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A Abordagem Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais

(Ana Mae Barbosa)


Abordagem triangular: Bússola para os navegantes destemidos dos mares da
arte/educação – (pp. 80 – 99). Capitulo Cinco
AZEVEDO, Fernando A. Gonçalves. Abordagem Triangular: Bússola para
os navegantes destemidos dos mares da arte/educação. In: BARBOSA,
Ana Mae. CUNHA, Feranda Pereira. A Abordagem triangular no ensino das
artes e culturas visuais (Org.). Ana Mae Barbosa, Fernanda Pereira Cunha –
São Paulo: Cortez, 2010.

Mauricio Wenceloski Borges 1

O processo da Abordagem Triangular teve início na década de 1980 e foi


sistematizada no período de 1987/1993 no Museu de Arte Contemporânea
(MAC) da USP. Essa proposta surge da necessidade de uma prática de
ensino pós-moderno de arte e da procura de uma alternativa para prática
de livre expressão do ensino moderno de arte que já não corresponde as
inúmeras tendências e aspectos da realidade contemporânea. A
Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa é hoje a principal referência do
ensino da arte no Brasil.

“estudar a Abordagem Triangular no contexto dos trânsitos entre a


perspectiva crítica e pós-crítica de Arte/Educação, considerando que esta
abordagem interfere diretamente no currículo das linguagens da arte.” (p. 81)

“apenas, o ler, escrever e contar é muito pouco quando almejamos pelo


processo educativo/arte/educativo a leitura de mundo sentido.” (p. 82)

Como disse Ana Mae saber ler imagens na contemporaneidade é


fundamental, somos bombardeados por estímulos imagéticos o tempo
todo, seja através da publicidade, na política, no supermercado, na
Internet, acabamos recebendo a maioria dessas imagens de forma
inconsciente e crítica, Muitos membros da sociedade, não só as crianças

1
Acadêmico do 6º Período do Curso de Licenciatura em Artes, Atividade Extra Classe da Disciplina
Metodologia do Ensino na Arte, ministrada pela Profª. Esp. Sonia Marta Schwingel Bernardelli.

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ainda desconhecem e/ou menosprezam o poder da imagem e precisam
se conscientizar do real valor de se saber ler essas imagens.

“leituras de mundo vitais a composição das diversas identidades que se inter-


relacionam no espaço da escola por meio de suas culturas, o que envolve
relações de saberes e poderes.” (p. 82)

Já a partir do fazer artístico espera-se proporcionar uma vivência e


experiência durante toda a produção tornando o processo de
ensino/aprendizagem completo e significativo para os(as) educandos(as)
aplicando na prática os conceitos estéticos e poéticos abordados
durante a leitura e contextualização.

“Abordagem triangular surgiu em um tempo de pasteurização da idéia de livre


expressão reforçada pela representação do arte/educador como o mago das
técnicas, estimulador da sensibilidade, em outras palavras: era apenas uma
figura que “decorava”.” (p. 84)

“A Arte na escola tornou-se o reino do vale-tudo” (p. 85)

“Era, então, uma proposta que exigia dos arte/educadores, especialmente,


naquele momento inaugural, uma revisão histórica sobre dois aspectos que se
articulam: o papel da arte na constituição do ser humano, e a própria formação
conceitual e política do arte/educador” (p. 85)

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As imagens são usadas para alienar o povo desde os primórdios da
humanidade, no Egito era usada para reafirmar a ‘divindade’ dos faraós e
manter seu poder, na era bizantina e no Renascimento obras de arte com
imagens de santos eram usadas para converter e manter os fiéis
submissos a igreja. Na modernidade com a industrialização e a
supremacia de um sistema capitalista baseado no consumo, para vender
grandes quantias de produtos a publicidade se articula e com a chegada
do aparelho de televisão, a relação com a imagem tornou-se ainda mais
intensa e fugaz fazendo do saber ler imagens indispensável para a
reflexão crítica da realidade.

“A educação cultural que se pretende com a abordagem triangular é uma


educação crítica do conhecimento construído pelo próprio aluno” (Apud.
BARBOSA, 1998, p.40)

“O sistema triangular articula o estudo sobre o universo da arte, as


experiências vividas pelos estudantes/leitores em uma perspectiva política,
logo as ações que a compõem – leitura da obra de arte/contextualização/fazer
artístico.” (p. 86)

A contextualização de uma leitura de obra de arte não tem a


obrigatoriedade de limitar-se a biografia do artista ou a história da arte,
mas é importante esclarecer que também não as negamos quando estas
se fazem necessárias para facilitar a análise da imagem.

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“O sistema triangular, pelo fato de possibilitar o acesso ao universo da Arte,
como direito de todos, promove a emancipação e rompe a “cultura do
silêncio”.” (p. 86)

“Abordagem triangular como superação do modelo tradicional de currículo em


arte na medida em que ela propõe a emancipação dos sujeitos sociais pelo
processo arte/educativo, ou seja, pelo poder de se tornar leitor, ou melhor,
pela possibilidade de ler e reler o mundo das imagens criadas pela obra de
arte.” (p. 88)

baseia-se em estimular o fazer artístico, trabalhando a releitura, não


como cópia, mas, como interpretação, transformação e criação.

“o currículo na perspectiva critica ressalta o peso da ideologia (dominante) e


seu papel de reprodutora cultural e social na educação.” (p. 89)

Em relação a contextualização, é importante lembrarmos que a arte, além


de ser fruto de seu tempo produzida por artistas/autores, é uma área de
conhecimento transdisciplinar, ou seja, está em constante diálogo com o
mundo e suas diversas áreas de conhecimento

“arte não se ensina e, por causa disso, provocou tantas reações adversas. De
certa maneira, ao anunciar os contornos entre o ensino de arte modernista e
pós-modernista e a importância de metodologia da apreciação artística, a
pesquisadora chamou a atenção para a idéia de linguagem visual.” (p. 91)

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“surgindo uma compreensão entre os arte/educadores de rejeitar a postura de
“fazedores de arte”, meros estimuladores de sensibilidade, e assumindo o
desafio de ter como objeto de estudo.” (p. 93)

O importante é que o professor não exija representação fiel, pois a obra


observada é suporte interpretativo e não modelo para os alunos
copiarem

“Um outro principio defendido pela arte/educação pós-moderna está


relacionado à aprendizagem dos conhecimentos artísticos, a partir da inter-
relação entre o fazer, o ler e o contextualizar arte [...]” (Apud. SILVA, 2005,
p.63)

Consiste em inter-relacionar a História da Arte com outras áreas do


conhecimento, contextualizar a obra de arte, consiste em contextualizá-
la, não só historicamente.

“os trabalhos não são produções para algum tipo de exposição, penso que
são, na realidade, a possibilidade que os jovens/estudantes tiveram de dizer o
que pensam.” (p. 97)

“vivemos um tempo que não tem nome próprio, mas é designado por um
prefixo acrescentado ao passado. Trata-se do prefixo “pós” do pós-
modernismo, do pós-colonialismo, do pós-feminismo, enfim a era do pós-tudo
apocalíptico de Augusto de Campos. Queremos explicitamente ultrapassar o

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São Paulo: Cortez, 2010.
passado sem deixá-lo de lado (Apud. BARBOSA, 2009, p.XXV)

E além de refletir sobre a abordagem, todo educador deve refletir sobre a


escola e o contexto no qual essa está inserida (a comunidade), a
atividade que pretende propiciar e o coletivo de educandos, e indivíduos
deste coletivo, ao qual essa atividade é direcionada. Ou seja, toda ação
educativa deve ser planejada. O educador deve se colocar dentro da
realidade em que ele, a escola, e os educandos estão inseridos de forma
crítica.

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