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18/03/2019

DIAGNÓSTICO

DIAGNÓSTICO

 Assinatura A. RODRIGUES?
 Óleo sobre tela
 Nu feminino
 Datado de 1898

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ADOLFO DE SOUSA RODRIGUES


(FUNCHAL, 1867 - LISBOA, 1908)

 Matriculou-se em 1883 no curso Geral de Desenho da Escola de Belas-Artes de


Lisboa
 Em 1888, acabado o curso Desenho, prosseguiu os estudos em Pintura Histórica, sob
a orientação de Ferreira Chaves
 Enquanto aluno obteve vários prémios:
 Medalha de bronze no segundo ano do curso de desenho
 O Prémio Anunciação no primeiro ano de pintura
 Uma medalha de prata e 30$000 réis em 1892

DIAGNÓSTICO

Torção

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PROTEÇÃO DA CAMADA PICTÓRICA: FACING


FIXAÇÃO/CONSOLIDAÇÃO

FIXAÇÃO
OBJETIVO: Devolver a aderência entre dois estratos. Há uma colagem.

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MÉTODOS DE APLICAÇÃO DO ADESIVO

Pontualmente nas zonas


danificadas
• pincel
• Injeção

Mesa quente ou de vácuo, uma mesa de baixa pressão, de uma


espátula quente e pesos, ou mesmo de uma luz de infravermelhos

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CONSOLIDAÇÃO

OBJETIVO: Devolver a coesão


interna à matéria. Há
impregnação de um material
líquido (consolidante) que
penetra profundamente.

- Melhora as características
mecânicas do material
para aumentar a sua
resistência a tensões

- Reduzir a porosidade do
material

MÉTODOS DE APLICAÇÃO DO ADESIVO

Pontualmente nas
Totalidade da obra
zonas danificadas
• Impregnação/pincel • Pincel
• Nebulização • Injeção
• facing • facing

Mesa quente ou de vácuo, uma mesa de baixa pressão, de uma espátula quente, ferro e pesos

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PROPRIEDADES DO ADESIVO: FIXAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO

• Compatibilidade entre os materiais existentes e os


adicionados
• Boa fluidez e penetração
• Resistência
• Baixo peso molecular
• Força adesiva adequada

TRATAMENTO PRÉVIOS À PROTEÇÃO (FACING)

 Desmontagem da moldura
 Desengradamento se necessário
 Preparação da superfície onde a obra permanecerá deitada
 Papel siliconado
 Papel melinex
 União dos rasgões com fita adesiva de papel
 Tiras papel adesivo finas e regulares dispostas seguindo a teia e a trama

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UNIÃO TEMPORÁRIA DE RASGÕES

 Fixação de rasgões e lacunas do suporte

PROTEÇÃO DO ESTRATO PICTÓRICO

 Objetivos:
 Assegurar a estabilidade da pintura para a sua manipulação
 Fixar e consolidar peliculas pictóricas pulverulentas
 Ajudar a eliminar as deformações do suporte

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PROVAS PREVIAS À PROTEÇÃO

 Prova de descoloração (solvente a empregar, sobre distintas cores)

 Provas de sensibilidade ao calor (pelicula pictórica, preparação e suporte)

 Prova de sensibilidade à humidade (pelicula pictórica, preparação e suporte)

TIPOS DE PROTEÇÃO

Proteção Aquosa Proteção Não Aquosa

Adesivo: cola de coelho Adesivo: Beva 371 O.F.

Características: água, calor e pressão Características: solventes, calor, pressão

Outros adesivos: colas Outros adesivos: Resinas


de peixe, éteres sintéticas (Paraloid B72,
celulósicos, resinas Plexisol…), ceras
acrílicas aquosas..

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MATERIAIS

PAPEIS DE PROTEÇÃO
 Papel Japonês: ampla gama de qualidades, gramagem e tamanho. Boa adaptação à
superfície e pouco peso. Fibras largas, poroso e translúcido.
 Papel de seda: algo rígido, má adaptação à superfície e com uma face satinada
 Tecido não tecido (reemay): ampla gama de gramagens, resistente

CORTE DOS PAPEIS DE PROTEÇÃO

 Seleção do tamanho dos papeis segundo as dimensões da obra


 Periferias desfibradas
 Sobreposição de folhas (+/- 1 cm): evitar deixar zonas sem proteção ou pontos em que
coincidam quatro esquinas
 Estudar a distribuição das folhas
 Aplicação do adesivo: em bandeira inglesa, do centro para fora evitando bolhas,
deformações ou rasgões no papel.

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FACING

- Faceamento
- empapelamento

EVA PEREZ©

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PROTEÇÃO AQUOSA
 ADESIVO: cola de coelho
(granulado ou pó)
 Preparação da cola:
 1:10
 Preventol Ri 80
 Hidratação de 24 horas
 Aquecer em banho maria

ATENÇÃO: manter quente sem


ultrapassar os 60º C. O excesso de
calor deteriora os adesivos
orgânicos

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PROTEÇÃO AQUOSA

APLICAÇÃO DO ADESIVO A QUENTE


 dilui-se o adesivo
 melhora a penetração

SECAGEM: calor e pressão


 Uso papel melinex e papel absorvente
 Evita a proliferação de microrganismos
 Ajuda a eliminar deformações no suporte
 Potenciam-se as propriedades adesivas e consolidantes

APLICAÇÃO DA PROTEÇÃO

Evitar:
 Papel enrugado
 Bolhas de ar: os pontos onde se formam não são consolidados
 Manchas:
 Amarelas: excesso de cola de coelho (mal diluída)
 Brancas: falta de adesivo (adesivo muito diluído)

Eliminação
Aplicação superficial da humidade com cotonetes, sem acumular água. Pode-se usar uma
esponja natural.

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PROTEÇÃO NÃO AQUOSA

• Resina termoplástica
 Adesivo: Beva 371 O.F.
 Solvente: White Spirit • Para uma correta adesão é necessário
 Preparação: Beva 371 + white spirit (1:1) calor e arrefecimento em baixa pressão.

• Permite tratamento sem humidade

• Insolúvel em água

• Solúvel em white spirit e outros


hidrocarbonetos

APLICAÇÃO DA PROTEÇÃO
 Aquecer o adesivo em banho-maria e diluir em white
spirit
 Manter o adesivo quente durante a sua aplicação
 Deixar secar durante 24 horas (evaporação do
solvente)
 Necessita de calor e pressão (papel melinex)
 Ao exercer pressão com ferro o papel adere à superfície
pictórica e faz penetrar o adesivo
 Temperatura de fusão é 68ºC (substância passa do
estado sólido ao estado líquido)
 Temperatura de transição vítrea (tg) 50º a 65ºC (entre um
estado rígido e um estado mole)

 É importante que arrefeça sob baixa pressão


 ATENÇÃO: A PINTURA TEM DE SER LISA, SEM EMPASTES

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COLA DE COELHO VS BEVA® 371

QUALIDADES:
QUALIDADES:
 Bom poder consolidante (peliculas pulverulentas, fissuras,
…)  Menor poder consolidante
 Boa penetração nos estratos pictóricos  Maior estabilidade para o suporte (menor risco de
movimentos)
 Afinidade com os materiais orgânicos (obras tradicionais)
 Maior afinidade com os materiais sintéticos

RISCOS:
 Sensibilidade à humidade RISCOS:
 Movimentos do suporte (algodão)  Sensibilidade da obra ao calor
 Problemas de solubilidade
 Sensibilidade à pressão
 Aparecimento de “pasmados” nas camadas de verniz (XVIII)
 Sensibilidade da obra aos solventes
 Proliferação de microrganismos
 Riscos de solubilidade dos estratos pictóricos
 Sensibilidade da obra ao calor

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DEPOIS DA PROTEÇÃO

 Estratos pictóricos consolidados


 Podemos começar a trabalhar
no verso da obra
 Finalizada a intervenção no
suporte é necessário remover a
proteção para voltar a tensar a
obra
 Utilizar o solvente empregue
durante a preparação do
adesivo

TRATAMENTO DE SUPORTE

PRÁTICAS DE RESTAURO II
Ana Bailão

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TRATAMENTO DE SUPORTE

TIPOLOGIAS

- Enxerto Podem implicar


- Microcirurgia têxtil reforço do verso

- Bandas perimetrais ou tensão


- Reentelagem

TERMINOLOGIA

LACUNA – Falta ou perda de material RASGÃO – roturas lineares

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ENXERTOS: TRATAMENTOS DE LACUNAS

EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E ADESIVOS

Equipamentos e materiais Adesivos


 Grade para esticar a nova tela  Termoplásticos
 Agulha térmica (“pontes”  Boas propriedades
adesivo) adesivas
 Bisturi/Tesoura  Boa resistência mecânica
 Papel melinex  Exemplos:
 Pequena escova de dentes aço - Poliamida têxtil ®;
para desfibrar
- Beva F.O.
 Espátula quente
- Beva Film®
 Pesos

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LACUNA: ENXERTO

Maria José Coelho ®

LACUNA: ENXERTO

Maria José Coelho ®

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ENXERTO: REFORÇO

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Material de reforço:

- Tela similar à original


- TNT – reemay®
- Tecido poliéster

MICROCIRURGIA TÊXTIL

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RASGÕES: MICROCIRURGIA TÊXTIL

- Sutura fio-a-fio com reconstrução da teia e da


trama

MICROCIRURGIA TÊXTIL: CONTEXTUALIZAÇÃO

• 1979, W. Gabler executa em Berna (Suiça), a


primeira demonstração de um reparo fio-a-
fio numa pintura de óleo sobre tela de
Ferdinand Hodler.

• 1995, Prof. Winfrield Heiber (†2009) dedicou a


sua vida profissional a divulgar a técnica.

• Petra Demuth, é a maior discípula de Heiber,


e atualmente ministra workshops sobre a
microcirurgia em todo o mundo.

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MICROCIRURGIA TÊXTIL: PREPARAÇÃO

Consolidação da camada
pictórica

Reaproximação das
periferias do rasgão

Garantir acesso pela frente


e pelo verso da pintura
um modelo de trecker

Preparar equipamentos e
ferramentas

EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

 Agulha térmica
 Lupa de aumento
 Agulhas
 Bisturi/Tesoura
 Pinças
 Utensílios de ponteiras finas
 Utensílios com ponteiras de borracha
 Espátula quente
 Pesos

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(fonte: ORTIZ, 2012: p.91)

(fonte: WATERS, 2006: p.10)

(fonte: ORTIZ, 2012: p.90) (fonte: South Florida Art Conservation website)
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ADESIVOS

 Resina époxida
 Acetato de polivinilo
 Etileno e Acetato de vinilo – EVA
 Resina poliuretânica
 Poliamida têxtil
 Cola de esturjão + Amido de trigo

Resina Epóxida
- Resina epóxida, bicomponente

- Nome comercial: Araldite©

- Elevada força de adesão

- Usada em em grandes telas onde a força de


tracção é muito elevada

- Pouco flexível

- Totalmente Irreversível

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- Forte capacidade adesiva


Acetato de polivinilo
(PVAc)
- Flexível

- Boas propriedades óticas, estável à


luz

- Nomes comerciais: Mowilith,


Vinamul, Rhodopas M, Vinalac,
Texilac

- Pouco utilizada devido à difícil


removibilidade

Etileno e Acetato de
vinilo - EVA
(Colas mistas) - Boa flexibilidade e resistência

- Marcas comerciais mistas: Beva®,


Evacon®-R e Lineco®

- Os primeiros testes mostraram potencial


de utilização

- Preço elevado de algumas marcas

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Resina
poliuretânica
- Nome comercial: Akeogard® AT35 que se
chamava Purbinder®

- Muito fluido e penetrante

- Vendido em solução aquosa

- Boa força de adesão

- Quando seca é transparente

- Difícil de adquirir

Poliamida têxtil
- Termoplástica, ponto de fusão: 800a 900C

- Boa força de adesão

- Pode ser reativada (reversível)

- Aconselhada em experiências de holandeses


e alemães.

- Marcas: Lascaux 5060 ou 5065, Polvammide


CTS, Elvamide 8060 e Catalon CA e CB.

- Insolúvel em solventes de baixa polaridade

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Cola de esturjão +
Amido de trigo - Cola natural (animal + vegetal) a base
de água

- O esturjão tem força de aderência e o


amido de trigo dá consistência

- É bastante reversível

- É a cola mais indicada por W. Heiber

- Aconselhável pequena sobreposição


de fios

- Preço elevado

MICROCIRURGIA TÊXTIL: PROCEDIMENTO

Iniciar do centro do rasgão


(Fonte: CESMAR7, 2013)

Consolidar os fios quebradiços e


torcê-los na rotação original

Refazer a tecelagem mantendo


o número de fios por centímetro
quadrado

Aderir os fios ponta a ponta, pelo


verso da pintura, com tensão
semelhante à original

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TRATAMENTO DE SUPORTE

TIPOLOGIAS

- Enxerto Podem implicar


- Microcirurgia têxtil reforço do verso

- Bandas perimetrais ou tensão


- Reentelagem

BANDAS DE TENSÃO OU PERIMETRAIS

OBJETIVO: reforçar o perímetro do suporte:

- Oxidação e acidificação excessiva das fibras


- Oxidação for ferrugem provocada pelos agrafos ou tachas
- Por serem muito curtos (origem; intervenções antigas)

FUNÇÃO:

- Permite tensionar e engradar a obra

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BANDAS DE TENSÃO OU PERIMETRAIS

 As bandas são tiras de tecido


 Empregam-se, desfibradas, sobre as periferias da pintura
 Podem ser utilizados diversos adesivos:

Tradicionais:
- pasta de farinha e cola
- cera-resina

Recentes:
- resinas acrílicas
- acetatos de polivinilo (PVA)
- copolímero de acetato vinilo de etileno (EVA)

BANDAS DE TENSÃO OU PERIMETRAIS

Características a ter em conta:

 As bandas devem suportar o peso da pintura


 Não devem ser mais espessas que a tela original
 Os tecidos podem ser naturais ou sintéticos
 Os tecidos sintéticos são mais inertes e resistentes com menor espessura
 Tecidos sintéticos: recomendação do uso das telas de poliéster
 No caso de telas sintéticas recomenda-se a utilização de adesivos sintéticos
 afinidade de características e menor tendência à deformação

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BANDAS DE TENSÃO: PREPARAÇÃO

 Cortar as bandas paralelas à teia (tesoura convencional ou


ourela
ziguezage)
 Retirar cerca de 15 fios da teia – desfibrar os fios da trama (+
flexíveis)
 As bandas devem ter cerca de 15 cm de largura para engradar
Teia
 Evitar impregnação na tela original: o adesivo deve ser aplicado
primeiro na banda
 Marcas dos adesivos mais comuns: Beva® 371, Beva® Film,
Plextol® B500 espessado Trama

Materiais: tesoura, agulha, espátula quente ou ferro, papel melinex

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REENTELAGEM

OBJETIVO: reforçar toda a área do suporte

- Oxidação e acidificação excessiva das fibras


- Rasgões e lacunas extensos
- Suporte frágil sem resistência mecânica

Consiste na adesão de uma tela nova – sem goma –


à original para lhe dar resistência.

Oficinas Santa Bárbara

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Papel japonês

Pintura para cima

Pasta de cola florentina aplicada


no verso da pintura e na superfície
da tela de reentelagem

Tela de reentelagem

Mesa de trabalho

TECIDOS

Tecidos naturais
• Linho – melhores resultados de adesão e
removibilidade
Tecidos sintéticos
• Polipropileno (pouco empregue)
• Poliamida (Kevlar®, pouco empregue)
• Fibra de vidro (pouco empregue)
• Poliéster – melhores resultados de adesão e
removibilidade

Tecido não tecido


• Poliéster – Reemay® – bons resultados mas pouco
utilizado devido à brancura do TNT

outros
• Papel melinex – testado com bons resultados.
Pouco utilizado.

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ADESIVOS

Cera-resina

• Países do Norte da Europa, HR

Pastas de cola (Pasta Florentina)

• Sul da Europa

Cola de Esturjão

• Rússia

Adesivos Sintéticos

• Generalizado (Beva® 371, Beva® Film, Beva® Gel,


Plextol® D360 e D498)

REENTELAGEM: PREPARAÇÃO

 Cortar o tecido maior que o original: + de 15 cm


 O tecido deve ser lavado (90 ºC) e “fatigado” (grades metálicas extensíveis).
 O adesivo é aplicado diretamente no novo tecido e não na tela original
 A pintura original, engradada e com a camada pictórica para cima, com ou sem
facing, deve ser colocada sobre o original
 Sem facing para mesa quente ou vácuo
 Com facing para ferro quente

Materiais: tesoura, espátula, rolo, rede, ferro quente, mesa de vácuo ou ar quente, papel melinex

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Um dos rolos usados para a reentelagem com


pastas tradicionais de cola

Espátula usada na aplicação das tradicionais pastas de cola

Aspersão Rolo

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Sistema por pontos, Nap Bond

Sistema Nap bond

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REFERÊNCIAS

SÁNCHEZ ORTIZ, Alicia – Restauración de Obras de Arte: Pintura de Caballete. Madrid: Akal Bellas Artes, 2012

CALVO, Ana - Conservación y Restauración de Pintura sobre Lienzo. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2002.

VILLARQUIDE JEVENOIS, Ana - La Pintura sobre Tela II – Alteraciones, Materiales y Tratamientos de Restauración. San
Sebastián: Editorial Nerea, 2005.

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