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Introdução da
Aula
Objetivos de Aprendizagem
• Apontar reflexões sobre a inserção da Gestão de Pessoas como área estratégica no
sistema organizacional.
desempenho.
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As pessoas têm uma vida inteira dentro das organizações. Nascem, crescem,
cada vez mais dependentes dessa convivência. As organizações geram assim, um grande
de vida.
nessa área ao longo do tempo. Desde os primórdios, o trabalho é parte integrante da vida
Pessoal e era concebida apenas como uma atividade mediadora entre as organiza-
Passando a uma visão laboral mais específica de nosso país, até os anos de 1930, algumas
2014).
mundiais, Tose (1997, apud MARRAS, 2003) demonstra que no Brasil é possível classificar
-lei nº 5.452, subsidiando o que era feito nos departamentos de pessoal das
chefe de produção, passa para as mãos do chefe de pessoal, pelo domínio das
regras e normas jurídicas da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Além de cuidar da
Brasil) surge a figura do GRI. Foi nesta fase que a função de RH passou a operacio-
função de RH passa a ser estratégica (e não mais tática). Cursos mais estratégicos
nessa área, como um efeito de um movimento que se inicia nos Estados Unidos.
Com isso, a partir dos anos de 1970, começam a existir nos cursos de administração
de pessoal, disciplinas que abordam, dentre outros temas, teoria das organizações,
2014).
ção, dos avanços tecnológicos e das próprias mudanças na sociedade – assumir um novo
tais como novos métodos de seleção de pessoas, planos de carreira que são reflexo dos
refere à qualidade de vida no trabalho. Combinar atividades qualificadas (ou seja, não
muitos cargos e funções. Drucker (1974 apud LACOMBE, 2011, p. 7) organizou as seis
na figura a seguir:
• Dimensão fisiológica: o ser humano não deve ser tratado como se fosse uma
percepção com a ação que executa. Tanto mais integralmente é visto (músculos,
• Dimensão psicológica: a forma como o indivíduo percebe o tra- balho (como algo
por sua vez, vem modificando sua relação com as recompensas obtidas pela sua
dedicação ao trabalho.
sociedade, é uma refe- rência de sua posição nos agrupamentos de pessoas. Para
• Dimensão econômica: o trabalho é visto pelo indivíduo como meio de vida, a partir
fazendeiro, por exemplo, a influência era impessoal (vento, chuva, seca, esta- ções
nal que afetam a todos, não pela propriedade dos meios de produ- ção, mas sim,
uma figura central da qual advém o poder de decisão. É necessário que haja uma
organização.
Por isso, a qualidade de vida do indivíduo está atrelada ao traba- lho, pelo importante
papel que exerce na existência humana – com destaque àquele trabalho que ocorre no
(LACOMBE, 2011).
Com o passar do tempo, tanto por consequência do desenvolvi- mento das organizações,
quanto como efeito das demandas dos indivíduos, tornou-se cada vez mais necessária a
sejam cada vez melhores. E isso impacta diretamente a Gestão de Pessoas, a área da
organização que tem como atribui- ção principal gerenciar as pessoas contratadas, suas
especialização. Esta é uma consequência de como o trabalho foi alocado, assim como
outros recursos produzidos por outros grupos (de outras organizações), requerendo
representação desse fluxo na Figura 1.2 e compreenda a magnitude dessas conexões que
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Com isso, fica bastante clara a relação entre pessoas, trabalho e organização, não é
modificações apenas auxiliem a manter a trilha de uma vida satisfatória para o indiví- duo
de objetivos comuns. Isso significa que não existe organização sem pessoas. Trata-se
de uma relação de inter- dependência, que pode trazer benefícios para os dois lados:
empregados e organizações.
E a maneira como funcionam as organizações pode ser vista como um sistema, que é
mente em prol de um ob- jetivo comum, em que especial atenção deve ser dada às
Você deve estar pensando: mas quais são os elementos que for- mam um sistema? E é
• Entradas (inputs), que são insumos ou outras entradas, vindas do ambiente externo.
algo novo.
• Retroação, que são as saídas do sistema que influenciam nas novas entradas,
Imagine uma papelaria. É uma organização que está inserida no ambiente do bairro em
que se localiza, sob a legislação de uma pequena empresa (baseada em seu porte) e
cujas entradas são: mercadorias, clientes, fornecedores, etc. O processamento se re- fere
à disposição das mercadorias e atendimento/venda aos clien- tes. Como saídas, tem-se
Como você pode perceber, o sistema existe em um ambiente que fornece insumos e
fechados recebem poucas entradas dos ambientes e estão menos sujeitos às ameaças e
contingências. Podemos dar outro exemplo, agora de um sistema fechado: uma máquina
mento é feito dentro da impressora, imprimindo nas folhas o que está no computador. Já
O sistema aberto ou orgânico, por sua vez, é aquele caracterizado pela grande variedade
de entradas e saídas, em que nem todas são conhecidas. As organizações são esse tipo
de sistema, no qual não existe uma fronteira nítida entre ambiente e organização e há
mos atentos ao fato de que a relação entre ambiente externo e organização é dinâmica.
adaptar a elas.
pessoas que nela atuam, com todas as suas nuances – seus valores, atitudes, normas,
perso- nalidades etc. Esses elementos devem ser administrados pela organização e
empresa são seus colaboradores, pois são pesso- as que inovam, produzem, atendem
e cativam os clientes. Por isso, há cada vez mais investimentos nessa área de Gestão de
Pessoas.
trabalho não apenas ocupa a maior parte da vida das pessoas, como é parte de sua
identidade. Hoje, as pessoas de- sejam trabalhar em locais que lhes tragam satisfação e
realização. Não trabalham apenas para ter dinheiro para fazer outras coisas, trabalham
A partir disso, as organizações têm buscado cultivar relações melhores e mais duradou-
ras com seus empregados. A área de Gestão de Pessoas desponta como responsável por
isso, pois tem como objetivo engajar mais seus funcionários e estabelecer uma relação
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É preciso levar em conta que, ainda que as pessoas e seu traba- lho precisem ser
vista que são seres humanos, que desejam ter qualidade de vida e que possuem outros
vínculos além daqueles que possuem com as organizações onde trabalham e, ainda por
cima, que seus objetivos nunca coincidem totalmente com os da organização, mesmo
Assim, hoje em dia, as organizações entendem que seus emprega- dos são parceiros
des. Falando nisso, é impor- tante salientar que se utiliza predominantemente o termo
“colaborador” para se referir àqueles que trabalham na organização (neste livro são
Pessoas” ou “Administração de Pesso- as” são cada vez mais utilizados ao invés de
“RH” pela facilidade do termo e por já ser conhecido por todos (IVANCEVICH, 2008).
panhá-las. O contato direto que a área tem com os colaboradores favorece a melhor
percepção das mudanças de cenários. Os profissionais dessa área devem ter habilidades
para preparar as lideranças e a própria or- ganização para lidar com as transformações,
a responsabilidade so- cial também nas relações de trabalho, atuando para que haja uma
Com isso, os gestores que desejam construir uma organização perene devem dedicar
total prioridade ao desenvolvimento das pessoas, uma vez que, conforme nos relata
Lacombe (2011, p. 22), destinam-se mais recursos para corrigir problemas gerados por
pessoas inadequadas do que o que se investe em uma boa seleção de pessoal. O sucesso
inteligentemente para efetivamente obter resultados positivos. Para que você compreenda
cada vez mais relevante e estratégica para as organizações exitosas. Em um mundo cada
vez mais competitivo e globalizado, o capital humano é o que diferencia uma organização
da outra. Afinal, são as pessoas que agem, planejam, experimentam, inovam, compram e
vendem.
Diante desse cenário, a área de Gestão de Pessoas precisa estar alinhada com novas
práticas e com os valores das organizações, para ser e manter-se capaz de atrair e reter
os talentos da organização.
cultura organizacional, para que possa gerenciar bem o seu capital intelectual e
financeiro, pois uma organização com colaboradores en- gajados e competentes pode
pouco engajados dificilmente terá êxito ou o man- terá ao longo do tempo. Por isso,
os profissionais da área de Ges- tão de Pessoas são cada vez mais valorizados, uma
vez que as organizações precisam de pessoas capazes de gerir com efetividade seus
de Gestão de Pessoas.
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e funcionando como o motor para as mudanças que a empresa deseja e necessita realizar.
Para que isso ocorra, é necessário que a organização tenha desen- volvido seu
planejamento estratégico (PE) que, dentre outros as- pectos, estabelece a missão da
organização, a leitura do contexto em que está inserida, onde a empresa almeja chegar
aos próximos anos e seus principais valores. Esse plano é importante porque é
a partir dele que as diversas áreas da empresa fazem o desdobra- mento para estabele-
cerem seus projetos e demais iniciativas, a fim de cumprir o que foi planejado. Observe a
figura a seguir:
A Gestão de pessoas assume uma ação estratégica quando passa a repensar suas
próprias atividades em termos estratégicos, ou seja, visa integrar os objetivos que foram
planejamento estratégico da organização, pois ele poderá contribuir para o alcance dos
individuais.
de talen- tos fora e dentro da organização, do momento político e situação do país, entre
outros elementos externos e internos. Essa variedade é que torna essa área tão rica, pois
há diversas formas de se fazer a gestão de pessoas nas empresas. Lacombe (2011, p. 36)
ensina que:
O planejamento dos recursos humanos tem de ser elaborado como parte do planeja-
mento estratégico da empresa. Do contrário, muitos recursos serão desperdiçados: serão
contrata- das pessoas que não se encaixam nos programas previstos; as equipes
poderão estar superdimensionadas ou aquém do necessário em quantidade e qualidade;
serão efetuados trei- namentos inúteis e outros absolutamente indispensáveis deixarão de
ser feitos; a condução inadequada da equipe pode levar à falta de motivação e até a fuga
de talentos.
A partir disso, podemos utilizar o termo Gestão Estratégica de Pessoas, que é defini-
previsto. A partir daí, passam a atuar nas políticas de recrutamento e seleção, treina-
as pessoas que a realizaram, pois, além de contratar e desenvolver pessoas para todas as
disso, os objetivos devem ser significativos para as pessoas envolvidas, para que o
desafio. E cabe ao profis- sional de recursos humanos contribuir para a sua resolução.
Ivancevich (2011) sugere que esses problemas sejam tratados por meio de uma
abordagem de diagnóstico aprofundado, para que sua solução seja de fato estratégica
etapas:
ruim dentro da equipe. A identificação das causas permite que percebamos quais
• Etapa 4 – Avaliação: Há uma conferência para ver se o pro- blema foi resolvido. Os
feedbacks geram insumos para as pró- ximas ações da área de Gestão de Pessoas.
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empresa dependem, em grande parte, de sua ca- pacidade de atrair, selecionar, treinar e
em seu núcleo. Mas que características teria esse gestor estratégi- co de pessoas?
O gestor de pessoas deve utilizar estratégias que perpassem toda a organização, pois é
um gestor das pessoas, todas da organiza- ção. Antes de você conhecer as atribuições do
a. se o trabalho não é necessário, então não é preciso fazer o trabalho: deixe claro o
seu posicionamento com rela- ção a trabalhos que não necessitam ser feitos;
b. aprenda os segredos do KING (Know yourself. Know others; Identify the issues;
Name your team; Get goals and get going). Traduzindo: conheça você. Conheça os
outros; Identifi- que as questões; Forme a sua equipe; Fixe objetivos e continue em
frente;
c. penso sempre assim?: reflita sempre que está pronto para tomar decisões
com pessoas que se comportam fora dos padrões da organização. Para isso, é
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interes- sante que você tenha por escrito o que espera daquela pessoa ou daquele
grupo de pessoas:
– revisão do acordo: é normal fazer revisões do acordo escrito, mas com bom
g. ser ético: o mundo moderno trouxe à tona comporta- mentos inadequados, não
notícias etc.) sobre esse tema. O mais importante é que você zele por sua imagem
quando estiver em uma posição como essa. Além disso, zele por manter e atualizar as
áreas. Essa perspectiva vem se alterando como consequência das mudanças na relação
entre as pessoas, tornando a função de gerir pessoas cada vez mais distribuída dentro da
organização, em que a área de Gestão de Pessoas procura atuar como parceira e/ou
consultora interna.
No entanto, para grandes organizações, o modelo descentralizado tem sido cada vez
mais utilizado. Nesse formato, a área de Gestão de Pessoas é responsável por planejar
Pessoas, em que as ações propriamente ditas devem ser feitas pelos gestores diretos
dos empregados, ou seja, o gestor de cada área organizacional é o responsável por sua
equipe.
Para Ivancevich, (2008, p.32) “recursos humanos estratégico é definido como desen-
objetivos organizacionais que exercem impacto na gestão eficaz das pessoas. É necessário
Seleção/
Recompensa e Desenvolvi-
Nível colocação de Avaliação
benefícios mento
funcionários
Estratégico Especificar as Estabelece Determinar nível Planejar treina-
Seleção/
Recompensa e Desenvolvi-
Nível colocação de Avaliação
benefícios mento
funcionários
Operacional Preparar planos Administrar Adotar Adotar
Você deve estar pensando: mas para que existe a área específica de Gestão de Pessoas
nas organizações?
Justamente para cuidar das políticas e estratégias de pessoal para toda a organização;
prestar assessoria, dar suporte e orientar os gestores; dar consultoria interna aos líderes;
organizações:
dinâmicos e interativos composto por seis processos básicos: Agregar pessoas (provisão
manutenção das relações sindicais) e, por fim, monitorar pessoas (banco de dados e
Remuneração e Carreira). Por ora, vamos apresentar uma introdução sobre cada um
corpo funcional da organização. Isso quer dizer que opera com a captação de recursos
geral, externo, visa captar competências e habilidades que não existem ainda na empre-
misto por sua vez, abre espaço para os dois públicos, interno e externo, e os candidatos
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passaram igualmente por seleção para o preenchimento dos cargos oferencidos (CHIA-
VENATO, 2008).
dentre vários candidatos, aqueles que mais se adequam aos cargos disponibilizados pela
Uma vez que o candidato com o perfil apropriado à vaga é selecionado e admitido,
organizacionais, ele permite que as pessoas contribuam de maneira mais efetiva para os
Para que você reflita, quando a organização mantém uma Gestão de Pessoas mais
tática e operacional, a seleção de pessoas gira em torno do lema “colocar a pessoa certa
no lugar certo”, em que os parâmetros são obtidos na escolha dos candidatos a cargos
vagos, sob os limites impostos pelos próprios cargos, com a seguinte pergunta: o
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estratégica, estabelece um novo paradigma, com o lema “colocar a pessoa certa para a
organização certa”. Com isso, notamos que não existe mais a preocupação direcionada
nho de cada pessoa , em função das atividades desempenhadas, das metas e resultados
a serem alcançados e do seu potencial para desenvolver-se. Ela tem como propósito
verificar se os resultados esperados pela empresa estão sendo alcançados bem como
quais as correções devem ser feitas (CHIAVENATO, 2008; SENTANIN, 2012).
(APPO), que é formada por seis etapas, quais sejam: formulação de objetivos consensu-
com o gerente sobre a alocação dos recursos e meios necessários para o alcance dos
Este subsistema foi pensado basicamente para acompanhar o de- senvolvimento dos
empregados durante sua permanência na orga- nização e especificamente para medir seu
nível de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA). “Era por meio desse instrumento
exemplo.
tizado e disponibilizado
aprendem estão despontando por sua adapta- bilidade e rápida resposta ao meio
O Plano de Cargos e Salários pode ser definido como o bom gerenciamento das
Este subsistema engloba ações que buscam desenhar os cargos e suas respectivas
Trata de colocar as pessoas certas nos cargos certos a fim de en- gajá-las nos objetivos
e análise de cargos e busca entender o que se faz e como se fazem as atividades que
É relevante que o profissional responsável por este subsistema tenha seu papel muito bem
definido na organização, bem como defi- nido o seu campo de ação política e técnica,
formatação das normas e padrões, assim como a própria equipe de trabalho (é comum a
obtenham êxito, é cada vez mais imprescindível conquistar e manter os seus colaborado-
humano.
devem pensar holistica- mente, com equipes autônomas e multidisciplinares, que traba-
lhem em conjunto.
Por fim, é importante notar que os subsistemas aqui brevemente apresentados são
ser executados. Se a se- leção de pessoas é falha, por exemplo, será preciso maior esforço
et al. (2004) apresenta seis características para assessorarem o RH a adotar uma posição
estratégica:
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