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MONITORAMENTO QUANTITATIVO E QUALITATIVO DO VAPOR GERADO EM

UMA CALDEIRA DE RECUPERAÇÃO QUÍMICA

1 2 3
Gilberto D. M. Filho, Marcelo Cardoso, Gustavo M. de Almeida
1
Aluno de Iniciação Científica/UFMG, discente do curso de Engenharia Química
2
Professor do Departamento de Engenharia Química da UFMG
3
Professor do Campus Alto Paraopeba da UFSJ
1,2
Departamento de Engenharia Química, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais
Av. Antônio Carlos, 6.627, 31.270-901, Pampulha, Belo Horizonte, MG, Brasil
3
Campus Alto Paraopeba, Universidade Federal de São João del-Rei
Rod. MG 443, Km 07, 36.420-000, Ouro Branco, MG, Brasil

e-mail: gustavoalmeida@ufsj.edu.br

RESUMO - A necessidade por atividades de monitoramento em indústrias químicas, com o


objetivo de garantir aspectos de segurança, ambientais e econômicos, é uma atividade
crescente. O alvo deste estudo é uma das caldeiras de recuperação química de uma fábrica de
produção de celulose do tipo Kraft no Brasil. Pode-se dividir este equipamento em duas
regiões: a fornalha, similar a um reator, onde há o processo de combustão do licor-combustível
e a recuperação de compostos químicos específicos, e a sessão de transferência de calor
convectivo, co-responsável por transformar a água, em torno de 116,0 oC, em vapor
superaquecido, por volta de 450,0 oC e 6,5 MPa, que é usado para a geração de energia
elétrica, por meio de turbogeradores, e em operações de troca térmica. A manutenção da
qualidade deste vapor é imprescindível, principalmente devido às restrições operacionais da
turbina. O objetivo deste estudo é antecipar a informação sobre a quantidade e a qualidade
deste vapor, que são função das condições operacionais da fornalha. Para tal, identificou-se,
de modo satisfatório, um modelo neural preditivo para a vazão e a pressão do vapor de saída e
a temperatura de entrada do vapor saturado, oriundo do convector, na sessão do
superaquecedor primário.

Palavras-Chave: Monitoramento de processos químicos, Redes neurais, Banco de dados


industrial.

INTRODUÇÃO cavacos de madeira, é a principal fonte para a


geração de energia elétrica e de energia térmica
O setor de papel e celulose é um grande no processo Kraft. Mais de 90 % da produção
consumidor de energia, seja de eletricidade de celulose no Brasil é proveniente deste
como de vapor de processo. Sistemas de co- processo. Deste modo, é importante garantir o
geração têm sido empregados em fábricas de fornecimento e a qualidade do vapor para os
produção de celulose, em particular, pelo turbogeradores, responsáveis pela geração da
processo Kraft, que é responsável, em média, energia elétrica. Esta garantia se dá com o
por aproximadamente cinquenta por cento do monitoramento e o controle de algumas
total da energia elétrica consumida. O sistema características do vapor de saída, como a sua
de co-geração geralmente usado é composto de temperatura.
caldeiras de biomassa, responsáveis pela Nesta direção, o objetivo deste estudo é
queima de cavacos, cascas e resíduos de conhecer, de modo antecipado, a quantidade e
madeira, e de caldeiras de recuperação a qualidade do vapor a ser produzido. Como
química, responsáveis pela queima do licor exemplo, pode-se usar tal informação para
negro (Gallego, 2004). Este licor, uma solução aumentar a eficiência das malhas de controle
aquosa com substâncias orgânicas e compostos responsáveis por controlar a temperatura do
inorgânicos, oriunda da etapa de polpação dos vapor de saída.

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ESTUDO DE CASO de temperatura a dois elementos) ou controle
antecipativo com realimentação combinado com
A caldeira de recuperação química tem controle em cascata (controle de temperatura a
três funções principais: recuperar componentes três elementos) (Bega, 2003).
químicos específicos à base de sódio (que A Figura 1 é uma representação
serão reutilizados na etapa de polpação dos esquemática de uma configuração usual de
cavacos de madeira), queimar a matéria sistema de controle para o ajuste da
orgânica presente no licor negro (combustível), temperatura do vapor de saída em dois
para a geração de vapor à alta pressão, e, estágios, com a primeira malha entre a saída da
minimizar a descarga de uma gama de sessão do primeiro superaquecedor e a entrada
poluentes (Vakkilainen, 2005). da sessão do segundo superaquecedor e a
O equipamento compreende duas partes: segunda malha de controle entre a saída da
a região inferior, denominada fornalha, é sessão do segundo superaquecedor e a entrada
responsável pelo processo de combustão do da sessão do terceiro superaquecedor.
licor-combustível, e a região superior,
denominada sessão de transferência de calor
convectivo, co-responsável por transformar a
o
água, em torno de 116,0 C, em vapor
o
superaquecido, por volta de 450,0 C e 6,5 MPa.
Isto se dá a partir de um conjunto de trocadores
de calor em série, denominados, economizador,
convector, e superaquecedor. Em sua maior
parte, o vapor é usado para a geração de
energia elétrica, por meio de turbogeradores,
para o próprio consumo da fábrica, e a parcela
restante, como vapor de processo em
operações de troca térmica (Almeida, 2003).
Diversos fatores influenciam o processo
de transferência de calor entre os gases
quentes, oriundos do processo de combustão
do licor, e a água de alimentação. Esta
realidade é a causa de uma variação Figura 1: Malha de controle, para o ajuste da
significativa e desordenada da temperatura do temperatura do vapor de saída, em dois
vapor de saída. Deste modo, sem qualquer estágios (Fonte: Lindsley, 2005)
ação externa adicional, dada, por exemplo, por
uma malha de controle, a temperatura do vapor Nesta direção, de acordo com o objetivo
iria variar conforme a taxa de fluxo de vapor, deste estudo, pode-se usar a informação
seguindo o que é conhecido como antecipada sobre a quantidade e a qualidade do
“característica natural da caldeira” (Lindsley, vapor, que são função das condições
2005). A turbina ou a etapa subsequente que irá operacionais da região inferior (fornalha) da
receber o vapor, usualmente requer uma caldeira de recuperação química, por exemplo,
temperatura dentro de um intervalo. Nesta como um sinal de entrada para as malhas de
direção, faz-se necessário usar de algum meio controle responsáveis por controlar o nível do
para garantir tal requisição. Na prática, é balão e a temperatura do vapor ao longo das
comum, o uso de borrifadores (um tipo de sessões dos superaquecedores, de modo a
dessuperaquecedor) de água no vapor minimizar as variabilidades da vazão,
superaquecido como elementos finais de temperatura e pressão do vapor produzido pelo
controle (Lindsley, 2005). Em aplicações equipamento. É importante ressaltar que há um
convencionais, é possível controlar a grau de associação entre a vazão e a pressão.
temperatura do vapor superaquecido através de Para tal, identificou-se de modo simultâneo e
uma malha simples com realimentação negativa satisfatório um modelo neural preditivo para a
(controle de temperatura a um elemento), vazão, pressão do vapor de saída e para a
enquanto em casos, onde o valor da temperatura de entrada do vapor saturado,
temperatura é crítico, é necessário empregar oriundo do convector na sessão do primeiro
malhas de controle com realimentação superaquecedor.
combinado com controle em cascata (controle

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METODOLOGIA 75,0 % do total de registros, é usado para se
obter o modelo neural e o segundo, para
A metodologia é composta de duas verificar a sua performance. Empregou-se uma
etapas: a preparação de um banco de dados e a rede neural do tipo feed-forward, com uma única
identificação de um modelo neural. camada intermediária, onde a função de
Em relação à primeira etapa, o banco de transferência dos elementos primários é uma
dados, coletado em uma fábrica de produção de sigmóide. Testou-se inicialmente o algoritmo de
celulose do tipo Kraft no Brasil, é composto por aprendizagem back-propagation, porém decidiu-
quatro meses de operação, período entre duas se pelo BFGS, um método quase-Newton, em
paradas programadas da fábrica. Ele contém função de seu resultado superior (Haykin,
nove variáveis de entrada e três variáveis de 1998). Variou-se o número de épocas, entre 500
saída. O intervalo de amostragem é horário, o e 5000, e o número de neurônios ocultos, de 2 a
que resulta em um total de 2928 registros para 20. Por último, selecionou-se o modelo neural
cada variável. A Tabela 1 contém um resumo com o menor valor para o Erro Quadrático
sobre as variáveis de entrada e saída. Médio (EQM), dado pela diferença entre o valor
real, medido na unidade industrial, e o valor
Tabela 1: Resumo sobre as variáveis de teórico, calculado pelo modelo. Este cálculo é
entrada e as variáveis de saída deste estudo feito utilizando o conjunto de dados de
de caso validação.
Faixa
Variável Código Unidade
Operacional RESULTADOS E DISCUSSÃO
ENTRADAS

1.
Vazão do Licor
F(Licor) t/h 51,7−125,8
Inicialmente, verificou-se a qualidade do
(combustível) banco de dados. Do total de 2928 registros para
Temperatura do cada variável, eliminou-se 68. Em seguida,
o
2. Licor T(Licor) C 115,4−131,7 dividiu-se este banco de dados com 2860
(combustível)
registros por variável em dois subconjuntos: de
Percentual de
3.
Sólidos Secos
%(SS) % 62,4−73,7 treinamento, com 2145 registros, e de
validação, com 715. Iniciou-se então, a etapa de
Vazão do Ar
4. F(AP) t/h 134,2−176,2 construção de um modelo neural. Após variar o
Primário
Temperatura do o
número de épocas, decidiu-se por fixá-lo em
5. T(AP) C 136,5−158,6 1.500. Na sequência, geraram-se, ao se variar o
Ar Primário
Vazão do Ar número de neurônios na camada oculta, 19
6. F(AS) t/h 114,4−260,3
Secundário modelos neurais. O modelo final, aquele com o
Temperatura do o menor valor para o Erro Quadrático Médio
7. T(AS) C 129,2−173,3 2
Ar Secundário (75,4(t/h) ), contém 14 neurônios ocultos.
8.
Vazão do Ar
F(AT) t/h 33,6−54,3
A Figura 2 contém uma representação
Terciário esquemática do modelo neural, com uma única
Temperatura do o camada intermediária com catorze neurônios e
9. T(Gases) C 272,0−644,0
Gases Quentes as nove variáveis de entrada e três variáveis de
SAÍDAS saída (ver Tabela 1).
Vazão do vapor
1. F(Vapor) t/h 203,1−359,9
de saída
Temperatura do
vapor na sessão o
2. T(Vapor) C 425,0−482,5
de entrada do 1o
superaquecedor
Pressão do vapor
3. P(Vapor) Kgf/cm2 61,0−67,6
de saída

Em relação à segunda etapa, identificou-


se um modelo neural preditivo para a vazão,
pressão do vapor de saída e para a temperatura
de entrada do vapor saturado na sessão do Figura 2: Modelo neural final, com uma única
primeiro superaquecedor. Para tal, dividiu-se o camada oculta, e com nove variáveis de
banco de dados em dois subconjuntos: de entrada e três variáveis de saída
treinamento e de validação. O primeiro, com

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De modo a verificar a sua capacidade de observar um menor valor para o coeficiente de
generalização, construíram-se gráficos de correlação linear (r), igual a 0,73, em relação
paridade entre os valores reais (medidos na àquele para a vazão de saída, igual a 0,94 (ver
fábrica) e aqueles calculados pelo modelo, e Figura 3(a)). Isto é devido ao fato de que a
histogramas com as distribuições dos resíduos, sensibilidade desta variável em relação às
para cada uma das três variáveis respostas. condições operacionais da caldeira é maior;
A Figura 3 diz respeito à vazão do vapor como consequência, realizar a sua predição de
de saída (F(Vapor)). Em (a), pode-se observar modo satisfatório é uma tarefa mais crítica.
um grau de associação satisfatório entre os Pôde-se observar um salto em sua previsão
valores reais e teóricos (dado pelo alto valor do após a inclusão da temperatura dos gases
coeficiente de correlação linear (r), igual a 0,94), quentes (T(Gases)) como uma das variáveis de
e em (b), uma distribuição aproximadamente entrada. Provavelmente, um procedimento de
normal, com média zero, para os resíduos. melhoria é a inclusão de outras variáveis, como
por exemplo, da vazão dos gases quentes no
topo da fornalha (Bega, 2003). Em (b), pode-se
verificar a distribuição aproximadamente normal,
com média zero, para os resíduos.

(a)

150

(a)

100
Frequência

150

50
100
Frequência

0 50
-50.0 -25.0 0 25.0 50.0
Resíduos
(b)
Figura 3: (a) Relação de paridade entre os 0
registros reais (medidos na fábrica) e os -20.0 -10.0 0 10.0 20.0
Resíduos
valores calculados pelo modelo neural, para
a vazão de vapor (F(Vapor)), e (b) (b)
distribuição dos resíduos, dado pela Figura 4: (a) Relação de paridade entre os
diferença entre ambos registros reais (medidos na fábrica) e os
valores calculados pelo modelo neural, para
A Figura 4 contém o resultado referente à a temperatura do vapor saturado na sessão
temperatura de entrada do vapor saturado, de entrada do primeiro superaquecedor
oriundo do convector, na sessão do primeiro (T(Vapor)), e (b) distribuição dos resíduos,
superaquecedor (T(Vapor)). Em (a), pode-se dado pela diferença entre ambos

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A Figura 5 contém o resultado para a Tabela 2: Resultado numérico do
pressão do vapor produzido pela caldeira procedimento de validação do modelo neural
(P(Vapor)). Em (a), pode-se observar um valor Coeficiente Erro
Erro
significativo para o coeficiente de correlação Variável de Médio
Absolut
linear (r), igual a 0,78. Como no caso anterior, de Saída Correlação Relativo
o Médio
um provável procedimento de melhoria é a Linear (r) (%)
inclusão de outras variáveis. Pode-se verificar 1
Vazão do vapor
0,94 6,5 t/h 2,2
ainda a superestimação de um grupo de valores de saída
(ver círculo cinza) pelo modelo neural. Uma Temperatura do
hipótese deste fato é a presença de condições vapor saturado na
operacionais não usuais presentes no banco de sessão de o
2 0,73 2,6 C 0,8
dados. Em (b), pode-se verificar a distribuição entrada do
aproximadamente normal, com média zero, para superaquecedor
primário
os resíduos.
Pressão do vapor 0,5
3 0,78 2 0,7
de saída kgf/cm

CONCLUSÕES
Quanto mais cedo se conhecer o estado de um
processo, maior a chance de mantê-lo sob as
faixas operacionais desejáveis, seja por razões
de segurança, ambientais ou econômicas.
Neste estudo de caso em particular, pode-se
usar a informação antecipada sobre a qualidade
do vapor como um sinal de entrada para as
malhas de controle responsáveis por ajustar a
(a) sua temperatura ao longo das sessões dos
superaquecedores, de modo a se alcançar uma
menor variabilidade para esta variável. Este
150 ganho é importante, por exemplo, para se ter
uma operação segura e eficiente da turbina.

100 NOMENCLATURA
Frequência

%(SS) Carga de Sólidos Secos Presente no


Licor-Combustível, %
50 2
EQM Erro Quadrático Médio, (t/h)
F(AP) Vazão do Ar Primário, t/h
F(AS) Vazão do Ar Secundário, t/h
0 F(AT) Vazão do Ar Terciário, t/h
-4.0 -2.0 0 2.0 4.0
Resíduos F(Licor) Vazão do Licor Negro, t/h
(b) F(VS) Vazão do Vapor de Saída, t/h
Figura 5: (a) Relação de paridade entre os r Coeficiente de Correlação Linear, −
o
registros reais (medidos na fábrica) e os T(AP) Temperatura do Ar Primário, C
o
valores calculados pelo modelo neural, para T(AS) Temperatura do Ar Secundário, C
o
pressão de vapor (P(Vapor)), e (b) T(Licor) Temperatura do Licor Negro, C
distribuição dos resíduos, dado pela o
T(Gases) Temperatura dos Gases Quentes, C
diferença entre ambos F(Vapor) Vazão do vapor de Saída, t/h
T(Vapor) Temperatura do Vapor Saturado na
A Tabela 2 contém um resumo numérico sobre
Sessão de Entrada do
o resultado deste procedimento quanto à
Superaquecedor Primário
verificação da performance do modelo neural. 2
P(Vapor) Pressão do Vapor de Saída, kgf/cm

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AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à fábrica de produção de
celulose do tipo Ktraft, no Brasil, pela cessão de
um banco de dados sobre as operações de uma
de suas caldeiras de recuperação química.

REFERÊNCIAS
Almeida, G. M., Desenvolvimento de
Metodologia e de Modelos para Variáveis de
Performance em Caldeiras de Recuperação Via
Redes Neurais Artificiais. Dissertação de
Mestrado, UFMG, 2003. Belo Horizonte, MG.
101p.
Bega, E. A., Instrumentação Aplicada ao
Controle de Caldeiras. Interciência, 3a Ed.,
2003.
Gallego, A. G., Modelagem Computacional e
Análise Termodinâmica de Sistemas de
Geração de Potência utilizando Gaseificação de
Licor Negro. Tese de Doutorado, UNICAMP,
2004. São Paulo, SP. 217p.
Haykin, S. Neural Networks: A Comprehensive
Foundation. 2a ed., Nova Jersey: Prentice Hall,
1999.
Lindsley, D., Power-Plant Control and
Instrumentation − The Control of Boilers and
HRSG Systems. Londres: The Institution of
Electrical Engineers, 2005.
Vakkilainen, E.K., Kraft Recovery Boilers −
Principles and Practice. Helsinque: Suomen
Soodakattilayhdistys r.y., 2005.

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