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B R A S I L E I R A
Ano XII - Número 89 - Janeiro/Abril de 2018
Os novos desafios
dos farmacêuticos
Os farmacêuticos estão diante de desaos em saúde,
com profunda repercussão social. E os enfrentam,
com qualicação. O envelhecimento da população
associado a novas necessidades em saúde, a
obesidade, o cenário protagonizado pela dengue e
arboviroses, a busca por reduzir em 50% os danos
relacionados ao medicamento e a judicialização da
saúde são alguns deles. Nas análises clínicas, é
desaador acompanhar o acelerado processo de
automação.
O farmacêutico no Desafio
Global lançado pela OMS
Diretoria
Walter da Silva Jorge João (Presidente) Em artigo, o presidente do Conselho Fe-
Lenira da Silva Costa (Vice-Presidente) deral de Farmácia, Walter da Silva Jorge
Erlandson Uchôa Lacerda (Secretário-Geral) João, fala do relevante significado que há
João Samuel de Morais Meira (Tesoureiro) no envolvimento dos farmacêuticos bra-
sileiros com o Desafio Global lançado pela
Conselheiros Federais
Romeu Cordeiro Barbosa Neto (AC) Organização Mundial da Saúde (OMS)
José Gildo da Silva (AL) cujo objetivo é reduzir em 50%, nos pró- Dr. Walter Jorge, presidente do CFF
Marcos Aurélio Ferreira da Silva (AM) ximos cinco anos, os danos graves e evitá-
Carlos André Oeiras Sena (AP) veis à saúde associados ao medicamento.
Altamiro José dos Santos (BA)
“A iniciativa da OMS encontra, no Brasil,
Luis Cláudio Mapurunga da Frota (CE)
Forland Oliveira Silva (DF) uma categoria muito mais fortalecida e
Gedayas Medeiros Pedro (ES)
Sueza Abadia de Souza Oliveira (GO)
organizada para o desafio”, observa o pre-
sidente do CFF. 07
Luís Marcelo Vieira Rosa (MA)
Gerson Antônio Pianetti (MG)
Márcia Regina Gutierrez Saldanha (MS)
José Ricardo Arnaut Amadio (MT)
Walter da Silva Jorge João (PA) ENTREVISTA
João Samuel de Morais Meira (PB) COM O DR. CASSYANO CORRER, FARMACÊUTICO
Bráulio César de Sousa (PE)
Elena Lúcia Sales Souza (PI) O envelhecimento e o farmacêutico
Valmir de Santi (PR)
Alex Sandro Rodrigues Baiense (RJ) Fenômeno de expressão mundial, com
Lenira da Silva Costa (RN) impactos nos contextos sanitário e so-
Lérida Maria dos Santos Vieira (RO) cioeconômico dos países, o envelheci-
Erlandson Uchôa Lacerda (RR)
Josué Schostack (RS)
mento da população constitui um de-
Paulo Roberto Boff (SC) safio gigantesco para o farmacêutico.
Margarete Akemi Kishi (SP) Quem afirma é o Dr. Cassyano Correr,
Vanilda Oliveira Aguiar (SE) professor adjunto do Departamento
Amilson Álvares (TO) de Farmácia da UFPR e pesquisador
Jornalista Responsável
dos programas de pós-graduação em
(redação, reportagens e edição) Ciências Farmacêuticas e de pós-gra-
Aloísio Brandão duação em Assistência Farmacêutica
RP 1.390/07/65v/DF da mesma instituição de ensino. Ele DR. CASSYANO CORRER: “O
farmacêutico deve garantir que o
explica como o farmacêutico pode en- tratamento medicamentoso do idoso
FOTO: Yosikazu Maeda
frentar esse desafio. seja efetivo e seguro, por meio de
09
atividades clínicas, como consultas
Projeto Gráfico de acompanhamento e revisão da
farmacoterapia”.
Kiko Nascimento - K&R Artes Gráficas
(61) 3386-5408 / (61) 98232-7424
15
dos a farmacêuticos estão, na “Pharmacia Brasileira”.
UMA PUBLICAÇÃO DO
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA
SHIS QI 15 Lote L - Lago Sul - Fone: (61) 3878-8700
CEP: 71635-615 - Brasília - DF
E-mail: ass.imprensa@cff.org.br (redação)
Judicialização:
farmacêuticos embasam
decisões de juízes
A atuação de farmacêuticos no Judiciário, subsidiando juízes com pa-
receres e relatórios técnicos sobre os medicamentos demandados em
ações judiciais, estão embasando as decisões e levando julgadores a
40
mudarem suas decisões. Entrevistamos o farmacêutico Dr. Éverton
Dr. Éverton Borges: “Farmacêuticos são imprescindíveis para
Borges, especialista em judicialização na saúde. estruturar os Núcleos de Apoio Técnico (NATs)”.
Política Nacional de
ARTIGO
Resíduos Sólidos
A Política Nacional de Resí-
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duos Sólidos (PNRS), insti-
Ciência, tecnologia, inovação tuída pela Lei 12.305/2010
e sustentabilidade 70 e que determina que, a
partir de 3 de agosto de
Artigo de autoria da vice- 2014, não será permitido
-presidente do Conselho descartar lixo em vazadou-
Federal de Farmácia, Dra. ros a céu aberto (os lixões),
Lenira da Silva Costa, cha- bateu fundo nas cabeças in-
ma a atenção para este gri- quietas dos farmacêuticos
tante conflito estabelecido mineiros Gizele Souza Sil- Gizele Leal, farmacêutica
no setor: laboratórios clíni- va Leal e Leandro Catarina
cos precisam participar do Leal. Os dois criaram a Farmabiente, empresa que
desenvolvimento e acom- atua no setor, em Minas. Nesta entrevista, Gizele
panhar a evolução no diag- Dra. Lenira da Silva Costa, Leal ensina aos farmacêuticos interessados como
nóstico, movida pela tecno- vice-presidente do CFF criar uma firma do gênero.
logia, mas têm dificuldades para investir, porque são
vítimas de um modelo de remuneração predatório.
FARMÁCIA CLÍNICA, NO BRASIL
Uma história de utopia e desbravamento
ENTREVISTA
COM O DR. VALMIR DE SANTI, FARMACÊUTICO 82
O poder dos cuidados
farmacêuticos no SUS
A saúde está no centro de dis-
cussões cujo objetivo é repensar
o setor. Estão em curso ajustes O professor José Aleixo Prates, um
farmacêutico visionário que, também,
que propõem resolver o problema era focado na prática e hábil estrategista,
da fragmentação da atenção e da anuncia a implantação de um serviço
de farmácia clínica, no Hospital das
gestão, por exemplo. Os cuidados Clínicas da UFRN, quando ninguém A foto, de 1979, no Hospital das Clínicas da UFRN, é
falava, ainda, da dessa área, no País. Foi emblemática. Acima da porta, a identificação que o Bra-
farmacêuticos podem contribuir Dr. Valmir de Santi: o início de uma verdadeira aventura que sil, ainda, não conhecia. O grupo reúne os farmacêuticos
para o sucesso das novas defini- “O SUS é um grande
promoveu mudanças profundas na cena
farmacêutica brasileira.
Lúcia Noblat, Júlio Maia (diretor da farmácia hospitalar),
Socorro Oliveira (da farmacotécnica) e Tarcísio Palhano
ções que movimentam o setor. desafio para todos os
profissionais de saúde”. Década de setenta: o farmacêutico visionário Dr. José
Como? Com a palavra, o Dr. Val-
Aleixo Prates inicia a luta pela implantação de um serviço
mir de Santi, conselheiro federal de Farmácia pelo Panará
de farmácia clínica, no Hospital das Clínicas, atual Hospital
e coordenador do programa “Cuidado farmacêutico no
Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do
SUS – capacitação em serviços”, do CFF.
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Rio Grande do Norte, quando ninguém sequer sabia do que
se tratava. Era o primeiro sopro clínico da Farmácia, no País.
O farmacêutico
no Desafio Global
Dr. Walter da Silva Jorge João,
presidente do Conselho Federal de Farmácia.
O envelhecimento
e o farmacêutico Pelo jornalista Aloísio Brandão,
Editor desta revista.
Por causa dessas doenças, os idosos tos podem ser mais intensos, por causa da
consomem três vezes mais medicamentos diminuição de suas funções hepática e re-
que os pacientes jovens. Aí, está um enorme nal, entre outros fatores. Considerando que
perigo. O uso simultâneo de vários fármacos grande parte das pessoas, nesta faixa etária,
predispõe à ocorrência de interações medi- faz polifarmácia (uso de vários medicamen-
camentosas indesejáveis e potencialmente tos, ao mesmo tempo), os riscos são maiores.
perigosas. Quando associado a outros fa- Portanto, pesa sobre os ombros dos far-
tores, como prescrições inadequadas, não macêuticos o desafio de prestar cuidados e
observância dos esquemas terapêuticos e de serem educadores em saúde em um novo
alterações fisiológicas, o problema ganha contexto marcado por uma mudança no per-
contornos mais escuros, ainda, com o sur- fil das doenças, que estão deixando de ser
gimento de agravos e reflexos nos sistemas essencialmente infectocontagiosas (no caso
público e privado de saúde. das populações jovens) com a maior incor-
A intervenção do farmacêutico é funda- poração de doenças crônicas (no caso dos
mental para dirimir os iminentes riscos cau- idosos), com todas as suas implicações.
sados pelo uso de medicamentos em idosos, Ressalte-se que o envelhecimento da
para promover a adesão ao tratamento e a população brasileira é um fenômeno em
racionalidade do uso destes produtos. Se o curso. O País encontra-se em avançado
uso de fármacos suscita cuidados em pa- processo de transição no que diz respeito
cientes jovens e sem doenças crônicas, o que à mortalidade e à fertilidade. Em 2050, se-
se dirá, então, entre os idosos, faixa etária gundo projeções da ONU (Organização das
em que se registra o aumento das alterações Nações Unidas), a estrutura etária dos brasi-
fisiológicas. leiros será igual à dos países desenvolvidos,
CONCILIAÇÃO DE MEDICAMEN- onde 45% dos habitantes têm de 45 a 64
TOS - “A grande quantidade de condições anos de idade, e 19,8% têm de 65 anos para
crônicas do paciente idoso gera uma rotina mais.
de acompanhamento por profissionais de A PHARMACIA BRASILEIRA entre-
diversas especialidades. Nessa situação, os vistou o farmacêutico Cassyano Correr. Ele
pacientes podem receber várias prescrições fala sobre o rico trabalho do Ambulatório
e, devido à falta de comunicação dos profis- de Atenção Farmacêutica do Hospital de
sionais entre si e deles com familiares e pa- Clínicas da Universidade Federal do Pa-
cientes, pode ocorrer a sobreposição de tra- raná (UFPR) e do Laboratório de Serviços
tamentos”, alerta o Dr. Cassyano Correr. Ele Clínicos e Evidência em Saúde (LASCES) da
acrescenta que, nesse caso, o farmacêutico mesma Universidade, sobre os riscos das
pode conciliar os medicamentos prescritos interações medicamentosas e a importância
pelos diferentes profissionais, evitando que da conciliação de medicamentos usados por
os tratamentos sejam sobrepostos e causem pacientes idosos, da dificuldade de interação
“confusão ao paciente e consequentes da- entre integrantes das equipes multiprofis-
nos por uso incorreto”. sionais hospitalares, entre outros assuntos.
A farmacocinética clínica explica que Dr. Cassyano Correr é professor adjun-
os idosos sofrem alterações que interferem to do Departamento de Farmácia da UFPR,
na absorção, distribuição, metabolização e instituição em que ele é, também, pesquisa-
eliminação dos medicamentos. Nesses pa- dor dos programas de Pós-Graduação em
cientes, os efeitos tóxicos dos medicamen- Ciências Farmacêuticas e de Pós-Gradua-
PHARMACIA BRASILEI
RA - O senhor esteve à frente
do bem-sucedido ambulató- “Acho que este é um ótimo mercado de
rio de atenção farmacêutica trabalho para o farmacêutico, pois se trata
do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Pa- de uma área que traz o profissional para
raná (UFPR). Explique as ati- dentro da equipe de saúde e para a linha de
vidades desenvolvidas pelos frente do sistema de saúde. A visibilidade é
farmacêuticos, no Ambulató- grande e, com isso, abrem-se portas para o
rio, inclusive a consulta.
Farmacêutico Cassyano profissional” (Dr. Cassyano Correr).
Correr - O ambulatório foi
criado, em 2011, por inicia-
tiva da chefia de farmácia do Federal do Paraná. É onde Farmacêutico Cassyano
HC-UFPR e da coordenação trabalham os alunos de Correr - O primeiro passo é
da Residência Multiprofissio- mestrado e doutorado; onde desenhar, com clareza, o ob-
nal do Hospital. Atualmente, concentramos as atividades jetivo do serviço. Isto, antes
a farmacêutica Maria Luíza do nosso grupo de pesquisa. mesmo de tentar negociar
Fávero é a professora res- Este laboratório está um espaço físico junto à ins-
ponsável pelo ambulatório. vinculado à pós-graduação tituição. O farmacêutico deve
Nós atendemos pacien- em Ciências Farmacêuticas ser capaz de comunicar - por-
tes ambulatoriais polimedi- da UFPR. O laboratório que um serviço assim seria
cados que já passaram pelo nasceu, a partir dos estudos importante - que problemas
serviço de cardiologia do de revisão sistemática e ele ajudaria a resolver, tanto
hospital em consultas farma- metanálise que começamos a dos pacientes como da pró-
cêuticas nas quais fazemos conduzir, anos atrás. pria equipe.
uma revisão abrangente de Outro ponto importante
todos os medicamentos em PHARMACIA BRASILEI é romper com metodologias
uso pelos pacientes, a fim de RA - O Ambulatório de Aten- rígidas de trabalho. O serviço
corrigir eventuais problemas ção Farmacêutica e o LASCES deve ser desenhado, de acor-
da farmacoterapia e melhorar estão inseridos em algum do com as necessidades reais
a adesão ao tratamento. Os programa de residência mul- dos pacientes. O que quero
pacientes recebem consultas tiprofissional? dizer é que os farmacêuticos
de retorno, até que todos os Farmacêutico Cassyano ficam obcecados com a ideia
problemas tenham sido resol- Correr - O Ambulatório está de fazer acompanhamen-
vidos, quando, então, é dada ligado à residência multipro- to farmacoterapêutico, mas
alta do serviço. Hoje, temos fissional em atenção hospita- nem sempre esse formato irá
cinco consultórios operando, lar do HC-UFPR. O LASCES atender às necessidades.
numa tarde por semana. está ligado à pós-graduação Pode ser que consultas
em Ciências Farmacêuticas. únicas de revisão da farmaco-
PHARMACIA BRASILEI terapia e aconselhamento ao
RA - Fale, ainda, sobre o Labo- PHARMACIA BRASILEI paciente já sejam suficientes,
ratório de Serviços Clínicos RA - O que deve fazer o far- ou que o foco deva ser todo
e Evidência em Saúde (LAS- macêutico que se interessar para a adesão ao tratamen-
CES), da UFPR, instituição em montar um serviço se- to. No nosso caso, em que
em que o senhor é professor. melhante ao Ambulatório de trabalhamos com pacientes
Farmacêutico Cassyano Atenção Farmacêutica? Qual polimedicados, os problemas
Correr - O LASCES é nosso o ponto de partida para a im- de adesão ao tratamento,
laboratório na Universidade plantação dos serviços? condições clínicas não trata-
A FARMACOLOGIA DO SUPLEMENTO
Esta é uma publicação dirigi- TO. Este livro, de capa dura e de
da a nutricionistas e farmacêuti- 848 páginas, está à venda por R$
cos. O livro procura proporcionar 269,00. É um verdadeiro dicio-
a melhor escolha de um suple- nário prático utilizado por farma-
mento, considerando os critérios cêuticos, médicos, nutricionistas,
técnicos que levarão a um trata- profissionais da cosmetologia e da
mento eficaz e seguro. Conceitos estética que necessitam de infor-
multidisciplinares são abordados, mações técnicas sobre os ativos e
com foco em fisiologia e as ca- adjuvantes utilizados na dermato-
racterísticas farmacológicas de logia, como os dermocosméticos,
cada princípio ativo. A publicação e na beleza e qualidade e vida, a
aborda os temas “Noções de Far- exemplo dos nutracêuticos.
macologia”, “A Prescrição”, “O que Os autores descrevem, nesta
o Nutricionista Prescreve?”, “Su- publicação, cerca de 3.000 ativos,
plementação Esportiva”, “Nutra- além de vários artigos e sugestões
cêuticos e Fitoquímicos”, “Ativos de fórmulas que abordam ques-
e sugestões de fórmulas”, “Ativos tões, como toxicidade e alergia a
Dermatológicos” e “Dermocos- cosméticos, controle de qualida-
méticos e Nutracêuticos”. de, adjuvantes, emolientes, águas,
Os farmacêuticos Daniel An- fragrâncias, alimentos funcionais,
tunes Junior e Valéria Maria de entre outros. A compra deve ser
Souza são os autores de A FAR- feita por meio da página www.ati-
MACOLOGIA DO SUPLEMEN- vosdermatologicos.com.br
ATIVOS DERMATOLÓGICOS -
DERMOCOSMÉTICOS E
NUTRACÊUTICOS (9 VOLUMES)
Com 848 páginas e no formato de capa dura, “Ativos Dermatológi-
cos - Dermocosméticos E Nutracêuticos”, de autoria dos farmacêuticos
Daniel Antunes Junior e Valéria Maria de Souza, é um dicionário prático
voltado para farmacêuticos, médicos, nutricionistas, profissionais da cos-
metologia e da estética que necessitam de informações técnicas sobre os
ativos e adjuvantes utilizados na dermatologia, como os dermocosméti-
cos, e na beleza e qualidade e vida, como os nutracêuticos.
São descritos quase 3.000 ativos, além reunir vários artigos e suges-
tões de fórmulas que abordam questões, como toxicidade e alergia a cos-
méticos, controle de qualidade, adjuvantes, emolientes, águas, fragrân-
cias, alimentos funcionais, entre outros. Custa R$ 269,00. Para adquiri-lo,
visita a página www.ativosdermatologicos.com.br
Por que ele se deslocou para tantos lu- Não encontrando outra opção de sobrevi-
gares? Especialistas afirmam que o desequi- vência, eles são forçados a buscar essa única
líbrio ambiental tem responsabilidade dire- alternativa para a proliferação.
ta em sua propagação. Isto, porque há uma “A redução de ambientes naturais
relação estreita entre o desmatamento de restringe as espécies a uma área menor,
áreas florestais e os surtos da febre amarela. aumentando a concentração de agentes
A hipótese mais defendida é a de que a di- infecciosos em circulação”, explica a biólo-
minuição do tamanho do habitat natural dos ga Márcia Chame. Ela é a coordenadora de
macacos, com a destruição de florestas, está estudos de Biodiversidade e Saúde Silves-
obrigando esses animais a se concentrarem tre da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A
em área muito menores. Dra. Márcia Chame falou sobre o assunto à
Assim, os macacos passam a ser presas revista “Radis”, da Escola Nacional de Saúde
fáceis para o Haemagogus, o principal mos- Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz (edição de
quito silvestre transmissor da FA. O outro 23/02/2017).
mosquito é do gênero Sabethes. Importa sa- HISTÓRICO - A febre amarela é an-
lientar que os próprios insetos, também, es- tiga. Um manuscrito Maia, em Yucatan, no
tão sendo vitimados pelos desmatamentos. México, de 1648, já relata a epidemia de
do Aedes aegypti, que é o vetor no ambiente (SBD-A). Firmaram uma parceria que ajudou
urbano, e, também, a acelerada expansão da a qualificar os farmacêuticos no tratamento
indústria de materiais não biodegradáveis das três viroses que assolaram o País, em
e a existência de condições climáticas favo- 2015/2016.
ráveis, agravadas pelo aquecimento global”, Importante fonte de informações so-
alertou o médico infectologista. bre tudo o que diz respeito a esses vírus e às
Ele acrescentou: “Some-se a esse pano- infecções que eles causam, a SBD-A está in-
rama o modelo de urbanização implantado, teiramente à disposição dos farmacêuticos,
no País, caracterizado pela redução progres- demais profissionais da saúde e população,
siva das áreas verdes das cidades à custa de para lhes oferecer conhecimentos. O CFF
empreendimentos imobiliários situados em conclama os farmacêuticos a se associarem
locais onde não há a menor infraestrutura de à SBD-A. A filiação e a mensalidade são gra-
saneamento básico que os comporte”. tuitas.
INEDITISMO NA MEDICINA - Sobre FONTES DE INFORMAÇÕES PARA
as outras arboviroses, Dr. Artur Timerman FARMACÊUTICOS - A Sociedade Brasilei-
explica que o Brasil viveu, durante o surto ra de Dengue e Arboviroses informa que
dos anos de 2015 e 2016, uma situação pe- desenvolveu um programa de atualização, a
culiar na Medicina, com a ocorrência simul- partir das evidências científicas mais recen-
tânea de três epidemias transmitidas por um tes disponíveis sobre dengue, zika, chikun-
mesmo vetor. Isto é inédito na história da gunya e, também, sobre a febre amarela.
Medicina, segundo ele. “As interações entre “O conteúdo retrata os principais métodos
tais infecções, tanto ocorrendo simultanea- e ações de prevenção baseados nos guias e
mente ou em sequência, correlacionam-se protocolos oficiais das autoridades de saúde,
às consequências, ainda, desconhecidas”, além da experiência dos profissionais envol-
alertou o médico infectologista e presidente vidos”, informa A Sociedade.
da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbo- Acrescenta que, “entre os vários enfo-
viroses. Para o médico, a redução em torno ques, destacam-se a biologia dos vetores, as
de 95% nos casos de dengue, zika e chikun- características das arboviroses de importân-
gunya não significa que essas arboviroses cia para a saúde humana, como diferenciar
estejam inteiramente sob controle. as principais arboviroses, o tratamento ade-
PROFISSIONAIS DA SAÚDE E AS quado e as particularidades destas doenças
ARBOVIROSES - Os surtos cobram dos far- em populações especiais, como crianças,
macêuticos e demais profissionais da saúde gestantes, idosos e pessoas com comorbida-
conhecimentos sobre as doenças e sua cor- des”. A página da SBD-A informa, ainda, que
relação com fatores, como o saneamento foram preparadas cinco videoaulas que tra-
básico, a interação entre infecções concomi- zem conhecimento atualizado aos profissio-
tantes e sequenciais, o espectro de manifes- nais de saúde. Para conhecer os conteúdos,
tações clínicas etc. basta clicar no endereço www.sbd-a.org
Na busca por oferecer aos farmacêuti- CAMPANHA FARMACÊUTICOS
cos mais conhecimentos técnicos e científi- CONTRA O AEDES AEGYPTI - Os farmacêuti-
cos sobre essas doenças, o Conselho Federal cos brasileiros, ressalte-se, já haviam se lança-
de Farmácia (CFF) aproximou-se da Socie- do em atividades de combate às arboviroses,
dade Brasileira de Dengue e Arboviroses em todo o País. Uma forte campanha, nesse
ca de soluções reais para o massa desta doença para zação implantado, no País,
controle e a prevenção con- o ambiente urbano não caracterizado pela redução
tra o Aedes e manter planos deve ser descartado. Não progressiva das áreas ver-
de combates eficientes con- é um cenário promissor. E des das cidades à custa de
tra as ocorrências da febre se torna, ainda, mais preo- empreendimentos imobiliá-
amarela. cupante, se considerarmos rios situados em locais onde
PHARMACIA BRASI- a presença de fatores que não há a menor infraestru-
LEIRA - O vírus da febre dificultam, pelo menos em tura de saneamento básico
amarela sofre mutações? curto prazo, a proposição que os comporte. Por esse
As vacinas que foram apli- de ações para a erradicação motivo, as cidades brasilei-
cadas, nos últimos 15 anos, do Aedes aegypti, que é o ve- ras estão cada vez mais im-
e as que estão sendo ofe- tor no ambiente urbano, e, permeabilizadas. Quando
recidas à população, neste também, a acelerada expan- chove, não há onde a água
momento, contemplam as são da indústria de materiais ser drenada, constituin-
mutações, se é que o vírus é não biodegradáveis e a exis- do-se no drama frequente
mesmo mutante? tência de condições climá- de enchentes (Vasconcelos
ticas favoráveis, agravadas PFC: Febre Amarela. Revista
Dr. Artur Timerman
pelo aquecimento global. da Sociedade Brasileira de
- Não há mutações clinica-
mente relevantes no vírus Some-se a esse pano- Medicina Tropical 36(2):275-
da febre amarela e, por con- rama o modelo de urbani- 293, mar-abr, 2003).
seguinte, as vacinas aplica-
Foto: Vinicius Marinho - Fiocruz
observam-se efeitos no lo- Reações alérgicas, como que, agora, volta a ameaçar
cal da administração do inó- erupções na pele, urticá- a saúde humana, tanto na
culo, tais como dor no local ria e asma, acontecem com África como na América.
de aplicação que ocorre em frequência de um caso para Em nosso Continente, mais
4% dos adultos vacinados, 130 mil a 250 mil vacinados. de 90% dos casos descri-
evento menos frequente Entre 1999 e 2009, ocor- tos, nas décadas de 70 a 90,
em crianças pequenas, com reu anafilaxia na proporção por exemplo, ocorreram, no
duração de um ou dois dias, de 0,023 caso para cem mil Peru, na Bolívia e no Bra-
geralmente de intensidade doses aplicadas. Entre 2007 sil (Vasconcelos PFC: Febre
leve a moderada. Manifesta- e 2012, aconteceram 116 Amarela. Revista da Socieda-
ções sistêmicas, como febre, casos (0,2 caso em 100 mil de Brasileira de Medicina Tro-
dor de cabeça e muscular, vacinados) de doença neu- pical 36(2):275-293, mar-
não são raros, acometendo rológica, principalmente, -abr, 2003).
cerca de 4% dos vacinados quando se tratava de pri- O Brasil é o tercei-
pela primeira vez e menos meira dose e em idosos. Já ro país que mais notifica a
de 2% nas segundas doses. a disseminação do vírus va- febre amarela, nas Améri-
Apesar de muito raros, cinal pelos órgãos, chama- cas (cerca de 19% de todos
podem acontecer eventos da “doença viscerotrópica”, os casos). Esta emergên-
graves. São eles: reações neste mesmo período, ocor- cia tem ocorrido simulta-
alérgicas, doença neuroló- reu em 21 pessoas (0,04 ca- neamente com o incremen-
gica (encefalite, meningite, sos em 100 mil vacinados). to da dispersão do Aedes
doenças autoimunes com PHARMACIA BRA- aegypti e epidemias de ar-
envolvimento do sistema SILEIRA - Que avaliação o boviroses, o que aumenta o
nervoso central e periféri- senhor faz das barreiras sa- risco de reurbanização.
co), doença visceral (infec- nitárias contra a febre ama- No País, todos os anos,
ção pelo vírus vacinal, cau- rela, no Brasil? a FA tem sido diagnosticada.
sando danos semelhantes Dr. Artur Timerman Na década de 1970, o esta-
aos da doença). - Desde os anos 80, com do mais atingido foi Goiás.
No Brasil, entre 2007 maior evidência nos 90, ve- Nos anos 80, lideraram as
e 2012, a ocorrência destes rifica-se a reemergência, estatísticas o Pará e Mato
eventos graves foi de 0,42 isto é, a volta da febre ama- Grosso do Sul. Já nos 90,
caso por 100 mil vacinados. rela, antes já controlada e novamente, o Pará e o Ma-
cas: quadros clínicos que se sequilíbrio ambiental sobre rus. O ano de 2017 pode ser
assemelham e carência de a expansão das arboviroses? considerado como um inter-
recursos diagnósticos, atra- DR. ARTUR TIMER- regno entre grandes epide-
vés de sorologias e provas MAN - Como já anterior- mias, que devem voltar a se
genéticas. As arboviroses mente mencionado, o mode- verificar, nos próximos anos.
impõem aos profissionais lo de urbanização vigente, PHARMACIA BRASI-
da saúde que conheçam, em nossas metrópoles, foi LEIRA - Registros do Insti-
ainda, o fluxograma de aten- absolutamente perfeito... tuto Evandro Chagas mos-
dimento, a priorização do Para os mosquitos. tram que já estão circulando,
atendimento, em épocas PHARMACIA BRA- no território nacional, 210
epidêmica; o desperdício de SILEIRA - Os números de arbovírus. O crescimento
recursos escassos em forma casos de dengue, zika e foi vertiginoso. Há 30 anos,
de prevenção desprovida de eram apenas 95 deles. Pelo
chikungunya que assombra-
maior utilidade. menos 37 desses arbovírus
ram o Brasil e o mundo, em
PHARMACIA BRASI- são capazes de provocar
2016, sofreram uma redu-
LEIRA - A vacina contra a doenças. A febre do Maya-
ção em torno de 95%, em
dengue, tudo faz crer, não ro, a febre do Oropouche e a
2017. Significa que essas
demorará a ser disponibili- encefalite de Saint Louis são
arboviroses estão inteira-
zada à população. O senhor algumas delas. Essas doen-
mente sob controle?
acredita que o esforço em- ças virais transmitidas por
DR. ARTUR TIMER- mosquitos podem ser disse-
pregado em sua produção MAN - De forma alguma. minadas, no País, e, também,
facilitará o desenvolvimento Quando analisamos histo- virar um grave problema de
da pesquisa e da produção ricamente as epidemias das saúde pública?
de vacinas contra a zika e arboviroses, fica evidente
a chikungunya? DR. ARTUR TIMER-
que, no Brasil, todas elas se
MAN - Sem dúvida. Temos o
DR. ARTUR TIMER- iniciam, na região Nordeste,
exemplo recente da infecção
MAN - A vacina contra a e, após períodos entre dois
pelo vírus zika, desconhe-
dengue, atualmente dispo- a quatro anos, se dissemi-
cida, há quatro anos, e que
nível, tem seu emprego res- nam para as regiões Cen-
se revestiu e se revestirá
trito por uma série de ques- tro-Oeste, Sudeste e Sul do
da gravidade de que temos
tionamentos que devem, País. As infecções pelo ví- conhecimento. Todos esses
ainda, ser elucidados. Todo rus zika foram inicialmente vírus apresentam potencial
o campo da vacinologia, en- observadas, em Estados do de se disseminar, em nossas
fatize-se, requer a execução Nordeste (Ceará, Pernam- metrópoles, extrapolando
de estudos de grande porte buco, Paraíba e Rio Grande seus habitats silvestres. São
e prolongados. A disponibi- do Norte), em 2014. fantasmas que nos esprei-
lização de vacinas contra a As epidemias de den- tam e que podem deixar de
zika e a chikungunya é espe- gue e chikungunya seguem ser fantasmas e se tornarem
rada para, pelo menos, daqui se mantendo, sendo as pri- reais, caso mantenhamos
(2017) a cinco anos. meiras de maior ou menor esse modelo de urbanização
PHARMACIA BRASI- magnitude na dependência e saneamento básico vigen-
LEIRA - E o impacto do de- do sorotipo circulante do ví- te, em nosso País.
A vacina contra a zika, desenvolvida pelo rante a gestação. É um dos mais avançados
Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado estudos para a oferta de uma futura vacina
ao Ministério da Saúde, apresentou resul- contra a doença para proteger mulheres e
tado positivo nos testes em camundongos crianças da microcefalia e outras alterações
e macacos. A aplicação de uma única dose neurológicas causadas pelo vírus. Os dados
da vacina preveniu a transmissão da doença foram divulgados no dia 22.09.17, pela revis-
nos animais e o contágio de seus filhotes, du- ta Nature Communications.
Fonte: Comunicação do CFF
Cerca de 2.000 pacien- patias e epilepsias. Também, técnica para orientá-los ade-
tes, no Brasil, estão usando, há as que foram submetidas quadamente, evitando pro-
com a autorização da Justiça, a tratamento pós-trauma- blemas relacionados ao uso
medicamentos à base de ca- tismo craniano e de câncer. do produto e assegurando o
nabinóides, substâncias que Dra. Margarete Kishi desta- melhor resultado possível do
têm como base o princípio ca que os canabinóides têm tratamento”, argumenta a far-
ativo da maconha (Cannabis ação sobre o sistema nervoso macêutica.
sativa). Mas o País precisa central e o uso concomitante Coordenadora do Gru-
ampliar o debate em torno de opióides, como a morfina, po de Trabalho sobre Fito-
do uso do derivado da planta, para controle da dor, muito terapia do Conselho Federal
alerta a farmacêutica Marga- comum no tratamento de al- de Farmácia, Dra. Margare-
rete Kishi, conselheira fede- gumas dessas doenças, exi- te Kishi destaca que o deba-
ral de Farmácia por São Pau- ge cuidado. “É preciso uma te sobre o tema é urgente e
lo. Em novembro de 2017, o adequação da dose e prestar necessário. “Nós temos de
tratamento com canabinói- mais informação ao paciente”, discutir, sim, o uso terapêu-
des foi tema de uma discus- alerta. tico da Cannabis sativa. Não
são levantada, no auditório Margarete Kishi ressal- podemos nos omitir. Vários
Ruy Barbosa da Universidade ta a importância do acompa- países do mundo já regulari-
Presbiteriana Mackenzie, em nhamento farmacoterapêu- zaram o seu uso, a exemplo
São Paulo, durante evento tico. Ela lembra que, como a da Europa e Estados Uni-
promovido pela instituição, dispensação ocorre em pro- dos, onde é utilizada como
com o apoio do Conselho Fe- cesso judicial, muitas vezes, suplemento alimentar. Ou-
deral de Farmácia. o paciente não recebe esse tros países estão a caminho
As pessoas que utilizam acompanhamento. “O farma- da regulamentação do uso
canabinóides geralmente cêutico deve ser inserido no como medicamento, como a
sofrem de dores intensas e atendimento a esses pacien- Colômbia, o Peru e o Brasil”,
têm doenças, como neuro- tes, pois ele tem competência conclui.
Manipulação de antineoplásicos é
privativa do farmacêutico, reitera CFF
O farmacêutico na
suplementação alimentar
CFF vai trabalhar pela ampliação da atuação
do profissional nessa área.
O Conselho Federal de
Farmácia (CFF) está atuan-
do junto à Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (An- Dra. Priscila Dejuste pede proteção
visa) e a outros conselhos à atribuição do farmacêutico na área
da suplementação alimentar.
profissionais na revisão da
regulamentação de toda a
Dr. Carlos Eduardo Rocha Garcia: belecer um novo marco re-
cadeia dos suplementos ali- “Farmacêutico tem vínculo histórico gulatório para o setor.
mentares. Hoje, existem vá- com a área de alimento”.
rias resoluções da agência Os membros do Grupo
que tratam do assunto em ção, comercialização etc.). O de Trabalho do Conselho Fe-
todas as suas etapas (produ- interesse da Anvisa é esta- deral de Farmácia encarrega-
JUDICIALIZAÇÃO: farmacêuticos
embasam decisões de juízes
PHARMACIA BRASI-
LEIRA - Dr. Éverton Borges,
os juízes, em todas as ins- “Como cerca de 80% das demandas
tâncias, estão sensibilizados judiciais envolvem medicamentos, os
para a necessidade de se- farmacêuticos são imprescindíveis
rem subsidiados com infor- para estruturar os núcleos de apoio
mações por farmacêuticos
técnico - NATs.”
em assuntos pertinentes à
aquisição e à dispensação (Dr. Éverton Borges, farmacêutico-bioquímico,
membro do Grupo de Trabalho de Farmacêuticos
de medicamentos no serviço no Sistema de Justiça do CFF).
público?
Dr. Éverton Borges - Em
todas as instâncias, não. Ain- traça diretrizes aos magis- de apoio técnico. O Conse-
da, estamos no início de um trados quanto às demandas lho Federal de Farmácia, por
movimento que pretende judiciais que envolvem a as- meio do seu Grupo de Tra-
alcançar todos os atores do sistência à saúde. No mes- balho de Farmacêuticos no
sistema de Justiça, além dos mo ano, o CNJ publicou Sistema de Justiça, já visitou
magistrados. Temos como a Resolução nº 107, que alguns dos principais NATs
metas sensibilizar os defen- instituiu o Fórum Nacional em funcionamento como,
sores públicos, promotores do Judiciário para Monito- por exemplo, o Núcleo de
e procuradores de Justiça, ramento e Resolução das Assessoria Técnica em Ações
advogados da União, entre Demandas de Assistência de Saúde, que está localizado
outros e, principalmente, os à Saúde – Fórum da Saúde no Tribunal de Justiça do Es-
atores do sistema de saúde, -, que é coordenado por um tado do Rio de Janeiro, onde
os gestores públicos nas três comitê executivo nacional e atuam 29 farmacêuticos,
esferas de Governo. Ou seja, constituído por comitês es- além de outros profissionais
todos os que estão envolvi- taduais. da saúde, que emitem pare-
dos com o fenômeno da judi- O Fórum Nacional do ceres e relatórios técnicos,
cialização da saúde. Judiciário para a Saúde visi- por meio de fontes bibliográ-
tará todos os comitês execu- ficas baseadas em evidências
PHARMACIA BRASI tivos estaduais, com o obje- científicas.
LEIRA - O Judiciário, em to- tivo de apoiar a implantação, Temos, como objetivo,
dos os seus órgãos, deve con- nos Estados e no Distrito identificar todos os farma-
tratar farmacêuticos para Federal, de núcleos de apoio cêuticos que atuam no sis-
prestar informações técni- técnico (NATs). Os NATs se- tema de Justiça, dentro dos
cas e científicas aos juízes, rão formados por especia- NATs ou em outras estrutu-
para que estes julguem as listas e devem subsidiar os ras, para formar uma rede de
demandas dos pacientes magistrados na tomada de farmacêuticos que emitem
com mais embasamento? decisões nas questões rela- relatórios e pareceres técni-
Dr. Éverton Borges - No cionadas ao direito à saúde. cos para o sistema de Justi-
ano de 2010, o Plenário do Como cerca de 80% das ça. Para gerenciar esta rede,
Conselho Nacional de Jus- demandas judiciais envolvem o CFF estará disponibilizan-
tiça (CNJ) aprovou a Re- medicamentos, os farmacêu- do e qualificando o Cebrim
comendação nº 31, de 30 ticos são imprescindíveis (Centro de Informações so-
de março daquele ano, que para estruturar os núcleos bre Medicamentos).
28 dias, num total de seis mento. O problema é que os saúde, e outro modelo para
ciclos) e 42 ampolas. A apre- juízes recebem demandas quem tem acesso limitado e
sentação disponível contém que tratam de urgências/ que é a ampla maioria da po-
100 mg/dose. A totalidade emergências em que cons- pulação. O senhor concorda
de ampolas estava equivoca- ta, no processo judicial, que com essa compreensão? Os
da, o que induziu ao erro nos o caso é passível de óbito, farmacêuticos que atuam
orçamentos. caso o paciente não receba no Judiciário estão contri-
É possível reutilizar a o medicamento ou o serviço buindo para evitar essa de-
sobra reconstituída, em até de saúde, imediatamente. sigualdade e ajudar na equi-
22 horas do seu preparo. É o dilema dos direitos dade do acesso aos serviços
Foi solicitado ao prescritor coletivos versus direitos in- e produtos oferecidos pelo
revisar a prescrição quanto dividuais. Nestes casos, com SUS?
à dose (150 mg/dia) e sobre a possibilidade de óbito do Dr. Éverton Borges -
a possibilidade de adminis- paciente, o juiz certamen- Uma das causas do fenôme-
tração da dose, em cada 22 te irá deferir a solicitação, a no da judicialização pode ser
horas. Mesmo mantendo menos que ele consiga re- compreendida pela amplia-
a dose diária de 150 mg, a ceber informações técnicas ção do acesso da população
possibilidade de uso dentro suficientes e imediatas que à Justiça. Os dados do CNJ
de 22 horas diminuiria as so- garantam alternativas de demonstram que os Estados
bras para descarte (100 mg/ tratamento e mantenham da Federação com a maior
dose) e reduziria o valor do a vida do paciente. Assim, demanda judicial são aque-
tratamento em aproximada- onde não há este apoio téc- les onde a população possui
mente R$ 38.400,00. nico aos magistrados, serão maior acesso à Justiça. E a
concedidos medicamentos tendência é que o acesso
PHARMACIA BRASI ou serviços de saúde de seja cada vez maior.
LEIRA - Estudiosos do altíssimo custo para trata- É importante com-
assunto lembram que os mento de uma única pessoa, preender que um processo
juízes, certamente por des- afetando o orçamento de judicial na área da saúde,
conhecer questões ligadas à secretarias de Saúde que já sempre, se inicia com uma
medicina, ao medicamento, não possuem recursos sufi- prescrição médica, em que
desconsideram o impacto cientes para as demandas da o paciente recebeu a nega-
orçamentário de suas deci- coletividade. tiva de fornecimento na es-
sões, não importando a na- fera administrativa, ou seja,
tureza do ente da Federação PHARMACIA BRASI o medicamento estava em
que terá que fornecer o que LEIRA - A judicialização da falta ou não constava da lista
é pedido pelo paciente. O se- saúde, segundo os mes- da farmácia do Município ou
nhor concorda com os críti- mos estudiosos, pode estar do Estado.
cos da judicialização, de que criando dois modelos de Neste contexto, neces-
falta aos juízes mais embasa- SUS: um, para aqueles que sitamos de duas interven-
mento técnico para julgar as têm como ingressar com ções farmacêuticas: uma, dos
demandas? uma ação no Judiciário e, farmacêuticos do sistema de
Dr. Éverton Borges – assim, conseguir acesso ir- Justiça, fornecendo subsí-
Sim, concordo, e os próprios restrito aos recursos do dios técnicos para correções
juízes, também, entendem poder público para atender e alternativas dentro das
que lhes falta este embasa- as suas necessidades em políticas públicas; outra, dos
Farmacêuticos recém-formados
precisam manter lutas por conquistas
Diretor-tesoureiro do CFF, João Samuel de Morais Meira, diz que novos
farmacêuticos que estão entrando no mercado encontram um cenário
positivo, resultado de muitas lutas que precisam ser mantidas.
conciliação desses medica- 611/ 2014, que regulamen- Aproveitou para citar
mentos é uma importante ta a floralterapia. “Esta nova que o Conselho Federal de
atividade do farmacêutico, realidade profissional tem Farmácia, também, regula-
que vai garantir a segurança um grande alcance social e mentou a atividade profis-
no uso desses produtos”, ex- em saúde, e ajuda a consoli- sional em áreas, como ban-
plica Dr. Samuel Meira. dar a autoridade técnica do cos de leite, de sémen e de
Ele citou, ainda, as farmacêutico”, disse Dr. Sa- sangue de cordão umbilical;
ações de educador em saú- muel Meira. a citogenética humana e a
de praticadas pelo farma- ANÁLISES CLÍNICAS - imunogenética, a biologia
cêutico. Essas ações levam, Professor, durante 31 anos, molecular, as análises toxi-
a título de exemplo, a impor- de Hematologia e Citologia cológicas, entre outras.
tantes mudanças de hábitos Clínicas do Departamento Dr. Samuel Meira reco-
de vida das pessoas e à so- de Ciências Farmacêuticas nheceu que o segmento das
lidificação da política do uso da Universidade Federal da análises clínicas continua
racional de medicamentos. Paraíba, Dr. Samuel Meira enfrentando dificuldades
Para o diretor-tesou- salienta o igual papel social relacionadas à defasagem
reiro do CFF, os farma- dos farmacêuticos que irão nos valores praticados nas
cêuticos recém-formados atuar nas análises clínicas. tabelas de procedimentos.
chegam ao mercado, já en- “O setor está identificado Mas salientou que as dificul-
contram situações muito com o que há de mais mo- dades, se prejudicam, por
favoráveis, como o aparato derno em tecnologia e em um lado, por outro, impul-
legal que facilita o seu exer- pesquisa, e tem conquis- sionam as lutas pelo cresci-
cício profissional. Exemplos tado avanços em todas as mento.
são a regulamentação das direções, como nos diag- Citou como exemplo
atribuições clínicas (Re- nósticos e mesmo no mo- os embates jurídicos, em
solução 585/2013) e da nitoramento terapêutico”, que os farmacêuticos luta-
prescrição farmacêutica explica. Lembra a impor- ram e conquistaram vitórias
(Resolução 586/2013) pelo tância dos exames labora- marcantes, como é o caso
CFF e a instituição da Lei toriais para a confirmação da decisão do Tribunal Re-
13.021/14, que transforma dos diagnósticos pelos mé- gional Federal da Primeira
as farmácias e drogarias em dicos. Região (TRF) da 1ª Região,
unidades de prestação de que ratifica a competência
Os farmacêuticos que se
assistência farmacêutica, do farmacêutico na elabora-
dedicam às análises clínicas,
assistência à saúde e orien- ção de laudos de exames em
de acordo com o diretor do
tação sanitária individual e citopatologia. Sentença do
CFF, vêm especializando-se
coletiva e reitera a obriga- TFR é que, mesmo em casos
em vários segmentos, como
toriedade da presença per- de resultado positivo, não se
a biologia molecular, imu-
manente do farmacêutico trata de diagnóstico ou de
nohematologia, imunocito-
nesses estabelecimentos. ato médico.
química, imunohistoquímica,
Realçou, também, as perfusão sanguínea, hemote- Pelo jornalista Aloísio Brandão, editor.
resoluções do CFF, de nú- rapia, citopatologia, entre ou-
mero 616/2015, que regu- tros, dando mostras de que o
lamenta a saúde estética, e a setor não tem fronteiras.
A promissora carreira de
farmacêutico perito criminal
tear uma vaga na perícia criminal; o que faz e
onde atua o perito, como se encontra o mer-
cado de trabalho na área da perícia, sobre o
processo de modernização permanente pelo
qual vem passando a perícia, por meio da in-
corporação de novas tecnologias e métodos,
entre outras questões.
“Como a carreira de perito criminal é
bem promissora, há, sempre, interesse de
profissionais em se tornarem peritos. Porém
há uma condição: para ser um perito crimi-
nal oficial, o farmacêutico deve submeter-se
a concurso público, única forma de ingresso
no cargo. E, para isso, não tem outra receita,
senão estudar muito”, recomenda o Dr. Er-
landson Uchôa.
Farmacêutico formado pela Universida-
de Federal de Pernambuco (UFPE), Uchoa
especializou-se em Farmacologia do Sistema
Nervoso Central pela Universidade Federal
Dr. Erlandson Uchôa, farmacêutico perito de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, e cursa
criminal e diretor secretário-geral do CFF o doutorado em Saúde Pública na Universi-
dad de Ciencias Empresariales Y Sociales da
Argentina. Acumula uma vasta experiência na
gestão pública, a partir de quando coorde-
nou a assistência farmacêutica do Município
A perícia criminal é uma das áreas de de Boa Vista (RR). Sob a sua coordenação,
atuação do farmacêutico mais bem-suce- o órgão conseguiu que fosse aprovada uma
didas sob diversos pontos de vista. Inclusi- lei municipal regulamentando a inclusão da
ve o da remuneração. É, ao mesmo tempo, assistência no PSF (Programa Saúde da Fa-
uma das que exigem uma superqualificação mília). Dr. Erlandson Uchôa Lacerda é con-
do profissional. O farmacêutico Dr. Erland- selheiro federal de Farmácia por Roraima e
son Uchôa Lacerda, perito criminal da Polí- diretor secretário-geral do Conselho Fede-
cia Civil de Roraima, fala, nesta entrevista à ral de Farmácia.
PHARMACIA BRASILEIRA, sobre como o
farmacêutico pode especializar-se, para plei- Veja a entrevista com Dr. Erlandson Uchôa.
Cuidados farmacêuticos
na obesidade
FARMACÊUTICOS - A obesidade é um
problema para o qual os farmacêuticos têm de-
dicado atenção e empregado os seus serviços.
Os profissionais possuem um vasto conjunto
de serviços e atos a prestar às pessoas aco-
metidas da doença. Educadores em saúde por
excelência, os farmacêuticos podem promover
A prevalência da obesidade, no Brasil, uma reviravolta nessa realidade, promovendo
subiu de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em mudanças nos hábitos de vida do obeso, con-
2016, atingindo quase um em cada cinco bra- trolando o seu problema ou disseminando a
sileiros. A disparada da obesidade, em apenas sua prevenção. O que os profissionais podem
dez anos, fez acender todos os sinais de alerta fazer? Com a palavra, o Dr. Max Viana.
dentro do Ministério da Saúde, responsável
Farmacêutico formado pela Universi-
pela pesquisa que levantou esses números
dade Federal de Alagoas (UFAL), Max Viana
críticos.
tem especialização em Farmacologia Clínica
São dados inéditos, divulgados, no dia pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e
17.04.17, e integram a Pesquisa de Vigilância Extensão (IBPEX), mestrado em Ciências Far-
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças macêuticas e está doutorando-se em Ciên-
Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), cias da Saúde pela mesma UFAL. Atua como
do Ministério, realizada, em todas as capitais professor no Instituto Brasil de Pós-gradua-
do País, num total de 53.210 pessoas maiores ção, Capacitação e Assessoria (I-Bras). É um
de 18 anos. dedicado estudioso - e acumula experiência
Segundo, ainda, a pesquisa, o crescimen- na área - da farmacologia do emagrecimen-
to da obesidade pode ter desencadeado o to, tema de palestras que vem fazendo para
aumento da prevalência de diabetes e hiper- farmacêuticos. Esse contexto abre para o Dr.
tensão. A suspeita faz sentido. O diagnóstico Max Viana as portas para estudos em áreas,
médico de diabetes subiu de 5,5%, em 2006, como a psicofarmacologia e os suplementos
para 8,9%, em 2016. Já o de hipertensão foi alimentares. A PHARMACIA BRASILEIRA
de 22,5%, em 2006, para 25,7%, em 2016. A o entrevistou para saber sobre as ações dos
prevalência de ambas as doenças dá-se em farmacêuticos, com vistas a prevenir e tratar
mulheres. a obesidade. VEJA A ENTREVISTA.
Serviços farmacêuticos
são incluídos na Tabela
de Procedimentos do SUS
A expansão da
fiscalização farmacêutica
Setor cresce em números e em qualidade.
VEJA A ENTREVISTA.
Análises clínicas
e automação
Pelo jornalista Aloísio Brandão,
Dr. Irineu Grinberg, farmacêutico-bioquímico Editor desta revista.
a SBAC. Grinberg falou sobre os impactos sobre as empresas, realidade que as em-
que os processos de automação causam purra para a necessidade de realização de
no setor laboratorial, sobre o nível de en- um número maior de exames, com menos
volvimento dos farmacêuticos brasileiros equipamentos, menos pessoas e menos
com a automação e sobre quando um la- tempo. O que advirá dessa realidade para
boratório deve ou não automatizar-se. os laboratórios e para os farmacêuticos?
Ele discorreu, ainda, sobre o avanço As respostas estão com Grinberg.
das tecnologias e da pressão dos custos VEJA A ENTREVISTA.
implantação da automação
nos laboratórios?
Dr. Irineu Grinberg - “Estas novas especializações são
Chegará o momento em que
laboratórios de portes pe-
importantes, e algumas delas, como a
quenos e médios não pode- biologia molecular, estarão incorporadas a
rão mais suportar o custo do todas as rotinas laboratoriais” (Dr. Irineu Grinberg).
crescimento e da automa-
ção dos serviços, nem mes-
mo a implantação de tecno- para a interpretação dos personalizado, em que as
logias futuras, todas elas às exames, levando-se em con- peculiaridades especiais de
nossas portas. Vai chegar, sideração a observância dos cada cliente possam ser cap-
inexoravelmente, o momen- sinais clínicos dos pacientes. tadas.
to das grandes decisões es- O que o senhor tem a dizer Vale lembrar que quem
tratégicas para todos. Uns já sobre isso? procura o laboratório está
o fizeram, através da criação
Dr. Irineu Grinberg - O doente, pensa que poderá
de redes de associativismo,
contato com o cliente é feito estar ou necessita resolver
terceirizações, fusões e sempre no momento pré-a- uma situação de angústia.
aquisições. nalítico, quando são forne- Por exemplo, um beta HCG
Estas ações diminuem cidas todas as orientações ou exames admissionais
sensivelmente o custo dos e preparo para a realização para um novo emprego ou
serviços, pois é possível tra- dos exames e no momento função.
balhar com qualidade e mui- da coleta de material, quan-
ta quantidade. Não vai haver do coletadores bem treina-
diminuição do número de dos podem avaliar o cliente, PHARMACIA BRASI-
estabelecimentos laborato- realizar algumas perguntas LEIRA - Para muitos, a au-
riais. Isto é impossível, tal é básicas, transmitindo-as aos tomação dos laboratórios
a importância do setor no profissionais do laborató- clínicos só tem prós. A auto-
segmento saúde, mas, com rio que deverão possuir o mação, também, tem contras?
toda a certeza, diminuirá o conhecimento para avaliar Dr. Irineu Grinberg -
número de equipamentos, cada caso. Possivelmente, o que foi,
e a preferência cairá nos de Nem sempre, isto é pos- até agora, discorrido poderá
maior porte, com mais qua- sível. Entretanto o labora- estabelecer um panorama
lidade e resolutividade. Esta tório ideal seria aquele em entre os prós e contras da
é uma tendência a incidir em que as coletas pudessem ser automação. Importante, mais
todo o país, mesmo nos mais realizadas pelos bioquímicos uma vez, citar que todos os
distantes lugares. Prevalece- que, assim, poderiam esta- prós da automação deverão
rão os melhores sistemas de belecer um relacionamento vir acompanhados de um
logística e de tecnologia da de nível muito mais elevado exaustivo acompanhamento
informação. e avançado com os clientes. da qualidade, monitorização
Nossos pacientes, seja em permanente dos equipamen-
PHARMACIA BRASILEI que situação for, jamais po- tos, e de um sistema de TI que
RA - Há observadores do derão ser transformados em acompanhe todo este investi-
setor que afirmam que a au- apenas um simples código de mento, lançando, de imedia-
tomação fez diminuir ou até barras ou algo similar. Esta to, os resultados dos exames
extinguir o contato do ana- é a vantagem dos pequenos em rede, e disponibilizando-
lista clínico com o paciente. laboratórios, que podem rea- -os o mais rápido possível aos
Isso teria trazido prejuízos lizar um atendimento direto, clientes.
ANÁLISES CLÍNICAS
Ciência, tecnologia,
inovação e sustentabilidade
Dra. Lenira da Silva Costa,
Vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia.
grau Grã-Cruz, e anunciou medidas com esse Farmacêutico graduado pela Universi-
objetivo. Uma delas – e mais importante - foi dade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no
o reconhecimento do farmacêutico como in- Paraná, mesma instituição pela qual cursou
tegrante da equipe diretamente responsável o mestrado em Saúde Pública, Valmir de
pelo atendimento aos usuários do SUS. Santi atuou como professor de Epidemiolo-
Serviços farmacêuticos foram inseridos gia, de Políticas de Saúde e Planejamento,
na Tabela de Procedimentos, Medicamentos de Gestão da Assistência Farmacêutica e
e OPM (Órteses, Próteses e Materiais Espe- de Serviços no SUS nos cursos de Farmá-
ciais) do Sistema, antes, denominada Tabela cia, Enfermagem e Medicina da UEPG. Foi
de Procedimentos SAI/SUS. Com isso, os far- Secretário de Saúde do Município de Ponta
macêuticos passam a ser incluídos no grupo Grossa e é um estudioso do sistema público
de profissionais elencados para a realização de de saúde do Brasil e de outros países. É con-
procedimentos de promoção e prevenção em selheiro federal de Farmácia pelo Paraná e
saúde, remunerados pelo Sistema. foi vice-presidente do CFF.
dicamentos vencidos. “Até então, não exis- Ali, estava selada a decisão de criar a Farma-
tiam registros dos quantitativos perdidos biente, sob o slogan “Farmacêuticos em prol
pela falta de gestão e havia total ausência do do meio ambiente”.
profissional farmacêutico, no setor”, lembra. Gizele Leal, nesta entrevista, fala sobre
Não por isto. A dificuldade foi respondida a atuação de sua empresa, aponta os cami-
com a implantação da logística reversa. “To- nhos para a criação de uma firma do gênero,
dos os medicamentos vencidos, nas unida- garante que o gerenciamento de resíduos é
des de saúde do Município, eram devolvidos um mercado promissor para o farmacêuti-
para o abrigo de resíduos, no almoxarifado co, aponta os resíduos coletados e as suas
central. Mas, ainda, não existiam empresas fontes geradoras e avalia a construção da
locais capazes de gerenciar periodicamente logística reversa e as dificuldades para a sua
estes resíduos”, lembra a farmacêutica. implantação.
Até que, em 2010, participou do Em-
pretec (Seminário para Empreendedores). VEJA A ENTREVISTA
PHARMACIA BRASI
LEIRA - Dra. Gizele Leal, o
que faz a sua empresa?
Dra. Gizele Leal - A
Farmabiente é uma empre-
sa constituída por um casal
de farmacêuticos que pos-
sui como missão a proteção
do meio ambiente. Atuamos
em duas linhas. São elas:
consultoria, capacitação e
controladoria em gestão de
serviços de saúde; logística Coletores de resíduos
(coleta, transporte, trata-
mento e destinação final duos, e os rejeitos vão para
de resíduos dos serviços o aterro sanitário.
de saúde). Hoje, só no Mu-
PHARMACIA BRASI
nicípio de Ipatinga (MG),
LEIRA - De que é constituí-
possuímos 130 pontos de
da a Farmabiente, do ponto
coleta de medicamentos ficação, são embalados para
transporte rodoviário, no de vista físico? Qual é a sua
vencidos, distribuídos entre
as farmácias e drogarias. caso de resíduos B - Classe estrutura?
Após a coleta mensal, I. São transportados, trata- Dra. Gizele Leal - A Far-
estes medicamentos são dos, por meio de incinera- mabiente, do ponto de vista
encaminhados para a cen- ção, e as cinzas, destinadas físico, é constituída de re-
tral de triagem, onde são para aterro classe I. Para cepção, administração; se-
classificados, de acordo com resíduos B - Classe II, são tores gerencial, comercial,
as normas de saúde e meio encaminhados para labora- financeiro, técnico, logístico
ambiente. Depois da classi- tório de tratamento de resí- e sanitário F e M, DML (de-
Dra. Gizele Leal - É de- vel o retorno ao fabricante, saltar que a Lei determina
safiante e inovadora, pois como é o caso de pilhas e que, a partir de 3 de agosto
viabiliza e responsabiliza, baterias. de 2014, não será permitido
pela primeira vez, a popu- Já para os medicamen- descartar lixo em vazadou-
lação, que é um importante tos que possuem diversos ros a céu aberto (os lixões).
elo na cadeia de medica- fabricantes e princípios Dra. Gizele Leal - Atri-
mentos. ativos, o ideal seria viabili- buo à diversidade de nosso
zar pontos de coleta para País. O Brasil é composto
PHARMACIA BRASI
tratamento e destinação por Estados completamen-
LEIRA - Acha que o prin-
final descentralizada. Ou te distintos quanto à terri-
cípio da responsabilidade
seja, o usuário ou pacien- torialidade e ao desenvolvi-
compartilhada pelo ciclo de
te devolveria os restos e mento; a falta de estrutura
vida dos produtos que nor-
os medicamentos venci- e de conhecimento e cons-
teia essa política está sendo
dos, nos pontos de coleta ciência; ao investimento
bem absorvida pelas partes inicial alto; à ausência de
(farmácias/ drogarias); os
envolvidas no processo? transportadores ou distri- legislação específica e única.
Dra. Gizele Leal - In- buidores fariam a logísti- No caso da cadeia de medi-
felizmente, não na veloci- ca de coleta, ou arcariam camentos, o gerenciamen-
dade de que precisamos. financeiramente com os to de resíduos é abordado,
Mas acredito que podemos custos, por meio de agen- de forma fragmentada, em
avançar neste quesito. tes logísticos, até a central diferentes normas, o que
PHARMACIA BRASI de triagem e tratamento, e pode dificultar o entendi-
LEIRA - Pode explicar o que os fabricantes e importa- mento pelo profissional.
compete a cada uma das dores cuidariam do trata-
PHARMACIA BRASI
partes? mento e destinação final.
LEIRA - Qual é a destinação
Dra. Gizele Leal - Em Vale ressaltar a impor-
que a sua empresa dá aos
geral, cabe aos fabricantes, tância do setor de pesquisa
resíduos de medicamentos
importadores, distribuido- e desenvolvimento de me-
coletados?
res e comerciantes imple- dicamentos industriais, no
Dra. Gizele Leal - Os
mentar e operacionalizar o sentido de definir a melhor
medicamentos passam pelo
sistema de logística rever- técnica de tratamento des-
setor de triagem e são sepa-
sa, disponibilizar postos de tes possíveis resíduos.
rados, de acordo com o prin-
entrega de resíduos, dar PHARMACIA BRASI cípio ativo em classe I (resí-
destinação ambientalmente LEIRA - A que a senhora duos perigosos) e classe II
adequada, sendo o rejeito atribui a dificuldade (ou (resíduos não- perigosos).
encaminhado para a dispo- indiferença) de parte dos Os resíduos perigosos (clas-
sição final ambientalmente envolvidos com o ciclo de se I) são incinerados e as cin-
adequada. vida dos medicamentos zas geradas, depositadas em
Cabe aos consumido- (indústrias, importadoras, aterro sanitário (classe I). Já
res efetuar a devolução, no farmácias e consumido- os resíduos não-perigosos
posto de coleta, após a uti- res) para cumprir a Política (classe II) são tratados, por
lização. Para alguns itens Nacional de Resíduos Sóli- meio de processos químicos
prioritários para a implanta- dos (PNRS), instituída pela (neutralização, complexa-
ção desta logística, é possí- Lei 12.305/2010? Vale res- ção, precipitação) e desca-
“Ninguém sequer sabia o que significava Uma saraivada de críticas, desconfiança e as-
farmácia clínica, àquela época, no Brasil, a não sombro partiu de todo lado – mas não da UFRN
ser pela leitura de artigos publicados em revis- - contra aquele farmacêutico determinado a por
tas americanas”. A declaração, feita pelo pioneiro em curso uma ideia tida como “infrutífera”, “esta-
e uma das maiores autoridades brasileiras nesse pafúrdia” e “maluca”. Mas pouco se lhe importavam
segmento profissional, Dr. Tarcísio Palhano, tra- as dificuldades. Aquele farmacêutico sabia que iria
duz o ambiente farmacêutico que grassava, no encontrá-las e vencê-las. Mas, também, sabia ma-
País, até o fim dos anos 70, marcado pelo tradi- nejá-las e transformá-las em energia vital, positiva.
cionalismo que as práticas profissionais seguiam O visionário que agia como um Quixote levava o
e que, não diferentemente, eram exercidas, tam- nome de José Aleixo Prates e Silva ou apenas Pro-
bém, em grande parte do mundo. Até que o pro- fessor Aleixo, figura central e definitiva na história
fessor Aleixo Prates, um farmacêutico estrategis- da implantação dessa prática profissional, no País.
ta e visionário (é assim que os amigos o reputam e
ele próprio se autodefine), aparece na cena farma- O professor José Aleixo
Prates, um farmacêutico
cêutica brasileira, na década de 1970, e anuncia a visionário que, também, era
luta em favor da criação de um serviço de farmá- focado na prática e hábil
cia clínica, no Hospital das Clínicas, atual Hospital estrategista, anuncia a
implantação de um serviço de
Universitário Onofre Lopes, da Universidade Fe- farmácia clínica, no Hospital
deral do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal. das Clínicas da UFRN,
Era o primeiro sopro clínico da Farmácia. quando ninguém falava,
ainda, dessa área, no País. Foi
o início de uma verdadeira
aventura que promoveu
mudanças profundas na cena
farmacêutica brasileira.
E não havia mesmo outra maneira de se Importa ressaltar que, passados 38 anos
resumir o que representavam o grupo nata- da implantação do primeiro serviço, a farmá-
lense e a farmácia clínica por cuja implantação cia clínica, ainda, não está definitivamente
eles lutaram, se não adjetivando tudo aquilo consolidada, no Brasil. Mas a vigorosa política
de novo. Afinal, ali, estavam jovens farmacêu- adotada pelo CFF para o setor vem promo-
ticos entregues obstinadamente à ideia de es- vendo uma reviravolta na cabeça dos farma-
treitar a relação entre profissionais e pacien- cêuticos que atuam na área.
tes, por meio de um elo que pouco se falava, Sob a liderança de Dr. Walter Jorge, a
então: os cuidados. Para tanto, era preciso primeira ação desenvolvida pelo CFF, com
aprofundar os conhecimentos de anatomia, vistas a fortalecer as práticas clínicas, foi um
fisiologia, semiologia, patologia, farmacologia forte trabalho de convencimento dos próprios
e terapêutica. Conjunto de ações conside- farmacêuticos e de lideranças profissionais,
radas nobres, os cuidados acenavam, ainda, de professores e coordenadores de cursos de
para possibilidades de realização profissional. Farmácia, de autoridades de todos os poderes
CONSTRUÇÃO PERMANENTE – Qua- e da própria população dos benefícios da far-
se quarenta anos depois, o presidente do mácia clínica. Nesse sentido, o Conselho Fe-
Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge deral de Farmácia realizou eventos históricos.
João, identificou nas práticas clínicas a possi- O primeiro deles foi a “Oficina Sobre
bilidade de se aprofundar os serviços presta- Serviços Farmacêuticos em Farmácias Co-
dos, nas farmácias públicas e particulares, e munitárias”, realizada, em Brasília, em maio de
de se resgatar a autoridade técnica do farma- 2012. Com a oficina, o Conselho quis produ-
cêutico. Dr. Walter Jorge vê, também, impor- zir um pensamento que harmonizasse a opi-
tantes conteúdos social e eticoprofissional nião da maioria acerca dos cuidados clínicos e
nas ações desenvolvidas pelo farmacêutico da prescrição farmacêutica que, naquele ano,
clínico, quer sejam, nas farmácias e drogarias, estava em processo de discussão.
quer nas farmácias públicas e hospitalares.
O evento pôs à mesa, pela primeira vez,
Para ele, é preciso manter, de forma perma-
representantes da academia (professores
nente, o processo de fortalecimento da far-
da área clínica de cursos de Farmácia), de
mácia clínica.
instituições científicas, de sociedades e de
associações farmacêuticas, e de entidades
representativas do comércio farmacêutico
para debater os serviços profissionais, em far-
mácias comunitárias, incluindo a prescrição
farmacêutica. Todos saíram da oficina, com a
certeza de terem conquistado uma vitória.
A BEM-SUCEDIDA ESTRATÉGIA DO
CFF - Mas, antes de levar ao debate a sua po-
lítica de fortalecimento da farmácia clínica, o
CFF uniu a categoria e unificou o seu discurso.
Só assim, foi possível aprovar resoluções, como
as que regulamentam as atribuições clínicas do
farmacêutico e a prescrição farmacêutica.
O presidente do CFF, Walter Jorge João, Dr. Walter Jorge entendia que uma dis-
identificou nas práticas clínicas a possibilidade cussão em torno de temas, como a autoriza-
de se aprofundar os serviços prestados
nas farmácias públicas e particulares, de se ção pelo CFF para o farmacêutico prescrever,
resgatar a autoridade técnica do farmacêutico teria que ser democrática e aberta. Para o
e de se expandir o conteúdo social nos presidente do CFF, as discussões deveriam
serviços profissionais. O CFF criou políticas de
fortalecimento da farmácia clínica. contar com a participação de todas as entida-
No ar
Desde 05 de agosto de 2017,
Dia da Farmácia, farmacêuticos e
população estão ouvindo a “Rádio
News Farma” online. Ela pertence
ao sistema Conselho Federal/con-
selhos regionais de Farmácia (CFF/
CRFs). A emissora é uma fonte de in-
formações em saúde e em Farmácia,
em especial. A rádio funciona 24 ho-
ras por dia e tem uma programação
diversificada, vez que, além de vei- Federal”, “CRF em Foco” e “Agenda cal, é composta de um repertório
cular informações sobre o universo Farmacêutica”, movimentam a “Rá- que contempla 50% de Música Po-
farmacêutico, também, oferece aos dio News Farma”, ao longo de sua pular Brasileira, incluindo Rock na-
ouvintes notícias sobre saúde, po- programação diária. cional; 35% de Pop e Rock interna-
lítica, economia, cultura e esporte, “As matérias jornalísticas cional e 15% de Samba. A produção
além de tocar músicas de qualidade. abordam da regulamentação que de conteúdo é de responsabilidade
CONTEÚDO - Parte dele é rege o exercício profissional e as de uma agência especializada, que
produzida pela equipe de jornalis- diferentes áreas de atuação do atua em parceria com a equipe de
tas do CFF e outra parte, pela agên- farmacêutico até informações vol- comunicação do CFF.
cia contratada. O material está dis- tadas à educação em saúde, tendo COMO OUVIR - A “News
ponível para emissoras de rádios de como referência o conhecimento e Farma” online pode ser acessada
todo o País. Editorias, a exemplo da a capacidade técnica dos farmacêu- pelo link www.newsfarma.org.br.
“Conversa com o Presidente”, além ticos”, explica o presidente do CFF, Pode ser ouvida, também, pelo ce-
de matérias e notas, como o “CFF Walter Jorge João. lular, por meio de aplicativo para
em Ação”, “Boletim do Conselheiro Quanto à programação musi- Android e iOS.
Um programa de TV de
farmacêuticos para a sociedade
O programa de TV “Farmacêutico + Saúde”, lan- A solenidade de lançamento do programa contou
çado, no dia 29 de setembro de 2017, pelo Conselho com a participação de Gustavo Audi, responsável pelas
Federal de Farmácia (CFF) e produzido em parceria relações institucionais do “Canal Saúde”, representando
com o Conselho Regional de Farmácia do Paraná a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade. “O conselho
(CRF-PR), com o apoio dos demais CRFs, é mais um está de parabéns, pela produção do programa. Quero
avanço na comunicação voltada para farmacêuticos agradecer, por vocês terem escolhido o ‘Canal Saúde’
e sua relação com a sociedade. Destinado ao público para veicular o conteúdo. Esta parceria, para nós, é a
adulto de todas as classes sociais, o programa bus- comprovação do papel do Canal em âmbito nacional”,
ca divulgar o alcance e a importância da atuação do explicou Gustavo Audi.
profissional na saúde pública. “É um programa que Idealizador do projeto, o então presidente do
tem o farmacêutico como principal fonte de informa- CRF-PR, Arnaldo Zubioli, destacou a pertinência e a
ção, feito pelos Conselhos de Farmácia para a socie- importância da iniciativa. “Numa época de mídias, a co-
dade”, declarou o presidente do CFF, Walter da Silva municação é essencial. Sem ela, nós não falamos com
Jorge João. a sociedade”, realçou Zubioli em discurso proferido no
Ele está disponível às emissoras de TV que se inte- lançamento do programa, na sede do CFF, em Brasília.
ressarem em veiculá-lo. O programa já está sendo exibi- O programa de TV era inicialmente um projeto do
do pelo “Canal do CFF no Youtube”, por meio de parceria CRF-PR. Mas, por intermédio do conselheiro federal
com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Vai ao ar, às de Farmácia pelo Estado do Paraná e então vice-presi-
terças e quintas feiras, às 13, 16h30 e 19 horas. Com dente do CFF, Valmir de Santi, o plenário do Conselho
duração de dez minutos e com dois espaços para inter- Federal aprovou a sua incorporação. “Esse programa é
valo, tem uma linguagem acessível e aborda temas de um espaço para que o farmacêutico possa repassar à so-
interesse público, procurando repassar principalmente ciedade informações baseadas em evidências às quais
informações sobre o uso correto, seguro e racional de as pessoas não conseguem ter acesso com regularidade
medicamentos. nos meios de comunicação”, comentou Valmir de Santi.
TERAPIA FLORAL:
uma compreensão
holística do paciente
e do tratamento
Dra. Valéria Ota
Mais de noventa anos depois de o médico a medicina ortodoxa, mas é a explicação que es-
britânico Edward Bach descobrir as proprieda- tudiosos da terapia têm para apresentar: florais
des curativas de flores silvestres da região de são compostos energéticos e os seus princípios
Gales, na Grã-Bretanha, das quais extraiu as 38 ativos não eletromagnéticos e não químicos.
infusões naturais que compõem o que se deno- Atuam nas emoções.
mina Florais de Bach, a terapia floral continua Por que, então, a terapia floral expande-se
suscitando dúvidas e questionamentos do tipo tanto? Por que os florais, estando no centro de
“florais são placebos?”, ou “como é possível a desconfianças e de discussões, e não merecen-
cura de doenças por meio de essências florais?”. do (ainda) a devida atenção da ciência, ganham
Afinal, o que são essências florais? De uma coi- milhões de adeptos, no mundo inteiro, a cada
sa, os especialistas têm certeza: não são alopa- ano; expande-se como um mercado e conquis-
tia, nem homeopatia, nem fitoterapia. Então, ta a confiança de profissionais da saúde, como
por que e como curam? A resposta pode dar médicos e farmacêuticos? Aliás, médicos que
um nó na cabeça de quem segue estritamente prescrevem florais ou outras terapias alternati-
vas já não são mais incluídos em martirológios, ro, total) do homem, em contraposição à frag-
como em outros tempos. mentação como ele é visto, hoje, pela terapia
Há várias respostas para as perguntas, convencional.
segundo os estudiosos do assunto. Uma delas A base filosófica holística é fundamental
está no que eles identificam como o esgota- no contexto da terapia floral e tem inspiração
mento da terapia convencional e instituciona- milenar, ainda, em Hipócrates (460 a.C. a 370
lizada. Em um primoroso artigo intitulado “A a.C.), o médico e filósofo grego para quem a
integralidade da terapia floral e a viabilidade medicina não deve isolar uma parte do corpo e
de sua inserção no Sistema Único de Saúde” - desconsiderar o resto. Mas os séculos trouxe-
publicado em “O Mundo da Saúde”, São Paulo: ram outras influências para a medicina, basea-
2010;34(1):57-64 -, os autores Luciana Cohen da, por exemplo, nas ideias do filósofo e mate-
Persiano Neves, Lucilda Selli (in memorian) e mático francês René Descartes (1596 a 1650).
Roque Junges trazem a seguinte argumenta- Segundo Descartes, ao se entender cada uma
ção sobre o crescimento das terapias não-con- das partes, entende-se o todo.
vencionais: “Certamente, este fato aponta para O Pe. Fernando Rizzardo, em artigo, pon-
uma crise das terapias usadas pela medicina tifica que estamos entrando numa nova era na
oficial e cientificamente reconhecida”. qual somos todos convocados para a inteireza.
Os autores citam, ainda, fatores paralelos “O ser mutilado, fragmentado na mente, no co-
para o crescimento das terapias alternativas: “A ração e no existir, será removido para o museu
gradativa tecnificação do exercício da Medici- do ontem. Apenas os inteiros estarão prepa-
na afasta o profissional do paciente, devido ao rados para os novos desafios”, afirma. Importa
encarecimento e à mecanização das terapias, salientar que, embora remeta ao contexto da
enquanto as terapias naturais, por sua vez, ca- fé, o artigo de Rizzardo apropria-se, também, à
racterizam-se pelo uso de meios menos onero- visão das terapias alternativas naquilo que elas
sos, fundados numa visão integral da saúde e, buscam de holismo.
principalmente, por métodos não invasivos e O religioso critica o racionalismo cientí-
tóxicos”. fico, “que basicamente define o ser humano
O MERCADO - Para que o leitor tenha como um animal racional”. Para ele, “o ser hu-
uma ideia, há uma estimativa de que 4 milhões mano é mais do que razão. Ele tem dimensões
de brasileiros busquem alguma terapia alter- simbólicas, míticas, amorosas. Ele é um ser ca-
nativa. Segundo a Associação Brasileira de paz de amar, de criar mitos, simbolizações etc.
Medicina Complementar, há cerca de 50.000 que também compõem o ser humano”. Para
terapeutas alternativos em atividade, no País. Rizzardo, não cabe fragmentação. O seu artigo
A expansão desse mercado é da ordem de 20% foi publicado no “Blog da Fé” e leva o título de
ao ano, no mundo inteiro. “Compreender o ser humano como um todo”.
O mercado movimenta, no Brasil, por ano, BACH, O CRIADOR - Foi Edward Bach
aproximadamente 500 milhões de dólares, quem sacramentou a filosofia holística na te-
montante que, de acordo com os observado- rapia que ele próprio criou. O médico britânico
res, é pequeno, se comparado ao dos Estados desenvolveu e adotou duas ideias fundamen-
Unidos. Naquele País, cerca de 60 milhões de tais na medicina que exerceu. São elas: com-
pessoas são adeptas das terapias alternativas, bater a doença em suas causas e não em seus
animando o mercado com 30 bilhões de dólares. efeitos, e curar sem agredir.
VISÃO INTEGRAL - O avanço da terapia Para Bach, o que se conhece como doen-
floral tem uma forte sustentação filosófica nu- ça “é o último resultado produzido no corpo, o
trida pela busca de uma compreensão holística produto final de forças profundas e duradou-
(o termo vem do grego holos, que significa intei- ras”. Dizia que a doença não é material, mas
possam angariar cada vez mais o respeito e o normas das boas práticas de manipulação, se-
reconhecimento por parte da sociedade é uma gundo a RDC 67, de 2007. Vale ressaltar que
forma de o Plenário do Conselho contribuir manipulação de florais não é um ato exclusivo
com uma visibilidade cada vez maior de nossa do farmacêutico. Ota explica, ainda, a produ-
profissão”, disse Walter Jorge João. ção, a ação e a eficácia dos florais.
ENTREVISTA - A revista PHARMACIA Formada em Farmácia pela UFMS (Uni-
BRASILEIRA entrevistou a farmacêutica Valé- versidade Federal do Mato Grosso Do Sul), a
ria Ota de Amorim. Ela fala sobre florais ver- Dra. Valéria Ota é especialista em Homeopa-
sus ciência, comenta o avanço inquestionável tia e integra o Grupo de Trabalho em Medicina
da terapia floral, no Brasil, e discorre sobre sua Tradicional Chinesa e Acupuntura do CFF. É,
base filosófica e sobre a importância de os flo- também, farmacêutica responsável e proprie-
rais serem manipulados, nas farmácias, devido tária da Farmácia Florallys, em São Paulo. VEJA
ao fato de estes estabelecimentos seguirem as A ENTREVISTA.
o reconhecimento mais am- postas à luz do sol, por algumas mitir o restabelecimento do
plo da Terapia Floral. Mas, no horas, para que o calor facilite o equilíbrio e da paz interior.
Brasil, tem-se realizado gran- processo de transferência para
des avanços de protocolos a água do seu potencial vibra- PHARMACIA BRASILEI-
nas universidades, centros de cional. A água fica impregnada RA - Como são preparados os
saúde, ambulatórios e ONGs da “virtude” da planta, uma in- florais?
em pesquisas e experimentos formação específica. Este é o Dra. Valéria - Na farmá-
junto a pacientes humanos, método solar. Flores que apa- cia, o floral pode ser preparado
animais e vegetais. recem, em dias chuvosos ou em formulações ou uma única
nublados, são preparadas pelo flor, em frasco de 30ml, con-
PHARMACIA BRASILEI- método da fervura (boiling). tendo duas gotas da solução-
RA - O que impede a ciência Esta água que contém a infor- -estoque. Caso seja o Rescue
de buscar esse caminho? mação é filtrada e armazenada, remedy®, serão quatro gotas,
Dra. Valéria Ota - A par- adequadamente, após acres- em veículo brandy de 30%
tir deste século, as terapêuti- centar o brandy (conhaque de (conhaque de uva), ou, ainda,
cas que olham o ser humano uva) como conservante. A par- em glicerina vegetal diluída
como um todo estão sendo re- tir desta solução, serão prepa- ou vinagre de maçã diluído.
visitadas, estão em evidência radas as soluções-estoque a Devem-se tomar quatro gotas
e haverá necessidade de ven- serem comercializadas. sublinguais, quatro vezes ao
cermos os paradigmas. Isto é, dia ou conforme a prescrição
os modelos aplicados aos ex- PHARMACIA BRASILEI- solicitada.
perimentos não poderão ba- RA - Embora não sejam atos
sear-se no modelo tradicional exclusivos do farmacêutico, a PHARMACIA BRASILEI-
de dose/resposta, visto que, manipulação e dispensação de RA - Qual é o seu mecanismo
neste âmbito, temos impor- florais devem ser realizadas, na de ação?
tantes variáveis e peculiarida- farmácia, pelo farmacêutico? Dra. Valéria Ota - Segun-
des próprias do sistema. Por que? do Gurudas, o caminho espe-
Dra. Valéria Ota - A cífico depende sobretudo do
PHARMACIA BRASILEI manipulação dos florais não tipo de essência administrada
RA - Os florais são submetidos é um ato exclusivo do far- e do temperamento/persona-
a controle sanitário? Como ele macêutico, pois não há uma lidade da pessoa. Mas é, a par-
é feito, já que as essências flo- regulação específica. O que tir dos meridianos (Medicina
rais não constituem produtos ressalto é que a manipulação Tradicional Chinesa) e cha-
submetidos ao regime da Vigi- realizada, na farmácia, segue kras, que as propriedades te-
lância Sanitária? as normas das boas práticas rapêuticas das essências, real-
Dra. Valéria Ota - Os pro- de manipulação, segundo a mente, alcançam os diversos
dutos florais não são objeto de RDC 67, de 2007, que es- corpos sutis. Nestes locais, os
registro sanitário, no Brasil. tabelece que toda a infraes- preparados vibracionais são
Portanto, não passam pela re- trutura laboratorial, matéria amplificados e processados/
gulação da Anvisa. O método prima, insumos e pessoal es- retransmitidos para o sistema
de preparação dos florais é tão preparados para execu- celular do corpo físico e áreas
simples: colher nas primeiras tar a técnica com a qualidade correspondentes à faixa e fre-
horas da manhã algumas flo- requerida para o produto quência vibracional do floral
res da mesma espécie, deixan- floral. Entretanto, o próprio ministrado, corrigindo o pa-
do-as em uma vasilha de vidro Dr. Bach citava que a terapia drão disfuncional.
com água pura da fonte. floral serve ao autoconhe-
Na Inglaterra, as flores cimento e, portanto, quem PHARMACIA BRASILEI-
colhidas de plantas que flores- desejar, deve preparar seu RA - Críticos dos florais argu-
cem em dias claros ficam ex- próprio floral e, assim, per- mentam que essa terapia age
ser humano, como ela recupe- Este foi o cerne da pesquisa nestes tempos modernos ob-
ra e reequilibra a força vital do do Dr. Bach. Disse ele: “Todas servamos busca desenfreada
ser humano. Portanto, o místi- as essências florais são puras por produtos que divulga-
co não deve atrapalhar ou se e inofensivas. Não se deve te- dos na mídia ditam regras de
interpor, quando o propósito mer dar demais, ou diversas equilíbrio perfeito; resumin-
é o equilíbrio de forma sutil e vezes, apesar de que a menor do o floral a apenas um olhar
duradoura. É claro que tudo o das quantidades já é suficien- tradicional: apenas na doen-
que é excessivo não constrói e, te para agir. E nenhum floral ça, tudo que o Dr. Bach, não
sim, desequilibra as partes. causa danos, mesmo quando preconizava.
o que se está tomando não é
PHARMACIA BRASILEI o mais indicado para o caso”. PHARMACIA BRASILEI
RA - A terapia floral é mais RA - A senhora é proprietária
eficaz no tratamento de que PHARMACIA BRASILEI de uma farmácia homeopá-
doenças? RA - Qualquer pessoa pode tica, em São Paulo, onde ma-
Dra. Valéria Ota - Os fazer uso dos florais? nipula, dispensa e prescreve
desequilíbrios emocionais e Dra. Valéria Ota - Sim, florais. Fale sobre as suas ex-
mentais são harmonizados qualquer pessoa pode usar periências clínicas envolven-
com uma rapidez incrível, mas, florais, seja bebê, criança, do essa terapia.
em muitas outras situações, adolescente, idoso, mulher na Dra. Valéria Ota - Mi-
podem ser usados com suces- menopausa, assim como os nha experiência na Farmácia
so, como nas emergências, ao animais de pequeno e grande Florallys com a terapia floral
falar em público, em medos es- portes. E, ainda, as plantas se ocorre mais no campo das
pecíficos, síndrome do pânico beneficiam do uso dos florais. situações emergenciais, com
etc. Tudo depende do olhar do mães e bebês na primeira
profissional que a prescreve. PHARMACIA BRASILEI fase da vida, na adolescência
RA - Como não exige prescri- e em situações de desalento
PHARMACIA BRASILEI ção médica, existe o perigo de e tristeza, no medo e na preo-
RA - Os florais podem apre- se desenvolver a cultura da cupação excessiva. Enfim, nas
sentar reações adversas, inde- automedicação de florais? situações do homem e da mu-
sejáveis? Eles interagem com Dra. Valéria Ota - Acre- lher modernos que tentam
medicamentos e alimentos? dito que a procura pelo floral equilibrar todas as sobrecar-
Dra. Valéria Ota - É im- torna o paciente autocons- gas do dia-a-dia e manter cor-
provável que duas gotas di- ciente do que deseja cons- po e mente sãos, o que é, nos
luídas em água possam cau- truir para seu corpo e mente, dias de hoje, uma luta cons-
sar qualquer reação adversa. se nesta jornada ele se consi- tante e dinâmica.
As flores das quais os florais dera preparado poderia esco- Situações mais crônicas
são feitos são completamen- lher o seu floral, porém vale que exijam uma visão clínica
te inofensivas e não toxicas. ressaltar que muitas vezes mais dedicada são encami-
nhadas aos profissionais que
conheço e atuam com maes-
“O misticismo está fora da terapia floral. tria. É importante reconhecer
Ele está associado às pessoas que possam o seu espaço, onde você pode
estar envolvidas com os florais, mas para atuar e onde está o limite em
os profissionais de saúde, como eu, o que que você deve compartilhar
com outros profissionais, pois
importa é a base conceitual da terapia, o objetivo, sempre, é integrar
como ela olha o ser humano, como ela este paciente dentro de um
recupera e reequilibra a sua força vital.” recurso terapêutico que re-
(Dra. Valéria Ota) sulte em sucesso.
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