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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ-BREVES
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA

ANDRA CELI DOS ANJOS MARQUES

A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O ENSINO DE


MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: Uma
experiência na Ilha do Marajó.

São Sebastião da Boa Vista – PA


2018
ANDRA CELI DOS ANJOS MARQUES
2

A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O ENSINO DE


MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: Uma
experiência na Ilha do Marajó.

Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade


Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Licenciada Plena em Matemática, sob a orientação
da Professora Msc. Maria Adriana Leite.

São Sebastião da Boa Vista – PA


2018
ANDRA CELI DOS ANJOS MARQUES
3

A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O ENSINO DE


MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: Uma
experiência na Ilha do Marajó.

Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade


Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Licenciada Plena em Matemática, sob a orientação
do Professora Msc. Maria Adriana Leite.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________
Professora Msc. Maria Adriana Leite
Orientadora

____________________________________________

Examinador

____________________________________________

Examinador

Apresentado em ______/_______/_______ Conceito________

São Sebastião da Boa Vista – PA


2018
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Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, por ser


essencial em minha vida, autor do meu destino, meu
guia, socorro presente na hora de angústia, meu pai,
minha mãe, meus avós, meu esposo e minha filha pelo
incentivo e compreensão sempre.
AGRADECIMENTOS
5

Primeiramente a Deus autor do meu destino, que permitiu que tudo isso acontecesse,
ao longo de minha vida e não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os
momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer, me acalmou nas horas de angustia,
me ouviu nas horas de oração e não me desamparou nem um momento durante toda essa
trajetória.
A esta instituição pela oportunidade de fazer este curso e seu corpo docente que além
de mestres se tornaram amigos.
A minha orientadora Maria Adriana Leite, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube,
pelas suas correções, incentivos e puxões de orelha que foram essenciais para a construção de
minha autoestima para a finalização deste trabalho e sem esquecer a paciência.
Ao meu essencial minha família, que nunca mediu esforços para que eu chegasse até
aqui, apoiando, aplaudindo até mesmo nas pequenas vitórias da vida, vitórias essas que me
trouxeram até aqui, minha mãe, meu pai e meus avós o meu eterno agradecimento.
A minha filha meu coração que bate fora do peito, que foi meu real motivou a ir até o
fim, essa conquista é nossa meu amor!!!
Ao meu amado e generoso esposo pelo apoio sempre, pelas lágrimas que enxugou,
pelos sorrisos nas horas mais difíceis, pelo orgulho que ele sente em estar ao meu lado e por
nunca me desamparar nem um momento, eu te amo nunca esqueça disso.
É obvio as minhas coleguinhas, Bernadete, Carol e Chirles, peças fundamentais nos
momentos mais desesperadores dessa trajetória, obrigada pela força, pelos momentos bons e
ruins, pela cumplicidade, pelas brigas, e por fim pelo carinho e companheirismo que
levaremos até o fim de nossas vidas, amizades verdadeiras que cultivarei para sempre.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigada.
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RESUMO: O presente estudo discute o uso dos jogos na disciplina de matemática, da


educação de jovens e adultos na região amazônica, no cenário marajoara, situamos nosso
ponto de fala Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José de Anchieta, na cidade de
São Sebastião da Boa Vista, no Marajó das Florestas-PA, campo onde se encontram nossos
sujeitos. Objetivamos mostrar que podemos usar os jogos pedagógicos como dinamização das
aulas, para facilitar o ensino aprendizagem na disciplina de matemática, na 3 etapa da
educação de jovens e adultos. Fazendo uma abordagem mais profunda em relação a
matemática concluímos que para muitos desses sujeitos, parece ser um bicho de sete cabeças,
porem quando trabalhado de forma dinâmica, e de forma responsável, surte efeito positivo, e
trilhando nosso caminho por este cenário de rios e florestas que viajamos para descobrir, o
qual a importância de trabalhar o lúdico nas aulas de matemática especificamente com os
jovens e adultos, uma vez que o lúdico abrange uma série de atividade, focamos nosso
trabalho, em experimentar os jogos, e usando esta metodologia conseguimos viajar o mais
longe possível, transformando o cotidiano do professor de matemática em uma busca
fascinante, pelo dinamização do processo de ensino aprendizagem matemática, nosso trabalho
resultou em presentes e futuras aulas prazerosas de matemáticas, descobrimos que os jogos
aplicados a educação de jovens e adultos tem o mesmo resultado, quando aplicado ao ensino
fundamental menor, e acerca da dinamização do ensino, caso o professor lance mão deste
método, com certeza obterá grandes benefícios. Este trabalho vem, para alertar as escolas e
professores, a se voltar o olhar para a educação de jovens e adultos, e trabalhar uma forma
diferente, terem uma visão humanista, afim de que se propague, o objetivo principal que é
educar para a liberdade.

PALAVRAS-CHAVE: Lúdico, matemática, Educação de Jovens e Adultos

ABSTRACT: The present study discusses the use of games in the subject of mathematics,
youth and adult education in the Amazon region, in the Marajoara scenario, we locate our
point of reference Municipal School of Elementary Education Father José de Anchieta, in the
city of São Sebastião da Boa Vista, in the Marajó das Florestas-PA, field where our subjects
meet. We aim to show that we can use pedagogic games as a dynamization of classes, to
facilitate teaching learning in the discipline of mathematics, in the 3rd stage of the education
of young people and adults. Taking a deeper approach to math we conclude that for many of
these subjects, it appears to be a seven-headed animal, but when worked dynamically and
responsibly, it has a positive effect, and trails our way through this landscape of rivers and
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forests that we travel to discover, which is the importance of working the playful in math
classes specifically with young people and adults, since the playful one covers a series of
activity, we focus our work on experiencing the games, and using this methodology we
achieve travel as far as possible, transforming the daily life of the math teacher into a
fascinating search, through the dynamization of the teaching mathematics teaching process,
our work resulted in present and future pleasurable math classes, we found that games applied
to youth and adult education has the same result, when applied to lower primary education,
and about the dynamism will be teaching if the teacher throw hand this method surely get
great benefits. This work, in order to alert schools and teachers, to look at the education of
young people and adults, and to work in a different way, to have a humanistic vision in order
to spread, the main objective of education for freedom .

KEY WORDS: Playful, Mathematical, Youth and Adult Education


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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
SEÇÃO I: O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
12
ADULTOS
1.1. A matemática 12
1.2. o significado da matemática na eja 13
1.3. a matemática na eja 15
1.4. Aprendizagem de Jovens e adultos 20
1.5. Dificuldades de aprendizagem no ensino da matemática na eja 22
1.6. O lúdico aplicado ao ensino de matemática na eja 24
SEÇÃO II: SITUANDO A PESQUISA 27
2.1. Situando a pesquisa: Uma breve discussão sobre a educação no Marajó 27
2.2. São Sebastião da Boa Vista: Uma educação de múltiplas faces 30

2.3. A eja no município de São Sebastião da boa vista-Pa: Historias de lutas e conquistas 32

2.4. Escola Municipal Padre José de Anchieta 34


2.5. Metodologia da Pesquisa 36
2.5.1 Instrumentos da coleta de dados 37
2.5.2. Momentos da observação 38
2.5.3. Momentos da intervenção 39
2.5.4. Analise de dados 40
2.6. Considerações finais 42
Referencias Bibliográficas 45

1.INTRODUÇÃO
9

Essa pesquisa tem como objetivo revelar a importância da ludicidade no Ensino de


Jovens e Adultos, especificamente para o ensino de matemática, visto que, essa modalidade de
ensino tem suas especificidades que necessitam ser consideradas no cotidiano escolar. Embora
ainda seja algo novo os estudos relacionados a EJA instigam muitos pesquisadores a
desenvolver práticas de pesquisa visando esta área, levados pela ideia de que a se pode através
de métodos inovadores caminhar a um ensino aprendizagem emancipatório que mostre que se
pode superar a educação tradicional.
Um fator relevante que faz-se pensar sobre essa modalidade é a situação dos alunos
que frequentam a EJA, alunos estes que estão há muito tempo fora da sala de aula, que por
algum motivo tiveram que se afastar do ambiente escolar e que na maioria das vezes tem um
dia a dia de trabalho cheio, assim sendo procurou-se mostrar através deste trabalho as
dificuldades enfrentadas para se trabalhar matemática com esses alunos, sabendo que o
problema não é apenas nesta disciplina e sim de um modo geral, pois existem problemas e
problemas relacionados ao ensino de jovens e adultos.
Foi com essa visão que se pensou em desenvolver o projeto que vem mostrar
importância das atividades lúdicas no ensino de matemática, uma proposta que tem a intenção
de trabalhar com os alunos da EJA os conteúdos matemáticos de uma maneira leve e
divertida, claro que, se encontra obstáculos para se realizar esse tipo de trabalho, pois ainda
existem educadores voltados a ideia de que se ensina matemática de modo tradicional,
caderno, caneta, quadro negro e giz.
Desta maneira alavanca-se a proposta didática da nossa pesquisa, mostrando que o
lúdico assim chega para destruir essa ideia ultrapassada de que apenas se consegue o
aprendizado através de uma educação tradicional e exclusiva ao pensamento de que maneiras
novas de ensinar não são bem vindas.
Os trabalhos voltados ao ensino de matemática são importantes afinal a presença nas
atividades que desenvolvemos diariamente e um fato inquestionável, assim sendo tornou-se
indispensável, por esse fato estudar matemática faz-se necessário para que se possa resolver
problemas no dia a dia. Com essa ideia desenvolveu-se esse trabalho para vir a somar na
qualidade do ensino de matemática, particularmente na Educação de Jovens e Adultos,
mostrando uma maneira diferente de ensinar matemática, trazendo as metodologias de
ludicidade para ajudar na resolução de problemas, com intenção de criar uma aula mais
dinâmica e interativa fazendo assim com que os alunos da EJA se tornem mais participativos e
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interrogativos, assim sendo, fazer com que as aulas monótonas de matemática e muita das
vezes ultrapassadas ganhem um método de aprendizado novo, senão dizer inovador.
Com esse contexto começamos nossa pesquisa, tendo como foco a Escola Municipal
Padre José de Anchieta, começamos primeiramente com um levantamento de dados junto a
Secretaria de Educação do Município, obtendo assim dados relacionados ao censo escolar, leis
que vigoram na educação do município através do Conselho Municipal de Educação e o foco
principal da nossa pesquisa o projeto da EJA no município de São Sebastião da Boa Vista, que
tem em sua elaboração como funciona a EJA no município de um modo geral e que mostra
também que nessa localidade temos duas modalidades de EJA o presencial e o
Semipresencial, que apesar de suas diferenças na ministração das aulas tem também as mesma
especificidades e métodos de avaliação.
Em um segundo momento partimos para a ação e intervenção, momento esse que
vamos para dentro do ambiente escolar foco de nossa pesquisa, a primeira impressão é que a
proposta não é vista com bons olhos pelos docentes do turno, mas sem recusas.
Assim sendo, no primeiro momento já dentro da sala de aula começamos nossa coleta
de dados através da observação, ligando cada detalhe da aula tradicional aos pensamentos
criticistas relacionados ao ensino de matemática e em mente com a ideia de como seria aquela
explanação com a ajuda do lúdico para um segundo momento, continuando prestou-se atenção
a pratica da professora para em seguida se fazer um diagnóstico sobre a aprendizagem dos
alunos com relação aos conteúdos ministrados da maneira tradicional, por nós acima já citado.
Para darmos continuidade a nossa coleta de dados após a explicação da professora
sobre o conteúdo parte-se para a elaboração de uma atividade diagnostica em cima do
conteúdo da aula, aplicada logo em seguida a explanação da professora, a intenção é verificar
o grau de dificuldade em relação ao conteúdo estudado.
A importância desses dois momentos de início é para que se possa ter a correta
impressão através da observação sobre a aula tradicional e aplicação da atividade diagnostica
para se reforçar a ideia sobre a diferença entre os métodos.
No próximo passo da nossa coleta de dados passamos para o ponto mais importante da
nossa pesquisa, passo esse que começará a mostrar as principais características sobre nossa
questão problema, partimos para o momento de intervenção da pesquisa, com relação ao
conteúdo ministrado na aula tradicional voltamos para a problemática do nosso trabalho a
importância da ludicidade, elaboramos uma aula lúdica com o mesmo conteúdo da aula da
professora e logo após segue se novamente a ideia de aplicação da mesma atividade
diagnostica.
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A intenção desse próximo passo é de fundamental importância, pois é da análise


dessas duas etapas de atividades diagnosticas que iremos tirar as conclusões necessárias para
verificar a compreensão dos alunos diante as duas maneiras de ministrar os conteúdos,
mostrando a relevância das etapas da nossa coleta de dados, para o desenrolar da nossa
pesquisa.
E por fim mostrar através dos resultados obtidos que é sim importante a utilização do
lúdico para o ensino de matemática, pois ajuda com mais facilidade na absolvição dos
conteúdos abstratos relacionados a mesma, por outro lado também como queríamos mostrar, a
ludicidade é um método fundamental, assim sendo, temos ela para criar nos alunos da EJA o
amadurecimento necessário e o crescimento de uma visão criticista e independentemente.
Dessa forma, Paulo Freire (1996) afirma que quanto mais o adulto evidencia a
ludicidade maior será a chance de conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e
limitações, pois o adulto que aprende brincando não se torna criança novamente, mas revive e
resgata com prazer a alegria de brincar, por isso a importância do lúdico como ferramenta
pedagógica essencial para uma prática educativa na formação dos alunos.
Pois nossa pesquisa trouxe também a ideia de mostrar que o lúdico não é só o brincar,
mas sim uma maneira divertida de ensinar e adquirir conhecimentos, ampliando a visão do
ensino para novas metodologias, principalmente através do resultado desta pesquisa que
revela a importância das atividades lúdicos no ensino de matemática.

________________________
Na pesquisa, por uma questão ética na coleta dos dados com os sujeitos resolvemos dar nomes fictícios aos
alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José de Anchieta que concederam entrevistas e
questionário.
12

SEÇÃO I: O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E


ADULTOS

[...] jamais escutei de um aluno ou uma aluna algo como:


“eu acho que a gente não devia aprender Matemática”. Já
escutei que ela é “difícil”, “chata”, “teimosa”,
“abstrata”, “irracional”, mas jamais que ela fosse
“dispensável”. Isso é um fenômeno interessante porque
sugere que o questionamento dos educandos jovens e
adultos pousa sobre os modos de matematicar, mas não
sobre a importância de o fazer.

(FONSECA 2007)

Trataremos nesta sessão tópicos relacionados a matemática e a Educação de Jovens e


adultos, a realidade dos alunos desta modalidade, suas dificuldades em relação ao ensino da
mesma suas especificidades e dificuldades na assimilação dos conteúdos ministrados pelos
docentes e sua maneira de trabalhar.
Atentando-se as peculiaridades da Educação de Jovens e Adultos e mostrando alguns
caminhos que se possa facilitar esse ensino de matemática de maneira mais contextualizada e
dinâmica fazendo uma comparação entre a aprendizagem destes indivíduos e a relação da
matemática na sua realidade e uma breve histórico da matemática.

1.1 A matemática

As origens da matemática perdem-se no tempo. Os mais antigos registros matemáticos


de que se tem conhecimento datam de 2400 a.C. Progressivamente, o homem foi refletindo
acerca do que se sabia e do que se queria saber. Algumas tribos apenas conheciam o "um",
"dois" e "muitos". Os seus problemas do quotidiano, como a contagem e a medida de
comprimentos e de áreas, sugeriram a invenção de conceitos cada vez mais perfeitos.
Os "Elementos" do grego Euclides (séc. IV a.C.) foram dos primeiros livros de
matemática que apresentaram de forma sistemática a construção dos teoremas da geometria e
foram utilizados no ensino em todo o mundo até ao século XVII. Mesmo a antiguíssima
astrologia proporcionou o desenvolvimento da matemática, ao exigir a construção de
definições e o rigor no cálculo das posições dos astros. A matemática começou por ser "a
ciência que tem por objeto a medida e as propriedades das grandezas" (dicionário), mas
atualmente é cada vez mais a ciência do padrão e da estrutura dedutiva. Como afirmou P.
13

Dirac, as matemáticas são a ferramenta especialmente adaptada ao tratamento das noções


abstratas de qualquer natureza e, neste domínio, seu poder é ilimitado.
A etnomatemática é um ramo recente da matemática que investiga conhecimentos
matemáticos populares ([ 2] p.p. 27-47). E podemos afirmar que todos os povos têm alguns
conhecimentos de matemática, mesmo que sejam muito intuitivos tais como medições,
proporções, desenhos geométricos que se veem no artesanato (como a cestaria).
A matemática sempre desempenhou um papel único no desenvolvimento das
sociedades (Ap. A). Por exemplo, numa situação de guerra, o exército que possui mais
conhecimentos de matemática tem maior poder traduzido nas máquinas mais perfeitas e
melhor adaptadas.
Até ao séc. XVI apenas as pessoas com dinheiro ou os sacerdotes poderiam despender
tempo no estudo da matemática. De há quatrocentos anos para cá, a monarquia e o clero
deixaram de ser os únicos que financiaram a matemática, passando este papel a ser
desempenhado pelas universidades e pelas empresas (como por exemplo a IBM). Ao contrário
do que muitos pensam, a matemática não consiste apenas em demonstrar teoremas ou em
fazer contas, ela um autêntico tesouro para a civilização, devido aos diversos conhecimentos
envolvidos. E sabendo disso, atualmente poucos são os países em que não se cria matemática
nova, publicando-se assim em todo o mundo alguns milhares de revistas exclusivamente de
matemática.

1.2 O significado da matemática para os alunos da eja

A matemática precisa ter um significado na vida do ser humano, hoje vemos que a
maioria dos alunos ainda não sabem o real significado de estuar as matérias, talvez por
isso é que não se interessam, o professor educador ao iniciar sua aula cotidiana, deverá
explicar aos alunos o porquê de estudar, aquela matéria, essas informações devem esta
estampadas em seu plano de ensino, precisa estar inserida no objetivo das aulas, o
educador precisa entender que toda e qualquer disciplina tem seu objetivo, que deve ser a
de capacitar o aluno para a vida. Todos somos sabedores que, antes de assistirmos um
filme, antes já entramos em contato com uma previa nos trailers que passam nos
comerciais, seja de ação ou qualquer outra modalidade, entramos em contato com a
sinopse, para já de antemão entendermos qual a moral da história contida nas entrelinhas,
assim, nas aulas do professor, não temos como passar antes um trailer das aulas, mas
14

podemos sim nos primeiros momentos, fazer uma conversa informal, para deixar o aluno a
par dos momentos que será trabalhado, fazer um roteiro é essencial, para que o professor
não se perca, explicar durante a conversa informal, cada detalhe da sua aula, para que o
aluno fique sabendo o que será aprendido nesse dia, expor ainda qual a importância da
matemática para o cotidiano desses educandos. E assim comungo com a fala de
CARNELOSSO (2015).

A Matemática precisa ter um significado, uma associação do contexto do aluno com


o conteúdo visto em sala de aula, envolvendo situações que o aluno vivencia, ou
seja, está acostumado a realizar, como o mundo do trabalho, do seu dia a dia.
Assim, o aluno consegue fazer a relação dos seus saberes com a disciplina e, logo, a
mesma deixa apenas de ser pautada em fórmulas e regras, tornando-se um elemento
cultural e necessário para melhorar sua condição de vida. Considerando isso, o
educando perceberá o real significado do conhecimento que poderá contribuir em
intervenções de suas atividades inerentes a sua realidade.

Em nossa experiência de sala de aula, muito se ver, alunos reclamando de que não gosta
da disciplina de matemática, porem na maioria dos casos, o problema que os aflige não é a
disciplina e sim a forma com o professor os apresentou, o professor educador deverá se
apresentar para o aluno da educação de jovens e adultos como a pessoa que está ali para os
ajudar a entender a matemática, e isso exigem jogo de cintura, nem todos os professores tem
paciência pra ligar com o ser da sua mesma idade e que está saturado do dia-a-dia, é ai que os
alunos recaem no naquele velho ditado “meu santo não bateu com o dele”, a “primeira
impressão é a que fica”, por mais que o professor se mostre simpático, não conseguirá
transmitir a segurança para o aluno, se ele não se demonstras compassivo.
Freire (1996) salienta que o professor que levanta dados dos alunos, conhece suas
realidades, transparece aos educandos uma segurança e na sequência, poderá auxiliar na
formação, com novos conhecimentos, criando assim possibilidades para a sua própria
construção. Assim como freire, acreditamos que é possível fazer a diferença na vida dos
alunos que matricula-se na educação de jovens e adultos, a partir do momento em que
começarmos a dinamizar nossas aulas. Quebrar a rotina diária faz bem pra todos nós, quem
não se sente bem quando é entendido, quando é ouvido? Essa é uma das questões a ser
respondida pelo professor educador de jovens e adultos.

1.3 A matemática na educação de jovens e adultos


15

A educação de jovens e adultos é (eja) é uma modalidade de ensino, amparada por lei,
voltada para atender pessoas que por algum motivo, tiverem pouca oportunidade de estudar,
seu objetivo e tentar corrigir algumas questões socias como a exploração, a exclusão do
mercado de trabalho, entre outras que geram consequências maiores para a vida desses
indivíduos, como a marginalização.
No brasil falar desta modalidade de ensino é comungar das palavras e ensinamento de
Paulo Freire, que foi um educador que se dedicou a educação de jovens e adultos no brasil,
conhecido principalmente pelo seu método de alfabetizar adultos, para ele o objetivo maior da
educação é conscientizar os alunos, principalmente aqueles que se encontra na parcela da
população desfavorecida, seus métodos estão voltados a conscientização de vencer
primeiramente o analfabetismo político para depois adentrar a leitura de seu mundo. Libertar-
se da condição de oprimido é a premisse que Freire (2013, p. 31) defende.

Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o


significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os
efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da
libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pelas práxis de sua
busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela. Luta
que, pela finalidade que lhe derem os oprimidos, será um ato de amor, com o qual
se oporão ao desamor contido na violência dos opressores, até mesmo quando esta
se revista da falsa generosidade referida.

De acordo com o autor, se faz necessário, trabalhar a prática da libertação, educar para
a liberdade, é conscientizar o educando de que ele como os outros ainda podem vencer a
clausura do conhecimento formal e abrir os olhos para a vida. Neste sentido, ensinar
matemática a esses alunos requer algo que vai muito além da concentração e persistência
quando se relaciona essa tarefa a modalidade da EJA, se tratando dessa modalidade a primeira
convicção que devemos ter em mente relacionado ao ensino de matemática é a certeza de que
o conhecimento adquirido irá de alguma maneira ajudar no desenvolvimento de suas
atividades cotidianas. A compreensão deste pensamento ganha fundamental importância
quando se estamos falando da educação de jovens e adultos, principalmente por parte dos
alunos principais beneficiados. O público dessa modalidade em especial tem a vontade muitas
vezes de aprender matemática para o desenrolar de suas atividades do dia a dia, para aplicar
muitas vezes no trabalho, no comercio, na feira entre outras atividades, assim sendo, já se
pode observar a inquestionável importância desta disciplina.
16

Partindo por essa direção, a contextualização dos conteúdos matemáticos passou a ser
uma necessidade constante, processo esse que vem com intuito de acabar com o ensino de
matemática voltado a um método se não dizer ultrapassado, pois o ensino de matemática era
considerado apenas como uma transmissão de símbolos matemáticos, propriedades, técnicas,
formulas, demonstrações de teoremas, ensino esse que culminava com a ideia de que o
aprendizado aconteceria na pratica excessiva de resoluções de exercícios, pratica essa que
fazia com que o aluno se tornasse um depósito de informações.
Observando-se o aspecto negativo dessa prática de ensino, no final do século XIX,
pesquisadores matemáticos voltados a defesa de um ensino articulado iniciaram um
movimento de defesa, o objetivo era explicitar que o ensino de matemática não estava
totalmente voltado a memorização dos conteúdos, formulas e propriedades, mas sim também
na capacidade de leitura e compreensão de textos, fazendo uma mistura da língua falada com
as relações e símbolos matemáticos, essa maneira traz a intenção do ensino aprendizado que
valoriza a questão do conhecimento empírico, conhecimentos voltados as experiências
socioculturais dos alunos e conhecimentos adquiridos durante seu processo de
amadurecimento, pois assim, trazendo essa nova ideia podemos tornar as aulas da matemática
conhecida como o bicho de sete cabeças em todas modalidades de ensino se tornar mais
produtiva e o principal foco, muito mais interessante, esse é o entendimento que se tem por
parte de muitos educadores que discutem essa prática e tem a preocupação com a questão da
qualidade do ensino de matemática.
D’AMBRÓSIO (2005), afirma que:

Contextualizar a Matemática é essencial para todos. Afinal, como deixar de


relacionar os elementos de Euclides com o panorama cultural da Grécia
antiga? Ou a adoção da numeração indo-arábica na Europa com o
florescimento do mercantilismo nos séculos XIV e XV? E não se pode
entender Newton descontextualizado (D’AMBRÓSIO, 2005 p. 76-77).

A contextualização vem com o intuito de enriquecer os conteúdos e trazer a motivação


que o aluno necessita para o desenvolvimento das atividades pedagógicas, assim sendo,
mostrando que se pode de tal maneira facilitar o processo de aprendizagem e assim também
contribuir para a melhoria no ensino e aprendizagem de matemática.
Na Educação de Jovens e Adultos nos deparamos com muitas situações pelas quais os
alunos se afastam da sala de aula, diversas são as razões pelas quais esses alunos evadem do
ambiente escolar, retornando após anos, a frequentar o ambiente escolar e consequentemente
apresentam os mais variados tipos de dificuldades.
17

Como já dito o afastamento desses alunos jovens e adultos não se dá devidamente


pelos fatores sociais e econômicos como de praxe em toda as modalidades de ensino de um
modo geral, fator esse que se perpetua muita das vezes até na sua volta a sala de aula, assim
também já dito esses alunos cheios de dificuldades e medos se veem também excluídos
devido a tal dinâmica da educação formal, que acaba não trazendo a tão falada nova maneira
de ensinar, o que termina acuando os alunos transformando-os em alunos menos
participativos e críticos.
Trabalhar matemática nessa modalidade é um desafio constante, pois a matemática
para a EJA tem que ser trabalhada de uma maneira que venha chamar a atenção desse público
alvo, para que isso aconteça é exigido um esforço gigante, não só por parte do professor, mas
de todos os envolvidos nesse processo de maneira direta ou indiretamente.
Tanto ensinar como estudar matemática requer muita atenção e precisa-se de um bom
acompanhamento e de material de qualidade, material esse que venha ser utilizado para o bom
desenvolvimento da teoria, como na resolução dos exercícios propostos, mas o que se
presencia no cenário atual do ensino da matemática são professores que não tem esse material
para o desenvolvimento de seu trabalho tanto para sala de aula como para direcionar suas
atividades extra classes, sendo que, as aulas fora do ambiente escolar, ou seja, ao ar livre, se
remete muitas vezes como grande alternativa para se ensinar sobre certos conceitos
matemáticos. Para que isso seja realmente possível, é necessária maior observação para a
modalidade da EJA, esta é uma modalidade de ensino onde o professor dispõe de tempo
limitado para ensinar muito conteúdos, considerados principais pela grade curricular, disposta
pelos estabelecimentos de ensino.
Pois, afirma Nogueira e Darsie (2009), “a educação de Jovens e Adultos não tem mais
a finalidade de suprir e de compensar a escolaridade para aqueles que foram excluídos do
processo de escolarização e do acesso aos bens culturais que essa escolarização poderia ter
proporcionado”. E segundo o autor com as funções:

Reparadora: refere-se não só à restauração de um direito negado (direito a


uma escola de qualidade), mas também ao reconhecimento da igualdade
ontológica de todo e qualquer ser humano de ter acesso a um bem real,
social e simbolicamente importante;

Equalizadora: relaciona-se à igualdade de oportunidade que possibilite


maiores condições de acesso e permanência na escola, permitindo aos
indivíduos nova inserção no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços
da estética e na abertura dos canais de participação;

Qualificadora: reconhecida como mais que uma função, e sim o próprio


sentido da EJA, correspondendo às necessidades de atualização e de
18

aprendizagem contínuas decorrentes dos ideais de uma educação


permanente, que tem como base o caráter incompleto do ser humano cujo
potencial de desenvolvimento e de educação pode se atualizar em quadros
escolares ou não-escolares (NOGUEIRA e DARSIE, 2009, p. 5).

Neste sentido ao contextualizarmos o conteúdo, de forma a tornar mais simples,


iremos perceber que adotamos um processo, de suma importância para essa modalidade de
ensino, que atende, alunos trabalhadores que labutam o dia inteiro, e anoite frequentam as
aulas, mesmo cansado, esses alunos, precisam de muito incentivo e motivação para continuar
frequentando o ambiente escolar.
Desta forma, ao trabalharmos este processo de contextualização dos conteúdos da
disciplina de matemática nas aulas de Educação de Jovens e Adultos, não podemos deixar de
trabalhar também a valorização da bagagem de conhecimento que cada educando traz
consigo, o chamado conhecimento empírico, desta forma, este processo se culminará com o
sucesso no aprendizado adquirido durante as aulas.
Discutindo ainda acerca da bagagem de conhecimento que o aluno da Educação de
Jovens e adultos traz consigo, nos remetemos aos nossos antepassados, onde o processo
educacional era lento, e poucos tinham oportunidades de terminar seus estudos, viviam da
experiencias adquirida com seus pais tios e avós, meu avô por exemplo, aprendeu o oficio da
carpintaria com o pouco estudo que tinha, pouco sabia ler, mas com uma vasta experiencia em
medidas de comprimento e cálculos matemáticos, se tornou um grande carpinteiro, e ainda
paralelo ao oficio de carpinteiro, fundou uma mercearia que até pouco tempo ainda trabalhara
junto com minha avó. desse aluno perante novos conhecimentos que o mesmo irá adquirir
durante as aulas de matemática.
Desta maneira os profissionais envolvidos na EJA são orientados a levar sempre em
consideração a questão dos conhecimentos prévios dos alunos, conhecimentos que trazem
consigo, outra questão a ser relevada segundo os estudos relacionados a EJA é também levar
em consideração o contexto em que esse aluno está inserido e também o ambiente escolar a
que ele está envolvido, também a questão pessoal deste aluno, quais as necessidades que
levaram esse aluno a ficar tanto tempo fora do ambiente escolar e o que lhe impulsionou a
retornar a este ambiente, com conhecimento dessas questões espera-se do professor da EJA
uma sensibilidade e principalmente integração do mesmo para que esses mesmo não presencie
certas situações e erros passados que os façam se afastar novamente da escola.
De acordo com FONSECA (2007), a autora nos remete a importância do ensinar,
partindo da reflexão sobre a matemática ensinada e aprendida:
19

[...] vamos refletir sobre como a busca do sentido do ensinar e aprender Matemática
remete às questões de significação da Matemática que é ensinada e aprendida.
Acreditamos que o sentido se constrói à medida que a rede de significados ganha
corpo, substância, profundidade. A busca do sentido do ensinar-e-aprender
Matemática será, pois, uma busca de acessar, reconstruir, tornar robustos, mas
também flexíveis, os significados da Matemática que é ensinada e aprendida.
(FONSECA, 2007, p. 75)

A autora nos mostra a importância daquilo que se quer que o aluno aprenda, ao
ensinar, e que esta transferência seja acessível aos que estão sendo ensinados, levando-se
sempre em consideração que os conhecimentos relacionados a matemática são indispensáveis,
haja visto que fazem parte do nosso dia a dia.
É importante salientar que os alunos da EJA sabem de tal importância, porém por suas
trajetórias escolares, trazem o medo da matemática, assim cabe adotar maneiras de ensinar por
meios alternativos de modo a proporcionar que estes alunos aprendam, transformando a
matemática para estes alunos da EJA, um instrumento para que eles compreendam melhor o
mundo em que vivem.
Quanto a metodologia do ensino de matemática na EJA, não se trata de ensinar
matemática para apenas se resolver problemas que estejam relacionados aos conteúdos
dispostos, mas sim colocar tais problemas correlacionados ao ensino da mesma, colocando os
problemas a serviço do ensino da matemática, fazendo como uso os princípios e métodos que
dão sentidos aos conteúdos matemáticos, buscando privilegiar os problemas relacionados ao
cotidiano, de onde busca torna-se o ensino de matemática mais significativo para quem
aprende, afinal irá se partir do ponto da real vivencia do aluno para se formular situações
problemas que irão ajudar na hora de repassar tais conteúdos matemáticos.

Assim, será considerando o ensino-aprendizagem da Matemática na EJA como um


processo discursivo de negociação de significados constituídos na relação com o
objeto, percebido, destacado, reenfocado pelo sujeito – que é um sujeito social,
marcado pelas relações de poder e pelos efeitos de memória que permeiam sua
cultura e também o constituem como indivíduo – que se conferirá sentido ao ensinar
e aprender Matemática. (FONSECA, 2012).

Quando se ressalta os tais aspectos sociais, cria-se um ambiente pedagógico rico de


possibilidades de trabalho, priorizando o objetivo do ensino na construção de conceitos que
venham a capacitar alunos a compreender e interferir de forma crítica na sociedade.
Os alunos da EJA retornam ao ambiente escolar com grandes expectativas, mas ao
mesmo tempo com pouca credibilidade na sua capacidade, alguns chegam a dizer ter medo de
matemática, pois devido aquela antiga experiência do aprendizado da mesma sem a tão citada
contextualização o levou a esse pensamento, trazendo esse aluno a imagem distante e difícil
20

deste conhecimento, sem perceberem que possuem muitos conhecimentos e os utilizam


normalmente em seu dia a dia.
Desta maneira, ressalta-se novamente que cabe ao professor a responsabilidade de
criar tais metodologias diferenciadas, buscando mostrar as situações acima propostas dentro
dos conteúdos disponibilizados por esta modalidade de ensino, essa mudança na metodologia
de ensinar matemática pode ser o fator determinante para o total resgate deste aluno,
permitindo novamente a esse aluno vir a escola motivado a aprender e o principal acabando
com seus medos, trazendo assim estímulos para esse aluno diante as dificuldades de
aprendizagem da matemática.

1.4 A aprendizagem de jovens e adultos

No mundo da educação sabemos que, os jovens ou adultos que procuram matricular-se


na EJA, estão à procura de resgatar o tempo perdido. segundo Freire, são o ponto de partida
para a construção do conhecimento do mundo. Em suas obras, repetiu incansavelmente que:

[...] não podemos deixar de lado, desprezado, como algo imprestável, o que
educandos, sejam crianças chegando à escola ou jovens e adultos a centros de
educação popular, trazem consigo de compreensão do mundo, nas mais variadas
dimensões de sua prática social. Sua fala, sua forma de contar, de calcular, seus
saberes em torno da saúde, do corpo, da sexualidade, da vida, da morte, da força
dos santos, dos conjuros (FREIRE, 1993, p. 86).

Cabe a instituição educacional receber este indivíduo e trata-lo de maneira acolhedora,


esses jovens e adultos não vem em branco do meio onde estavam inseridos têm sempre
consigo um conhecimento trazido do seu cotidiano, ou seja, esse indivíduo já tem consigo
uma bagagem curricular que só precisa ser mostrada dentro dos conteúdos que será
desenvolvido por tal instituição a qual este aluno buscará a inserir-se, conhecimento como já
citamos em outros momentos chamado conhecimento empírico, e que portanto, os métodos a
serem aplicados não serão os mesmos das modalidades do ensino fundamental para crianças,
vimos durante todo processo educacional, que os grandes pensadores referem-se ao aluno
como o indivíduo que vem para a escola para receber, o conteúdo e o conhecimento adequado
para sua vida, sem observar por outro ângulo que o aluno também tem muito a ensinar.
Pensamos como Paulo Freire (1979) que o homem está no mundo e com o mundo,
produzindo-o e transformando-o, preenchendo com a cultura os espaços geográficos e os
tempos históricos.
21

A palavra aluno veio do latim que significa alumnus (sem luz), isso quer dizer que é
como uma folha de papel em branco. Hoje em dia orienta-se, o não uso desta palavra na
educação de jovens e adultos, justamente pelo fato de já trazerem consigo sua bagagem
curricular cotidiana. Neste sentido nos educadores devemos usar metodologias que busquem
aprimorar o conhecimento prévio desses indivíduos, caso o contrário esse conhecimento
poderá atrapalhar o desenvolvimento durante o processo de apropriação dos conteúdos, uma
vez que os alunos jovens e adultos já sobrevivem em meio a sociedade sem precisar do tal
conhecimento formal, aquele que só se adquiri frequentando a escola.
Muitos desses indivíduos procuram a escola para se capacitar muita das vezes por
exigência do mercado de trabalho, mas também temos os casos isolados de aluno que veem
com o intuito de aprender apenas uma única disciplina da grande curricular, que sempre
ressaltam que somente esta disciplina já é suficiente para preencher as lacunas do seu
cotidiano, por isso o uso da questão de se fazer com que os docentes dessa modalidade
venham a usar esses conhecimentos que eles trazem do dia a dia, para explicitar que dentro da
sala de aula é apenas uma maneira para aprimorar de modo teórico tais conhecimentos e
mostra-los que eles já o possuem, e que precisam apenas de uma pequena lapidação para a
assimilação teórica desses conhecimentos.
Um outro fato importante a aprendizagem dos alunos da EJA é sua autoestima, pois
sempre ressaltam a realidade de que já estão fora da idade de estar dentro da sala de aula e
ainda usam o seguinte ditado “papagaio velho não aprende a falar”, tentando sempre dizer que
já passaram da idade de aprender, esse pensamento errôneo leva-os a desistência, cabe a nós
educadores mostrar que não existe idade para o conhecimento, através de metodologias e
práticas diferenciadas para a Educação de Jovens e Adultos.
O sentimento de valor que acompanha essa percepção que temos de nós próprios se
constitui na nossa autoestima. Ou seja, ela é a resposta no plano afetivo de um
processo originado no plano cognitivo. É a avaliação daquilo que sabemos a nosso
respeito: gosto de ser assim ou não?(MOYSÉS, 2007, p. 18)

O jovem ou o adulto deve ser estimulado para que possa prosseguir com seus estudos, o
estímulo é um dos principais métodos a ser utilizado pelo educador na EJA, levando em
consideração que um dos principais percalços enfrentados pelo aluno da educação de jovens e
adultos, é o cansaço da lida diária, na maioria dos casos, esses indivíduos são pais de famílias
que trabalham o dia todo e quando chegam na sala de aula estão exaustos.

O ponto de partida de qualquer trabalho pedagógico deve ser a emoção. Como


vimos, a emoção do aprendente apropria-se do que será apreendido e, desta forma,
22

o afeto atua no início do processo de aprendizagem para canalizar a atenção e no


final para ajudar a memória no resgate das informações. (CUNHA, 2008, p. 44).

O jovem ou adulto precisa entender que ele não é pior que os outros, e precisa ainda ser
confiado e amado pelo professor. Portando envolver assuntos matemáticos, linguístico ou
geográfico no primeiro momento, se torna monótono, neste sentido fazer uma conversa
informal falando de assuntos que envolvam o seu cotidiano, é fundamental, para levantar a
autoestima dos mesmos, os alunos adultos precisam ser estimulados para que se tenha um
bom rendimento, assim se faz a caminhada para aprendizagem na EJA, para se chegar no
objetivo precisamos sempre ressaltar a ideia de que aluno e professor andam de mãos dadas
rumo a aprendizagem e que isso se explicita na modalidade da EJA, e que acima de tudo se
deve procurar novas maneiras de ensinar sem tirar este indivíduo do foco, fazendo com que
ele possa observar que usa os conteúdos repassados dentro da sala de aula no seu cotidiano,
para que este mesmo comece a excluir tais receios de estar novamente dentro do ambiente
escolar, assim acabaremos fácil com uma das piores mazelas da EJA a evasão que ocorre
sempre por causa destes motivos citados, assim sendo, com a culminância de tais ideias
chegaremos aos pontos almejados para a Educação de Jovens e Adultos.

1.5 Dificuldade na aprendizagem do ensino da matemática na Eja.

Problemas no ensino da aprendizagem da matemática na educação de jovens e adultos


(EJA) é tido na maioria das vezes, pelo educador com um desinteresse por parte dos alunos e
acabam trazendo à tona em meio aos profissionais da educação, sobre o que fazer para acabar
com o desinteresse em sala de aula. Percebemos então, que vários médicos podem estar
tratando uma determinada doença, que porem pode ser outra. Muitas escolas buscam
descobrir onde está o erro, que sempre procuram na família e no próprio aluno, nem sempre
as escolas param para se auto avaliar e descobrir se o erro não está no plano estratégico ou na
metodologia do professor.
Trazendo para a reflexão entre o médico e o paciente, podemos entende o que se por
ventura um médico cometer um erro em uma cirurgia, ele pode matar um paciente, porem o
professor, se cometer um erro em sala de aula, ele poderá levar a perder uma turma de 45
alunos. Considerando a reflexão de (PONTES, 1994, p. 2).
23

Para os alunos, a principal razão do insucesso na disciplina de Matemática resulta


desta ser extremamente difícil de compreender. No seu entender, os professores não
a explicam muito bem nem a tornam fácil. Assim os alunos não percebem para que
ela serve, nem porque são obrigados a estudá-la. Alguns alunos interiorizam mesmo
desde cedo uma autoimagem de incapacidade em relação à disciplina. Dum modo
geral, culpam-se a si próprios, aos professores, ou às características específicas da
Matemática

Desta forma é fundamental que o professor ou a escola pare um pouco para refletir, e quem
sabe encontra um melhor caminho para que o aluno possa melhor considerar na matemática,
reconhecer, e se apropriar do conhecimento necessário para sua vida, haja visto que a
educação deve portanto ser algo prazeroso a escola junto com os educadores da do Ensino da
EJA, devem fazer uma autocritica, rever seus conceitos, e em fim se voltar para um
planejamento mais flexível afim de atingir no fundo do prazer da alma do aluno, para que ele
tome consciência do quão é importante para sua vida o ensino da matemática.
E quando se trata na educação de jovens e adultos nas 1 e 2 etapas do ensino fundamental,
esta etapa precisa ser vista com carinho pois caso queime de forma errada, poderá casar
grandes problemas futuros para o aluno. Ensinar matemática na primeira fase da vida do aluno
das EJA, é ser não somente um professor, mas sim um portador do conhecimento, o professor
precisa entender que o aluno não é um banco onde se faz o deposito do conhecimento, o aluno
é como uma planta que uma vez trazida para o canteiro precisa ser regada para que cresça e
produza frutos. Portanto o professor deve se colocar na posição de facilitador do
conhecimento, dialogar, se tornar parceiro e amigo dos alunos, é uma estratégia muito
louvável.

[...], o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se


solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser
transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de
um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem
consumidas pelos mutantes. (FREIRE, 2005, p. 91)

Analisando o pensamento do autor, podemos dizer que, o diálogo é uma das principais
forma de conhecer o outro, e até mesmo a si mesmo, o professor que chega em sala de aula,
tira seu tempo para dialogar com os alunos, esse aprende o que os alunos tem e assim ensina
também, e tudo vira um processo de ensinar aprender, o professor ganha confiança dos alunos
assim como os alunos ganham a confiança do professor, outro fator é trabalhar com elogios,
pois a maioria desses alunos são como crianças, precisam ser amados e respeitados com tal.
Temos que levar em consideração ainda que, os conteúdos apresentados aos alunos,
devem fazer sentido, para que este possa, se familiarizar-se fazendo uma conexão com seu
cotidiano. Na EJA muitos alunos saem do trabalho direto para o ambiente escolar, então
precisam se deparar com cálculos que seja relevante a sua vida, caso ao contrário, ele acaba
por não entender o que está sendo exposto, então para no mesmo instante, dominando-se pelo
24

estresse, deixa o ensino de lado. Segundo Sadovsky (2007), as dificuldades desta disciplina
existem devido à abordagem superficial e mecânica realizada pela escola, e pela falta de
investimentos na formação continuada dos seus professores capaz de orientá-lo a opções
curriculares.
Reiterando o que já foi discutido, o aluno da educação de jovens e adultos precisam
saber e entender o que será aprendido, e o professor, precisa ser educador acima de tudo,
afinal, mesmo valorizando a bagagem curricular empírica, está precisa ser associado ao
conteúdo que será ministrado periodicamente ou cotidianamente, ser educador não significa
apenas ir para a escola, encher o quadro de continhas e deixar para o aluno resolver, o aluno
precisa sentir-se a vontade com o professor educador, para poder se deixar embalar pela
beleza do conhecimento, os alunos da educação de jovens e adultos são como as crianças da
educação infantil e das séries inicias, mas como crianças não se parecem, são comparados no
comportamento, nas conversas, no auto estima, no modo como ver as coisas, porém não há
como reeducar esses alunos na linguagem culta, no comportamento padrão, dentro de dois
anos, ou em duas Etapas, eles vem para a escola para serem ensinados e não educados, muitos
rejeitam a educação devido ao seu costume, já se criou em sua mente uma espécie de película
que impede de se reeducar, devido ao tempo sem contato com tais conhecimentos que já não
se adaptam mais, muitos estão adaptados a forma rustica de tratar os outros e de ser tradados.

1.6 O lúdico aplicado ao ensino da matemática na educação de jovens e adultos.

Nos últimos anos muito tem se discutido acerca da ludicidade aplicado ao ensino
aprendizagem de crianças no ensino infantil e fundamental, porém pouco se ver comentarem,
sobre a aplicação do lúdico na educação de jogos e adultos, um método que trabalharei pelo
fato de ter dado muito certo nas demais modalidades de ensino e a meu ver na modalidade de
jovens e adultos não será diferente.
Segundo os dicionários o lúdico 1. (é um adjetivo relativo a jogo, a brinquedo.2. que
visa mais ao divertimento que a qualquer outro objetivo.) Portanto a ludicidade nada mais é
que qualquer movimento que tem como objetivo de produzir prazer quando está em execução,
deste modo, crianças do ensino infantil e fundamental, sentem-se um prazer, uma alegria com
o processo do brincar, seja o brincar do faz de conta, seja o brincar de correr, saltar, ou até
mesmo de modelar as coisas, muitos educadores ainda se referem ao lúdico como se fosse
25

apenas jogos, ao aprofundarmos acerca da ludicidade, aprendemos que são diferentes


atividades aplicada ao ambiente escolar, é claro o modo mais prático e mais usado que causa
impacto é o Jogo em si, toda via iremos nos ater a essa parte do lúdico que são os jogos
pedagogos. Com relação ao jogo, Piaget (1998) acredita que ele é essencial na vida da
criança. De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma
determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos.
Usando como embasamento, esta fala do autor, iremos trabalhar os jogos também no
ensino de jovens e adultos, uma vez que esses alunos, também já viveram e vivem
experiencias, cotidianas, desde sua infância quando participavam, de jogos de petecas, jogo de
bola como futebol, voleibol, queimada, jogos de cartas entre outros, até os dias atuais.
Trabalhando o jogo com os alunos da Educação de jovens e adultos, faremos com que esses
retornem aos tempos de infância, e ai entenda que desde aquela época usavam o processo de
contagem, além do que todo jogo existem regras e são essas regras que farão o jovem ou o
adulto se ater nas leis por mais que não consigam se reeducar na educação formal, mas,
poderão entender que tudo na vida existe regras. Para Piaget, o jogo constitui-se em expressão
e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e
podem transformar a realidade. E para os adultos não é diferente, isso é um aprendizado de
convivência, ou seja para se viver bem em sociedade precisam respeitar uns aos outros,
acabam lembrando que já aprenderam com seus pais os valores da família, e assim
inconscientemente irão pôr em pratica no seu cotidiano.
Já Vygotsky (1998), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento
ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo
dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o
sujeito não é ativo nem passivo: é interativo.
Contudo um experimento, com os jogos de encaixe, o material dourado por exemplo,
pode ser usado para reforçar ou ensinar a contar, a somar a dividir a subtrair, que na realidade
eles já sabem fazer, porem só iremos encontrar uma forma mais fácil de aprimorar o seu
savoir-faire, que em francês significa saber fazer, técnica, expertise, habilidades. A escolha de
jogos como recurso de aprendizagem matemática com alunos da Educação de Jovens e
Adultos (EJA) surgiu inicialmente da observação da escassez de materiais e recursos para o
aprendizado de alunos dessa modalidade de ensino.

Além de todo brinquedo ser baseado em regras, toda brincadeira desenvolve


relações emocionais que se externalizam por meio de sentimentos, gestos e palavras
26

(fala interior e fala exterior), exercendo influência sobre a formação da


personalidade (VIGOTSKI, 2007).

E é nessa linha de pensamento que este trabalho foi desenvolvido, temos a convicção
de que os jogos trabalhados de maneira responsável, pode se tornar uma importante
ferramenta, para o professor, um recurso pedagógico muito rico, onde trará muito benefício ao
ensino aprendizagem de muitos jovens e adultos. É trabalhando as emoções dos alunos que
conseguimos causar mudanças até mesmo nos seu modo de ver a vida.
27

SEÇÃO II SITUANDO A PESQUISA

Nesse emaranhado de ilhas, rios furos e igarapés, que


se abrem como estradas para todos os lados, podem ser
encontrados milhares de brasileiros que vivem sob o
regime das águas, numa relação direta com os rios. São
pessoas em diferentes condições de vida - sujeitos
humanos, mas nem sempre cidadãos, pois a sua maioria
encontra-se entre aqueles para quem o acesso às
políticas públicas ainda é precário, dentre elas a
dificuldade de acesso e continuidade à educação
formal.

(AMARAL 2012)

Nesta seção, apresentamos o percurso da nossa pesquisa, na região amazônica,


particularmente no Arquipélago do Marajó. Tratamos de Interpretar essa região como Marajó
das florestas e Marajó dos campos, mas nos situando no Marajó das florestas, para discutir
sobre a importância das atividades lúdicas para o ensino de matemática na educação de jovens
e adultos.
Faremos uma breve discussão da realidade histórica e educacional do arquipélago do
Marajó. Objetivamos nos ater em algumas questões relacionadas a escola, ao ensino da
matemática, e a atuação do professor nesta localidade, falaremos também sobre a Eja no
Município de São Sebastião da Boa vista, a realidade de nossa comunidade estudantil em
relação a Eja, um breve histórico de nosso lócus de pesquisa e os resultados esperados.

2.1 Situando a pesquisa: Uma breve discussão sobre a Educação do Marajó

Neste palco de vivencia cotidiana, terra de belezas e encantos, em que se transforma o


arquipélago do Marajó, e que á anos se tornou um objeto de pesquisa, para alguns estudiosos
marajoaras, onde nos encontramos, procuramos marcar nossa posição de fala, sobre tudo em
São Sebastião da Boa vista onde está localizada a “Escola Padre José de Anchieta”, um
cenário lindo e ao mesmo tempo marcado por percalços e contrastes sociais. Todavia, ao
ousarmos falar da educação marajoara, se fez a necessário, antes de tudo entender um pouco
mais sobre a cultura e costumes deste povo. Conforme as compreensões de Chizzotti (2008, p.
84), situamos o percurso da pesquisa baseando-nos no lugar que ocupa o pesquisador.

Procura-se compreender a experiência que eles têm, as representações que formam


e os conceitos que elaboram. Esses conceitos, as experiências relatadas ocupam o
centro de referência das análises e interpretações, na pesquisa qualitativa.
28

Guiados pelas experiências deste grande marco, que iluminam nossa investigação,
aprofundamos um pouco mais sobre esse lócus de pesquisa. O Marajó se localiza no norte do
Pará, particularmente na foz do rio Amazonas, compõe uma região com diversidade de
recursos naturais, uma heterogeneidade cultural e histórica que constitui a vida da população.

Falar no Marajó é pensar num arquipélago, num complexo de ilhas com cerca de
42.000Km² e extensão geopolítica marcada por 16 municípios paraenses que se
dividem entre os povos dos campos, das águas e das florestas. De um lado o
“Marajó dos Campos”: Cachoeira do Arari, Chaves, Salvaterra, Santa Cruz do
Arari, Muaná, Ponta de Pedras e Soure. De outro, o “Marajó das águas e
florestas”: Afuá, Anajás, Breves, Curralinho, Portel, Melgaço, Bagre, Gurupá e São
Sebastião da Boa Vista. Uma divisão não extremada, pois em muitos desses
municípios, pode predominar o campo ou a floresta, mas, com a riqueza natural
deste lugar é possível encontrar, ao mesmo tempo, os dois cenários. (AMARAL
2012)

Segundo a autora, este lócus, cortado por rios, banhados por águas, enriquecido por
lindas praias, e campos natural, é diferem os dois cenários por ela apresentado, cenários dos
campos e da floresta, ainda sim, estes ribeirinhos só é possível o acesso à escola através dos
rios, percebe-se então, que essa diferença interfere de forma intensa no processo de ensino
aprendizagem de jovens e adultos, bem como no seu meio de sobrevivência, haja visto que se
torna difícil estudar com fome ou em meio a miséria. Conforme a pesquisadora Farias (2014)

Percebemos que a cidade de Belém situa-se no sudeste do canal que separa o


arquipélago do Marajó do continente. O acesso da capital a qualquer cidade do
Marajó se faz por meio do uso de transporte aéreo ou embarcações marítimas de
diferentes portes que transitam em várias partes da região.

Um lugar onde para ir dar aulas no caso do educador, ou para estudar no caso dos alunos,
todos precisam pegar a canoa ou o casco, rabeta, lancha ( são pequenas embarcações feita
de madeira, movida a remo ou a motor a diesel), tudo é muito complicado, para os
educandos, pois a maioria precisam acordar cerca de 3hs (três horas da madrugada, para pegar
o transporte rumo a cidade onde o ensino acontece, e que na maioria das vezes partem sem
tomar café, ou fazer um lanche, chegando de volta em sua residência cerca de 14hs (quatorze
horas), tudo isso devido não ter no meio rural, uma instituição de ensino que possa suprir tal
necessidade. No caso do profissional de educação que leciona na área rural não é diferente.
O acesso a escola pelos rios e florestas se transformam no cotidiano do aluno e do
professor em uma batalha. Por exemplo, muitos alunos boavistenses que estudam
no meio rural enfrentam a longa distância entre suas casas e a escola, ou viajam do
meio rural para o meio urbano para dar continuidade na trajetória estudantil.
(FARIAS 2014)
29

Essa dificuldade reflete na sala de aula, com o baixo índice de aprendizado, e se falando
na educação de jovens e adultos é bem mais difícil, devido estes, terem que trabalhar e só
dispõe de tempo no horário noturno, e nesse bailar de maresias e marolas é que os rios se
transformam em ruas, neles se encontra os alunos, os professores, os pescadores e outros
profissionais.

É pelas águas que homens, mulheres e crianças fazem e veem suas vidas acontecer,
por meio delas chega a saúde, a educação, os professores, os alimentos que os
sustentam. Nesse percurso, se faz o tempo das viagens para o trabalho, para a
escola, para as festas, procissões, enterramentos. (AMARAL 2012)

Essas dificuldades, é encontrada no cotidiano do marajoara, devido à falta de políticas


públicas voltadas a educação. O lugar de onde posiciono minha fala, fica em meio a esses
emaranhados de ilhas, cobertos por rios e florestas e, que como os outros demais municípios
que fazem parte deste arquipélago, não deixa de ser um lagar esquecido pelo poder público. É
preciso pensar em proporcionar melhores condições, de ensino, para que se possa atender a
demanda. Analisando afala de freire (2006, p. 11).

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta
não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se
prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

E complementando o que o autor fala, seria de grande valia, implementar um sistema de


ensino voltado a dinamização do ensino no Marajó e que não fosse copiado de outros estados,
uma vez que o nosso Marajó tem suas peculiaridades muito diferentes dos demais territórios
brasileiros.
Na condição de educadora, marajoara que sou, nascida e criada neste lugar,
acompanhando a trajetória de muitos alunos da educação de jovens e adultos, principalmente
no que tange o ensino de matemática, hoje sinto-me desafiada em buscar novas metodologias,
para ajudar aos colegas que neste batente, sentem a mesma angustia, que é conviver com a
defasagem do ensino público. Todos nós educadores e pesquisadores temos consciência de
quão é importante o ensino da matemática aos nossos educandos marajoaras, contudo não
encontramos durante a pesquisa, uma teoria, ou proposta, voltada a facilidade e a dinamização
do ensino em questão, haja visto que a matemática é um dos principais pilares para a
formação do cidadão. O Art. 37 da LDB prevê que “a educação de jovens e adultos deverá
articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento”; dessa
forma, e se realmente acontecesse o que está previsto em lei, teríamos muito mais jovens
30

dentro das escolas. O jovem quer trabalhar, mas faltam qualificação e oportunidades,
principalmente a de concluir a Educação Básica e ter parcial domínio das novas tecnologias.
Muitos pesquisadores têm discutido sobre as políticas voltadas para a educação no
Marajó mas pouco se ver acontecer. Nossas escolas viraram alvo de discussões e críticas,
porem tampouco houve alguém que se debruçasse em desenvolver uma técnica que ajude a
melhorar o sistema educacional.
E trilhando os caminhos que fazem todos os dias os docentes, em desenvolver a pratica
do ensino de matemática na educação de jovens e adultos, fui alimentada com o olhar e os
anseios de pesquisador, analisando que o professor precisa em maior parte do seu tempo, em
sala de aula, ou em seu lar, ser um pesquisador analítico, para que nesse processo de reflexão
ação ir sempre em buscar de experimentar novos métodos de ensino. Nesse caso, vimos que
como professor “devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me
insere na busca, não aprendo, nem ensino” (FREIRE 1996, p. 85). Desta forma começamos a
refletir sobre, como a escola encara esse processo de dinamização do ensino da matemática na
educação de jovens e adultos.

2.2 São Sebastião da Boa Vista: Uma educação em múltiplas faces.

São Sebastião da Boa Vista está localizado a noroeste do Arquipélago Marajoara. O


município limita-se ao norte com a cidade de Anajás e Breves, ao leste com Muaná, a oeste
com Curralinho e ao sul com o rio Pará. Atualmente, a cidade tem cerca 22.904 habitantes
conforme o senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 1. Para se
ter acesso da capital até a sede do município é necessário o uso de embarcações, pois precisa
atravessar a Baía do Marajó como mostra o mapa acima. Por situar-se em uma ilha, suas ruas
são estreitas e cortadas por igarapés, algumas já estão asfaltadas, outras cobertas com barro e
as demais ainda são pontes de madeira.
Assim como as demais cidades do Marajó, este pequeno município tem suas histórias
e crenças, embasadas em seus antepassados, durante o processo de pesquisa descobrimos que
tem esse nome hoje devido a cidade ser cortada pelo rio santo Antônio. Segundo Farias (2014)
em sua pesquisa.

A cidade ainda é conhecida ainda como a Veneza do Marajó, assemelhando-se a


cidade de Veneza na Itália, pois é cortada pelo Furo Santo Antônio que a divide.
Por isso, a cidade é interligada através da ponte de concreto e aço chamada Romeu
Monfredo que dá acesso da Cidade Velha à Cidade Nova

É mais uma cidade marcada por percalços sociais, onde a maioria dos alunos destas
cidades são filhos de classe baixa, que não vivem e sim sobrevivem do bolsa família, o
reflexo dentro das intuições escolas é marcada pela violência e a fome, muitos dos nossos
alunos vão a escolas se merendar ou sem tomar café, e ainda alguns de pé no chão, e ainda
acabam por presenciar em seu lar os pais se agredindo, tanto com palavras, quanto
fisicamente. É um município que não oferece muitas opções de vida, que não conseguir
através da politicagem, um emprego na prefeitura, trabalho braçal como as estivas, o carreto,
e a partir de mais ou menos 2009 uma nova modalidade que foram os mototaxistas, porem
1
Site: revistas.unama.br/index.php/Movendo-Ideias/article/download/920/470
31

esses nem todos os dias tem, e quando tem é muito trabalho pro pouco benefício financeiro.
Isso faz com que muitos alunos deixem de estudar e voltem para o interior para trabalhar no
cultivo do açaí, nas olarias ou na pesca artesanal.
Em termos educacionais, percebemos a existência de uma pluralidade cultural que se
manifesta no ambiente escolar. Pensar a educação, no aspecto de uma proposta de ensino da
leitura, implica considerar as experiências sociais dos alunos. Nesse sentido, dialogamos com
as reflexões de Cristo (2007, p. 58-59):

Educação, cultura, desenvolvimento sócio-econômico e ambiental são


condições essenciais para garantir a elevação da qualidade de vida das
populações marajoaras, que deve estar voltada para a valorização dos
diversos espaços e particularidades que constituem o Marajó, sem ignorar a
pluralidade, dentro desse contexto de múltiplas faces.

O governo deve voltar seu olhar para implantar políticas de incentivo ao estudo, sem
deixar que o desenvolvimento socioeconômico interfira nos estudos e nos aprendizados de
nossos educandos.

Se por um lado, a educação constitui um pilar para melhorar as condições de


desenvolvimento sociocultural e ambiental da população marajoara. Por outro, faz-
se necessário refletir sobre a trajetória estudantil dos alunos, em sua maioria,
marcada por atividades de corte da madeira, palmito, extração do açaí, pesca e
agricultura familiar. Deste último, fabricam a farinha, o tucupi e a tapioca como
elementos básicos que garantem a alimentação e, às vezes, a renda familiar. (Farias
2014)

Segundo a autora, a educação no município é marcada por diversos, fatores que de


certa forma interferem no processo de ensino aprendizagem dos nossos educando, haja visto
que para se ter um bom desenvolvimento, o aluno precisa de tempo para estudar em casa,
esses fatores acarretam no atraso, na repetência e em muitos casos na evasão escolar.
Hoje muitos alunos terminam o fundamental sem saber resolver uma operação de
adição, devido ao tempo que este aluno não tem em caso, uma vez que precisa trabalhar para
ajudar seus pais. O bolsa família é uma ajuda que só serve para comprar o material escolar,
todavia o aluno não precisa somente de canetas e lápis, ele precisa ir de barriga cheia para a
escola, precisa está em um ambiente confortável dentro da escola. Neste nosso município a
maioria das escolas não tem um conforto o que interfere ainda no desenvolvimento
intelectual.

Estudar e trabalhar, muitas vezes, tem sido o dilema de muitos estudantes no espaço
escolar. Ora trabalhar ora estuda porque muitos de nossos alunos ajudam na
economia da família. Isso pode acabar por prejudicá-los nos estudos, quando eles
deixam de realizar as atividades escolares para fazer os trabalhos tantos da roça
quanto domésticos. Essa demanda de alunos vem de várias partes da cidade com
uma realidade distinta. (FARIAS 2014)
32

De acordo com a autora, não se pode conciliar as duas coisas, ou o aluno estuda ou
trabalha, reiterando o que já foi falado no desenrolar do trabalho, se o governo implantasse
uma política educacional, onde viesse suprir das famílias carentes, o que é a maioria, indo de
encontro ao trabalho braçal do educando a realidade educacional seria diferente. Muitos
alunos não deixariam a escola para trabalhar, isso ocorre porque trabalhando ale de ajudar a
comprar seu pão de cada dia ainda sobra o dinheiro pra gastar na rua onde ele com certeza
ficará depois do trabalho.

2.3 A Eja no município de são Sebastião da boa vista – Pa: História de lutas e conquistas.

O texto que da lei que regulariza a educação de jovens e adultos do Brasil que foi
adaptado para o município, diante de todo um contexto histórico da EJA no Brasil, e, com a
finalidade de oportunizar as pessoas que não tiveram acesso ao ensino na idade certa e,
pautado no princípio da universalização do ensino público e gratuito, balizado no direito
subjetivo dos educandos, é que a Secretaria Municipal de Educação – SEMED, do Município
de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha do Marajó, estado do Pará, começa com a idéia de
fazer frente ao analfabetismo no Ano de 2006, buscando implementar na rede pública de
ensino, o Programa de Ensino Fundamental para Jovens e adultos, com intuito de atender a
essa parcela da população boavistense, que se encontra dentro das expectativas indicadas pelo
Ensino de Jovens e Adultos que se pede a ser aplicada pela lei, alunos que por um motivo ou
outro, não conseguiram concluir o Ensino Fundamental na idade certa.
Tal oferta se dá por meio desta modalidade, sendo ele presente de duas, maneiras no
município, sendo elas, Presencial e Semipresencial (Ensino Personalizado), com metodologia
própria, matriz curricular adequada e professores habilitados. Logo nos primeiros meses
houve uma certa rejeição, além do que os professores que foram trabalhar nas turmas,
estavam acostumados a trabalhar com crianças, do ensino fundamental. Os professores não
receberam a capacitação adequando haja visto que seria uma nova modalidade de ensino, os
alunos haviam participado de um programa do banco do Brasil BB educar, onde estavam
acostumado estudar cerca de 2 horas por dia, depois outra modalidade de ensino que foi o
Mova Brasil, também com a mesma carga horaria, isso, confundiu um pouco a mentos dos
educandos, que levaram algum tempo para se adaptar a carga horaria de 4hs.
33

A oferta da modalidade no Município funciona com formação das turmas zona urbana
e zona rural, como já citado, respectivamente nas modalidades presencial e semipresencial
com o ensino personalizado, tendo sua distribuição em etapas conforme descrito abaixo.
1ª Etapa – correspondente ao 1º, 2º e 3º ano.
2ª Etapa – correspondente ao 4º e 5º ano.
3ª Etapa – correspondente ao 6º e 7º ano.
4ª Etapa – correspondente ao 8º e 9º ano.
A metodologia a ser aplicada no EJA semipresencial é aplicada da seguinte maneira, a
1ª e 2ª – Etapa acontece no sistema de acompanhamento do aluno onde em três vezes na
semana o professor se reuni com os alunos em uma escola da comunidade onde se localiza a
turma e os outro dois dias na semana é para encontro pedagógico com professores de outras
comunidades e preparação de material para os encontros presenciais, mas sempre disponível a
atender o aluno para sanar qualquer dúvida mediante as atividades desenvolvidas e as
atividades extraclasse.
Na 3ª e 4ª – Etapa do Ensino Personalizado (EJA semipresencial) é aplicado durante
dois anos de duração, dois dias de aulas presenciais durante a semana, a ser definida com os
alunos e professores no primeiro dia de aula, os demais dias restantes será dedicado a
atendimento individual aos alunos e a oportunidade de tirar dúvidas com o professor.
Nessa modalidade semipresencial a oferta de disciplina nas turmas de 3ª e 4ª – Etapa
acontecem no sistema modular com rodizio de professores pelas turmas, com duração de
acordo com a carga horária de cada disciplina constante na matriz curricular.
Enquanto que, a metodologia do EJA presencial é aplicada da seguinte maneira, 1ª e 2ª
– Etapa, tem aulas regulares de 4 horas semanais, 5 vezes na semana com o professor titular
das turmas, aulas essas ministradas e elaboradas em cima de planos de aulas correspondentes
as matrizes curriculares e as 3ª e 4ª – Etapa funcionam também com encontros 5 vezes na
semana, com aulas de 40 minutos dividas entre as disciplinas da matriz curricular, onde é feito
um calendário de aulas dependendo da carga horária referente a cada disciplina.
Para ingressar no Ensino Fundamental de Jovens e Adultos – EJA, tanto no presencial
como no Semipresencial, o aluno deverá ter de 15 anos em diante, e, para poder ser matricular
na etapa final do EJA, ou seja, 3ª e 4ª – Etapa o aluno deverá ter concluído a 4ª série/5º ano do
Ensino Fundamental, mediante comprovação de tal escolaridade, mas no caso do EJA
semipresencial (Ensino Personalizado) caso este queira ingressar e só tiver concluído até a 3ª
série/ 4º ano ou não tiver Documentos de comprovação de escolaridade e se encontrar apto,
isso com o aval do professor e um coordenador pedagógico, passará por um teste
34

classificatório aplica pela Secretaria Municipal de Educação desde de que autorizada pelo
Conselho Municipal de Educação, conforme Resolução Nº001/2012 do conselho Municipal
de Educação de São Sebastião da Boa vista, no Artigo 53 §4., no qual dispõe:

Os exames municipais, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos são


de reponsabilidade da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), a quem
compete programar, supervisionar, acompanhar sua execução, por meio da
Coordenação de Educação de Jovens e Adultos – CEJA ou equivalente.
(Resolução Nº 002/2012 de 19 de abril CME-SSBV)

Na realização desse teste, o aluno/candidato terá que atingir a nota mínima de 5,0
pontos para ser considerado apto a avançar para a 3ª etapa.
Os docentes para atuar no programa, são contratados a critério da administração
pública. Sendo que os professores terão de ter qualificação na disciplina em que pretende
leciona, de acordo com a legislação educacional em vigor, e, no decorrer dos semestres passar
com reuniões pedagógicas para a discursão de planos de aulas, e metodologias de trabalhos,
participando também das jornadas pedagógicas oferecidas pelas unidades escolares.
A matriz curricular a ser trabalhada nas duas modalidades de EJA no município é a do
Conselho Municipal de Educação de São Sebastião da Boa Vista na Educação de Jovens e
Adultos, que tem como base a LEI Nº 9.394/96 DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL E A RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 1 DE 05/07/2000.
Em se tratando de informações sobre dados da EJA no município, as informações do
Educa censo, os alunos do Ensino Fundamental de Jovens e Adultos são todos alunos
regularmente matriculados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José de
Anchieta, como no caso dos alunos da EJA Semipresencial (Ensino Personalizado) que
possuem turmas que funcionam em diversas localidades, estes apareceram no censo escolar
regulamente inseridos na Escola Padre José de Anchieta, portanto, em questão a certificação
desde alunos do EJA semipresencial será toda e qualquer documentação de direito do aluno
expedida pela escola sendo esse aluno de qualquer uma das zonas rurais.
Por fim, mas não menos importante a avaliação do Ensino de Jovens e Adultos, tanto
do presencial como do semipresencial, segue o mesmo sistema de ponderação usado no
Ensino Fundamental Regular, portanto a nota para que o aluno seja aprovado será de 5,0
pontos, sendo os alunos da 3ª e 4ª - Etapa submetido a quatro avaliações em cada disciplina,
durante o ano letivo.

2.4 Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José de Anchieta.


35

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José de Anchieta situa-se na Avenida


Das Acácias, no Bairro Aeroporto. O nome da referida avenida foi dado porque existiam
antigamente muitas árvores de acácias nesta parte urbana denominada Cidade Nova.
Tecnicamente, a referida escola tem seu funcionamento autorizado pela Secretaria de
Estado da Educação, de acordo com a legislação vigente. A instituição de ensino recebe
alunos vindos de todas as partes do meio rural, de outros bairros e vizinhanças. É composta
por uma gestão com três membros, coordenação pedagógica, professores e corpo de apoio,
todos são de suma importância para o bom funcionamento da escola. A escola atende alunos
de 1º ao 9º ano, e turmas da Educação de Jovens e Adultos – EJA. Funciona em três turnos:
matutino, vespertino e noturno.
A escola segue alguns padrões exigidos pelo Ministério da Educação, com salas
amplas e arejadas, cadeiras e mesas adequadas aos alunos que a frequentam, sua estrutura
interna é de grande porte e espaçosa para atender corretamente seu alunado. Vygotsky (1988)
afirma que é relevante que a escola apresente espaços significativos para o desenvolvimento
das interações sociais dos sujeitos. Essa seria uma escola que apresenta um arcabouço
essencial para acolher todos que dela precisarem. Porém, em nossa realidade, por exemplo,
faltam espaços pedagógicos adequados para desenvolver a práticas voltadas ao ensino da
matemática.
Neste cenário escolar, a pesquisa toma como sujeitos os discentes da modalidade de
Ensino de jovens e adultos -Eja nas turmas de 3ª Etapa do Ensino Fundamental da referida
escola e os docentes responsáveis pela turma. Nesse ambiente escolar, a pesquisa qualitativa
de cunho etnográfico mostrou-se relevante.

O uso da etnografia em educação deve envolver uma preocupação em pensar o


ensino e a aprendizagem dentro de um contexto cultural amplo. Da mesma maneira,
as pesquisas sobre a escola não devem se restringir ao que se passa no âmbito da
escola, mas sim relacionar o que é aprendido dentro e fora da escola (LÜDKE &
ANDRÉ, 1986, p. 14).

Assim, o estudo da pesquisa perpassa não somente pela escola, mas sim para o
ambiente em que vive esse aluno, procurando analisar as condições sociais deste, tentando
explicar por que há um descaso no que se refere à esta modalidade de Ensino, as pessoas que
fazem parte do quadro docente da escola Padre José de Anchieta vivenciam um desafio que a
realidade escolar apresenta quando se fala matemática, na escola, especialmente com alunos
da Eja. Na condição de pesquisadora encontramos no calor da pesquisa os contínuos desafios
que se impõem ao trabalho docente voltada para o incentivo ao aprendizado da disciplina de
36

matemática. A partir dessa análise, compreendermos essa realidade da pesquisa na


perspectiva de Chizzotti (2010, p. 83).

A pesquisa é um processo de formação e ação que deve provocar uma tomada de


consciência pelos próprios pesquisados dos seus problemas e das condições que os
determinam, para organizar os meios de defender e promover seus próprios
interesses sociais.

Neste ambiente social e cultural da Escola Padre José de Anchieta que deveriam
movimentar as práticas pedagógicas relacionadas ao ensino da Matemática na educação de
jovens e adultos. Adentrando o espaço da referida escola convivemos com variedades de
costumes e práticas educativas para descobrir seus interesses e desinteresses nas aulas de
matemática.
O espaço físico necessita de reparos no que tange o educacional, tem poucos
ambientes pedagógicos que incentive e atraia os alunos a escola. Apesar da maioria de seus
docentes já serem graduados ou em conclusão de curso, outros especializados, ainda com toda
esta qualificação são visíveis, em muitos casos, a falta de interesse pelo aprendizado do aluno
e o descaso pela formação dos alunos assim sendo, apresentam-se como desafios a serem
vencidos pela escola.
Se por um lado, há um discurso consolidado em relação às práticas de ensino como
responsabilidade da escola. Por outro, é notório que os alunos fiquem ansiosos para
matricular-se, para que possam inserir-se na escola e usufruir dessa prática.
Na concepção de Martins (2006, p. 35) a posição da escola diante desta situação, não
seria inserir no aluno o hábito de estudar e sim criar condições e proporcionar diálogos com
eles, para que este busque o sentido da aprendizagem em suas vidas.

A função do educador não seria precisamente a de ensinar a ler, mas a de criar


condições para o educando realiza a sua própria aprendizagem, conforme seus
próprios interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas e exigências que a
realidade lhe apresenta (MARTINS, 2006, p. 35).

Desta forma, contextualizamos as turmas da 3ª etapa a fim de compreender como os alunos


que já estão no último ano do ensino fundamental da modalidade Eja, têm a dizer o que
pensam sobre o aprendizado da matemática. E saber o que é a matemática, para eles já que
todos têm condições de fazer algo sozinho, só precisam de orientação.

2.5. Metodologia da pesquisa

O presente trabalho de pesquisa foi desenvolvido em várias etapas. Inicialmente,


buscou-se aprofundamento em literaturas sobre a temática abordada. Com base em
dissertações, livros, artigos, legislações entre outros. Essa revisão bibliográfica possibilitou-
nos um maior aprofundamento sobre a Educação de Jovens e Adultos.
O estudo teve como referência uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, de acordo com
MINAYO (2008), na pesquisa qualitativa, o essencial é a objetivação, uma vez que no
decorrer da investigação científica é preciso reconhecer a complexidade do objeto de estudo.
37

Portanto, é fundamental o uso de técnicas de coleta de dados adequadas, por fim, analisar todo
o material de forma específica e contextualizada para que fique evidente os resultados.
O método de pesquisa foi o hipotético-dedutivo, pois o que tínhamos anteriormente eram só
hipóteses que poderiam estar corretas ou não, mas isso só saberíamos por meio das
observações intervenções e colaboração no processo educacional, uma vez que nos
educadores devemos ser participantes ativos, podemos saber mais sobre as dificuldades
enfrentadas pelos alunos em relação ao aprendizado, e o que pode ser feito para melhorar e
dar uma educação com o mínimo de qualidade para os educandos da EJA.
Os sujeitos da pesquisa foram os alunos da modalidade da EJA, pois a nossa
curiosidade era pertinente a saber o que fazia com que esses alunos fossem de tal forma tão
pouco estimulados, o que gerava uma grande perda de interesse impedindo assim com que
eles consigam se envolver para adquirir conhecimentos sem medo e de modo participativo.

Em uma conversa informal com os educadores da modalidade observamos que eles já estão
cansados e sem vontade com a tal inovação que a educação vem trazendo com o passar dos
anos, assim sendo, eles não veem necessidade de mudar suas práticas metodológicas em sala
de aula, eles apontam motivos que os fazem pensar dessa forma são, a falta de valorização
profissional, o desinteresse dos alunos, a violência na sala de aula e a desistência em massa
dos alunos ainda no começo, mas tal problemas muitas das vezes causado pelo medo que esse
aluno adquire com a metodologia desse professor que não observa que esse aluno da EJA já
tem seus conhecimentos prévios tanto do dia a dia, quanto da sua trajetória de vida,
conhecimentos esses que podem de maneira bem utilizada transformar a maneira de ensinar
esses alunos, ajudando assim no ensino aprendizado principalmente na disciplina de
matemática, formulando problemas com as convivências diárias destes alunos e mostrando
métodos diferentes para eles resolverem.
Desta forma, pode-se dizer que o professor da EJA com essa visão acaba não contribuindo
para uma formação continuada desses alunos, pois, já está desmotivado e acaba desmotivando
este aluno que precisa de estimulo para se tornar mais participativo e sem preceitos durante
essa caminhada escolar.

2.5.1 Instrumentos de coleta de dados

O primeiro momento foi fácil, pois faço parte do corpo docente da escola o que ajudou
muito para que fosse possível o acesso à pesquisa e intervenção, porém houve uma resistência
por parte de alguns docentes, que alegaram que os alunos estavam em período de avaliação e
38

que não seria viável a intervenção naquele momento, mas argumentamos que inicialmente só
iríamos ficar observando e após dois de observação esperaríamos o momento propício para
fazer a intervenção.
Foi aceita tal proposta e seguimos com a pesquisa. Como instrumento para coleta de
informações, foram feitas observações da metodologia da professora na sala de aula da 3ª
etapa, e num dado momento aproveitamos uma oportunidade para uma roda de conversa
informal com os alunos para investigar os motivos que levaram esses educandos a voltarem a
estudar e o porquê de haverem desistido. No terceiro momento após nossa aula de intervenção
e aplicação de toda nossa metodologia de pesquisa foram entregues questionários a esses
alunos que se dispuseram a colaborar com nossa pesquisa, o objetivo era saber o que eles
acharam desse método para aprender matemática e a importância de um momento lúdico para
o ensino e aprendizagem na opinião deles, e o que achavam sobre tal metodologia.

2.5.2 Momentos da observação

Durante os dois dias em que observamos a ação e método da professora, podemos


constatar que ela mostra o que já citamos acima, não falta de interesse, mas aquele velho
modo de trabalhar de maneira tradicional e sem valorizar os conhecimentos dos alunos, não
utilizava o lúdico em suas, sendo que o assunto requeria uma explicação mais clara e objetiva,
até mesmo tátil, pois se tratava do assunto de adição, resoluções de problemas.
Entretanto os alunos não compreendiam, pois ela apenas explanava o assunto tirando e
assustando a oportunidade dos alunos participarem e nem fez uso de algo do cotidiano deles
que pudesse representar de forma lúdica ou que eles conseguissem enxergar o que eles
estavam acostumados no dia a dia ou que as propriedades queriam demonstrar.
É isso nos faz considerar que seja importante que o professor da EJA reflita e reveja que o
educador é um mediador, um organizador do tempo, do espaço, das atividades [.] na
construção do conhecimento. É ele quem cria e recria sua proposta pedagógica e para que ela
seja concreta, critica dialética, este educador deve ter competência técnica para fazê-la
(SANTOS, 1997, p. 6), portanto o educador precisa sim inovar em suas metodologias.
Esse momento evidenciou mais o grau de dificuldade desses educandos quando por meio de
nossa atividade diagnóstica, mais um dos nossos objetos de coleta, feita logo após a
explanação da aula tradicional do conteúdo ministrado pela professora, verificou-se que eles
não estavam sabendo interpretar os problemas pelos simples fato de não se tratar de algo do
seu convívio e se confundiam com a palavras teóricas , reforçando a nossa ideia de que as
aulas lúdicas poderiam ser importantes para o processo ensino aprendizagem.
39

2.5.3 Momentos da intervenção


No terceiro dia na mesma turma da EJA fomos explanar o mesmo assunto que a
professora havia passado, mas, tivemos como suporte metodológico, a ludicidade, para
explicar sobre adição e resolução de problemas apresentamos para eles o material dourado.
A medida que os alunos iam manuseando o material dourado, explicava-se passo a passo
quanto vale uma unidade, uma dezena uma centena e unidade de milhar fazendo-os manusear
e contar as pecinhas que compõem o material dourado para que houvesse aprendizado sobre o
conteúdo.
Por conseguinte averiguou-se que os alunos mostravam-se muito interessados em aprender
com esse recurso, e que nunca tinham tido acesso ao material dourado, sendo assim sentiam-
se motivados a participar e descobrir o novo conhecimento, e que aquela oportunidade dadas a
eles fazia com que eles nos olhassem de maneira agradecida, foi muito gratificante esse
momento, pois eles estavam assimilando de maneira rápida algo que antes era assustador.
Por fim, aplicamos a mesma atividade diagnóstica que usamos na aula da professora,
para comparar o grau de compreensão dos alunos da aula tradicional e da aula lúdica, e para
nossa satisfação o resultado nos levou a reforçar a ideia que antes era apenas suposição, ou
seja, com a ludicidade a aprendizagem se deu de forma satisfatória, pois das quatro questões,
as mesmas passadas após a explanação da professora em que a maioria errou grande parte das
questões, com a metodologia usada por nós utilizando a ludicidade como recurso, poucos
alunos continuaram errando as mesmas questões.
Assim percebe-se importância da ludicidade como uma ferramenta que auxilia no
processo ensino aprendizagem, que possibilita ao educando não apenas a alegria do brincar e
ter uma aula diferente , mas o principal que é a aprendizagem do conteúdo formal por meio
de jogos e a apresentação de questões problemas com objetos e ações que fazem parte do seu
cotidiano e fazer essa associação torna a aprendizagem significativa pois o educando vai
aprender que precisa desse conhecimento para a vida do dia a dia.
É assim que acredita-se que a ludicidade é se suma importância para uma
aprendizagem significativa, pois proporciona ao educando a saber lidar e resolver os
problemas que surgirão no dia a dia, assim sendo quando a assimilação dos conteúdos
acontece de forma dinâmica, prazerosa e prática, o educando jamais esquecerá o que
aprendeu pois o conhecimento só se torna relevante se fizer sentido para alguma coisa, caso
40

contrário será só mais uma informação que o cérebro apagará por estar dissociado da sua
realidade.
Com esse momento em nossas aulas com a utilização do jogo foi possível observar nos
alunos da EJA o sorriso da alegria do brincar, e poder participar sem medo da aula, nesse
sentido Celso Antunes (2003) afirma que o jogo é o mais eficiente meio estimulador das
inteligências, permitindo que o indivíduo realize tudo que deseja, quando joga, passa a viver
quem quer ser, organiza o que quer organizar, e decide sem limitações. Pode ser grande, livre,
e na aceitação das regras pode ter seus impulsos controlados. Brincando dentro de seu espaço,
envolve-se com a fantasia, estabelecendo um gancho entre o inconsciente e o real.
A ludicidade é um método que pode ser trabalhado em todas as fazes da vida
estudantil , sendo que, quando o ser humano desenvolve-se cresce com ele suas
responsabilidade e perspectivas de vida, porém mantêm em si as lembranças da infância e a
ludicidade vem com esse contexto para fazer com que esses educandos da educação de jovens
e adultos revigore e acaba gerando o estimulo com essa alegria do aprender brincando,
construindo conhecimentos uma vez que ninguém tem a verdade absoluta, e que todos nós
temos o que ensinar e aprender fazendo essa fusão dos conhecimento empírico e formal e
assim fazer surgir uma educação igualitária onde o aluno da EJA passe a ser respeitado como
sujeito de direitos, e sua maneira de aprender seja respeitada e valorizada para sanar as
dificuldades desses indivíduos.

2.5.4 Analise dos dados coletados

No decorrer da pesquisa foi entregue cinco questionários, um para a professora, que


ministra aula na turma pesquisada, outro para o coordenador pedagógico, responsável pelo
turno, outro para o diretor, os demais questionários foram entregues para dois alunos, o
Pedrinho e João. Em relação à formação docente verificou-se que a professora, está em
processo de conclusão de licenciatura em Matemática, foi o que facilitou a discussão em
relação ao tema proposto. Com relação ao tempo de atuação em sala de aula, observou se que
uma tem cerca de 2 anos de atuação em educação. A primeira pergunta dos questionários,
aplicado a pedagoga, referiu-se a opinião em relação a ludicidade no ensino de matemática na
Eja. Esta nos respondeu que, trabalhar o lúdico é de suma importância no cotidiano do
professor, principalmente quando se refere a facilitação do aprendizado da matéria, porem
nunca se trabalhou, na eja devido acharmos que os alunos não iriam aceitar tal metodologia.
Verificou-se diante desta afirmação da pedagoga, que os técnicos, não encontram-se
preparados para enfrentar os problemas apresentado pela educação dos jovens e adultos, e que
41

portanto necessita de uma intervenção, seja pela equipe escolar, seja pela equipe da secretaria
de educação. No sentido de capacitar tal profissional, para exercer o seu trabalho nesta
modalidade de ensino. Quando perguntado ao diretor, sobre a mesma questão, a resposta não
foi diferente, combinando sua fala a da pedagoga.
Quando questionado, a professora, esta respondeu que, a falta de orientação e
incentivo, em relação a ludicidade, a escola não tem o material necessário para atender as
necessidades dos professores, estes quando procuram a coordenação pedagógica, recebe de
resposta que, você assumiu o cargo, portanto deve se virar.
O que nos deixou completamente, convictos que nesta escola, não se prioriza a
educação de jovens e adultos, se trabalha no planejamento, porem na pratica não é
desenvolvido tal estratégia.
A segunda pergunta direcionou aos alunos, questionou-se sobre quais as dificuldades
na hora de aprender os conteúdos de matemáticas repassados a eles. João respondeu que, a
professora se esforça para repassar os conteúdos de maneira flexível ao nosso aprendizado,
mas seus esforços acabam sendo em vão, pois muita das vezes não se entende as linguagens
usadas nos conteúdos, também se torna cansativo apenas escrever e escutar a explicação de
sempre da professora. Quando perguntado ao Pedro, a resposta foi que, na maioria das vezes,
está sem paciência para estudar, devido ao cansaço.
A terceira pergunta direcionada ainda aos alunos, referiu-se a sua opinião em relação a
dinâmica trabalhada em sala de aula através do lúdico. A resposta foi que ambos acharam
interessante, porque nenhum professor havia trabalhado brincadeiras com eles. Segundo o
João aluno da 3ª etapa da eja, “A maioria dos professores só querem encher o quadro de
assunto, e a gente não entende nadinha, e quando pergunta eles dizem que é falta de interesse
nosso”.
Mais uma vez reiteremos nossa fala em relação ao posicionamento do professor em
relação aos alunos da eja, é visível esta percepção quando analisamos a fala do aluno,
entendemos que muitos educadores não têm paciência para trabalhar com as turmas de
educação de jovens e adultos.
A quarta questão aplicada aos alunos, referiu-se a aula usando o lúdico, qual a
contribuição para que eles pudessem assimilar o conteúdo apresentado. Estes responderam
que “ quando a professora usou, os jogos na aula, tudo ficou muito claro, o que era
complicado ficou fácil, segundo o Pedro “quando a professora, pegou o joguinho eu pode
perceber que, era parecido com a venda, cada pedaço representava um objeto que eu vendia”.
42

João trabalha na feira, vende verdura, nessa fala dele podemos perceber, que houve uma
associação do conteúdo com o seu cotidiano.
A quinta questão, também foi aplicado ao aluno, referiu-se a em relação a
metodologia, como eles veem essa nova metodologia. O aluno Pedro respondeu que, “do jeito
que a professora fez, foi muito bom, pois foi uma aula muito boa, além de ter aprendido o
assunto ainda achei uma aula divertida”, já o aluno João disse que “ os professores precisam,
ser mais divertidos e ouvir mais os alunos, do jeito como a professora fez, eu gostei e aprendi
muito”.
Diante de todas as respostas dadas tanto pelo corpo funcional do turno da Eja quanto
pelos alunos, e da observação e intervenção realizados para o êxito de nossa pesquisa
atentamos para o que realmente nos foi colocado em cada resposta que foi fundamental para
ressaltarmos realmente a importância que a ludicidade tem no ensino de matemática para
jovens e adultos, pois a maioria dos alunos da Eja teve sua infância interrompida pelos
problemas sociais tão característicos de um país subdesenvolvido, ter que parar de estudar
para trabalhar e ajudar a família, e nesse sentido o lúdico resgata a alegria do brincar e o
aprender de forma satisfatória, trazendo assim aquele olhar diferente para esse aluno quando
pensa que tem que ir para escola, tirando a monotonia de todos os dias e fazendo com que os
alunos tire da participação nas brincadeiras mais autonomia para que o aluno se torne mais
participativo, pois vai desenvolvendo isso quando é chamado para participar na aplicação
dessa dinâmica que é o lúdico

2.6 Considerações finais

Voltando a ressaltar que a ludicidade, como podemos observar no decorrer de nosso


trabalho perpassa por todas as fases do desenvolvimento proporcionando alegria, diversão,
prazer, interatividade com o meio em que vive, e é algo de suma importância quando
realizado trabalhos utilizando tais dinâmicas, tornam-se momentos totalmente proveitosos as
aulas por meio desse recurso, quando se conecta ludicidade e matemática então os resultados
são mais satisfatórios, pois se junta o útil ao agradável e se aprende brincando, algo que a olho
nu se torna assustador, pois sabemos que a matemática é conhecida como o bicho de sete
cabeças, e sim assusta, mas nada que com leveza e novas metodologias e práticas não se
possa reverter.
Após todo o desenrolar da pesquisa chegamos à importante conclusão que o lúdico é
um importante instrumento para auxiliar a prática do professor e a aprendizagem da
43

matemática dos alunos da EJA, pena que não haja um interesse e esforço maior para a
aplicação de tal prática, mas nosso resultado vem deixar comprovado por meio da intervenção
na sala de aula da terceira etapa da EJA, que os alunos dessa modalidade de ensino se sentem
estimulados a não faltar na escola e a participarem mais das aulas sem medo, pois consideram
interessantes as aulas dinâmicas e que se juntam a sua realidade na aplicação dos problemas,
trazendo assim algo que faz com que eles tenham total segurança para opinar e criticar
durante as aulas.
Nesse viés verifica-se que o problema da pesquisa foi respondido, pois se constata que
as metodologias tradicionais estão ultrapassadas e não causam um estímulo à permanência
dos alunos da EJA e sim acabam afastando esses indivíduos, sendo assim, identificou-se em
nossos resultados também que quando as aulas passam a ser mais prazerosas, os alunos são
poucos os que se ausentam das atividades escolares, pois nos dias em que as atividades foram
aplicadas a esse discentes, tendo o lúdico como um suporte para resolver os problemas de
adição, foi observado que os mesmos começaram a mudar seu comportamento e sua rotina na
escola, principalmente no se trata a vir a aula, não faltavam e estavam sempre curiosos em
relação as atividades que seriam desenvolvidas, vendo que isso despertou a curiosidade dos
alunos referente aos trabalhos e matérias que seriam aplicados.
Levando em consideração a influência e magnitude deste recurso no processo da
aprendizagem de matemática na educação de jovens e adultos, é que se aplicou o recurso
lúdico de acordo com a realidades dos educandos, respeitando seu tempo, suas especificidades
e habilidades de raciocínio e desenvoltura e o principal, fazendo a fusão conhecimentos
empíricos e atividades do dia a dia desses indivíduos.
Apoiando-nos aos resultados afirmar-se que a hipótese da pesquisa foi confirmada,
pois foi comprovado que a utilização da ludicidade como recurso facilitador no ensino de
matemática conduz-se a uma aprendizagem mais significativa e prazerosa, bem como
contribui para o maior estimulo e uma participação mais ativa e dinâmica dos alunos da
educação de jovens e adultos, observou-se através das observações que quando o aluno é o
agente participativo do processo de ensino, onde venha se possibilitar à aprendizagem por
meio do diálogo e interação, torna-se natural que esse aluno tenha interesse em frequentar as
aulas e opinar sobre qualquer assunto discorrido na sala de aula, ainda mais quando esse
indivíduo vê coisas da sua realidade utilizada nos problemas, ele acredita está fazendo a
diferença uma vez que tem seus conhecimentos vividos levados em consideração.
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No entanto, todos os objetivos de nossa pesquisa foram alcançados com sucesso, pois
nosso objetivo principal era mostrar a importância da ludicidade no ensino de matemática
como um recurso pedagógico e mostrar sua ajuda construção da aprendizagem.
No entanto observa-se a importância desta pesquisa, pois é mais uma colaboração as
discussões acerca do uso da ludicidade e sua função na educação e no ensino aprendizagem
Vale ressaltar que brincar faz parte do ser humano, não importando a idade.
Mesmo tendo essas concepções concernentes a importância e eficácia da metodologia
lúdica é válido dizer que este é um trabalho que está aberto a críticas e sugestões, pois o
conhecimento não é algo pronto e acabado mais que está em um processo contínuo de
mudanças.
Assim finalizamos nossa pesquisa, ressaltando a importância de trabalhar com esse
público diversificado e batalhador que como todos nós têm seus sonhos e anseios e que
precisam ser incentivados para que consigam seus objetivos, e cabe a nós educadores ajudar e
contribuir com mais pesquisas que possam mostrar a melhor maneira e metodologia para que
se efetive o ensino de qualidade para essa modalidade, não apenas no ensino de matemática,
mas para todas as disciplina da grade curricular da Educação de Jovens e Adultos.
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