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Brasília-DF
2014
Durante o módulo II da disciplina os estudos sobre as obras de Artaud, Brook, Diaz e
decorrer dos estudos foi possível observar aparentes similaridades e divergências entre
A imaginação vem a ser o ponto comum dos encenadores como forma de criar
alternativas dentro do teatro. No palco tanto Ariane Mnouchkine quanto Peter Brook
utilizarão do vazio como forma de instigar a imaginação do público para aquilo que há de ser
encenado.
construção dramatúrgica tendo como suporte o contexto social em questão, a influência que
seu teatro tem de Artaud é clara no que se refere ao trabalho corporal (que abordado no
Para Brook o ator deve despir-se de sua própria cultura, pois em se tratando da cultura
o diretor buscas estudar profundamente tudo aquilo que reveste o tema. A ideia de
sonorização das palavras, para Brook, é muito presente já que comumente sua companhia
recebe atores de varias nacionalidades que falam línguas diferentes. Vê-se então no teatro de
Brook uma encenação que cresce além e apesar do texto, como na opera “A tragédia de
Carmem” onde o espectador cresce juntamente com a obra ao caminhar para o desfecho de
uma tragédia inevitável, premeditada mesmo por aqueles que não entendem as canções da
reproduzir a realidade e sim presentifica-la. Cria-se então outro mundo, um mundo que apesar
de diferir-se da realidade ainda assim é real. Nas palavras de Ariane Mnouchkine “Porque,
por definição, o teatro, a arte, é transposição ou transfiguração! Um pintor faz uma pintura de
uma maçã, e não uma maçã. É uma aparição. A cena é um espaço de aparições”
de seus grupos, mesmo ainda que a abordagem de ambos seja volta a métodos diferentes.
Mnouchkine liga-se “forma” de seus trabalhos por optar pela busca de um fazer teatral não
realista que tem como ponto de partida técnicas Orientais como o kabuki e o nô. Brook, por
outro lado liga-se ao que é comumente chamado de “essência” por procurar analises de texto e
símbolos que são legíveis e essenciais a varias culturas. Existe esse claro distanciamento no
fazer teatral de ambos ainda que estes caminhem para a busca de algo que valorize a
teatralidade.
clara. Tanto Brook como Mnouchkine contaram com a ótica revolucionaria de Artaud para
compor suas obras. Visivelmente influenciados pela ideia de acabar com as obras primas,
Neste ponto vê-se claramente o contra ponto criado em relação ao teatro Ocidental,
que até então buscava basear-se na realidade do cotidiano e reproduzi-la na forma de cenários,
Para os nomes aqui estudados interessa mesmo, como dito anteriormente, instigar a
publico. Esperando que a plateia preencha a lacuna criada pelo vazio e siga pelas portas que
fisicalidade a ponto de se extrapolar o texto. Existe o uso de imagens e signos que instigam a
interpretação são inúmeras e as cenas não são simplesmente explicadas e nem podem passar
usados pelo teatro Ocidental também vem a ser um dos objetivos de criação destes. O trabalho
de Artaud, Brook, Diaz e Mnouchkine pode relacionar-se de formas tão profundas (mesmo
quando o ponto de analise vem a ser apenas o uso da imaginação) que seria possível ir muito
além do que o que foi abordado apenas nestas paginas. Pois o teatro é uma teia em constante
Para a elaboração do ensaio cênico muito do que foi estudado sobre Artaud foi
utilizado. Em relação ao teatro da crueldade, na busca por atingir uma experiência que
atingisse a plateia em alma e coração como dito por Artaud “Tudo que há de amor, no crime,
na guerra ou na loucura nos deve ser devolvido pelo teatro, se ele pretende reencontrar sua
cena, poderiam causar dor ou ate prazer em quem os utilizava foi muito forte como ideia na
Outro fator muito lembrado pelo grupo foi a ressignificação dos objetos, muito
utilizada no Ensaio. Hamlet e a ostensão tanto dos corpos quanto ainda destes objetos. Sobre
Para cada ator, no trabalho desenvolvido pelo GT, existia um objeto com significado
que deveria ser utilizado de no mínimo duas formas durante a performance. Estimulados
ainda pela proximidade do Natal fizemos o uso de luzes natalinas também conhecidas como
“pisca-pisca” para uma imagem central que serviria como guia para os quadros que se
seguiriam.
O uso da imaginação dos espectadores também nos foi um dos estímulos. O espaço
utilizado era todo escuro e iluminado apenas pelas luzes natalinas citadas acima. Ao olhar
para cara quadro era possível ver a interação exclusivamente com o objeto, sem figurinos ou
cenário marcantes. Como dito por Peter Brook em seu livro Porta aberta:
… A imaginação, feliz, jogará esta espécie de jogo, desde que o ator não
esteja “em parte alguma”. Se por trás houver um único elemento cenográfico
para ilustrar uma “nave espacial” ou um “escritório em Manhattan”,
imediatamente intervirá a verossimilhança cinematográfica e ficaremos
trancafiados nas fronteiras lógicas do cenário. (BROOK, 2008, p.23)
O uso consciente de uma falta logica nos era um dos pontos importantes a serem
transmitidos no ensaio cênico. Tomar banho em moedas, comer peças de lego ou mesmo abrir
guarda-chuvas que estivessem cheios de papel eram formas de se construir uma comunicação
sensível como defendida por Moretto sobre o trabalho do brasileiro Diaz em Ensaio.Hamlet.
Para o ensaio cênico tentamos reunir em uma síntese tudo aquilo que nos foi de mais
forte durante os estudos feitos no semestre. Esperamos ter mostrados as ideias que levantamos
disciplina.
BIBLIOGRAFIA
ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Cobogó, 2011.
MORETTO, Roberto Carlos. Ensaio.Hamlet: ruptura da linearidade dramática e corpos
Filmes:
DIAZ, Enrique. Gravação do espetáculo Ensaio. Hamlet. Direção: Enrique Diaz. Produção: