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Abstract: The aim of the study was to search foundations to understand the implementation
of marketing conceptual principles practiced in profit service emprises to information services
agencies. Exploratory and descriptive research by Information Science perspective highlights
marketing principles practice of information management about client satisfaction in 11
touristic operators and agencies in Federal District, that adopted market orientation. Literature
review about studied subject was the theoretical foundations of the research. Results obtained
show marketing principles practice in the relationship between information management of
client satisfaction and market orientation variables. By conclusion, it was observed that
Information Science knowledge about information management could be utile for marketing
practice in enterprises organizational environment as well as enterprise managerial vision of
this practice could contribute for stimulate marketing adoption in information services
agencies, and it aggregates value to information users of the information market where the
agencies are in action.
Keywords: Market orientation. Satisfaction. Information users. Client. Services marketing.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é buscar fundamentos teóricos para compreender a
transposição conceitual dos princípios de marketing praticados nas organizações de serviços
do setor lucrativo para as unidades prestadoras de serviços informativos. Inicia-se com a
revisão de literatura sobre conceitos de marketing, satisfação de clientes/consumidores e
usuários da informação, orientação para o mercado no ambiente empresarial e nas unidades
prestadoras de serviços informativos. Em seguida, apresenta-se a visão empresarial da relação
1993
entre as variáveis gestão da informação sobre clientes e orientação para o mercado obtida com
a pesquisa exploratória e descritiva realizada em empresas do setor que visa ao lucro.
A contextualização temática do estudo é apresentada e, em seguida, são descritos,
detalhadamente, os procedimentos metodológicos adotados que possibilitaram atingir o
objetivo proposto.
informação é a principal razão para fazer sentido falar em usuários, clientes e consumidores.
Entretanto, ao analisar as lexias usuário e cliente no âmbito da Biblioteconomia, Lunardelli
(2004) conclui que
apesar de aparentemente designarem o mesmo sujeito, apresentam
importantes variações de significados entre si. O emprego de usuário evoca o
ato de usufruir, de utilizar, ao passo que o vocábulo cliente está relacionado
com a ideia de depender de alguém para obter ou ter acesso a algo.
Lunardelli (2004) afirma que na Ciência da Informação, alguns estudiosos consideram
que “usuário teria uma acepção mais passiva do que cliente”. Ela explica que os que optam
pelo usuário valorizam apenas o prestador de serviço, enquanto o usuário “seria apenas
alguém que utiliza um determinado serviço por falta de outra opção” e “cliente seria aquele
que deseja e/ou busca especificamente um produto ou serviço”. A autora lembra que “outros
pesquisadores da área consideram inadequado o uso de cliente”, por alegarem que o
“vocábulo estaria ligado à ideia de freguês e que, como tal, seria aquele que tem o hábito de
vender ou comprar em uma determinada loja”.
De fato, sem clientes as organizações não se justificam! Na opinião de Dantas (2014),
todos somos consumidores, mas nem todos somos clientes de empresas e organizações.
Todavia, se a empresa ou organização que nos atende demonstrar interesse em nos preservar
como consumidores, oferecendo-nos estímulos para que nos tornemos fiéis, tendemos a nos
tornar seus clientes, Passamos de consumidores habituais, quer por nos identificarmos com a
empresa ou organização, quer pelas vantagens oferecidas e nos tornamos clientes. Embora o
consumidor de produtos possa ser chamado simplesmente de consumidor e o de serviços, de
usuário, os direitos e deveres dos consumidores, clientes e usuários são iguais. Esta razão
talvez seja uma justificativa para o uso indiscriminado desses termos na literatura.
Fato é que no ambiente empresarial do setor que visa ao lucro ou nas unidades
prestadoras de serviços informativos, seja denominado cliente, consumidor ou usuário da
informação, sem eles essas organizações não existem.
informação, seja na sua produção, no acesso ou no uso. O estudo de usuários abre um canal de
comunicação entre as unidades prestadoras de serviços informativos e seus usuários. Por isso,
pode contribuir para encorajá-los a tornarem suas necessidades conhecidas e a assumirem
alguma responsabilidade para que suas expectativas sejam satisfeitas pelos produtos
oferecidos e pelos serviços prestados.
No mercado da informação, os profissionais das unidades prestadoras de serviços
também precisam estar aptos para entenderem o tipo de demanda a ser atendida, se não
quiserem correr o risco de ter a oferta limitada a estoques informacionais não procurados e
sem utilização, seja qual for a justificativa alegada para esta situação (AMARAL, 2011). O
processo de ajustes da oferta à demanda de informação leva a refletir sobre as possíveis
vantagens do marketing como atitude gerencial inovadora para melhorar o desempenho dessas
unidades, como organizações de valor essencial para o desenvolvimento social, econômico,
político e cultural da sociedade.
Porém, é preciso refletir também, que a matéria prima do trabalho cotidiano, a
informação e o conhecimento são por natureza, complexos, mutáveis e diversificados. Tal
complexidade e diversidade podem explicar a falta de consenso como resultado dos estudos
epistemológicos sobre o conceito e definição destes construtos. Como consequência, não
existe consenso para o entendimento e aceitação do contexto informacional como um
ambiente de negócio. Além disso, ou justamente por causa dessa situação, o ‘negócio da
informação’ é pouco estudado e compreendido na CI. Esta realidade dificulta a visualização
do significado desse tipo de negócio em sua ampla potencialidade.
Neste cenário, o gestor da unidade prestadora de serviços informativos precisa
contribuir positivamente para que a sociedade perceba o valor desta unidade na mediação e
acesso à informação de todo tipo, bem como na catalisação do conhecimento em todas as
áreas do saber, em alinhamento com o mercado da informação da área de negócio em que atua
sua organização mantenedora.
Floriani; Vital e Varvakis (2007) alertam os gestores, que agregar valor aos serviços é
importante e sugerem que conheçam quem são os usuários e revejam os processos para
conhecer as necessidades informacionais destes, de modo que os clientes percebam o valor
embutido no serviço adquirido, fator sine qua non para garantir a existência da unidade
prestadora do serviço.
Isto reforça a ênfase na importância do usuário como cliente consumidor de
informação e a adequação da oferta dos produtos e serviços aos interesses e necessidades do
1998
usuário que a demanda. Clientes cada vez mais exigentes vão considerar os produtos e
serviços oferecidos em função do valor agregado que estes possam lhes oferecer.
Marketing da informação pressupõe o interesse em compreender as necessidades,
percepções, preferências, padrões de comportamento para se informar da audiência-alvo, com
o intuito de oferecer produtos e serviços informativos que os usuários demandam. O
compromisso com a oferta exige preocupação e interesse pela satisfação do usuário no
atendimento, na adequação das mensagens, com a mídia, os custos e as facilidades
tecnológicas de comunicação para estabelecer e manter relacionamento em duas vias entre os
que demandam (usuários) e os que oferecem informação (unidade prestadora de serviços).
Esta forma inovadora de gestão se reverterá em maior visibilidade das atividades
desenvolvidas pela unidade prestadora de serviços informativos na área de negócio do
mercado da informação que sua organização mantenedora atua e contribuirá para destacar o
valor agregado embutido nos serviços prestados (AMARAL, 2011).
Na FIGURA 1 podem ser observados, de forma esquemática e em conjunto, os
diversos atores sociais do mercado da informação para entender o negócio onde atuam as
bibliotecas e demais unidades prestadoras de serviços informativos, enquanto organizações
responsáveis pela oferta desses produtos e serviços no ambiente tradicional e na Internet.
Legisladores
Colaboradores
ATENDIMENTO E
FILOSOFIA
RELACIONAMENTO
CLIENTE
que sempre repetem suas compras. Portanto: “quanto maior a orientação para o mercado,
maior a satisfação do consumidor e maior a repetição de compras pelos consumidores”
(KOHLI; JAWORSKI, 1990).
Han, Kim e Srivastava (1998) sugeriram que a inovação era um link que faltava entre a
orientação para o mercado e o desempenho organizacional e apresentaram o construto de
inovação, fazendo um contraponto entre a inovação técnica e a inovação administrativa. Para
eles, a orientação para o mercado envolve não apenas melhorias relacionadas a aspectos de
produtos, mas também à facilitação das facetas administrativas na organização. Isto requer o
estudo da inovação com um escopo mais amplo, bem como seja feita a distinção entre as
inovações relacionadas à tecnologia e as relacionadas à administração.
Algumas hipóteses relacionadas à inovação e à orientação para o mercado foram
formuladas e verificadas por Han, Kim e Srivastava (1998). O objetivo chave do estudo de era
examinar o papel que as inovações organizacionais desempenhavam no contexto da relação
entre a orientação para o mercado e o desempenho do negócio. Os autores verificaram que o
componente ‘orientação para o cliente/consumidor’ era o fator dominante responsável por
esse fenômeno mediacional e altamente significativo para a inovação organizacional.
Porém, contrariando os resultados verificados por Jaworski e Kohli (1993), a pesquisa
de Han, Kim e Srivastava (1998) não mostrou efeitos significativos da turbulência
tecnológica, enquanto Slater e Narver (1994) notaram que a turbulência tecnológica moderava
negativamente a força da relação entre a orientação para o mercado e o desempenho.
Embora o conceito de orientação para o mercado pareça simples e fácil de ser
entendido, Kohli e Jaworski (1990) lembram que é preciso atenção no que tange às questões
relacionadas a medições, devido a pouca existência de teoria empírica básica. Eles
consideram como sinônimas, as expressões ‘orientação para o mercado’ e ‘orientação para
marketing’.
Na CI, Nims (1999) alerta que existe certa confusão com os termos orientação para o
mercado (conceito estratégico) e orientação de marketing (conceito baseado em atividade),
utilizados indistintamente na literatura de CI sobre bibliotecas. Antes deste alerta, Savard
(1996), ao comentar sobre o crescimento do interesse dos profissonais pelos conceitos de
marketing em bibliotecas, sugeria que muitas vezes a compreensão desses conceitos é
imprecisa e não suficientemente desenvolvida.
Sen (2006) afirma que no início dos anos 1970 até os finais de 1980, marketing e
orientação para o mercado foram discutidas como possíveis benefícios para as bibliotecas,
mas grande parte da discussão era focalizada nas atividades de marketing. Nos anos de 1990
2002
houve o aumento dessa discussão, incluindo sobre a orientação para o mercado como uma
opção estratégica opcional para as bibliotecas com foco no cliente no conteúdo abordado,
apenas como um componente da orientação para o mercado, mas a literatura mantinha
abordagem discursiva, sem a pesquisa do conceito em profundidade.
De fato, tem havido muita discussão sobre as mudanças enfrentadas pelas bibliotecas e
a crescente demanda por serviços, o ambiente cada vez mais competitivo, a necessidade de
prestação de contas, a pressão sobre os recursos e sempre mais demandas de um cliente cada
vez mais exigente (WEINGAND, 1995; GUPTA; JAMBHEKAR, 2002); A adoção de uma
estratégia orientada para o mercado é vista como uma forma de gerenciar com sucesso o
impacto das mudanças no domínio de bibliotecas, garantindo a sua sobrevivência.
O conceito de orientação para o mercado, de acordo com Ewers e Austen (2006),
oferece uma estrutura para a aplicação de princípios de marketing para a gestão de bibliotecas
e sua operacionalização. Significa que o cliente é o ponto focal de todas as metas
organizacionais e integra a estrutura, a gestão e as operações (McKOLL-KENNEDY; KIEL,
2000). A orientação para o cliente é um dos quatro elementos da orientação para o mercado:
• Orientação para o cliente: satisfazer os desejos e necessidades do seu cliente (o que
o cliente quer e precisa);
• Pesquisa de mercado contínua: conhecer o seu cliente e suas necessidades e
comportamentos;
• Integração de todas as atividades e sistemas: do gerente ao pessoal da linha de
frente, todos devem compartilhar informações e o mesmo foco no cliente;
• Gestão de relacionamento com clientes: um cliente fiel é uma propaganda para os
outros e sustenta sua posição de negócio.
Portanto, para ser orientada para o mercado, a biblioteca precisa entender os desejos e
necessidades dos seus clientes, o que eles querem e precisam, o ambiente em que e biblioteca
e os seus concorrentes operam, os seus recursos, seus pontos fortes e os fatores sociais que
influenciam os clientes. Isto requer a coleta sistemática de informações de pesquisa de
mercado.
Em uma organização orientada para o mercado, o marketing não é empurrado para a
promoção ou relações públicas. Orientação para o mercado é um estilo de gestão
organizacional e a literatura tem mostrado que a orientação para o mercado influencia o
desempenho organizacional (LANGERAK; HULTINK; ROBBEN, 2004). É um estilo de
gestão com foco no planejamento e nas operações de uma organização. Ao olhar para os 7 Ps
2003
Como exemplo referente aos aportes teóricos entre a CI e a Administração por tratar a
relação entre duas variáveis: gestão das informações sobre clientes e orientação para o
mercado, foi selecionada a tese de doutoramento em CI defendida por Dantas (2007). A
fundamentação teórica da tese, por relacionar os ensinamentos da CI e da Administração e
destacar a importância da contribuição da interlocução entre as duas áreas mostrou-se útil para
os avanços da ciência ao buscar fundamentos teóricos para compreender a transposição
conceitual do marketing do setor com fins de lucro para essa abordagem em unidades
prestadoras de serviços informativos.
Dantas (2007) resgatou diversos os estudos que relacionam a orientação para o
mercado com a lucratividade (NARVER; SLATER, 1990), com o desempenho dos negócios
(SLATER; NARVER, 1994), com os sistemas de informação (BECKER; HOMBURG,
1999), com a inovação (HAN; KIML; SRIVASTAVA, 1998), com a competitividade
(TOLEDO; AMIGO, 1999), com as desavenças entre clientes e fornecedores (STEINMAN;
DESHPANDE; FARLEY, 2000) e com a flexibilidade estratégica (JOHNSON et al., 2003).
Também foram pesquisados por Dantas (2007) estudos sobre satisfação dos clientes
relacionada com a qualidade e com a lealdade pós-compra (OLSEN, 2002), com a percepção
de valor e a lealdade à marca (YI; JEON, 2003), com o tipo de humor dos clientes (BOUGIE;
PIETERS; ZEELENBERG, 2003), com o valor para o cliente e a criação de custos de troca
(LAM et al., 2004) e com o Customer Relationship Management (CRM) (MITHAS;
KRISHNAN; FORNELL, 2005).
Dantas (2014) relata que a pesquisa descritiva e exploratória abordando a gestão da
informação sobre clientes e a orientação para o mercado foi desenvolvida em 11 agências e
operadoras de turismo do Distrito Federal, selecionadas entre 67 empresas que responderam
ao questionário estruturado, enviado com o propósito de identificar e selecionar empresas que
adotavam a orientação para o mercado. Os 11 gerentes foram entrevistados e foi realizada
observação estruturada para avaliar o ambiente de atendimento nas empresas pesquisadas. Os
resultados obtidos, apesar de restritos e limitados a realidade das empresas pesquisadas,
mostram a visão empresarial de empresas do setor lucrativo orientadas para o mercado em
relação à gestão das informações sobre a satisfação dos seus clientes.
Nas empresas pesquisadas, a orientação para o mercado era desejável como
diferencial, com adaptações ao mercado local (KOHLI; JAWORSKI, 1990) e apresentava
uma gradação diferenciada conforme o porte da empresa. Nas de maior porte, essa orientação
era mais próxima da orientação de longo prazo, enquanto nas de pequeno porte havia
tendência para o curto prazo. Quanto maior a empresa, aumentava a atenção para a avaliação
2005
da satisfação dos clientes. Quanto mais a empresa crescia, mais percebia uma relação direta
entre a orientação para o mercado e o desempenho do negócio (JAWORSKI; KOHLI, 1993).
Havia uma tendência a adequar as empresas às condições do mercado, mas não a ponto de
descaracterizarem o seu negócio (SLATER; NARVER,1994). As empresas menores não se
preocupavam em adotar a estratégia de orientar mercados, conscientes de seu porte e de sua
importância relativa no mercado em que atuavam; preferiam manter-se como estavam,
influenciadas pelas de maior porte: queriam crescer, porém sem extrapolar os limites que as
caracterizavam (JAWORSKI; KOHLI; SAHAY, 2000).
A organização dos sistemas de informação era baseada nas expectativas dos clientes.
Seis empresas utilizavam as necessidades dos clientes para categorizar, organizar e armazenar
a informação sobre clientes (BECKER; HOMBURG, 1999). Entretanto, na maior parte das
empresas, a informação a respeito da satisfação dos clientes nem sempre era organizada e
tratada de modo a facilitar o entendimento pelas pessoas responsáveis por sua garantia e
gestão. Por outro lado, os critérios adotados pelas empresas nas pesquisas que realizavam para
avaliar a satisfação dos clientes não seguiam, obrigatoriamente, um padrão formal.
Principalmente nas de pequeno porte, essa avaliação era informal, geralmente associada às
atividades de pós-venda.
Uma das empresas de grande porte estava estruturando o seu Sistema de Informações
de Marketing (SIM), mas as demais não contavam com este tipo de sistema. Apesar de terem
disponível boa estrutura tecnológica em termos de hardware e software, de modo geral, esses
recursos eram subutilizados. Apenas as empresas de maior porte utilizavam a mídia
convencional para divulgar seus produtos e serviços. As demais trabalhavam com mídia
alternativa para reduzir custos. Telefone e e-mail eram os meios mais utilizados. Entre as
operadoras, poucas utilizavam os websites como canal de venda e comunicação. Ainda que
seja considerado que a pesquisa foi concluída em 2007, a Internet era pouco utilizada.
As expectativas dos clientes eram fortemente influenciadas pelas indicações de outros
clientes e a preocupação com o atendimento e com a qualidade do serviço prestado era
comum em todas as empresas, independentemente do seu porte, embora um pouco distantes
dos padrões definidos como aceitáveis.
Quanto à disseminação da informação, somente as empresas de maior porte utilizavam
a mídia convencional para divulgar seus produtos e serviços. As demais trabalhavam com
outras mídias consideradas below the line, com o objetivo de reduzir custos.
As grandes empresas estavam implantando ou possuíam programas de fidelização,
demonstrando certa preocupação com a criação de valor para os clientes. As pequenas não
2006
viam essa necessidade, pelo fato de seus gestores entenderem que a manutenção de sua
carteira de clientes podia ser feita de modo mais simples, com relacionamento mais informal.
Todas as reclamações, sugestões, opiniões e solicitações apresentadas às empresas
pesquisadas eram tratadas e geravam retorno aos clientes.
Em alguns casos, o comportamento para se informar, tanto dos empregados como dos
clientes, se manifestava de modo proativo e em outros, era reativo. Informações oriundas de
fontes oficiais eram mais confiáveis e, por isso, mais utilizadas nas tomadas de decisão.
Verificou-se que, nas atividades do dia a dia, nem sempre as informações para a tomada de
decisão eram organizadas de forma adequada, embora na maior parte das vezes fossem
utilizadas como base para a segmentação de clientes.
O processo de gestão das informações sobre a satisfação dos clientes também seguia
um critério adaptativo, embora essas informações fossem utilizadas na tomada de decisão em
todas as empresas pesquisadas. Essa constatação leva a crer que as empresas pesquisadas
tinham um modelo próprio de gestão das informações sobre satisfação de clientes, mesmo que
empírico, cujo objetivo era otimizar os processos afetos a essa gestão e, por conseguinte, para
obter vantagem competitiva.
Embora todos os gestores entrevistados tenham afirmado que levavam em
consideração as informações sobre a satisfação dos clientes e dos seus empregados na
elaboração dos seus planos de ação, não se pode garantir que fosse adotada uma postura
estratégica pelos gestores no que concerne à relação entre a gestão dessas informações e a
orientação para o mercado. Algumas das empresas pesquisadas, em especial as
microempresas, pareciam adotar uma orientação mais voltada para vendas do que para o
mercado. Seus gestores pareciam preocupados com a sobrevivência da empresa mais no curto
do que no longo prazo. Pode-se deduzir dessa suspeita que a orientação para o mercado
adotada por essas empresas era mais voltada às atividades operacionais do que estratégica.
Após estabelecer um ranking com a pontuação obtida pelas empresas, de acordo com
as variações do grau da orientação para o mercado e sua relação com a gestão das
informações sobre a satisfação de clientes, Dantas (2014) concluiu que, embora as empresas
pesquisadas tenham declarado que adotavam a orientação para o mercado e que essa
orientação estratégica estava altamente relacionada com a gestão das informações sobre a
satisfação do cliente, as respostas dos gestores nas entrevistas revelaram ligeiro
distanciamento entre a teoria e a prática.
Isto porque, a visão dos gestores de que havia alta relação entre as variáveis estudadas
sugere que “a gestão da informação sobre a satisfação dos clientes é a variável determinante
2007
da orientação para o mercado”, mas esta afirmativa só faz sentido, se houver clientes
satisfeitos. Logo, a relação causal entre as variáveis é aparentemente coextensiva ou
contingente. Coextensiva, se existir a informação sobre a satisfação de clientes e essa
informação for gerida pela empresa que adota orientação para o mercado. Contingente, se
existir a informação sobre a satisfação dos clientes, haverá orientação para o mercado,
somente se houver gestão dessa informação.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adoção do marketing pelas unidades prestadoras de serviços informativos envolve o
aprofundamento teórico da abordagem conceitual na pesquisa e nos estudos para melhor
entendimento desses conceitos no âmbito da CI. As organizações de serviços devem estar
preocupadas em manter um relacionamento em duas vias com os seus públicos, em especial
com os seus usuários, considerados clientes e/ou consumidores, para conhecer seus perfis de
interesse pelos produtos e serviços a serem oferecidos.
O desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre marketing na ótica da CI poderá
contribuir no aprimoramento do desempenho da prestação de serviços informativos no
ambiente organizacional do setor com ou sem fins de lucro. Para isso a unidade prestadora de
serviços informativos precisa ser estudada e entendida como uma unidade de negócio com a
visão empresarial da prestação dos serviços direcionada para o atendimento e o
relacionamento com os seus usuários. Deve utilizar todo o potencial da infraestrutura das
novas tecnologias da informação e comunicação em prol do reconhecimento do valor
agregado da informação e do conhecimento nos seus processos organizacionais para oferecer
serviços úteis aos seus usuários, em conformidade com os interesses destes no mercado do
negócio da informação em que a unidade atua.
Os resultados da tese analisada servem de exemplo para o entendimento da prática dos
princípios de marketing na visão empresarial da relação entre a gestão das informações sobre
a satisfação dos clientes e da orientação para o mercado. Mostram que, entre as empresas
pesquisadas, o distanciamento entre a teoria e a prática era maior nas empresas de menor
porte que enfrentavam mais dificuldades que as demais. Como a maior parte das unidades
prestadoras de serviços informativos nem sempre constam do organograma da sua instituição
mantenedora, é possível que essa realidade seja similar nessas organizações, mas é necessário
pesquisar sobre esta hipótese.
Os estudos teóricos na literatura da Administração sobre marketing em organizações
com fins de lucro fundamentam conceitualmente a implementação dos princípios de
2008
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