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CADERNOS DE AÇÃO POLÍTICA

Democracia
&

1 - Democracia e Totalitarismo
2 - O Projeto do PT
3 - O PT e a Segurança Pública
4 - O PT e o Totalitarismo
5 - A Imprensa e o Totalitarismo do PT
6 - O Controle Ideológico na Administração
7 - O Totalitarismo nas Escolas
8 - Orçamento Participativo e Totalitarismo
9 - Estado, Governo, Administração e Partido
10 - Propiedade Privada e Liberdade
11 - O PPB e sua Visão
CADERNOS DE AÇÃO POLÍTICA

Democracia
e
Totalitarismo
Apresentação

Este Caderno de Ação Política nº 1, que tem por tema a demo-


cracia e o totalitarismo, é o primeiro de uma série que está sendo
elaborada pela Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e
Administração Pública.
Fruto de um trabalho conjunto e da evidente preocupação com
a inquietante situação política que o Rio Grande do Sul vive
atualmente, estes CADERNOS DE AÇÃO POLÍTICA buscam
em primeiro lugar informar e formar doutrinariamente os filiados
e simpatizantes do Partido Progressista Brasileiro / PPB estadual,
oferecendo-lhes uma base para construírem e defenderem com
firmeza e convicção suas posições ideológicas, firmeza e convic-
ção que são hoje cada vez mais importantes para qualquer partido
político. Contudo, pela clareza, objetividade e seriedade com que
os temas são abordados, estes CADERNOS DE AÇÃO
POLÍTICA ultrapassam o âmbito partidário e certamente interes-
sarão a todas aquelas pessoas que desejam entender o que está
acontecendo no Rio Grande do Sul e que estão preocupadas com
a defesa dos princípios democráticos contra as pretensões totali-
tárias de grupos e partidos que procuram ocultar seus verdadeiros
objetivos.
Estes CADERNOS DE AÇÃO POLÍTICA são o resultado da
soma de esforços da Fundação Tarso Dutra, da Executiva
Estadual do PPB, das bancadas de deputados federais e estaduais,
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de suas coordenadorias e assessorias e da colaboração de muitas
outras pessoas, todas atuando como integrantes de um processo
político que desejamos seja mais transparente e mais qualificado,
para o bem do Brasil e do Rio Grande do Sul.
Neste sentido, solicitamos a todos que leiam, divulguem,
reproduzam, distribuam e discutam estes CADERNOS DE
AÇÃO POLÍTICA, para que eles se transformem realmente em
instrumento de ação para a ampliação do espaço político, para a
defesa da democracia e para derrotar o totalitarismo que ameaça o
Rio Grande do Sul.

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1

Democracia e totalitarismo

A palavra democracia nasceu em Atenas, na Grécia, no século


VI antes de Cristo, e significa algo como governo dos distritos ou
governo dos departamentos. Isto porque em Atenas, naquele
período, foi estabelecido um sistema de governo em que as
decisões eram tomadas por representantes dos vários distritos ou
departamentos, representantes que eram eleitos pela população
com direito a voto (escravos, mulheres, estrangeiros e pessoas
sem posses não tinham direitos a voto). Estes representantes se
reuniam na praça principal de Atenas, ou de outras cidades da
Grécia, para discutir e votar o que fosse necessário. Um sistema,
portanto, muito diferente de outros que existiam naquela época,
como o despotismo ou tirania (governo de um só), o oligárquico
(governo de poucos) e o aristocrático (governo dos nobres).
Hoje, na Europa, nos Estados Unidos e em quase todos os
países do mundo, a palavra democracia tem um sentido um tanto
diferente, mas não completamente diferente. Assim, no
entendimento atual, um sistema democrático de governo é
caracterizado obrigatoriamente por:
Ÿ eleições livres, em períodos regulares (geralmente de dois em
dois, de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos);
Ÿ alternância (troca) no poder: o partido que ganha as eleições
passa a governar de acordo com suas idéias a respeito da
economia, das finanças e da sociedade em geral;
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Ÿ liberdade de opinião e de religião (ninguém pode ser
discriminado, preso ou condenado por pensar de maneira
diferente dos outros, por ter e praticar sua própria religião ou,
principalmente, por discordar das idéias do partido que estiver
no poder);
Ÿ igualdade de todos os cidadãos, não importando a orientação
política, a religião, o sexo, a raça, a cor, o dinheiro, o poder
etc.;
Ÿ igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, que
devem ter condições mínimas de saúde, habitação, educação,
segurança etc.;
Ÿ direito de cada cidadão de possuir e usar os bens legalmente
adquiridos.
Esta lista poderia ser ampliada, mas ela contém basicamente
os princípios fundamentais que identificam um sistema
democrático de governo, ou seja, informam como a democracia é
entendida hoje.

O que é totalitarismo

A palavra totalitarismo vem do latim (totus: todo) e significa


um sistema de governo total ou integral, isto porque na Europa, e
depois em outros continentes, se organizaram, na primeira
metade do século XX, sistemas de governo cujo objetivo era fazer
todos os cidadãos iguais e eliminar todas as diferenças, a partir de
uma visão total da realidade.
Um sistema totalitário de governo, por definição, tem as
seguintes características principais:
Ÿ partido único, com exclusão ou eliminação de todos os

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demais;
Ÿ governo único e permanente (não há troca de governo, mesmo
porque só há um partido: o que está no poder);
Ÿ proibição de praticar uma religião, qualquer que seja, e
proibição de pensar de maneira diferente do que pensa e
manda o partido único;
Ÿ liberdade e igualdade para todos, desde que pensem e se
comportem como manda o partido único;
Ÿ eliminação da propriedade particular nos regimes totalitários
de esquerda: ninguém pode possuir, comprar ou vender bens, a
não ser os de uso, como roupas, utensílios, móveis etc.

A esquerda e o totalitarismo

Com exceção da Alemanha nazista, todos os governos


totalitários surgidos no século XX seguiram ou ainda seguem a
ideologia marxista-leninista, isto é, as idéias de Lênine, o líder da
revolução russa de 1917, que, por sua vez, foi muito influenciado
pelas idéias políticas e econômicas de Karl Marx, economista e
filósofo alemão do século XIX. Contudo, também podem ser
qualificados de totalitários alguns regimes políticos surgidos no
Oriente Médio e na África na segunda metade do século XX, que
adotaram o islamismo (religião criada pelo profeta Maomé, na
Arábia, por volta do ano 600 depois de Cristo) como princípio
básico e único de seus governos (Irã e alguns países do mundo
árabe, por exemplo).
No Brasil, o totalitarismo foi sempre representado por partidos
e organizações de esquerda que seguiam as idéias marxistas-
leninistas. A maior parte destes grupos está hoje no PT.
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O projeto do PT

Na França, na Alemanha, na Inglaterra, na Itália, na Espanha,


na Suécia e em tantos outros países da Europa as pessoas têm boas
condições de vida e de trabalho, têm segurança, têm educação e
saúde, têm liberdade de opinião e de religião e podem viajar para
onde quiserem. E há eleições regularmente para escolher os
governantes.
Na China, em Cuba e na Coréia do Norte a maior parte da
população vive mal , os trabalhadores recebem salários
miseráveis (7 a 30 dólares por mês na China e em Cuba menos
ainda), a polícia secreta está em toda parte e a liberdade de
opinião e de religião e de sair do país não existe. As cadeias estão
cheias de criminosos, isto é, de pessoas que não pensam de
acordo com o único partido existente, o Partido Comunista, que
se mantém no poder indefinidamente, sem realizar eleições.
Diante destes exemplos, parece evidente que para melhorar as
condições de vida de sua população o Brasil deve seguir o modelo
dos países europeus e não o da China, de Cuba ou da Coréia do
Norte. Certo? Não. Errado! Pelo menos para o PT.
Porque o PT não pensa assim. E as provas são claras. No Rio
Grande do Sul' a bandeira de Cuba foi desfraldada quando o
governo Olívio Dutra tomou posse. E recentemente o presidente
do PT, Luis Inácio da Silva, voltou da China dizendo que o
modelo chinês é o melhor. Depois, quando voltou da Europa, não
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falou nada.
Isto parece estranho, porque, se o projeto do PT é melhorar as
condições de vida de toda a população, então os países europeus
deveriam servir de exemplo e não as ditaduras em que o povo vive
mal e sem liberdade política e religiosa.
Mas não, não é estranho. Tem lógica. Porque o verdadeiro
projeto do PT não é melhorar as condições de vida da população
brasileira. O verdadeiro projeto do PT é chegar ao poder e
estabelecer a ditadura do partido único, como na China, em Cuba
e na Coréia do Norte. E como era na ex-União Soviética e em
todos os países por ela dominados na Europa Oriental. Porque o
verdadeiro projeto do PT é eliminar todos os demais partidos e
toda a liberdade de opinião, de organização, de religião etc.
Alguém disse que isto não vai acontecer no Brasil. Não vai?
Talvez não se as pessoas se derem conta do verdadeiro projeto do
PT e se continuarem existindo eleições livres. Mas, neste caso, o
PT, como todos os partidos totalitários, já sabe o que fazer:
começar a luta armada. Por isto o governador Olívio Dutra
recebeu um representante das Forças Armadas Revolucionátias
da Colômbia (as FARC, que para obter recursos se aliaram aos
traficantes de cocaína), cujo projeto é instafar um governo
comunista naquele país. Por isto, em vez de procurar realmente
melhorar as condições de vida da população brasileira, como
fizeram os partidos social-democratas na Europa, o PT aproveita
os grandes problemas e grandes injustiças existentes no Brasil
para criar ódio, invasões e conflitos.
Por isto, o verdadeiro projeto do PT é claro: instalar no Brasil
uma ditadura do partido único, como na China, em Cuba e na
Coréia do Norte. E por isto o PT está disposto a usar, como já vem
fazendo há bastante tempo, todos os meios que forem necessários.
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O PT e a Segurança Pública

Numa pesquisa feita há algum tempo em São Paulo, parte dos


entrevistados afirmou que, na sua opinião, o PT está do lado dos
bandidos.
Certa ou errada, a resposta dada pelos entrevistados é
provavelmente resultado de um fato verdadeiro: o PT não tem
uma política de segurança pública, isto é, o partido não tem idéias
claras a respeito de como organizar as forças policiais para
proteger os cidadãos, manter a ordem e combater a violência e o
crime.
Os motivos pelos quais o PT não tem idéias claras sobre o que
fazer no setor de segurança pública são vários (o partido sempre
esteve na oposição, muitos de seus membros foram perseguidos
pela polícia durante o regime militar etc.). Mas um destes moti-
vos certamente é o principal: todos os partidos totalitários não
têm qualquer interesse na segurança dos cidadãos. Mas por que
existe este desinteresse entre os partidos totalitários? É simples:
todos os partidos totalitários estão interessados exclusivamente
na segurança do Estado, quer dizer, tais partidos cuidam somente
de dar proteção aos membros do governo. Por isto, todos os
partidos totalitários, quando chegam ao poder, se preocupam em
organizar imediatamente uma polícia secreta, cujo papel não é
proteger os cidadãos mas sim impedir o surgimento de qualquer
grupo ou tendência de oposição que ameace ou apenas critique o
governo. Ora, como se sabe, nos regimes totalitários o governo é
por definição o partido único. Resultado disso: as forças policiais

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dos governos de partido único estão preocupadas somente com a
segurança das pessoas que pertencem ao partido único. Ou que
estão no governo. O que nos regimes totalitários dá na mesma.
Por isto, o que resta aos demais cidadãos é obedecer às ordens do
partido único. Se assim não fizerem, passam a ser considerados
inimigos do partido único, do governo e do Estado. O que, nova-
mente, é a mesma coisa.
Por isto, não ter interesse na segurança de todos os cidadãos é
uma das principais características de todos os partidos totalitários
e de todos os governos ditatoriais, sejam eles de esquerda ou de
direita.
Nos regimes ou sistemas democráticos de governo as forças
policiais têm a função de combater a violência e o crime, manter a
ordem pública e proteger todos os cidadãos, de qualquer partido,
de qualquer religião, de qualquer cor, de qualquer classe social,
sexo, idade etc.
Muitos dizem que em países como o Brasil a pobreza e a
miséria são uma das principais causas da violência e da criminali-
dade a que os cidadãos estão expostos. Isto, em parte, é verdade.
Contudo, há outras questões que devem ser levadas em conside-
ração em países que passaram e passam por grandes mudanças
históricas e sociais:
s A violência e a criminalidade são o resultado de várias cau-
sas. Entre estas causas principais, que atingem tanto os ricos
como os pobres, estão:
Ÿ crise e desorganização da família;
Ÿ uso de drogas;
Ÿ ausência ou crise da religião;
Ÿ crescimento desordenado das cidades;
Ÿ crescimento muito rápido da população;
Ÿ influência dos meios de comunicação;
Ÿ desvalorização da autoridade na família, na escola e na

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sociedade em geral;
Ÿ outras causas, incluindo as tendências individuais.
s A pobreza e a miséria que, em países como o Brasil, estão
entre as principais causas da violência e da criminalidade,
devem ser combatidas constantemente. Mas, enquanto isto,
os cidadãos não podem esperar. E é importante notar que as
principais vítimas da violência e da criminalidade não são
os ricos e os grupos privilegiados da classe média. Estes
encontram muitas formas de se protegerem. As principais
vítimas da violência e da criminalidade são, na verdade,
aqueles que vivem nos bairros mais pobres e nas vilas, pois
eles não têm condições de se protegerem.
Os partidos totalitários de esquerda, enquanto ainda não estão
no poder, enxergam a desordem social, a violência e a criminali-
dade como fato positivo em sua luta para chegar ao poder. Isto
porque, na visão de todos os partidos totalitários de esquerda, é
preciso destruir o sistema capitalista burguês. E nesta luta para
destruir este sistema, a desordem social, a violência e a criminali-
dade, na visão destes partidos, são aliadas, pois enfraquecem o
governo, desorganizam a sociedade e mostram que o sistema é
injusto.
Portanto, os partidos totalitários de esquerda não estão do lado
dos bandidos. Eles apenas enxergam os bandidos como seus
aliados. Até chegarem ao poder. Depois, todos os bandidos são
eliminados. E todos os demais cidadãos são silenciados.

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O PT e o Totalitarismo

O PT surgiu em 1980 como resultado de um período de grande


agitação social e política liderada por muitos grupos, entre os
quais estavam políticos tradicionais, organizações esquerdistas,
intelectuais, sindicalistas, professores, setores da Igreja católica
etc. Estes grupos tinham idéias e objetivos muito diferentes entre
si. Mas havia uma coisa que os unia: a luta contra o governo
militar, que começara na década de 1960 e que se transformara
logo a seguir em regime autoritário, que modernizara e desenvol-
vera o país mas ao mesmo tempo restringira a liberdade de
imprensa, prendera intelectuais e políticos, proibira eleições
livres etc.
Um dos fenômenos mais interessantes e mais difíceis de
explicar é como o PT, que surgiu da luta pelas ·liberdades civis
contra um regime autoritário - chamado ditatorial e fascista -, se
transformou aos poucos naquilo que é hoje: um partido totalitá-
rio, marxista-leninista, que tem por modelo a ex-União Soviética,
a China, Cuba e a Coréia do Norte e que prega o ódio, a luta de
classes, a invasão de propriedades e a luta armada.
Ÿ Vários livros e muitos artigos1 já foram escritos por histori-
adores e jornalistas sobre este assunto. Estes autores nem

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As principais obras escritas no Rio Grande do Sul sobre o assunto são:
Totalitarismo tardio - o caso do PT, de José Antônio Giusti Tavares;
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sempre concordam entre si. Contudo, é possível fazer um
resumo das conclusões mais gerais a que eles chegaram:
Ÿ O PT é conseqüência das grandes mudanças pelas quais o
Brasil passou desde a rápida industrialização promovida pelo
governo de Juscelino Kubitschek na década de 1950 e acelera-
da ainda mais pelos governos militares nas décadas de 1960 e
1970. Durante este período ocorreram três coisas fundamenta-
is: a população e as cidades cresceram enormemente, a educa-
ção de 1º e 2º Graus deixou de ser privilégio dos ricos e da
classe média e o número de fábricas e de trabalhadores cresceu
imensamente. Esta nova e grande população urbana, já com
certo estudo e com emprego, começou a defender seus interes-
ses, a querer participar da política e a exigir melhores condi-
ções de vida. Junto com isto, os meios de comunicação, princi-
palmente a televisão, entraram em todas as casas, espalhando a
informação e aumentando a participação política da população
em geral.
Ÿ O PT, no início, era um partido pequeno, formado por
alguns líderes sindicais, intelectuais da classe média, funcio-
nários públicos, professores, estudantes etc. Naquele tempo, o
PT não era totalitário. Como dizem os estudiosos do assunto, o
PT então nem podia ser totalitário porque não tinha uma

PT: comunismo ou social democracia?, de Paulo Moura; Crônicas contra o


totalitarismo, de Percival Puggina; A Nova classe: o govemo do PT no Rio
Grande do Sul, de J.H. Weber e J .H. Dacanal; A face o culta da estrela (retroces-
so, falsidade e ilusões), de Adolpho João de Paula Couto; e Neocomunismo no
Brasil, de Dagoberto Lima Godoy.
Além destas obras foram escritos muitos artigos sobre o assunto, podendo ser
citados os de Sérgio da Costa Franco, Paulo Brossard, Sérgio Jockymann, João
Carlos Brum Torres, Décio Freitas, Denis Rosenfie1d, Voltaire Schiling e
Juremir Machado da Silva, entre muitos outros.

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ideologia claramente definida. Como os demais grupos que
lutavam contra o governo militar, o PT era mais contra do que a
favor de alguma coisa. Contudo, levando em conta os grupos
que então faziam parte do partido, é possível dizer que, se o PT
tinha alguma ideologia política, ela era mais ou menos sindica-
lista, trabalhista, social-democrata e até socialista de esquerda.
Mas não marxista-Ieninista e totalitária como é hoje. Como é
que os autores que analisaram a questão explicam esta mudan-
ça?
Ÿ Esta mudança, dizem esses autores, ocorreu durante a
década de 1980. No início, os pequenos partidos de esquerda e
as organizações clandestinas revolucionárias – todos eles
existentes antes da fundação do PT – viram no novo partido um
inimigo, um concorrente. E por isto o atacavam. Estes partidos
e organizações tinham poucos militantes, poucos votos e
menos ainda influência política. Então, aos poucos, eles se
deram conta de que o PT tinha muitos militantes, muitos votos
e principalmente muita influência política por causa dos
intelectuais, jornalistas, artistas, professores e funcionários
públicos etc. que dele faziam parte. Então estes partidos de
esquerda e as organizações clandestinas revolucionárias
decidiram entrar em massa no PT, fazendo dele seu guarda-
chuva, como se dizia naquela época.
Ÿ Segundo um dos autores que analisaram o que aconteceu
naquele período, o casamento deu excelentes resultados para
as duas partes: o PT ganhou uma organização sólida e idéias
claras – que não tinha até então – e os pequenos partidos de
esquerda e as organizações clandestinas revolucionárias
ganharam os votos e a influência política - que nunca tinham
tido. O resultado foi a formação do partido fortemente organi-
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zado e ideologicamente totalitário que existe hoje. Por que
isto?
Ÿ Estes pequenos partidos de esquerda e as organizações
revolucionárias que tomaram conta do PT tinham todos uma
ideologia totalitária de esquerda de origem marxista-leninista
ou trotskista (de Trotski, um dos líderes da revolução russa de
1917, junto com Lênine). Seu modelo de pensamento, de
partido e de sociedade era e é o da União Soviética – que até
então ainda existia –, da China, da Alemanha Oriental (que
também já não existe mais), da Coréia do Norte, da Albânia e
de Cuba. Tanto é verdade que estes partidos e organizações se
diferenciavam entre si e eram conhecidos por suas tendências:
soviética, leninista, trotskista, maoísta, cubana, guevarista,
albanesa, vietnamita etc.

Conclusão

É por isto que o PT é hoje um partido totalitário, ainda que faça


todo o possível para esconder esta ideologia, que assusta a opi-
nião pública e os eleitores.
Mas esta ideologia totalitária ficou bem clara na famosa
propaganda de televisão em que um menino carrega a bandeira
vermelha do PT e uma voz diz: "Esta é a nossa bandeira". Isto
quer dizer que para o PT só há um único partido: o partido único.
E este partido é o PT. Os demais não existem. E se existem devem
ser eliminados. Porque só deve existir um partido.
Isto, em política, se chama de totalitarismo.

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A Imprensa e o Totalitarismo
do PT

Em todos os países que adotam o sistema democrático de


governo existe liberdade de imprensa, que é a possibilidade de
pessoas e grupos manifestarem suas idéias e suas crenças
através dos chamados meios de comunicação: jornais, panfle-
tos, cartazes, rádios, televisões, internet etc. Na prática, estes
meios de comunicação se organizam, quase sempre, em
empresas ou grupos que representam interesses econômicos,
políticos, religiosos, sindicais etc. de partes importantes da
sociedade. É claro que muitas vezes estes grupos e empresas se
tornam muito poderosos, prejudicando a possibilidade de
outras empresas e outros grupos manifestarem suas idéias e
suas crenças e defenderem seus interesses.
Para tentar impedir que isto ocorra, muitos países adotam leis
que procuram evitar ou impedir que o controle de todos os meios
de comunicação de uma cidade, de uma região ou de um estado
caiam nas mãos de um só grupo ou de uma só empresa. Isto não é
fácil, porque os meios de comunicação, na prática, estão repre-
sentados por empresas, e nas sociedades democráticas existe total
liberdade de comprar, vender, se associar etc. Uma coisa, porém,
é certa: um sistema democrático de governo começa a deixar de
ser democrático quando o partido que está no poder tenta impedir
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a livre manifestação de idéias e opiniões e começa a tomar medi-
das para silenciar a oposição.

Influência

É claro que qualquer governo, de qualquer partido, quer ter o


apoio de todos os meios de comunicação e por isto procura
influenciá-los para evitar críticas e, se possível, receber sempre
apoio. Esta, como é fácil compreender, é uma situação complica-
da, porque os meios de comunicação são empresas que vivem de
anúncios pagos. E estes anúncios são caros, porque é caro manter
empresas de comunicação.
Por isto a liberdade de imprensa é difícil ou impossível em
duas situações: quando o governo é totalitário e impede o livre
debate de idéias e opiniões e quando há poucas empresas de
comunicação, poucos anúncios e poucos órgãos de imprensa.
Depois que o PT assumiu o governo, o Rio Grande do Sul tornou-
se um típico exemplo desta situação.
Como o Rio Grande do Sul não é o Rio de Janeiro nem São
Paulo, os anúncios e as matérias pagas dos órgãos oficiais e das
empresas do governo têm uma importância muito grande. Quer
dizer, estes anúncios e publicações são uma parte muito impor-
tante – talvez a mais importante – do dinheiro gasto em anúncios
no conjunto total dos órgãos de comunicação.
Esta situação não é nova e, pelo que foi visto, todos os gover-
nos sempre procuraram utilizar suas verbas publicitárias (os
gastos com anúncios e publicações legais) para influenciar as
empresas e os órgãos de comunicação. Sempre a favor do gover-
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no, naturalmente, e contra a oposição.

Portanto, o que o PT está fazendo não é novo nem muito


diferente do que outros governos já fizeram e fazem. O novo é
que o PT, por ser um partido totalitário, está fazendo isto por
convicção antidemocrática e de forma muito organizada. Isto é, o
PT quer impedir a crítica e silenciar a oposição porque acredita
que isto é o que deve ser feito sempre, o quanto antes e da forma
mais completa possível. Por isto, o PT utiliza o dinheiro público
–que é dinheiro de impostos e, portanto, de toda a sociedade –
para impedir as críticas e silenciar a oposição.

Exemplos

Ÿ Esta união entre a ideologia totalitária do PT e o dinheiro do


governo – isto é, dos contribuintes – teve no Rio Grande do
Sul resultados muito claros, entre os quais podem ser
citados os seguintes fatos:
Ÿ Muitos programas de rádio e de televisão que no início
criticavam o governo do PT passaram de repente a apoiá-lo.
E muitos radialistas e jornalistas que se negaram a fazer isto
foram demitidos pelas empresas e seus programas acaba-
ram.
Ÿ Muitas empresas e programas foram obrigados a demitir
jornalistas ou a eliminar a crítica para poderem continuar
recebendo dinheiro dos anúncios do governo e de suas
empresas.
Ÿ Muitos jornalistas estão sendo processados pelo PT,
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Ÿ o que é uma forma de intimidar e silenciar, tanto os que são
alvo dos processos como os demais, que ficam com medo.
Ÿ Como é tradição nos governos totalitários, o PT do Rio
Grande do Sul fez uma lista de todos os jornalistas não-
confiáveis, isto é, os que são considerados inimigos do
governo. Estes só não estão na cadeia porque o sistema de
governo do país ainda é democrático e seria ilegal prendê-
los.

Conclusão
Estas medidas não deixam dúvidas: como partido totalitário e
como aconteceu na ex-União Soviética e acontece na China, em
Cuba e na Coréia do Norte, o PT quer acabar com a liberdade de
imprensa. Para que exista só uma idéia e uma só opinião: a do
governo. Mas como, nos sistemas totalitários, governo e partido
são a mesma coisa, o objetivo do PT é o de que exista uma só idéia
e uma só opinião: a idéia totalitária do PT.

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6

Controle ideológico
na administração

De acordo com a teoria marxista-Ieninista, que tem por objeti-


vo implantar o sistema totalitário de governo, devem ser utiliza-
das todas as táticas possíveis e necessárias para chegar ao poder.
Estas táticas, aplicadas em conjunto ou em separado, dependendo
das conveniências do momento, podem ser divididas em legais e
ilegais.
Ÿ As táticas ilegais são aquelas que são aplicadas quando o
governo é o inimigo, ou seja, quando o partido totalitário ainda
não chegou ao poder e os grupos revolucionários marxistas-
Ieninistas (ou nazistas) são obrigados a agir na clandestinidade,
isto é, de forma secreta, para não serem presos e condenados.
Nestas condições, estes grupos utilizam as táticas dos panfletos,
das reuniões secretas, da desmoralização das autoridades, dos
assaltos, dos seqüestros, das sabotagens, dos assassinatos e da
luta armada.
As táticas legais são aquelas quê são aplicadas quando o governo
e a sociedade como um todo aceitam conviver com tais grupos
marxistas-leninistas (ou nazistas) ou quando tais grupos chegam
ao poder por eleições ou conseguem participar dele através das
vias legais de atuação política (eleições, cargos oficiais, concur-
sos etc.). Tendo em vista que nestas condições tais grupos totalitá-
rios têm a possibilidade de utilizar a lei a seu favor, eles começam
a trabalhar rapidamente e de maneira mais ou menos oculta para
dominar todo o governo e toda a administração. A fim de alcançar
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estes objetivos, estes grupos totalitários utilizam os seguintes
métodos:
Ÿ Nomeação e indicação de integrantes do partido para todos
os cargos e postos que o partido controla. Substituição, afasta-
mento, perseguição e demissão de todos aqueles funcionários
que não aceitam as idéias totalitárias do partido. Vigilância
contínua sobre todos os órgãos do governo e sobre todas as
associações de funcionários para identificar -e se possível
punir -todos os que não aceitam as idéias totalitárias do parti-
do.
Ÿ Controle de todos os órgãos do governo e de todas as
associações de funcionários com o objetivo de sempre apoiar o
governo ou os setores dele que são controlados pelo partido.

Os fatos

Estas são as táticas aconselhadas e aplicadas por Lênine e


Hitler e por todos os partidos totalitários e seus seguidores.
Depois de três anos de governo do PT, ficou muito claro que estas
táticas estão sendo seguidas e aplicadas rigorosamente no Rio
Grande do Sul.
Deixando de lado as nomeações (pois é normal que os gover-
nos, inclusive os não-totalitários, procurem trabalhar com seus
partidários e simpatizantes) e os concursos (o que será analisado
no caso dos professores), é evidente que o governo do PT tenta de
todas as maneiras pressionar, perseguir e eliminar todos os
funcionários da administração que não aceitam as idéias totalitá-
rias do partido. Entre os fatos que demonstram isto estão os
seguintes:

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Ÿ Reuniões de sindicatos e associações de funcionários
públicos são agora rigorosamente vigiadas por membros do PT,
com o objetivo de identificar os adversários e, se possível, contro-
lar as decisões destes sindicatos e destas associações. Depois, os
órgãos do partido fazem a lista dos adversários com o objetivo de
pressioná-los, persegui-los e afastá-los.
Ÿ Em secretarias e em órgãos do governo há membros do PT
encarregados de vigiar e controlar os funcionários, identificando
os inimigos e reunindo os simpatizantes para apoiar o governo e
impedir greves, declarações, manifestações etc. De acordo com
os conhecidos termos dos partidos totalitários marxistasleninis-
tas, estes funcionários do partido que vigiam e controlam toda a
administração são chamados de comissários do povo. Como o
totalitatismo ainda não foi completamente implantado no Rio
Grande do Sul, estes comissários do povo agem de forma mais ou
menos secreta e provisória. Mas certamente os órgãos do PT que
se encarregam destas ações de vigilância já possuem listas de
funcionários perigosos ou inimigos do governo.
Ÿ Todos os órgãos da imprensa (rádios, jornais, televisões
etc.) estão sendo monitorados por membros do partido ou do
governo. Isto, em outras palavras, significa o seguinte: notícias
ou colunas de jornais e programas de rádio ou de televisão que
falem contra o governo são identificados, copiados, gravados e
analisados para fazer a lista diária dos jornalistas, dos programas,
dos órgãos e das empresas que combatem o governo. Depois são
tomadas as medidas adequadas (pressão, demissão etc.).É claro
que todos os governos bem organizados têm um serviço para se
informar sobre o que a opinião pública e os órgãos de imprensa
dizem deles. A diferença é que nos governos de partidos totalitári-
os, como no Rio Grande do Sul, este serviço não tem por objetivo

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informar-se sobre a opinião pública ou influenciá-la através deste
ou daquele meio. Para os partidos totalitários o objetivo de tal
atividade é identificar os inimigos e tomar as medidas para calar a
boca deles.

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O totalitarismo nas escolas

Uma das características principais do totalitarismo, seja no


caso do nazismo, seja no caso do marxismo-leninismo, é a utiliza-
ção do ensino, dos alunos e dos professores como instrumentos
de doutrinação e de dominação política. Isto é, tanto o nazismo
como o marxismo-leninismo colocam a educação a serviço do
partido único e de sua ideologia.
Os governos totalitários assim agem porque sabem que con-
trolar e dominar as crianças, os adolescentes e os jovens é a forma
mais eficiente de controlar e dominar a sociedade toda. Os gover-
nos totalitários sabem que o controle sobre as crianças, os adoles-
centes e os jovens é a maneira mais fácil de eliminar a democra-
cia, de impedir as críticas, de calar os que pensam diferente, de
descobrir os adversários e de impor um pensamento único.
Os governos totalitários sabem que isto é fundamental para
permanecer para sempre no poder. Porque o totalitarismo não
sobrevive num ambiente de liberdade, de discussão e de choque
de idéias. Os governos totalitários sabem que é preciso calar a
boca das novas gerações. E para tanto utilizam o método mais
eficiente: impedir que existam outras idéias que não a do partido
único.

25
O PT e a Educação

De acordo com sua ideologia totalitária, o governo do PT no


Rio Grande do Sul começou a colocar em prática um plano para
controlar e dominar a educação. Nem tudo o que está sendo feito e
planejado foi divulgado pelo governo, que tem medo da reação da
opinião pública. Mas algumas medidas que já foram tomadas não
deixam qualquer dúvida sobre os objetivos do PT. Eis alguns
exemplos:
s No concurso do ano 2000 para selecionar professores das
escolas públicas, 13 das 60 perguntas só poderiam ser
respondidas corretamente se o candidato conhecesse e fosse
a favor do totalitarismo marxista-leninista. Importava
menos ainda se o professor tinha conhecimentos gerais. O
que importava para acertar as 13 perguntas era se o profes-
sor era a favor do marxismo-leninismo.
s As provas dos exames supletivos do ano 2000 apresenta-
vam perguntas, textos e ilustrações com o mesmo objetivo:
atacar as autoridades constituídas (menos o governo do PT,
é claro) e apoiar o totalitarismo marxista-leninista.
s Nos documentos da Secretaria da Educação - o instrumento
pelo qual o governo do PT quer controlar toda a educação
do Rio Grande do Sul - a ideologia totalitária marxista-
leninista aparece muito claramente. Por exemplo, na p. 6 do
Caderno da Constituinte Escolar, o texto diz que os profes-
sores não ensinam crianças mas, sim, crianças de uma
determinada classe social. Pois esta é exatamente a visão
do totalitarismo marxista-leninista: as diferenças, as
divergências e as opiniões diversificadas devem ser elimi-
nadas e substituídas, todas elas, pela visão única do partido
único: o marxismo-leninismo.
26
s As orientações da Secretaria de Educação sobre a comemo-
ração das datas cívicas procuram claramente provocar a
discórdia e a luta de classes entre a população. O objetivo é
claro: dividir e enfraquecer a sociedade brasileira para
assim poder impor mais facilmente o totalitarismo. Eis
alguns exemplos desta visão:
Ÿ A idéia de nação brasileira é desconsiderada e até
atacada.
Ÿ A história e a cultura brasileira são vistas de forma
depreciativa e negativa.
Ÿ Os líderes do passado que são exaltados não são brasilei-
ros. São revolucionários estrangeiros e ligados todos a
ideologias totalitárias, quase sempre a marxista-
Ieninista.
Ÿ Os fatos da história brasileira não são apresentados de forma
objetiva ou analisados a partir de diversas interpretações
críticas. Nos Cadernos da Secretaria de Educação a única
visão é a da luta de classes e a da necessidade de destruir a
sociedade.

Totalitarismo e pluralismo

Como afirma um autor que analisou a tentativa do PT de


implantar o totalitarismo no Rio Grande do Sul, nas escolas
particulares os professores podem ensinar o que quiserem:
catolicismo, protestantismo, islamismo, judaísmo, espiritismo,
candomblé, budismo etc. E até marxismo-leninismo. Quem
decide isto é a comunidade: os pais, a direção do colégio e os
professores. É para isto que os pais pagam. E por isto elas são
escolas particulares. Isto, respeitadas as leis do país, é caracterís-
tica de um sistema democrático de governo.

27
Mas na escola pública é diferente. Pois ela se chama pública
porque ela é de toda a sociedade. A escola pública é sustentada com o
dinheiro de todos. Por isto ela tem que servir a toda a sociedade,
independente de religião, crença, partido, raça, classe, sexo etc. Por
isto a escola pública é e deve ser o lugar da pluralidade, da discussão,
da liberdade de pensar. Entre as escolas, entre os professores, entre os
alunos. Enfim, entre toda a comunidade.
O totalitarismo que o PT quer implantar é a negação da escola
pública. Na escola pública devem estar representadas todas as tendên-
cias, todas as crenças, inclusive a marxista-leninista, na direção, entre
os professores, entre os alunos. Esta é uma conquista da verdadeira
democracia moderna.
É isto que incomoda os totalitários. É isto que incomoda o PT. Para
eles a escola pública não deve ser pluralista, tolerante, democrática.
Para os totalitários, a escola pública deve ter uma única idéia e uma
única orientação: a deles. Os totalitários são os verdadeiros herdeiros
da Inquisição, de Hitler, de Lênine, de Stalin e de tantos outros tiranos.
Para estes também sempre existiu uma só forma de pensar: a deles.

28
8

Orçamento Participativo:
a tática do totalitarismo

Orçamento Participativo é uma expressão muito conhecida,


principalmente no Rio Grande do Sul, onde se transformou numa
tática política utilizada pelo PT para alcançar seus objetivos, que
são ficar no poder e implantar um regime totalitário.
Para entender esta questão, o assunto será dividido em quatro
paltes:
1. Quando e como surgiu o Orçamento Participativo e quais
eram seus objetivos.
2. O que o PT fez.
3. O que o PT faz.
4. O Orçamento Participativo em poucas palavras.

Quando e como surgiu o Orçamento Participativo e


quais eram seus objetivos

O Orçamento Participativo nasceu em Pelotas, quando o


deputado Bernardo de Souza, então do PMDB, era prefeito
daquela cidade. O objetivo era fazer a população participar mais
ativamente da administração da cidade. Para isto organizavam-se
reuniões nos bairros e nas vilas da cidade, com a participação do
prefeito e de toda a população da região, incluindo vereadores,
líderes partidários, líderes comunitários etc. Durante estas
reuniões, as principais carências e necessidades dos bairros e das
29
vilas eram apresentadas, discutidas e analisadas. Ao final, as
propostas aprovadas eram encaminhadas à Câmara de
Vereadores para serem incluídas no Orçamento Anual do
Município e executadas. Este sistema ficou conhecido como
Orçamento Participativo porque tinha a participação de toda a
população do bairro ou vila em questão e porque as decisões
finais eram incluídas no Orçamento do Município.

O que o PT fez

No final de década de 1980, quando venceu as eleições em


Porto Alegre e, depois, em outros municípios, o PT fez uma coisa
muito simples e muito esperta: passou a utilizar a idéia e as
práticas do Orçamento Participativo para seus próprios objetivos.
Compreendendo que, no Rio Grande do Sul e no Brasil, era
impossível chegar ao poder a curto prazo e instalar um regime
totalitário marxista-leninista, o PT começou a aplicar várias
táticas para chegar ao poder no longo prazo. Uma foi e continua
sendo a do Orçamento Participativo. Por quê? Os motivos eram
os seguintes:
Ÿ O Orçamento Participativo tem a simpatia dos eleitores
porque dá à população a oportunidade de participar direta-
mente da vida política e do governo.
Ÿ O Orçamento Participativo é um meio de tirar ou diminuir o
poder dos vereadores e deputados, que vivem distantes da
população e tomam suas decisões entre quatro paredes
(nem sempre é assim, mas é isto que o PT afirma, porque é
esta a visão que interessa ao PT).
Ÿ As reuniões do Orçamento Participativo podem ser mani-
puladas e controladas: como a maior parte da população

30
não participa, um partido bem organizado como o PT pode
levar seus militantes a estas reuniões e tomar conta delas,
aprovando só aquilo que interessa a seus interesses partidá-
rios.
Ÿ Finalmente, tendo conseguido manipular e controlar todas
as reuniões do Orçamento Participativo, o PT poderá se
apresentar como o novo poder "democrático e popular" e
exigir o fechamento das Câmaras de Vereadores, das
Assembléias Legislativas e do Congresso Nacional. E
instalar a ditadura marxista-leninista. Este é o seu verdadei-
ro objetivo.
Poucas pessoas se deram conta disso, mas quem conhece a
história da revolução russa, feita pelos marxistas-leninistas
totalitários, sabe que as reuniões do Orçamento Participativo do
PT lá se chamavam reuniões dos sovietes. Na Rússia, no Rio
Grande do Sul e no Brasil o objetivo era e é acabar com as elei-
ções livres, fechar as Câmaras de Vereadores, as Assembléias
Legislativas e o Congresso Nacional, eliminar todos os partidos e
substituir tudo pelas reuniões dos sovietes, isto é, do Orçamento
Participativo. Ao final, restarão apenas o partido único e o gover-
no totalitário. Na Rússia de 1917 foi assim que aconteceu.

O que o PT faz

Estes são claramente os objetivos do PT a longo prazo. Na


prática do dia-a-dia e na forma como o PT manipula e controla as
reuniões do Orçamento Participativo no Rio Grande do Sul isto
fica claro:
Ÿ O PT diz que os vereadores e os deputados não representam
a vontade dos eleitores e que por isto são necessárias as

31
reuniões do Orçamento Participativo. Se for assim, o
Orçamento Pm1icipativo também não representa a vontade
da população, porque nas reuniões dele são eleitos repre-
sentantes que fazem parte do órgão superior do Orçamento
Participativo. Desta forma, fica claro que a maior diferença
entre as Câmaras de Vereadores e as Assembléias
Legislativas e o Orçamento Participativo é que as Câmaras
de Vereadores e as Assembléias Legislativas são de todos os
partidos enquanto que o Orçamento Participativo é só do
PT, já que suas reuniões são manipuladas pelo partido e elas
não têm a participação de toda a população (ao contrário das
eleições em que são escolhidos os vereadores e os deputa-
dos).
Ÿ Quando o PT está no governo, o Orçamento Participativo é
a maneira de fazer com que o governo do PT e o próprio PT
não tenham responsabilidade nenhuma, mesmo que o
governo seja completamente incompetente. Vejamos um
exemplo. Numa vila há um buraco para tapar e uma rua para
calçar. Numa região há uma ponte para construir e uma
estrada para ser asfaltada. Se nas reuniões do Orçamento
Participativo foi decidido só tapar o buraco e só asfaltar a
estrada, a culpa de não se calçar a rua e não se fazer a ponte
nunca é do governo, mas sim da sociedade, da população. O
governo e o PT não têm nada a ver. Afinal, porque a popula-
ção não decidiu calçar a rua em vez de tapar o buraco e fazer
a ponte em vez de asfaltar a estrada? Problema dela, portan-
to ... Mesmo que o governo do PT tenha sido completa-
mente incompetente para buscar mais recursos para fazer
todas as obras necessárias. Assim é fácil! Quando o governo
faz, o mérito é do PT; quando o governo não faz, a culpa é da
sociedade, da população! Foi ela que escolheu fechar o
buraco e asfaltar a estrada. E foi ela que não quis fazer a
ponte e calçar a rua ...

32
Ÿ Nas reuniões do Orçamento Participativo, manipuladas e
controladas pelo PT, não interessa a qualidade das decisões
tomadas. O que interessa é que as reuniões são politicamen-
te importantes para o PT e para os seus objetivos. Por
exemplo, numa região há uma escola e um estádio esportivo
para serem construídos. Claro, em termos de administração
pública a escola e não o estádio é importante. Mas se, nas
reuniões do Orçamento Participativo, os partidários do
estádio vencerem, azar da escola! Para o PT isto não inte-
ressa. O que interessa é que "o povo participou" e a reunião
deu mais votos para o partido nas próximas eleições. O
resto não importa.
Ÿ O governo do PT não aceita ser obrigado a fazer as obras
que o Orçamento Participativo decidiu e que deviam ser
feitas. Isto parece um absurdo! Afinal , o PT defende tanto o
Orçamento Participativo! Mas não é um absurdo. É que o
PT não está realmente interessado nas decisões nem nas
obras do Orçamento Participativo. O que interessa ao PT é
que o Orçamento Participativo é um extraordinário instru-
mento de manipulação e controle da população. O que
interessa é que ele dá votos nas eleições. Estas são muito
importantes para o PT enquanto existir o que os totalitários
chamam de sistema burguês. Quer dizer, as eleições são
importantes enquanto existir democracia. Depois, esta será
substituída pelo governo totalitário e pelo partido único. Aí
então o Orçamento Participativo também não será mais
necessário. Depois da revolução, na Rússia, os sovietes
foram eliminados e substituídos pelos funcionários do
partido único.
Ÿ A maior parte da população não sabe, mas os funcionários
do Orçamento Participativo são pagos pelo governo, isto é,
pelo dinheiro dos impostos que toda a população paga. As
pessoas e a sociedade ainda não se deram conta da gravida-

33
de disso. Porque a sociedade está pagando os funcionários
do PT, ou do governo do PT, para colocar em prática um
projeto que pretende destruir o sistema democrático de
governo. Pela Constituição brasileira, pretender destruir o
sistema democrático de governo é mais do que ilegal. É um
crime punido pela lei.

O Orçamento Participativo
em poucas palavras

O Orçamento Participativo, como foi iniciado em Pelotas,


quando não era dominado por um partido totalitário, é bom e pode
funcionar bem, aumentando a democracia e a participação da
população. O Orçamento Participativo tal como ele existe hoje é
um mal, porque ele é controlado e manipulado pelo PT. E o PT
tem objetivos totalitários. Por isto, o Orçamento Participativo
controlado pelo PT é um atentado à democracia.
E a maior prova de que tudo isto é verdade é dada pelo próprio
PT. O PT é contra a legalização do Orçamento Participativo. Mas
isto não é um absurdo? Claro que não! Porque se o Orçamento
Participativo fosse legalizado haveria a participação de todos os
partidos e o PT não poderia manipular e controlar as reuniões. Se
fosse legalizado, o Orçamento Participativo deixaria de ser o
grande instrumento do PT para atingir seu objetivo maior e mais
importante: implantar um governo totalitário marxista-leninista
no Rio Grande do Sul e no Brasil e destruir a democracia burgue-
sa, instalando o terror e a violência do partido único. Como foi na
Rússia, na Alemanha nazista, na China etc.

34
9

Estado, governo,
administração e partido

Logo que o PT assumiu o governo do estado do Rio Grande do


Sul a população foi surpreendida com algo inédito: sempre que
alguém telefonava para qualquer
secretaria ou órgão da administração pública estadual, quem
atendia ao telefone não era a secretaria ou o órgão mas o "governo
democrático e popular", do PT, que estava "às ordens".
Muitos estranharam a nova fórmula, outros a consideraram
engraçada e poucos entenderam imediatamente a gravidade do
que estava ocorrendo. Era o totalitarismo em marcha. Por quê?
Para compreender isto é preciso saber como funciona na prática o
sistema democrático de governo.

A organização

A forma como se organizam hoje os sistemas democráticos de


governo tem uma longa história atrás de si.
Mas, em resumo, pode-se dizer que a chamada democracia
ocidental segue os princípios definido por um político e
intelectual francês do séc. XVIII chamado Montesquieu.
Para ele, um sistema democrático de governo só funciona bem
se ele for organizado - ou dividido - em três partes independentes
e harmônicas entre si:
Ÿ O Legislativo, que faz as leis.

35
Ÿ O Executivo, que executa (aplica ou coloca em prática)
estas leis.
Ÿ O Judiciário, que fiscaliza (julga) a maneira como estas leis
são aplicadas.

A operacionalização

A forma como opera, isto é, como funciona na prática um


sistema democrático de governo também tem atrás de si uma
longa história. Mas, em termos bem simples, esta
operacionalização se baseia em quatro palavras fundamentais:
Estado, Governo, Administração e Partido. Vejamos o sentido de
cada uma delas.
Ÿ Estado, no sentido que esta palavra tem aqui, é o conjunto
da sociedade em seu todo. É aquilo que faz com que uma
nação (ou país), um estado (ou província ou região), um
município (ou comuna ou departamento) exista. Este
conjunto reúne tudo: o território, a população, as
propriedades, as instituições, as leis etc.
Ÿ Governo é a entidade, isto é, o conjunto de pessoas e
organizações que têm o encargo, por determinado período,
de dirigir a sociedade de acordo com as idéias (ou
programa) do partido ou da coligação de partidos que
ganhou as eleições.
Ÿ Administração é o conjunto de pessoas e organizações
encarregadas de aplicar as leis e realizar as tarefas
determinadas pelo governo, não importando se deste ou
daquele partido.
Ÿ Partido, como a própria palavra indica, é uma parte da
sociedade. É da natureza do sistema democrático - segundo
foi visto anteriormente - que os partidos se revezem no

36
poder, isto é, no governo, estando, portanto, autorizados a
colocar em prática suas idéias políticas (durante o período
determinado em que estiverem no poder).

O totalitarismo faz confusão

Portanto, no sistema democrático fica bem claro que:


Ÿ O Estado não tem partido e existe enquanto o conjunto de
elementos que o formam não se dividir, não for conquistado
por outro Estado ou não se destruir por si próprio.
Ÿ O Governo tem partido e, como governo de um partido, só
existe até quando outro partido assumir o poder (como
resultado de eleições livres)
Ÿ O Partido existe enquanto representar uma parte da socie-
dade (a que vota nele).
Ÿ A Administração não tem partido e existe enquanto o
Estado existir. Ela não pertence a nenhum governo nem a
nenhum partido. Ela pertence à sociedade como um todo.
Mas no sistema totalitário de governo não é assim. Neste
sistema tudo é uma coisa só; o Partido é o Governo, o Governo é a
Administração (e é o Partido), o Estado é o Partido (e a
Administração é o Governo). Por isto este sistema se chama
totalitário: porque o partido é o todo e é tudo.
Por isto, obrigar toda a Administração a dizer ao telefone
"Governo democrático e popular, às ordens" está correto do
ponto de vista de um sistema totalitário de governo, controlado
por um partido também totalitário.
Mas neste caso, então, a palavra democrático deveria ser
eliminada. Ocorre que ela é utilizada apenas para enganar.
37
Como na velha história que nossos pais contavam, o lobo,
quando quer caçar a ovelhinha, nunca se apresenta como lobo.
Ele sempre coloca nas costas um belo pelego de ovelha ...

Outros fatos

É verdade que, devido à reação da opinião pública, a expressão


"Governo democrático e popular, às ordens" foi aos poucos sendo
abandonada pelo PT. Mas, claro, não foi o totalitarismo que foi
abandonado. É que debaixo do pelego tinham começado a
aparecer as orelhas e as garras do lobo. E, como bom lobo, o PT
aprendeu bem o que Lênine ensinou: às vezes é preciso dar um
passo para atrás para depois dar dois para frente. Isto é, se as
orelhas e as garras começarem a aparecer, é melhor se esconder
por um tempo. E tentar outra tática mais tarde ...
Mas a natureza totalitária do PT ficou evidente também em
outros fatos . Entre eles:
Ÿ Atualmente, no Rio Grande do Sul, as forças policiais só
são utilizadas para proteger os prédios e as instalações do
governo do estado. Quando são invadidos prédios e
instalações do Governo Federal ou propriedades de
particulares, o governo do PT não faz nada. Para o PT,
instalações federais e propriedades particulares não
interessam. Elas não pertencem ao governo do Rio Grande
do Sul , isto é ao PT. Esta é a visão totalitária.
Ÿ A Brigada Militar e a Polícia Civil estão sendo
partidarizadas, isto é, a ideologia que vale é a do PT e sobem
na carreira somente os que concordam com o PT. De
preferência os que já são do partido.
Ÿ No famoso episódio da destruição do relógio dos 500 anos,
oficiais da Brigada Militar, ligados ao PT, participaram da

38
desordem. E foi visto um inspetor de polícia ligado ao PT
dando ordens aos oficiais da Brigada Militar.
Ÿ Outro caso característico de confusão entre Estado,
Governo, Partido e Administração foi o do rompimento do
contrato com a Ford. O governo anterior assinara o contrato
em nome do estado (e para isto estava autorizado, por ser
governo). Portanto, era um contrato legal, que o outro
governo poderia renegociar ou até desfazer. Mas não
romper unilateralmente só porque o partido, no caso o PT,
assim queria.

39
10

Estado, governo,
administração e partido

A discussão sobre a propriedade privada entendida como o


direito de as pessoas terem, usarem e defenderem seus bens,
como terra, casa, dinheiro etc., é muito antiga e há muitos livros
escritos sobre o assunto.
Cícero, um escritor romano do século I antes de Cristo, dizia,
por exemplo, que a propriedade privada é a garantia da liberdade
do indivíduo. Pela mesma época, alguns setores do judaísmo e do
cristianismo primitivo e até alguns filósofos pagãos afirmavam
que para serem felizes as pessoas deviam não ter bens, distribuir
os que tinham entre os pobres ou viver em comunidades em que
tudo era de todos. Bem mais tarde, no século XVIII, na Europa,
um filósofo socialista chamado Proudhon escreveu que toda
propriedade é um roubo. Um contemporâneo seu, Voltaire,
também filósofo, afirmava que o mal tinha chegado ao mundo no
dia em que um homem cercou um pedaço de terra e disse: "Isto é
meu". E assim por diante.
Simplificadamente, pode-se dizer que sempre existiram duas
posições conflitantes e radicais sobre a questão da propriedade
privada:
Posição nº 1 - A propriedade é um direito absoluto do
indivíduo, que faz dela o que bem entender, e o governo não pode
se meter no assunto.

40
Posição nº 2 - A propriedade privada é um mal, é um roubo e não
pode existir.

O que o tempo ensinou

Hoje, principalmente depois do grande desenvolvimento da


economia industrial a partir do século XIX e do completo fracas-
so dos países socialistas (onde a propriedade privada era e é
proibida), como a ex-União Soviética, a Europa Oriental e Cuba,
pode-se afirmar com certeza o seguinte:
A posição nº 1, que defende o direito absoluto da propriedade,
produz exclusão social e miséria econômica. Portanto, não pode
ser aceita caso se pretenda que na sociedade existam condições
mínimas de igualdade e de justiça.
A posição nº 2, que exige que a propriedade privada seja elimina-
da, produz o totalitarismo e leva a economia ao desastre. Produz o
totalitarismo porque, eliminada a propriedade privada, a socieda-
de inteira cai nas mãos de um pequeno grupo de fanáticos que,
através de um partido único, impõe a violência e o terror. Disso
são exemplo todos os países que no século XX foram governados
por regimes totalitários marxistas-leninistas. Leva a economia ao
desastre - e Cuba é hoje um extraordinário exemplo disto - porque
ninguém tem mais interesse em trabalhar, em produzir, em
poupar. Por quê? Porque tudo é do Estado e ninguém tem incenti-
vo para melhorar de vida, adquirir bens e ganhar dinheiro.

41
As conclusões

Portanto, a experiência do passado, tanto antiga como recente,


mostra que as sociedades modernas devem tratar a questão da
propriedade privada com base nos seguintes princípios:
Ÿ A propriedade dos meios de produção (capital, terras,
máquinas, prédios etc.) deve ser um direito dos indivíduos,
mas não um direito absoluto. Quer dizer, estes meios de
produção devem ser utilizados de tal forma que eles
produzam benefícios para toda a sociedade e não apenas
para seus proprietátios. Toda propriedade privada deve
gerar empregos e bens (alimentos, instrumentos, serviços
etc.). E os governos são os responsáveis para fazer com que
isto ocorra na prática.
Ÿ O direito à propriedade privada deve ser mantido e
defendido, porque é a condição para que os indivíduos
tenham liberdade e segurança. É por isto que as ideologias
totalitárias são contra a propriedade pri vada. Os totalitários
sabem que quando as pessoas não têm nada que seja seu
elas ficam fracas e dependentes. E então é fácil dominá-las
completamente e impor a violência e o terror a toda a
sociedade.
Ÿ A propriedade privada, portanto, deve ser um direito
estendido ao maior número possível de indivíduos de uma
sociedade. A propriedade privada é uma garantia de
democracia e uma barreira ao totalitarismo.
Ÿ A propriedade privada gera o funcionamento do mercado,
gera o interesse em trabalhar e produzir e gera, portanto, o
desenvolvimento social. Cuba pode ser um exemplo. Cuba
tem hoje um bom nível de educação e saúde da população e
poderia ser um país bastante desenvolvido. O problema é
que lá ninguém tem incentivo para trabalhar, porque tudo
fica nas mãos do governo. O resultado é a ineficiência, o
desinteresse, a falta de produtos, a pobreza geral e a

42
prostituição. Em Cuba a prostituição não é resultado da
miséria absoluta ou da falta de educação. A prostituição em
Cuba é resultado ela falta de emprego e da falta de incentivo
para trabalhar.
No Rio Grande do Sul o PT é contra a propriedade privada e
mostra isto ao estimular a invasão de terras e empresas que
produzem. Porque, como foi dito antes, todos os partidos
totalitários de esquerda são contra a propriedade privada. Eles
são inteligentes. Eles sabem que é fácil controlar e dominar as
pessoas que não têm nada. E dominar e controlar toda a sociedade
é a última etapa para instalar a violência e o terror de um governo
totalitário.

43
11

O PPB e a sua visão

O Partido Progressista Brasileiro (PPB), no Rio Grande do


Sul, é integrado por significativa e importante parcela da popula-
ção e das lideranças políticas do estado.
Seja pela própria condição de força política, seja pela situação
que o Rio Grande do Sul atravessa atualmente, o PPB tem a
necessidade e, mais do que isto, a obrigação de definir com
clareza e vigor seus princípios programáticos e a visão de mundo
em que eles estão fundamentados.
De acordo com o que foi analisado nos textos anteriores, uma
das táticas dos partidos totalitários é mudar o sentido das pala-
vras, para confundir a opinião pública e ocultar seus verdadeiros
objetivos. Contra isto, os que se opõem ao totalitarismo têm
apenas duas armas: expor com clareza seus próprios princípios
democráticos e revelar à luz do dia os verdadeiros objetivos dos
totalitários.
Os verdadeiros objetivos dos totalitários já foram analisados.
É necessário agora expor com clareza os nossos princípios
programáticos - do PPB do Rio Grande do Sul, de seus filiados e
de seus simpatizantes. Estes princípios programáticos podem ser
resumidos em seis pontos: sistema democrático, progresso
social, economia de mercado, propriedade privada, sentimento
de nacionalidade e realismo político.

44
Sistema democrático

Para o PPB, o sistema democrático de governo, apesar de seus


muitos defeitos, é o melhor porque tem por base o respeito à
dignidade e à liberdade de cada cidadão e possibilita o amplo
desenvolvimento das capacidades e tendências individuais,
dentro do respeito à lei e aos direitos dos outros cidadãos.
Os sistemas totalitários, como a experiência já o demonstrou
sem qualquer dúvida, são a negação de tudo isto. Eles se caracte-
rizam exatamente pelo desrespeito e pela violência contra o
indivíduo e não raro pela sua eliminação física. Neste contexto é
fundamental reafirmar a crença nos princípios ético-religiosos da
tradição judaico-cristã, porque eles pregam a dignidade inata e a
liberdade do ser humano, seja contra a violência e a opressão dos
poderosos, seja contra o terror e o totalitarismo do Estado.

Progresso social

Para o PPB, a palavra democracia não pode ser uma palavra


morta nem uma idéia que permaneça imutável no tempo. Por
isto e por definição, o sistema democrático - de governo deve
buscar o bem-estar de todos os cidadãos e deve também levar
em conta a evolução da sociedade. Em conseqüência, segundo
a idéia moderna de democracia, um sistema democrático de
governo deve procurar sempre reduzir as diferenças econômi-
cas e sociais entre os cidadãos e trabalhar com o objetivo de
que todos tenham condições mínimas de alimentação, empre-
go, saúde, educação, habitação e segurança. Por isto, os países
da Europa Ocidental - como França, Itália, Espanha etc. -
servem de exemplo e podem ser consideradas socieda-
45
des que atingiram em grande parte as metas de um sistema
democrático de governo no sentido moderno.

Economia de mercado

Para o PPB, é fundamental a liberdade de indivíduos e


empresas - respeitadas as leis e o bem comum - trabalharem,
produzirem e comercializarem livremente bens e serviços e terem
lucro com tais atividades. Porque o lucro é o incentivo que faz
trabalhar e produzir. Uma sociedade em que não há liberdade para
trabalhar, produzir, comercializar e ganhar dinheiro é urna
sociedade estagnada, atrasada no tempo. Por isto, dentro de urna
visão moderna de democracia, a economia de mercado é
fundamental para o progresso social. Neste sistema, a função dos
indivíduos e das empresas é produzir. E a função do Estado - isto
é, do governo, representado pelos políticos - é fazer com que a
riqueza assim produzida seja distribuída e signifique o progresso
da sociedade como um todo e não apenas de alguns.

Propriedade privada

Para o PPB é fundamental o direito de todo o cidadão possuir,


administrar e defender seus bens adquiridos dentro das regras
estabelecidas pela lei. Contudo, este direito à propriedade privada
não pode ser um fim em si mesmo nem um direito absoluto. Isto é,
dentro de um conceito moderno de democracia, a propriedade
privada deve ter urna função social e colaborar para o progresso geral
dasociedade.
Assim, por exemplo, a terra tem função social quando dá
emprego a trabalhadores e produz alimentos. Ou então
quando se preservam os recursos naturais (matas,

46
animais etc.) tendo em vista o bem de toda a sociedade (para
conservar as nascentes dos rios, por exemplo).

Sentimento de nacionalidade

Para o PPB, o sentimento de nacionalidade também é


fundamental. Ter sentimento de nacionalidade, ou ter orgulho de
seu país, é característica de todas as nações que foram bem-
sucedidas. Mas isto não significa discriminar ou desprezar outros
povos. Pelo contrário. Como acontece entre as pessoas e entre
grupos, o auto-respeito e a auto-estima são fundamentais para o
bom relacionamento entre as nações e entre povos. Uma nação
que não respeita suas raízes, que não respeita seu passado, que
não conhece sua própria história, com suas qualidades e defeitos,
é uma nação condenada ao fracasso, uma nação que não sabe nem
saberá resolver seus problemas e encontrar as soluções
adequadas para eles. Uma nação que nega seu passado é uma
nação que não tem futuro.

Realismo político

Para o PPB, os partidos totalitários são utópicos, quer dizer,


eles têm idéias e ideais irrealizáveis, confusos, absurdos e até
criminosos. Em nome de tais idéias e ideais, milhões de pessoas
foram perseguidas, condenadas, torturadas e mortas por Stalin,
por Hitler, pela Inquisição e por muitos outros totalitários,
principalmente marxistas-leninistas.
Para o PPB, é necessário ser realista. É preciso defender os
princípios básicos da dignidade, da liberdade e da igualdade, mas
é preciso também ser a favor das mudanças possíveis que a
sociedade e a época exigem.
O realismo é uma arma essencial contra o totalitarismo.

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CADERNOS DE AÇÃO POLÍTICA
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