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L I B E R D A D E P R O V I S Ó R I A
com supedâneo no inciso III do artigo 310 do Código de Processo Penal e razões adiante
ventiladas.
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Rua José Alexandre Buaiz, nº 300 Vitória/ES (27) 99778-6930 / 3224-4950
Salas 1215/1216, Ed. Work Center Enseada do Suá marceloserafim.adv@gmail.com
SERAFIM - ASSESSORIA & CONSULTORIA JURÍDICA
MARCELO SERAFIM DE SOUZA - OAB/ES 18.472
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As circunstâncias que circundam o fato, pelo qual foram incursos os Acusados, bem como a vida
pregressa e ordeira que este vivem, requerem como medida da mais lídima e cristalina justiça,
a concessão do benefício da liberdade provisória, para que enfim possam o aguardar em
liberdade a tramitação processual, com fundamento no Inciso II do Artigo 310 do Código de
Processo Penal, pelo que expõem e ao final requer o seguinte:
Consta dos autos da Ação Penal suso, que os ora requerentes foram presos em flagrante delito,
pois supostamente teriam infringido o artigo 33, caput, 35, caput, da Lei 11.343/2006 e Art. 14,
caput, da Lei 10.826/03. Haja vista, conforme consta do APFD, os acusados MAXWEL FREIRE
PEÇANHA e LEONARDO DA SILVA CORDEIRO e, um terceiro, durante uma operação de
abordagem policial, encontravam-se no interior de um veículo, em que foi localizado dentro do
mesmo, a quantia de R$ 60,45 (sessenta reais e quarenta e cinco centavos) em espécie, 05
munições calibre .380, 01 pedra de crack (do tamanho de um sabonete), 01 pedaço de maconha
de aproximadamente 1cm x 5cm. Contudo, insta frisar que, na abordagem nada de ilícito foi
encontrado com os réus. Em referida revista ao veículo in quaestio, com o terceiro, ADENILSON
encontraram os policiais, R$162,50 tendo o mesmo informado que a pedra de crack e as
munições lhe pertenciam. Com MAXWEL foi encontrada a quantia de R$350,10 e com
LEONARDO R$332,00. Tendo esse informado que o pedaço de maconha lhe pertencia. Em seu
interrogatório ADENILSON confessou que receberia cerca de R$250,00 para entregar a pedra de
crack e as 05 munições a uma pessoa não informada, tendo informado que os demais autuados
não sabiam que o mesmo transportava esses materiais. Sendo que por conta disso, encontram-
se os mesmos presos e recolhido no CTV – Centro de Triagem de Viana, à disposição deste R.
Juízo. (sem grifos no original)
Em que pese, neste azo, não trata de mérito, apenas, observa-se técnica e processualmente o
procedimento apurado. Desejam os acusados manifestarem, afirmando que são pessoas
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Insta frisar que, os acusados ostentam plenas condições sociais para que sejam agraciados com
o benefício que lhes faculta a Lei Penal1, ou seja, os requisitos necessários para a concessão do
benefício da Liberdade Provisória, ostentando ambos residência fixa com ânimo definitivo,
conforme afirmado alhures.
O festejado artigo 310 do Código de Processo Penal, que dispõe sobre a liberdade provisória,
concedida sob certos pressupostos e condições a presos custodiados, deixa claro que não se
trata de favor que se possa outorgar ao preso que está nessa circunstância como requerente,
mas sim um direito a que este faz jus.
Permissa venia, mm. Juiz, sendo os requerentes ostentadores de plenas condições sociais para
serem agraciados com o benefício que lhes faculta a Lei Penal2, sendo possuidores de residência
1
Se a prisão não for necessária para a garantia da ordem pública, da instrução criminal ou da aplicação da pena,
não se justificando seja mantida e o juiz deve conceder a liberdade ao acusado. (Hélio Tornachi – Curso de Direito
Penal – pág.43). O subjetivismo do julgador não contribui fundamentação para tirar a liberdade do acusado,
primário e de bons antecedentes, antes da decisão final e definitiva da ação penal em que lhe foi imputada. (rt –
589/411).
2
“Tanto a vítima quanto o acusado representam no processo penal interesses públicos, porque o Estado tem
tanto interesse na punição de um culpado quanto na absolvição de inocente e tutela de igual modo a segurança
pública e a liberdade individual”. (H. B. Tornachi, a Relação Processual Penal, p. 84, Ed. A Noite, 1944). “Outra
teoria afirma que a finalidade da jurisdição é a tutela dos direitos subjetivos (ROCCO) [...], esta, porém, só se
exerce na medida em que o próprio direito objetivo protege e ampara o direito subjetivo”. (LASCANO). PG. 202,
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fixa, com ânimo definitivo, bem como, cumpre destacar que, não se havendo notícias de
mandado de prisão em aberto contra os acusados, demonstrando serem pessoa que não têm
por costume a prática de atos delituosos, a Liberdade Provisória destes, é medida salutar que se
impõe.
Nesta toada, impende ressaltar que, sua liberdade não atentará contra a ordem pública, não
perturbará o rito especial da ação criminal e não prejudicarão a aplicação da Lei Penal não
havendo assim, razão para não continuarem no distrito da culpa, conseguintemente podendo
estes comparecerem perante este douto Juízo, sempre que solicitados.
O contexto probatório contribui para que os Acusados sejam agraciados com o benefício que
lhe faculta o Diploma Legal, tendo ainda em vista, inúmeras provas no mérito e mais que se deve
levar em conta que ostenta o presente pedido, há provas sólidas no sentido de que os
beneficiários ostentam meios de sobrevivência por atividade lícita, tratando-se de pessoas de
bem, não levando à conclusão de que representam risco à sociedade ou que irão se furtar à
aplicação da ação da justiça.
A cautela no processamento judicial é regra e medida extremada, para que se evite causar dano
maior ao seio social, mesmo ao se saber em que a aplicabilidade esteja sob o escudo da
legalidade, a reparação de constrangimento no cerceamento do direito de ir e vir não se repara
na tentativa da marca da prisão cravada na vida do imputado.
(H.B. Tornachi, p.74 Ed. A Noite, 1944). “Se o Juiz não dá de si, para dizer o direito em face da diversidade de cada
caso, a sua Justiça será a do leito de procusto”, [...].
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Mutatis mutandis, conforme afirmado alhures, não há previsão legal à antecipação da tutela
penal e, in casu, não se vislumbra a ocorrência dos requisitos legais autorizadores da prisão
preventiva (art. 312 do CPP).
Aliás, no Brasil a prisão é a ultima ratio, sendo exceção e não regra. Quiçá pelos malefícios
causados àqueles que adentram o Sistema Prisional.
3
HC 137728. Relator: Min. EDSON FACHIN. Julgado em 21/02/2017. Publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
036 DIVULG 22/02/2017. PUBLIC 23/02/2017
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Quadra registrar que outro não tem sido o entendimento de nosso Egrégio Tribunal de Justiça
Capixaba. Como exemplo citamos o seguinte aresto, de relatoria do eminente desembargador
WILLIAN SILVA verbis:
HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. POSSE ILEGAL DE ARMA
DE FOGO. PORTE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL. PRISÃO
PREVENTIVA. REQUISITOS. AUSÊNCIA. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM.
A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta
medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento
condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado.
A custódia cautelar é medida excepcional, reservada para os casos de
absoluta imprescindibilidade e deve respeitar os princípios da
homogeneidade, proporcionalidade e adequação.
4
STJ - 5.ª T. - HC 33.578 - rel. Laurita Vaz - j. 03.08.2004 - DJU 30.0802004. p. 313; STJ - 5ª T - HC 31.444 - rel.
Laurita Vaz - j. 1612.2003 - DJU 16.02.2004, p. 283
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Ademais, os efeitos deletérios das penas só levam para a reincidência. Sobretudo quando se
trata de réu primário que não ostenta maus antecedentes, pois, segundo Baumann, apud, Cezar
Roberto Bitencourt, "a liberdade é um bem extremamente valioso para ser sacrificado
desnecessariamente6",
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
5
HABEAS CORPUS 0002163-61.2017.8.08.0000. Relator: WILLIAN SILVA. Órgão Julgador: PRIMEIRA CÂMARA
CRIMINAL. Data do Julgamento: 10/05/2017.
6
Baumann, apud, Cezar Roberto Bitencourt. Tratado de Direito Penal - Parte Geral. Vol. I. 3º ed. São Paulo: Ed.
Saraiva. 2003.
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