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“penaliza” agricultura e
justiça
Por Emídio Beúla27 de Outubro 15h10 - 6 Visitas
Apesar das restrições do Orçamento do Estado para 2018, o Governo tem expectativas optimistas
sobre o desempenho da economia: 5,3 por cento para o crescimento do PIB e 11,9 por cento para a
inflação
Um orçamento com carácter restritivo. É assim como o Governo classifica a proposta de Orçamento
do Estado para 2018, cuja despesa total está fixada em 302 928,1 milhões de meticais. Para
financiar a despesa, que corresponde a 30,5 por cento do PIB, o executivo prevê receitas no valor
de 222 859,7 milhões de meticais, ficando por cobrir um défice 80 068,5 milhões de meticais. Feitas
as contas, o Governo espera reduzir o défice orçamental de 10,7 por cento (2017) para 8,1 por
cento (2018) do PIB.
Na proposta, o Executivo faz notar que o orçamento para 2018 não contempla valores do “apoio
geral ao orçamento”, uma referência à contribuição directa do grupo de 14 doadores, congelada
desde 2016, na sequência do escândalo das dívidas das empresas Ematum, MAM e ProIndicus.
A previsão de recursos externos para 2018 é de 60 864,2 milhões de meticais, que correspondem a
20 por cento do total de recursos previstos para o orçamento. Do montante previsto, 17 372,7
milhões de meticais serão donativos e 43 491,5 milhões de meticais créditos para projectos. Em
2017, a previsão de recursos externos foi de 64 852,4 milhões de meticais, um decréscimo de 2,0
pontos percentuais do PIB justificado pela apreciação do metical.
Para melhorar a arrecadação de receitas internas, o Governo prevê tomar uma série de medidas,
com destaque para a implementação de “novos regimes específicos de tributação e benefícios
fiscais das operações petrolíferas e da actividade mineira”.
As despesas de funcionamento para 2018 estão fixadas em 184 037,1 milhões, correspondentes a
18,6 por cento do PIB, um decréscimo de 0,9 pontos percentuais em relação à previsão de 2017.
Deste valor, 92 344,5 milhões cobrem as despesas com pessoal, o equivalente a 9,3 por cento do
PIB, um decréscimo de 0,3 pontos percentuais face à lei orçamental de 2017.
Com o investimento, o Governo espera gastar 81 404,3 milhões de meticais, valor que representa
8,2 por cento do PIB e 26,3 por cento em relação à despesa total. Comparando com as despesas
de investimento de 2017, a previsão de 2018 representa uma redução de 1,8 ponto percentual.
Dos 81 404,3 milhões de meticais previstos para os investimentos do Estado, 33 694,7 milhões
correspondem à componente interna e 47 709,6 milhões à componente externa.
Para 2018, está prevista a alocação de 63,4 por cento àqueles sectores, o correspondente a 147
294,0 milhões de meticais. Os sectores da educação, infra-estruturas e saúde irão absorver mais
recursos do Orçamento do Estado, com 22,6 por cento, 17,6 por cento e 11,5 por cento,
respectivamente. No sector de infra-estruturas, destaque para a componente “estradas”, que vai
absorver 30 724,0 milhões de meticais, contra 17 901,1 milhões de meticais previstos em 2017.
Ainda no mesmo sector, em sentido contrário, a previsão de recursos para a componente “águas e
obras públicas” vai reduzir de 16 215,4 (em 2017) para 7 128,7 milhões de meticais (em 2018).
O “sistema judicial” é outro sector social que vai continuar na mesma em 2018: vai receber apenas
3 642,8 milhões de meticais, equivalente a 1,6 por cento da despesa total. Isto mostra a distância
entre o discurso político em voga sobre o combate cerrado à corrupção e a aposta no sistema que
pode dar corpo à luta contra o fenómeno.
A rubrica de bens e serviços deverá atingir cerca de 29 900,9 milhões de meticais, equivalentes a
3,0 por cento do PIB. O decréscimo de 0,4 pontos percentuais, quando comparado com a lei de
2017, é justificado pela contenção de despesas com combustíveis e comunicações, passagens
áreas e arrendamento de imóveis. Nesta categoria de despesa, o governo reclama como aposta a
provisão de serviços públicos aos cidadãos, prevendo para 2018: compra e distribuição de
medicamentos, no valor de 8,0 mil milhões de meticais; compra de equipamento hospitalar
estimado em 446,2 milhões de meticais; compra de carteiras escolares, orçada em 188,4 milhões
de meticais; assegurar o término dos trabalhos do censo da população e habitação, investindo
250,0 milhões de meticais; e compra de fardamento para autoridades comunitárias, no valor de 30,0
milhões de meticais.
O crescimento económico de 5,3 por cento previsto para 2018 será impulsionado pelo desempenho
dos seguintes sectores: indústria extractiva (13,8 por cento), comércio (7,2 por cento), electricidade
e gás (7,0 por cento), transportes (6,1 por cento), alojamento (5,0 por cento), sistema financeiro (4,5
por cento), agricultura (4,4 por cento), construção (3,8 por cento) e pescas (3,8 por cento). O
desempenho esperado na indústria extractiva resulta da melhoria dos preços de matérias-primas no
mercado internacional. Durante o primeiro semestre de 2017, a economia teve um desempenho de
3,0 por cento, num ano em que a previsão de crescimento económico foi fixada em 5,5 por cento do
PIB.
No que tange ao Investimento Directo Estrangeiro, a projecção para 2018 aponta para uma injecção
líquida de fundos de 2 850,0 milhões de dólares, o que corresponde a uma redução de 4,5 por
cento em relação às previsões de 2017. As exportações deverão resultar na entrada de divisas no
valor de 4 122,0 milhões de dólares, contra 3 463,0 milhões de dólares previstos para o presente
ano.
Para 2018, o governo prevê uma taxa de inflação média anual de 11,9 por cento, contra os 15,5 por
cento previstos em 2017, o que corresponde a um decréscimo de 3,6 pontos percentuais. “A
desaceleração será sustentada pelo efeito combinado das políticas fiscais e monetárias
consentâneas com os objectivos do governo, perspectivas da estabilidade cambial e de aumento da
produção nacional”, lê-se na proposta de lei orçamental para 2018.
A nível interno, o agravamento das taxas de juro justifica o aumento do valor a pagar no próximo
ano, enquanto, a nível externo, o valor a pagar para juros mostra uma redução em relação a 2017,
devido à “melhoria da taxa de câmbio face às principais moedas e da restruturação de alguns
créditos”.
Do valor previsto para as despesas, 13 393,3 milhões de meticais serão destinados às operações
financeiras activas e 24 093,5 milhões de meticais para operações financeiras passivas. O
incremento das operações financeiras activas resulta, essencialmente, da previsão do pagamento
das prestações de financiamento a projectos estruturantes por concessão de empréstimos às
empresas através de acordos de retrocessão.
Dos projectos estruturantes, destaque vai para a construção da ponte Maputo-KaTembe, incluindo
as estradas KaTembe-Ponta de Ouro e Bela Vista-Boane; linha de transmissão de energia
Chimuara-Nacala; expansão de fornecimento de água em Maputo; construção da estada Beira-
Machipanda; construção da estrada Mueda-Negomano; e o projecto de gestão integrada de
agricultura e recursos naturais.