicar. “morales”), e significa COSTUMES. Moral é agir de ma-
A cultura, por sua vez, nasce da maneira como os neira ética. No contexto filosófico, ética e moral possuem
seres humanos se interpretam a si mesmos, e as suas diferentes significados.
relações com a natureza, acrescentando-lhe sentidos no- Segundo Aranha e Martins (1997, p. 274):
vos, intervindo nela, alterando-a através do trabalho e da A moral é o conjunto das regras de conduta admiti-
técnica dando-lhe valores. das em determinada época ou por um grupo de homens.
Outro ponto de cobrança é a diferença entre ética fi- Nesse sentido, o homem moral é aquele que age bem ou
CAPÍTULO 02 - Ética, moral, princípios e valores

mal na medida que acata ou transgride as regras do gru- • “Cada um dos sistemas variáveis de leis e valores
po. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se estudados pela ética, caracterizados por organizarem a
ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios vida de múltiplas comunidades humanas, diferenciando
que fundamental a vida moral. Essa reflexão pode seguir e definindo comportamentos proscritos, desaconselha-
as mais diversas direções, dependendo da concepção de dos, permitidos ou ideais.”
homem que se toma como ponto de partida. • “Do latim Moraallis, Mor, Morale – relativos aos cos-
tumes.”
• “Parte da filosofia que estuda o comportamento hu-
MORAL São os costumes, regras, tabus
e convenções estabelecidas por mano à luz dos valores e prescrições que regulam a vida
cada sociedade em determina- das sociedades;
da época, por isso, é mutável. A
moral pessoal é formada pela
cultura e tradição do grupo ao No sentido prático, a finalidade da ética, da moral e
qual o indivíduo está inserido. do direito são muito semelhantes. Todas são responsá-
veis e objetivam construir as bases que vão guiar a con-
Segundo Cordi, desde a infância a pessoa está sujeita duta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo
à influência do meio social por intermédio da família, e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se
da escola, dos amigos e dos meios de comunicação de comportar em sociedade.
massa (principalmente a televisão). Assim, ela vai adqui-
rindo aos poucos princípios morais. Portanto, ao nascer o AÇÕES DO HOMEM E FENÔMENOS DA NATU-
sujeito se depara com um conjunto de normas já estabe- REZA
lecidas e aceitas pelo meio social. Este é o aspecto social “A ética envolve um processo avaliativo especial
da moral. Mas a MORAL NÃO SE REDUZ AO ASPECTO sobre o modo como os seres humanos intervêm no
SOCIAL. À medida que o indivíduo desenvolve a reflexão mundo ao seu redor, principalmente quando se rela-
crítica, os valores herdados passam a ser colocados em cionam com os seus semelhantes.
questão. Ele reflete sobre as normas e decide aceitá-las Assim como os fenômenos da natureza (movi-
ou negá-las. A decisão de acatar uma norma é fruto de mentos das rochas, dos mares e dos planetas, etc.), as
uma reflexão pessoal consciente que se chama interio- ações humanas também modificam o mundo. Contu-
rização. Essa interiorização da norma é que qualifica o do, esses dois tipos de eventos - naturais e humanos
ato como moral. Caso não seja interiorizado, o ato não é - são apreciados por nós de formas completamente
considerado moral, é apenas um comportamento deter- distintas.
minado pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes. Quando se trata de uma ação humana, por exem- 189

A Moral sempre existiu, sendo, portanto anterior ao plo um roubo praticado por alguém, fazemos não
Direito. Nem todas as regras Morais são regras jurídicas. apenas uma avaliação moral do aspecto exterior, vi-
A linguagem da moral possui caráter prescritivo signifi- sível, do evento (a apropriação indevida de algo que
ca, portanto, afirmar que ela não se limita à descrição ou pertence a outra pessoa), mas principalmente uma
à análise do modo como as coisas são, mas dita o modo avaliação moral do sentido dessa ação para o agente
como devem ser. A semelhança que o Direito tem com a que a pratica, em um esforço para compreender as
Moral é que ambas são formas de controle social e cons- suas intenções.
tituem um padrão para julgamento dos atos. Quando, porém, se trata de um fenômeno da na-
tureza, como uma acomodação de placas da crosta
MORAL TRADICONAL x MORAL MODERNA terrestre que causa terremotos na superfície do pla-
A moral tradicional é aquela que repousa sobre a neta, essa avaliação moral não ocorre, exatamente
crença em uma autoridade. Por que devemos aceitar porque não há como atribuir uma intenção àquela
tais e tais mandamentos? Porque os mesmos refle- força.
tem a vontade divina, a vontade de um governan- Vamos a um exemplo: não é incomum vermos
te ou de qualquer indivíduo no qual reconhecemos na imprensa denúncias contra agentes públicos que
uma autoridade, nossos pais, ídolos, etc. A moral mo- se apropriam indevidamente de recursos do Estado,
derna recusa a transcendência e questiona o funda- prejudicando, assim, investimentos nas políticas pú-
mento de autoridade. Será para ela que dirigiremos blicas e atendimento das demandas sociais.
agora a pergunta: por que devemos então aceitar um Muitas catástrofes naturais, em sua manifestação
princípio moral? exterior e visível, provocam destruição e morte. São
frequentes as notícias de terremotos, tempestades e
Encontramos no dicionário Houaiss, várias definições furacões que devastam cidades inteiras, causando
de moral, entre elas: um número grande de vítimas. Porém, a repulsa e a
• “Conjunto de valores como a honestidade, a bon- indignação com o desvio de verbas públicas é muito
dade, a virtude etc., considerados universalmente como mais significativo”
norteadores das relações sociais e da conduta dos ho-
mens.” A ética no serviço público está diretamente relacio-
• “Conjunto das regras, preceitos característicos de nada com a conduta dos funcionários que ocupam car-
determinado grupo social que os estabelece e defende.” gos públicos. Tais indivíduos devem agir conforme um
padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé e
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

outros princípios necessários para uma vida saudável para a criação de empregos, desenvolver a cidadania
no seio da sociedade. Ética diz respeito ao cuidado do e de robustecer a democracia. Para isso ele deve estar
servidor público com a sua conduta, de modo a conside- preparado para pôr em prática certas virtudes que be-
rar sempre os efeitos desta na realização dos próprios neficiem o país e a comunidade a nível social, econômico
interesses. e político.
Um profissional que desempenha uma função públi-
ca deve ser capaz de pensar de forma estratégica, inovar,
CONDUTA Manifestação de comportamen-
to do indivíduo. Esta pode ser cooperar, aprender e desaprender quando necessário,
boa ou má dependendo do có- elaborar formas mais eficazes de trabalho. Infelizmente
digo moral-ético do grupo onde os casos de corrupção no âmbito do serviço público são
aquele se encontra.
fruto de profissionais que não trabalham de forma ética.
Temos ainda a ética profissional. O indivíduo preci-
Conduta vem do latim conducta e é uma manifesta- sa cumprir com suas responsabilidades e atividades da
ção do comportamento do indivíduo. É, de acordo com profissão, seguindo os princípios determinados pela so-
o dicionário Melhoramentos (1997, p. 30), procedimento ciedade e pelo seu grupo de trabalho.
moral (bom ou mau).
O dicionário Michaelis (2010) a define como Condu-
ção. Reunião de pessoas que são conduzidas para algum ÉTICA PROFISSIONAL Conjunto de normas de conduta
que deverão ser postas em prá-
lugar por ordem superior. Procedimento moral; compor- tica no exercício de qualquer
tamento. Comportamento consciente do indivíduo, in- profissão. Seria a ação regula-
fluenciado pelas expectativas de outras pessoas. dora da ética agindo no desem-
penho das profissões, fazendo
E, ainda, segundo o Dicionário Brasileiro da Língua
com que o profissional respei-
Portuguesa (2008, p. 141), conduta é ato de conduzir; con- te seu semelhante quando no
junto de pessoas conduzidas para algum lugar; procedi- exercício da profissão
mento; comportamento.
É possível também encontrar definições doutrinárias, A ética profissional estuda e regula o relacionamento
como as do autor Antônio Lopes de Sá (2001) no senti- do profissional com sua clientela, visando à dignidade
do de que a conduta do ser é a resposta a um estímulo humana e a construção do bem-estar no contexto socio-
mental, ou seja, é uma ação seguidora de um comando cultural onde exerce sua profissão.
do cérebro e, ao se manifestar variável, também pode ser Um código de ética profissional oferece, implicita-
190 observada e avaliada. mente, uma série de responsabilidades ao indivíduo.
Valores são o conjunto de normas que corporificam Atinge todas as profissões e quando falamos de ética
um ideal de perfeição buscado pelos seres humanos: so- profissional, estamos nos referindo ao caráter normativo
lidariedade, verdade, lealdade, bondade etc. Essas atitu- e até jurídico que regulamenta determinada profissão, a
des classificam a conduta como honesta ou desonesta. partir de estatutos e códigos específicos, assim, como a
ética médica, do advogado, engenheiro, administrador,
VALORES MORAIS São conceitos que adquirimos biólogo etc. Acontece que, em geral, as profissões apre-
ao longo da vida com base nos sentam a ética firmada em questões muito relevantes
ensinamentos e influencias que ultrapassam o campo profissional em si.
que recebemos. Tais conceitos
norteiam nossa forma de ver o ATENÇÃO: É importante destacar a diferença entre
mundo e de agir em sociedade ética de responsabilidade e ética de convicção.
impondo limites ao nosso com- Na ética da convicção seguimos valores ou princípios
portamento, uma vez que mui- absolutos – tais como não matar, não roubar, não mentir.
tas vezes tais valores entram
em conflito com nossos desejos. Neste caso, a intenção é sempre mais importante do que
o resultado concreto das nossas ações. É a ética da mo-
ralidade do indivíduo.
Quando uma pessoa é eleita para um cargo público, a
A ética da responsabilidade, estabelecida por Ma-
sociedade deposita nela confiança e espera que ela cum-
quiavel e aprimorada por Max Weber, leva em conside-
pra um padrão ético. Assim, essa pessoa deve estar ao
ração as consequências dos atos dos agentes, geralmente
nível dessa confiança e exercer a sua função seguindo
políticos.
determinados valores, princípios, ideais e regras.
Para a ética da responsabilidade, serão morais as
ações que forem úteis à comunidade, e imorais aquelas
PRINCÍPIOS São norteadores que orientam que a prejudicam, visando os interesses particulares.
as pessoas em diversas situ-
ações. Cada sociedade forma
seus princípios ao longo da his- Ética da convicção são as ações morais individu-
tória. Os princípios são requisi- ais praticadas independente dos resultados alcança-
tos de otimização na aplicação dos. No dizer de Kant, não há regulamento, é o dever
das regras.
pelo dever. Por sua vez, ética de responsabilidade
é a moral do grupo, muito diferente da individual,
De igual forma, o servidor público deve assumir o pois aquela refere-se a decisões tomadas pelos go-
compromisso de promover a igualdade social, de lutar vernantes para o bem-estar geral, embora, muitas
CAPÍTULO 03 - Ética e democracia: exercício da cidadania

vezes, possam parecer erradas aos olhos da moral apenas há 60 anos e os analfabetos apenas há alguns
individual. anos. Chamamos isso de ampliação da cidadania (MAR-
TINS, 2008).
Sendo a ÉTICA INERENTE À VIDA HUMANA, sua Hoje, no entanto, o significado da cidadania assume
importância é bastante evidenciada na vida profissional, contornos mais amplos, que extrapolam o sentido de
porque cada profissional tem responsabilidades indivi- apenas atender às necessidades políticas e sociais, e as-
duais e responsabilidades sociais, pois envolve pessoas sume como objetivo a busca por condições que garantam
que dessas atividades se beneficiam. uma vida digna às pessoas
No âmbito empresarial, significa uma filosofia ou éti-
ca do serviço. Ou seja, é na medida em que o meu produ- O conceito de cidadania está fortemente ligado
to, a maneira de produzi-lo e tudo mais que eu faço em ao de democracia. Na antiguidade clássica, ser ci-
relação a ele representarem um serviço para o mercado, dadão era ter participação política. A palavra cida-
que minha empresa poderá obter um resultado econô- dão servia para definir, na Grécia antiga, o indivíduo
mico válido. Aqui, o valor maior é a solidariedade, o nascido na Pólis e que tinha direitos políticos. Com
objetivo maior é o crescimento do outro. O lucro, o bene- o tempo o conceito de cidadania foi se ampliando
fício econômico, é um subproduto. para além dos direitos, hoje ela está associada aos
Devemos esclarecer ainda que, todos os códigos de direitos e deveres dos indivíduos. Quando falamos
ética profissional, trazem em seu texto a maioria dos se- de direitos e deveres, devemos entender como cida-
guintes princípios: honestidade no trabalho, lealdade na dania a preocupação e o exercício de ações que ga-
empresa, alto nível de rendimento, respeito à dignidade rantam o desenvolvimento harmonioso da sociedade
humana, segredo profissional, observação das normas e a preservação dos direitos alheios. Ser cidadão, não
administrativas da empresa e muitos outros. é simplesmente cobrar seus direitos, mas lutar para
defender os interesses dos nossos semelhantes. O
pleno exercício da cidadania e da democracia estão
3. ÉTICA E DEMOCRACIA: associados a ideia de igualdade entre os indivíduos.
EXERCÍCIO DA CIDADANIA
Fundamentalmente, a acepção que se tem de cida-
Segundo Dalmo Dallari (2008), “a cidadania expressa dania abrange duas dimensões. A primeira está intrin-
um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade secamente ligada e deriva dos movimentos sociais, que,
de participar ativamente da vida e do governo de seu geralmente, encampa a luta por direitos. O exercício da
povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou cidadania relaciona-se com a consolidação da democra- 191
excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando cia.
numa posição de inferioridade dentro do grupo social”. A segunda, além da titularidade de direitos, é aque-
Segundo o dicionário Aurélio, cidadão é aquele indi- la que deriva do republicanismo clássico, enfatizando a
víduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, preocupação com a coisa pública (res pública).
ou no desempenho de seus deveres para com este, ou O gestor público, ocupa cargo de natureza transitória,
habitante da cidade, indivíduo, homem, sujeito. e os bens que ele administra, não é dele, é coisa pública.
Para a ética, não basta que exista um elenco de prin- Por isso, os agentes públicos devem representar o povo,
cípios fundamentais e direitos definidos nas Constitui- atuando de maneira ética e moral. O descaso com a “coi-
ções. O desafio ético para uma nação é o de universali- sa pública”, a confusão patrimonial, os casos de corrup-
zar os direitos reais, permitido a todos cidadania plena, ção, veem sendo cada vez mais refutados pela sociedade.
cotidiana e ativa. Vale lembra que DEMOCRACIA é o sistema político
A atitude de ceder um assento a um idoso em um onde o povo é soberano.
transporte coletivo constitui um exemplo de comporta- Kant enumerava algumas características comuns do
mento relacionado à cidadania. Este é um exemplo que que se entende por ser um cidadão. A primeira é a au-
demonstra um conceito ético universal, não expresso em tonomia. Os cidadãos têm de ter a capacidade de con-
qualquer código. É a transformação de valores e princí- duzir-se segundo seu próprio arbítrio. A segunda é a
pios em atitudes que atendam aos interesses coletivos. igualdade perante a lei. A terceira é a independência, ou
A cidadania esteve e está em permanente constru- seja, a capacidade de sustentar-se a si próprio.
ção; é um referencial de conquista da humanidade atra- Max Weber se ocupou-se com a fundamentação ética
vés daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior das ações políticas, que demandam senso moral diferen-
liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e ciado das ações individuais. Para o autor, dois são os ti-
não se conformam frente às dominações arrogantes, seja pos de fundamentação ética que distinguem as boas e as
do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas más razões dos atores políticos: o de natureza “principio-
que não desistem de privilégios, de opressão e de in- lógica preestabelecida” (como os são os Dez Mandamen-
justiças contra uma maioria desassistida e que não se tos) e o da categoria que visa a “resultados” (a educação
consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega do maior número de pessoas, por exemplo).
a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não Weber chama a primeira de ética de convicção (cor-
deverá será obstada (SANTANA, 2008). respondente à ética de deveres), e a segunda, de ética de
A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. fins, que dá legitimidade, por ele denominada de ética
As mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar de responsabilidade. Esta própria e adequada à política,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

pois não é pautada no valor consagrado no princípio, e 4. ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA


sim na racionalidade segundo o fim.
Enquanto tal, essa ética funda-se na adequação dos O estado é a instituição de mais alto poder na socie-
meios aos fins pretendidos, o que exige do juízo sobre a dade, cujas decisões afetam profundamente a vida dos
ação boa algo mais que a prudência: exige uma técnica cidadãos e para isso, convergem forças representando
de atuação que leve em consideração as consequências interesses diversos e conflitantes.
da decisão, tal como uma relação de causa e efeito. Si- Além disso, o Estado reclama para si o monopólio de
tuação em que se verifica tal postura seria a do médico certas atividades e decisões que tornam inevitáveis as
que mente para o paciente para poupá-lo do sofrimento: pressões contraditórias da sociedade (SERPRO – ENAP,
trata-se de uma mentira caridosa. 2007).
O decoro, a probidade e a integridade não são ape-
Ainda, segundo os filósofos, o que dá o conteúdo nas patrimônios pessoais. São caracteres imediatamente
à organização social é a ética. Assim como a estética transferidos à “personalidade do Estado”. Uma adminis-
está relacionada com a construção do belo, com a tração pública proba e íntegra, atenta ao decoro, é fun-
busca da perfeição na arte, a ética está relacionada ção direta da probidade e integridade de seus servidores.
à busca da perfeição na convivência social. O mundo As ações do estado encontram-se norteados por
ético é o mundo bom. A ética é indispensável para diversos princípios dentre os quais destaca-se o da le-
o desenvolvimento social. Há quem diga que ética galidade, que delimita o campo de atuação possível do
é bem estar social. Giannetti, por exemplo, diz que Estado e garante aos cidadãos a titularidade de direitos.
sem ética a própria sobrevivência fica comprome- No entanto, sendo o Estado um ser ético-político, a ava-
tida liação da conduta de seus agentes não pode pautar-se,
apenas, pelo aspecto da legalidade. Revela-se imperiosa
Os cidadãos em maioria desconhecem o histórico e a verificação quanto a obediência aos preceitos éticos
o contexto atual de seus próprios direitos fundamentais; que estejam disseminados na própria sociedade. A ética
não reconhecem o valor da conquista de uma Constitui- na condução da res publica emerge como instrumento
ção democrática, o significado de res publica. eficaz de PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS,
Mas é possível formar o cidadão, para que ele tenha a exemplo da liberdade e da igualdade.
condições de reivindicar ética nas atuações políticas? A governança pública, segundo Matias-Pereira (2008)
Como sugeriu Platão, podemos educar o indivíduo no es- está apoiada em quatro princípios:
pírito das melhores leis?
192 De acordo com Puig (1998, p.15), deve converter-se em
um âmbito de reflexão individual e coletiva que permita GOVERNANÇA PÚBLICA
elaborar racionalmente e autonomamente princípios ge- Relações Ética Conformidade
rais de valor, princípios que ajudem a defrontar-se criti-
Transparência Prestação Responsável de Con-
camente com realidades como a violência, a tortura ou a
tas
guerra. De forma específica, para esse autor, a educação
ética e moral deve ajudar na análise crítica da realidade
cotidiana e das normas sociomorais vigentes, de modo Os conceitos dos princípios de transparência e pres-
que contribua para idealizar formas mais justas e ade- tação de contas são os mesmos aplicáveis à governança
quadas de convivência. na gestão privada. As relações éticas dizem respeito a
Cortina (2003, p.113) entende que a educação do cida- permissões de ações, cujo parâmetro limitador é a não
dão e da cidadã deve levar em conta a dimensão comu- nocividade social; a conformidade refere-se à compati-
nitária das pessoas, seu projeto pessoal e também sua bilidade dos procedimentos com as leis e regulamentos
capacidade de universalização, que deve ser exercida A Administração Pública se constitui no instrumen-
dialogicamente, pois, dessa maneira, elas poderão ajudar tal de que dispõe o Estado para implementar as prio-
na construção do melhor mundo possível, demonstrando ridades do Governo. Assim, merece atenção especial o
saber que são responsáveis pela realidade social. estudo acerca das ações empreendidas pelo gestor da
De forma específica, lidar com a dimensão comuni- coisa pública, sobretudo em relação ao grau de aderên-
tária, dialogar com a realidade cotidiana e as normas cia ao interesse público (efetividade). Deve haver com-
sociomorais vigentes nos remete ao trabalho com a di- patibilidade entre as prioridades de governo e o querer
versidade humana, à abordagem e ao desenvolvimento da coletividade.
de ações que enfrentem as exclusões, os preconceitos e O governante, tem a obrigação de prestar contas dos
as discriminações advindos das distintas formas de de- seus atos com transparência suficiente para que a socie-
ficiência, e pelas diferenças sociais, econômicas, psíqui- dade, sob a análise da conformidade e do desempenho,
cas, físicas, culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de possa avaliar a sua gestão e, em razão disso, ratificá-la
gênero. Conceber esse trabalho na própria comunidade ou refutá-la (O’DONNELL, 1998).
onde está localizada a escola, no bairro e no ambiente
natural, social e cultural de seu entorno, é essencial para ACCONTABILITY: é a capacidade de prestar
a construção da cidadania efetiva. contas e de se fazer transparente. Na gestão pública
parte de uma perspectiva ampla, surgindo como um
instrumento a serviço da manutenção dos ideais de-
CAPÍTULO 04 - Ética e função pública

mocráticos de um país controlando tanto os processo A ética na função pública é a criação de uma cultura
como os resultados a serem alcançados. de justificação de escolhas, delimitando parâmetros ob-
jetivos para a formulação dessas escolhas, que substitu-
Esse instrumento de análise pressupõe, de um lado, am os critérios de racionalidade emanados de lei.
a conformidade da organização às leis que regulam suas
atividades e, de outro lado, o desempenho ou performan- Os Sete Princípios da Vida Pública
ce aderente às expectativas e aos desejos da sociedade Em maio de 1995, foi encaminhado ao primei-
como um todo. ro-ministro do Reino Unido um relatório elaborado
No caso brasileiro, esta rede de agências de accou- pela assim chamada Comissão Nolan, sobre normas
ntability englobaria, dentre outros, o Ministério Público, de conduta na vida pública britânica. A Comissão,
o sistema de controle interno dos Poderes, o Poder Ju- presidida por Lord Nolan (cujo nome se aplica tam-
diciário e os Tribunais de Contas. Estes últimos foram, bém ao relatório), reuniu-se durante seis meses,
sobretudo a partir da edição da Lei de Responsabilidade recebeu cerca de duas mil cartas e ouviu mais de
Fiscal, alçados à condição de grandes provedores de in- cem pessoas em audiências públicas. Seu trabalho
formações sobre a gestão pública. concentrou-se sobre questões relativas ao Parlamen-
Aos Tribunais de Contas compete verificar o cum- to, a ministros e a servidores do Executivo e às or-
primento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que está ganizações não governamentais semi-autônomas. O
erigida sobre alguns pilares, dentre os quais, o da trans- Relatório Nolan é um documento sóbrio que detecta
parência. Assim entendida, não só a disponibilização de e discute problemas de um serviço público do qual
informações, mas sobretudo a compreensão dos dados os britânicos muito se orgulham, pelo menos desde
divulgados por parte do cidadão mediano. O objetivo o século XIX.
mais nobre do princípio da transparência é permitir e A Comissão Nolan, basicamente, tenta salvaguar-
estimular o exercício do controle social, a mais eficaz das dar uma esfera pública eficiente, distinguindo-a,
formas de controle da conduta do gestor público. com nitidez, do domínio privado dos indivíduos. A
Mas, se a Administração Pública é orientada por va- tentação de beneficiar-se a qualquer custo é huma-
lores que definem sua própria finalidade, como e de que na, demasiadamente humana. A Comissão pressu-
jeito entra a Ética? põe isso, de modo tácito, e estabelece padrões para
Na Administração Pública, a ética é orientada es- afastar interferências privadas ilegítimas, mantendo
pecialmente para a dimensão do agente público em si, o interesse coletivo, de forma eficiente e acima de
como padrões de comportamento pré-formatados como suspeitas insuperáveis. Neste ponto, a estratégia da
(IM)próprios pelo Código de Ética do Servido Público Comissão Nolan é estabelecer um conjunto de prin- 193
(Decreto 1.171). cípios simples, objetivos e abrangentes, aplicáveis a
Exige-se ética na vida pública porque as pessoas toda a vida pública. São eles
não apenas desejam o cumprimento da lei, mas sim o 1. Interesse Público: Os ocupantes de cargos pú-
seu bom cumprimento. Capturar essa dimensão do bom blicos deverão tomar decisões baseadas unicamente
cumprimento da lei é tarefa difícil, mas que caberia per- no interesse público. Não deverão decidir com o ob-
feitamente a um código de ética. jetivo de obter benefícios financeiros ou materiais
Por outro lado, também não faria sentido ter um códi- para si, sua família ou seus amigos.
go de ética que apenas repetisse o que já está plenamen- 2. Integridade: Os ocupantes de cargos públicos
te determinado e assegurado na lei. Para evitar que um não deverão colocar-se em situação de obrigação fi-
código de ética seja uma repetição do que já é propos- nanceira ou de outra ordem, para com indivíduos ou
to por lei, é preciso que tal documento explicite valores organizações externas, que possa influenciá-los no
afirmados por um grupo e, em seguida, solidifica-lo atra- cumprimento de seus deveres oficiais.
vés de normas que sirvam de instrumentos para realizar 3. Objetividade: No desempenho das atividades
os valores afirmados. O código de ética não deve ser en- públicas, inclusive nomeações, concessão de contra-
tendido como um instrumento disciplinar e repressivo. tos ou recomendação de pessoas para recompensas
Deve articular princípios e valores que frequente- e benefícios, os ocupantes de cargos públicos deve-
mente entram em choque, colocando-se em perspectiva, rão decidir apenas com base no mérito.
a fim de conciliá-los ou priorizá-los. Isso pode ser útil 4. “Accountability” (Prestação de contas): Os ocu-
na resolução de dilemas morais, vividos justamente por pantes de cargos públicos são responsáveis perante
aqueles que procuram uma conduta ética. (SERPRO - o público por suas decisões ou ações e devem sub-
ESAF, 2007) meter-se a qualquer fiscalização apropriada ao seu
Em tese, desconsidera-se a circunstância de que o cargo.
agir da Administração Pública nunca é unipessoal, mas, 5. Transparência: Os ocupantes de cargos públi-
normalmente, é processualizado e envolve uma multipli- cos devem conferir às suas decisões e ações a maior
cidade de Agentes. transparência possível. Eles devem justificar suas
No modelo constitucional vigente, é no campo da éti- decisões e restringir o acesso à informação somente
ca que se poderá construir os argumentos que vão le- se o interesse maior do público assim o exigir.
gitimar as escolhas públicas, numa sociedade plural, e 6. Honestidade: Os ocupantes de cargos públicos
portanto, conflitiva. têm o dever de declarar quaisquer interesses parti-
culares que tenham relação com seus deveres pú-
RACIOCÍNIO
LÓGICO-MATEMÁTICO
PROFESSOR
Altevir Carneiro Rossi
Formado em Matemática pela Universidade Esta-
dual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Especialista em
Ensino da Matemática pela Universidade Paranaense
– UNIPAR. Mestrando em Educação pela Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Professor de
Matemática, Matemática Financeira, Estatística e Ra-
ciocínio Lógico, atua desde 1998 em cursos preparató-
rios para concursos e pré-vestibulares.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................................................................................................................................... 251

1. RACIOCÍNIO LÓGICO..........................................................................................................................................................................251
Proposições.................................................................................................................................................................................................................................................. 251
Proposições Compostas..........................................................................................................................................................................................................................252
Conectivo “e”...............................................................................................................................................................................................................................................252
Conectivo “ou”............................................................................................................................................................................................................................................252
Negação.........................................................................................................................................................................................................................................................253
Equivalência Lógica.................................................................................................................................................................................................................................254
Proposições Condicionais......................................................................................................................................................................................................................255
Proposições Bicondicionais..................................................................................................................................................................................................................255

2. LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO...................................................................................................................................................... 256


Validade de um Argumento..................................................................................................................................................................................................................256
Premissas Verdadeiras e Conclusão Verdadeira.........................................................................................................................................................................256
Argumentos Dedutivos...........................................................................................................................................................................................................................257
Argumentos Indutivos............................................................................................................................................................................................................................257

3. ARGUMENTOS E DIAGRAMAS LÓGICOS..................................................................................................................................257


Verdades e Mentiras................................................................................................................................................................................................................................258
Estruturas Lógicas....................................................................................................................................................................................................................................258

4. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM.......................................................................................................................................................... 258


Princípio Aditivo.......................................................................................................................................................................................................................................258
Princípio Multiplicativo.........................................................................................................................................................................................................................258
Fatorial..........................................................................................................................................................................................................................................................259
Arranjos Simples.......................................................................................................................................................................................................................................259
Permutações Simples..............................................................................................................................................................................................................................259
Questão Gabaritada................................................................................................................................................................................................................................ 260
Combinação Simples.............................................................................................................................................................................................................................. 260

5.TEORIA DAS PROBABILIDADES...................................................................................................................................................260


Probabilidade de Ocorrência de um Evento.................................................................................................................................................................................. 261
249

6. TEORIA DOS CONJUNTOS............................................................................................................................................................... 262


Operações com Números Inteiros, Fracionários e Decimais..................................................................................................................................................262
Conjunto dos Números Naturais (ℕ).................................................................................................................................................................................................262
Conjunto dos Números Inteiros (ℤ)...................................................................................................................................................................................................262
Conjunto dos Números Racionais (ℚ)...............................................................................................................................................................................................263
Frações..........................................................................................................................................................................................................................................................264
Conjunto dos Números Racionais (ℚ)...............................................................................................................................................................................................265
Conjunto dos Números Irracionais (ℚ’ ou 𝕀)..................................................................................................................................................................................267
Conjunto dos números reais (ℝ).........................................................................................................................................................................................................267

7. PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS......................................................................................... 267


Razão e Proporção....................................................................................................................................................................................................................................268
Propriedades das Proporções..............................................................................................................................................................................................................268
Grandezas Diretamente Proporcionais e Grandezas Inversamente Proporcionais......................................................................................................268
Mínimo Múltiplo Comum (MMC).......................................................................................................................................................................................................269
Máximo Divisor Comum (MDC)..........................................................................................................................................................................................................269
Porcentagem...............................................................................................................................................................................................................................................270
Média Aritmética Simples E Média Aritmética Ponderada....................................................................................................................................................270
Média Aritmética Simples..................................................................................................................................................................................................................... 271
Média Aritmética Ponderada............................................................................................................................................................................................................... 271
Regra De Três............................................................................................................................................................................................................................................. 271
Medidas De Tempo...................................................................................................................................................................................................................................272
Múltiplos e Submúltiplos do Segundo.............................................................................................................................................................................................272
Formas Geométricas Básicas: Perímetro, Área e Volume........................................................................................................................................................273
Perímetro e Área.......................................................................................................................................................................................................................................273
Volume...........................................................................................................................................................................................................................................................274
CAPÍTULO 01 - Raciocínio Lógico

Introdução mento, isto é, seu propósito é estudar e estabelecer as


propriedades das relações formais entre as proposições.
Para melhor estruturar nosso curso, iniciaremos pelo Edmundo D. Nascimento afirma que a lógica investiga o
estudo da lógica sentencial, no capitulo 1, onde veremos pensamento não como ele é, mas como deve ser.
as proposições simples e compostas, as tabelas-verda-
de, as equivalências, as leis de Morgan e os diagramas Proposições
lógicos.
No capítulo 2, estudaremos a lógica de argumenta- Chamaremos de proposição a todo conjunto de pa-
ção, onde se apresentam as analogias, as inferências, as lavras ou símbolos que exprimem um pensamento de
deduções e as conclusões. sentido completo.
De posse desses conhecimentos, vamos dar continui- Exemplos de sentenças que são proposições:
dade, no capítulo 3, com o estudo da lógica de primeira
ordem, onde veremos as sentenças abertas e os quanti- O Brasil é um país da América do Sul.
ficadores.
No capítulo 4, vamos sistematizar os conceitos estu-
dados nos capítulos anteriores e entender as ideias bási- Exemplos: Shakespeare escreveu
cas sobre as estruturas lógicas. a Ilíada.
Passaremos daí, no capítulo 5, ao estudo dos princí- Existem políticos que são honestos.
pios de contagem e probabilidades.
7>2
As operações com conjuntos serão estudadas no ca-
pítulo 6. 3+4≠7
Finalmente, no capitulo 7, estudaremos os problemas
aritméticos, geométricos e matriciais. Exemplos de sentenças que não são proposições:

1. RACIOCÍNIO LÓGICO Exemplos: O rio Amazonas.


Abaixo a corrupção!
Em geral, as pessoas pretendem raciocinar e agir “lo- Será que o motorista conhece o cami-
gicamente”, no dia-a-dia, nos estudos, no trabalho, falan-
nho?
do de política, de futebol, de seus projetos, do futuro da
humanidade, etc. 2/3
251
Entretanto, a lógica que fundamenta os raciocínios e 3 vezes 8
as ações raramente é explicitada ou submetida a críticas.
Ela é incorporada de forma inconsciente a partir, sobre-
tudo, do aprendizado da língua natural e parece tão As proposições podem ser classificadas como verda-
bem partilhada por todos que poucos se julgam carentes deiras ou falsas. Quando uma proposição é verdadeira,
de lógica ou consideram necessário estudá-la. dizemos que seu valor lógico é V. Quando uma proposi-
Por outro lado, é muito frequente ouvirmos dizer que ção é falsa, dizemos que seu valor lógico é F.
estudar matemática desenvolve o raciocínio lógico. As proposições são geralmente representadas por le-
Apesar de esta relação não ser direta e nem imediata, a tras minúsculas do alfabeto latino.
percepção da estreita relação entre a matemática e a Existem dois princípios importantes que regem as
lógica, entre a lógica e a linguagem, entre a lingua- proposições, e devem ser conhecidos:
gem e o pensamento contribui bastante para esclarecer
mitas das razões pelas quais estudamos certos assuntos, • Princípio da Não-Contradição
sobretudo a matemática. Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao
Nesse curso trataremos, ainda que de forma introdu- mesmo tempo.
tória, de algumas noções de lógica. Não desejamos com
isso mais do que dar os primeiros passos no sentido de • Princípio do Terceiro Excluído
perceber as relações acima referidas. Esses passos são Uma proposição ou é verdadeira (V), ou é falsa (F),
fundamentais para que possamos tirar proveito da lin- não podendo ter outro valor.
guagem natural em benefício de uma melhor aprendi-
zagem. Exemplos de julgamentos de proposições:

O Que é Lógica
Exemplos: Brasil é um país da
De maneira simples, podemos dizer que a lógica é América do Sul.
uma ciência do raciocínio. Segundo Irving Copi, a sua Proposição VERDADEIRA
ideia está ligada ao processo de raciocínio correto Shakespeare escreveu a Ilíada.
e incorreto que depende da estrutura dos argu-
Proposição FALSA
mentos envolvidos nele.
A lógica estuda as formas ou estruturas do pensa- Existem políticos que são hones-
RACIOCÍNIO LÓGICO

tos. A tabela a seguir permite determinar, de forma ge-


Proposição VERDADEIRA ral, o valor lógico da proposição p ⋀ q. A primeira linha
indica que quando p é verdadeira e q é verdadeira, p ⋀
7 > 2
q é verdadeira. A leitura das demais linhas deve ser feita
proposição VERDADEIRA de modo análogo.
3+4≠7
proposição FALSA p q p⋀q
V V V

Proposições Compostas V F F

F V F
Ao utilizarmos a linguagem, combinamos ideias sim-
ples, ligamos proposições através de conectivos (como F F F
e, ou), obtendo, então, proposições compostas. As pro-
posições componentes de uma proposição composta são Uma tabela desse tipo, que prevê todas as possibili-
chamadas proposições simples. dades para o valor lógico de uma proposição composta a
partir dos valores lógicos das componentes e dos conecti-
vos, é chamada tabela-verdade da proposição composta.

Exemplos: João é inteligente e


Conectivo “ou”
Paulo é bom atleta.
Maria joga tênis ou faz ginástica. O conectivo ou é utilizado, na linguagem natural,
O Brasil exporta minérios e importa para traduzir tanto a ideia de hipóteses mutuamente
exclusivas (ou ocorre isto ou ocorre aquilo) quanto a de
petróleo.
que pelo menos uma das hipóteses ocorre.
O ministro está mentindo ou eu não en- A proposição “Irei ao cinema ou ao estádio” contém
tendo coisa alguma de economia. uma ideia de exclusão. Isso não acontece com a proposi-
ção “Os alunos dessa turma jogam futebol ou basquete”.
Nessa última, a ideia que se pretende transmitir é a de
252 O valor lógico (V ou F) de uma proposição composta é que pelo menos uma das duas proposições componentes
totalmente determinado pelos valores lógicos das propo- é verdadeira, nada impedindo que ambas o sejam simul-
sições simples que a constituem e pela forma como elas taneamente.
estão ligadas, isto é, pelo conectivo. É nesse sentido, não-exclusivo, que o ou será utiliza-
do, sistematicamente.
Conectivo “e” Assim, a proposição p ou q, chamada disjunção e
representada simbolicamente por p ⋁ q, é verdadeira
Quando duas proposições simples são ligadas pelo quando pelo menos uma das proposições componentes o
conectivo e, a proposição composta resultante e chama- é, sendo falsa apenas quando ambas forem, simultane-
da conjunção. amente, falsas. Podemos resumir isso na tabela-verdade
Simbolicamente, representando por p umas das pro- a seguir.
posições simples e por q a outra, a conjunção das duas é
representada por p ⋀ q. p q p⋁q
O conectivo e traduz a ideia de simultaneidade. As-
sim, uma proposição do tipo p ⋀ q é verdadeira apenas V V V
quando p e q são verdadeiras simultaneamente. Em V F V
qualquer outro caso, p ⋀ q é falsa.
F V V

F F F
Exemplos: Paris situa-se na Áfri-
ca e a África tem uma população predomi-
nantemente negra. Considerando as proposições simples:
Trata-se de uma proposição falsa, uma p: Um pentágono tem seis lados. (F)
vez que a primeira proposição componente q: Um icoságono tem vinte lados. (V)
é falsa. r: Os insetos tem seis patas. (V)
Platão era grego e Pilatos era romano. s: Os cachorros são insetos. (F)
podemos afirmar que:
Esta proposição é verdadeira, pois as
duas proposições simples conectadas são a. são verdadeiras as proposições compostas:
verdadeiras. q ⋀ r, p ⋁ q, p ⋁ r, r ⋁ s e outras.
CAPÍTULO 01 - Raciocínio Lógico

b. são falsas as proposições compostas: Apesar de serem muito frequentes, as construções


p ⋀ q, r ⋀ s, p ⋁ s e outras. com a dupla negação sempre podem ser substituídas por
outras, preferíveis do ponto de vista lógico. Por exemplo,
Negação
- em vez de “Não quero nada” podemos dizer “Não
Já vimos que uma proposição p ou é verdadeira ou é quero coisa alguma”;
falsa, não havendo outra possibilidade. Quando p é ver- - em vez de “Não tenho nada a declarar” podemos
dadeira, a sua negação, representada por ~p (ou ¬p), é dizer “Nada tenho a declarar”;
falsa. Inversamente, se p é falsa, ~p é verdadeira. - em vez de “Não vou a lugar nenhum” podemos dizer
A tabela-verdade a seguir resume o parágrafo ante- “Não vou a lugar algum”.
rior.
Tabelas-Verdade
Pelo uso repetido dos conectivos ⋀, ⋁ e da negação ~,
p ~p podemos construir proposições compostas progressiva-
V F mente mais complexas, cujos valores lógicos não temos
condições de determinar imediatamente. No entanto, o
F V
valor de uma proposição sempre pode ser determina-
do a partir dos valores lógicos das proposições simples
Como exemplo, considerando as proposições: componentes e dos conectivos utilizados. Um modo or-
p: Paris é a capital do Japão. (F) ganizado e sistemático de fazer isso é a utilização de
q: No Brasil, fala-se português. (V) uma tabela com todas as possíveis combinações entre
r: 2 + 3 = 6 (F) os valores lógicos das proposições componentes e com
s: 4 não é um número primo. (V) o correspondente valor lógico da proposição composta.
Como exemplo, vamos construir a tabela-verdade
podemos escrever as seguintes negações: das seguintes proposições:
~p: Paris não é a capital do Japão. (V)
(ou “Não é verdade que Paris é a capital do Japão”) a. p⋀~q
~q: No Brasil não se fala português. (F)
(ou “Não é verdade que no Brasil se fala português”)
~r: 2 + 3 ≠ 6 (V) p q ~q p⋀~q
~s: 4 é um número primo. (F) V V F F 253

V F V V
Embora a negação de uma proposição pareça extre-
mamente simples, convém destacar alguns de seus as- F V F F
pectos:
F F V F

• Negar uma proposição p não é apenas afir-


mar algo diferente do que p afirma, ou algo com b. ~p⋁~q
valor lógico diferente. Por exemplo, a proposição
“t: Tóquio é a capital do Japão” (V) não é a negação p q ~p ~q p⋀~q
de “p: Paris é a capital do Japão” (F).
V V F F F
• Sendo verdadeira uma proposição, a sua ne-
gação é falsa e vice-versa. Consequentemente, a V F F V V
negação da proposição ~p afirma o mesmo que p,
F V V F V
isto é, a negação da negação de p é logicamente
equivalente a p. Escrevemos ~(~p) ≡ p (o símbo- F F V V V
lo ≡ significa “logicamente equivalente”). Assim,
sendo “p: A Lua é um satélite da Terra” temos
“~p: A Lua não é um satélite da Terra” e também Dica Focus: Quando uma propo-
“~(~p): Não é verdade que a Lua não é um satélite sição composta possui V e F em seu resul-
da Terra”. tado, na última coluna da tabela-verdade,
• Assim, podemos concluir que, embora na ela é chamada CONTINGÊNCIA.
língua portuguesa a dupla negação seja frequen-
temente utilizada como um reforço da negação, c. p⋀~p
do ponto de vista puramente lógico ela equivale
a uma afirmação.
p ~p p⋀~p
Desse modo, dizer “Não tenho nada a declarar” é logi- V F F
camente equivalente a “Tenho algo a declarar”.
Analogamente, dizer “Não quero nada” é o mesmo F V F
que dizer “Quero algo”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

produtos são caros e duram pouco” é logicamente


Dica Focus: Quando uma propo- equivalente a “Nossos produtos não são caros ou
sição composta possui sempre o valor lógi- não duram pouco”. Escrevendo de forma simbóli-
co F, ela é chamada CONTRADIÇÃO. ca, temos:

p: Nossos produtos são caros.


d. p⋁~p ~p: Nossos produtos não são caros.
q: Nossos produtos duram pouco.
~q: Nossos produtos não duram pouco.
p ~p p⋁~p ~(p ⋀ q): Não é verdade que nossos produtos são ca-
V F V ros e duram pouco.
~p ⋁ ~q: Nossos produtos não são caros ou não duram
F V V
pouco.
Verificando através da tabela-verdade:

Dica Focus: Quando uma propo- p q p⋀q ~(p⋀q)


sição composta possui sempre o valor lógi- V V V F
co V, ela é chamada TAUTOLOGIA.
V F F V

F V F V

Importante: O número de linhas F F F V

de uma tabela-verdade é igual a 2n, sendo


p q ~p ~q p⋀~q
n o número de proposições simples compo-
V V F F F
nentes. Então:
V F F V V
1 proposição → 21 = 2 linhas
2 proposições → 22 = 4 linhas F V V F F

3 proposições → 23 = 8 linhas F F V V F
254 4 proposições → 24 = 16 linhas
n proposições → 2n linhas Comparando os valores lógicos da última coluna das
tabelas, concluímos que

~(p ⋀ q) ≡ ~p ⋁ ~q
Equivalência Lógica
Portanto, negar uma conjunção é negar pelo menos
Quando, a partir das mesmas proposições simples, uma das proposições simples componentes.
duas proposições compostas transmitem exatamente a
mesma informação, a mesma ideia, elas são chamadas b. Analogamente, podemos verificar que a pro-
logicamente equivalentes. Para que isso aconteça, as posição “Não é verdade que o piloto ganha a cor-
duas proposições compostas devem apresentar exata- rida ou é despedido” é logicamente equivalente a
mente os mesmos valores em suas respectivas tabelas- “O piloto não ganha a corrida e não é despedido”.
-verdade.
O símbolo da equivalência lógica é ≡. Verificando através da tabela-verdade, temos:
Já vimos anteriormente que as proposições p e ~(~p)
são logicamente equivalentes. Vamos comprovar essa p q p⋁q ~(p⋁q)
afirmação, por meio de tabela-verdade: V V V F
~p ~(~p) V F V F
V F V F V V F
F V F F F F V

Comparando as colunas, observamos que as tabelas- p q ~p ~q ~ p⋀~q


-verdade de p e ~(~p) são exatamente iguais. Então, po-
V V F F F
demos concluir que p ≡ ~(~p).
Como exemplo, vamos analisar duas equivalências V F F V F
muito importantes, chamadas Leis De Morgan.
F V V F F

a. A proposição “Não é verdade que nossos F F V V V


CAPÍTULO 01 - Raciocínio Lógico

Comparando os valores lógicos da última coluna das


tabelas, concluímos que ~(p → q) ≡ p ⋀ ~q

~(p ⋁ q) ≡ ~p ⋀ ~q Proposições Bicondicionais


Portanto, negar uma disjunção é negar simultanea- Quando são verdadeiras, simultaneamente, as propo-
mente as duas proposições simples componentes. sições “se p, então q” e “se q, então p”, dizemos que é ver-
dadeira a proposição bicondicional “p se, e somente se,
Proposições Condicionais q”, que é representada por p↔q. A veracidade de p↔q
significa que não podemos ter p verdadeira e q falsa nem
Muitas das sentenças que utilizamos diariamente q verdadeira e p falsa, de onde resulta a seguinte tabe-
têm a forma “se p, então q”. Proposições compostas desse la-verdade.
tipo são chamadas condicionais e representadas simboli-
camente por p → q.
p q p↔p
a. Se o Santos ganha essa partida, então ele é V V V
o campeão. V F F
b. Se o ministro tem razão, então dias melho-
res virão. F V F
c. Se os preços sobem muito, as vendas dimi- F F V
nuem.
d. Se a = b, então a + 3 = b + 3. Um exemplo de uma proposição bicondicional é a
e. Se o gelo é aquecido, ele se derrete. afirmação “Um polígono é um quadrilátero se, e somente
f. Se não chover, eu volto pra te ver. se, tem quatro lados”.
g. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho
come.
h. Se está chovendo, então existem nuvens. Observação:
(p ↔ q) ≡ (p → q) ⋀ (q → p)
Examinando a primeira proposição, sendo p: “O San-
tos ganha essa partida” e q: “O Santos é o campeão”, te-
255
mos, simbolicamente: p → q. Equivalência Entre Condicionais
Essa afirmação garante que se “o Santos ganha essa
partida” (p verdadeira), então “ele é o campeão” (q ver- Partindo de duas proposições simples p e q, forma-
dadeira), mas não informa o que acontecerá se o Santos mos as seguintes proposições condicionais:
não ganhar essa partida (p falsa). Nesse caso, ele poderá
ser campeão (q verdadeira) ou não (q falsa), sem negar p → q; q → p; ~p → ~q; ~q → ~p
a proposição p → q. A negação da afirmação ocorrerá
somente se “o Santos ganha essa partida” (p verdadeira) • As proposições p → q e q → p são chamadas
e “ele não é o campeão” (q falsa). proposições recíprocas.
Assim, podemos afirmar que uma proposição do tipo • As proposições p → q e ~p → ~q são chama-
“se p, então q” só é falsa se tivermos p verdadeira e q fal- das proposições inversas.
sa; em qualquer outro caso, ele é verdadeira. Daí, temos • As proposições p → q e ~q → ~p são chama-
a seguinte tabela-verdade: das proposições contrapositivas.

Vamos analisar as relações entre essas proposições.


p q p→p
Sejam p: “Ele é paranaense” e q: “Ele é brasileiro”.
V V V Temos:
V F F
a. (condicional) p → q: Se ele é paranaense, en-
F V V tão ele é brasileiro. (V)
F F V b. (recíproca) q → p: Se ele é brasileiro, então
ele é paranaense. (F)
Como uma proposição p → q só é falsa quando ocor- c. (inversa) ~p → ~q: Se ele não é paranaense,
rem, simultaneamente, p verdadeira e q falsa, podemos, então ele não é brasileiro. (F)
de forma equivalente, afirmar que não é verdade que d. (contrapositiva) ~q → ~p: Se ele não é brasi-
temos p verdadeira e q falsa, ou seja: leiro, então ele não é paranaense. (V)

(p → q) ≡ ~(p ⋀ ~q) Através da tabela-verdade, pode-se verificar que


(p → q) ≡ (~q → ~p)
e, consequentemente,
RACIOCÍNIO LÓGICO

Premissas Verdadeiras e Conclusão


2. LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO Verdadeira
Um argumento é um conjunto de proposições (p1, p2, Exemplo:
p3, ..., pn) com uma estrutura lógica que tem como conse-
quência uma outra proposição (q). • Premissas:
As proposições p1, p2, p3, ..., pn são chamadas premis- – Todos os apartamentos são pequenos. (V)
sas do argumento, e a proposição q é chamada conclusão – Todos os apartamentos são residências. (V)
do argumento.
De um modo geral, os argumentos são escritos na • Conclusão:
forma: – Algumas residências são pequenas. (V)

p1 Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclu-


p2 são verdadeira.
p3
: Exemplo:
pn
________
• Premissas:
∴q – Todos os peixes têm asas. (F)
– Todos os peixes são pássaros. (F)
Exemplos:
a. • Conclusão:
p1: Se eu passar no concurso, então irei trabalhar. – Todos os pássaros têm asas. (V)
p2: Passei no concurso.
q: Irei trabalhar. Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclu-
são falsa.
b. Exemplo:
• Todos os brasileiros são humanos.
• Todos os paranaenses são brasileiros. • Premissas:
• Conclusão: Todos os paranaenses são huma- – Todos os peixes têm asas. (F)
256
nos. – Todos os cães são peixes. (F)

c. • Conclusão:
• Se o Brasil ganhar o jogo, todos os jogadores – Nem todos os cães têm asas. (F)
receberão o prêmio.
• Se o Brasil não ganhar o jogo, todos os joga- Todos os argumentos vistos são válidos, pois se suas
dores receberão o prêmio. premissas fossem verdadeiras, então as conclusões tam-
• Conclusão: Todos os jogadores receberão o bém seriam.
prêmio. Um argumento é válido se, quando todas as suas pre-
missas forem verdadeiras, a sua conclusão também será
d. verdadeira.
Premissa: Todos so sais de sódio são substâncias so- Um argumento é não válido se existir a possibilidade
lúveis em água. de suas premissas serem verdadeiras e sua conclusão
Premissa: Todo sabão é um sal de sódio. ser falsa.
Conclusão: Todo sabão é uma substância solúvel em A validade do argumento depende apenas da estru-
água. tura dos enunciados.

Validade de um Argumento Exemplo:

De acordo com o que já estudamos anteriormente, • Premissas:


sabemos que uma proposição pode ser verdadeira ou – Todas as mulheres são bonitas.
falsa. No caso de um argumento, diremos que ele é vali- – Todas as princesas são mulheres.
do ou não válido.
A validade é uma propriedade dos argumentos de- • Conclusão:
dutívos que depende da estrutura lógica das suas pro- – Todas as princesas são bonitas.
posições (premissas e conclusão) e não do conteúdo de
cada uma delas. Não precisamos de nenhum conhecimento aprofun-
Sendo assim, podemos ter as seguintes combinações dado sobre o assunto para concluir que o argumento aci-
para os argumentos válidos dedutivos: ma é válido.
Para concluir que o argumento anterior é válido, va-
DIREITO
CONSTITUCIONAL
PROFESSOR
Willian Prates
Professor de Direito Constitucional, Administrativo,
Tributário e Processo Civil em diversos preparatórios
para concursos públicos. Foi coordenador pedagógico
de diversos preparatórios para concursos. Palestrante
sobre planejamento e técnicas de estudos. Palestran-
te motivacional. Foi Cadete do Curso de Formação de
Oficiais da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais
– aprovado no concurso aos 17 anos de idade. Aprovado
em mais de 13 concursos públicos e vestibulares de uni-
versidades públicas, entre os quais: Ministério Público
da União, Banco Central do Brasil, Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Minas Gerais e Polícia Civil do Es-
tado de Minas Gerais.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
Apresentação do Material....................................................................................................................................................................................................................... 281

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS........................................................................................................................................................281
Análise dos Artigos 1º-4º.......................................................................................................................................................................................................................... 281
Formas de Governo.................................................................................................................................................................................................................................... 281
Formas de Estado........................................................................................................................................................................................................................................ 282
Regime Político............................................................................................................................................................................................................................................ 283
Regime ou Sistema de Governo............................................................................................................................................................................................................ 283
Fundamentos da República Federativa Brasil................................................................................................................................................................................ 284
Tripartição dos Poderes............................................................................................................................................................................................................................ 284
Objetivos Fundamentais.......................................................................................................................................................................................................................... 285
Princípios das Relações Internacionais............................................................................................................................................................................................. 285
Objetivos Internacionais.......................................................................................................................................................................................................................... 285
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 286

2. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS....................................................................................................................... 287


Tipos de Eficácia.......................................................................................................................................................................................................................................... 287
Espécies de Normas de Eficácia Limitada........................................................................................................................................................................................ 288
Definidoras de Princípios Programáticos......................................................................................................................................................................................... 288
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 288

3. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.................................................................................................................. 289


Diferença entre Direitos e Garantias.................................................................................................................................................................................................. 289
Titularidade dos Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................................................................................................................. 289
Gerações ou Dimensões de Direitos Fundamentais..................................................................................................................................................................... 289
Características dos Direitos Fundamentais..................................................................................................................................................................................... 290
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.............................................................................................................................................................................. 291
Direito à Igualdade..................................................................................................................................................................................................................................... 291
Origem............................................................................................................................................................................................................................................................. 307
Possíveis Nomes.......................................................................................................................................................................................................................................... 307
Remédios Constitucionais....................................................................................................................................................................................................................... 311
Questão Gabaritada.................................................................................................................................................................................................................................... 316

4. DIREITOS SOCIAIS..............................................................................................................................................................................317 279


Direitos Sociais em Espécie.................................................................................................................................................................................................................... 317
Direito Individual do Trabalho.............................................................................................................................................................................................................. 318
Direitos Coletivo do Trabalho – Direito Sindical............................................................................................................................................................................ 322

5. DIREITOS DA NACIONALIDADE.................................................................................................................................................. 324


Nacionalidade Primária ou Originária.............................................................................................................................................................................................. 325
Nacionalidade Secundária ou Adquirida.......................................................................................................................................................................................... 325
Distinções entre Brasileiro Nato e Naturalizado........................................................................................................................................................................... 326
Hipóteses de Perda da Nacionalidade................................................................................................................................................................................................ 326
Idioma e Símbolos Nacionais................................................................................................................................................................................................................. 327
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 327

6. DIREITOS POLÍTICOS........................................................................................................................................................................ 328


O Voto Como Forma de Democracia Indireta.................................................................................................................................................................................. 328
Instrumentos de Democracia Direta................................................................................................................................................................................................... 329
Capacidade Eleitoral Ativa...................................................................................................................................................................................................................... 329
Capacidade Eleitoral Passiva................................................................................................................................................................................................................. 329
Direitos Políticos Negativos.................................................................................................................................................................................................................... 330
Princípio da Anualidade da Lei Eleitoral.......................................................................................................................................................................................... 333
Partidos Políticos......................................................................................................................................................................................................................................... 333
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 334

7. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO............................................................................................ 335


Reorganização dos Limites Territoriais............................................................................................................................................................................................. 335
Autonomia x Soberania............................................................................................................................................................................................................................ 336
Principais Garantias da Federação...................................................................................................................................................................................................... 337
Repartição de Competências e Cláusula Pétrea............................................................................................................................................................................. 337
Diferença entre Competências Administrativas e Legislativas............................................................................................................................................... 337
Competências da União............................................................................................................................................................................................................................ 338
Competência dos Estados-Membros................................................................................................................................................................................................... 339
Competência do Distrito Federal.......................................................................................................................................................................................................... 340
Competência dos Municípios................................................................................................................................................................................................................. 340
Competência Administrativa Comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios............................................................................................ 340
Competência Legislativa Concorrente da União, Estados e Distrito Federal..................................................................................................................... 340
SUMÁRIO

8. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........................................................................................................................................................... 342


Princípios Admistrativos......................................................................................................................................................................................................................... 342
Administração Pública............................................................................................................................................................................................................................. 345
Autarquias..................................................................................................................................................................................................................................................... 347
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 350

9. AGENTES PÚBLICOS..........................................................................................................................................................................351
Classificação.................................................................................................................................................................................................................................................. 351
Normas Constitucionais........................................................................................................................................................................................................................... 352
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 354

10. PODER LEGISLATIVO.......................................................................................................................................................................355


Considerações Gerais................................................................................................................................................................................................................................ 355
Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo......................................................................................................................................................................... 355
Atribuições do Poder Legislativo.......................................................................................................................................................................................................... 358
Estatuto dos Congressistas...................................................................................................................................................................................................................... 358
Incompatibilidades dos Parlamentares............................................................................................................................................................................................. 359
Perda do Mandato....................................................................................................................................................................................................................................... 359

11. PODER EXECUTIVO..........................................................................................................................................................................360


Atribuições do Presidente da República........................................................................................................................................................................................... 360
Responsabilidade do Presidente da República............................................................................................................................................................................... 361
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 363

12. PODER JUDICIÁRIO......................................................................................................................................................................... 364


Generalidades............................................................................................................................................................................................................................................... 364
As Garantias do Poder Judiciário......................................................................................................................................................................................................... 365
Garantias dos Magistrados..................................................................................................................................................................................................................... 366
Vedações aos Magistrados....................................................................................................................................................................................................................... 366
Estrutura do Poder Judiciário................................................................................................................................................................................................................ 366
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 370

13. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA..................................................................................................................................371


Ministério Público...................................................................................................................................................................................................................................... 371
Advocacia Pública....................................................................................................................................................................................................................................... 373
280 Defensoria Pública..................................................................................................................................................................................................................................... 374
Advocacia Privada...................................................................................................................................................................................................................................... 374
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 374

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................................................................375


CAPÍTULO 01 - Princípios Fundamentais

Apresentação do Material Republicana

A presente obras foi elaborada na medida certa para República vem do latim “res”, que significa coisa, e
aqueles que estão se preparando para concursos públi- pública, que significa algo que é público, do povo.
cos (nível médio ou superior) – tribunais, carreiras admi- Desse modo, a coisa, que é o poder, é do povo, que o
nistrativas, carreira policial, carreira fiscal etc. exerce diretamente ou por meio de representantes elei-
Os temas são abordados na profundidade necessária, tos (art. 1º, parágrafo único, CF/88).
em sintonia com o entendimento doutrinário majoritário Na república, os governantes chegam ao poder atra-
e jurisprudência dos tribunais superiores (notadamente vés das eleições, cujo mandato é exercido por prazo de-
o Supremo Tribunal Federal), bem como o entendimento terminado, e, ainda, devem prestar contas aos governa-
das principais bancas organizadoras de concursos públi- dos, de modo que na república há a responsabilidade do
cos do Brasil. governante.
Obra indicada para aqueles que estão no início dos Na Forma de Governo Republicana os governantes
estudos, bem como para aqueles que desejam aprofun- chegam ao Poder através de eleições, exercem manda-
dar os conhecimentos em alguns temas do Direito Cons- to por prazo determinado, devendo ainda prestar contas
titucional. aos governados, ou seja, na República temos a responsa-
bilidade do Governante.

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Exemplo: Brasil – O Presidente
Os princípios fundamentais são tratados na Consti- da República chega ao poder através de
tuição Federal de 1988 (CF/88) entre os artigos 1º e 4º.
eleição, para exercer mandato por 4 anos,
É tema que se relaciona com a parte estrutural do Es-
tado, onde são abordados fundamentos, objetivos, prin- representando os anseios do povo. Caso co-
cípios que regerem as relações internacionais do Brasil, menta algum crime de responsabilidade,
bem como os objetivos internacionais. será processado e julgado por tal crime,
cuja condenação gera a perda do cargo,
Análise dos Artigos 1º-4º suspensão de direitos políticos etc.
281
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe- A forma de governo republicano possui as seguintes
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem características:
como fundamentos: [...].
• Eletividade;
Do dispositivo acima é possível extrair: • Temporalidade;
• Representatividade popular, pois os gover-
• Forma de governo (república); nantes são eleitos para representar o povo;
• Forma de Estado (federado); • Responsabilidade do governante.
• Regime político (democrático).
Monarquia
Implicitamente também é possível extrair o regime
ou sistema de governo adotado pelo Brasil, que é o pre- Na monarquia, o poder é exercido por uma única
sidencialismo. pessoa – o rei e sua família real. O povo não é titular do
poder.
Formas de Governo Na forma de governo monárquico, o governante che-
ga ao poder pelo fato de pertencer à família real, e o
A forma de governo trata da relação governante-go- exercício do poder se dá de forma vitalícia (não há elei-
vernado, notadamente no que se relaciona ao exercício ções “reais”), de modo que não há representatividade po-
do poder. no que tange ao exercício do poder. Analisar pular. O governante é irresponsável, pois não há presta-
forma de governo é analisar fonte do poder. ção de contas de seus atos.
A monarquia possui as seguintes características:
Como os governantes adquirem o poder?
O exercício do poder é de forma temporária ou • Hereditariedade;
vitalícia? • Vitaliciedade;
Há responsabilidade dos governantes perante • Não representatividade popular, pois o rei
os governados? não é eleito pelo povo (cidadãos);
• Irresponsabilidade do governante, pois este
não presta conta dos seus atos.
DIREITO CONSTITUCIONAL

vimento centrífugo), pois inicialmente o Brasil era um


Estado unitário (Brasil Império), e, posteriormente, sur-
República Monarquia
giram entes dotados de autonomia (Estados-membros,
Eletividade Hereditariedade Distrito Federal e Municípios).
Temporalidade Vitaliciedade
Estado Federado: é formado por vários entes po-
líticos dotados de autonomia. Porém, tais entes, não são
Representatividade popular Não-representatividade dotados de poder de secessão (separação). Em regra, são
popular
organizados por uma Constituição Federal.
Responsabilidade do Governan- Irresponsabilidade do gover-
te – deve prestar contas nante – Não prestação de contas

Prosseguindo com os desdobramentos do caput do Exemplo: Brasil – É formado pela


art. 1º, temos que o Brasil é uma República Federativa, União, Estados, Distrito Federal e Municí-
e isso diz respeito à Forma de Estado adotada pelo Brasil. pios, que são entes dotados de capacidade
política, ou seja, podem legislar, se organi-
Formas de Estado zarem administrativamente etc.

A forma de estado diz respeito à distribuição espacial


do poder, ou seja, como o poder é geograficamente distri- Estado Confederado: é formado por vários entes
buído dentro do território. soberanos, e, geralmente, são organizados por meio de
tratados e acordos internacionais.
Estado Unitário

No Estado unitário existe apenas um ente com


capacidade política no território, o que não impede Exemplo: União Europeia – é for-
a realização de descentralizações administrativas. mada por vários países que se juntaram
Assim, é possível a existência de governos regionais, para constituir um Estado Confederado,
frutos de descentralização administrativa. No entanto,
um bloco econômico. A organização é fei-
estes governos não possuem poderes políticos (mas sim,
administrativos), de modo que não são dotados de auto- ta por meio de um tratado internacional,
282
nomia. e cada ente (país) que compõe o Estado
confederado pode deixá-lo quando bem
entenderem.
Exemplo: Portugal é um Estado
unitário, pois o país não é dividido em en-
Quadro Comparativo
tes federados. O que existe é descentrali-
zação administrativa, onde são formadas
Estado Composto Estado Composto
as províncias, mas qualquer obra, por me- Federado Confederado
nor que seja, é feita pelo governo central,
Organizado por uma consti- Organizados através de um tra-
pois os administradores das províncias tuição. tado internacional
não possuem nenhuma capacidade políti- Não possuem poder de seces- Possuem poder de secessão.
ca, não possuem autonomia. A divisão em são.

províncias é simplesmente para facilitar Os entes são dotados de Auto- Os entes são dotados de Sobe-
nomia. rania.
a constatação e solução de problemas. As
decisões nacionais, regionais e locais
partem de um único centro de poder. Prosseguindo com os desdobramento do caput do art.
1º da CF/88, constata-se que a República Federativa do
Brasil é formada pela união indissolúvel dos Esta-
Estado Composto dos, Municípios e DF.
A referida indissolubilidade é consequência do mo-
Já no Estado composto há a presença de vários delo federado de Estado adotado pelo Brasil, pois os en-
entes políticos, ou seja, vários são os entes dotados de tes federados não possuem poder de secessão.
capacidade política (descentralização). Assim, os Estados-membros, Municípios e DF que
Dependendo da composição do Estado, este poderá compõem a República Federativa do Brasil não podem
ser federado (entes autônomos) ou confederado (entes abandonar a mesma para formar um novo Estado fede-
soberanos). Importante ressaltar que o modelo de Esta- rado, ou seja, um novo país.
do federal brasileiro é do tipo segregador (fruto de mo-
CAPÍTULO 01 - Princípios Fundamentais

para finalizar o raciocínio até então desenvolvido.


Presidencialismo
Exemplo: O Estado de Minas
Gerais não pode se separar da República No presidencialismo os Poderes Executivo e Legisla-
Federativa do Brasil para formar um novo tivo são independentes, de modo que cada um deles
país, pois uma das características do Esta- exerce a sua competência sem que a vontade de um es-
teja vinculada à vontade do outro.
do federado é a indissolubilidade.

Não confunda indissolubilidade (não secessão), Exemplo: No Brasil, uma vez elei-
com reorganização de limites territoriais internos, to o presidente, o mesmo cumprirá o seu
pois estes últimos são permitidos pela CF/88, aten-
didos os requisitos. Por exemplo, é possível a fusão mandato por prazo certo, independente-
de dois ou mais municípios para a formação de um mente da vontade do legislativo. Mesmo
novo município, o mesmo ocorrendo em relação aos que o legislativo não apoie o seu plano de
Estados, mas todos continuam pertencendo à Repú- governo, o presidente cumprirá todo o seu
blica Federativa do Brasil.
mandato. O mesmo acontece com o legis-
Importante frisar que a República Federativa consti- lativo que, independentemente da vontade
tui um Estado democrático de Direito, que corresponde do executivo, os mesmos cumprirão seu
ao regime político adotado pelo Brasil. mandato por prazo certo.

Regime Político
No presidencialismo, a chefia do Poder Executivo
O regime político diz respeito à participação do povo é monocrática, de modo que o Presidente é, ao mesmo
(cidadãos) na tomada decisões do Estado. São basica- tempo, Chefe de Estado e Chefe de Governo.
mente 2 regimes: o autocrático e o democrático. Chefia de Estado: está relacionada com a repre-
No regime autocrático, os cidadãos não participam sentação do país como Estado soberano perante outros
da tomada de decisões, ou seja, a vontade dos cidadãos Estados soberanos.
é desconsiderada. 283
Já no regime democrático, os cidadãos participam da
tomada de decisões, de modo que a sua vontade é de
suma importância no processo estatal decisório. Exemplo: quando o Presidente da
Na democracia, todo o poder emana do povo, e o República viaja para firmar um acordo co-
exercício pode ser direto ou indireto. mercial com outro país, está atuando como
Assim, a democracia direta é aquela exercida atra- chefe de Estado, ou mesmo quando recebe
vés do voto, onde são eleitos representantes.
Já na democracia indireta, os cidadãos participam uma representação diplomática de outro
da tomada de decisões através de instrumentos consti- país, por exemplo, a visita de uma Presi-
tucionalmente previstos, que podem ser memorizados dente.
através do seguinte macete (rol exemplificativo):

PRIDA Chefia de Governo: está relacionada com a gestão


Plebiscito / Referendo / Iniciativa Popular de Lei da coisa pública, da máquina administrativa. Cuida de
/ Denúncia ao Tribunal de Contas / Ação Popular. assuntos de interesse predominantemente interno.

A Constituição Federal Brasileira adota os dois mo-


delos de democracia – direita e indireta – o que recebe
o nome de democracia semidireta ou plebiscitária. Exemplo: Quando o Presidente da
República convoca uma reunião de minis-
Regime ou Sistema de Governo tros para cuidar dos rumos da economia.

Diz respeito ao modo como os Poderes Executivo


e Legislativo se relacionam. A depender do tipo de O chefe do poder executivo responde pelo seu go-
relação entre tais poderes, a vontade de um pode ou não verno diretamente perante o povo, e não perante o po-
interferir na vontade do outro. der legislativo. No Brasil, por mais que os parlamentares
Importante ressaltar que o art. 1º da Constituição Fe- (deputados federais e senadores) não apoiem o plano de
deral não diz nada sobre o regime ou sistema de gover- governo do Presidente da República, o mesmo não é des-
no, de modo que o assunto será abordado simplesmente tituído do cargo por tal motivo.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Parlamentarismo fundir pluralismo político com pluriparti-


darismo. O pluralismo político se relaciona
No parlamentarismo existe interdependência en-
com a pluralidade de ideias, de pensamen-
tre os Poderes Executivo e Legislativo. As vontades do
Executivo e do Legislativo estão diretamente vinculadas. tos, e se revela um importante pilar do Es-
Utilizando de uma metáfora é possível dizer que se tado democrático. Já o pluripartidarismo
trata de uma relação “simbiótico-predadora”, pois diz respeito à multiplicidade de partidos
um precisa do outro para se manter no poder (simbiose),
políticos.
mas um pode devorar o outro (predadora).
No parlamentarismo, o chefe do Poder Executivo
(rei), exerce a Chefia de Estado, e, além disso, escolher o
Primeiro-Ministro, que irá exercer a Chefia do Governo. Tripartição dos Poderes
Veja que a chefia do Poder Executivo é dual.
Escolhido e nomeado o Primeiro-Ministro, este deve- O art. 2º da Constituição Federal diz que os poderes
rá elaborar um plano de governo e submetê-lo à apre- da União – Legislativo, Executivo e Judiciário – são inde-
ciação do parlamento. A partir de então, o chefe de go- pendentes e harmônicos entre si
verno somente permanecerá no poder enquanto O mais correto seria “poder” no singular, pois, de
mantiver maioria do parlamento apoiando o seu acordo com Montesquieu, o poder é uno (indivisível), de
plano. No entanto, o chefe de Estado tem o poder de modo que a sua divisão é apenas para fins funcionais.
dissolver o parlamento e convocar novas eleições, como Assim, o correto é falar em funções do poder.
forma de renovar a sua composição e, consequentemen- Os poderes da União são independentes entre si, na
te, aumentar o apoio a seu plano de governo. medida em que não está atrelado à figura de uma pes-
soa, a exemplo do que ocorria nos Estados absolutistas,
Quadro Comparativo onde o monarca centralizava todas as funções do poder
em suas mãos.
Desse modo, pelo fato dos poderes da União serem
Presidencialismo Parlamentarismo independentes entre si, um não pode interferir no fun-
Independência entre os pode- Interdependência dos poderes. cionamento do outro, porém, o funcionamento deve se
res. dar de forma harmônica, buscando a satisfação dos inte-
Chefia Monocrática. Chefia Dual
resses coletivos.
284 O exercício de uma função não é atribuído exclusi-
Responsabilidade do Governo Responsabilidade do governo vamente a um único poder e, portanto, existem funções
perante o povo. perante o parlamento.
típicas e atípicas.

Importante salientar que, de acordo com a Consti- • Funções típicas: são aquelas funções que
tuição Federal, somente a forma federada de Estado atribuídas originariamente ao respectivo poder. É
constitui cláusula pétrea, ou seja, não pode ser obje- a sua função própria, primária.
to de EC tendente à abolição. • Funções atípicas: são aquelas funções
desempenhadas de maneira excepcional pelo
Fundamentos da República Federativa respectivo poder, que não lhe pertencem origina-
Brasil riamente.

Os incisos do art. 1º da Constituição Federal tratam De forma bem sucinta, a função de cada um dos po-
dos fundamentos da República Federativa do Brasil, ou deres são as seguintes:
seja, quais são os pilares do Estado brasileiro. Poder Executivo: possui a função típica de admi-
Aqui, é importante memorizar quais são os funda- nistrar, de executar as leis produzidas pelo Poder Le-
mentos, que podem ser sintetizados no seguinte macete: gislativo. No entanto, atipicamente, pode p. ex., legislar,
quando edita um decreto ou uma medida provisória.
SO-CI-DI-VA-PLU Poder Legislativo: tem a função típica elaborar as
leis, segundo o processo legislativo definido na consti-
tuição (art. 59 e seguintes). Porém, atipicamente, pode
• SOberania; exercer a função de julgar, p. ex., julgamento dos crimes
• CIdadania; de responsabilidade do Presidente da República.
• DIgnidade da pessoa humana; Poder Judiciário: tem a função típica de aplicar a
• VAlores sociais do trabalho e da livre ini- lei ao caso concreto, solucionando os conflitos que lhes
ciativa; são apresentados. Porém, atipicamente, pode, p. ex.,
• PLUralismo político. exercer a função executiva quando realiza uma licitação
ou quando realiza concurso público para preenchimento
e seus quadros de pessoal.
Para garantir a harmonia dos poderes, instituiu-se
Dica Focus: Importante não con- um sistema de freios e contrapesos (check and balances),
CAPÍTULO 01 - Princípios Fundamentais

que garante o equilíbrio de forças entre os poderes (ou objetivos fundamentais da República Federativa
funções dos poderes). Quando o legislador define, para do Brasil incluem erradicar a pobreza e a margi-
cada poder, funções típicas e atípicas, privativas e ex- nalização e reduzir as desigualdades sociais.
clusivas, o que se busca é a harmonia e o equilíbrio dos
poderes. Gabarito: Certo

Exemplo: a denúncia acerca dos Comentário: Nos termos do art.


crimes de responsabilidade cometidos pelo 3º, III, da Constituição, um dos objetivos
Presidente da República é apreciada pela fundamentais da República Federativa do
Câmara dos Deputados; uma vez aprova- Brasil é justamente erradicar a pobreza
da, o Presidente da República será julgado e a marginalização, bem como reduzir as
pelo Senado Federal, cuja sessão de julga- desigualdades sociais e regionais. Observe
mento será presidida pelo Presidente do que presença do verbo erradicar, no infini-
Supremo Tribunal Federal (STF). Observe tivo, que é um indicativo de que se trata de
que a função de julgar está sendo atipi- um objetivo fundamental.
camente exercida pelo Poder Legislativo,
mas está sendo assegurada a participação
do Poder Judiciário (Presidente do STF).
Princípios das Relações Internacionais
Essa dinâmica visa manter a harmonia en- O art. 4º da CF/88 elenca quais são os princípios que
tre os poderes. regem o Brasil em suas relações internacionais. Quais
sejam:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas


Objetivos Fundamentais suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
Os objetivos traduzem aquilo que a República Fede- II - prevalência dos direitos humanos;
rativa do Brasil deseja alcançar (art. 3º da Constituição III - autodeterminação dos povos; 285
IV - não-intervenção;
Federal). V - igualdade entre os Estados;
Para melhor memorizar os objetivos fundamentais, VI - defesa da paz;
observe que cada objetivo é iniciado por um verbo no VII - solução pacífica dos conflitos;
infinitivo: construir, garantir, erradicar e promover. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu-
manidade;
I. Construir uma sociedade livre, justa e X - concessão de asilo político.
solidária;
II. Garantir o desenvolvimento nacional;
III. Erradicar a pobreza e a marginalização, e
Objetivos Internacionais
reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV. Promover o bem de todos, sem discrimi-
Os objetivos internacionais estão elencados no art. 4º,
nação de qualquer natureza (raça, religião, orien-
parágrafo único da Constituição Federal.
tação sexual etc.).
São objetivos direcionados ao Mercosul, onde o Brasil
buscará a formação de uma comunidade latino-america-
O art. 3º da CF/88 consagra os deveres máximos do
na de nações, com integração política, econômica, social
Estado. Estes objetivos vinculam o Estado, e devem ser
e cultural.
perseguidos pelos governantes, cujo cumprimento pode
Para se recordar dos tipos de integração, lembre o
ser exigido e fiscalizado pelos cidadãos.
macete: PESC

P Política
Dica Focus: Observe que todos os
objetivos fundamentais começam com um E Econômica

verbo no infinitivo. S Social

C Cultural

Questão Comentada
(CESPE/MPOG/2015) - De acordo com a CF, os
DIREITO CONSTITUCIONAL

Questões Gabaritadas I. A soberania.


II. Construir uma sociedade livre, justa e
1 - (CESPE/DPU/2016) A prevalência dos di- igualitária.
reitos humanos, a concessão de asilo político e a III. Independência nacional.
solução pacífica de conflitos são princípios fun- IV. Defesa da paz.
damentais que regem as relações internacionais
do Brasil. As relações internacionais da República Fede-
rativa do Brasil são regidas pelos princípios cons-
2 - (CESPE/MPOG/2015) A livre iniciativa é tantes em Parte superior do formulário
princípio que subordina as normas de regulação
do mercado e de defesa do consumidor. a. I, II, III e IV.
b. I, III e IV, apenas.
3- (CESPE/MPOG/2015) Nas relações interna- c. I e II, apenas.
cionais, a República Federativa do Brasil é regida d. III e IV, apenas.
pelo princípio da concessão de asilo político. e. II, III e IV, apenas.

4 - (CESPE/MPOG/2015) A busca pela inte- 9 - (FCC/TRT9/2015) Considere os itens abai-


gração econômica, política, social e cultural dos xo:
povos da América Latina visa à formação de uma
comunidade latino-americana de nações. I. Promover o bem de todos, sem preconceito
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ou-
5 - (CESPE/FUB/2015) Os valores sociais do tras formas de discriminação.
trabalho e da livre iniciativa impedem a inter- II. Fornecer saúde e educação à população.
venção do Estado na ordem econômica. III. Garantir a segurança pública.
IV. Garantir o desenvolvimento nacional.
6 - (FCC/TRT9/2015) É fundamento da Repú-
blica Federativa do Brasil, disposto de forma ex- Nos termos da Constituição Federal, consti-
pressa na Constituição Federal, tuem objetivos fundamentais da República Fede-
rativa do Brasil o constante APENAS em
a. o pluralismo político. Parte superior do formulário
286 b. a erradicação da pobreza.
c. a construção de uma sociedade igualitária. a. I e IV.
d. a igualdade entre os povos. b. II e III.
e. a cooperação entre governantes. c. I, II e IV.
d. III e IV.
7. (FCC/TRT9/2015) Considere os itens abaixo. e. I, II e III.

I. Valores sociais do trabalho e da livre ini- 10 - (ESAF/2015) No tocante à organização do


ciativa. Estado Brasileiro, é incorreto afirmar que:
II. Pluralismo político.
III. Garantir o desenvolvimento nacional. a. o Brasil adota princípio de separação de Po-
IV. Prevalência dos direitos humanos. deres que pode ser caracterizado como flexível.
b. a Constituição Federal criou mecanismos
Em relação à República Federativa do Brasil, o de freios e contrapesos, que permitem a materia-
que consta nos itens I a IV representam, respec- lização da harmonia entre os Poderes Legislati-
tivamente, vo, Executivo e Judiciário, como, por exemplo, a
possibilidade do veto às leis pelo chefe do Poder
a. fundamento, fundamento, objetivo funda- Executivo.
mental e princípio. c. diferentemente do Parlamentarismo, no
b. fundamento, princípio, princípio e objetivo Presidencialismo o chefe do Poder Executivo acu-
fundamental. mula as funções de Chefe de Estado e de Chefe
c. princípio, princípio, fundamento e objetivo de Governo, além de cumprir mandato fixo, sem
fundamental. precisar depender da confiança do Poder Legisla-
d. objetivo fundamental, objetivo fundamental, tivo para sua investidura ou para o exercício de
princípio e objetivo fundamental. seu cargo.
e. princípio, objetivo fundamental, fundamen- d. no modelo e Estado federativo previsto na
to e fundamento. Constituição Federal, os Estados-Membros pos-
suem soberania e autonomia financeira, adminis-
8 - (FCC/TRT9/2015) Considere: trativa e política.
e. a eletividade e a temporalidade do mandato
do chefe do Poder Executivo, bem como seu dever
CAPÍTULO 02 - Eficácia das Normas Constitucionais

de prestar contas de seus atos, são característi- doria seja concedida. A regulamentação do
cas da forma de governo republicana adotada no dispositivo ocorreu por meio de lei. Outro
Brasil.
exemplo é o que está no art. 7º, XXVII, que
garante a proteção do mercado de traba-
Gabarito
lho em face da automação, na forma da lei.
1-Certo 2-Errado 3-Certo 4-Certo 5-Errado
Veja que o legislador constituinte simples-
6-A 7-A 8-D 9-A 10-D
mente garantiu a proteção do mercado de
trabalho, para que as máquinas não su-
primam demasiadamente a mão-de-obra
2. EFICÁCIA DAS NORMAS humana. Os mecanismos que devem ser
CONSTITUCIONAIS adotados para proteção, devem ser insti-
tuídos por meio de lei, que regulamentará
O objetivo do estudo da eficácia das normas consti-
o dispositivo.
tucionais é avaliar as normas contidas na Constituição
Federal de acordo com a necessidade ou não de regula-
mentação do dispositivo para que o mesmo produza os
Normas de eficácia contida: são aquelas previstas
seus efeitos.
na Constituição, prontas para produzirem os seus efeitos,
porém, tais efeitos podem ser contidos por meio de lei.
Tipos de Eficácia Veja que é uma norma de eficácia plena cujos efeitos
podem ser contidos, reduzidos.
De acordo com a necessidade ou não de regulamen-
tação para produção de efeitos, as normas constitucio-
nais podem ser classificadas em:
Normas de eficácia plena: são aquelas normas Exemplo: Art. 5º, XIII – A Cons-
previstas na constituição e que não precisam de regu- tituição garante o livre exercício de qual-
lamentação infraconstitucional para que produzam efei- quer trabalho, ofício ou profissão, atendi-
tos.
das as qualificações profissionais, quando
287
a lei assim estabelecer. Por exemplo, para
ser atendente de loja, atualmente, não é
Exemplo: Art. 5º, XI – trata da
exigida nenhuma qualificação, de modo
inviolabilidade domiciliar, e, ao tratar do
que qualquer pessoa pode atuar como um
tema, a Constituição já estabeleceu a regra
atendente de loja. No entanto, se a lei pas-
(a inviolabilidade), bem como as exceções
sar a exigir, p. ex., curso de atendimento
(flagrante delito, desastre, prestar socorro
ao público para desempenhar tal ativida-
– a qualquer hora do dia ou da noite; e por
de, somente as pessoas que atenderem tal
ordem judicial durante o dia). É preciso
requisito é que poderão atuar como aten-
mais alguma coisa para que a norma seja
dente de loja.
imediata e plenamente aplicada ao caso
concreto? NÃO.
Questão Comentada
Normas de eficácia limitada: são aquelas normas
previstas na Constituição, mas que precisam de regula- (CESPE/TELEBRAS/2015) - As normas consti-
mentação infraconstitucional para que possam ser apli- tucionais de eficácia contida têm aplicabilidade
cadas. A regulamentação, geralmente, é por meio de lei. indireta e reduzida porque dependem de norma
ulterior para que possam incidir totalmente so-
bre os interesses relativos a determinada maté-
ria.
Exemplo: art. 7º, XXIV – Trata
do direito à aposentadoria. A Constituição Gabarito: Errado
simplesmente inseriu em seu texto que é
garantido o direito à aposentadoria, mas
não estabeleceu quais são os critérios que Comentário: As normas de efi-
devem ser atendidos para que a aposenta- cácia contida possuem aplicabilidade ime-
DIREITO CONSTITUCIONAL

diata (também chamada de direta). A sua dependem de regulamentação. No entanto,


aplicação não depende de nenhuma lei possuem certa eficácia jurídica, revogando
regulamentadora posteriores. O que po- disposições em contrário, bem como impe-
dem acontecer é a contenção dos efeitos, de a produção de normas posteriores que
por meio de lei (ou outro instrumento in- violem os seus programas.
fraconstitucional, a depender do caso), dos
efeitos da norma constitucional de eficácia
contida.
Questões Gabaritadas
1 – (CESPE/MEC/2015) Em virtude do princí-
pio da aplicabilidade imediata das normas defini-
Espécies de Normas de Eficácia doras dos direitos e das garantias fundamentais,
Limitada tais normas podem ser de eficácia plena ou conti-
da, mas não serão de eficácia limitada.
Definidoras de Princípios Institutivos ou
Organizativos 2 – (CESPE/MEC/2015) A erradicação da po-
breza como objetivo fundamental da República
Conceito: São aquelas normas pelas quais o legisla- pode ser classificada como norma programática,
dor constituinte traça esquemas gerais de estruturação compreendida como programa político ou admo-
e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para que estação moral, desprovida de eficácia normativa
o legislador ordinário estruture em definitivo. imediata ou mediata.

3 – (CESPE/FUB/2015) O estabelecimento da
educação como um direito de todos e um dever do
Exemplo: Art. 33, art. 88, art. 91, Estado e da família é uma norma constitucional
§2º, Constituição. programática, que exige, do poder público, a con-
secução do programa de atuação planejado pelo
constituinte.
288 Impositivas Facultativas
4 – (CESPE/FUB/2015) Enquanto a norma
São aquelas que determinam ao Não impõem uma obrigação constitucional de eficácia contida requer norma-
legislador como o mesmo deve para o legislador, mas apenas tização legislativa ordinária para impor limites
atuar, estabelecendo uma obri- abre o legislador ordinário a
gação. possibilidade para que o mes-
ao exercício do direito, a norma constitucional de
mo institua ou regule determi- eficácia limitada requer a normatização legislati-
Ex.: art. 20, §2º (serão...), art. na situação. va ordinária para tornar viável o pleno exercício
32, §4º (disporá), Constituição. do direito.
Ex.: art. 22, p. único (poderá...),
art. 125, §3º, art. 25, §3º, Consti-
tuição.
5 – (CESPE/ANTAQ/2014) É norma de eficácia
contida o dispositivo constitucional segundo o
qual é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí-
Definidoras de Princípios Programáticos cio ou profissão, atendidas as qualificações pro-
fissionais que a lei estabelecer.
Conceito: O legislador constituinte ao invés de re-
gular direta e imediatamente determinados interesses, 6 – (CESPE/ANATEL/2014) O direito à edu-
limitou-se a traçar os princípios a serem persegui- cação, expresso na CF, refere-se a programas a
dos pelos seus órgãos. São verdadeiros programas serem implementados pelo Estado, possui apli-
de governo, visando a realização dos fins sociais cabilidade mediata e necessita de lei infraconsti-
do Estado. tucional integradora para produzir todos os seus
Exemplos: efeitos, haja vista ser uma norma de eficácia con-
tida.
• Realização da justiça social;
• Valorização do trabalho; 7 – (CESPE/Câmara dos Deputados/2014) Tem
• Proteção do mercado de trabalho da mulher; eficácia contida o dispositivo constitucional que
• Proteção em face da automação; estabelece a liberdade de exercício profissional.
• Repressão ao abuso do poder econômico etc.
8 – (CESPE/Câmara dos Deputados/2014) Con-
forme entendimento do STF, não é possível o
exercício do direito de resposta com o intuito de
Dica Focus: As normas progra-
retificar matéria publicada em jornal impresso,
máticas possuem eficácia limitada, pois
CAPÍTULO 03 - Dos Direitos e Garantias Fundamentais

por ser tal direito destituído de eficácia plena,


dada a não recepção da Lei de Imprensa pela CF. Importante: as pessoas possuem
9 – (CESPE/Câmara dos Deputados/2014) As o direito de se reunirem, pacificamente,
normas constitucionais de eficácia contida go- sem armas, em local aberto ao público,
zam de eficácia plena enquanto não houver res-
desde que não frustrem outra reunião an-
trição, podendo seus efeitos ser limitados apenas
pela atuação do legislador infraconstitucional. teriormente marcada para o mesmo local.
Caso o direito de reunião seja violado ou
10 – (CESPE/Polícia Federal/2014) A prestação ameaçado de violação, de forma ilegal
de assistência religiosa nas entidades civis e mi-
ou abusiva, o indivíduo pode se valer do
litares de internação coletiva pode ser considera-
da exemplo de norma constitucional de eficácia remédio constitucional mandado de segu-
limitada. rança para assegurar tal direito declarado
pela Constituição.
Gabarito
1-Errado 2-Errado 3-Certo 4-Certo 5-Certo

6-Errado 7-Certo 8-Errado 9-Errado 10-Certo


Titularidade dos Direitos e Garantias
Fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais podem ser ti-
tularizados tanto por pessoa física quanto por pessoa
3. DOS DIREITOS E GARANTIAS jurídica.
FUNDAMENTAIS
As pessoas jurídicas titularizam os direitos e ga-
Os direitos fundamentais ganharam exponencial rantias fundamentais que são compatíveis com a sua
destaque após a Revolução Francesa, momento em que personalidade jurídica. Por exemplo, é plenamente
diversas correntes filosóficas e políticas, como o raciona- possível que tais pessoas tenham propriedade, po-
lismo e o contratualismo inspiraram a vontade popular rém, não é possível que sejam titulares do direito à
de impor limites ao Estado, reconhecendo um núcleo de liberdade de locomoção, pois pessoa jurídica é uma
proteção mínima do indivíduo perante o Estado. criação do direito, de modo que não possui o status 289
No Estado feudal (idade média) e no Estado absolutis- de ser humano.
ta (idade moderna) os direitos naturais (vida, liberdade Pessoas jurídicas não possuem direitos políticos
etc.) eram descaradamente violados, os indivíduos não (não votam e nem são votadas), pois tal direito não
tinham participação política etc. é compatível com sua personalidade jurídica. Já a
Diante de tal cenário, a ideia dos direitos fundamen- pessoa física ou natural, que preencher os requisitos
tais surge na tentativa de estabelecer um rol de direitos necessários, podem votar e ser votadas.
que seriam inerentes à própria condição da pessoa
humana, direitos que não dependem de vontade políti- Apesar do caput do art. 5º dizer que apenas os brasi-
ca. São os direitos naturais (jusnaturalismo). leiros (natos e naturalizados) e os estrangeiros residentes
Assim, com esse efervescente desejo de mudança, a no Brasil é que são titulares dos direitos declarados no
sociedade passou a exigir o respeito a um núcleo mínimo art. 5° da Constituição Federal, o entendimento firmado
de direitos básicos, inerentes à condição humana. pelo STF é que os estrangeiros de passagem pelo Brasil
A vigente Constituição Federal elenca, logo no início, (turistas) também são titulares de tais direitos.
a partir do art. 5º, direitos de fundamental importância Válido destacar que o Estado, que é uma pessoa jurí-
em nossa ordem constitucional, conferindo especial im- dica de direito público, também é titular de direitos e ga-
portância ao elemento humano do Estado. rantias fundamentais, p. ex., a requisição administrativa
(art. 5º, XXV, Constituição).

Diferença entre Direitos e Garantias


Gerações ou Dimensões de Direitos
Importante estabelecer a necessária distinção entre Fundamentais
direitos e garantias.
Direitos fundamentais: declaram uma posição de Os direitos fundamentais não foram conquistados re-
vantagem do indivíduo frente a outros indivíduos (eficá- pentinamente. Foram conquistados ao longo da história,
cia horizontal dos direitos fundamentais) ou perante o até se chegar a atual configuração dos direitos e garan-
próprio Estado (eficácia vertical dos direitos fundamen- tias fundamentais.
tais). Quando se fala em geração de direitos, analisa-se o
Garantias fundamentais: possuem caráter instru- momento histórico de conquista de determinados direi-
mental, e o seu objetivo é assegurar os direitos funda- tos.
mentais declarados pela Constituição Federal.
DIREITO CONSTITUCIONAL

O CESPE (Cebraspe) gosta mais de utilizar a ex- a 2ª guerra mundial e se prolonga até os dias atuais, e
pressão dimensões de direitos, pois quando se fala está voltada para a defesa de direitos difusos, ou seja,
em geração transmite-se a ideia de que uma geração interesses de titularidade coletiva (direitos que perten-
superar a outra, quando na verdade os direitos de cem a um número indeterminado de pessoas).
uma geração são incorporados entre si, de modo que
o mais correto é se falar em dimensão de direitos.

Diferentes correntes filosóficas e políticas influencia- Exemplos: direito ao meio-am-


ram variados momentos históricos, o que repercutiu nas biente, direito do consumidor etc.
conquistas dos mais variados direitos.

1ª Geração ou Dimensão de Direitos 4ª Geração ou Dimensão de Direitos

A 1ª geração ou dimensão de direitos surgiu por volta A 4ª geração ou dimensão de direitos cuida da ma-
do século XVIII, no contexto da Revolução Francesa. nipulação de patrimônio genético (ex.: inseminação
Nesse cenário de opressão política, sem participação artificial, fecundação in vitro, cirurgia modificativa de
das pessoas no processo decisório estatal, pois o Esta- sexo, alimentos transgênicos etc.), diversidade em ge-
do absolutista concentrava todos os poderes nas mãos ral, bem como os efeitos da globalização na esfera
do monarca, foram conquistados os direitos civis e econômica.
políticos.
Os direitos de 1ª geração ou dimensão são chama- 5ª Geração ou Dimensão de Direitos
dos de liberdades negativas, pois não exigem um
fazer do Estado. Por exemplo, para que uma pessoa A 5ª geração ou dimensão gira em torno da ciber-
possa exercitar o seu direito de voto e manifestação do nética e da paz. Com o grande desenvolvimento da in-
pensamento, não é preciso que o Estado faça nada, mas ternet, é preciso pensar como será promovida a proteção
simplesmente que não atrapalhe o exercício dos direitos dos direitos fundamentais.
civis e políticos.
Características dos Direitos
2ª Geração ou Dimensão de Direitos Fundamentais
290 Os direitos de 2ª geração ou dimensão têm como
Os direitos fundamentais não são de natureza ab-
marco histórico de sua conquista a Revolução Industrial
soluta, de modo que tais direitos podem ser relati-
(século XIX).
vizados, principalmente quando entrarem em choque
Em tal cenário político, econômico e social, o traba-
com outros direitos.
lhador era excessivamente explorado, com submissão a
longas jornadas de trabalho, condições insalubres, sem
proteção na velhice (previdência). Assim, o que uma so-
ciedade submetida a tais condições mais quer? Direitos Exemplo: o direito à vida é de
sociais, econômicos e culturais. natureza fundamental, porém, não é um
Os direitos de 2ª geração ou dimensão são chamados
direito absoluto, pois pode ser relativizado
de liberdades positivas, pois exigem atuação concreta do
Estado para que os direitos sejam realizados. diante de uma hipótese de guerra decla-
rada, pois a Constituição Federal prevê a
aplicação da pena de morte em tal cenário.
Exemplo: para garantir o direito
à saúde, o Estado deve construir hospitais,
Inalienabilidade Não é possível transferir um direito
contratar médicos, fornecer medicamentos fundamental de uma pessoa para
etc.; para garantir o direito à educação, é outra.

preciso que o Estado construa escolas, con- Irrenunciabilidade Não é possível renunciar totalmente
um direito fundamental.
trate professores, forneça merenda, livros
didáticos etc. Veja que são direitos que re- Imprescritibilidade Os direitos fundamentais não se per-
dem com o decurso de tempo.
querem atuações concretas do Estado, sob
Historicidade Os direitos fundamentais, conforme
pena de, se não atuar, violar tais direitos. visto anteriormente, possuem origem
histórica.

Inviolabilidade Os direitos fundamentais devem ser


3ª Geração ou Dimensão de Direitos respeitados, não podem ser objeto de
violação.
A 3ª geração ou dimensão de direitos surge logo após
NOÇÕES
DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROFESSOR
Robson Fachini
Experiência em concursos públicos desde 1999,
tendo sido aprovado nos cargos de agente adminis-
trativo da prefeitura de Rancharia – SP, recenciador
do IBGE, agente de escolta e vigilância penitenciária
– SP, agente de segurança penitenciária – SP, agente
penitenciário – PR, agente penitenciário federal – MJ,
analista do tribunal de contas do DF e atualmente
aprovado para o cargo de auditor de controle exter-
no do tribunal de contas dos municípios do estado de
Goiás. Formado em tecnologia em gestão pública pelo
instituto tecnológico da Universidade Federal do Pa-
raná e pós graduando em MBA em gestão pública.
Professor de direito administrativo em cursos prepa-
ratórios para concursos desde 2010.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS.............................................................381
Conceito de Administração Pública.................................................................................................................................................................................................. 381
Classificação da Administração Pública......................................................................................................................................................................................... 381
Comparação entre Governo e Administração Pública..............................................................................................................................................................382
Administração Pública Direta.............................................................................................................................................................................................................382
Administração Pública Indireta.........................................................................................................................................................................................................382
Organização Administrativa da União.............................................................................................................................................................................................383
Técnicas Administrativas......................................................................................................................................................................................................................384
Criação dos Entes da Administração Indireta..............................................................................................................................................................................386
Autarquia.....................................................................................................................................................................................................................................................386
Fundação Pública......................................................................................................................................................................................................................................387
Empresas Estatais (Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista)............................................................................................................................388
Empresa Pública.......................................................................................................................................................................................................................................388
Sociedade de Economia Mista.............................................................................................................................................................................................................389
Entidades Paraestatais............................................................................................................................................................................................................................390
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................393

2. ATOS ADMINISTRATIVOS............................................................................................................................................................... 393


Conceito de Atos Administrativos.....................................................................................................................................................................................................394
Características de Atos Administrativos........................................................................................................................................................................................394
Outros Conceitos Pertinentes ao Tema............................................................................................................................................................................................394
Elementos ou Requisitos de Validade dos Atos Administrativo............................................................................................................................................395
Atributos dos Atos Administrativos..................................................................................................................................................................................................396
Classificações de Atos Administrativos...........................................................................................................................................................................................398
Espécies de Atos Administrativos......................................................................................................................................................................................................
400
Extinção dos Atos Administrativos / Desfazimento do Ato Administrativo....................................................................................................................
402
Convalidação...............................................................................................................................................................................................................................................
403

3. AGENTES PÚBLICOS.........................................................................................................................................................................404

4. PODERES ADMINISTRATIVOS......................................................................................................................................................406 379


Poder Hierárquico....................................................................................................................................................................................................................................
406
Poder Disciplinar......................................................................................................................................................................................................................................407
Poder de Polícia.........................................................................................................................................................................................................................................408
Poder Regulamentar................................................................................................................................................................................................................................410
Abuso de Poder..........................................................................................................................................................................................................................................410
Questões Gabaritadas..............................................................................................................................................................................................................................411

5. LICITAÇÃO...............................................................................................................................................................................................412
Base Constitucional................................................................................................................................................................................................................................. 412
Competência Legislativa........................................................................................................................................................................................................................ 412
LEI 8.666/93................................................................................................................................................................................................................................................ 412
Tipos de Licitação e Modalidades de Licitação............................................................................................................................................................................. 417
Contratação Direta.................................................................................................................................................................................................................................... 417
Procedimento Licitatório.......................................................................................................................................................................................................................
420
Situações Especiais..................................................................................................................................................................................................................................425
LEI 10.520/2002.........................................................................................................................................................................................................................................426
Decreto Federal 5.450/2005..................................................................................................................................................................................................................428
Regime Diferenciado de Contratações.............................................................................................................................................................................................428
Questões Comentadas.............................................................................................................................................................................................................................429

6. CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO..........................................................................................430


Classificação do Controle da Administração Pública................................................................................................................................................................
430
Espécies de Controle da Administração Pública.........................................................................................................................................................................433
Responsabilidade Civil do Estado......................................................................................................................................................................................................437
Responsabilidade Civil (Direito Civil)..............................................................................................................................................................................................437
Classificação da Responsabilidade Civil.........................................................................................................................................................................................437
Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência da Atuação da Administração Pública.....................................................................................438
Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência de Atos Legislativos..........................................................................................................................
440
Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência de Atos Judiciais................................................................................................................................ 441
Ação de Reparação de Danos............................................................................................................................................................................................................... 441
Ação Regressiva.........................................................................................................................................................................................................................................442
CAPÍTULO 01 - Noções de Administração Pública e Técnicas Administrativas

1. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO brasileira.

PÚBLICA E TÉCNICAS Administração Pública em Sentido Formal ou


ADMINISTRATIVAS Subjetivo

Neste tópico nós iremos estudar a Administração Em sentido formal ou subjetivo, o termo administra-
Pública. Veremos o conceito de Administração Pública ção pública está relacionado com o conjunto de institui-
e suas características. Além disso, será feita uma aná- ções públicas a quem o ordenamento jurídico atribuiu
lise das entidades que compõe a administração pública como tal, independentemente de esta instituição exercer
brasileira. Ao final, será visto as técnicas administrativas ou não a atividade administrativa do Estado. Ou seja, a
utilizadas pelo estado para administrar a coisa pública. Administração Pública compreende o conjunto de ór-
gãos e pessoas jurídicas encarregadas, por determinação
Conceito de Administração Pública legal, do exercício da função administrativa do Estado.
Dessa forma, a Administração pública em sentido
Antes de fazermos qualquer conceituação doutri- subjetivo é integrada somente pelos membros da admi-
nária sobre Administração Pública, pode-se entendê-la nistração pública direta e indireta, ou seja, somente pe-
como sendo a ferramenta utilizada pelo Estado para las entidades da administração pública direta e indire-
atingir os seus objetivos. ta, os órgãos que as integram e os agentes públicos que
A administração pública está presente dentro dos trabalham nesses órgãos, não incluindo, neste conceito
3 poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Afinal de de administração pública, os particulares que exercem
contas, conforme já foi visto, os três poderes exercem a função pública.
função administrativa, sendo esta a função principal e tí- A federação brasileira é formada por quatro entida-
pica do poder executivo e uma função acessória e atípica des federadas (União, estados, DF e municípios), cada
dos poderes legislativo e judiciário. uma dessas entidades possui uma administração pública
A doutrina costuma afirmar que a administração pú- direta e uma administração pública indireta.
blica é uma atividade neutra, vinculada à lei ou à norma A administração direta é constituída por órgãos pú-
técnica e hierarquizada. blicos que integram o corpo da pessoa política.
A administração indireta é constituída por pessoas
jurídicas (Autarquias, Fundações Públicas, Empresas
Classificação da Administração Pública Públicas e Sociedades de Economia Mista) criadas pelo
ente político instituidor e por isso vinculada a eles. 381
A doutrina classifica o conceito de Administração Pú- Administração Direta: É representada pelas entida-
blica em um sentido formal/subjetivo e em um sentido des políticas, são elas: União, Estados, DF e Municípios.
material/objetivo. Administração Indireta: É representada pelas enti-
dades administrativas, são elas: Autarquias, Fundações
Administração Pública em Sentido Material ou Públicas, Empresas Públicas e Sociedade de Economia
Objetivo Mista.
A definição de quais entidades integram a adminis-
Em sentido material ou objetivo, administração é a tração pública no Brasil foi feita pelo Decreto-Lei 200/67,
atividade de administrar, independentemente da insti- que dispõe sobre a organização da Administração Fede-
tuição pública que a exerça. ral, estabelecendo diretrizes para a Reforma Adminis-
Adotando-se este critério de classificação, considera- trativa. É importante observar que esse decreto dispõe
-se integrante da administração pública qualquer insti- somente sobre a Administração Pública federal, todavia,
tuição que exerça alguma atividade administrativa do pela aplicação do princípio da simetria, tal regra é apli-
Estado e, neste caso, tanto faz se a instituição que exerce cada uniformemente por todo o território nacional, assim
a atividade administrativa é pública ou privada. sendo, concluímos que tal classificação utilizada neste
No Brasil, o critério adotado para classificar a admi- decreto define expressamente a Administração Pública
nistração pública não é este, e caso este fosse o crité- federal e também, implicitamente, a Administração Pú-
rio adotado, a administração pública brasileira teria a blica dos demais entes da federação.
seguinte composição: União, Estados, Distrito Federal,
Municípios, Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Decreto-Lei 200/67:
Públicas prestadoras de serviço público, Sociedades de Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços
economia mista prestadoras de serviços públicos e, além integrados na estrutura administrativa da Presidência da
dessas instituições, também integrariam a administra- República e dos Ministérios.
ção pública brasileira os particulares prestadores de II - A Administração Indireta, que compreende as se-
serviço público, o que inclui as concessionárias, permis- guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
jurídica própria:
sionárias e autorizatárias. a) Autarquias;
Além disso, as empresas públicas e sociedades de b) Empresas Públicas;
economia mista exploradoras da atividade econômica c) Sociedades de Economia Mista;
não integrariam a estrutura da administração pública d) fundações públicas.
DIREITO ADMINISTRATIVO

No Brasil nenhuma outra entidade integra o concei- externa e supremacia na ordem interna).
to de Administração Pública, somente as entidades da
administração direta e indireta. Sendo assim, os parti- Antes de continuar, é importante ressaltar que União
culares prestadores de serviço público (concessionários, é uma coisa e República Federativa do Brasil é outra coi-
permissionários e autorizatários) não integram a admi- sa. Comparativamente, a República Federativa do Brasil
nistração pública. é o ente federal e representa a soma de todos os entes
federais, ou seja, é a soma da União, dos estados, do DF
Comparação entre Governo e e dos municípios, sendo assim, enquanto a República Fe-
derativa do Brasil é o todo, a União é só uma parte deste
Administração Pública todo. Ademais, a República Federativa do Brasil é a pes-
soa jurídica de direito público externo e tem soberania,
A tabela a seguir destaca as principais diferenças ao passo que a União é uma pessoa jurídica de direito
nas características do governo e da administração pú- público interno (não externo) e, em razão disso, não pos-
blica. Lembre-se: governo é uma coisa e administração sui soberania, apenas autonomia política, administrativa
pública é outra, os dois conceitos não se equivalem. e orçamentária.
República Federativa União
do Brasil
Governo Administração
Pública Pessoa jurídica de direito públi- Pessoa jurídica de direito públi-
co externo co interno
Comanda, decide o que tem que Executa as decisões tomadas
ser feito pelo governo Tem soberania Tem autonomia

Atividade política Atividade neutra É o todo É uma parte

Atividade discricionária Atividade vinculada à lei ou


à norma técnica 02. Adotam regime jurídico de direito públi-
co;
Atividade independente Atividade hierarquizada
03. Têm AUTONOMIA:
Administração Pública Direta a. Política: é o poder de inovar o ordenamen-
to jurídico por meio da criação de leis;
382 A administração pública direta é integrada pelas en- b. Administrativa: é o poder de se auto ad-
tidades políticas, federadas ou estatais. São elas: União, ministrar de forma independente e autônoma dos
estados, Distrito Federal e os municípios. demais entes federados. Em razão disso, conclui-
Antes de continuar, uma observação importante, os -se que as entidades da administração pública di-
termos entidades políticas, entidades federadas ou enti- reta não se subordinam hierarquicamente umas
dades estatais são sinônimos e somente fazem referên- às outras, sendo cada uma delas dotadas de capa-
cia às entidades integrantes da administração pública cidade de se auto administrar;
direta. Fazendo um contraponto a essas expressões está c. Financeira/Orçamentária: é uma decor-
a expressão entidades administrativas. Essa expressão rência da autonomia administrativa. Como cada
faz referência às entidades integrantes da administração entidade da administração pública direta tem a
pública indireta, ou seja, não faz referências às entidades sua própria receita, cabe a elas próprias decidi-
integrantes da administração pública direta. rem como irão aplicar esses recursos para alcan-
çarem os fins governamentais, ou seja, os entes
políticos têm orçamento próprio.
Entidades Políticas / Entidades Adminis-
Federadas / Estata- trativas 04. Sem subordinação: atuam por coopera-
tais ção;
Administração pública direta Administração pública indireta
05. Suas competências são hauridas da
União, estados, DF e municípios Autarquias, Fundações Públi-
cas, Empresas Públicas e Socie- Constituição Federal;
dades de Economia Mista.
06. Regime de Pessoal: Regime Jurídico
Características Das Entidades Da Único/Estatuto
Administração Pública Direta
07. Competência para julgamento de
ações judiciais
01. São pessoas jurídicas de direito pú-
a. União - Justiça Federal
blico interno - têm AUTONOMIA;
b. Demais entes políticos - Justiça Estadual
a. Unidas elas formam a República Federativa
(se DF, justiça do Distrito Federal)
do Brasil: Pessoa Jurídica de direito público ex-
terno tem soberania (independência na ordem
Administração Pública Indireta
CAPÍTULO 01 - Noções de Administração Pública e Técnicas Administrativas

Essa relação entre as duas é formalizada por uma re-


A administração pública indireta é integrada pelas lação de vinculação. Sendo assim, a administração públi-
entidades administrativas, e são elas: Fundações Públi- ca indireta é vinculada à administração pública direta.
cas, Autarquias, Sociedades de Economia Mista e Em- A expressão vinculação significa que entre a adminis-
presas Públicas. tração pública direta e a indireta não existe hierarquia
Para ajudar a memorizar o nome das entidades que e subordinação. Logo, conclui-se que existe uma relação
compõem a administração pública indireta, use a pala- entre ambas, essa relação não é uma relação hierárquica
vra FASE, veja a seguir: e por meio desse vínculo entre elas é que a administra-
• Fundação Pública; ção pública direta controla a entidade da administração
• Autarquia; pública indireta instituída.
• Sociedade de Economia Mista; O controle realizado pela administração pública dire-
• Empresa Pública ta sobre a entidade administrativa instituída é chamado
de controle finalístico, supervisão ministerial ou poder
Características Comuns das Entidades da de tutela.
Administração Pública Indireta Organização Administrativa da União
Neste tópico serão apresentadas as características Este tópico aborda exclusivamente a composição da
que são comuns a todas as entidades da administração administração pública da União.
pública indireta, por isso fique ligado, o assunto cai mui- Até o momento, quando foi falado em administração
to em prova. Veja a seguir: pública direta e indireta, foi considerada a presença das
administrações públicas estaduais, municipais e do Dis-
01. As entidades da administração pública in- trito Federal. A partir de agora não consideraremos mais
direta têm personalidade jurídica própria; estados, municípios e o Distrito Federal, mas apenas a
02. As entidades da administração pública in- Administração Pública da União.
direta têm patrimônio e receita próprios; A composição da administração pública da União é
03. As entidades da administração pública in- regulada pelo art. 4º do Decreto-Lei 200/67 que diz o
direta têm autonomia: seguinte:

• Administrativa; Art. 4° A Administração Federal compreende:


• Técnica; I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços
integrados na estrutura administrativa da Presidência da 383
• Financeira. República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as se-
04. Obs: As entidades da administração públi- guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
ca indireta não têm autonomia política. jurídica própria:
a) Autarquias;
b Empresas Públicas;
05. A finalidade das entidades da administra- c) Sociedades de Economia Mista.
ção pública indireta é definida em lei; d) Fundações públicas.
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Admi-
nistração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área
Um dos princípios que regem a distribuição de com- de competência estiver enquadrada sua principal atividade
petências entre as pessoas jurídicas e órgãos que compõe
a administração pública, é o princípio da especiali-
dade. Esse princípio diz que as entidades da adminis- Administração Pública Direta
tração pública indireta devem ser criadas para alguma
atividade especial, e essa finalidade deve ser definida na Analisando a redação do artigo 4º do Decreto-Lei
lei de instituição da respectiva entidade. 200/67, conclui-se que a Administração Direta da União
é representada pela presidência da república, ministé-
06. As entidades da administração pública rios e os demais órgãos subordinados aos ministérios.
indireta detêm a titularidade da competência Todavia, essa afirmação compreende apenas a adminis-
para a qual foi criada. tração pública direta do poder executivo federal, pois os
órgãos que compõe o poder legislativo federal e o poder
Controle do Estado: Administração judiciário federal e o Ministério Público da União tam-
Pública Direta Controlando a Entidade da bém integram a administração pública da União.
Administração Pública Indireta Instituída Sendo assim, a administração pública federal direta
é composta pelos órgãos integrantes da estrutura admi-
A administração pública direta institui os entes da nistrativa do Poder Executivo Federal, do Poder Legisla-
administração pública indireta para executar alguma tivo Federal, do Poder Judiciário Federal e do Ministério
atividade que era de competência da entidade da ad- Público da União.
ministração pública direta que a instituiu. Sendo assim,
a entidade política instituidora realiza controle sobre a Administração Pública Indireta
entidade administrativa instituída.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Quanto à composição da administração pública indi- não integra a administração pública direta, a descentra-
reta a regra não apresenta novidades com base no que já lização é considerada um processo externo.
foi visto, ela é integrada pelas Autarquias Federais, Fun- A descentralização pode ser realizada de duas for-
dações Públicas Federais, Empresas Públicas Federais e mas: descentralização por outorga legal e descentraliza-
Sociedades de Economia Mista Federais, bem como pe- ção por delegação.
los órgãos integrantes da estrutura administrativa des- Descentralização por Outorga Legal/Técnica/
sas entidades. Serviços/Funcional
Relembrando, este tópico tratou exclusivamente da A descentralização por outorga legal, também cha-
Administração Pública da União, não abordando a Ad- mada de descentralização técnica, descentralização por
ministração Pública dos estados, municípios e nem a do serviços e descentralização funcional, acontece quando
Distrito Federal. a pessoa política titular da competência para o exercício
de determinada atividade cria uma entidade da admi-
nistração pública indireta e transfere o exercício dessa
atividade para a entidade criada.
Técnicas Administrativas Sendo assim, é por meio da descentralização por ou-
torga legal que nascem as entidades da administração
Técnicas administrativas é o termo utilizado para re- pública indireta, ou seja, a administração pública indire-
presentar os meios de que dispõe o Estado para executar ta é um resultado da descentralização por outorga legal.
suas atividades de natureza administrativa, ou seja, as
técnicas administrativas correspondem aos métodos, as Principais Características da Descentralização por
formas que o Estado utiliza para executar suas ativida- Outorga Legal
des públicas.
As técnicas administrativas utilizadas pelo poder pú- • A descentralização por outorga legal é for-
blico para a concretização das atividades administrati- malizada por meio de uma lei;
vas são quatro: centralização, descentralização, descon- • Por meio da descentralização por outorga
centração e concentração. legal a entidade da administração pública dire-
ta transfere a titularidade da atividade ad-
Centralização ministrativa descentralizada para a entidade da
administração pública indireta que foi instituída.
A execução da atividade administrativa é considera- Sendo assim, a titularidade da atividade deixa de
384
da centralizada quando as entidades da administração ser da entidade da administração pública direta
pública direta titulares da competência para exercer de- e passa a ser de titularidade da entidade da ad-
terminada atividade administrativa, exercem-na direta- ministração pública indireta instituída para tal
mente através de seus órgãos e agentes. finalidade;
Sendo assim, a atividade administrativa centralizada • Não tem prazo de duração. A transferência
é exercida pelo próprio Estado, que atua por meio dos de competência é feita por lei e as leis, via de re-
órgãos da administração pública direta. gra, possuem vigência, a qual só é interrompida
quando revogadas por outra lei. Em razão disso, a
Descentralização descentralização por outorga legal não tem prazo
de duração, nem data específica para ser cance-
A execução da atividade administrativa é considera- lada.
da descentralizada quando as entidades da administra-
ção pública direta titulares da competência para exercer Descentralização por Delegação / Colaboração
determinada atividade administrativa, não a exercem A descentralização por delegação, também chamada
diretamente através de seus órgãos e agentes, mas sim de descentralização por colaboração acontece quando a
por meio de outras pessoas físicas ou jurídicas, ou seja, pessoa política titular da competência para o exercício
neste caso, a pessoa política titular da competência para de determinada atividade transfere o exercício dessa
o exercício de determinada atividade transfere o exercí- competência para um particular que o exercerá por con-
cio dessa atividade para outra pessoa. ta e risco.
Essa outra pessoa que vai ficar responsável pela exe- Esse particular que vai receber a execução da com-
cução da administração pública pode ser uma entidade petência administrativa não integra a administração
da administração pública indireta (autarquia, fundação pública direta e nem a indireta, e são eles os concessio-
pública, empresa pública e sociedade de economia mis- nários, permissionários e autorizatários prestadores de
ta) ou um particular (concessionária, permissionária e serviços públicos.
autorizatária prestadora de serviço público).
Por ser a descentralização uma técnica administra- Principais Características da Descentralização por
tiva em que a entidade da administração pública direta, Delegação
titular da competência para exercer determinada ativi-
dade administrativa, externaliza a execução da ativida- • A descentralização por outorga legal não é
de administrativa, transferindo-a para outra pessoa que formalizada por meio de uma lei, ela é formaliza-
CAPÍTULO 01 - Noções de Administração Pública e Técnicas Administrativas

da por meio de um contrato administrativo ou de Por ser a desconcentração uma técnica administra-
um ato administrativo; tiva em que a entidade da administração pública direta,
• Por meio da descentralização por delegação titular da competência para exercer determinada ativi-
a entidade da administração pública direta não dade administrativa, não externaliza a execução da ati-
transfere a titularidade da atividade adminis- vidade administrativa, ao contrário, continua exercendo
trativa descentralizada para o particular. Ocorre essa competência por meio de um órgão integrante da
apenas a transferência da execução da atividade sua estrutura interna, a desconcentração é considerada
que passa a ser de responsabilidade do particular, um processo interno.
mas a titularidade desta atividade continua com a A desconcentração pode ser realizada de duas for-
entidade da administração pública direta; mas: centralizada e descentralizada.
• Tem prazo de duração. O contrato adminis-
trativo ou ato administrativo que formaliza a des- Desconcentração Centralizada
centralização por delegação deve conter cláusula A desconcentração centralizada acontece quando a
ou artigo indicando qual é o prazo de duração da pessoa jurídica que cria um órgão dentro de sua própria
transferência de competência. Após o término do estrutura para executar determinada atividade adminis-
prazo de duração apontado no contrato ou ato, a trativa integra a administração pública direta.
execução da atividade volta a ser de responsabili-
dade da entidade da administração pública direta. Desconcentração Descentralizada
A desconcentração descentralizada acontece quan-
Comparando a Descentralização por Outorga do a pessoa jurídica que cria um órgão dentro de sua
Legal com a Descentralização por Delegação. própria estrutura para executar determinada atividade
administrativa integra a administração pública indireta.
Descentralização por Descentralização por
Concentração
outorga legal/técni- delegação/colabora-
ca/serviços/funcional ção
A execução da atividade administrativa é considera-
A pessoa política titular da A pessoa política titular da da concentrada quando as entidades da administração
competência para o exercício competência para o exercí- pública direta ou indireta titulares da competência para
de determinada atividade cria cio de determinada atividade
uma entidade da administração transfere o exercício dessa
exercer determinada atividade administrativa extingue
pública indireta e transfere o competência para um particu- um órgão dentro de sua própria estrutura, neste caso,
exercício dessa atividade para lar que o exercerá por conta e a pessoa jurídica da administração pública direta ou 385
a entidade criada. risco. indireta titular da competência para o exercício de de-
Ocorre por meio de lei. Ocorre por meio de contrato ou terminada atividade extingue o órgão público periférico
ato administrativo. executor da respectiva atividade administrativa.
Transfere a titularidade da ati- Transfere somente a execução
vidade. da atividade. Não transfere ti- Comparação entre Descentralização e Descon-
tularidade. centração
Não tem prazo. Tem prazo. Descentralização Desconcentração
A pessoa política titular da com- A pessoa jurídica titular da
Desconcentração petência para o exercício de de- competência para executar de-
terminada atividade transfere o terminada atividade do estado
exercício dessa atividade para cria um órgão dentro de sua
A execução da atividade administrativa é conside- outra pessoa. estrutura e transfere para este
rada desconcentrada quando as entidades da adminis- órgão o exercício desta compe-
tração pública direta ou indireta titulares da competên- tência.
cia para exercer determinada atividade administrativa, Processo externo. Processo interno.
criam um órgão dentro de sua própria estrutura e trans-
fere para este órgão o exercício desta competência, des- Envolve duas pessoas. Envolve uma pessoa.
sa forma, neste caso, a pessoa jurídica da administração
pública direta ou indireta, titular da competência para o Conclusão sobre as Técnicas Administrativas
exercício de determinada atividade, transfere o exercí-
cio dessa atividade para um órgão público criado dentro Os termos concentração e centralização estão rela-
de sua própria estrutura com a finalidade de executar a cionados à ideia geral de distribuição de atribuições da
atividade. periferia para o centro, ao passo que desconcentração e
Para que ocorra a desconcentração, é necessário que descentralização associam-se à transferência de tarefas
a entidade tenha a titularidade da competência descon- do centro para a periferia.
centrada, sendo assim, particulares que prestam serviço
público, como não detêm a titularidade da atividade que Questão Comentada
executam, não realizam desconcentração, desse modo, a
desconcentração somente pode ser realizada pelas enti- Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: Co-
dades da administração pública direta e indireta.
DIREITO ADMINISTRATIVO

nhecimentos Básicos para o Cargo 17 podem, em nenhuma hipótese, ser instituídas somente
1. É defesa aos Poderes Judiciário e Legislativo por decreto do chefe do respectivo poder, ou seja, não
a criação de entidades da administração indireta, existe criação de entidade administrativa por meio de
como autarquias e fundações públicas. decreto, somente por meio de lei.

Questão Errada
Importante: O critério adotado
Comentário: O termo “é defesa” para definir a personalidade jurídica das
significa é proibido, sendo assim, a questão entidades da administração pública indi-
afirma que é proibido aos Poderes Judici- reta é apenas o fato de a entidade ter sido
ário e Legislativo a criação de entidades criada por lei ou autorizada a criação pela
da administração indireta. Essa afirmação lei, sendo que no primeiro caso a entidade
está errada, pois a administração pública administrativa é sempre pessoa jurídica
direta dos Poderes Legislativo e Judiciário de direito público e no segundo caso ela é
podem criar entidades da administração sempre pessoa jurídica de direito privado.
indireta vinculadas aos respectivos pode-
Lei cria Lei autoriza a criação
res. Não é comum a existência de entida- + registro
des da administração indireta vinculadas Pessoa jurídica de direito pú- Pessoa jurídica de direito pri-
aos poderes Legislativo e Judiciário, mas blico vado
não é proibido. • Autarquia (sempre); •Fundação pública (regra)
•Fundação pública (exceção) •Empresa pública (sempre)
• Sociedade de economia mista
Criação dos Entes da Administração (sempre)

Indireta
Extinção dos Entes da Administração Indireta
As entidades da administração pública indireta são
frutos da descentralização por outorga legal, logo, a ins- A extinção das entidades da administração pública
386
tituição das entidades administrativas depende sempre indireta deve ocorrer da mesma forma que ocorreu a
de uma lei ordinária específica. sua criação, sendo assim, as pessoas jurídicas de direi-
A competência para iniciar o processo legislativo, to público, que são criadas diretamente por lei, somente
que tem por objetivo instituir uma entidade da adminis- podem ser extintas por outra lei; já as pessoas jurídicas
tração pública indireta, é do chefe da respectiva admi- de direito privado, que são criadas mediante autorização
nistração pública. Em regra, compete ao chefe do poder da lei seguida do respectivo registro, somente podem ser
executivo (presidente da república, governador do esta- extintas por meio de outra lei que autorize a sua extin-
do e prefeito municipal) a propositura do projeto de lei ção.
que institui os entes administrativos.
A lei responsável pela formalização da instituição da Lei cria Lei autoriza a criação
entidade da administração pública indireta pode insti- + registro
tuir a respectiva entidade de duas formas: ou a lei cria
diretamente a entidade, ou a lei autoriza a criação da Pessoa jurídica de direito pú- Pessoa jurídica de direito pri-
blico vado
entidade.
Quando a lei cria diretamente a entidade, nasce uma • Autarquia (sempre); •Fundação pública (regra)
entidade administrativa com personalidade jurídica de •Fundação pública (exceção) •Empresa pública (sempre)
• Sociedade de economia mista
direito público. É dessa forma que sempre nascem as
(sempre)
autarquias e que, eventualmente, pode ser instituída
uma fundação pública. Nesses casos, a formalização da Lei extingue Lei autoriza a extinção
instituição da entidade não depende de nenhum tipo de
registro em cartório ou em junta comercial. As entidades da administração pública indireta não
Quando a lei autoriza a criação da entidade, nasce podem, em nenhuma hipótese, ser extintas somente por
uma entidade administrativa com personalidade jurídica decreto.
de direito privado. É dessa forma que sempre nascem
as empresas públicas e sociedades de economia mista e Autarquia
que, eventualmente, pode ser instituída uma fundação
pública. Nesses casos, a formalização da instituição da Autarquia é a pessoa jurídica de direito público, cria-
entidade depende de registro em cartório ou em uma da por lei, com capacidade de autoadministração, para o
junta comercial. desempenho de serviço público ou atividades típicas do
As entidades da administração pública indireta não Estado, de modo descentralizado.
CAPÍTULO 01 - Noções de Administração Pública e Técnicas Administrativas

rada uma autarquia em regime especial.


Principais Características das Autarquias
Agências Reguladoras
As principais características das autarquias são: As agências reguladoras são espécies de autarquia
responsáveis por regular, normatizar e fiscalizar deter-
01. As autarquias são criação por lei; minados serviços públicos que foram delegados ao parti-
02. As autarquias têm personalidade jurídica cular. Em razão dessa característica, elas têm mais liber-
de direito público; dade e maior autonomia, comparadas com as Autarquias
03. A finalidade das autarquias é o exercício comuns.
de atividades típicas do Estado ou a prestação de Exemplos: ANCINE, ANA, ANAC, ANTAQ, ANATEL,
serviços públicos; ANEEL, ANP, ANTT.
04. As autarquias adotam regime jurídico de
direito público; Autarquia Territorial
05. As autarquias adotam como regime de É classificado como Autarquia territorial, o espaço
pessoal o Regime Jurídico Único ou Estatutário; territorial que faça parte do território da União, mas que
06. A justiça competente para julgar as ações não se enquadre na definição de Estado membro, DF ou
judiciais de que as autarquias fazem parte é: município. No Brasil atual não existem exemplos de Au-
• Autarquia federal - Justiça Federal; tarquias territoriais federais, mas elas podem vir a ser
• Autarquia estadual, distrital ou muni- criadas e, neste caso, esses territórios fazem parte da
cipal - Justiça Estadual. administração pública indireta e são Autarquias territo-
riais, pois são criados por lei e assumem personalidade
07. Exemplos de autarquia: INSS, Banco Cen- jurídica de direito público.
tral do Brasil, Agências Reguladoras. Autarquias Inter Federativas ou Multi Federati-
vas
Classificação das Autarquias Autarquia interfederativa ou multifederativa é o ter-
mo utilizado para fazer referência às associações públi-
Devido ao fato das autarquias serem instituídas para cas, que são os consórcios públicos com personalidade
o exercício de atividades típicas do estado, elas estão ap- jurídica de direito público.
tas para o desempenho de uma grande gama de ativida- O consórcio público é pessoa jurídica formada ex-
des distintas, tais como a prestação de serviço público, a clusivamente por entes da Federação, na forma da Lei
regulação de vários setores da sociedade, dentre outras. nº 11.107 de 2005, para estabelecer relações de coope- 387
Em decorrência dessa diversidade de funções, a doutrina ração federativa, inclusive a realização de objetivos de
aponta várias espécies de autarquias, e são elas: interesse comum, constituída como associação pública,
com personalidade jurídica de direito público e natureza
• Autarquia comum (ordinária); autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado
• Autarquia em regime especial; sem fins econômicos.
• Agências Reguladoras; Sendo assim, não é todo consórcio público que repre-
• Autarquia Territorial; senta uma Autarquia Interfederativa, somente os consór-
• Autarquia Interfederativa ou multifederati- cios públicos com personalidade jurídica de direito pú-
vas; blico. Os consórcios públicos com personalidade jurídica
• Autarquia Fundacional (Fundação Autár- de direito privado não são considerados autarquias.
quica).
Autarquia Fundacional ou Fundação Autárquica
Autarquia (Ordinária) A Autarquia fundacional ou fundação autárquica é a
Autarquia comum é a espécie de autarquia que apre- Fundação Pública com personalidade jurídica de direito
senta todas as características já apontadas no estudo público, isto acontece quando uma Fundação Pública é
geral das autarquias. Na esfera federal, as autarquias criada diretamente pela lei.
comuns são regidas somente pelo Decreto-Lei 200/67. Caso a fundação pública tenha sido instituída por
meio de autorização da lei, essa fundação pública não
Autarquia em Regime Especial é uma autarquia fundacional ou fundação autárquica, é
As autarquias em regime especial são submetidas a somente uma fundação pública comum.
um regime jurídico peculiar, diferente do regime jurídi-
co relativo às autarquias comuns. Fundação Pública
Por autarquia comum deve se entender as autarquias
ordinárias, aquelas que se submetem a regime jurídico Fundação Pública é a entidade dotada de personali-
comum das autarquias. Na esfera federal, o regime jurí- dade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cria-
dico comum das autarquias é o Decreto-Lei 200/67. da em virtude de autorização legislativa para o desen-
Se a autarquia além das regras do regime jurídico volvimento de atividades que não exijam execução por
comum ainda é alcançada por alguma regra especial, órgãos ou entidades de direito público, com autonomia
peculiar as suas atividades, será esta autarquia conside- administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respec-
DIREITO ADMINISTRATIVO

tivos órgãos de direção e funcionamento custeado por Fundação Autárquica ou Autarquia Fundacional
recursos da União e de outras fontes (Inc. IV do art. 5º do Autarquia fundacional ou fundação autárquica é a
Decreto-Lei 200/67). Fundação Pública com personalidade jurídica de direito
Apesar da definição de fundação pública apresen- público, isto acontece quando uma Fundação Pública é
tada no Decreto-Lei 200/67, as fundações públicas não criada diretamente pela lei.
são sempre criadas por autorização da lei. Em regra, as
fundações públicas são pessoas jurídicas de direito pri- Empresas Estatais (Empresa Pública e
vado, pois sua criação é autorizada pela lei, entretanto,
excepcionalmente, uma Fundação Pública pode vir a ser Sociedade de Economia Mista)
criada pela lei e nesse caso ela será uma pessoa jurídica
de direito público. Quando isso acontecer o nome em- Empresa estatal é o termo utilizado para fazer refe-
pregado para tal entidade é fundação autárquica ou rência tanto às empresas públicas, quanto às sociedades
autarquia fundacional, que nada mais é do que uma de economia mista.
espécie de Autarquia. Sendo assim, neste tópico será apresentado um con-
ceito comum para definir tanto as empresas públicas,
quanto as sociedades de economia mista e também se-
Principais Características das Fundações
rão apresentadas as principais características comuns a
Públicas ambas.
Sendo a empresa estatal o termo utilizado para fa-
As principais características das Fundações Públicas zer referência tanto às empresas públicas, quanto às
são: sociedades de economia mista. Pode-se dizer que elas
são pessoas jurídicas de direito privado, criadas pela ad-
01. São criadas por autorização da lei ou dire- ministração direta por meio de autorização legislativa
tamente por lei; seguida do respectivo registro, com a finalidade de pres-
02. Em regra, têm personalidade jurídica de tar serviços públicos ou explorar a atividade econômica
direito privado, excepcionalmente têm personali- (lucro).
dade jurídica de direito público;
03. Sua finalidade será definida por lei com-
Principais Características das Empresas
plementar, todavia, elas não podem explorar ati-
vidade econômica ou o lucro; Estatais
04. Adotam regime jurídico de direito privado
388 ou híbrido, quando são pessoas jurídicas de di- As principais características das Empresas Estatais
reito privado e adotam regime jurídico de direito são:
público, quando são pessoas jurídicas de direito
público; 01. São criadas por autorização da lei;
05. Adotam como regime de pessoal o Regime 02. Têm personalidade jurídica de direito pri-
Jurídico Único ou Estatutário; vado;
06. A justiça competente para julgar as ações 03. Têm como finalidade a prestação de ser-
judiciais de que as Fundações Públicas fazem viços públicos ou a exploração da atividade eco-
parte é: nômica;
04. As Empresas Estatais adotam regime jurí-
• Fundações Públicas Federais - Justiça dico de direito privado ou híbrido;
Federal; 05. As Empresas Estatais adotam como regi-
• Fundações Públicas estaduais, distri- me de pessoal a Consolidação das Leis do Traba-
tais ou municipais - Justiça Estadual. lho (CLT);
06. Os dirigentes das Empresas Estatais não
07. Exemplos de Fundações Públicas: FUNAI, são regidos pela Consolidação das Leis do Traba-
IBGE, Biblioteca Nacional lho, eles ocupam cargo em comissão e por isso são
estatutários.
Classificação das Fundações Públicas
Classificação das Empresas Estatais
Devido ao fato de as fundações públicas terem sua
criação autorizada pela lei ou criadas por lei, a doutrina Devido ao fato de o termo empresa estatal fazer refe-
as classifica em duas espécies, são elas: Fundação Públi- rência tanto às empresas públicas, quanto às sociedades
ca (Comum) e Fundação Autárquica. de economia mista, pode-se dizer que as empresas es-
tatais classificam-se em dois tipos: Empresas públicas e
Fundação Pública (Comum) Sociedades de Economia mista.
Fundação pública comum é a fundação pública cria-
da por meio de autorização da lei e que, por isso, tem Empresa Pública
personalidade jurídica de direito privado.
Empresa Pública é a empresa estatal dotada de per-
ADMINISTRAÇÃO
PROFESSOR
Adriel Sá
Professor de Direito Administrativo, Administra-
ção Pública e Administração Geral em cursos prepa-
ratórios presenciais e à distância. Servidor do Minis-
tério Público da União - área administrativa. Formado
em Administração pela Universidade Federal de San-
ta Catarina, possuo especialização em Gestão Pública.
Fui militar das Forças Armadas por 11 anos, atuando
em diversas áreas, tais como, Recursos Humanos, Co-
municação Social e Licitações e Contratos. Orientador
de grupos focais de estudos. Coautor do livro “Direito
Administrativo Facilitado” para concursos, pelo Gru-
po Editorial Gen/Método.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. ABORDAGENS CLÁSSICA, BUROCRÁTICA E SISTÊMICA DA ADMINISTRAÇÃO................................................... 447
Abordagem Clássica Da Administração..........................................................................................................................................................................................447
Abordagem Burocrática Da Administração...................................................................................................................................................................................449
Abordagem Sistêmica Da Administração.......................................................................................................................................................................................450
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 451

2. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL APÓS 1930. REFORMAS ADMINISTRATIVAS. A


NOVA GESTÃO PÚBLICA...................................................................................................................................................................... 452
Administração Patrimonialista...........................................................................................................................................................................................................452
Gestão Pública Patrimonialista no Brasil.......................................................................................................................................................................................452
Administração Pública Burocrática..................................................................................................................................................................................................453
Gestão Pública Burocrática No Brasil..............................................................................................................................................................................................454
Administração Pública Gerencial (Nova Administração Pública ou Modelo Pós-Burocrático)...............................................................................456
Gestão pública gerencial no Brasil....................................................................................................................................................................................................459
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................462

3. PROCESSO ADMINISTRATIVO. FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO,


DIREÇÃO E CONTROLE......................................................................................................................................................................... 463
Planejamento..............................................................................................................................................................................................................................................463
Organização.................................................................................................................................................................................................................................................465
Direção..........................................................................................................................................................................................................................................................465
Controle.........................................................................................................................................................................................................................................................466
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................466

4. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL................................................................................................................................................. 466


Introdução ao processo de Organização..........................................................................................................................................................................................466
A estrutura organizacional...................................................................................................................................................................................................................467
Organização Formal E Organização Informal...............................................................................................................................................................................472
Tipos De Departamentalização: Características, Vantagens E Desvantagens.................................................................................................................473
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................475

5. CULTURA ORGANIZACIONAL....................................................................................................................................................... 475


Níveis Componentes Da Cultura Organizacional........................................................................................................................................................................476 445
Transmissão Da Cultura Organizacional........................................................................................................................................................................................476
Tipos De Cultura Organizacional.......................................................................................................................................................................................................477
Mudanças Na Cultura Organizacional.............................................................................................................................................................................................478
Socialização Organizacional.................................................................................................................................................................................................................478
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................478

6. GESTÃO DE PESSOAS........................................................................................................................................................................ 479


Equilíbrio Organizacional E Relações Indivíduo/Organização.............................................................................................................................................479
Objetivos, Desafios E Características Da Gestão De Pessoas.................................................................................................................................................. 481
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................486

7. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL................................................................................................................................... 487


Motivação.....................................................................................................................................................................................................................................................487
Liderança......................................................................................................................................................................................................................................................
490
Desempenho................................................................................................................................................................................................................................................495
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................
500

8. GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO DE EXCELÊNCIA GERENCIAL..........................................................................501


Principais Teóricos E Suas Contribuições Para A Gestão Da Qualidade........................................................................................................................... 501
Ciclo PDCA...................................................................................................................................................................................................................................................503
Ferramentas De Gestão Da Qualidade.............................................................................................................................................................................................504
Modelo do Gespublica.............................................................................................................................................................................................................................506
Questões Gabaritadas..............................................................................................................................................................................................................................511

9. NOÇÕES DE GESTÃO DE PROCESSOS: TÉCNICAS DE MAPEAMENTO, ANÁLISE E MELHORIA DE


PROCESSOS................................................................................................................................................................................................. 511
Conceitos Iniciais E Características...................................................................................................................................................................................................511
Gestão de Processos................................................................................................................................................................................................................................. 512
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 516

10. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA, E FUNCIONAL.....................................................................................................516


Introdução.................................................................................................................................................................................................................................................... 516
SUMÁRIO

Concentração e Desconcentração....................................................................................................................................................................................................... 516


Centralização e Descentralização...................................................................................................................................................................................................... 516
Relações Entre Desconcentração e Descentralização................................................................................................................................................................ 516
Administração Direta...............................................................................................................................................................................................................................517
Administração Indireta...........................................................................................................................................................................................................................517
Questões Gabaritadas..............................................................................................................................................................................................................................517

11. ATOS ADMINISTRATIVOS............................................................................................................................................................... 517


Introdução.....................................................................................................................................................................................................................................................517
Fato Administrativo................................................................................................................................................................................................................................. 518
Atos da Administração........................................................................................................................................................................................................................... 518
Silêncio Administrativo.......................................................................................................................................................................................................................... 519
Mérito do Ato Administrativo.............................................................................................................................................................................................................. 519
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 519

12. REQUISIÇÃO........................................................................................................................................................................................ 520

13. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS...................................................................................... 520


Admissão, Concurso Público E Estágio Probatório.....................................................................................................................................................................520
Vencimento Básico...................................................................................................................................................................................................................................523
Licença..........................................................................................................................................................................................................................................................523
Aposentadoria............................................................................................................................................................................................................................................524
Demissão......................................................................................................................................................................................................................................................525
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................526

14. NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA...................................................................................................................................................... 526


Arquivística: Princípios E Conceitos................................................................................................................................................................................................526
Gestão de Documentos...........................................................................................................................................................................................................................532
Acondicionamento E Armazenamento De Documentos De Arquivo..................................................................................................................................538
Preservação E Conservação De Documentos De Arquivo........................................................................................................................................................539
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................542
Legislação Arquivística..........................................................................................................................................................................................................................542

446
CAPÍTULO 01 - Abordagens Clássica, Burocrática e Sistêmica da Administração

1. ABORDAGENS CLÁSSICA, industrial dentro de uma concepção pragmática.


- A ênfase nas tarefas é a principal característica
BUROCRÁTICA E SISTÊMICA DA da Administração Científica.
ADMINISTRAÇÃO. - Defendia a organização linear caracterizada pela
ênfase à centralização da autoridade (atuação direti-
va).
Abordagem Clássica Da Administração
De outro lado, a corrente dos anatomistas e fisiologis-
No início do século XX, dois personagens se desta- tas da organização, desenvolvida na França, com os tra-
cam nos primeiros trabalhos pioneiros a respeito da Ad- balhos pioneiros de Fayol. Essa escola, também chamada
ministração: de "Escola dos Chefes", teve como expoentes: Henri
- um americano (América do Norte) chamado Fayol (1841-1925), James D. Mooney, Lyndall F. Urwick
Frederick Winslow Taylor, que iniciou a chama- (1891-1979), Luther Gulick e outros. A essa corrente cha-
da Escola da Administração Científica, pre- maremos Teoria Clássica.
ocupada em aumentar a eficiência da indústria - A preocupação básica era aumentar a eficiência
por meio da racionalização do trabalho operário; da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos
- um turco (Europa), chamado Jules Henri componentes da organização (departamentos) e de suas
Fayol Barros Zacanti, que desenvolveu a chama- inter-relações estruturais. Daí a ênfase na anatomia
da Teoria Clássica, preocupada em aumentar a (estrutura) e na fisiologia (funcionamento) da or-
eficiência da empresa por meio de sua organiza- ganização.
ção e da aplicação de princípios gerais da Admi- - Nesse sentido, a abordagem da Corrente Anatômica
nistração em bases científicas. e Fisiologista é uma abordagem inversa à da Adminis-
Portanto, desde logo, precisamos não confundir a tração Científica: de cima para baixo (da direção para
Abordagem Clássica com a Teoria Clássica. Esta insere- a execução) e do todo (organização) para as suas partes
-se no contexto daquela. Os autores e suas teorias (Escola componentes (departamentos).
Científica - TAYLOR - e Teoria Clássica - FAYOL) consti- - Predominava a atenção para a estrutura organi-
tuem as bases da chamada Abordagem Clássica da Ad- zacional, para os elementos da Administração, os prin-
ministração. cípios gerais da Administração e a departamentalização.
- Esse cuidado com a síntese e com a visão global
Vejamos o que Chiavenato (2003) escreve sobre essas permitia a melhor maneira de subdividir a empre-
duas orientações que diferentes e, até certo ponto, opos- sa sob a centralização de um chefe principal. Foi uma 447
tas entre si, complementam-se com relativa coerência: corrente teórica e orientada administrativamente.
De um lado, a Escola da Administração Científi- - A ênfase na estrutura é a sua principal caracte-
ca, desenvolvida nos Estados Unidos, a partir dos traba- rística.
lhos de Taylor. Essa escola era formada principalmente - Defendia a organização funcional caracterizada
por engenheiros, como Frederick Winslow Taylor (1856- pela descentralização da autoridade (atuação partici-
1915), Henry Lawrence Gantt (1861-1919), Frank Bunker pativa).
Gilbreth (1868-1924), Harrington Emerson (1853-1931) e
outros. Henry Ford (1863-1947) costuma ser incluído
Administração Científica
entre eles pela aplicação desses princípios em seus ne-
gócios.
A abordagem básica da Escola da Administração
- A preocupação básica era aumentar a produtivida-
Científica se baseia na ênfase colocada nas tarefas.
de da empresa por meio do aumento de eficiência no
A preocupação inicial era eliminar o desperdício e per-
nível operacional, isto é, no nível dos operários. Daí a
das sofridas pelas indústrias, elevando os níveis de pro-
ênfase na análise e na divisão do trabalho do ope-
dutividade por meio da aplicação de métodos e técnicas
rário, uma vez que as tarefas do cargo e o ocupante
da engenharia industrial.
constituem a unidade fundamental da organização.
A obra de Taylor, o seu livro "Shop Management", de
- Nesse sentido, a abordagem da Administração Cien-
1903, retratou o Estudo de Tempos e Movimentos
tífica é uma abordagem de baixo para cima (do ope-
(Motion-time Study), que possuía como premissas bási-
rário para o supervisor e gerente) e das partes (operário
cas:
e seus cargos) para o todo (organização empresarial).
I. O objetivo da Administração é pagar
- Predominava a atenção para o método de traba-
salários melhores e reduzir custos unitá-
lho, para os movimentos necessários à execução de uma
rios de produção.
tarefa, para o tempo padrão determinado para sua exe-
II. Para realizar tal objetivo, a Adminis-
cução.
tração deve aplicar métodos científicos de pes-
- Esse cuidado analítico e detalhista permitia a es-
quisa e experimentos (observação e mensuração)
pecialização do operário e o reagrupamento de mo-
para formular princípios e estabelecer processos
vimentos, operações, tarefas, cargos etc., que constituem
padronizados que permitam o controle das opera-
a chamada Organização Racional do Trabalho (ORT). Foi,
ções fabris.
acima de tudo, uma corrente de ideias desenvolvida por
III. Os empregados devem ser cienti-
engenheiros que procuravam elaborar uma engenharia
ADMINISTRAÇÃO

ficamente selecionados e colocados em seus de suas atividades, o conjunto de todas as suas operações
postos com condições de trabalho adequadas pode ser dividido em seis grupos ou funções, a saber:
para que as normas possam ser cumpridas. 01. Funções técnicas, relacionadas com a
IV. Os empregados devem ser cientifi- produção de bens ou de serviços da empresa.
camente treinados para aperfeiçoar suas apti- 02. Funções comerciais, relacionadas
dões e executar uma tarefa para que a produção com compra, venda e permutação.
normal seja cumprida. 03. Funções financeiras, relacionadas
V. A Administração precisa criar uma at- com procura e gerência de capitais.
mosfera de íntima e cordial cooperação com 04. Funções de segurança, relacionadas
os trabalhadores para garantir a permanência com proteção e preservação dos bens e das pes-
desse ambiente psicológico. soas.
05. Funções contábeis, relacionadas com
Taylor também publica outra obra, o livro "The Prin- inventários, registros, balanços, custos e estatísti-
cipies of Scientific Management", em 1911, no qual ele cas.
expressa três males presentes nas organizações de 06. Funções administrativas, relaciona-
sua época: das com a integração de cúpula das outras cinco
I. Vadiagem sistemática dos operários, que funções.
reduziam a produção acerca de um terço da que seria
normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela O autor denomina como funções essenciais a estes
gerência, com três causas determinantes para essa va- grupos de operações e que para cada função essencial
diagem: corresponde uma capacidade especial relacionada com
i. O engano disseminado entre os traba- a natureza e a importância da função. Cada uma dessas
lhadores de que o maior rendimento do homem e capacidades, ou funções, repousa em um conjunto de
da máquina provoca desemprego. aptidões, qualidades e conhecimentos, assim resumidos:
ii. O sistema defeituoso de Administração • Qualidades físicas: saúde, vigor, destreza,
que força os operários à ociosidade no trabalho a força muscular, agilidade, coordenação, rapidez e
fim de proteger seus interesses pessoais. precisão.
iii. Os métodos empíricos ineficientes uti- • Qualidades intelectuais: aptidão para
lizados nas empresas, com os quais o operário compreender, aprender e ter discernimento (ou
desperdiça grande parte de seu esforço e tempo. saber diferenciar), força e agilidades intelectuais,
448 II. Desconhecimento, pela gerência, das roti- habilidades analíticas, julgamento e engenhosida-
nas de trabalho e do tempo necessário para sua re- de.
alização. • Qualidades morais: energia, firmeza, co-
III. Falta de uniformidade das técnicas e dos ragem de aceitar as responsabilidades, iniciativa,
métodos de trabalho. decisão, tato e dignidade.
• Cultura geral: conhecimentos variados que
A Administração Científica baseou-se no concei- não são exclusivamente da função exercida.
to de homo economicus, isto é, do homem econômi- • Conhecimentos especiais: relativos uni-
co. Segundo esse conceito, toda pessoa é concebida camente a função exercida, seja ela técnica, co-
como influenciada exclusivamente por recompensas mercial, financeira, administrativa, etc.
salariais, econômicas e materiais. Em síntese, o ho- • Experiência: conhecimento resultante da
mem procura o trabalho não porque gosta dele, mas prática das funções, adquirido na vivência de pro-
como um meio de ganhar a vida por meio do salário blemas reais e na própria realização de trabalho.
que o trabalho proporciona.
Interessante destacar que as funções administra-
Teoria Clássica tivas, segundo Fayol, coordenam e sincronizam
as demais funções da empresa, pairando sempre
Enquanto a Administração Científica era desenvolvi- acima delas. Isso não quer dizer que se concentra exclu-
da nos Estados Unidos, em 1916 surgia na Europa, origi- sivamente no topo da organização; pelo contrário, elas
nando-se na França, a Teoria Clássica da Adminis- se repartem proporcionalmente por todos os níveis da
tração. hierarquia da empresa.
No modelo americano, temos a ênfase na tarefa rea- As funções administrativas conhecidas contempora-
lizada pelo operário. No modelo europeu, a ênfase era na neamente pelas ações de planejar, organizar, dirigir
estrutura que a organização deveria possuir para ser e controlar (PODC) são oriundas do desenvolvimento
eficiente. Isso, no entanto, não quer dizer que os objetivos de Fayol e sua teoria. Vejamos.
eram distintos, pois ambos os modelos buscavam a Fayol define o ato de administrar como prever, or-
eficiência organizacional. ganizar, comandar, coordenar e controlar. As funções
Com a publicação em 1916 do livro "Administration administrativas envolvem os elementos da Adminis-
Industrielle et Générale", o autor afirma que em toda or- tração, isto é, as funções do administrador (POCCC):
ganização, independentemente de tamanho ou natureza 01. Prever: avalia o futuro e o aprovisio-
namento dos recursos em função dele.
CAPÍTULO 01 - Abordagens Clássica, Burocrática e Sistêmica da Administração

02. Organizar: proporciona tudo o que é


Estabilidade do A rotatividade do pessoal é
útil ao funcionamento da empresa. prejudicial para a eficiência da
pessoal
03. Comandar: leva a organização a fun- organização. Quanto mais tem-
cionar. Seu objetivo é alcançar o máximo retorno po uma pessoa permanecer no
cargo, tanto melhor para a em-
de todos os empregados no interesse dos aspectos presa.
globais do negócio.
04. Coordenar: harmoniza todas as ativi- Iniciativa A capacidade de visualizar um
plano e assegurar pessoalmente
dades do negócio, facilitando seu trabalho e su- o seu sucesso.
cesso. Sincroniza coisas e ações em proporções
certas e adapta meios aos fins visados. Espírito de equipe A harmonia e a união entre as
pessoas são grandes forças para
05. Controlar: consiste na verificação
a organização.
para certificar se tudo ocorre em conformidade
com o plano adotado, as instruções transmitidas e
os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar Abordagem Burocrática Da
as fraquezas e erros no intuito de retificá-los e Administração
prevenir a recorrência.
A abordagem burocrática desenvolveu-se na Admi-
Outro assunto constante em provas são os 14 princí- nistração por voltada década de 1940, adotando-se as
pios gerais de Administração que Fayol desenvolveu concepções formuladas anteriormente pelo economista
sua teoria, quais sejam: e sociólogo Max Weber. Segundo essa teoria, a burocra-
Divisão do trabalho Consiste na especialização das cia é uma forma de organização humana que se baseia
tarefas e das pessoas para au- na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos
mentar a eficiência. - a racionalidade, a fim de garantir a máxima eficiência
Autoridade e Autoridade é o direito de dar possível no alcance desses objetivos. Daí, diz-se que a
responsabilidade ordens e o poder de esperar Teoria da Burocracia se baseia na teoria do homem or-
obediência. A responsabilidade ganizacional.
é uma consequência natural da
autoridade e significa o dever
Para Chiavenato (2000), a Teoria Burocrática apre-
de prestar contas. Ambas de- senta as seguintes vantagens:
vem estar equilibradas entre si. • Racionalidade em relação aos objetivos da
organização;
Disciplina Depende de obediência, aplica- 449
ção, energia, comportamento e • Precisão na definição do cargo e na operação,
respeito aos acordos estabele- pelo conhecimento exato dos deveres;
cidos. • Rapidez nas decisões, pois cada um conhece
Unidade de comando Cada empregado deve receber o que deve ser feito;
ordens de apenas um superior. • Uniformidade de Interpretação garantida
É o princípio da autoridade úni- pela regulamentação específica e escrita;
ca.
• Uniformidade de rotinas e procedimentos
Unidade de direção Uma cabeça e um plano para que favorece a padronização;
cada conjunto de atividades que • Continuidade da organização, através da
tenham o mesmo objetivo. substituição do pessoal que é afastado;
Subordinação dos Os interesses gerais da empre- • Redução de atrito entre as pessoas, pois cada
interesses individuais sa devem sobrepor-se aos inte- funcionário conhece aquilo que é exigido dele e
resses particulares das pessoas. quais os limites entre suas responsabilidades e as
aos gerais
do outro;
Remuneração do Deve haver justa e garantida • Constância, pois os mesmos tipos de decisão
pessoal satisfação para os empregados
e para a organização em termos devem ser tomados nas mesmas circunstâncias;
de retribuição. • Subordinação dos mais novos aos mais anti-
gos dentro de uma forma estrita e em conhecida,
Centralização Refere-se à concentração da
de modo que o supervisor possa tomar decisões
autoridade sobre as atividades
vitais da organização no topo que afetam o nível mais baixo;
da hierarquia da organização. • Confiabilidade, pois os mesmos tipos de de-
cisão devem ser tomados nas mesmas circunstân-
Cadeia escalar É a linha de autoridade que vai
do escalão mais alto ao mais cias;
baixo em função do princípio • Benefícios sob o prisma das pessoas na orga-
do comando. nização, pois a hierarquia é formalizada, o traba-
Ordem Um lugar para cada coisa e lho é dividido entre as pessoas de maneira orde-
cada coisa em seu lugar. É a or- nada, as pessoas são treinadas para se tornarem
dem material e humana. especialistas em suas áreas; elas podem fazer
Equidade Amabilidade e justiça para al- carreira na organização em função do seu mérito
cançar a lealdade do pessoal. pessoal e competência técnica.
ADMINISTRAÇÃO

Ao estudar as consequências previstas (ou desejadas) • VANTAGENS


da burocracia, Robert K. Merton notou também as con- 01. Racionalidade em relação ao alcance dos
sequências imprevistas (ou não desejadas) que levam à objetivos da organização.
ineficiência e às imperfeições. Idalberto Chiavenato 02. Precisão na definição do cargo e na opera-
apresenta a sequência desse estudo. Vejamos: ção, pelo conhecimento exato dos deveres.
01. O modelo começa com a exigência de con- 03. Rapidez nas decisões, pois cada um co-
trole por parte da organização, a fim de reduzir nhece o que deve ser feito e por quem e as ordens
a variabilidade do comportamento humano a pa- e papéis tramitam através de canais preestabe-
drões previsíveis, indispensáveis ao bom funcio- lecidos.
namento da organização. 04. Unicidade de interpretação garantida pela
02. Essa exigência de controle enfatiza a pre- regulamentação específica e escrita. Por outro
visibilidade do comportamento, que é garantida lado, a informação é discreta, pois é fornecida
por meio da imposição de normas e regulamen- apenas a quem deve recebê-la.
tos. Assim, a organização estabelece os padrões 05. Uniformidade de rotinas e procedimentos
de procedimentos para as pessoas, institui as que favorece a padronização, a redução de custos
penalidades pelo não cumprimento, bem como a e erros, pois as rotinas são definidas por escrito.
supervisão hierárquica para assegurar a obediên- 06. Continuidade da organização por meio
cia. A ênfase sobre o cargo e a posição dos indiví- da substituição do pessoal que é afastado. Além
duos diminui as relações personalizadas. disso, os critérios de seleção e escolha do pessoal
03. Mas a ênfase nas regras e sua forte im- baseiam-se na capacidade e na competência téc-
posição leva as pessoas a justificarem sua ação nica.
individual. 07. Redução do atrito entre as pessoas, pois
04. E conduz a consequências imprevistas cada funcionário conhece o que é exigido dele e
(disfunções), tais como a rigidez no comporta- quais os limites entre suas responsabilidades e as
mento e a defesa mútua na organização. dos outros.
05. O que não atende às expectativas e an- 08. Constância, pois os mesmos tipos de deci-
seios da clientela, provocando dificuldades no são devem ser tomados nas mesmas circunstân-
atendimento ao público. cias.
06. Levando a um sentimento de defesa da 09. Confiabilidade, pois o negócio é conduzido
ação individual, pois o burocrata não presta con- através de regras conhecidas, e os casos simila-
450 tas ao cliente, mas às regras da organização e ao res são metodicamente tratados dentro da mesma
seu superior hierárquico. maneira sistemática. As decisões são previsíveis e
o processo decisório, por ser despersonalizado no
Assim, são consideradas DISFUNÇÕES DA BURO- sentido de excluir sentimentos irracionais, como
CRACIA: amor, raiva, preferências pessoais, elimina a dis-
- Internalização das regras e exagerado apego aos criminação pessoal.
regulamentos; 10. Benefícios para as pessoas na organiza-
- Excesso de formalismo e papelório; ção, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é
- Resistência às mudanças; dividido entre as pessoas de maneira ordenada,
- Despersonalização dos relacionamentos;; as pessoas são treinadas para se tornarem espe-
- Categorização como base do processo deci- cialistas, podendo encarreirar-se na organização
sorial em função de seu mérito pessoal e competência
- Superconformidade às rotinas e regulamen- técnica.
tos; e
- Exibição de sinais de autoridade. Abordagem Sistêmica Da Administração
Segundo Max Weber, a burocracia tem as seguintes Em meados de 1950, Ludwig von Bertalanffy, um
características e as seguintes vantagens, respectiva- biólogo alemão, elaborou a teoria denominada Teoria
mente: Geral dos Sistemas (TGS). Esse postulado, em sínte-
• CARACTERÍSTICAS se, tem sua base nos sistemas, que não podem ser com-
01. Caráter legal das normas e regulamentos. preendidos apenas pela análise separada e exclusiva de
02. Caráter formal das comunicações. cada uma de suas partes, mas sim na compreensão da
03. Caráter racional e divisão do trabalho. dependência recíproca de todas as disciplinas e
04. Impessoalidade nas relações. da necessidade de sua integração.
05. Hierarquia de autoridade.
06. Rotinas e procedimentos padronizados. Teoria dos Sistemas
07. Competência técnica e meritocracia.
08. Especialização da administração. A palavra sistema denota um conjunto de elementos
09. Profissionalização dos participantes. interdependentes e interagentes ou um grupo de unida-
10. Completa previsibilidade do funciona- des combinadas que formam um todo organizado.
mento.
CAPÍTULO 01 - Abordagens Clássica, Burocrática e Sistêmica da Administração

Afirma Chiavenato (2003) que os pressupostos bá- qual todas as formas organizadas tendem à exaustão, à
sicos da Teoria dos Sistemas são: desorganização, à desintegração, à morte. Para sobrevi-
a. Existe uma tendência para a integração das ver, os sistemas abertos precisam mover-se para deterem
ciências naturais e sociais. esse processo entrópico e se reabastecerem de energia.
b. b. Essa integração parece orientar-se rumo Esse movimento de resistência à entropia é chamado de
a uma teoria dos sistemas. entropia negativa.
c. A teoria dos sistemas constitui o modo mais - Homeostase dinâmica: é a preservação do cará-
abrangente de estudar os campos não-físicos do ter do sistema aberto: o equilíbrio. Ou seja, é a reação às
conhecimento científico, como as ciências sociais. mudanças por intermédio do crescimento que assimila
d. A teoria dos sistemas desenvolve princí- as novas entradas de energia nas suas estruturas.
pios unificadores que atravessam verticalmente - Diferenciação: é a tendência à multiplicação e à
os universos particulares das diversas ciências elaboração de funções, o que lhe proporciona multiplica-
envolvidas, visando ao objetivo da unidade da ci- ção de papéis e diferenciação interna. Os padrões difu-
ência. sos e globais são substituídos por funções especializadas,
e. A teoria dos sistemas conduz a uma inte- hierarquizadas e diferenciadas.
gração na educação científica. - Equifinalidade: enfatiza que um sistema pode al-
cançar, por uma variedade de caminhos, o mesmo resul-
São premissas básicas dessa teoria: tado final, partindo de diferentes condições iniciais.
01. Os sistemas existem dentro de sis- - Limites: a organização como um sistema aberto
temas. Cada sistema é constituído de subsiste- possui fronteiras entre o sistema e o ambiente.
mas e, ao mesmo tempo, faz parte de um sistema A Teoria dos Sistemas, de fato, revolucionou a ma-
maior, o suprassistema. Cada subsistema pode ser neira de pensar na organização. Aspectos da abordagem
detalhado em seus subsistemas componentes, e clássica de gestão (no sentido de tradicional, não confun-
assim por diante. Também o suprassistema faz dir com a Teoria Clássica) são opostos aos aspectos da
parte de um suprassistema maior. Esse encade- abordagem sistêmica.
amento parece ser infinito. As moléculas existem
dentro de células, que existem dentro de tecidos, Questões Gabaritadas
que compõem os órgãos, que compõem os orga-
nismos, e assim por diante. 1. CESPE - Técnico Federal de Controle Externo/
02. Os sistemas são abertos. É uma decor- Apoio Técnico e Administrativo/Técnica Adminis-
rência da premissa anterior. Cada sistema exis- trativa/2015 - Considerando as diversas escolas e 451
te dentro de um meio ambiente constituído por teorias da administração, julgue o item.
outros sistemas. Os sistemas abertos são caracte- A teoria da burocracia, proposta por Max Weber, sus-
rizados por um processo infinito de intercâmbio tentada pelo tripé racionalidade, impessoalidade e pro-
com o seu ambiente para trocar energia e infor- fissionalismo, tem como principais objetivos a eficiência,
mação. a eficácia e a efetividade dos processos organizacionais.
03. As funções de um sistema dependem
de sua estrutura. Cada sistema tem um objetivo 2. CESPE - Técnico Federal de Controle Externo/
ou finalidade que constitui seu papel no intercâm- Apoio Técnico e Administrativo/Técnica Adminis-
bio com outros sistemas dentro do meio ambiente. trativa/2015 - Considerando as diversas escolas e
teorias da administração, julgue o item.
Ainda, é importante conhecermos outros conceitos A teoria geral de sistemas baseia-se no princípio
que caracterizam a organização como um sistema de que, nas empresas, nada é absoluto, tudo é relativo,
aberto. dependendo de variáveis que geralmente são incontro-
- Entradas (inputs): aquilo que organização recebe láveis, por estarem em seu ambiente externo, especial-
do ambiente, justamente por não ser uma estrutura au- mente na prospecção de cenários e mercados.
tossuficiente.
- Transformação: sistemas abertos necessitam 3. CESPE - Técnico Administrativo (ICMBio)/2014
transformar o que recebem do ambiente. Em síntese, é - A abordagem clássica da administração é um dos
um arranjo das entradas (inputs) para gerar resultados. marcos para o entendimento de como as teorias
- Saídas (outputs): é a exportação dos resultados da organizacionais evoluíram. Outras contribuições
organização para o seu meio ambiente. teóricas complementares, tais como a teoria da bu-
- Retroação, retroalimentação, retroinforma- rocracia e de sistemas, também contribuíram para
ção ou feedback: comparação da saída com um critério entender o processo. Com relação às diversas teo-
ou padrão previamente estabelecido. Esse conceito tem rias organizacionais, julgue o item que se segue.
por finalidade controlar ou monitorar. Também busca in- De acordo com Henri Fayol, planejamento, preparo,
corporar ação-resposta para certas situações com parâ- controle e execução são as funções universais da admi-
metros previamente estabelecidos; é nesse sentido que nistração.
se diz que o feedback pode propiciar uma situação em
que o sistema se torne autorregulador. 4. CESPE - Técnico Administrativo (ICMBio)/2014
- Entropia negativa: entropia é um processo pelo
ADMINISTRAÇÃO

- A abordagem clássica da administração é um dos ou impostos (degeneração); e


marcos para o entendimento de como as teorias - feudos.
organizacionais evoluíram. Outras contribuições
teóricas complementares, tais como a teoria da bu- Gestão Pública Patrimonialista no Brasil
rocracia e de sistemas, também contribuíram para
entender o processo. Com relação às diversas teo- No plano da gestão do Estado, de 1808 – transferência
rias organizacionais, julgue o item que se segue. da corte portuguesa para o Brasil - até 1930, a admi-
A organização é um sistema fechado, pois sobrevive nistração pública brasileira vinculava-se ao poder dos
em estado de homeostasia dinâmica. coronéis e das oligarquias agrárias baseadas na
exportação de commodities. O nível de poder não era
5. CESPE - Técnico Administrativo (ICMBio)/2014 central, mas local, caracterizado pelas elites rurais
- A abordagem clássica da administração é um dos dominantes da época.
marcos para o entendimento de como as teorias A elaboração da teoria patrimonialista apresenta-se
organizacionais evoluíram. Outras contribuições no pensamento político de Raymundo Faoro, com a pu-
teóricas complementares, tais como a teoria da bu- blicação da obra "Os Donos do Poder".
rocracia e de sistemas, também contribuíram para Nesse livro, a explicação para as mazelas brasileiras
entender o processo. Com relação às diversas teo- está no caráter específico da formação histórica nacio-
rias organizacionais, julgue o item que se segue. nal, em face do passado colonial, eis que a estrutura
Com relação ao funcionamento das organizações, administrativa de poder patrimonial do Estado
o caráter legal das normas e regulamentos é uma das português foi inteiramente importada para a co-
características da teoria clássica de administração de lônia. Esse modelo institucional foi transformado em
Fayol. padrão e, a partir dele, estruturaram-se a Independên-
cia, o Império e a República do Brasil.
Gabarito A elite brasileira era fundamentalmente for-
1-E 2-E 3-E 4-E 5-E mada por juristas, e estes eram em regra magistra-
dos, funcionários do Estado, como é próprio do patrimo-
nialismo, enquanto, na Inglaterra, os juristas eram cada
2. EVOLUÇÃO DA vez mais advogados, servindo a burguesia nascente. A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO absoluta maioria dos ministros, conselheiros, e presi-
dentes de província, e deputados é formada em direito.
452 BRASIL APÓS 1930. REFORMAS Há também os com formação militar, religiosa e médica
ADMINISTRATIVAS. A NOVA (BRESSER-PEREIRA, 2001).
Ainda, o autor destaca que é essa elite política letrada
GESTÃO PÚBLICA. e conservadora que manda de forma autoritária ou oli-
gárquica. Não há democracia. As eleições são uma farsa.
Administração Patrimonialista A distância educacional e social entre a elite política e
o restante da população, imensa. E no meio dela temos
A administração patrimonialista era baseada nos uma camada de funcionários públicos, donos antes de
Estados Absolutistas firmados nos séculos XVII e XVIII, sinecuras do que de funções, dada a função do Estado
quando o patrimônio do monarca se confundia patrimonial de lhes garantir emprego e sobrevivência.
com o patrimônio público. A palavra oligarquia significa "o poder na mão
Esse modelo acarreta o clientelismo, a troca de de poucos" e, consequentemente, o interesse era
favores, o prevalecimento de interesses privados sempre em prol desses poucos.
em detrimento do interesse público, a corrupção, No entanto, essa elite começa a ter infiltrações
o nepotismo, fazendo surgir uma administração públi- de classes de origem mais inferior. Isso ocorre com
ca vinculada a interesses particulares, onde os cargos a formação do clero e de militares do Exército.
são considerados prebendas ou sinecuras . Temos aqui um período de transição, que começa
Na administração patrimonialista, o aparelho do Es- com a Proclamação da República, uma revolução da
tado funciona como uma extensão do poder do sobe- classe média e o primeiro golpe militar da história brasi-
rano, e os seus auxiliares, servidores, possuem sta- leira. Ainda assim, teve vida curta, pois perdurou apenas
tus de nobreza real. Nesse modelo, não há um quadro nos governos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
formal de funcionários. Prudente de Morais, ao ser eleito em novembro de
Em contraposição ao modelo burocrático, no patri- 1894, reestabelece a oligarquia cafeeira no poder.
monialismo o servidor não tem salário fixo, vivendo, se- O que não podemos esquecer é a presença efetiva
gundo Max Weber: dos militares do Exército nas alianças que se formavam;
- alimentação na mesa do senhor; no entanto, permanecia o Estado oligárquico. Com o es-
- emolumentos provenientes de bens e dinhei- tabelecimento da federação na Constituição de 1891, e a
ros do senhor; decorrente descentralização política de um Estado que
- terras funcionais; no Império fora altamente centralizado, o poder dos go-
- oportunidades apropriadas de rendas, taxas vernadores e das oligarquias locais aumentara ao invés
CAPÍTULO 02 - Evolução da Administração Pública no Brasil Após 1930. Reformas Administrativas. A Nova Gestão Pública

de diminuir. legitimidade política, embora propusesse o controle dos


O período entre 1889 e 1930 ficou conhecido também primeiros em relação aos segundos.
como República Oligárquica, República Velha ou mesmo Matias-Pereira (2008) relaciona as características e
Primeira República. A República Oligárquica condicio- as vantagens do modelo descritas por Weber:
na-se a coalizões das classes sociais que governaram o
país neste período. Não nos referimos à ajuntamentos
Características Caráter legal das normas e regulamentos -
de classes por demandas da sociedade, mas sim classes É baseada em uma legislação própria com
sociais que dominavam o poder da época. uma estrutura social razoavelmente orga-
O novo regime político inaugurado em 1889, republi- nizada. Desta maneira, economizam esfor-
ços e possibilitam a padronização dentro da
cano e federativo, era resultado de um rearranjo do po- organização.
der conseguido pelas Forças Armadas e os latifundiários
do país, principalmente depois da abolição da escravidão Caráter formal das comunicações - A co-
municação escrita é uma das principais
em 1888. O princípio federativo garantia autonomia às peças da burocracia. As regras, decisões
oligarquias estaduais no controle político e econômico e ações administradas são formuladas e
de seus currais eleitorais e o exército se constituía como registradas por escrito. Com exceções, a
a principal instituição política do país, interferindo em burocracia abre mão da utilização de for-
mulários e papelórios.
vários momentos na composição da República brasileira.
Esse contexto perdura até 1930: a política dos Caráter racional e divisão de trabalho -
governadores. Ocorre que esses tinham maior con- Essa divisão sistemática ocorre para esta-
belecer as atribuições de cada participante,
centração de poder em relação à União, mas dependiam os meios de obrigatoriedade e as condições
cada vez mais dos coronéis locais. Junta-se a isso a insa- necessárias. Cada participante passa a ter
tisfação crescente dos militares e temos como resultado seu cargo específico, as funções específicas
a aliança de 1930, que levou ao Estado burocrático e au- e a sua específica esfera de competência e
responsabilidade.
toritário do primeiro governo de Getúlio Vargas.
Impessoalidade nas relações - Essa distri-
BRESSER-PEREIRA, L. C.. Do Estado Patrimonial ao Gerencial, in: Pinheiro, Wi- buição de atividades é feita de forma im-
lheim e Sachs (orgs.), Brasil: Um Século de Transformações. São Paulo: Cia. das pessoal, ou seja, é feita em termos de car-
Letras, 2001.
gas e funções e não de pessoas envolvidas;
a administração burocrática é realizada
Administração Pública Burocrática sem considerar as pessoas como pessoas,
mas como ocupantes de cargos e funções;
a burocracia precisa garantir sua continui- 453
O modelo de administração pública burocrática sur- dade ao longo do tempo: as pessoas vêm e
ge na época do modelo estatal conhecido por Estado vão, os cargos e funções permanecem. É
Liberal, cujos marcos caracterizadores foram a Revo- garantia para o exercício isento da função.
lução Francesa e a Revolução Industrial. Surge com o Hierarquia da Autoridade - Estabelece os
objetivo de combater a corrupção e o nepotismo cargos segundo os princípios da hierar-
patrimonialista, que permeavam as administrações quia: cada cargo inferior deve estar sobre
precedentes, sobretudo as baseadas no modelo dos Es- controle e supervisão de um posto superior.
Nenhum cargo fica sem controle ou super-
tados Absolutistas. visão.
Portanto, o controle dos abusos contra o patrimônio
público é uma das características almejadas pela admi- Rotina e procedimentos estandardizados
- É uma organização que fixa as regras e
nistração pública burocrática.
normas técnicas para o desempenho de
A administração pública burocrática prega o forma- cada cargo, cujas atividades devem ser
lismo, a rigidez e o rigor técnico. Matias-Pereira (2008) executadas de acordo coma as rotinas e
destaca as características do modelo: procedimentos fixados pelas regras e nor-
mas técnicas.
- É autorreferente e se concentra no proces-
so, em suas próprias necessidades e perspectivas, Competência técnica e meritocracia - É uma
sem considerar a alta ineficiência envolvida. organização na qual a escolha das pessoas
- Acredita em uma racionalidade absoluta, é baseada no mérito e na competência téc-
nica e não em preferências pessoais. Esses
que a burocracia está encarregada de garantir. critérios universais são racionais e leva em
- Assume que o modo mais seguro de se evitar conta a competência, o mérito e a capacida-
o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido de do funcionamento da relação ao cargo
dos processos, com o controle dos procedimentos. ou função considerada. Daí a necessidade
de exames, concursos, testes e titulações
- Não existe a confiança. para a admissão para funcionários.
- É centralizadora, autoritária.
Especialização da administração - Deve
haver a separação entre a propriedade e a
A burocracia é a organização com base na eficiência, administração, ou seja, os membros do cor-
e para que ocorra essa eficiência, é necessário que tudo po administracional devem estar comple-
seja detalhado antecipadamente. Weber considerava a tamente separados dos meios de produção.
rígida divisão entre políticos e burocratas - sepa-
ração entre os que têm o saber técnico e os que têm a
ADMINISTRAÇÃO

Weber busca a profissionalização do servidor público, ou


Características Profissionalização dos participantes - É
uma organização que se caracteriza pela seja, sua especialização. Desse contexto, surgem algu-
profissionalização de seus participan- mas características dos ocupantes dos cargos públicos:
tes. Cada funcionário da burocracia é um • São pessoalmente livres; obedecem somente
profissional pelas seguintes razões: deve
ser um especialista, um assalariado, um
às obrigações objetivas de seu cargo;
ocupante de cargo, ser nomeado por um • São nomeados (e não eleitos) numa hierar-
superior hierárquico, seu mandado será quia rigorosa dos cargos;
por tempo indeterminado, segue carreira • Têm competências funcionais fixas;
dentro da organização, é fiel ao cargo e se
identifica com os objetivos da empresa.
• São remunerados com salários fixos em di-
nheiro, na maioria dos casos com direito à apo-
Completa previsibilidade do funcionamen- sentadoria;
to - As normas e regulamentos de uma or-
ganização são estabelecidos para padroni-
• Seu salário está escalonado segundo a posi-
zar o comportamento do funcionário, a fim ção na hierarquia, segundo a responsabilidade do
de atingir a máxima eficiência possível. cargo e o princípio da correspondência à posição
social;
Vantagens Racionalidade em relação ao alcance dos
objetivos da organização. • O cargo é exercido como profissão única ou
principal;
Precisão na definição do cargo e na opera- • Têm a perspectiva de uma carreira: progres-
ção, pelo conhecimento exato dos deveres.
são por tempo de serviço ou eficiência, ou ambas
Rapidez nas decisões, pois cada um conhe- as coisas, dependendo do critério dos superiores;
ce o que deve ser feito e por quem e as or- • Trabalham em "separação absoluta dos meios
dens e papéis tramitam através de canais
preestabelecidos.
administrativos" e sem apropriação do cargo; e
• Estão submetidos a um sistema rigoroso e
Univocidade de interpretação garantida homogêneo de disciplina e controle do serviço.
pela regulamentação específica e escrita.
Por outro lado, a informação é discreta, pois MATIAS-PEREIRA, J.. Curso de Administração Pública: foco nas instituições e
é fornecida apenas a quem deve recebê-la. ações governamentais. São Paulo: Atlas, 2008.
MOTTA, F. C. P.. Teoria das organizações: evolução e crítica. São Paulo: Pioneira
Uniformidade de rotinas e procedimentos Thomson Learning, 2001.
que favorecem a padronização, redução de WEBER, M.. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva.
custos e de erros, pois os procedimentos Brasília: Editora da Universidade de Brasília, vol. I, 1991.
são definidos por escrito.
454
Continuidade da organização através da Gestão Pública Burocrática No Brasil
substituição do pessoal que é afastado.
Além disso, os critérios de seleção e escolha
do pessoal baseiam-se na capacidade e na Noções Introdutórias
competência técnica.
Conforme Bresser-Pereira (1996), a burocracia no país
Redução do atrito entre as pessoas, pois
cada funcionário conhece aquilo que é exi- surge com o quadro da aceleração da industrializa-
gido dele e quais são os limites entre suas ção brasileira, em que o Estado assume papel decisivo,
responsabilidades e as dos outros. intervindo no setor produtivo de bens e serviços. Nessa
Constância, pois os mesmos tipos de deci-
época, a administração pública sofre um processo de ra-
são devem ser tomados nas mesmas cir- cionalização que se traduziu no aparecimento das pri-
cunstâncias. meiras carreiras burocráticas e na tentativa de adoção
Confiabilidade, pois o negócio é conduzido
do concurso como forma de acesso ao serviço público.
de acordo com regras conhecidas, sendo Na década de 1930 havia uma elite especializada
que grande número de casos similares são que fomentava o espírito de reformas a uma nova vi-
metodicamente tratados dentro da mes- são da administração pública, associada a um projeto de
ma maneira sistemática. As decisões são
previsíveis e o processo decisório, por ser
governo de expansão e centralização das capacidades
despersonalizado no sentido de excluir sen- administrativas. Conjugando os interesses deste corpo
timentos irracionais, como o amor, raiva, de funcionários federais e o governo, em 1935 Getúlio
preferências pessoais, elimina a discrimi- Vargas nomeia Luis Simões Lopes a função de diretor
nação pessoal.
do Conselho Federal do Serviço Público Civil (CFSPC),
Benefícios para as pessoas na organização, transformado pelo Decreto-lei nº 579, de 30 de julho
pois a hierarquia é formalizada, o trabalho de 1938, no Departamento Administrativo do Ser-
é dividido entre as pessoas de maneira or-
viço Público – DASP.
denada, as pessoas são treinadas para se
tomarem especialistas em seus campos Seguindo a ideia de que características dos modelos
particulares, podendo encarreirar-se na or- patrimonialista e burocrático ainda residem na realida-
ganização em função de seu mérito pessoal de da gestão pública brasileira atual, o Plano Diretor de
e competência técnica.
Reforma do Aparelho do Estado distingue a burocracia
pública atual da tradicional. Na concepção atual, exis-
A meritocracia é um dos destaques do modelo em te uma noção muito clara e forte do interesse público,
relação ao patrimonialismo. O modelo burocrático de enquanto na tradicional o interesse público é frequente-
CAPÍTULO 02 - Evolução da Administração Pública no Brasil Após 1930. Reformas Administrativas. A Nova Gestão Pública

mente identificado com a afirmação do poder do Estado. Wahrlich (1984), por sua vez, assim resume as prin-
O administrador público quando atua pelos ditames cipais realizações do DASP:
da administração burocrática tradicional tende a dire- • Ingresso no serviço público por concurso.
cionar uma parte substancial das atividades e dos recur- • Critérios gerais e uniformes de classificação
sos do Estado para o atendimento das necessidades da de cargos.
própria burocracia, identificada com o poder do Estado. • Organização dos serviços de pessoal e de seu
Ou seja, o conteúdo das políticas públicas é relegado a aperfeiçoamento sistemático.
um segundo plano. Portanto, no período de 1930 e 1945, • Administração orçamentária.
fortaleceu-se a tendência de centralização na adminis- • Padronização das compras do Estado.
tração pública. Vejamos como essa centralização se ini- • Racionalização geral de métodos.
cia.
No entanto, a autora afirma a que o DASP foi vi-
O Departamento Administrativo do Serviço timado por seus próprios defeitos. Segundo ela, a
Público - DASP reforma pretendia realizar muita coisa em pouco tempo:
• Tentou ser, ao mesmo tempo, global e imedia-
A criação do Departamento Administrativo do Servi- ta, em vez de preferir gradualismo e seletividade.
ço Público - DASP pelo Decreto-lei nº 579, de 30 de • Deu mais ênfase a controles, não a orientação
julho de 1938, no Governo Getúlio Vargas, repre- e assistência.
sentou, segundo Bresser-Pereira (1996), a primeira re- • A estrita observância de normas gerais e in-
forma administrativa e tinha como objetivo principal flexíveis desencorajava quaisquer tentativas de
realizar a modernização administrativa do Estado. atenção a diferenças individuais e a complexas
Inicialmente, a administração pública burocrática é in- relações humanas.
fluenciada pela administração científica de Taylor, com • O estilo da reforma administrativa foi ao
tendências de racionalização e afirmação dos princí- mesmo tempo prescritivo, pois se harmonizava
pios centralizadores e hierárquicos. Nesse período com a teoria administrativa corrente e coercitiva,
também se institui a função orçamentária como ativi- harmonizando-se com o caráter político do regi-
dade formal e vinculação permanente ao planejamento. me Vargas.
Essa centralização é reforçada pela ênfase nas ativi-
dades-meio (atividades administrativas) em detrimento O Decreto-Lei Nº 200/1967
das atividades-fim.
Ressalta-se que as bancas divergem quanto à data de O Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 455
criação do DASP; isso ocorre pelo fato de que, em 1936, é, segundo Bresser-Pereira (1997) a primeira tentativa
criou-se o Conselho Federal do Serviço Público Civil que, de reforma gerencial da administração pública
em 1938, transformou-se em Departamento Administra- brasileira.
tivo do Serviço Público. Segundo o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
As reformas conduzidas pelo órgão eram inovadoras Estado (PDRAE), a reforma operada em 1967 pelo
para a época e a burocracia, para o departamento, se- Decreto-lei nº 200/1967 constitui um marco na ten-
ria um elemento organizador de uma cultura científica tativa de superação da rigidez burocrática, poden-
assegurada por uma elite técnica e especializada. Essa do ser considerada como um primeiro momento da
elite apropriava-se de teorias científicas norte-ame- administração gerencial no Brasil. Mediante o refe-
ricanas, tornando-a detentora de um saber diferencia- rido decreto-lei, descentralizaram-se diversas atividades
do para o funcionalismo federal. estatais para autarquias, fundações, empresas públicas e
Segundo Rabelo (2011), esse embasamento teórico ex- sociedades de economia mista, resultando em um maior
terno fez com que o governo promovesse o intercâmbio dinamismo operacional.
entre a administração federal brasileira e outros mode- Esse decreto constituiu um exemplo de remodela-
los administrativos no exterior, promulgando o Decre- mento do Estado brasileiro, flexibilizando a adminis-
to-lei nº 776, de 7 de outubro de 1938, chamado tração pública e viabilizando a presença do Estado na
Missão de Estudos no Estrangeiro. área econômica, por intermédio das empresas estatais.
A citada norma instituía o intercâmbio de técnicos Por oportuno, destacamos que esse intuito acabou por
e funcionários administrativos federais brasileiros para provocar um exagero das autonomias às entidades
aperfeiçoamento no exterior, após seleção feita pelo administrativas (Administração Indireta).
próprio DASP. A partir deste decreto, o governo enviou Percebemos que a racionalidade administrativa, o
funcionários técnicos administrativos para os Estados planejamento e sua vinculação com o orçamento, o des-
Unidos, principalmente universidades, com pagamen- congestionamento das chefias executivas superiores, a
to integral de salários pela Embaixada em Washington, tentativa de reunir competência e informação no proces-
acrescidos de uma ajuda de custo para moradia e passa- so decisório, a sistematização, a coordenação e o controle
gem. Isso porque os Estados Unidos era o país que foram temáticas da norma emanada do Poder Executivo.
tinha o modelo administrativo que o governo bra- Assim dispõe o art. 6º do Decreto-lei 200/1967:
sileiro se inspirava e desejava conhecer (RABELO,
2011). As atividades da Administração Federal obedecerão aos
seguintes princípios fundamentais:
ADMINISTRAÇÃO

I - Planejamento. indistintamente a todos os servidores públicos civis da


II - Coordenação. administração pública direta e das autarquias e fun-
III - Descentralização.
IV - Delegação de Competência. dações. Essas regras, além de defender mais os fun-
V - Controle. cionários estatais do que o próprio Estado, eliminavam
quaisquer possibilidades de autonomia dos órgãos da
No modelo burocrático, o controle da Administração administração indireta.
Pública é hierárquico e formalista, pois está baseado no Em síntese, o retrocesso burocrático da Constituição
escalonamento vertical das funções dentro dos órgãos de 1988 foi uma reação ao clientelismo que dominou o
públicos e está em forma legal expressa e vinculada. país naqueles anos, mas também foi uma afirmação de
Nesse modelo, a ênfase é no controle a priori, privilégios corporativistas e patrimonialistas incompatí-
objetivando o combate aos desvios, fazendo com que o veis com o ethos burocrático. Foi, além disso, uma con-
controle muitas vezes interrompa os processos no seu sequência de uma atitude defensiva da alta burocracia,
início, o que contribui para a pouca agilidade desses. que, sentindo-se acuada, injustamente acusada, defen-
Este controle formal e a priori pressupõe que o agente deu-se de forma irracional (BRESSER-PEREIRA, 1996).
público, antes de iniciar seus atos, deve se certificar por No entanto, no início do governo Collor, reformas
meio de procedimentos legais e formais, de que aquele econômicas e fiscais ganharam impulso no país. A crise
ato está cumprindo as exigências estabelecidas (DI PIE- crescente inflacionária do governo antecedente direcio-
TRO, 2001). nava os passos decisivos para o início de uma reforma da
Wahrlich (1984) identifica cinco princípios que economia e do Estado, priorizando-se a flexibilização e
nortearam a reforma proposta pelo Decreto-lei nº descentralização. Essa crise de governança que obstava
200/1967: o Estado de cumprir seus deveres sociais e contribuía
• 1. planejamento, descentralização, delegação para a precarização dos serviços públicos traz à tona a
de autoridade, coordenação e controle; necessidade de implantação de uma nova gestão públi-
• 2. expansão das empresas estatais, de órgãos ca: o modelo gerencial.
independentes (fundações) e semi-independentes
BRESSER-PEREIRA, L. C.. Revista do Serviço Público, nº 47, janeiro-abril, 1996.
(autarquias); CAVALCANTI, B. S.. O gerente equalizador: estratégias de gestão no setor públi-
• 3. fortalecimento e expansão do sistema de co. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
mérito; BRESSER-PEREIRA, L. C.. Revista do Serviço Público, nº 47, janeiro-abril, 1996.
RABELO, F. L. O DASP e o combate à ineficiência nos serviços públicos: a atua-
• 4. diretrizes gerais para um novo plano de ção de uma elite técnica na formação do funcionalismo público no Estado Novo
classificação de cargos; (1937-1945). Revista Brasileira de História e Ciências Sociais. Vol. 3, nº 6, 2011.
WAHRLICH, B. M. de S.. A Reforma administrativa no Brasil: experiência ante-
456 • 5. reagrupamento de departamentos, divi- rior, situação atual e perspectivas - uma apreciação geral. Revista de Adminis-
sões e serviços em 16 ministérios. tração Pública, Rio de Janeiro, v. 18, nº 1, 1984.
BRESSER-PEREIRA, L. C.. A Reforma do Estado dos anos 90: lógica e mecanis-
mos de controle. Cadernos MARE da Reforma do Estado, n. 1. Brasília: Ministério
O Decreto-lei nº 200/1967 centralizou toda a ênfase de Administração e Reforma do Estado (MARE), Secretaria da Reforma do Es-
da administração para a eficiência e para a descen- tado, 1997.
MEIRELLES, H. L.. Direito Administrativo Brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros,
tralização administrativa, com base na autonomia da 1998.
administração indireta. SILVA, C. O. P. da. A Reforma Administrativa e a Emenda nº 19/98: Uma Análise
Panorâmica. Revista Jurídica Virtual. Brasília, vol. 1, nº 1, 1999.
Edson Nunes, em sua obra “A Gramática Política do JOHNSON, B. B. et all. Os Serviços de Utilidade pública no Brasil: A Regulamen-
Brasil” (1997), leciona que muito embora a reforma de tação. In: Serviços Públicos no Brasil: mudanças e perspectivas: concessão, re-
gulamentação, privatização e melhoria da gestão pública. São Paulo: Ed. Edgard
1967 tenha sido parcialmente bem-sucedida na criação Blucher, 1996.
de uma burocracia weberiana na administração direta, WAHRLICH, B. M. de S.. Desburocratização e desestatização: novas considera-
não conseguiu eliminar algumas características ções sobre as prioridades brasileiras de reforma administrativa na década de 80.
Revista de Administração Pública, v. 18, n. 4, p. 72-87, 1984.
patrimonialistas, flagrantes até nos dias atuais. BRESSER-PEREIRA, L. C.. Administração pública gerencial: estratégia e estrutu-
Esse diploma teve duas consequências inesperadas ra para um novo Estado. Brasília: MARE/ENAP, 1996.
DI PIETRO, M. S. Z.. Direito Administrativo. 13ª ed.. São Paulo: Atlas, 2001.
e indesejáveis. De um lado, permitiu a contratação de
servidores sem concurso público, facilitando a so-
brevivência de práticas patriarcalistas e nepotistas e de
Administração Pública Gerencial (Nova
outro, não se preocupou com mudanças na estru- Administração Pública ou Modelo Pós-
tura da administração direta ou central, não con- Burocrático)
ferindo a devida importância para as carreiras de altos
administradores (SILVA, 1999). A administração gerencial tem sua origem relacio-
nada com as mudanças ocorridas nas administrações
A Constituição de 1988 públicas de alguns países a partir da década de 1970
(Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia e Austrália).
Um retrocesso visível às tentativas de refor- Por isso, comumente, as provas fazem menção a outros
mas que visavam estabelecer o modelo gerencial três termos sinônimos da administração pública geren-
no país dá-se com a promulgação da Constituição cial: New Public Management (NPM), que significa Nova
de 1988. Gestão Pública (NGP) e modelo pós-burocrático.
A partir dessa perspectiva, Bresser-Pereira (1996) Ana Paula Paes de Paula relaciona as dez medidas
destaca o instituto do “regime jurídico único”, aplicável iniciais traçadas pelo economista John Williamson e
CAPÍTULO 02 - Evolução da Administração Pública no Brasil Após 1930. Reformas Administrativas. A Nova Gestão Pública

baseadas em experiências do Reino Unido e de outros • No plano da estrutura organizacional, privilegia a


países, geradas para a implementação das reformas pre- descentralização e a redução dos níveis hierárquicos;
tendidas: • É permeável à maior participação dos agentes pri-
01. O ajuste estrutural do déficit público; vados e/ou das organizações da sociedade civil - estabe-
02. A redução do tamanho do Estado; lecimento de parcerias com a sociedade organizada para
03. A privatização das estatais; a gestão de serviços de interesse coletivo;
04. A abertura ao comércio internacional; • Desloca a ênfase dos procedimentos (meios) para os
05. O fim das restrições ao capital externo; resultados (fins) - orientação para o cidadão-cliente;
06. A abertura financeira às instituições in- • Fundamenta-se nos princípios da confiança e da
ternacionais; descentralização da decisão (empowerment e delegação)
07. A desregulamentação da economia; - pressupõe que políticos e funcionários públicos sejam
08. A reestruturação do sistema previdenci- merecedores de grau limitado de confiança;
ário; • Exige formas flexíveis de gestão, horizontalização
09. O investimento em infraestrutura básica; de estruturas, descentralização de funções, incentivos à
e criatividade;
10. A fiscalização dos gastos públicos (Ana • Ênfase na inovação, como característica básica de
Paula Paes de Paula). gestão;
• Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor
Importante destaque e constantes objetos de cobran- técnico da burocracia tradicional;
ças em provas são as características do modelo ge- • Descentralização de atividades para entes federa-
rencial apresentadas pelo Plano Diretor da Reforma do dos ou para o setor público não-estatal e desconcentra-
Aparelho do Estado (PDRAE). Para facilitar nossos es- ção, mediante ampliação da autonomia dos órgãos da
tudos, vamos fazer um "desmembramento" em tópicos, administração pública;
considerando também outras características listadas • Separação entre a formulação e a execução das po-
pela doutrina: líticas públicas;
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL • Controle gerencial sobre as unidades descentraliza-
• Emerge na segunda metade do século XX - resposta das, por meio da pactuação de resultados e de condições
à expansão das funções econômicas/sociais do Estado, e meios para atingi-los, mediante contrato de gestão e
ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da eco- mecanismos que viabilizem o controle social, por meio
nomia mundial; de conselhos de usuários e mecanismos de consulta ao
• Necessidade de reduzir custos e aumentar a qua- cidadão; 457
lidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário; • Transparência da informação sobre a gestão públi-
• Reforma do aparelho do Estado passa a ser orien- ca (accountability);
tada predominantemente pelos valores da eficiência e • Avaliação de desempenho individual e institucional,
qualidade na prestação de serviços públicos; com base em indicadores sistemáticos;
• Não rompe definitivamente com a administração • Utilização do planejamento estratégico integrado ao
pública burocrática, inclusive mantendo e flexibilizando processo de gestão, com a permanente fixação de objeti-
alguns dos seus princípios fundamentais, como a admis- vos e metas, em todos os níveis;
são segundo rígidos critérios de mérito, a existência de • Novas políticas de pessoal, compreendendo espe-
um sistema estruturado e universal de remuneração, as cialmente:
carreiras, a avaliação constante de desempenho, a re- - Regras de promoção baseadas no desempe-
compensa pelo desempenho, a capacitação permanente, nho;
o treinamento sistemático, profissionalização da admi- - Melhorias seletivas de remuneração; e
nistração pública, dentre outros; - Ênfase no desenvolvimento de habilidades
• Enquanto a administração burocrática enfatiza a gerenciais e na motivação do pessoal.
forma de controle baseada nos processos, a administra-
ção gerencial concentra-se nos resultados; Fases Ou Estágios Da Administração Pública
• Estratégia volta-se: Gerencial
(1) para a definição precisa dos objetivos que
o administrador público deverá atingir em sua A administração pública gerencial apresenta três fa-
unidade; ses ou estágios: gerencialismo puro ou Managerialism,
(2) para a garantia de autonomia do adminis- Consumerism e Public Service Orientation (PSO). Vamos
trador na gestão dos recursos humanos, materiais aos detalhes, enfatizando os ensinamentos do mestre
e financeiros que lhe forem colocados à disposi- Fernando Luiz Abrucio.
ção para que possa atingir os objetivos contrata-
dos; e Gerencialismo puro ou Managerialism
(3) para o controle ou cobrança a posteriori É o estágio identificado com as propostas neolibe-
dos resultados. rais, que deflagrando as grandes privatizações, desponta
• Pratica a competição administrada no interior do como solução à crise fiscal do Estado. A Inglaterra (Mar-
próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer gareth Thatcher) e EUA (Ronald Reagan) foram os países
concorrência entre unidades internas;
ADMINISTRAÇÃO

com maiores observações e estudos de implementação. - Foco no cidadãos (conotação coletiva);


O caso inglês obteve maior êxito que o americano, já que - Descentralização como forma de participação
o sistema político daquele foi mais favorável à aplicação. dos cidadãos;
- Ênfase no desenvolvimento da aprendizagem
OBJETIVOS: “FAZER MAIS COM MENOS” e EFI- social; e
CIÊNCIA - VISÃO DA SOCIEDADE: CIDADÃOS.
- Organizar governos que custassem menos;
- Preocupação com o contribuinte - reduzir gas- Teoria do Novo Serviço Público
tos e desperdícios em uma era de escassez;
- Utilização maciça de técnicas e mecanismos do O modelo do Novo Serviço Público (NSP) é uma evo-
setor privado para melhorar a eficiência ; lução de gestão a partir da Administração Gerencial. De
- Economia e eficiência governamental - engre- acordo com Paes de Paula (2005), apesar da evolução dos
nagens do modelo Weberiano; propósitos para uma gestão mais profissional e flexível,
- Produtividade como eixo central; os traços clássicos da cultura burocrática predominante
- Separação entre administração e política ; na administração pública brasileira fizeram como que o
- Preocupação com valor do dinheiro (value mo- modelo gerencial não conseguisse se consolidar na for-
ney); e ma de um sistema efetivamente democrático, que con-
- VISÃO DA SOCIEDADE: CONTRIBUINTES. templasse a real missão e as competências centrais das
MEDIDAS PRINCIPAIS organizações públicas.
- Privatização em massa; Diante disso, um novo debate acerca de questões de
- Corte de pessoal; desenvolvimento do Estado e da gestão pública, revelou
- Devolução de atividades à iniciativa privada; novas temáticas relacionadas à participação dos cida-
- Descentralização - desconcentração - delegação dãos, à transparência e ao controle social, à ética e à pro-
de poder; fissionalização do servidor público. A eminente presença
- Racionalização e controle orçamentário; e dessas temáticas no contexto da administração pública e
- Adoção da Administração por Objetivos (gover- do gestor público apresentou o modelo de gestão pública
no Inglês). denominado "Novo Serviço Público".
Para que fique mais claro, listamos os sete princípios-
Consumerism -chave do Novo Serviço Público (note diversos contrastes
em relação ao modelo gerencial de Administração Pú-
458 A tônica desse estágio é o cidadão, considerado clien- blica - NAP):
te-destinatário das ações estatais, consumidor a ser sa- 01. Servir cidadãos, não consumidores – como
tisfeito pela qualidade dos serviços públicos, que passam o serviço público é visto como uma extensão da
a ser contratualizados e prestados por um poder público cidadania, tanto o governo quanto os cidadãos
mais flexível, ágil, competitivo e diluído. precisam abrir mão de seus interesses de curto
prazo assumindo novos papéis na construção de
OBJETIVOS: “FAZER MELHOR ” - EFICÁCIA uma sociedade civil.
- Introdução do conceito de qualidade dos ser- 02. Perseguir interesses públicos – no Novo
viços; Serviço Público o administrador não é mais o ár-
- Flexibilidade de gestão; bitro do interesse público, mas sim um ator-chave
- Foco no cliente/consumidor; dentro de um sistema de governança que inclui
- Descentralização, como forma de conferir direi- inúmeros stakeholders, e o governo é um meio
to de escolha aos consumidores; voltado para o alcance de valores compartilhados
- Aumento da competição entre agências; pela sociedade.
- Adoção de novas formas de contratação; e 03. Dar mais valor à cidadania e ao serviço
- VISÃO DA SOCIEDADE: CLIENTES. público do que ao empreendedorismo – os admi-
nistradores públicos trabalham dentro de redes
Public Service Orientation (PSO) políticas complexas e seu trabalho deve envolver
os cidadãos no desenvolvimento de políticas pú-
O terceiro e último estágio (ainda em vigor) tem iní- blicas, o que informa a política e constrói a cida-
cio na década de 1990, buscando conciliar a noção de dania.
tratamento isonômico, cidadania e bem comum, com 04. Pensar estrategicamente e agir democra-
base nos princípios da equidade, justiça, accountability, ticamente – as políticas e os processos devem ser
transparência e participação política. elaborados mediante processos de colaboração
para que os cidadãos possam se envolver no pro-
OBJETIVOS: “FAZER O QUE DEVE SER FEITO" e cesso de governança ao invés de buscarem ape-
EFETIVIDADE nas satisfazer suas demandas de curto prazo.
- Fusão de ideias de gestão dos setores públicos 05. Reconhecer que accountability não é sim-
e privados; ples – o accountability no serviço público envol-
- Redução do déficit institucional (O QUE e não ve o equilíbrio entre normas e responsabilidades
COMO);
ADMINISTRAÇÃO
DE RECURSOS
MATERIAIS
PROFESSOR
Tiago Zanolla
Professor de Ética no Serviço Público, Conheci-
mentos Bancários e Direito Regimental. Formado em
Engenharia de Produção pela Universidade Pan-A-
mericana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de
Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Para-
ná. Envolvido com concursos públicos desde 2009 é
professor em diversos estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. OBSERVAÇÕES INICIAIS...................................................................................................................................................................553

2. ATIVIDADES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO........................................................553


Ciclo da Administração de Recursos Materiais........................................................................................................................................................................... 555
Subsistemas da Administração de Materiais................................................................................................................................................................................ 555
Conceito de Material e Patrimônio.................................................................................................................................................................................................... 555
Patrimônio da Empresas e Patrimônio Público............................................................................................................................................................................556
Patrimônio Imobiliário e Patrimônio Mobiliário........................................................................................................................................................................ 557

3. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS...................................................................................................................................................558
TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO................................................................................................................................................................................................................... 561

4. GESTÃO DE ESTOQUES ................................................................................................................................................................... 564

5. COMPRAS ...............................................................................................................................................................................................573
Modalidades de Compra.........................................................................................................................................................................................................................576
Cadastro de Fornecedores.....................................................................................................................................................................................................................576
O Lote Econômico de Compras (LEC)................................................................................................................................................................................................ 577

6. COMPRAS GOVERNAMENTAIS.....................................................................................................................................................578
Edital de Licitação....................................................................................................................................................................................................................................578

7. RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM.............................................................................................................................................579
Recebimento ..............................................................................................................................................................................................................................................580
Entrada e Conferência............................................................................................................................................................................................................................580
Armazenagem ........................................................................................................................................................................................................................................... 581
Critérios e Técnicas de Armazenagem ........................................................................................................................................................................................... 581

8. GESTÃO PATRIMONIAL.................................................................................................................................................................... 589


Controle de Bens....................................................................................................................................................................................................................................... 591
Inventário.....................................................................................................................................................................................................................................................593
Alterações e Baixa de Bens...................................................................................................................................................................................................................594 551

9. QUESTÕES PROPOSTAS................................................................................................................................................................... 596


CAPÍTULO 01 - Observações Iniciais

1. OBSERVAÇÕES INICIAIS Administração de Ma- O conjunto de atividades con-


teriais duzi-das em um sistema inte-
grado, visando a maximizar a
Por que temos que saber administração de
utilização dos recursos da em-
materiais para concursos? presa, suprindo toda a organi-
O primeiro passo é entendermos o que é uma orga- zação, sem desperdícios, com a
nização e o que é recurso para a organização. Organi- quantidade necessária, na qua-
lidade requerida e pelo menor
zação pode ser conceituado como o conjunto de pessoas
custo.
realizando tarefas visando atingir um objetivo comum
através da eficaz aplicação dos recursos disponíveis. Por Objetivos secundários Suprir a organização dos mate-
sua vez, recurso é o que a organização utiliza para atin- Administração de Ma- riais nas quantidades corretas,
na qualidade requerida, no mo-
gir seus objetivos. teriais mento certo, armazenando-os
A utilização eficiente desses recursos é o que vai deli- da maneira e no local apropria-
mitar o sucesso ou o fracasso de uma organização. Esses dos, praticando preços econô-
recursos podem ser financeiros, humanos, tecnológicos e micos e minimizando estoques.
materiais. Este último é que será objeto de estudo que,
por sua vez, divide-se entre recursos materiais e recur- Para cumprir esses objetivos, GONÇALVES (2007) de-
sos patrimoniais. fine as grandes funções da administração de materiais.
O autor defende que é de responsabilidade da ARM de
Recursos Materiais a que a Gestão de Estoque; Gestão de
Compras; Gestão de Centros de distribuição.
Compras: a função de Compras pode ser dividida em
compras no mercado interno e importações. Toda com-
pra envolve fornecedores, contratos (licitações), tomada
de preços, pedido de compras (prazos, condições de pa-
gamento, etc.), transporte e controle no recebimento da
mercadoria. Caso haja importações, os compradores de-
É nesse contexto que chegamos ao segundo passo. verão ter conhecimento das leis e guias de importação,
É saber para que serve a ARM. O principal objetivo é bem como dos processos envolvendo órgão do governo
administrar, controlar e planejar o fluxo de ma- federal mediador das importações.
teriais dentro de uma organização. Esse objetivo tem Transporte: a função de Transportes envolve do
uma finalidade, que é tornar esse fluxo o mais eficiente fornecedor até o espaço físico de estocagem pode ser 553
possível dentro do menor custo. feita interna ou por terceiros. Caso seja interna, envolve
Martins (2002) leciona nesse sentido. O autor diz que o processo de gerenciamento e distribuição das cargas.
a principal função da administração de materiais é ma- Se externa, envolve a contratação de transportadoras (ro-
ximizar o uso de recursos. Maximizar significa evi- doviárias, ferroviárias, aéreas ou marítimas).
tar o desperdício. Armazenagem e conservação: as funções de Ar-
mazenagem e Conservação envolvem todos os processos
2. ATIVIDADES BÁSICAS DA de recebimento das mercadorias, controle de qualidade
e fechamento contra o pedido de compra, catalogação
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E dos itens conforme codificação do estoque, armazena-
PATRIMÔNIO gem no local físico (localização) designado para os itens
e contabilização dos itens.
De acordo com Ballou (1993, p.61) uma boa adminis- Manipulação e Controle de estoques: As fun-
tração de materiais significa coordenar a movimen- -ções de Manipulação e Controle dos Estoques envolvem
tação de suprimentos com as exigências de operação. todos os processos de requisição e devolução de itens
Isto significa aplicar o conceito de custo total às ati- em seja para fabricação, consumo ou revenda. Cada um
vidades de suprimento de modo a tirar vantagem desses processos é composto por subprocessos legais.
da oposição das curvas de custo. Explico. O objetivo Caso a retirada de itens seja para venda e entrega em
da administração de matérias deve ser prover o material um cliente, um processo de emissão de notas fiscais para
certo, no local de operação certo, no instante correto e circulação de mercadorias (pode ser o faturamento dire-
em condição utilizável ao custo mínimo. to) deve ser incluído para esta função.
Esse é o objetivo principal da administração de mate- Segundo Chiavenato a administração materiais “en-
riais. Porém, para alcançar esse objetivo primário, a ges- volve a totalidade dos fluxos de materiais da empresa,
tão de materiais contém objetivos secundários, a saber: desde a programação de materiais, compras, recepção,
armazenamento no almoxarifado, movimentação de ma-
térias, transporte interno e armazenamento no depósito
de produtos acabados”.
O autor também diz que os principais desafios da ad-
ministração de materiais é o armazenamento e a logísti-
ca para distribuição destes.
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Por exemplo: área de vendas enseja ter um estoque a normaliza-ção, padronização e classifi-
máximo, a fim de atender a seus clientes, porém, sob o cação de materiais;
enfoque financeiro, estoque máximo é custo. É aí que
Subsistema de controle, que inclui a
entra a administração de materiais. A ARM visa mini-
mizar o conflito existente entre as áreas-fim e as áre- gestão e valoração de estoques;
as-meio de uma organização, como a área de compras e Subsistema de aquisição, que inclui a
a área financeira. aquisição e alienação de materiais; e
Quer dizer então que a área de administração de ma-
Subsistema de armazenamento, que in-
teriais atuar como conciliadora de interesses conflitantes
entre as áreas de vendas e de administração financeira? clui o armaze-namento propriamente dito;
Exatamente! o recebimento, inspeção e controle de qua-
lidade; e movimentação e transporte.

E o que isso tudo quer dizer?


Quer dizer que dentro de um processo de produção, a
administração de materiais precisa coordenar:

Quantidade Deve sempre manter uma


quantidade mínima para suprir
a demanda
Essa atuação da Administração de Materiais, segun-
do MARTINS (2005, p.5) engloba a sequência de opera- Tempo O material deve estar disponí-
vel sempre que for necessário
ções que tem seu início na identificação do fornecedor,
na compra do bem, transporte do bem do fornecedor à Localização O material deve estar no lo-
cal certo, no tempo certo e na
empresa, em seu recebimento, sua movimentação inter- quantidade certa. Por isso, a lo-
na e armazenagem, em seu transporte durante o proces- calização deve ser próxima de
so produtivo, em sua armazenagem como produto aca- seu local de uso
bado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor
final, ou seja, em todas as etapas compreende o agru- Essa coordenação de forma eficiente avoca diver-
pamento de materiais de várias origens e a coordenação sas vantagens para a empresa. Ammer (1979) apresente
554 dessa atividade com a demanda de produtos ou serviços apresenta nove principais benefícios:
da empresa. Preço Baixo - Reduzir o preço de compra implica
Infere-se desse contexto, que há dois fluxos perma- em aumentar os lucros, se mantida a mesma qualidade;
nentes. Um de informações e outro de materiais: Alto Giro de Estoques - implica em melhor utili-
zação do capital, aumentando o retorno sobre os investi-
mentos e reduzindo o valor do capital de giro;
Baixo Custo de Aquisição e Posse - dependem
fundamentalmente da eficácia das áreas de Controle de
Estoques, Armazenamento e Compras;
Continuidade de Fornecimento - é resultado de
uma análise criteriosa quando da escolha dos fornecedo-
res. Os custos de produção, expedição e transportes são
afetados diretamente por este item;
Consistência de Qualidade - a área de materiais é
Isso seria o gerenciamento integrado da cadeia responsável apenas pela qualidade de materiais e servi-
de suprimentos. Martins (2009) o define como um ços provenientes de fornecedores externos. Em algumas
enfoque integrado com foco nos processos, objetivan- empresas a qualidade dos produtos e/ou serviços cons-
do produzir e entregar produtos e serviços aos clientes. tituem-se no único objetivo da Gerência de Materiais;
Esta cadeia de suprimentos integrada contempla subfor- Despesas com Pessoal - obtenção de melhores
necedores, fornecedores, operações internas de trans- resultados com a mesma despesa ou, mesmo resultado
formações, estocagens e distribuição, cobrindo também com menor despesa - em ambos os casos o objetivo é
o gerenciamento do fluxo de materiais, informações e obter maior lucro final. As vezes compensa investir mais
fundos. em pessoal porque pode-se alcançar com isto outros
objetivos, propiciando maior benefício com relação aos
custos;
Importante: Segundo Razzolini Relações Favoráveis com Fornecedores - a posi-
Filho (2012), a área de administração de ção de uma empresa no mundo dos negócios é, em alto
materiais pode ser sintetizada da seguinte grau determinada pela maneira como negocia com seus
fornecedores;
forma:
Aperfeiçoamento de Pessoal - toda unidade deve
Subsistema de normalização, que inclui
CAPÍTULO 02 - Atividades Básicas da Administração de Material e Patrimônio

estar interessada em aumentar a aptidão de seu pessoal; e da programação de material, compreendendo a análi-
Bons Registros - são considerados como o objetivo se, a previsão, o controle e o ressuprimento de material.
primário, pois contribuem para o papel da Administra- O estoque é necessário para que o processo de produ-
ção de Material, na sobrevivência e nos lucros da empre- ção-venda da empresa opere com um número mínimo
sa, de forma indireta. de preocupações e desníveis. Os estoques podem ser de:
LEVE O SEGUINTE PARA SUA PROVA: matéria-prima, produtos em fabricação e produtos
• A administração de materiais visa a colocar acabados. O setor de controle de estoque acompanha e
os materiais necessários na quantidade certa, no controla o nível de estoque e o investimento financeiro
local certo e no tempo certo à disposição dos ór- envolvido.
gãos que compõem o processo produtivo da em- Classificação de Material - subsistema responsá-
presa. vel pela identificação (especificação), classificação, codi-
• Além do controle de estoques, a área de ges- ficação, cadastramento e catalogação de material.
tão de materiais engloba as atividades de compra, Compra de Material - subsistema responsável pela
almoxarifado, movimentação e distribuição de gestão, negociação e contratação de compras de mate-
materiais rial através do processo de licitação. O setor de Compras
• Uma das funções precípuas do administra- preocupa-se sobremaneira com o estoque de matéria-
dor de materiais é otimizar o uso dos recursos -prima.
envolvidos na área logística da empresa, visando Armazenagem/Almoxarifado - subsistema res-
economia e eficiência. ponsável pela gestão física dos estoques, compreenden-
do as atividades de guarda, preservação, embalagem, re-
Ciclo da Administração de Recursos cepção e expedição de material, segundo determinadas
normas e métodos de armazenamento. O Almoxarifado
Materiais é o responsável pela guarda física dos materiais em es-
toque, com exceção dos produtos em processo. É o local
O "ciclo da administração de materiais" envolve o onde ficam armazenados os produtos, para atender a
conjunto de atividades que permite o planejamento e a produção e os materiais entregues pelos fornecedores.
operação de sistemas que envolvem as diversas etapas Movimentação de Material - subsistema encarre-
pelas quais passam tanto a matéria-prima como os pro- gado do controle e normalização das transações de re-
dutos acabados, desde o fornecedor, as fases intermediá- cebimento, fornecimento, devoluções, transferências de
rias, até o consumidor final. materiais e quaisquer outros tipos de movimentações de
Assim, uma visão completa que se permite fazer é a entrada e de saída de material. 555
seguinte: Inspeção de Recebimento - subsistema responsá-
vel pela verificação física e documental do recebimento
de material, podendo ainda encarregar-se da verificação
dos atributos qualitativos pelas normas de controle de
qualidade.
Cadastro - subsistema encarregado do cadastra-
mento de fornecedores, pesquisa de mercado e compras.

Conceito de Material e Patrimônio


Conforme Decreto no 99.658/1990 material é desig-
nação genérica de equipamentos, componentes, sobres-
salentes, acessórios, veículos em geral, matérias-primas
e outros itens empregados ou passíveis de emprego nas
Subsistemas da Administração de atividades dos órgãos e entidades públicas federais, in-
Materiais dependente de qualquer fator.

A Administração de Materiais é um sistema inte- Recursos materiais não são bens permanentes,
grado em que diversos subsistemas próprios interagem enquanto os recursos patrimoniais o são. Bens per-
para constituir um todo organizado. Destina-se a dotar a manentes consiste nos bens móveis de uma orga-
administração dos meios necessários ao suprimento de nização que, em razão de seu uso, não perde a sua
materiais imprescindíveis ao funcionamento da organi- identidade física ou tem durabilidade superior a 2
zação, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na anos¹. São artefatos do tipo: móveis em geral, com-
qualidade requerida e pelo menor custo. putadores, veículos etc.
Podemos estabelecer como subfunções típicas da Ad-
ministração de Materiais, além de outras mais específi- De acordo com Martins (2005, p. 6), patrimônio se
cas de organizações mais complexas: apresenta como “um conjunto de bens, valores, di-
Controle de Estoque - subsistema responsável pela reitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica
gestão econômica dos estoques, através do planejamento ¹Portaria 448/2002 da Secretaria do Tesouro Nacional.
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

que possa ser avaliado pecuniariamente e que seja São dívidas, valores a serem pagos a terceiros (em-
utilizado na consecução de seus objetivos sociais”. presa ou pessoa física). Fazem parte do PASSIVO. Quan-
do se compra um bem a prazo, ele integra-se ao patri-
Patrimônio da Empresas e Patrimônio mônio a partir do momento que o fornecedor o entrega.
Como foi uma venda a prazo, a empresa passa a ter uma
Público obrigação com o fornecedor, representada por uma con-
ta a pagar equivalente ao preço do bem. Assim como
A definição de patrimônio é sem dúvida mais com- aumenta de um lado o Ativo (bem) da empresa, de outro
plexa do que a de material. Segundo Cezar Fiúza “patri- lado aumenta o Passivo (obrigação) da empresa.
mônio é considerado um complexo de direitos e obriga- Exemplos de Obrigações: salários a pagar, aluguéis
ções de uma pessoa, suscetível de avaliação econômica, a pagar, contas a pagar, Fornecedores ou Duplicatas a
integra a esfera patrimonial das pessoas, sejam elas na- pagar (referente a compra de mercadorias a prazo), im-
turais ou jurídicas” (FIÚZA, 2004, p.184). postos a pagar (ou impostos a recolher), etc.
Cabe à disciplina de contabilidade demonstrar de Material Permanente x Material de Consumo
maneira analítica suas peculiaridades. À Administração A classificação de um bem como permanente ou de
de Materiais cabe pegar esses conceitos emprestados e consumo é, predominantemente, uma classificação con-
apresenta-los de forma sintética. tábil, pois é referente à Natureza de Despesa, no âmbito
do Sistema Integrado de Administração Financeira do
Bens Governo Federal (SIAFI). De modo geral, podemos traçar
São bens qualquer coisa que tem valor econômico e as seguintes definições:
que é utilizado para satisfazer as necessidades de pes-
soas e empresas na realização do seu objetivo. Os bens Material de Consumo É aquele que, em razão de seu
uso corrente, perde normal-
classificam-se em: mente sua identidade física e/
Bens Móveis - São móveis os bens passíveis ou tem sua utilização limitada a
de remoção sem dano, seja por força própria ou dois anos.
por força alheia. Ou seja, objetos concretos, pal-
Material Permanente É aquele que, em razão de seu
páveis, físicos, que não são fixos ao solo. Ex.: di- uso corrente, não perde sua
nheiro, veículos, móveis, utensílios, máquinas, identidade física, mesmo quan-
estoques, animais (que possuem movimentos pró- do incorporado a outro bem, e/
ou apresenta uma durabilidade
prios, semoventes), etc. superior a dois anos.
556
Bens Imóveis - São imóveis os bens que não
podem ser retirados de seu lugar natural (solo e
A Portaria 448/2002 da Secretaria do Tesouro Na-
subsolo) sem destruição ou dano, ou seja, aqueles
cional apresenta algumas condições excludentes para a
que, para serem deslocados, terão de ser total ou
classificação de um bem como permanente. Assim, é
parcialmente destruídos (pois são fixos ao solo).
material de consumo aquele que se enquadrar em um
Ex.: árvores, edifícios, terrenos, construções, etc.
ou mais dos seguintes quesitos:
Bens Tangíveis - Também chamados de
bens corpóreos e bens materiais, são tangíveis os “Art. 3º - Na classificação da despesa serão adotados os
bens que constituem uma forma física, bens con- seguintes parâmetros excludentes, tomados em conjunto,
cretos, que podem ser tocados. Ex.: veículos, ter- para a identificação do material permanente:
renos, dinheiro, móveis e utensílios, estoques, etc. I - Durabilidade, quando o material em uso normal per-
de ou tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no
Bens Intangíveis - Também chamados de prazo máximo de dois anos;
bens incorpóreos e bens imateriais, são intangí- II - Fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modifi-
veis os bens que não constituem uma realidade cação, por ser quebradiço ou deformável, caracterizando-se
física e que não podem ser tocados. Ex.: nome pela irrecuperabilidade e/ou perda de sua identidade;
III - Perecibilidade, quando sujeito a modificações (quí-
comercial (marca), patente de invenção, ponto co- micas ou físicas) ou que se deteriora ou perde sua caracte-
mercial, o domínio de internet, etc. rística normal de uso;
IV - Incorporabilidade, quando destinado à incorpora-
Direitos ção a outro bem, não podendo ser retirado sem prejuízo das
características do principal; e
São os recursos que a empresa tem a receber e que V - Transformabilidade, quando adquirido para fim de
gerarão benefícios presentes ou futuros. É o poder de transformação.”
exigir alguma coisa. Pode ser, por exemplo, o valor que
uma empresa receberá decorrente de uma venda a pra- Correia (2009) ainda elenca outras características
zo. O comprador já levou a mercadoria, porém ainda não dos bens permanentes:
pagou, então a empresa tem o direito de receber o valor Não ser caracterizado como material de con-
correspondente. Fazem parte do ATIVO (patrimônio bru- sumo.
to). Não ser peça de reposição.
Exemplos de direitos: duplicatas a receber, salários Ter seu prazo de vida útil superior a 02 (dois)
a receber, aluguéis a receber, contas a receber, títulos a anos conforme o artigo 15, parágrafo 2º, da Lei nº
receber, etc. 4.320/64
Obrigações
CAPÍTULO 02 - Atividades Básicas da Administração de Material e Patrimônio

to de uso de marca, fórmula, imagem).


Vida útil é o período de tempo em que o bem • Materiais: quando possuem substância mate-
consegue exercer as funções que dele se espera e rial, palpável (mesa, cadeira, veículo).
depende de como o bem foi utilizado e mantido. A • Imateriais: os que não possuem matéria
vida útil diz respeito à capacidade física de produção (como registros de jazidas, e projetos de produtos).
de certo equipamento. • Tangíveis: quando possuem substância ou
Falando e vida útil, podemos falar de deprecia- massa (caneta, folha de papel).
ção. Este, corresponde à diminuição do valor do bem • Intangíveis: são os que não possuem substân-
resultante do desgaste pelo uso ou pelo tempo. cia ou massa (como patentes e direitos autorais).

Quanto ao patrimônio público, o que muda é basi- MOBILIDADE


camente seu dono e finalidade. De acordo com a Garcia • Móveis: quando podem ser deslocados sem
(2004), patrimônio público é o conjunto de bens e direi- alteração de sua forma física (móveis e utensílios,
tos que pertence a todos e não a um determinado indiví- máquinas e veículos).
duo ou entidade, é um direito difuso, um transindividual, • Imóveis: quando não podem ser deslocados
de natureza indivisível de que são titulares pessoas inde- sem perder sua forma física (prédios, pontes) ou
terminadas e ligadas pelo fato de serem cidadãos, serem não podem ser locomovidos (terrenos).
o povo, para o qual o Estado e a Administração existem.
DIVISIBILIDADE
Os Bens Públicos são todos aqueles que pertence • Divisíveis: quando podem ser divididos sem
à Administração Pública, de forma direta ou indire- que as partes percam sua característica inicial
ta. Por sua vez, todos os demais bens são considera- (terrenos, lotes, fazendas).
dos particulares. • Indivisíveis: quando não tem possibilidade
de divisão, constituindo uma unidade (automóvel).
Para AMARAL (2006, p.334) bens públicos são as coi-
sas corpóreas ou incorpóreas pertencentes ao Estado, ou FUNGIBILIDADE
seja, as pessoas jurídicas de direito público interno. Bens • Fungíveis: podem ser substituídos por outro
particulares são os outros, seja qual for a pessoa a que da mesma natureza (commodities: trigo, algodão,
pertencerem. arroz e ouro).
O código civil demonstra que a destinação do bem é • Infungíveis: Insubstituíveis, únicos
utilizada para a classificação dos bens públicos: 557

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional per-


Patrimônio Imobiliário e Patrimônio
tencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; to- Mobiliário
dos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
Patrimônio Imobiliário - São bens imóveis aque-
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, es- les que se forem movidos perdem sua forma física, ou
tradas, ruas e praças; que não podem ser deslocados. À luz do Código Civil:
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos
destinados a serviço ou estabelecimento da administração Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de incorporar natural ou artificialmente.
suas autarquias; Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os as-
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito seguram;
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. II - o direito à sucessão aberta.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, con- Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
sideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas ju- I - as edificações que, separadas do solo, mas conservan-
rídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de do a sua unidade, forem removidas para outro local;
direito privado. II - os materiais provisoriamente separados de um pré-
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de dio, para nele se reempregarem.
uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser aliena- Patrimônio Mobiliário - Constitui-se dos bens mó-
dos, observadas as exigências da lei. veis. São aqueles que podem ser movimentados sem que
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. percam sua constituição física. Também são chamados
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gra-
tuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente
de inventariáveis, imobilizados no ativo não circulante,
pela entidade a cuja administração pertencerem depreciados ou amortizados em função de sua vida útil.
À luz do Código Civil:
Martins (2005) ensina outras classificações:
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento
MATÉRIA próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da
• Corpóreos: quando possui uma forma identi- substância ou da destinação econômico-social.
ficável, um corpo. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
• Incorpóreos: são os bens não constituídos de I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações cor-
matéria, não possuem corpo ou forma(como direi- respondentes;
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e res- ao invés de tentar, em vão, lidar com uma infinidade de
pectivas ações. itens de materiais.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção,
enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade Um sistema de classificação deve ser detentor de al-
de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da guns atributos para que seja eficiente. Segundo Viana
demolição de algum prédio. (2000), essas qualidades são:
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Abrangência A classificação deve abordar
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso impor- uma série de características dos
ta destruição imediata da própria substância, sendo também materiais, caracterizando-os de
considerados tais os destinados à alienação. forma abrangente. Aspectos
físicos, financeiros, contábeis.
São todos fundamentais em um
(CESPE – 2014 – Antaq) sistema de classificação abran-
Os bens de uma empresa são considerados re- gente.
cursos patrimoniais e são classificados, quanto à
sua mobilidade, como móveis, imóveis, corpóreos e Praticidade A classificação deve ser simples
e direta, sem demandar do ges-
incorpóreos. tor procedimentos complexos

Comentários Flexibilidade Segundo Viana (2000), um sis-


tema de classificação flexível é
É consenso que, quanto à mobilidade, os bens se clas- aquele que permite interfaces
sificam em: móveis e imóveis. entre os diversos tipos de clas-
Bens móveis são os bens suscetíveis de movimento sificação, de modo a obter uma
visão ampla da gestão de esto-
próprio, ou de remoção por força alheia, sem altera- ques. Enquanto a abrangência
ção da substância ou da destinação econômico-social tem a ver com as característi-
(CC/2002, art. 82). cas do material, a flexibilidade
Bens imóveis são as coisas que se não podem trans- refere-se à “comunicação” entre
os tipos
portar, sem destruição, de um para outro lugar.
A classificação que alcança os bens corpóreos e in-
corpóreos é quanto à materialidade do bem. A classificação é o processo de aglutinação de
Bens corpóreos são os que têm existência concreta, materiais por características semelhantes, no qual
perceptível pelos sentidos. são utilizados os critérios de abrangência, flexibili-
Bens incorpóreos são os que têm existência abstrata, dade e praticidade.
558 intelectual.
Além das qualidades acima, um sistema de classifi-
GABARITO: Errado cação de materiais deve ter certos princípios, os quais
dão as características específicas para cada grupo na
classificação de materiais:
3. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
CATALOGAÇÃO Arrolamento de todos os itens
de material existentes em esto-
A Administração de Materiais é um conjunto de ati- que, permitindo uma ideia geral
vidades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma do conjunto
centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas
SIMPLIFICAÇÃO Redução da diversidade de
unidades. Um de seus subsistemas é o de classi- itens de material em estoque
ficação de materiais, que aglutina os materiais em es- que se destinam a um mesmo
toque por características semelhantes. Os estoques de fim. Caso existam dois itens de
material que são empregados
classificação “materiais críticos” são aqueles que preci- para a mesma finalidade, com o
sam ser bem planejados, devido a especificidades rela- mesmo resultado – indiferente-
cionadas a problemas de obtenção, razões econômicas, mente, opta-se pela inclusão no
previsão, segurança, armazenagem e transporte. ´ catálogo de materiais de ape-
nas um deles. A simplificação
A classificação é necessária para aperfeiçoar o con- é uma etapa que antecede a
trole dos estoques, visando à identificação, codificação e padronização
catalogação de todos os itens da empresa.
ESPEDIFICAÇÃO Minuciosa do material, possi-
bilitando sua individualização
Segundo Fernandes (1981) “A classificação de mate- em uma linguagem familiar ao
riais surge por necessidade, uma vez que com o aumen- mercado
to da industrialização e da introdução da produção em
série, foi necessário, para que não ocorressem falhas de
produção devido à inexistência ou insuficiência de peças
em estoque”.
Trata-se de um procedimento de unir de materiais
por características parecidas, servindo de informação
gerencial ao administrador de materiais, que se torna
capaz de voltar sua atenção a determinadas categorias,
CAPÍTULO 03 - Classificação de Materiais

samento, ou seja, são os que estão sendo processados ao


NORMALIZAÇÃO Estabelecimento de normas
técnicas para os itens de mate- longo do processo produtivo. Não estão mais no almoxa-
rial em si, ou para seu emprego rifado porque já não são mais matérias-primas, nem no
com segurança. Pode-se dizer, estoque final porque ainda não são produtos acabados.
da mesma forma, que a nor-
malização de itens de material
Produtos acabados: produtos já prontos.
é necessária para a consecução Materiais de manutenção: materiais usados em ma-
da padronização em sua com- nutenção.
pletude. A entidade oficial de Materiais improdutivos: materiais que não fazem
normalização no Brasil é a As-
sociação Brasileira de Normas
parte do produto no processo produtivo.
Técnicas (ABNT); Materiais de consumo geral: materiais de consumo,
aplicados em diversos setores da empresa.
PADRONIZAÇÃO Uniformização do emprego e
Quanto ao valor econômico:
do tipo do material. Facilita o
diálogo com o mercado, facilita Para que se se tenha sucesso na gestão de estoques
o controle, permite a intercam- é necessário que se separe de forma clara, aquilo que
bialidade de sobressalentes ou é essencial do que é secundário em termos de valor de
demais materiais de consumo
(peças, cartuchos de impresso-
consumo. Para isso, existe a chamada de curva ABC ou
ras padronizadas, bobinas de Curva de Pareto. Nessa é determinado à importância dos
fax etc.); materiais em função do valor expresso pelo próprio con-
sumo em determinado período.
CODIFICAÇÃO Atribuição de uma série de nú-
meros e/ou letras a cada item Para Gonçalves (2007), o principal objetivo da análise
de material, de forma que essa ABC é identificar os itens de maior valor de demanda e
informação, compilada em um sobre eles exercer uma gestão mais refinada, especial-
único código, represente as ca-
mente por representarem altos valores de investimentos
racterísticas do item. Cada item
terá, assim, um único código e, muitas vezes, com impactos estratégicos para a sobre-
vivência da organização.
O sistema de classificação é de extrema importância Materiais A Materiais de grande valor de
para qualquer área de controle de materiais, pois, não consumo
havendo um sistema eficiente, não há como existir um Materiais B Materiais de médio valor de
planejamento de estoques, compras e despachos corre- consumo
tos, nem mesmo controle de utilidade dos itens.
Materiais C Materiais de baixo valor de con- 559
Existem inúmeros critérios para a classificação de sumo
materiais. Tais critérios são determinados com base nas
informações do gestor de materiais. Vejamos quais os Os percentuais aproximados (e não fixos) são os rela-
principais tipos de classificação²: cionados abaixo:
Por tipo de demanda: é de grande uso nas empre-
sas. A mesma se divide em: CLASSE % do critério % Qtde aproximada
selecionado em estoque
Materiais NÃO de es- São materiais que tem a de-
toque manda imprevisível e não há A 80% 20%
parâmetros para o ressupri-
mento. Esses materiais são de B 15% 30%
consumo imediato, ou seja, são
adquiridos quando há demanda C 5% 50%
e imediatamente consumidos,
não havendo regularidade de
A CURVA ABC baseia-se no princípio de que a maior
consumo nem de compra.
parte do investimento está concentrada em um pequeno
Materiais de estoque São materiais que devem exis- número de itens. Aplicando-se este conceito à gestão de
tir nos estoques para uso atual estoques, obtemos uma ferramenta de gestão de esto-
e futuro. Geralmente, para que
não haja falta são criados me- ques, através da qual é possível a identificação dos itens
canismos de ressuprimento au- de maior valor financeiro em estoque (ou maior valor
tomático. de demanda), e sobre eles exercer uma gestão mais re-
finada.
Os materiais de estoque se subdividem em: Quanto à importância operacional:
Quanto à aplicação: Esta classificação aprecia a imprescindibilidade ou
Materiais produtivos: É todo material ligado direta ou ainda o grau de dificuldade para se obter o material.
indiretamente ao processo produtivo.
Materiais X Materiais de aplicação não im-
Matérias primas: São os materiais básicos e insumos portante, com similares na em-
que compõem os itens iniciais e fazem parte do processo presa
produtivo.
Materiais Y Materiais de média importância
Produtos em fabricação: São os materiais em pro-ces- para a empresa, com ou sem si-
milar
²VIANNA, 2006, p. 62
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Materiais Z Materiais de tal importância Fazer ou comprar Fazer internamente: fabricados


que, sem similar na empresa, na empresa
sua falta causa paralisação da
produção Comprar: adquiridos no mer-
cado

Para essa classificação, deve-se responder o seguinte: Decisão de comprar ou fazer.


Sujeito à análise de custos
É im- Fácil Existe A compra Classe
pres- Aqui- simi- do original/ Recondicionar: materiais pas-
síveis de recuperação sujeito a
cin- si- lar? similar é análise de custos
dível? ção? fácil?
SIM NÃO NÃO - z Nesse contexto de decidir entre comprar ou fazer –
SIM SIM NÃO - y
que é tomada pela alta cúpula, há duas possíveis estra-
tégias:
NÃO NÃO SIM NÃO y
Verticalização Tenta-se produzir internamen-
SIM SIM SIM SIM x te tudo o que for utilizado na
em-presa
NÃO SIM SIM SIM x
Horizontalização Compra-se o máximo possível
de itens que compõem o produ-
Materiais Críticos - Classificação que é muito uti- to final da empresa, mantendo
lizada por indústrias. São materiais com sua reposição na empresa apenas os proces-
específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de sos fundamentais (core pro-
estocar tem como base o risco. A quantidade de material cesses)
classificada como crítico deve ser mínimo. Os materiais
são classificados como críticos segundo os seguintes cri- Materiais permanentes ou de consumo:
térios: Esta é basicamente uma classificação contábil, pois
• Críticos por problemas de obtenção: material se refere à natureza de despesa, no âmbito do SIAFI.
importado; único fornecedor; falta no mercado;
Material de Consumo Em razão de seu uso rotineiro,
estratégico e de difícil obtenção ou fabricação; normalmente perde a identida-
• Críticos por razões econômicas: materiais de de física e tem sua utilização
valor elevado com alto custo de armazenagem ou limitada a dois anos
560
de transporte; Material Permanente É aquele que, mesmo em razão
• Críticos por problemas de armazenagem ou de seu uso rotineiro, não perda
transporte: materiais perecíveis, de alta periculo- a identidade física, tendo dura-
bilidade superior a dois anos.
sidade, elevado peso ou grandes dimensões;
• Críticos por problema de previsão: ser difícil
prever seu uso; Dificuldade de Aquisição
• Críticos por razões de segurança: materiais Os materiais podem ser classificados pelo grau de di-
de alto custo de reposição ou para equipamento ficuldade de serem encontrados no mercado para aqui-
vital da produção. sição:
Perecibilidade - Diz-se perecível aquele material Fabricação Especial Envolve encomendas especiais
com a possibilidade de extinção de suas propriedades com cronograma de fabricação
físico-químicas, geralmente pelo fator tempo. assim, longo
quando a empresa adquire um material para ser usado Escassez no mercado Há pouca oferta no mercado e
em um período, e nesse período o consumo não ocorre, pode colocar em risco o proces-
sua utilização poderá não ser mais necessária, o que in- so produtivo
viabiliza a estocagem por longos períodos. Sazonalidade Há alteração da oferta do mate-
Quanto à possibilidade de se extinguirem, os mate- rial em determinados períodos
riais podem ser classificados em perecíveis e não pere- do ano
cíveis. Monopólio ou tecnolo- Dependência de um único for-
Periculosidade - O uso dessa classificação permite gia exclusiva necedor
a identificação de materiais que devido a suas caracte-
rísticas físico-químicas, podem oferecer risco à seguran- Logística Sofisticada Material de transporte especial,
ou difícil acesso
ça, seja ela no manuseio, transporte, armazenagem.
Possibilidade de fazer ou comprar - Esta classi- Importações Os materiais sofrer entraves
ficação visa determinar quais os materiais que poderão burocráticos, liberação de ver-
bas ou financiamentos externos
ser recondicionados, fabricados internamente ou com-
prados:
CAPÍTULO 03 - Classificação de Materiais

QUADRO SINÓPTICO DOS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO


CLASSIF OBJETIVO VANTAGEM DESVANTAGEM APLICAÇÃO
Valor de consumo Materiais de maior valor Demonstrar os materiais Não fornece análise de Fundamental. Deve ser
(consumo) método ABC de grande investimento importância ope-racional utilizada em conjunto
no estoque com importância opera-
cional

Importância operacional Importância dos mate- Demonstra os materi-ais Não fornece análise eco- Fundamental. Deve ser
riais para funcionamento vitais para a em-presa nômica dos estoques utilizada em conjunto
da empresa com valor de consumo

Perecibilidade Se o material é perecível Identifica os materiais sujeitos à perda por perecimen- Básica. Deve ser utili-za-
ou não to, facilitando armazenagem e movimentação. da com classificação de
periculosidade

Periculosidade Grau de periculosidade Determina incompatibilidade com os outros materiais, Básica. Deve ser utili-za-
de material facilitando armazenagem e movi-mentação. da com a classificação de
perecibilidade

Fazer ou comprar Se o material deve ser Facilita a organização da programação e planejamento Complementar para os
comprado, fabricado in- de compras procedimentos de com-
ternamente ou recondi- pras
cionado.

Dificuldade de aquisição Materiais de fácil ou difí- Agiliza a reposição de estoques Complementar para os
cil aquisição procedimentos de com-
pras

(CESPE - 2014 – ICMBIO) A classificação por tipo de demanda é uma classifi-


A abrangência, a flexibilidade e a praticidade cação bastante utilizada nas empresas. Ela se divide em
constituem atributos para a classificação de mate- materiais não de estoque e materiais de estoque.
riais. - Materiais não de estoque
São materiais de demanda imprevisível para os quais
COMENTÁRIOS: Ao se cadastrar os materiais deve- não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Es-
-mos levar em consideração três atributos: ses materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a 561
- Abrangência: o sistema de classificação deve abran- inexistência de regularidade de consumo faz com que
ger a totalidade dos materiais de uma organização. a compra desses materiais somente seja feita por solici-
- Flexibilidade: o sistema de classificação deve se tação direta do usuário, na ocasião em que isso se faça
adaptar a novas condições. necessário.
- Praticidade: o sistema de classificação deve ser prá- O usuário é que solicita sua aquisição quando ne-
tico, ou seja, de fácil compreensão e utilização. cessário. Devem ser comprados para uso imediato e se
forem utilizados posteriormente, devem ficar tempora-
Gabarito: CORRETA. riamente no estoque.
- Materiais de estoques
TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO São materiais que devem sempre existir nos esto-
-ques para uso futuro e para que não haja sua falta são
Existem diferentes maneiras de se classificar o ma- criadas regras e critérios de ressuprimento automático.
terial dentro das organizações, cada uma poderá adotar Devem existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
seu critério. Alguns dos critérios para tal classificação automático, com base na demanda prevista e na impor-
estão relacionados abaixo: tância para a empresa. Os materiais de estoque se sub-
Para Viana (2006, p.52-63) os principais tipos de clas- dividem ainda:
sificação são: Quanto à aplicação
a. Por tipo e demanda Quanto ao valor de consumo
b. Materiais Críticos Quanto à importância operacional
c. Perecibilidade
d. Periculosidade Quanto à aplicação eles podem ser:
e. Possibilidade de fazer ou comprar • Materiais produtivos: compreendem todo
f. Tipos de estocagem material ligado direta ou indiretamente ao pro-
g. Dificuldade de aquisição cesso produtivo (madeira em indústria de móveis).
h. Mercado fornecedor • Matérias primas: materiais básicos e insumos
que constituem os itens iniciais e fazem parte do
Agora vamos entrar no detalhe de cada tipo de clas- processo produtivo (bancos de carros na indústria
sificação para melhorar o entendimento: automotiva).
a. Por tipo de demanda • Produtos em fabricação (intermediário):
também conhecidos como materiais em proces-
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

samento são os que estão sendo processados ao estoque:


longo do processo produtivo. Não estão mais no
almoxarifado porque já não são mais matérias-
-primas, nem no estoque final porque ainda não
são produtos acabados.
• Produtos acabados: produtos já prontos (ca-
deira, computador).
• Materiais de manutenção: materiais aplica-
dos em manutenção com utilização repetitiva (ro-
lamentos, buchas)
• Materiais improdutivos: materiais não incor-
porados ao produto no processo produtivo da em-
presa (óleo, gás)
• Materiais de consumo geral: materiais de De forma geral, os itens A correspondem a apenas
con-sumo, aplicados em diversos setores da em- 20% do quantitativo de materiais em estoque. No en-
presa (material de escritório). tanto, apesar dos poucos itens em estoque, esses itens
somam aproximadamente 80% do valor acumulado nos
Quanto ao valor do consumo: almoxarifados. Assim, concluímos que os itens A pos-
Para que se alcance a eficácia na gestão de estoque suem as características de “poucos itens em estoque e
é necessário que se separe de forma clara, aquilo que alto valor de consumo acumulado”.
é essencial do que é secundário em termos de valor de A Classificação ABC é uma ferramenta de gestão de
consumo. Para fazer essa separação nós contamos com estoques, através da qual é possível a identificação dos
uma ferramenta chamada de curva ABC ou Curva de itens de maior valor financeiro em estoque (ou maior va-
Pareto, ela determina a importância dos materiais em lor de demanda), e sobre eles exercer uma gestão mais
função do valor expresso pelo próprio consumo em de- refinada.
-terminado período. Quanto à importância operacional:
O Método da Curva ABC ou Princípio de Pareto (ou, Esta classificação leva em conta a imprescindibilida-
ainda, Curva 80-20), é uma ferramenta segundo a qual de ou ainda o grau de dificuldade para se obter o mate-
os itens de material em estoque são classificados de rial. Os materiais são classificados em materiais:
acordo com sua importância, geralmente financeira. • Materiais X: materiais de aplicação não im-
562 O principal objetivo da análise ABC é identificar os portante, com similares na empresa;
itens de maior valor de demanda e sobre eles exercer • Materiais Y: materiais de média importân-
uma gestão mais refinada, especialmente por represen- cia para a empresa, com ou sem similar;
tarem altos valores de investimentos e, muitas vezes, com • Materiais Z: materiais de importância vital,
impactos estratégicos para a sobrevivência da organiza- sem similar na empresa, e sua falta ocasiona pa-
ção. Devemos frisar que, na sistemática da Curva ABC, ralisação da produção.
os itens de material em estoque são usualmente classi-
ficados de acordo com seu valor financeiro, mas existe Quando ocorre a falta no estoque de materiais clas-
a possibilidade de adoção de outros critérios, como, por sificados como “Z”, eles provocam a paralisação de ativi-
exemplo, impacto na linha de produção, ou, itens mais dades essenciais e podem colocar em risco o ambiente,
requisitados pelos setores da organização. pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não
possuem substitutos em curto prazo.
Os materiais são classificados em materiais: Os materiais classificados como “Y” são também im-
• Materiais A: materiais de grande valor de prescindíveis para as atividades da organização. Entre-
consumo - itens de maior relevância tanto podem ser facilmente substituídos em curto prazo.
• Materiais B: materiais de médio valor de con- Os itens “X” por sua vez são aqueles que não para-
-sumo - itens de importância intermediária lisam atividades essenciais, não oferecem riscos à se-
• Materiais C: materiais de baixo valor de con- gurança das pessoas, ao ambiente ou ao patrimônio da
sumo - itens de menor relevância em estoque organização e são facilmente substituíveis por equiva-
lentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
classe % critério % quantidade Uma desvantagem de se utilizar a classificação de
selecionado aproximada materiais do tipo importância operacional é que ela não
em estoque fornece análise econômica dos estoques.
A 80% 20%
b) Materiais Críticos
B 15% 30%

C 5% 50%
Esta classificação é muito utilizada por indústrias.
São materiais de reposição específica, cuja demanda não
é previsível e a decisão de estocar tem como base o risco.
A representação gráfica da curva ABC é apresentada
Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produ-
a seguir, adotando-se, como critério, o valor dos itens em

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