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Durante esses anos, em que participei de diversas aulas práticas do curso, foi e
ainda é perceptível a relação da técnica dentro do desenvolvimento do ator, sendo ela
entendida por mim, como a principal ponto de distinção das ações executadas para a arte
e as realizadas no cotidiano. Ainda é possível notar que principiando da exploração de
técnicas, o ator teria a munição necessária para investigar novas criações de modo
concreto, para assim, construir um repertório rico e acessível quando necessário.
A seleção de potencialidades dentro de novos processos de criação, esteve e está
muito presente durante meu desenvolvimento, seja como encenador ou como ator, desde
as escolhas de quais referências corporais me apropriarei para representar ações em
uma proposta, até a triagem de momentos da criação que se sobressaem.
Nas aulas, muitos são os momentos em que uma seleção se faz necessária, sendo
algumas resolvidas através da fisicalidade, imagem ou até intenção da cena. Embora as
soluções propostas, muitas vezes, pela própria situação são potentes, se pode entender
essas escolhas como uma ato violento para uma criação, pois excluí quais quer outras
possibilidades para se explorar dentro dela, como nos diz Anne Bogart(2011) no texto
“Violência”.
Em consonância, em especial no teatro contemporâneo, há necessidade de total
disponibilidade e atenção do ator durante um processo, pois agora ele possui uma
responsabilidade criadora. Entre suas atribuições está a percepção de potencialidades
que farão parte de uma composição única e individual, construída a partir das suas
práticas e referências corporais.
O ator, quando opta por algo durante um jogo está assumindo riscos, o mesmo
acontece durante as nossas criações nas aulas, assumimos nossas escolhas justificando
e ressignificando-as sempre que necessário. E querendo ou não, sempre espera-se a
reação do espectador para qualificar os significados propostos pela encenação, nessa
tensão das escolhas do ator contra a resposta do público, trago um das culminâncias da
criação.
Sendo assim, o trabalho do ator sempre está em desenvolver mecanismos que lhe
forneçam melhor clareza de suas escolhas, através de técnicas, imagens, vivências,
referências, fisicalidade e disponibilidade para a criação.
Referências
DIDEROT, Denis. Textos escolhidos. J. Guinsburg. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
Tradução e notas de Marilena de Souza Chauí.
BOGART, Anne. A preparação do diretor: sete ensaios sobre arte e teatro.
Wmfmartinsfontes, 2011.