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A situação:

Após esse primeiro turno das eleições, algo que já era intenso, se intensificou mais,
a polarização em conjunto a um sentimento de desespero e medo tomou conta da
moralidade social. Na visão popular os dois lados remanescentes se apresentam como
deuses e monstros, de um lado um ser divino integro, capaz, corajoso, enfrentou toda a
dominação mundial comunista, não se deixou abalar pela espada do infortúnio em sua
caminhada, é o salvador que a população precisa, não deixará brecha para a
bandidagem, retornará aos valores morais e éticos da doutrina cristã, protegerá toda a
República Brasileira contra uma possível ditadura comunista; preservará os valores da
família e da prátia, outrora destruída pela conduta dos homossexuais e feministas, pelos
ateus e progressistas; a ciência, essa ladainha mentirosa de homens que fazem parte da
Nova Ordem Mundial que controla junto aos judeus os bancos transnacionais e todo o
movimento esquerdista ao redor do globo, não ganhará corpo aqui no Brasil, o
criacionismo junto ao Design Inteligente, respondem de forma íntegra e coesa toda a
biologia, física, química, genética, etc.. todas as disciplinas e subdisciplinas acadêmicas
com base na única e verdadeira palavra do todo poderoso Deus nos únicos livros da
verdade e da perfeição a bíblia; e é assim que o salvador divino da pátria brasileira se
identifica na visão popular, como o Messias que retornará a velha ordem e disciplina que
foi quase destruída por anos e anos de governo esquerdista, governos socialistas.

Uma outra visão popular, que seria o monstro da primeira, se identifica como também o
salvador divino da pátria, o que não deixara o fascismo ganhar nas urnas, o que retornará
a todo o progresso feito nos 12 anos do governo anteriormente, colocara a República
Brasileira na visão do mercado internacional como país de “1º mundo”, colocará um prato
de comida na mesa dos famintos, é o governo perfeito, que equilibra os interesses dos
proprietários com as necessidades gerais dos despossuídos, que governa com
integridade e honestidade, lutará com veemência e força, já que mais da metade do
congresso nacional é formado por maioria conservadora e tradicionalista, enfrentará o
Golias sendo o Davi na mitologia, e para isso, precisa de toda a unificação das esquerdas
e centros, e toda a esperança dos votantes nulos e brancos e claro os que abstêm, para
derrotar o monstro, é necessário a força única da sociedade; não governará para ricos ou
pobres, mas sim, para a democracia, o que é e for melhor para o regime democrático e
para o progresso do país obviamente.

Essa visão pode parecer um conto infantojuvenil, ou até mesmo invenção, mas é o que
transparece nas mídias sociais e no dia-a-dia da população, ambos os lados na busca
desesperada por um salvador ou messias, um ser humano com o direito divino que
melhorará a situação do Brasil, que acabará com essa onda de violência, ódio, rancor e
claro, dará aos trabalhadores a chance de ir trabalhar e voltar do trabalho sem se
preocupar se vai ou não de fato retornará ao aconchego do seu maravilhoso lar, ao lado
de seus filhos ou suas filhas, junto a esposa, ou ao marido. Um salvador que coloque
ordem na sociedade, faça a economia progredir, no geral, que faça as coisas caminhar de
forma boa e honesta, porque o dito popular é “Chega de Corrupção”.

Essa é a situação que todos enxergam e querem enxergar, para assim não precisarem de
mais esforço mental, não mais do que já fazem no dia a dia, por que a verdadeira
situação, a que gera essa visão popular é muito mais ampla e totalmente contrária a um
salvador ou messias, a um indivíduo com poderes divinos ou um grupo homogêneo de
soluções simples; - A situação que se encontra a população de fato é a seguinte:
Querem melhorias rápidas, corretas, mas que, ao mesmo tempo não as faça fazer
mais do que já fazem, isso é, que não as faça ter que pedir, implorar e lutar pela
realização de suas necessidades, querem investimentos amplos na saúde, educação,
segurança, ciência e tecnologia, infraestrutura, saneamento básico, mas também, não
querem um aumento gradativo e penoso de impostos e taxas, querem soluções para um
problema estrutural (crime e segurança), querem um atendimento respeitoso e dinâmico
para uma situação emergencial (saúde), resumindo, a população quer as coisas e o
governo não consegue dar essas coisas de forma boa, com qualidade e com eficiência!
Através de uma crise imanentemente cíclica dos mercados liberais e da
organização social vinculada a propriedade privada, que cria problemas substanciais na
teia social, onde o desemprego, o medo de uma guerra, o medo da revolta popular, é
contaminado com a propaganda da pós-verdade diante as fakenews de uma ameaça
comunista, uma ditadura socialista, cria um tipo de ilusão-das-massas onde procuram a
solução dessas crises na preservação do mesmo sistema que as gera e administra, e
como os governos são incapazes de prover o atendimento das demandas sociais de
forma eficiente e qualitativa, a ignorância sendo o percursor dos próprios governos diante
isso, o estudo, organizado pelo Estado de nada adianta ou sana a ignorância, apenas a
compete em uma alegoria de ofício, onde no fim, você terá que servir a algum senhor ou
patrão dentro do mercado de trabalho, e por mais que você se esforce, as condições
econômicas do sistema capitalista o forçara a retornar a um emprego assalariado ou
permanecer de segunda a segunda sem descanso em empregos informais ou autônomos,
achando que com um regime liberal por exemplo, com a diminuição da burocracia e da
regulamentação, as coisas melhorariam, sem compreender de fato, que o regime liberal é
o sustentáculo e a própria enfermidade do sistema capitalista, que o liberalismo é incapaz
de resolver os problemas, pois ele é um dos principais articuladores dos mesmos; - o
Estado independente a forma que o governo seja e qual regime adotará, é o mesmo, faz
parte da administração da coisa-pública, cada regime que um governo adota, é para
administrar essa coisa, isso é, mais ou menos burocracia, mais ou menos
regulamentação, mais ou menos impostos ou taxas, a limitação da sua profissão ou ofício
é determinado pela coisa-pública que estará sempre nas mãos de um governo que
adotará o regime mais conveniente para lucrar e preservar o sistema de crises capitalista.

A soberania nacional será sempre mais importante e mais urgente que qualquer
forma de concepção econômica, o que quer dizer, que em Estados de guerra, Estados de
urgência, o Estado diante o governo que ali o administra, poderá tomar, tirar e aumentar
como queira suas terras, impostos, taxas, e em procedência normal, poderá através de
legislações, emendas, leis impor sua organização a qualquer tentativa de território
autônomo, já que a força elementar de qualquer Estado em qualquer regime a custo de
qualquer sociedade, é o exército e as forças nacionais, em nenhum regime o mais
despótico ou liberal, o mais constitucional ou socialista, conservador ou fascista, se mexe
nesse vespeiro autoritário, dado que, é por eles que a monopolização dos territórios, de
sua própria casa, terreno ou empresa é de ordem indireta ou não do Estado, é através
das forças armadas do Estado que governos com seus regimes políticos impõe e
sancionam sua cosmovisão autoritária diante a sociedade que ali administra, e quando
não é o governo pelo regime eleito, é através da ditadura militar que ali se colocam e
impõe sua visão autoritária, banindo e acabando com qualquer resistência ou força
popular que surge através do espírito livre e criativo de cada indivíduo, que não aceita a
condição de servir e obedecer cegamente.

Diante isso, temos algumas situações em que o povo, alienado pelos regimes
políticos, preso a seu lado animalesco e servil, condicionado a crer em salvadores e
messias, e de certa forma influenciado a fomentar esse lado animalesco e servil através
dos crimes e apatia perante outros indivíduos na mesma situação ou até mesmo pior, o
sistema se produz e reproduz na conduta ascética do espírito animalesco de competição
e inimizade entre todos contra todos, uma ação solidária ou honesta é vista por esse
espírito como especial e único, que logo se desfaz nas chamas da animalidade; - Guerra,
fome, genocídio, abusos, estupros, assassinatos, espionagem, mentiras, desonestidade,
nada disso surpreende o espírito animalesco, agora, solidariedade, cooperação, ajuda
mútua, honestidade, essas condutas em uma forma sincera e humana, é uma humilhação
ao espírito animalesco, que não consegue se desvencilhar da sua condição de servil e
esperançosa na salvação divina ou messiânica por outrem, não consegue retirar da sua
essência a visão ilusória que o outro é um inimigo em potencial, um competidor em
potencial, onde se eu não acabar com ele, ele acabará comigo, se eu não foder com ele,
ele foderá comigo, a visão do espírito animalesco é estreito e configurado a constituição
do sistema em que vive e que luta para salvar, já que, qualquer forma de mudança desse
sistema que alimenta o espírito animalesco é uma ameaça ao seu território, a sua própria
essência estrita e limitada! O sistema que faça-lhes ter interesse através de uma
organização social harmoniosa e solidaria a ser bom é vista com desdém e utopia, é vista
como um ataque a sua própria condição servil e patética, o medo, a ignorância e o receio
do novo e da responsabilidade é o que faz com que o espírito animalesco do homem não
dê lugar ao espírito humano, evolução desvirtuada pela organização social que preza pelo
espírito animalesco e servil do homem, e é incapaz de proporcionar um espírito de fato
humano e solidário.

Assim é a situação do animalesco homem, lutando com todas as suas forças para
escolher o deus a quem servirá, do lado direito ou esquerdo, do centro ou de fora dele, o
importante é o animalesco homem servir e obedecer, para que assim, sua animalidade
possa ser preservada e mostrada a todo instante diante a catástrofe do próprio sistema
que o alimenta.

A verdadeira situação do homem hoje é, preservar sua animalidade servil e obediente a


qualquer autoridade, para que não os faça evoluir a algo além de sua animalidade, a algo
além do temperamento servil e obediente, e a esse temperamento, muitos que enxergam
a humanidade do homem, se entorpecem em drogas e fantasias, para não quererem ser
os únicos a lutar pela humanidade existente nos animalescos homens, uma situação de
conservação da animalidade com a covardia do reconhecimento da humanidade do
homem.

A ilusão:

A situação foi apresentada, agora passaremos para a ilusão, essa ilusão é o que
seria a água do animalesco homem, é o que sacia sua sede depois de ser alimentado
pelo sistema, essa é a sede da ilusão, porque ilusão? Porque o animalesco é servil e
obediente, ele sempre estará atrás do que servir e obedecer, seja político, militar, social
ou divino, a natureza de todas as religiões, de todo o sistema autoritário e hierárquico, é a
ilusão, o animalesco homem não seria servil e obediente, se diante dele não tivesse nada
com o que amedronta-se, o medo da morte, a finitude da vida, a propriedade privada das
forças materiais que o alimentam, vestem, saciam-no em mãos de alguns proprietários,
diante isso, todo seu esforço, sua capacidade e o máximo de sua energia humana gasta
atoa, pois ou é o purgatório que o destruirá, ou é o sistema capitalista, e assim, alimenta
esse animalesco através da negação da realidade pela sede da ilusão fantasmagórica de
segunda chance em algum lugar pós-vida, o animalesco homem vive em excesso de
ilusões, a ilusão do emprego perfeito, da vida perfeita, da sociedade perfeita, da
segurança perfeita, do corpo perfeito, a ilusão está ligada a perfeição, pôs é disso que se
trata a ilusão, é imaginar a perfeição de uma vida em crescimento e desenvolvimento, a
perfeição é o fim da vida, é o fim do desenvolvimento I, e para essa ilusão ocorrer, é
necessário uma ordem além da imperfeição humana e seus sistemas, é o Estado, Deus,
Igreja, Mercado, Leis, Autoridades, qualquer coisa que esteja acima do servo e obediente,
mas que é exatamente o mandante, o comandante, e não em si mesmo servo e
obediente. Os que estão além dessa imperfeição humana, são os mesmos escolhidos
pelos imperfeitos, o animalesco humano em sua condição de servir e obedecer, saciará
sua sede escolhendo aqueles que estão acima dele, perfeitos, divinos, salvadores e
messias, pois eles, são os únicos capazes de gerir a vida comum, são os únicos acima de
qualquer redundância animalesca, já que conseguem esconder sua animalidade de forma
mais esteticamente objetiva, não se enganam pelas mazelas humanas, não se
surpreendem pela tragédia dos animalescos, pelo contrário, são os provedores caridosos
de uma vida melhor, uma segunda chance, basta o animalesco ficar quieto, servir e
obedecer, e a cada 2 anos poderá livremente escolher voluntariamente o comandante que
o imporá o sistema e regime que desejar, pois esse comandante estando acima de
qualquer promiscuidade do animalesco, acima de qualquer imperfeição, conseguirá saciar
e satisfazer sua sede e fome, pois continuará a alimentar e despejar litros de inimizade e
ilusão, seja diante os próprios cidadãos, ou, diante os cidadãos de outros países, o
importante é assegurar sempre que todos são inimigos de todos, salvo família, parentes
e alguns amigos próximos, fora disso, todos querem o seu sangue, seu espírito e suas
coisas; - a culpa disso nunca é do espírito animalesco, mas sim, repousa na mediocridade
do outro e nunca na dele, o animal acuado e com medo, sempre tentará dar o bote, eis a
ética da ilusão do sistema, sempre um passo a frente, sempre preservando sua
integridade acima de todos, a moral do animalesco é o egoísmo e o apatismo, a cultura é
a ilusão pela caridade e empatia, que no fim, preserva sempre a condição unânime do
bote, pois se a fome acabar, os não-famintos terão agora força e saúde (quem sabe) para
dar o bote na mesma instituição que os alimentou, é assim que gira o agradecimento dos
famintos e miseráveis, não se pode dar a mão pois eles já querem o braço inteiro,
permanecendo na miserabilidade e na fome, a ilusão de segunda chance diante a
autodestruição da vida pelo sistema é muito mais esperançosa, o faminto se pergunta
porque passa fome, enquanto o outro animalesco que trabalha tem o mínimo para comer,
o colega que trabalha se pergunta por que só tem isso ao ver outro animalesco em
melhores condições, que logo se identifica ao perceber que o faminto está pior do que ele,
e então ele tem que agradecer a Deus, ao Estado ou a qualquer ilusão por não ser o
faminto, e assim o de melhor condição agradecerá a mesma ilusão por não ser aquele
trabalhador que não tem as mesmas coisas que ele; - é um clico que se movimenta
conforme o sistema de crises capitalista, diante esse agradecimento o signo egoísta virá
átona, agradeço ao todo poderoso Deus ou Estado, pois através de sua benfeitoria e meu
esforço posso ter um prato de comida, onde para aqueles que não receberam sua
benfeitoria (rogo por eles, ou peço por eles) e não são tão esforçados, lhes falta, peço
senhor todo poderoso e divino de minhas ilusões, que faça o faminto perceber que a fome
é livre-escolha dele, é diante a sua ignorância, sua mediocridade que ele passa fome, não
é pela organização do sistema, não é pela situação em busca de salvador e messias que
ele passa fome, não é nem pelo meu comodismo e inatismo, ou migalhas que conquisto
nas lutas sociais, é pela sua incapacidade de ter consciência de sua capacidade
meritocrata, ou sua consciência de classe, a faminto ignorante, que propaga a cultura do
capitalismo, machista, homofóbico, xenofóbico e racista, por sua incapacidade e visão
medíocre não consegue subir a pirâmide social e nem mudar sua percepção de vida,
fraco e descartável, esperaremos para um próximo regime político, que faça você ter as
sobras do lixo ou as migalhas das conquistas sociais; mas que diante disso tudo, não se

(I) http://bit.ly/2Nw7jfD - Para entender o porque a perfeição é a negação da vida, e a vida é a negação da
perfeição.
revolte com o sistema, que alimenta sua animalidade e sacia sua sede ilusória, que a
culpa é do outro animalesco homem e não da organização socioeconômica capitalista. Já
que o animalesco homem é real, e o sistema é apenas uma alegoria criada por fantasias
científicas, esse sistema não consta nas únicas palavras verdadeiras e perfeitas do todo
poderoso e senhor ilusório Deus, mas, as leis, a hierarquia, a autoridade, o egoísmo, a
busca por redenção sobre a miséria dos animalescos, isso sim é verdade, é a última
palavra do Deus, e ai se você for contra essa palavra, tudo de ruim te espera, na vida
terrena e na vida celestial (infernal), a visão humana se torna assim uma ameaça ao
próprio Deus, ao próprio sistema em questão, dos mais humanistas aos piores carrascos,
a preservação da animalidade humana é essencial, dos racionalistas aos metafísicos, o
sistema é imutável e permanente (Ser-em-si), enquanto a utopia que todos os homens
têm e podem realizar é o mutável e dinâmico (Ser-para-si), isso é, o sistema capitalista-
estatal-divino é absoluto de si próprio, enquanto o ser-humano em sua animalidade ou
humanidade é apenas consciente do sistema, e não pode mudar o absoluto, ele sempre
retornará em algum grau, já que é absoluto e perfeito; diante isso nos deparamos com a
condição da permanência (Ser) servil e obediente do animalesco homem, a mudança de
sistema é o Nada, é o binário irredutível, o Ser e o Nada, o animalesco homem é
impossível de ser alterado, impossível de superar o sistema capitalista-estatal-divino, já
que é o último fundamento do Ser, é a permanência coesa e harmoniosa entre servir e
obedecer, a compreensão e integridade do sistema é filosófico-intelectual, não há nada
que o animalesco homem, dotado de uma racionalidade superficial e simplória seja capaz
de fazer ou querer.

A destruição do sistema é a destruição do sistema filosófico-intelectual, do sistema


religioso, estatal e de propriedade privada, é a superação da animalidade, ou sendo mais
claro, é a evolução da animalidade para a humanidade, essa destruição tem nome e
identidade, é a revolta, mas para a comunicação das massas, a revolta é apenas um
preceito de ódio e raiva, e nunca de evolução das condições animalescas do homem a
uma tentativa fortuita para humanidade, a revolta a identidade mais incompreendida e
descartada da história humana, poucos são os que a compreenderam, e mais poucos são
os que praticaram, a revolta é o grito consciente e direto do Eu, é nesse momento que o
animalesco homem dá ouvidos ao seu consciente de forma limpa e atenciosa, é quando o
animalesco homem escuta a si próprio e da forma a uma revolta interna, uma revolta do
espírito; essa revolta é a autodestruição ontológica do sistema imutável, é nessa revolta,
revolta sincera de verificação e atenção as condições sociais, econômicas, culturais, e
políticas que o animalesco homem modifica seus pensamentos, seu temperamento, sua
conduta e se dá mais uma chance, uma chance de fazer melhor para si e para os outros,
ele enxergará que depende dele e do espertar dos indivíduos próximo a ele uma mudança
significativa, e é dele que esse espertar irá surgir para outros, a essa revolta, revolta
presente em toda a natureza, a mesma revolta que faz com que sistemas inteiros venham
abaixo. Mas a ilusão propagada pela fragmentação não deixa vislumbrar uma sociedade
melhor e muito mais liberta, essa ilusão fragmentária é o que criou toda a separação
humana a princípio, o que tornou o homem o animal de si mesmo, não como predicativo
evolutivo, e sim abusivo, o homem e sua preservação animal que nega o desenvolvimento
histórico ao mesmo tempo que preserva em seu interior o animal bárbaro com medo de
mudança, defendendo as ilusões de autoridade, hierarquia e divindade, o animalesco
homem dentro da doutrina do Ser não passa de um simples acréscimo descartável e
repugnante, o Ser fragmenta a essência do homem, tenta dar a essa fragmentação o
principio ativo do que é ser o homem, sem mostrar como é ser o homem, diante sua
fraqueza e imperfeição.
A realidade é imensurável e inesgotável, por ser inesgotável não é mensurada, por
ser imensurável é inesgotável, ela é um devir recíproco, o nada é simplesmente uma
abstração, um momento ilusivo mental, não existe além de seu conceito, o simples fato de
ter algo é a negação esporádica do nada, a realidade é algo que não pode ser nada e
nem conter nada, pois é fluxo interminável, as coisas estão no fluxo, nem fora ou acima,
mas no (hoc), ela é a totalidade indivisa, a vida não é simplesmente uma contingência
teleológica, mas sim um procedimento do fluxo da realidade, ela é eterna, não porque
existe além da pós-vida, mas sim, por que é uma composição retroalimentativa e
autopoiético, a vida gera vida, pois vida é movimento, vida é ação, vida é mudança, do
inorgânico ao orgânico, do simples ao composto, uma forma de vida é vista; - mas a visão
fragmentária e por si só ilusória, vê a vida apenas como um direito, um direito divino ou
dos reis, e esse direito derivado dessas condições legalistas, aparece como um contrato
voluntário, à, o animalesco homem, acatou e aceitou voluntariamente nascer dentro dessa
sociedade divida em classes, na miséria, na fome, sem chances de desenvolver suas
capacidades intelectuais, morais, artísticas e científicas, pelo simples fato de ser um
projeto além dele, uma realidade numênica que apenas distribui, nunca é alcançada, é
apenas um fragmento teleológico sem importância alguma, nascido para testar ou ser
fantoche em um jogo além de sua própria racionalidade e lógica, esses seres incapazes
de compreender seu papel na vida, sendo considerados por uma visão aristocrática
(filosófica) como simples retardatários, uma espécie de anomalia do Ser, apenas aqueles
que se dedicam apaixonadamente a intuir e deduzir as categorias do Ser, os fundamentos
do Ser são capazes de compreender seu papel histórico e social dentro da humanidade; -
homens com uma ambição enorme, e um ego colossalmente depreciativo perante o
próprio animal-homem.

Essas ilusões fundamentam sistemas, a realidade fundamenta a utopia, vista de


um sentido de potencialidade (in potentia) as utopias são realizáveis pela vontade do
animal-homem, isso é, toda coisa que depende da vontade do homem, poderá se realizar,
dentro de um corpo real e lógico, uma sociedade sem classes, Estado, mercado e
propriedade privada é possível, já que, essas categorias, todas elas, do sistema em vigor
a sistemas póstumos, fazem parte de uma realidade originária e que é o que dá sentido e
conceito, isso é o indivíduo, a única realidade orgânica que pode criar e destruir sistemas,
códigos, filosofias, leis, direito, “Pois, considerando os fenômenos como objetos de nosso
pensamento, necessariamente condicionados por sua negação – o sujeito pensante, o
”eu” humano – ao mesmo tempo, afirmamos tacitamente que, que fora de nós, na
hipotética região dos seres sobre-humanos, existe apenas o grande vazio filosófico, com
o qual nem nossa ciência nem nossa atividade podem ter algo em comum” 1. O sistema de
organização socioeconômica humana, é simplesmente fruto de nós mesmos,
condicionada através do tempo pela cultura, tradição, costumes, etc… - Não a um sistema
único e imutável, a não ser o próprio sistema humano em si, sem nenhuma forma
ideológica ou teológica de suposição, somos frutos de nosso meio, nos adaptamos a
organizações relativas a aquilo que faz parte do nosso espaço vital II, somos desde o
nosso nascimento até o fim de nossa vida, propícios a todo tipo de experiência (externa e
interna), isso vai desenvolver e ajudar a criar nossa personalidade, temperamento, vicios,
rotinas, etc… o animalesco homem ao ser-humano ativo estará sempre condicionado pelo
seu meio, e com isso fará que a cada fato que entra no campo do indivíduo, determinarão
seu comportamento, o fato não precisa ser necessariamente físico, basta que surja na
mente do indivíduo, para condicioná-lo e modificá-lo, assim deus não precisa existir como
um fato físico, apenas como uma ideia parasita, para que o comportamento dos
indivíduos seja determinado pela ilusão divina, pela ilusão da autoridade cósmica-divina,
basta ameaçar essa ilusão, que a resposta automática e determinada do indivíduo é

(II) Para isso, ver a teoria do espaço vital de Kurt Lewin.


proteger essa ilusão a todo custo sobre todas as coisas e pessoas; - Já que a ideia divina
é a ideia do fundamento servil-obediente do animalesco homem, sem essa ideia inicial,
sem essa primazia redentora do medo, do receio, da esperança e da segunda chance, o
animalesco homem não teria de onde beber para saciar sua conduta egoísta e apática
contra outros animalescos homens.
[1] E. Abramowski nos informa que: “...Não pode ser eliminado da causalidade porque é impossível
conceber um sujeito pensante sem o objeto do pensamento.
Consequentemente, o princípio do fenômeno, sendo ao mesmo tempo o do ser pensante, exige também
determinismo e contingência. - Em torno do polo positivo do fenômeno, onde impera o mundo inteiro,
físico e mental, há o determinismo, a causalidade natural, uma atmosfera absolutamente inacessível a
qualquer norma ética, em que as palavras “bom” e “mau” se tornam sons vazios, e tudo é igualmente
justificado, como necessário, implacável, cego. - Por outro lado, em torno do polo negativo do
fenômeno, onde apenas o “eu” humano está sentado, incognoscível, porque todo o conhecimento,
negação do mundo, reinam a contingência, as causas finais, o ideal; Os elos simples da série de
causas, os fatos, adquirem aqui um caráter ético, estão sujeitos às normas obrigatórias. - E mesmo que
essas duas regiões sejam essencialmente contraditórias, elas se condicionam mutuamente, formando
um todo único e indivisível. O polo positivo é impossível de conceber sem o polo negativo e vice-versa;
pois ambos constituem apenas o único princípio do fenômeno, sendo ao mesmo tempo o princípio do
sujeito pensante. Consequentemente, a contradição metódica resolve-se inteiramente. Agora, ao admitir
este princípio, colocamo-nos num terreno puramente humano, tomando como ponto de partida o dado
primário mais imediato – o homem como ser pensante.” (As bases psicológicas da sociologia)

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