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AULA 3 – COCAÍNA

A cocaína é uma das drogas mais potentes que temos assolando não só
o nosso país mas outros, causando danos à saúde dos indivíduos, se
equiparando com a heroína que é usada de forma injetável, mas a cocaína
também pode ser usada na forma injetável, e possui inúmeros derivados, como
o crack principalmente.

Possui um poder aditivo bastante elevado o que significa que ao ser


consumida pela primeira vez a possibilidade de se tornar adicto (viciado) é
elevada, dados mostram que no Brasil a prevalência média de usuários de
cocaína e seus derivados estão na faixa de 2,5 a 3% enquanto que nos EUA tem
cerca 11,3% da população adulta sendo usuários da mesma, e ao pensarmos
nesse percentual considerando que a cocaína tem um poder aditivo elevado,
sendo uma das drogas com o potencial de abuso elevado, que está relacionado
ao somatório dos reforços primários e secundários, estando o reforço primário
relacionado com as características físico químicas da substância, a velocidade
com que ela chega ao sítio de ação e o reforço secundário relacionado com o
contexto de uso, as condições sócio-ambientais, padrões de incentivo à
utilização, sensibilidade, dessa forma, a cocaína possui um potencial de abuso
elevado uma vez que seus reforços primários e secundários são positivos.

É um anestésico local, atua como agente simpático-mimético com efeito


estimulante do SNC, sendo o mais potente estimulante central de ocorrência
natural, o que mostra uma potencialidade farmacológica da cocaína, o problema
é a psicoatividade, se não poderia ser usado para fins anestésicos
terapeuticamente.

História da cocaína

O seu nome vem de uma origem Inca, em que coca significa arbusto, que
é o material vegetal, a planta de coca, cresce em vários locais, tendo uma
produção grande principalmente no Peru e na Bolívia, com 25 e 25 mil pés por
hectares respectivamente, pode ser colhida até 8 vezes ao ano, e essa produção
e produtividade é importante porque nesses países é uma das principais fontes
de renda, apesar de ser uma substância proscrita, ter psicoatividade e estar
relacionada ao narcotráfico e por mais que se combata o narcotráfico,
dificilmente nesses países terá um combate efeito devido perca de uma fração
importante da renda. Localmente é fácil de ser encontrado e tem-se a presença
de crianças e famílias nesse contexto de vendas, até porque em alguns desses
países é utilizada culturalmente pelo fato de ser anestésico local mastigado, que
não é a forma de tráfico. Alguns estudiosos demostraram que é rica em alguns
nutrientes, principalmente cálcio e ferro, fazendo a defesa da utilização desse
material para suplementação, como se não houvesse outras fontes de cálcio e
ferro com o mesmo papel.

É um arbusto que tem uma durabilidade muito grande, uma vez plantado
pode viver de 14 a 20 anos com boa produtibilidade, importante para o tráfico, e
muitas imagens mostram crianças ajudando na colheita do material e no
comercio, culturalmente é comum e dificilmente será impedido, por representar
uma importante fonte de renda.

Variedades

Assim como outras espécies vegetais, temos uma variedade da


Erythroxylon cocca como a Ipadu ou Epadu e da Erythroxylon nova granatense
a variedade hidroxulense pela localização que são produzidas e há uma
variedade em relação ao percentual de ativos presentes nas folhas de cocaína,
variando de 0,5 a 2% a depender da variedade que se consome ou se planta, há
uma influência da região, no Brasil temos em torno de 1 a 1,5% e uma variação
nos outros países não ultrapassando 2% independente da variedade plantada.

Consumo

O consumo, ou seja, o relato do uso da substancia a fim de alterar


desempenho e performance é muito antigo, existem relatos de 2500 a.C. que já
falam da utilização de cocaína, não sedo algo recente, mas forma de consumo
hoje é diferente, embora os efeitos não sejam tão diferentes assim. Hoje falamos
de uso/abuso de cocaína na forma de pó (cloridrato de cocaína e seus
derivados), já esses relatos antigos fazem menção à folha e não produtos
sintéticos e isolados, uma vez que o isolamento e purificação da cocaína é
recente.
Os incas chamavam a folha de cocaína de “mama coca” porque ajudava
a suportar a fome a fadiga devido ao efeito anestésico local que a espécie
vegetal possui.

O contato da cocaína com a Europa se dá no século XVI e nesse período


não se falava muito sobre a planta e seu consumo somente depois do século
XVIII que tem-se uma difusão da cocaína e seu consumo e fala-se sobre o seu
uso recreativo. As imagens mostram o uso dela em determinadas ocasiões e o
convite à cocaína, dizendo o quão bom era utilizar, mostrado o bem estar, o uso
afrodisíaco da substancia que alterava o comportamento.

Com a difusão do consumo, em que as pessoas percebiam o uso e o alto


poder aditivo tem-se a difusão da droga entre o século XVIII e XIX em que ela
passa a ser usada de modo recreativo, John Penberton criou a Coca-Cola e até
1905 em sua formulação tinha cocaína, depois foi abolido. Além disso tinha o
vinho Mariane, um tônico estimulante fortificante que continha o selo papal de
indicação de bebida pela Igreja continha cocaína, tendo uso difundido e
estimulado, até que temos um feito para fins médicos, que é a utilização da
cocaína por Carl Koller como anestésico em anestesias de cirurgias oculares.

Com isso, não só o uso recreativo assim como o farmacológico aumentou,


levando ao isolamento do princípio ativo em 1959 a partir da extração da folha
de Coca por Albert Nilman, que isolou a cocaína e a partir daí tem a aplicação
dessa substância, que é o sal cloridrato em vários usos farmacológicos. Tem-se
uma difusão do uso de coca por Froid, que se tornou dependente, a ilha de Java
foi um dos primeiros locais de maior produção industrial de cocaína para uso
farmacêutico.

A cocaína foi utilizada como pastilha, pasta de dente, ou seja várias


aplicações no setor de perfumaria, cosmética e higiene pessoal e naquela época
tinha o marketing, dizendo ser uma substância afrodisíaca, que combatia a
fadiga da mente e do corpo.

Dessa forma, a substância tem poder altamente aditivo, uso recreativo,


isolamento e purificação para uso médico e farmacêutico, o que levou
inevitavelmente à dependência, que começa a ser registrada e Froid é quem
descobre a ocorrência dessa dependência pelos sinais e sintomas manifestados
pelos vários usuários e começam a aparecer casos de overdose, o que chama
a atenção às políticas de saúde pública, ao combate ao uso recreativo das
mesmas e dos movimento desculpas proibicionistas, retirando a substâncias dos
produtos, e os EUA começa a proibir o consumos e outros países seguiram. Só
que como já tinha muitos indivíduos dependentes, surgem as clinicas de
recuperação de dependentes químicos.

Temos a proibição do uso de cocaína nos EUAS, os outros países seguem


essa tendência, no Brasil em 1921 tem-se a proibição através do decreto 42/94,
ou seja, foi proibido no século XX, período esse que começa o período de guerra,
tendo-se um desenvolvimento da indústria farmacêutica e desenvolvimento da
síntese química, anfetaminas e derivados, o que fez com que a coca ficasse de
lado, pois já tinha pessoas dependentes e no período de guerra é necessário
pessoas ativas, sadias e dispostas a tudo e o uso das anfetaminas dava essas
características, pois a cocaína matava devido a overdose e naquele momento
não podia perder ninguém, e começa a produção em larga escala de
anfetaminas usadas pelos soldados.

Só que ela ressurge nos anos 80, período de pós guerra em que tem-se
a cultura dos Yuppes, jovens talentos da área urbana que querem revolucionar
e começam a utilizar e difundir o uso da cocaína e começa também a aparecer
seus derivados, sendo o primeiro deles, o crack, em meados da década de 80,
além disso nessa década tem-se a instalação do narcotráfico de cocaína,
começando uma nova era de uso abusivo e recreativo da mesma e difusão, e
hoje a cocaína é um dos grandes problemas de saúde pública, seu uso abusivo
compromete a saúde do indivíduo, é uma das principais causas de criminalidade,
ela degrada o indivíduo, principalmente o crack.

O crack teve sua primeira apreensão em 1991 na cidade de São Paulo e


demorou a adentrar em outras cidades no nosso país e uma das justificativas
dos traficantes era que em pouco tempo tinha-se a degradação física e
possibilidade de morte do usuário e com isso a perda rápida dos clientes.

O tráfico já instalado na década de 80 lança mão de algumas formas de


transporte, como papelotes que são transportados em mulas, ou seja, em
pessoas que levam no organismo de pais para outro e esse invólucro contém
uma quantidade muito grande de cocaína de alta pureza que se romper o
indivíduo tem uma overdose fatalmente tende a morrer e para ser retirada deve
fazer um procedimento cirúrgico. A cocaína é adulterada em média entre 85 a
90%, o que se consome é em torno de 10 a 15% puro, por ser muito adulterada.

Outra forma de transporte é esconder no reto ou vagina que é mais fácil


de retirar e a chance de ataque dos ácidos gástricos é menor assim como a
chance de romper, podendo facilmente e rapidamente retirar os invólucros.

CRACK

É um derivado da cocaína, teve sua primeira apreensão no Brasil em 1991


e a partir daí o Centro Brasileiro de Informações de Drogas Psicotrópicas começa
a fazer uma avaliação da cultura do crack no país e lança um primeiro relatório
que mostra a frequência de uso e percebe-se que 2001 a 2005 aumenta de 0,4
a 0,7% de usuários de crack em especial, quase dobrando o número de usuários
em um intervalo de 4 anos. Um levantamento recente mostra associação de
crack com vários tipos de drogas sintéticas, o que é mais grave ainda a condição
de doença dos indivíduos.

Começando dessa forma uma caracterização dessa cultura do uso de crack


no nosso pais e o primeiro relatório mostrou 2 perfis bem distintos:

 Mais jovens
Com idade em torno de 17 a 20 anos e com uma carreira curta de drogas,
ou seja, não tinha uma passagem de uso de maconha, inalante e tabaco
por exemplo e caiu no crack e sim tinha sido exposto a uma ou outra
droga e foi apresentado ao crack, baixo poder aquisitivo, pois quem tinha
dinheiro comprava cocaína e o crack era para o pobre, enquanto pagava-
se 20 reais para uma quantidade de cocaína pagava 2 reais pela pedra
de crack e era ligado a atividade criminais pois realizada pequenos roubos
para sustentar o vício.
 Mais velhos
Com idade entre 25 a 38 anos e já tinham passado por drogas como
tabaco, maconha e inalantes e agora experimentou a cocaína ou o crack
e também tinha uma baixa renda, mas fazia o uso de cocaína por via
endovenosa. E nessa década de 90 surge a AIDS que matava muito e
não se sabia sobre essa doença e eles injetavam a cocaína e surgiu algo
que tinha um efeito similar ou até mais potente e rápido que não precisa
ser injetado e sim fumado, mantendo a alteração de comportamento, ou
seja, mantem o vício pelos mesmos efeitos sem ter a chance de se
contaminar com o vírus HIV, segundo alguns usuários a sensação de
prazer é tão boa ou maior que o seu melhor orgasmo sexual, e as
pessoas querem essa sensação de bem estar e prazer que a cocaína
proporciona, mas paralelamente degrada a saúde. E ai as pessoas
verificam a possibilidade de manter a sensação de prazer diminuindo o
risco de se contaminar pelo HIV e começa uma transição do uso de coca
endovenosa para o crack que é fumado considerada pelos usuários mais
segura, evitando a transmissão de doença.

E o comportamento que se tinha, independente da faixa etária é que todos


tinham o uso compulsivo e perdiam ao longo do tempo os vínculos sociais com
a escola, emprego e a família, perdendo a relação de sociabilidade,
principalmente por se tornarem agressivos e nesse momento em que é instalado
a cultura do crack quase não se tinha a participação de mulher, e eram indivíduos
que se marginalizam muito rapidamente porque perdiam o emprego e a família
e iam para rua e a forma de ter dinheiro que encontravam na rua era o
envolvimento com atividades criminais, tendo-se mortes subsequentes por conta
desse contexto criminal ou prostituição.

Logo no início, a expectativa de vida de usuários que passavam de


cocaína pra crack era de apenas um ano e foi por isso que o consumo se
concentrou em São Paulo, na cracolândia, pois os traficantes tinham medo de
que isso se difundisse e dentro de um ano perdesse seus clientes.

Característica do crack

Era considerado seguro em relação a AIDS, pois o uso da cocaína


endovenosa passou a ser usado o crack por via pulmonar, evitando a
contaminação, o efeito é intenso e rápido, é frações de segundo até a substância
atingir o SNC e produzir os efeitos, que apesar de intenso é fugaz o que faz com
que o usuário consuma mais pedras, pois ele vai ao auge e volta rapidamente e
quer mantes em estado de euforia, prazer e excitação e por isso que os usuários
utilizam initerruptamente. Além disso, é aparentemente barato e fácil de ser
utilizado por ser fumado não precisando de seringa, pegar veia e nenhum grande
aparato.

A aparência do crack quando surgiu no nosso país era parecida com


aquela “mentira” feita com massa de pastel sem recheio, não era a aparência de
pedra propriamente dita e recebe esse nome pois quando a mistura estava
pronta fazia o barulho de “creque”. Hoje não, ele é mesmo uma pedra e tem
derivações do processo produtivo, não tendo o controle de qualidade, sendo bem
diferente do que tínhamos inicialmente.

Falas de usuários em função das formas de uso que o crack foi evoluindo:

‘Se eu tiver maconha vendo para comprar crack, se eu tiver pó eu faço pedra,
depois do crack eu não uso mais nada, eu parei tudo”.

O efeito do crack é muito mais intenso e potente do que o produzido pela


maconha, são efeitos completamente distintos, o usuário de maconha
quer se sentir bem, relaxado, já o de crack e cocaína quer ter a máxima
sensação de prazer, e assim, objetivos e desejos distintos levam a drogas
distintas. O fato de fazer do pó a pedra é porque o efeito é muito melhor
e nessa época usava-se a cocaína injetável e tinha-se o medo da
contaminação por HIV, e ele não usa mais nada e sim só o crack porque
quer o efeito puro do crack, não querem diminuir a potência ou ter efeitos
correlatos, querem o máximo de prazer que o crack é capaz de produzir
puro e na maioria dos relatos usavam somente o crack sem associação
para não perder o efeito do pureza, já que era o máximo do prazer.

OBS: Na década de 85, 90 usava-se mais a cocaína injetável e depois passou-


se a usar o pó que era cheirado na forma de carreirinha e ai teve o advento do
crack que poderia ser fumada, mas o sal, o cloridrato desde essa época é o mais
utilizado do que a intravenosa, que pé o mesmo cloridrato dissolvido com água,
saliva, sangue, o que tiver. Na heroína, o problema de contaminação é porque é
injetável, só que na fissura pela droga, que é a maior fissura de todas as drogas
que se conhece até hoje, o cara está com a heroína aquecia, forma o coagulo,
ele mistura com a do outro e tem-se o problema da contaminação, na Europa
eles distribuíam seringas e agulhas na tentativa de se evitar essa contaminação
cruzada, mas na hora da fissura o cara não quer saber de nada, ele só quer
injetar, se sobrou um pouco da droga do outro que ele não conseguiu injetar ele
pega e se reinjeta, não tendo controle nenhum.

“Onde eu moro a maconha sumiu toda, só se encontra crack mesmo, aumentou


muito o consumo, todo mundo começou a usar o bagulho e para você se viciar
é muito rápido, é questão de semanas e pro traficante compensa vender crack.
O efeito é mais rápido e só é legal se você usar bastante”.

O vicio ocorre rápido porque a cocaína tem um dos maiores poderes


aditivos e pro traficante compensa vender porque estudos mais recentes
mostram que se utilizou uma vez o crack já é considerado um adicto
(viciado) mais rapidamente pelo poder aditivo por se tornar adicto, o efeito
só é legal se usar bastante é porque o efeito é muito intenso mas é fugaz,
usando várias pedras seguidamente e isso gera mais lucro para o
traficante, e o tráfico quer lucro.

Dessa forma se estabelece a cultura do crack em São Paulo e em alguns


anos desses se estabelece em outros estados, é lucrativo por ser um produto
aparentemente barato, fácil de usar, de efeito intenso porem curto e a pessoa
tem necessidade da droga a cada 5 minutos, ou seja, em fração de 7 segundos
ele é adsorvido e fornece os efeitos e em 5 minutos acaba, vai rapidamente do
paraíso ao inferno, causando a dependência e a compulsão se instala
rapidamente, tem uns efeitos muito interessante tecnicamente falando em
relação a fissura, um efeito memoria que provoca que faz com que a
dependência se instale e o indivíduo tenha uma dificuldade enorme de se tornar
abstêmio, de ficar sem utilizar sem ter recaída, sendo realmente uma droga bem
complicada.

Dez anos depois de estabelecido a cultura do crack algumas mudanças


importantes ocorreram, no início não tinha praticamente a presença de mulheres
e isso muda, as mulheres aderem ao consumo por serem consideradas boas
pagadoras e se não pagam com dinheiro pagam com atributos, nessa época não
tinha tanta prostituição masculina, mas já tinha uma prostituição feminina
bastante instalada, tendo-se a troca do corpo pela droga, os cafetões estimulam
o uso de drogas e oferecem as mulheres para os homens, que pagavam mais
se o sexo fosse desprotegido e as mulheres na fissura de consumirem a droga
se submetiam a isso, aumentando a chance de doenças sexualmente
transmissíveis. Começando a ter o estigma da mulher que é usuária de droga
ilícita, que usa crack e que prostitui, tendo uma mudança nessa última década
em relação aos usuários de crack.

“E tenho 9 filhos e estou esperando o décimo, conheci o cara no ponto ai


aconteceu, quando eu fui ver já não descia mais a menstruação, estou gravida
de novo, é a criança é de um programa, eu nem sei quem é o cara, eu não vi
mais, ele sumiu. Eu vou ser mais dele e o pai é Deus.”

As mulheres começam a fazer sexo sob fissura de utilizar a droga, não


possuem nenhum poder de negociação em relação ao uso de
preservativos e perdem a capacidade de avaliar riscos e o cliente paga
mais por um sexo sem proteção e temos um problema em relação a uma
prole indesejável, sem nenhuma estrutura familiar e de uma pessoa
desestruturada e com a saúde debilitada, começando a ter proles que
ficam na rua, aumentando a marginalidade e baixa escolaridade.

“Tenho 3 filhos, esse último peguei com um traficante, cada um num canto, não
moram comigo, estava fumando droga e fui presa, pegaram meus filhos para
não ficarem jogados na rua”.

Começa a ter uma perda toda uma perda da sociabilidade, da relação


familiar, e isso ocorre até hoje, não é da década passada, é atual.

Hoje, 20 anos depois, como tudo evolui e tivemos melhoras continuas, o


crack também teve, evoluindo para o crack delivery pois o playboy que ia no
morro buscar droga corria risco de morte, podia ser pego, ser preso, tinha
vínculos importantes, e não podia ser descoberto (artistas e pessoas influentes)
e assim a pessoa leva até você, leva até a casa, encontra na rua, aumentando
a acessibilidade, que significa um reforço secundário positivo, pois é fácil de
encontrar, hoje em qualquer esquina você encontra crack, sendo uma logística
excelente do narcotráfico, e a aquisição é simples, rápida e notoriamente publica
através de pontos especiais, chamado de tráfico de asfalto ou boca de fumo e
segundo um usuário “É mais fácil você ir ao supermercado e não encontrar arroz
do que não conseguir crack na rua”.
Delivery é o que mais tem, é uma fonte de renda, ninguém quer parar com
um negócio desse, é altamente adulterado, rende muito, é barato, você fideliza
o cliente, você entrega.

Qualidade

Depois de 20 anos a qualidade encontra-se muito comprometida devido a


adição de diluentes e adulterantes, quando a pessoa compra cocaína para ela
vê se pé cocaína ou não coloca na língua porque é anestésico, e dessa forma a
adulteração se dá com anestésicos, como lidocaína, só que isso é caro e
possuem venda controlada, podendo ser misturado pó de vidro, amido, pó de cal
e diversas outras coisas, e além da coca, todos os adulterantes são danosos e
podem levar a perfuração do septo nasal e palato e em casos de suspeita de
morte por usuário de cocaína basicamente, a primeira coisa vista no IML é se há
micro perfurações no palato ou septo nasal, estando relacionado ao uso e é uma
lesão muito feia.

Quando podia trabalhar com animal no laboratório o comportamento


estereotipado do mesmo era bem legal, o usuário de cocaína fica muito com o
movimento do nariz, fica sempre coçando e o animal também fica e fica tão
excitado que dá pulos dentro da caixa, saltando bem alto.

Os usuários de crack falam sobre a alteração do crack que inicialmente


parecia com uma mentira e agora tem-se uma pedra.

“O crack perdeu a qualidade, eles batizam a pedra, colocam meio quilo de


bicarbonato, você fuma e ela derrete todinha, depois que você fuma em vez de
derreter ela cresce e parece uma pipoca”.

“O pessoal falava, vamos pegar um pedra? Ai você imagina uma pedra


quando eu vi eu não acreditei, porque não era uma pedra, era só um farelo”.

E com isso começaram a fazer adulterações do próprio crack que já era


um derivado da cocaína que já era barata a fim de disseminar mais ainda o uso,
fazendo o farelo ou o pó do crack, que é um comércio um pouco mais rendoso,
o preço é um pouco menor porque tem-se uma maior mistura, tendo uma
substituição progressiva das pedras.
Uma forma de se popularizar é baratear e diminuir a qualidade, lembrando
que o narcotráfico não está preocupado com controle de qualidade e
manutenção do percentual ativo, estamos falando de tráfico, quanto mais
adulterado e mais lucrativo for, melhor.

Estratégias de uso

O cachimbo de alumínio é uma estratégia que pode ser utilizada e tem-se


a borra, raspa ou resina que ficam nessas embalagens que vai sendo
reaproveitada e fumando, e dizem que ao fumar através desses cachimbos, que
é qualquer material metálico que você coloca a pedra, aquecem e fazem o uso,
sai uma borra marrom escura e se a pedra é a cocaína ampliada 10 vezes a
borra é a pedra ampliada 10 vezes, criando uma potência de ação e também um
material mais impuro causando danos maiores ao organismo.

O Shotgun é uma forma de compartilhar as reservas de drogas entre


colegas de uso, é com um pedaço de cano de PVC “você dá um trago e ai eu
chego na sua boca e sopro, então você fuma o resto meu, acontece para
economizar”, e isso leva ao apelo sexual, pois a pessoa está numa fissura e ao
soprar na boca eles ficam mais excitado.

E “dar uma segundinha” na toxicologia é o compartilhamento sem


intermediários, ao fumar na lata fica uma certa fumaça dentro e essa fumaça dá
para o segundo trago, então você fuma, sobre a fumaça, tampou e dá para o
outro.

E ao inalar o mesmo vapor possibilita a transmissão de infecções do trato


respiratório, tendo uma veiculação de doenças.

Associação com álcool

Atualmente é muito comum a pessoa cheirar cocaína ou fumar crack e


seus derivados e também beber, tendo um fenômeno interessante, pois ao usar
cocaína, crack ou derivados juntamente com bebida alcóolica forma-se um
metabolito cocaetileno com atividade biológica e meia vida maior, e como o efeito
da droga é rápido e essa associação com o álcool traz um tempo de meia vida
maior, e assim prolonga-se o efeito da droga, e com isso as pessoas usam o
álcool a fim de aumentar o tempo de meia vida da droga, além de diminuir os
efeitos físicos desagradáveis e reduz a paranoia e a agitação, porque o álcool
tem uma segunda fase que produz uma certa depressão ao inibir os centros
inibitórios e o indivíduo em vez de ficar muito agitado fica amenizada, tem a
sensação de prazer mas é um pouco amena.

Se dosar a urina ou sangue do indivíduo e cocaetileno significa que fez


uso de cocaína ou seus derivados e ingeriu bebida alcoólica simultaneamente.

Associação com maconha

É uma outra associação comum, e com isso tem-se uma diminuição da


euforia provocada pela cocaína e o estímulo para o consumo de maconha e de
cocaína e seus derivados é estimulado pelo tráfico, porque em vez de se ter um
dependente de uma única droga, tem-se um dependente de multidrogas, sendo
melhor para o traficante, aumentando o lucro.

A maconha potencializa os efeitos agradáveis, diminui a paranoia,


agregando uma nova dependência, só que a maconha por si só ela pode produzir
uma toxicidade cardíaca, tendo isso exacerbado e a possibilidade de morte por
parada cardiorrespiratória é maior quando se associa maconha com cocaína e
seus derivados.

PAREI 1:06:35

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