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A publicidade infantil, isto é, aquela que fala diretamente com as crianças
menores de 12 anos de idade, é intrinsecamente abusiva, pois fere os valores
humanos mais relevantes à nossa sociedade. E flagrantemente antiética, porque
viola o conceito do que seria uma vida boa para e com outrem em instituições
justas.
Ela cria anseios, vontades, necessidades que não são reais em crianças,
um público cuja capacidade cognitiva está em formação.
Direcionar mensagens comerciais a pessoas que não têm condições de
interpretá-las criticamente ou mesmo de analisá-las de forma consistente é, sem
dúvida, uma forma de manipulação com o único objetivo de obter ganhos
pecuniários.
Anunciar para crianças é como enriquecer ilicitamente. Dizer para as
pequenas que precisam de toda a coleção de bonecas ou para os pequenos que
não serão aceitos no grupo se não tiverem o relógio e a sandália que brilha
equivale a falar que somente terão amor, felicidade, se consumirem esses
produtos. Produtos que na próxima semana já serão trocados por novos
lançamentos, em uma corrida consumista sem fim.
O que para o mercado alegadamente parece exagero não é. Pode ser
difícil para alguns adultos compreender os danos advindos do direcionamento
das mensagens publicitárias ao público infantil, mas o que se deve ter em mente
é que as crianças realmente acreditam no que a publicidade diz a elas.
Daí ser imprescindível que haja uma efetiva e rigorosíssima limitação da
publicidade voltada aos menores de 12 anos por parte dos Poderes da
República, sob pena de se ter um comportamento antiético validado pelas
instituições responsáveis justamente por cuidar da proteção e garantia dos
direitos das crianças.
A alegação dos setores publicitário e anunciante de que qualquer
restrição à publicidade, mesmo a que fala diretamente com os pequenos,
implicaria censura a uma atividade artística não tem cabimento.
HENRIQUES, Isabella. Por que a publicidade infantil é antiética. Disponível em:
<http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/por-que-a-publicidade-infantil-e-antie
tica/>. Acesso em: 11 out. 2018.