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CONTABILIDADE GERENCIAL

AULA 1

Prof. Ivanildo Viana Moura


CONVERSA INICIAL

Olá aluno, tudo bem? Seja bem-vindo à primeira aula de Contabilidade


Gerencial, área das ciências contábeis que se configura de grande importância
para os processos decisórios dentro das organizações. Aproveite a leitura e
pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os exercícios. Lembre-se, a
melhor maneira de aprender é praticando.
Bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

A contabilidade é uma ciência social cujo principal objetivo é o


fornecimento de informações úteis aos tomadores de decisões. Nesse contexto,
classificamos os usuários da informação contábil em usuários internos e
usuários externos.
De acordo com Frezatti et. al. (2009), os usuários externos são os
credores, investidores, governos, fornecedores, concorrentes, a comunidade de
um modo geral, os funcionários etc. Para que os usuários externos tenham
acesso às informações, eles dispõem de leis, regras e regulamentos que
determinam quando e como essas informações devem ser divulgadas.
Por outro lado, temos os usuários internos, os quais, de acordo com
Frezatti et. al. (2009), têm acesso a informações mais detalhadas e
disponibilizadas com mais flexibilidade, pois decorrem da necessidade no âmbito
de suas funções dentro da empresa. Nesse contexto, temos a contabilidade
gerencial como principal fonte de informações para esses usuários – área que
será estudada nesta disciplina.

TEMA 1 – CONCEITO E FUNÇÕES DA CONTABILIDADE GERENCIAL

No contexto organizacional, os gestores se deparam constantemente com


a necessidade de obter informações que norteiem o processo de tomada de
decisões, as quais são fundamentadas nos aspectos operacionais da entidade,
englobando os pontos que mais necessitem de atenção para o bom andamento
das atividades, visando principalmente o aprimoramento dos processos para
atingir melhores resultados de gestão. Nesse contexto, surge a contabilidade
gerencial como principal fonte de informações para os usuários internos, tendo
os gestores como seus principais “clientes”.
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O processo de tomada de decisões internas engloba todas as áreas da
empresa, uma vez que cada área apresenta aspectos específicos em relação às
demais. Nesse sentido, importante salientar que uma organização é composta
por diversas áreas, sendo que, para cada uma, existe um gestor que necessita
de informações que subsidiem o processo de tomada de decisões. Diante desse
aspecto, a contabilidade gerencial precisa processar as informações das
diversas áreas em um único sistema de informação contábil, com vistas a gerar
os relatórios que serão utilizados pelos usuários. Dessa forma, ela se caracteriza
como uma área multidisciplinar, que integra as informações das diversas áreas,
subsidiando os diversos gestores com informações individuais (por área) ou
integradas.
A interdisciplinaridade é tratada por Padoveze (2010, p. 29):

Apesar da contabilidade gerencial utilizar-se de temas de outras


disciplinas, ela se caracteriza por ser uma área contábil autônoma, pelo
tratamento dado à informação contábil, enfocando planejamento,
controle e tomada de decisão, e por seu caráter integrativo dentro de
um sistema de informação contábil. Entendemos que o caráter
integrativo é que traz a identidade para a disciplina. Enquanto em
outros segmentos da ciência contábil os temas são tratados e
analisados de forma isolada, na contabilidade gerencial todos os temas
são tratados dentro de um conjunto único, e toda a integração
necessária à informação contábil é conseguida.

O caráter integrativo mencionado pelo autor diz respeito especialmente


ao fato de que a contabilidade gerencial consegue integrar informações
pertinentes a áreas segregadas dentro da contabilidade como um todo. Por
exemplo, sabemos da distinção entre contabilidade gerencial, contabilidade
financeira, contabilidade de custos etc. A contabilidade gerencial integra essas
informações por meio do sistema de informação contábil, e tem como principais
objetivos planejar e controlar, baseando-se em aspectos inerentes aos desvios
ocorridos entre os objetivos organizacionais e os resultados alcançados pela
entidade. Nesse sentido, é importante que essa área conheça e gerencie
informações pertinentes a outras áreas. Dessa forma, segundo Iudícibus (1998,
p. 21),

A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente,


como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos
contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na
contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc.,
colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais
analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada,
de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo
decisório. A contabilidade gerencial, num sentido mais profundo, está
voltada única e exclusivamente para a administração da empresa,
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procurando suprir informações que se “encaixem” de maneira válida e
efetiva no modelo decisório do administrador.

Verifica-se, portanto, o objetivo principal dessa área contábil: ajudar o


gestor na administração da empresa, com base em informações geradas pela
integração entre as diversas áreas, buscando sempre ajustar-se ao modelo de
gestão de cada organização.
Dessa forma, é possível ter mais clareza quanto à necessidade de
integração das áreas, uma vez que estamos falando de informações financeiras
(voltadas ao atendimento do fisco) e informações de gestão (voltadas ao
atendimento dos administradores). A contabilidade gerencial analisa essas
informações e consegue identificar o modo como as informações financeiras
impactam na gestão, e as informações de gestão impactam no fisco. Esse
aspecto nos leva à diferenciação entre contabilidade gerencial e contabilidade
financeira. Parisi e Megliorini (2011, p. 5) tratam desse assunto da seguinte
forma:

A contabilidade gerencial [...] estrutura-se conforme o modelo de


gestão que a administração imprime a cada empresa. Desse modo, os
relatórios e as informações são construídos para atender as diferentes
necessidades dos administradores, sendo elaborados com quaisquer
regras e definições consideradas úteis, sem se preocupar com os
princípios e normas que regem a contabilidade financeira [...]. Assim,
seu foco principal é oferecer informações econômicas e não
econômicas que sejam úteis e oportunas aos administradores da
empresa.

Diferentemente da contabilidade financeira, a contabilidade gerencial não


precisa seguir regras ou normas no que tange ao processo de produzir
informações. Enquanto a primeira deve seguir uma série de normas,
pronunciamentos, leis e decretos para fornecer as informações pertinentes aos
usuários da informação contábil, a contabilidade gerencial tem mais autonomia
e flexibilidade, podendo agir conforme o modelo de gestão da empresa, seguindo
seus próprios preceitos.
Para entender melhor as diferenças entre a contabilidade gerencial e a
contabilidade financeira, vamos tomar como base o quadro abaixo.

Quadro 1 – Diferenças entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira

Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial


Externa: Acionistas, credores, Interna: Funcionários, administradores,
Clientela
autoridades tributárias. executivos.

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Informar decisões internas tomadas pelos
Reportar o desempenho passado às
funcionários e gerentes; feedback e controle
Propósito partes externas; contratos com os
sobre desempenho operacional; contratos com
proprietários e credores.
proprietários e credores.
Data Histórica, atrasada. Atual, orientada para o futuro.
Regulamentada: dirigida por regras e Desregulamentada: sistemas e informações
princípios fundamentais da determinadas pela administração para
Restrições
contabilidade e por autoridades satisfazer necessidades estratégicas e
governamentais. operacionais.
Mensuração física e operacional dos
Tipo de
Somente para mensuração financeira. processos, tecnologia, fornecedores e
informação
competidores.
Natureza da Objetiva, auditável, confiável, Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida,
informação consistente, precisa. relevante, acurada.
Muito agregada; reporta toda a Desagregada; informa as decisões e ações
Escopo
empresa. locais.
Fonte: Atkinson et. al., 2000, p. 38.

O quadro evidencia as principais diferenças entre as duas principais áreas


da contabilidade. Ambas têm características próprias e são de suma importância
para o contexto organizacional, já que para a entidade continuar operando, ela
necessita da contabilidade gerencial para sua gestão e da contabilidade
financeira para atender quesitos legais.
De um modo geral, as informações fornecidas pela contabilidade
financeira serão o reflexo das ações dos gestores – e essas, por sua vez, serão
fundamentadas em informações fornecidas pela contabilidade gerencial, que
objetiva melhorar os resultados alcançados pelos administradores.
Assim, Atkinson et. al. (2000, p. 38) afirmam que a contabilidade gerencial
pode ajudar os gestores nos seguintes aspectos:

1. melhorar a qualidade das operações;


2. reduzir custos operacionais;
3. aumentar a adequação das operações às necessidades dos clientes.

Diante disso, a importância da contabilidade gerencial é acentuada no


contexto organizacional. Assim, é importante levar em conta os aspectos
inerentes às informações fornecidas por essa área, uma vez que servem de base
para a tomada de decisões dos gestores. Nesse sentido, Padoveze (2010)
ressalta a importância do contador gerencial, cujo papel é construir informações
com qualidade e custos competitivos, já que tem consciência da utilidade da
informação e de sua importância para o gerenciamento dos negócios.

TEMA 2 – O CONTADOR GERENCIAL

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A contabilidade, como ciência social, não se caracteriza por técnicas nem
fórmulas que possibilitem que suas práticas sejam executadas de maneira
objetiva, uma vez que, no desenvolvimento das atividades operacionais e
financeiras de uma entidade, uma grande parte dos registros e lançamentos
contábeis depende do julgamento do profissional da área – o que torna um tanto
quanto subjetivo o desenvolvimento das atividades desses profissionais.
Dessa forma, tendo a contabilidade o objetivo de produzir informações
úteis para a tomada de decisão dos usuários, é importante que os profissionais
sejam capacitados para elaborar e desenvolver essas informações, pois a
ciência contábil abrange muitas áreas, tornando difícil que um único profissional
consiga atender a todos os requisitos demandados em todos os campos de
abrangência.
Desse aspecto, deriva a necessidade de que, em cada área abrangida
pela contabilidade, tenhamos um profissional com capacidades e competências
relacionadas a suas funções. Dessa forma, dentro de uma mesma entidade,
poderemos encontrar vários profissionais contábeis com conhecimentos
distintos em relação às áreas de atuação. Assim, podemos classificar alguns
tipos de contadores, dando ênfase principal aos que mais atuam no contexto
organizacional.

2.1 Tipos de contadores

Assim como existem várias áreas dentro da contabilidade, também


existem diferentes tipos de profissionais que atuam na ciência contábil. Sendo a
contabilidade financeira e a contabilidade gerencial as duas principais áreas
pertencentes a esse ramo da ciência social, podemos apontar as principais
características dos profissionais que nelas atuam (Parise; Megliorini, 2011, p. 9):

a) Contador financeiro: o profissional cujo foco principal consiste em


atender as necessidades legais e tributárias da empresa.
b) Contador gerencial tradicional: o profissional que atua na atividade
de suporte para os gestores, não sendo partícipe do processo
decisório.
c) Contador gerencial contemporâneo: o profissional que tem formação
para ser o gestor da informação.

O contador financeiro, conforme descrito pelos autores supracitados, é o


profissional da área contábil que tem como função apurar os fatos contábeis de
forma padronizada, seguindo leis, normas e decretos, pois essa informação será
auditada e deverá ser produzida conforme determina a legislação. Afinal, o
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público abrangido por ela é muito maior que o da contabilidade gerencial – deve-
se considerar que os relatórios financeiros de um grande número de empresas
são divulgados, sendo acessados por um público muito grande. O contador
financeiro não tem flexibilidade para produzir informações “por encomenda”, pois
as informações produzidas por ele são basicamente fruto de registros contábeis,
os quais devem ser realizados conforme o fato ocorrido em si, sem a
possibilidade de se fazer projeções ou suposições sobre as atividades
operacionais da empresa.
Na área gerencial, temos dois tipos de contador: o contador gerencial
tradicional e o contador gerencial contemporâneo. O contador gerencial
tradicional é o profissional que atua basicamente como um auxiliar do
administrador, ajudando no processo de gestão, sem agir ativamente na tomada
de decisões. Limita-se ao fornecimento de informações com base no que lhe é
solicitado, mas sem as competências necessárias para desenvolver raciocínios
que lhe possibilitem uma análise própria das informações solicitadas, o que
agregaria mais valor ao produto fornecido por ele.
Temos também o contador gerencial contemporâneo. Esse profissional,
em suas atividades, faz todo o processo de elaboração das informações, o que
inclui desde a coleta de dados até o preparo dos relatórios, passando pelo
acompanhamento e controle do que foi planejado, com apontamentos sobre a
necessidade de ajustes, quando necessário (Parise; Megliorini, 2011, p. 9).

2.2 Atributos do contador gerencial contemporâneo

Considerando a definição de cada tipo de contador encontrado dentro da


área (e ressaltando que o contador gerencial contemporâneo apresenta as
características fundamentais do gestor da informação), surge a necessidade de
salientar alguns atributos imprescindíveis a esse profissional no
desenvolvimento de suas atividades.
Como a principal atividade do contador gerencial contemporâneo é
fornecer informações aos tomadores de decisão internos, podemos elencar
como um atributo desse profissional o conhecimento de que o seu produto foi
elaborado para atender as necessidades de outros. Assim, ele deve fazer um
estudo básico das necessidades de informações, com base nas decisões-chave
que serão tomadas tendo por base o Sistema de Informação Contábil Gerencial
(Padoveze, 2010). Esse profissional, enquanto gestor da informação, deve
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adequar a informação gerencial contábil para cada tipo de cliente, pois deve ser
de seu conhecimento que um único conjunto padronizado de relatórios não
atende a todas as necessidades dos funcionários e gerentes (Atkinson et al.,
2000).
Tendo em vista a quantidade de áreas a serem atendidas pelo contador
gerencial, é importante que ele tenha formação ampla, inclusive com
conhecimentos em métodos quantitativos, além de conhecimentos de
microeconomia. É preciso também que ele esteja atento à forma como os
administradores reagem aos relatórios contábeis (Iudícibus, 1998). Esse
profissional deve entender e se antecipar às reações dos indivíduos em relação
às informações e medidas, as quais devem ser acompanhadas de análise
comportamental e organizacional (Atkinson et al., 2000).
Diante de tudo isso, observa-se que o contador gerencial contemporâneo
desenvolve atividades que vão além do apoio aos gestores, assumindo decisão
participativa nas decisões e contribuindo para a solução de problemas (Parisi;
Megliorini, 2011). Iudícibus (1998) salienta que esse cargo não existe na prática
sob esse título, mas é sinônimo das características que distinguem o contador
com mentalidade gerencial dos demais profissionais da área contábil.
Observa-se, portanto, que o contador gerencial é o profissional que faz
uso de todos os dados colocados à sua disposição para a geração de
informações úteis para o processo decisório. Esse profissional atende as
necessidades dos gestores, e deve contar com o apoio, no desencadeamento
de suas funções, do principal sistema de captação de dados dentro da empresa
– o Sistema de Informações Contábeis.

TEMA 3 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL

A contabilidade tem como objeto o patrimônio das entidades. Seu principal


objetivo é produzir informações úteis aos usuários, também chamados de
tomadores de decisões. Portanto, para produzir essas informações, é necessário
que, antes, seja realizada a coleta dos dados que se pretende analisar; após o
devido tratamento, deve-se fornecer aos usuários os relatórios que irão subsidiar
o processo decisório. Nesse aspecto, tem-se o uso de sistemas integrados entre
as diversas áreas alimentando o banco de dados de um único sistema: o sistema
de informação contábil. Conforme descrito por Padoveze (2010, p. 70):

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Analisando o fluxo de informações dentro da empresa, verifica-se que,
em linhas gerais e de alguma forma e em algum momento, todas as
informações existentes ou geradas na empresa terminam por “cair” na
contabilidade para o processo de mensuração dos eventos
econômicos a que elas pertencem. A contabilidade, por meio de sua
metodologia de registro - o lançamento – mensura os eventos
econômicos, classifica-os e incorpora-os ao seu sistema de
informação, fazendo o seu papel de controle e avaliação econômicos
do sistema da empresa.

Diante desse aspecto, a integração entre os diversos sistemas das áreas


da empresa forma o sistema de informações contábeis:
Podemos definir Sistema de Informação como um conjunto de recursos
humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo
uma sequência lógica para o processamento dos dados e tradução em
informações, para com seu produto, permitir às organizações o
cumprimento de seus objetivos principais. (Padoveze, 2010, p. 48)

Nesse contexto, percebe-se que a informação gerencial contábil deve


abranger o maior número possível de áreas da empresa; afinal, quanto mais
informações o gestor tiver em mãos, maior a chance de tomar decisões que
garantam melhores resultados. Nesse sentido, Padoveze (2010, p. 70) afirma
que “todas as ações da empresa, dentro das áreas de produção, comercialização
e finanças, devem conduzir à resultados econômicos positivos (lucros)”.
Segundo o autor, uma vez que a ciência contábil é a única especializada em
avaliar economicamente a empresa e seus resultados, todas as ações da
entidade terminam por convergir no sistema de informação contábil, que é
classificado como um sistema de avaliação e gestão econômica.
Para um melhor entendimento, analise a Figura 1, que demonstra o fluxo
das ações da empresa até o sistema de informação contábil.

Figura 1 – Fluxo das informações das áreas operacionais para a contabilidade

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Desenvolvimento
Compras Produção Comercialização Finanças Contabilidade
de produtos

Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2010, p. 70.

No fluxo apresentado, pode-se notar a convergência dos dados fornecidos


por toda a parte operacional para a área contábil. Desde o seu recebimento, a
contabilidade gerencial se encarrega de processar esses dados, transformando-
os em informações úteis aos gestores e demais tomadores de decisões internas
da empresa.
De acordo com Padoveze (2010, p. 71). “toda a parametrização das
informações necessárias para os setores, áreas e sistemas operacionais ou de
apoio à gestão deve ser feita dentro de modelos que incluam a totalidade das
necessidades informacionais contábeis”. Ou seja, cada gestor deverá informar
qual informação será necessária para a sua área, para que o sistema contábil
possa gerar essas informações. Uma vez que as informações são processadas,
a contabilidade gera os relatórios que serão utilizados pelos gestores no seu
processo decisório. Assim, o fluxo se inverte, pois o que a contabilidade gerencial
recebeu no formato de dados, agora ela devolve para as áreas no formato de
relatórios com informações operacionais e financeiras.

Figura 2 – Modelação das informações das áreas operacionais e a contabilidade

Fonte:
Elaborado com Desenvolvimento
Compras Produção Comercialização Finanças Contabilidade
base em de produtos
Padoveze, 2010,
p. 70.

Após
todo esse
fluxo, as
áreas têm acesso ao produto gerado pela contabilidade gerencial, que é a
informação gerencial contábil. A informação produzida de acordo com as
necessidades dos gestores abrange dados financeiros e operacionais sobre
atividades, processos, unidades operacionais, produtos, serviços e clientes da
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empresa – por exemplo, o custo calculado de um produto, de uma atividade, ou
de um departamento, relativo a um período de tempo recente (Atkinson et al.,
2000).
Assim, o sistema de processamento dos dados pela contabilidade
gerencial, de acordo com Frezatti et al. (2009, p. 72), deve:

a) Identificar os eventos; coletar, registrar e acumular os dados


relativos aos eventos e processar dados, realizar cálculos
(mensuração) e gerar informações.
b) Comunicar informações sobre os eventos, atividades, produtos e
seus atributos, unidades de negócio etc. (informação).
c) Sinalizar e orientar as ações dos gestores, motivando-os a tomar as
melhores decisões.

Portanto, a contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar,


reportar e analisar informações sobre os eventos econômicos da empresa
(Atkinson et al., 2000, p. 36). De uma certa maneira, pode-se dizer que todos os
procedimentos, técnicas, informações ou relatórios contábeis feitos sobre
medida (para que a administração os utilize na tomada de decisões, ou na
avaliação de desempenho) estão relacionados à contabilidade gerencial
(Iudícibus, 1998, p. 21).
Dessa forma, a contabilidade gerencial cumpre seu objetivo ao processar
os dados e transformá-los em informações. É importante ressaltar que, conforme
já descrito anteriormente, essas informações só terão utilidade para os gestores
se o custo for adequado para a empresa – elas não podem custar mais do que
o retorno à administração.

TEMA 4 – INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL

Quando se trata de usuários externos, a contabilidade financeira se


encarrega de produzir essas informações; no entanto, quando o foco recai sobre
os usuários internos, essa tarefa fica a cargo da contabilidade gerencial, que é a
área da ciência contábil responsável por prover os gestores de informações úteis
em seus processos decisórios.
Nesse sentido, Atkinson et al. (2000) apontam como atributo da
contabilidade gerencial o processo de produzir informações operacionais e
financeiras para funcionários e administradores, buscando atender as
necessidades informacionais desses indivíduos, orientando suas decisões
operacionais e de investimentos.

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A informação fornecida pela contabilidade gerencial deve ser tratada de
forma a atingir o objetivo pela qual foi gerada, buscando levar o tomador de
decisão a ser o mais assertivo possível nas suas deliberações, levando a
entidade a atingir melhores resultados com base nos subsídios fornecidos pela
área contábil. Diante disso, a informação gerencial contábil precisa apresentar
alguns atributos, visto que será utilizada pela administração da entidade. Sobre
esse aspecto, Padoveze (2010) acentua que, para a informação ser utilizada no
processo de gestão, ela deve ser desejável e útil; acima de tudo, deve ser
conseguida a um custo adequado e interessante para a empresa, pois ela não
pode custar mais do que pode valer para a administração da entidade.
De acordo com Padoveze (2010), a informação gerencial contábil é um
produto fornecido pela contabilidade gerencial; como tal, ela deve estar
disponível para consumo. O autor menciona ainda que a informação deve ser
desejada para ser necessária – para tanto, deve ser útil.
Como um verdadeiro produto, a informação tem que estar de acordo com
as necessidades dos usuários finais, os quais são aqui classificados como os
“clientes” da contabilidade gerencial, mais especificamente representados pelos
gestores e demais funcionários das entidades. Conforme já mencionado
anteriormente, a contabilidade gerencial, diferentemente da contabilidade
financeira, não precisa seguir normas nem padrões para produzir informações.
Ela tem a característica de ser flexível: pode e deve ser produzida de acordo com
as necessidades de seus usuários, pois, como produto, deve atender as
exigências dos clientes. Nesse contexto, Padoveze (2010, p. 50) contextualiza
que “a necessidade da informação é determinada pelos usuários finais dessa
informação, por seus consumidores. Assim, a informação deve ser construída
para atender a esses consumidores e não para atender aos contadores”.
Uma vez que a informação gerencial contábil é produzida para atender os
usuários internos, o foco na produção deve guardar relação com os processos
operacionais, buscando munir os gestores de subsídios para o processo de
tomada de decisões sobre as operações e investimentos da empresa. Dessa
forma, a informação gerencial contábil deve ser focada na parte operacional,
embora deva fornecer também informações de natureza financeira – estas, como
complemento para o segmento das operações.
Nesse sentido, deve haver um entendimento da área gerencial no sentido
de produzir aquilo que fará a diferença para os tomadores de decisão, visto que

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eles necessitam saber mais sobre o que se passa no nível operacional da
entidade, para, a partir daí, levantar informações financeiras que possibilitem o
andamento das atividades, de modo a reconhecer onde há a necessidade de
captação de recursos para o financiamento de atividades e onde há folga
financeira. Viabiliza-se, assim, investimento de capital em novos ativos para a
entidade.
Considerando esse contexto, reconhece-se que a contabilidade gerencial
passou por uma certa evolução, uma vez que, segundo Atkinson et al. (2000),
inicialmente a informação gerencial contábil era financeira, fornecendo para os
gestores somente informações de mesmo cunho, sem focar em procedimentos
operacionais. No entanto, conforme descrito pelos autores, com o passar do
tempo houve a evolução desses procedimentos: a abrangência foi ampliada,
com a inserção de informações operacionais ou físicas, tais como qualidade e
tempo de processamento, bem como informações mais subjetivas, como a
mensuração do nível de satisfação dos clientes, da capacitação dos funcionários
e do desempenho de um novo produto.

TEMA 5 – INFORMAÇÃO E VANTAGEM COMPETITIVA

O uso de informações pela contabilidade gerencial para subsidiar os


gestores no processo de tomada de decisões tem como principal base os
sistemas de informações contábeis. Um ponto essencial a ser destacado, nesse
sentido, é que os sistemas de informações devem ser integralizados por meio do
uso de redes. Essa integralização é possibilitada somente com a utilização de
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no ambiente organizacional.
Considerando desse aspecto, importante frisar que, no atual cenário
globalizado, no qual uma grande parte das operações empresariais é realizada
via rede, as TIC deixam de ser meros componentes eletrônicos, se configurando
também como uma ferramenta gerencial utilizada pela organização para o
fornecimento de informações, caracterizando-se assim como uma estratégia
adotada pela empresa para obter vantagem competitiva. No entanto, para que
isso seja possível, os gestores precisam tomar conhecimento do potencial de
geração de informações que essas ferramentas têm. Diante disso, Porter (1999,
p. 84) se pronuncia:

os gerentes precisam compreender, como ponto de partida, que a


tecnologia da informação é mais do que apenas computadores. Hoje,

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ela deve ser concebida de maneira mais ampla, para abranger as
informações que a empresa cria e utiliza, assim como uma vasta gama
de tecnologias convergentes e vinculadas que as processam. Assim, o
conceito envolve, além de computadores, equipamentos de
reconhecimento de dados, tecnologias de comunicações, automação
de fabricas e outras modalidades de hardware de serviços.

Sabemos que, à medida que a sociedade evolui, a contabilidade


acompanha essa evolução, no sentido de possibilitar que seus usuários se
adaptem da melhor forma, o que leva as organizações a evoluírem os seus
processos operacionais, avançando no mesmo passo que a sociedade. Nesse
entendimento, Atkinson et al. (2000, p. 52) contextualizam sobre a necessidade
de informações por parte das empresas no que se refere aos processos
operacionais: “Tanto os gerentes das empresas de serviços como os das
empresas industriais precisam de sistemas de controle operacional que
acentuem a melhoria de custos, a melhoria de qualidade e de redução do tempo
de processamento das atividades de seus funcionários”.
Assim, o desafio do gestor é cada vez maior, visto que as decisões a
serem tomadas envolvem fatores emergentes, que surgem conforme há novas
descobertas. Desse modo, sempre que houver novos desafios para os gestores,
haverá também novas demandas por informações; assim, a contabilidade
gerencial se coloca novamente como principal fornecedora de informações para
seus clientes. Mais uma vez, o papel do contador gerencial é acentuado nesse
ambiente de mudanças.
Nesse sentido, Atkinson et al. (2000) afirmam que, no final do século XX,
o ambiente competitivo tornou-se mais desafiante e exigente, tanto para as
empresas de serviços quanto para as empresas industriais, fazendo com que
essas organizações demandassem informações gerenciais contábeis diferentes
e melhores. De acordo com Porter (1999, p. 84), a revolução da informação está
afetando a competição de três maneiras vitais:

1. Muda a estrutura setorial e, assim, altera as regras da competição;


2. Gera vantagem competitiva ao proporcionar às empresas novos modos
de superar o desempenho dos rivais;
3. Dissemina negócios inteiramente novos, em geral com base nas atuais
operações da empresa.

Nesse contexto, ressalta-se a necessidade de as organizações estarem


sempre atentas à evolução tecnológica, buscando incorporar às suas operações
as tecnologias de informação e comunicação, visto que elas podem ser
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primordial fonte de informação. É preciso também desenvolver ferramentas de
transformação, com vistas a aprimorar as atividades e proporcionar vantagem
competitiva.
Quando se fala em competição, um dos itens mais importantes são os
custos operacionais. Quando a empresa consegue aprimorar os processos,
conseguindo maior eficiência nas operações, ela consegue reduzir custos; com
isso, torna-se mais competitiva. Nesse entendimento, Atkinson et al. (2000, p.
52) definem que os gestores, em “um ambiente muito mais competitivo, precisam
ter informações precisas e relevantes sobre seus custos”. Como principal
fundamento para seu argumento, o autor explica que essas informações serão
base para:

 ajudar os engenheiros a projetarem produtos que podem ser fabricados


eficientemente;
 apontar quais melhorias são necessárias em qualidade, eficiência e
velocidade nas operações de produção;
 orientar as decisões sobre o mix de produtos;
 escolher fornecedores alternativos;
 negociar com os clientes sobre preço, especificações do produto,
qualidade, entrega e serviços.

Nesse sentido, as tecnologias vêm proporcionando maior poder


informacional às empresas, potencializando a tomada de decisão ao fornecer
subsídios para os gestores melhorarem os processos – tornando, dessa forma,
a entidade cada vez mais competitiva. Sobre esse aspecto, Porter (1999, p. 98)
explica:

Em qualquer empresa, a tecnologia da informação exerce efeitos


poderosos sobre a vantagem competitiva, tanto no custo, como na
diferenciação, a tecnologia afeta o próprio valor das atividades ou
permite que as empresas conquistem a vantagem competitiva através
da exploração das mudanças no escopo da competição.

Dessa forma, a contabilidade gerencial pode tornar-se mais eficiente na


produção de informações quando apoiada nas TIC, visto que o processo de
captação e tratamento de dados pode vir a tornar-se mais rápido com o uso
dessas ferramentas. As TIC possibilitam, também, o desenvolvimento de novas
estratégias no contexto organizacional, independentemente do tipo ou do ramo
de atividade da entidade. Assim, a informação torna-se mais que um simples

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subsídio para a tomada de decisões – ela é uma forma de estratégia, para que
a empresa se torne mais competitiva.

TROCANDO IDEIAS

Vimos, nessa nossa primeira aula de contabilidade gerencial, que o


profissional contábil pode ser classificado de duas formas principais: o contador
financeiro e o contador gerencial. Assim, conforme estudamos, existem
particularidades nas formas de atuar de ambos os profissionais. Nesse sentido,
considerando as especificidades de cada profissional, qual deles você acredita
que tem maior importância no contexto organizacional? Será que que um é mais
importante que o outro, ou ambos são de suma importância para as empresas?
Pense sobre o assunto, entre no fórum e compartilhe suas ideias com seus
colegas.

NA PRÁTICA

Vamos testar os conhecimentos de contabilidade gerencial que


estudamos na nossa primeira aula? Vamos lá.

1. Como é formado o sistema de informação contábil?


2. Em relação ao processo de produzir informações, qual a principal
diferença entre a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial?
3. Qual é o principal objetivo da contabilidade gerencial?
4. Que tipo de informação a contabilidade gerencial fornece para os seus
usuários?
5. Explique o “caráter integrativo” relacionado à contabilidade gerencial.
6. Assinale a alternativa que corresponde às características do contador
gerencial contemporâneo:

a) Profissional cujo foco principal consiste em atender a necessidades legais


e tributárias da empresa.
b) Profissional que atua na atividade de suporte para os gestores, não sendo
partícipe do processo decisório.
c) Profissional que tem formação para ser o gestor da informação.
d) Profissional que atua basicamente como um auxiliar do administrador.
e) Profissional que não tem flexibilidade para produzir informações “por
encomenda”.
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7. Sobre o sistema de informações contábeis, analise as assertivas a seguir,
classificando-as como verdadeiras ou falsas:
I. Todas as informações geradas dentro da empresa acabam por cair na
contabilidade.
II. A integração entre os diversos sistemas das áreas da empresa forma o
sistema de informações contábeis.
III. O sistema de informação contábil é classificado como um sistema de
avaliação e gestão econômica.
IV. Cada gestor deverá informar qual informação será necessária para a sua
área, para que o sistema contábil possa gerar essas informações.
V. O produto gerado pela contabilidade gerencial é a informação gerencial
contábil.

Assinale a alternativa correta:

a) F – V – V – V – V
b) V – F – V – V – V
c) V – V – F – V – V
d) V – V – V – F – V
e) V – V – V – V – V

8. Analise a definição a seguir: “Conjunto de recursos humanos, materiais,


tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica para
o processamento dos dados e tradução em informações, para, com seu
produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos
principais”. Assinale a alternativa que corresponde à definição:

a) Contador gerencial
b) Contabilidade gerencial
c) Contabilidade financeira
d) Sistema de informação
e) Informação contábil gerencial

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FINALIZANDO

Na nossa primeira aula, vimos que existem diferenças entre as áreas


gerencial e financeira da empresa. Aprendemos sobre as funções da
contabilidade gerencial – e que existem diferentes tipos de contadores, inclusive
dentro da área gerencial. Outro tópico levantado foi sobre a forma como as
informações são produzidas dentro da contabilidade e a importância do sistema
de informação contábil. Destacamos também as características da informação
gerencial contábil e a forma como essas informações geram vantagem
competitiva para as empresas.

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REFERÊNCIAS

ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.

FREZZATTI, F. et al. Controle gerencial: uma abordagem da contabilidade


gerencial no contexto econômico, comportamento e sociológico. São Paulo:
Atlas, 2009.

IUDÍCIBUS, S. de. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed., rev. e ampl. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2011.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de


informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PARISI, C.; MEGLIORINI, E. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2011.

PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um


desempenho superior. 33. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

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GABARITO DA SEÇÃO “NA PRÁTICA”

1. O sistema de informações contábeis é formado pela integração entre os


diversos sistemas das áreas da empresa.

2. Diferentemente da contabilidade financeira, a contabilidade gerencial não


precisa seguir regras ou normas no que se refere ao processo de produzir
informações. Enquanto a primeira deve seguir uma série de normas,
pronunciamentos, leis e decretos para fornecer as informações pertinentes aos
usuários da informação contábil, a contabilidade gerencial tem mais autonomia
e flexibilidade nessa questão, podendo agir conforme o modelo de gestão da
empresa, seguindo seus próprios preceitos.

3. O principal objetivo da contabilidade gerencial é o fornecimento de


informações úteis aos usuários internos da informação contábil.

4. A contabilidade gerencial fornece informações operacionais e financeiras para


os usuários. As informações operacionais dizem respeito ao processo em si, aos
fatores de produção, aos recursos e insumos operacionais. As informações
financeiras dizem respeito aos investimentos que devem ser realizados na
empresa, desde capital de giro até a aquisição de imobilizados.

5. Na contabilidade gerencial, todos os temas são tratados dentro de um conjunto


único, e toda a integração necessária à informação contábil é efetivada. Isso
significa que a contabilidade gerencial trata de assuntos relacionados a todas as
áreas da empresa, trabalhando a informação conforme a necessidade dos
gestores.

6. Alternativa C.

7. Alternativa E.

8. Alternativa D.

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