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Nº 58

Dimensão, evolução e projeção


da pobreza por região e por
estado no Brasil

13 de julho de 2010
Comunicados do Ipea
Governo Federal
Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República
Os Comunicados do Ipea têm por objetivo
Ministro Samuel Pinheiro Guimarães Neto
antecipar estudos e pesquisas mais
amplas conduzidas pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada, com uma
comunicação sintética e objetiva e sem a
pretensão de encerrar o debate sobre os
Fundação pública vinculada à Secretaria de
temas que aborda, mas motivá-lo. Em
Assuntos Estratégicos da Presidência da
geral, são sucedidos por notas técnicas,
República, o Ipea fornece suporte técnico e
textos para discussão, livros e demais
institucional às ações governamentais –
publicações.
possibilitando a formulação de inúmeras políticas
públicas e programas de desenvolvimento
Os Comunicados são elaborados pela
brasileiro – e disponibiliza, para a sociedade,
assessoria técnica da Presidência do
pesquisas e estudos realizados por seus
Instituto e por técnicos de planejamento e
técnicos.
pesquisa de todas as diretorias do Ipea.
Desde 2007, mais de cem técnicos
participaram da produção e divulgação de
Presidente
tais documentos, sob os mais variados
Marcio Pochmann
temas. A partir do número 40, eles deixam
de ser Comunicados da Presidência e
Diretor de Desenvolvimento Institucional
passam a se chamar Comunicados do
Fernando Ferreira
Ipea. A nova denominação sintetiza todo o
Diretor de Estudos e Relações Econômicas e processo produtivo desses estudos e sua
Políticas Internacionais institucionalização em todas as diretorias
Mário Lisboa Theodoro e áreas técnicas do Ipea.
Diretor de Estudos e Políticas do Estado, das
Instituições e da Democracia
José Celso Pereira Cardoso Júnior
Diretor de Estudos e Políticas
Macroeconômicas
João Sicsú
Diretora de Estudos e Políticas Regionais,
Urbanas e Ambientais
Liana Maria da Frota Carleial
Diretor de Estudos e Políticas Setoriais, de
Inovação, Regulação e Infraestrutura
Márcio Wohlers de Almeida
Diretor de Estudos e Políticas Sociais
Jorge Abrahão de Castro

Chefe de Gabinete
Pérsio Marco Antonio Davison
Assessor-chefe de Imprensa e Comunicação
Daniel Castro

URL: http://www.ipea.gov.br
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria

2
Apresentação

O presente Comunicado do Ipea trata da temática da pobreza no Brasil,


especialmente no que diz respeito à sua dimensão e evolução nas regiões e estados da
federação. Duas são as partes constitutivas, a saber:
• a seção 1 descreve brevemente a evolução da taxa de pobreza por região
e estados da federação no período da estabilidade monetária (1995 –
2008); e
• a seção 2 projeta a trajetória possível da pobreza nas grandes regiões e
estados da federação para o ano de 2016, conforme o melhor
desempenho verificado no período anteriormente selecionado.
As informações quantitativas primárias utilizadas são oriundas da PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, assim como das Contas
Nacionais e Regionais. As linhas de pobreza absoluta e extrema utilizadas foram
estabelecidas pelo critério de rendimento médio domiciliar per capita, respectivamente,
de até meio salário mínimo mensal e de até um quarto de salário mínimo mensal.
Para medir o grau de desigualdade de renda utilizou-se o índice de Gini, que
varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade). Cabe destacar que este
estudo antecipa sinteticamente parte do conjunto de pesquisas em curso no Instituto1.

1 – Dimensão e evolução da pobreza no regime de estabilidade monetária

Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza


absoluta (rendimento médio domiciliar per capita de até meio salário mínimo mensal),
permitindo que a taxa nacional dessa categoria de pobreza caísse 33,6%, passando de
43,4% para 28,8%.
No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per
capita de até um quarto de salário mínimo mensal), observa-se um contingente de 13,1
milhões de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a
taxa nacional dessa categoria de pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.
No entanto, a diminuição generalizada nas taxas de pobreza absoluta e
extrema entre 1995 e 2008 não ocorreu de forma uniforme entre as grandes regiões
geográficas e estados do País. Ao se considerar as regiões foram obtidos os seguintes
resultados:
• Região Sul
Taxa de pobreza absoluta caiu 47,1%
Taxa de pobreza extrema caiu 59,6%

1
Este documento contou com a assistência e colaboração de Jorge Abrahão de Castro, Milko Matijascic, Guilherme
Dias, Richard Santos, Waldery Rodrigues Junior, Rafael Osório,Thaís Nunes e Vinícius Maciel.

3
• Região Sudeste
Taxa de pobreza absoluta caiu 34,8%
Taxa de pobreza extrema caiu 41,0%
• Região Nordeste
Taxa de pobreza absoluta caiu 28,8%
Taxa de pobreza extrema caiu 40,4%
• Região Centro-Oeste
Taxa de pobreza absoluta caiu 12,7%
Taxa de pobreza extrema caiu 33,7%
• Região Norte
Pobreza absoluta caiu 14,9%
Pobreza extrema caiu 22,8%.

Gráfico 1 – Taxas de pobreza absoluta e extrema nas grandes regiões


em 1995 e 2008 (em %)
80

6 9 ,8
70

60

50 , 3
4 9 ,7
50
4 2 ,8 4 2 ,4 4 3 ,4
4 1, 8
40 3 7, 0
3 4 ,0
2 9 ,9 2 8 ,8
30
2 4 ,9
2 2 ,8
2 0 ,9
19 , 5 18 , 0
20 17,6 17, 5
13 , 6
11, 7 11, 6 10 , 5
10 6 ,9
5,5

0
Norte Nordeste Sudeste Sul C entro-O e ste Brasil

Absoluta em 1995 Absoluta em 2008 Extrem a em 1995 Extrema em 2008

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

Pobreza absoluta nos estados

Quando considerado o conjunto das unidades da federação, observa-se


também elevada assimetria no comportamento das taxas de pobreza. Os estados que
apresentaram maior redução acumulada na taxa de pobreza absoluta entre 1995 e 2008
foram: Santa Catarina (61,4%), Paraná (52,2%) e Goiás (47,3%). Por outro lado, os

4
estados com menor diminuição acumulada na taxa de pobreza absoluta foram: Amapá
(12,0%), Distrito Federal (18,2%) e Alagoas (18,3%).
Em 2008, Alagoas foi o estado que registrou a maior taxa de pobreza
absoluta (56,6%), seguido do Maranhão (55,9%) e Piauí (52,9%). Em 1995, os três
estados com maior taxa de pobreza absoluta eram: Maranhão (77,8%), Piauí (75,7%) e
Ceará (70,3%).
Para o mesmo ano (1995), os estados com menor taxa de pobreza absoluta
eram: São Paulo (20,7%), Distrito Federal (23,6%) e Santa Catarina (29,8%). Treze
anos depois (2008), os estados com menor taxa de pobreza absoluta foram: Santa
Catarina (11,5%), São Paulo (12,8%) e Rio de Janeiro (18,2%).

Pobreza extrema nos estados

Em relação à taxa de pobreza extrema, observa-se que em 1995, Maranhão


(53,1%), Piauí (46,8%) e Ceará (43,7%) eram os estados com maior proporção de
miseráveis no País. Para o ano de 2008, Alagoas foi o estado da federação com a maior
taxa de pobreza extrema (32,3%), seguido do Maranhão (27,2%) e do Piauí (26,1%).
Ainda para o ano de 2008, constata-se também que os estados com menor
taxa de pobreza extrema foram: Santa Catarina (2,8%), São Paulo (4,6%) e Paraná
(5,7%). Em 1995, os estados que registravam menor taxa de pobreza extrema eram São
Paulo (7,1%), Distrito Federal (8,8%) e Rio de Janeiro (9,9%).

Desigualdade de renda

Ao se considerar também a evolução da desigualdade de renda, nota-se que,


em 1995, São Paulo (0,53) foi o estado com menor índice de Gini do País (o índice
varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), seguido de Santa
Catarina (0,54), Goiás (0,55), Mato Grosso do Sul (0,55) e Mato Grosso (0,55). O
estado de Alagoas (0,64) foi o ente federativo com o mais elevado índice de Gini,
acompanhado de Tocantins (0,63) e Ceará (0,62) para o mesmo ano.
Em 2008, os estados da federação com maior desigualdade de renda foram:
Distrito Federal (0,62), Alagoas (0,58) e Paraíba (0,58). Já os estados com menor grau
de desigualdade de renda segundo o índice de Gini foram: Amapá (0,45), Santa Catarina
(0,46) e Rondônia (0,48).

5
Gráfico 2 – Taxas de pobreza absoluta nos estados em 1995 e 2008 (em %)
28,8
Brasil 43,4

19,3
DF 23,6

25,0
Goiás 47,4

26,8
Mato Grosso
45,9
26,6
Mato Grosso do Sul 43,9

19,5
Rio Grande do Sul 31,5

11,5
Santa Catarina
29,8

18,7
Paraná 39,1

12,8
São Paulo 20,7

18,2
Rio de Janeiro 28,8

27,5
Espírito Santo 47,1

25,6
Minas Gerais 46,9

44,1
Bahia 70,0

48,3
Sergipe 70,1

56,6
Alagoas 69,3

50,1
Pernambuco 65,4

51,9
Paraíba 66,0

44,2
Rio Grande do Norte 63,8

49,3
Ceará 70,3

52,9
Piauí 75,7

55,9
Maranhão 77,8

39,6
Tocantins 65,3

35,9
Amapá 40,8

44,9
Pará 56,4

43,8
Amazonas 45,8
35,4
Rondônia 40,5

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

1995 2008

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

6
Gráfico 3 – Taxas de pobreza extrema nos estados em 1995 e 2008 (em %)
10,5
Brasil 20,9

7,0
DF 8,8

7,5
Goiás 19,8

8,9
Mato Grosso 20,8

8,7
Mato Grosso do Sul 16,1

6,0
Rio Grande do Sul 11,4

2,8
Santa Catarina 10,7

5,7
Paraná 17,6

4,6
São Paulo 7,1

6,1
Rio de Janeiro 9,9

9,1
Espírito Santo 20,6

9,3
Minas Gerais 21,1

23,8
Bahia 42,4

21,3
Sergipe 41,0

32,3
Alagoas 40,4

24,7
Pernambuco 34,8

23,2
Paraíba 37,0

20,2
Rio Grande do Norte 34,3

23,5
Ceará 43,7

26,1
Piauí 46,8

27,2
Maranhão 53,1

14,5
Tocantins 37,3

9,6
Amapá 20,2

17,9
Pará 23,4

19,9
Amazonas 21,9

12,7
Rondônia 17,7

0 10 1995 20 30 2008 40 50 60

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

7
Gráfico 4 – Desigualdade de renda nos estados em 1995 e 2008 (Índice Gini)
0,54
Brasil 0,60

0,62
DF 0,58

0,51
Goiás 0,55

0,54
Mato Grosso 0,55

0,52
Mato Grosso do Sul 0,55

0,50
Rio Grande do Sul 0,56

0,46
Santa Catarina 0,54

0,50
Paraná 0,58

0,50
São Paulo 0,53

0,54
Rio de Janeiro 0,57

0,52
Espírito Santo 0,60

0,51
Minas Gerais 0,59

0,56
Bahia 0,60

0,54
Sergipe 0,58

0,58
Alagoas 0,64

0,56
Pernambuco 0,57

0,58
Paraíba 0,61

0,55
Rio Grande do Norte 0,60

0,54
Ceará 0,62

0,57
Piauí 0,59

0,52
Maranhão 0,58

0,54
Tocantins 0,63

0,45
Amapá 0,53

0,50
Pará 0,56

0,50
Amazonas 0,58

0,48
Rondônia 0,59

0 0,2 0,4 0,6 0,8

1995 2008

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

8
Entre 1995 e 2008, a região Centro-Oeste registrou o maior ritmo médio
anual de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) per capita (5,3%) do País, embora
tenha sido simultaneamente a região do Brasil com o pior desempenho em termos de
redução média anual da taxa de pobreza absoluta (-0,9%) e a segunda na diminuição
média anual da taxa de pobreza extrema (-2,3%). Neste critério somente perdeu para a
região Norte (-1,1%).

Gráfico 5 – Evolução média anual do Produto Interno Bruto per capita e das taxas
de pobreza absoluta e extrema nas grandes regiões em 1995 e 2008 (em %)
6
5,3

4 3,6
3,2 3,1
3 2,5
2,3

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil


-1
-1,1 -0,9
-2 -1,6
-2,0
-2,3 -2,3 -2,3
-3 -2,7 -2,7
-3,0 -3,2
-4 -3,7

-5
PIB per capita Pobreza Absoluta Pobreza Extrema

Fonte: IBGE – PNAD e Contas Nacionais e Regionais (Elaboração Ipea)

Em contrapartida, a região Sul, que registrou o menor ritmo de expansão


médio anual do PIB por habitante (2,3%) foi a região do País que registrou o melhor
desempenho em termos de redução nas taxas de pobreza absoluta (-3,0%) e extrema
(-3,7%) entre 1995 e 2008. No segundo plano aparecem as regiões Sudeste (2,3%) e
Nordeste (2,0%), com maiores reduções nas taxas de pobreza absoluta e extrema.
Nesse mesmo sentido, percebe-se que Tocantins (9,2%), Distrito Federal
(6,5%) e Maranhão (6,2%) foram os estados da federação com maior ritmo de expansão
do PIB per capita. Esses estados, contudo, não foram aqueles com maior redução na
taxa de pobreza absoluta, cuja liderança esteve com Santa Catarina (3,7%), seguido do
Paraná (3,3%) e Goiás (3,0%). Já os estados com menor diminuição na taxa de pobreza
absoluta foram: Amazonas (0,3%), Amapá (0,9%) e Rondônia (0,9%)
No caso da desigualdade de renda, Rondônia foi o estado da federação com
maior queda média anual no índice de Gini (1,3%), seguido do Amapá (1,1%) e
Amazonas (1,0%). Na contramão, nota-se que o Distrito Federal foi o único ente
federativo do País a registrar aumento no índice de Gini de desigualdade de renda entre
1995 e 2008 (0,5%). Na sequência, os estados com menor queda anual na desigualdade
de renda foram: Pernambuco (0,1%), Piauí (0,2%) e Mato Grosso (0,2%).

9
Gráfico 6– Evolução do Produto Interno Bruto, da desigualdade de renda e das
taxas de pobrezas absoluta e extrema entre 1995 e 2008 (em %)
0,51
-1,3 DF 6,54
-0,58
-3,02 Goiás 4,37
-0,16
-2,71 M Grosso 5,87
-0,33
-2,59 M G Sul 2,21
-0,78
-2,52 R G Sul 1,10
-0,99
-3,75 S Catarina 2,99
-0,99
-3,28 Paraná 2,85
-0,51
-2,51 São Paulo 2,14
-0,42
-2,44 R Janeiro 2,43
-0,99
-2,71 E Santo 3,53
-0,92
-2,92 M Gerais 2,01
-0,56
-2,45 Bahia 2,70
-0,62
-2,1 Sergipe 2,23
-0,69
-1,3 Alagoas
3,26
-0,12
-1,63 Pernambuco
1,53
-0,35
-1,51 Paraíba 3,09
-0,58
-2,08 R G Norte 3,92
-0,93
-2,03 Ceará 2,14
-0,18
-2,04 Piauí 3,49
-0,75
-1,92 Maranhão
6,16
-1,01
-2,58 Tocantins 9,21
-1,15
-0,88 Amapá
1,68
-0,78
-1,44 Pará 1,75
-0,97
-0,34 Amazonas
0,91
-1,26
-0,92 Rondônia
4,35

-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

PIB per capita Pobreza Desigualdade

Fonte: IBGE - PNAD e Contas Nacionais e Regionais (Elaboração Ipea)

10
2 – Possível trajetória da pobreza nos próximos anos

Tendo em vista o comportamento positivo de queda nas taxas de pobreza


observado durante o regime de estabilidade monetária, passa-se a considerar a
possibilidade de o Brasil vir a superar a condição de pobreza extrema e reduzir
sensivelmente a taxa de pobreza absoluta nos próximos anos. Quando se projeta no
tempo a redução nas taxas de pobreza absoluta (3,1 pontos percentuais) e extrema (2,1
pontos percentuais) alcançada no período de maior registro de sua diminuição recente
(2003-2008), pode-se inferir que em 2016 o Brasil terá superado a miséria e diminuído a
4% a taxa nacional de pobreza absoluta (leia no sítio do Instituto na internet o
Comunicado do Ipea no 38, de janeiro de 2010)2.

Gráfico 7 – Brasil: ritmo de queda média anual necessária na taxa de pobreza


extrema entre 2009 e 2016 para que o Brasil erradique a miséria em 2016
-1,6 Brasil 0,0 10,5

-1,4 0,0
DF 7,0

-1,5 0,0
Goiás 7,5
0,0
-1,5 M Grosso 8,9
0,0
-1,5 M G Sul 8,7
0,0
-1,0 R G Sul 6,0
0,0
-0,9 Santa Catarina 2,8

-1,4 0,0
Paraná 5,7
-0,9 0,0
São Paulo 4,6
-0,8 Rio de Janeiro 0,0
6,1
0,0
-1,8 Espírito Santo 9,1

-1,9 0,0
Minas Gerais 9,3
0,0
-3,0 Bahia 23,8
0,0
-2,7 Sergipe 21,3
0,0
-4,0 Alagoas 32,3
0,0
-3,1 Pernambuco 24,7

-2,9 0,0
Paraíba 23,2
0,0
-2,5 R G Norte 20,2
0,0
-2,9 Ceará 23,5
0,1
-3,3 Piauí 26,1
0,2
-3,4 Maranhão 27,2

-2,1 0,0
Tocantins 14,5

-1,2 0,0
Amapá 9,6
-2,2 0,0
Pará 17,9

-1,8 0,4
Roraima 14,4
0,0
-2,5 Amazonas 19,9

-2,5 0,1
Acre 20,1
-1,6 0,0
Rondônia 12,7

-10 Variação
-5 média anual
0 Pobreza
5 extrema
10 em 200815 Projeção
20 de pobreza
25 extrema
30 em 2016 35

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

2
O período de 2003 a 2008 é destacado por ter sido, estatisticamente, o que registrou a mais intensa redução da
pobreza absoluta e extrema na avaliação quantitativa da queda no comportamento das taxas de pobreza durante o
período recente de estabilidade monetária (1995 – 2008).

11
Mas para que essa projeção se torne realidade, os estados terão de apresentar
ritmos diferenciados de redução na miséria, uma vez que registram enorme assimetria
nas taxas atuais de pobrezas extremas, como se pode observar entre Alagoas (32,3%) e
Santa Catarina (2,8%). Neste sentido, o estado de Alagoas precisará, por exemplo,
diminuir anualmente em 4 pontos percentuais a taxa de pobreza extrema para que tenha
superado a condição de miséria em 2016, enquanto Santa Catarina, com queda de
apenas 0,9 pontos percentuais anuais, pode atingir esta situação.

Gráfico 8 – Brasil: ritmo de queda média anual necessária na taxa de pobreza


absoluta entre 2009 e 2016 para que o Brasil registre
somente 4% de pobres em 2016
4,0
-3,1 Brasil 28,8

0,0
-2,9 DF 19,3

0,2
-2,8 Goiás 25,0

2,0
M Grosso 26,8
-3,0
1,8
M G Sul 26,6
-3,0
0,0
R G Sul 19,5
-2,8
0,0
S Catarina 11,5
-2,7
0,0
Paraná 18,7
-2,8
0,0
São Paulo 12,8
-2,6
0,0
R Janeiro 18,2
-2,9
2,7
E Santo 27,5
-3,1
2,8
M Gerais 25,6
-3,1
26,3
Bahia 44,1
-3,4
23,5
-3,2 Sergipe 48,3

34,8
Alagoas 56,6
-4,0
28,3
Pernambuco 50,1
-3,5
27,1
-3,5
Paraíba 51,9

19,4
R G Norte 44,2
-2,9
26,5
Ceará 49,3
-3,4
28,1
-3,5
Piauí 52,9

32,1
Maranhão 55,9
-3,8
14,8
Tocantins 39,6
-2,6
11,1
Amapá 35,9
-2,4
21,1
-3,1
Pará 44,9

15,1
Roraima 39,9
-2,7
19,0
Amazonas 43,8
-2,9
19,4
-2,9
Acre 44,2

10,6
Rondônia 35,4
-2,4
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Decréscimo médio anual Taxa de pobreza em 2008 Taxa de pobreza projetada para 2016

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

12
De todo modo, a projeção do comportamento anteriormente alcançado de
queda na taxa de pobreza extrema permite que Santa Catarina e Paraná sejam os
primeiros estados da federação a superar a condição de miséria já em 2012, seguidos de
Goiás, Espírito Santo e Minas Gerais, em 2013. Para o ano de 2014, poderá ser a vez
dos estados de São Paulo e Mato Grosso superarem a pobreza extrema, assim como
Tocantins, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, em 2015. No ano de 2016, os
demais estados poderão ter erradicado a miséria no País.
Já para que a taxa nacional de pobreza absoluta seja de 4% em 2016, o
estado de Alagoas, por exemplo, deverá registrar queda de 4 pontos percentuais anuais
na taxa dessa modalidade de pobreza, seguido da queda anual de 3,8 pontos percentuais
no Maranhão e de 3,5 pontos percentuais em Pernambuco, Paraíba e Piauí. Para
Rondônia, a diminuição anual de 2,4 pontos percentuais possibilitará atingir a projeção
nacional de queda na taxa de pobreza absoluta em 2016 para 4%.
Destaca-se ainda que para o ano de 2013, por exemplo, o Paraná poderá ser
o primeiro estado do país a ter superado a condição de pobreza absoluta. No ano de
2014, o estado de São Paulo poderá alcançar esta condição, seguido do Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal, em 2015.

Gráfico 9 – Brasil: taxa de pobreza absoluta em 2008 e projetada em 2016 (em %)


60

4 9 ,7
50

4 2 ,8

40 3 7, 0

2 8 ,8
30 2 7 ,9

18 ,6 19 ,5
20 18 ,0

10
2 ,6 4 ,0
1,7
0 ,0
0
Norte Nordeste Sudeste Sul C entro-O e ste Brasil

2008 2016

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração Ipea)

Em se tratando das grandes regiões geográficas do Brasil, pode-se constatar


que em 2016, caso a taxa nacional de pobreza absoluta atinja 4% da população, o Sul
poderá ser a localidade do país a ter superado pela primeira vez a condição de pobreza
absoluta. Para o mesmo ano, contudo, a região Nordeste poderá registrar ainda quase
28% de sua população na condição de pobreza absoluta.

13
3 - Considerações finais

Nesta segunda década do século XXI, o Brasil poderá eliminar uma das
principais chagas resultantes da condição de subdesenvolvimento. Várias décadas após
as nações desenvolvidas terem superado os problemas de pobreza absoluta e extrema, a
economia brasileira prepara-se para passar a viver esta nova realidade. Para isso, a
combinação do crescimento econômico com avanços sociais observada no período
recente precisa ser aprofundada, com o necessário aperfeiçoamento de políticas públicas
de alcance nacional, sobretudo daquelas voltadas ao atendimento das regiões e estados
menos desenvolvidos.
O crescimento econômico, ainda que indispensável, não se mostra suficiente
para elevar o padrão de vida de todos os brasileiros. A experiência recente do País
permite observar que as regiões com maior expansão econômica não foram
necessariamente as que mais reduziram a pobreza e a desigualdade. Cabe assinalar
também tanto o perfil do crescimento econômico – se impulsionador intensivo ou não
de empregos e da qualidade dos postos de trabalho gerados – como a capacidade de
correção e proteção social das políticas públicas implementadas, bem como a
convergência da sociedade no enfrentamento contínuo dos problemas brasileiros.
Por isso, ganha maior relevância o papel do Estado – em suas distintas
esferas governamentais e concomitantemente às instituições da sociedade civil – na
execução de uma política nacional de desenvolvimento que possibilite ao País enfrentar
todos os problemas de ordem social. Por meio de políticas de Estado, não apenas de
governos, o Brasil protagonizaria um novo padrão de desenvolvimento capaz de torná-
lo a quinta economia do mundo, não mais desassociada dos necessários avanços sociais.
O conjunto de dados apresentados por este Comunicado do Ipea permite apontar para a
inédita oportunidade de superação da pobreza extrema e redução sensível da condição
de pobreza absoluta para os próximos anos.
Dada a enorme assimetria entre estados e grandes regiões geográficas do
País, cabe atenção e ação redobradas e específicas com vistas a monitorar o combate às
grandes mazelas que ainda marcam a geografia nacional neste início de século XXI.

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