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DOMINGO DA IGREJA PERSEGUIDA • 2019

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Roteiro - peça DIP

CAMPO DE
TRABALHO FORÇADO Escrito por Duan Sita

Igreja em blackout = todas as luzes apagadas.


Os quatro atores que irão fazer os prisioneiros entram e deitam no chão. Não há colchões, travesseiros e muito
menos lençóis. Não há jornais para protegê-los do chão frio. Estão em contato direto com a sujeira.
Começam a cantar à capela apenas o primeiro refrão do louvor “Quão grande é meu Deus”, da Soraya Moraes:
“Quão grande é o meu Deus | Cantarei quão grande é o meu Deus | E todos hão de ver quão grande é o meu Deus”.
Ainda no escuro, cada ator fala uma frase, narrando a situação para o público, com intensidade e vigor.

Atriz 1: Não! Na Coreia do Norte não se pode louvar o criador.

Ator 1: Nesta nação, ninguém é livre! Vivemos em um território totalmente fechado.

Atriz 2: Desde 2002, é o país de maior perseguição aos filhos da luz.

Ator 2: Aqui, o livro preto é proibido. A história da salvação é censurada.

Atriz 1: É ilícito orar. É ilegal falar no nome dele.

Ator 1: É quase impossível encontrar com outros seguidores.

Atriz 2: Todos nós devemos cultuar a família Kim. Apenas a família Kim.

Ator 2: Se não obedecermos, podemos ser executados.

Todos: Ou levados aos campos de trabalho forçado.

Toca uma sirene muito alta para acordar os presos. A luz da igreja acende. São quatro horas da manhã. Três
presos levantam rapidamente, exceto Chin, que havia trabalhado até meia-noite, apanhado por não ter cumprido
a cota de trabalho do dia anterior e ido ao hospital a noite amputar o dedo do pé. Logo chega Gook e começa
espancá-lo com o porrete.

Gook: Levanta seu vagabundo. Já são quatro horas da manhã! A surra de ontem não foi suficiente?
Se não cumprir a cota de hoje, eu juro que vou te espancar tanto até ver teu cérebro sair pela boca.
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Chin levanta com dificuldades, Gook com raiva o segura pelo pescoço.

Gook: Você é um animal. Está testando minha paciência? (apertando cada vez mais forte o pescoço de Chin).

Chin: (com dificuldades para falar por estar sendo enforcado responde) Desculpa senhor, estou com
muita dor. Acho que também estou com febre.

Gook: (joga Chin no chão) Dor? Coloca a língua pra fora que eu resolvo isso rapidinho!

Chin com muito medo coloca a língua pra fora. Gook dá uma porretada na língua de Chin. Chin dá um ber-
ro. O soldado Il entra com o café da manhã: 100 gramas de milho e água suja pra beber. Os outros prisionei-
ros estão se trocando. Eles, com o coração partido pelo colega, nem olham para não sobrar para eles.

Gook: Il?

Il: Sim, Gook?

Gook: (falando para Il) Café da manhã só para os outros. Esse porco aqui você deixa sem comida até a noite.
Se ele cumprir a cota de trabalho de hoje, quem sabe amanhã ao invés de receber 100 gramas de milho e
água, trago um prato de estrume de vaca para ele procurar alguns grãos de milho não digeridos para comer.

(Gook e Il começam a rir e saem. Chung-ho ajuda Chin a se levantar, enquanto Ae-Cha fica de olho para sa-
ber se os soldados foram embora mesmo. Sook olha a língua de Chin e dá um pouco do milho dela para ele).

Sook: Chin. Pega um pouco do meu milho e deixa na boca para o sal desinfectar o corte.

(Chin reage ao ardor).

Chin: (engole o milho) Estrume de vaca. É bem capaz que eu encontre mais milho no estrume de vaca do
que nesse mísero café da manhã.

(Ae-Cha, Sook e Chung-Ho dão risada do sarcasmo do colega).

Ae-Cha: Só você Chin para nos fazer rir diante dessa situação (os outros acenam em concordância). (Olhando
para fora em direção aos soldados) Temos 5 minutos até eles voltarem (dão as mãos e oram em silêncio).

(Gook e Il entram no dormitório com uma prancheta com a listagem das atividades do dia).

Il: Ae-Cha, você vai trabalhar na plantação. Chung-Ho, vai para a usina.

Gook: Sook, vai costurar uniformes. E Chin, seu bastardo, vai para as minas de carvão. Está precisando
de trabalho pesado para se curar (dá risadas).
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(Todos saem de cena. Volta apenas Ae-Cha com uma cesta cheia de trigo.)

Ae-Cha: (falando para o público)

Meu nome é Ae-Cha. Estou no campo de trabalho forçado há mais de 5 anos. Meus pais e eu estáva-
mos fugindo para a Coreia do Sul, quando fomos capturados.
Vi meu pai sendo fuzilado em um pomar bem na frente de uma plantação de trigo como esta, perto
do rio Taedong. Amarraram-no em um poste e deram-lhe 9 tiros.
Na sequência, arrastaram minha mãe para um poste. Colocaram-na de pé em cima de um caixote
de madeira. Um soldado amarrou um nó corrediço em volta do pescoço dela... Lembro dela tentando
capturar o meu olhar, como se me pedisse desculpas pelo que estava prestes a me acontecer.
Me algemaram, colocaram uma venda sobre os meus olhos e me levaram para um lugar onde
ninguém poderia ouvir os meus gritos. Fui estuprada por mais de 7 soldados. Eles me xingavam de
vagabunda. Diziam que eu tinha que pagar pela traição dos meus pais e, se eu contasse para alguém,
eles me matariam.
Existe uma regra no campo: caso haja contato sexual sem prévia aprovação, os agressores são fuzi-
lados imediatamente. Mesmo eu desejando a morte, não tinha para quem contar. Fiquei numa solitá-
ria por dois anos, sendo torturada. Até que resolveram me oferecer como esposa a um prisioneiro.
No campo, o casamento é uma recompensa dada aos prisioneiros por trabalho árduo. Nem o noivo
e nem a noiva podem escolher com quem vão se casar. A única vantagem é um trabalho, ligeiramente,
menos intenso e uma moradia um pouco melhor, após a união.
Chung-Ho era o prisioneiro. Lembro que não queria que ele me tocasse depois do casamento e ele me
respeitou. Aos poucos, ele foi conquistando a minha confiança e me ajudando a superar tudo que passei.
Ele me falou do nome, de uma vida eterna e de um amor verdadeiro. Eu aceitei o libertador. Ele me disse
que ninguém poderia saber, pois aqui neste campo além dos seguidores do rei de Israel, tem inimigos polí-
ticos, que nos delatam para sermos mortos e torturados em troca de comida.
O significado do meu nome em coreano é filha amada. Chung-Ho sabe alguns versículos do livro proi-
bido de cor. E ele me disse que no capítulo 5 do livro de Efésios, existe um verso que diz: “Portanto, sejam
imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou
por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus”.
Não foi por acaso que meus pais me deram esse nome. Quero honrá-lo. Quero honrar o sacrifício
de amor do cordeiro santo e imaculado.
A vida aqui no campo não é fácil. Só temos 2 horas de eletricidade por dia. Das 4h às 5h, quando
acordamos e das 22h às 23h, quando vamos dormir.
Aqui não existe camas, cadeiras ou mesas. Não há água corrente. Nenhum banheiro ou chuveiro.
Não podemos escovar os dentes e nem tomar banho. Muitos aqui já não tem mais dentes e suas gen-
givas estão pretas. Cheiramos, literalmente como animais de fazenda. Não há sabão, roupas íntimas,
e nem papel higiênico. Quando queremos nos lavar temos que ir escondidos até o rio, se um soldado
nos pegar somos espancados até desmaiar.

(Ae-Cha sai de cena com a cesta de trigo e Chung-Ho entra com um carrinho de obras).
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Chung-Ho: (falando para o público)

Meu nome é Chung-Ho. Eu e minha esposa Mi-Cha conhecemos o altíssimo, fora do campo, através de
um grupo que compartilhava conosco o “Arroz Sagrado”. Estávamos passando por dificuldades e alguns
participantes sempre passavam em casa e nos levavam um pouco do alimento. O arroz é muito caro aqui
na Coreia do Norte. Um quilo, custa mais do que o dobro de um salário médio mensal.
Não falamos nada sobre o salvador para nossa filha, pois tínhamos medo dela deixar escapar alguma
coisa na escola. Os professores doutrinam as crianças para cultuarem a família Kim como deuses. Conhe-
cíamos alguns casos em que as crianças contavam, inocentemente, aos professores sobre a fé dos seus pais
e eles eram assassinados.
Dois anos depois, minha esposa faleceu de cólera. Ficamos arrasados. À noite, colocava minha filha para dor-
mir e ia para meu quarto pedir graça para educá-la com sabedoria. Depois, ficava decorando o livro preto, pois
sabia que era muito arriscado tê-lo em casa. Eu sempre o escondia debaixo do meu colchão.
Certo dia, a professora disse para ela procurar em segredo um livro preto. E, se ela encontrasse e a en-
tregasse, ganharia um grande presente. Na manhã seguinte, saí cedo para o trabalho. Minha filha procu-
rou o livro, encontrou e levou para a escola. Fui preso e condenado à morte, e nunca mais vi minha filha.
Comecei a clamar em pensamento e minha sorte mudou. O governo estava com necessidade de
energia local para produzir uniformes militares, artigos de vidro e cimento. Então, mudaram minha
sentença e me mandaram para a construção da barragem hidrelétrica do Rio Taedong. Como a obra era
muito rudimentar e muitos morriam com os desabamentos, acreditavam que eu poderia ser útil até que
acontecesse alguma coisa comigo.
Comecei a me destacar no trabalho, puxando as placas de concreto fresco, fazendo os muros com muita
rapidez. Sendo assim, não só não me mataram, como me abençoaram com um casamento com a Ae-Cha
como recompensa.
Este foi o período que menos passei fome no campo. Como tinham pressa, mandavam um monte de milho
moído e tonéis de sopa de repolho para nos alimentarmos. Sem contar, que os soldados faziam vista grossa
e conseguíamos comer peixes e rãs no rio. Se fosse hoje, certamente seria espancado até a morte. Existe uma
regra aqui no campo: qualquer pessoa que furtar ou esconder alimento, será fuzilada imediatamente.
Uma vez uma menina de 12 anos foi pega catando comida no lixo. Ela caiu de joelhos implorando per-
dão. O soldado a golpeou várias vezes na cabeça com uma bengala. Protuberâncias brotaram em seu crânio,
sangue escorria do seu nariz, logo ela não resistiu.
A alimentação do campo é sempre igual: Mingau de milho, repolho na salmoura e sopa de repolho. Isso quan-
do se cumpre a cota diária de trabalho. Quando não se cumpre, somos espancados e reduzem nossa alimentação,
como aconteceu com Chin. Se a alimentação normal já é insuficiente, a redução é um atestado de morte.
Como a fome é desesperadora. Alguns ruminam como vacas, comendo o próprio vômito para matar a
fome. Outros roubam, mesmo sabendo que se descobertos pagarão com a própria vida.
A única coisa que os soldados não se importam são os ratos que passam pelas latrinas. Eles são funda-
mentais para nossa sobrevivência. Sua carne não só enche nossos estômagos vazios, como nos ajuda a evitar
a pelagra, doença causada pela carência de proteína e niacina.
Meu nome em coreano significa justo. Então, sempre oro o versículo 9 do Salmo 7: “Deus justo, que
sondas as mentes e os corações, dá fim à maldade dos ímpios e ao justo dá segurança”. Estou certo que ele
tem me protegido e já está agindo para mudar o futuro da Coreia do Norte.
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(Chung-Ho sai com um carrinho de obras e Sook entra com um tecido, agulha e linha).

Sook: (falando para o público)

Meu nome é Sook. Por ter nascido no campo, tive direito a frequentar a escola. Aprendi a ler e a contar
em um nível rudimentar.
Os professores diziam que tínhamos que nos envergonhar do sangue traiçoeiro dos nossos pais e que
isso só seria possível através de trabalho árduo e da delação.
Quando íamos trabalhar perto da estação ferroviária, as crianças de fora do campo nos xingavam e
tacavam pedras em nós até sangrarmos. Para eles, somos pecadores irredimíveis.
Nos obrigavam, também, a passar de casa em casa para limpar as latrinas, removendo as fezes com as
mãos nuas. Elas eram usadas como fertilizantes nas plantações.
Existe uma regra aqui no campo, que qualquer testemunha de tentativa de fuga que não denuncie será
fuzilada imediatamente.
Um dia ouvi meu irmão mais velho dizendo para minha mãe que iria fugir, tentando passar por baixo
das cercas elétricas de alta voltagem.
Eu o denunciei. Como recompensa ganhei um trabalho menos intenso e mais alimento. Meu irmão foi
colocado no sol acorrentado com as mãos para cima. Não tinha direito a ir no banheiro, se alimentar, mui-
to menos beber água. Em dois dias ele morreu.
Nunca senti remorso. Na verdade, sentia raiva dele infringir as regras. Como uma pessoa nascida no
campo, meu caráter era deformado.
Alguns anos depois, já trabalhando na fábrica, alguém deixou um bilhete no meu uniforme. Nele esta-
va escrito: “Fuja dos desejos malignos da juventude e siga a justiça, a fé, o amor e a paz, juntamente com
os que, de coração puro, invocam o Senhor” 2Timóteo 2.22.
Quando li aquilo, senti uma sensação de calor e tremor no meu corpo. Comecei a chorar e lembrei que
meu nome significa pura em coreano, então eu precisava descobrir o que era ser puro de coração. E o
eterno foi se revelando a mim. Me arrependi do que fiz com meu irmão, e aos poucos fui sendo transfor-
mada por ele.
Na confecção de uniformes militares, as máquinas valem mais que os prisioneiros. O turno é de 12
horas, mas se não cumprirmos a cota diária, apanhamos e trabalhamos 2 horas a mais, até meia-noite.
Os militares que ficam aqui, procuram sexo de todas as maneiras. Uma vez, vi o superintendente
chamando minha mãe para limpar o quarto dele. Fui ao banheiro e espiei pela janela. Vi ele chegando por
trás dela, começou lhe tocar e ela não mostrou qualquer resistência. Ambos tiraram as roupas e os vi fa-
zendo sexo. À noite minha mãe quieta, não disse nada. Estava feliz por, enfim, ter alimento suficiente para
matar a fome. Nunca comentei nada do que vi com ela.
Um dos piores problemas da fábrica são os piolhos. O problema é crônico. No mês passado, alguns sol-
dados trouxeram um balde cheio de líquido branco que cheirava a defensivo agrícola. Mandaram algumas
mulheres passarem em suas cabeças. Uma semana depois elas desenvolveram bolhas. Depois suas peles
começaram a deteriorar e descamar. Tiveram febre muito alta. Uma semana depois, chegou um caminhão
para pegar as doentes. Depois disso, desapareceram.

(Sook sai com o tecido, agulha e linha e Chin entra carregando um saco de carvão).
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Chin: (falando para o público) Meu nome é Chin.

Sou seguidor do evangelho desde os 20 anos. Um dia, estava fazendo um trabalho na biblioteca da Faculda-
de de Pyongyang, quando vi um pequeno livro preto escondido atrás de umas enciclopédias. O livro não tinha
nenhuma identificação. Curioso, coloquei dentro da minha mochila e levei para a moradia estudantil.
Quando abri, vi que se tratava do livro proibido. No começo, fiquei apavorado, não sabia se jogava fora ou
se escondia, mas a minha curiosidade era maior.
Como meu colega de quarto não estava lá, sentei no chão de costas para a porta, de modo que se ele entras-
se repentinamente, não conseguiria abrir facilmente a porta e eu teria tempo de escondê-lo na minha mochila.
Abri o livro aleatoriamente e a primeira coisa que li foi um texto de Isaías 43.4: “Visto que você é precioso e
honrado à minha vista, e porque eu o amo, darei homens em seu lugar, e nações em troca de sua vida”. Aquilo
mexeu comigo, pois meu nome em coreano significa precioso. E saber que alguém se importava comigo era
um tanto animador, já que minha família não se importava nem um pouco.
Quanto mais lia, mais ficava apaixonado por aquele líder simples e acessível. Uma noite, estava orando o
Pai Nosso de joelhos na minha cama, quando soldados entraram no meu quarto e começaram a me chutar
com toda força. Haviam descoberto o livro durante uma inspeção secreta.
Como meu pai era um membro do exército coreano, eles não me mataram. Me levaram para o campo
de trabalho forçado onde meu pai me esperava. Ele me deu um murro na cara e disse que eu não era
mais filho dele.
Então me levaram para uma solitária, me despiram, amarraram meu tornozelo e punhos com corda e me
penduraram num gancho preso ao teto. Baixaram-me sobre a fogueira até eu desmaiar.
Até hoje sinto dor na cicatriz do meu abdômen que perfuraram com um gancho para me prender sobre as
chamas. Minhas costas, nádegas e pernas têm cicatrizes de queimadura da tortura com o fogo. Meus tornoze-
los ainda tem as marcas das correntes que me penduraram de cabeça para baixo naquela sela.
Somos cerca de 60 mil cristãos presos nos campos de trabalhos forçados. Os soldados têm carta branca
para nos torturarem e estuprarem toda e qualquer mulher que não negue o nome do nosso redentor. Querem
eliminar nossas sementes até a terceira geração.
Nosso plano de carreira é um trabalho árduo e uma morte prematura, causada por espancamentos e maus
tratos – tudo sem uma acusação, um julgamento ou um recurso – tudo em sigilo.
Os soldados fazem questão de nos levar para assistir as execuções dos que não negam o todo poderoso. Nossas
cotas diárias de trabalho sempre são maiores dos que são, somente, inimigos políticos. Somos uma erva daninha,
que eles querem arrancar e queimar para nunca mais aparecer.
Ontem, eu estava carregando gôndolas de carvão. Empurrava-as por um trilho estreito até a área intermediá-
ria de armazenamento. Minha cota diária é empurrar 5 gôndolas morro acima.
No final da manhã, eu me desequilibrei e um dos meus pés escorregou sob uma roda de aço. Dei um grito.
Me contorcia de dor e tentava me acalmar para não ser espancado. Tirei o sapato. Percebi que havia esmagado o
meu dedão. Ele sangrava muito. Pedi para o soldado para ir para o hospital e ele não autorizou.
Existe uma regra no campo, que um prisioneiro deve considerar cada soldado como seu verdadeiro mestre.
Então, me submetendo a sua decisão, trabalhei até a noite. Antes dele me liberar para ao hospital, me espan-
cou por eu não ter cumprido a cota diária.
Como estava com muita dor, meu dedo estava necrosado, o médido o amputou sem dó, sem anestésicos. Ao
invés de me dar um remédio, jogou água salgada para desinfetar. Eu gritei, ele me deu um murro na cara.
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(Chin começa a sair de cena com o saco de carvão, quando Gook e Il chegam).
Gook: (encosta o porrete no peito de Chin) Seu bastardo reacionário. Quem você pensa que é? Você está
achando que somos idiotas? Você acha que vai fazer corpo mole por causa de uma porcaria de dedo arran-
cado? Seu desgraçado, mais uma vez você não cumpriu sua cota diária.

Chin: (responde com muito medo) Me perdoe senhor, estou com muita dor e febre, prometo me empenhar
melhor amanhã.

Gook: Precisamos te disciplinar, para que você não seja mal exemplo para ninguém.

Il: (chega por trás de Chin e finge tirar do bolso da calça do prisioneiro um milho que ele estava esconden-
do na manga da sua camisa) Então, quer dizer que está roubando alimento? Você sabe o que acontece com
quem faz isso?

Chin: (responde apavorado) Misericórdia senhor, tem misericórdia. Você sabe que esse milho não
estava comigo.

Il: (agarrando-o pelo pescoço) O que você está querendo dizer, seu bastardo? Que eu coloquei esse milho
na sua roupa? Você tem como provar? (gritando) Você tem como provar?

Gook: Nossa paciência com você se esgotou, seu porco imundo.

(ambos soldados saem arrastando ele. No fundo escuta ele apanhando e gritando de dor. 3 segundo de
silêncio. Som de 3 tiros.)

Il: (falando lá do fundo) E esse aqui foi seu pai que mandou (som do último tiro)

(Começa um instrumental bem baixinho do louvor “Quão grande é meu Deus”, da Soraya Moraes. Enquanto isso,
os 3 atores que estavam fora voltam.)

Atriz 1: Queria viver em um país que eu tivesse liberdade para louvar em voz alta.

Ator 1: Queria viver em um país que eu pudesse ter uma Bíblia e para ler todos os dias.

Atriz 2: Queria viver em um país que eu pudesse orar e frequentar cultos à Deus.

Todos: Queria viver em um país que eu pudesse chamar Jesus de Jesus!

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