Professional Documents
Culture Documents
2º Teste
Prof. Pedro Barbosa
Hassânitas: gira em torno dos filhos de Hassan, o primeiro filho. Este grupo dá
origem à linha do Emirato Zaidita de Taibadistan. Em Marrocos surgiram as dinastias
ushrifinas, que reivindicam uma descendência com Hassan; e a estes juntam-se os sharifes
de Meca.
Adab:
Uma koiné é uma comunidade intercultural unida por uma linguagem comum. Assenta
numa língua comum e em alguns princípios comuns de forma de pensamento. Isto
acontece pela primeira vez no período helenístico. Também os árabes tinham uma
comunidade assim, mas a koiné abássida tem um código civilizacional comum, que
assenta na centralidade do alcorão, num racionalismo e numa expressão urbana de grande
alcance. O essencial da koiné são as cidades, e a explosão do mundo urbano dá-se com o
mundo abássida.
Processo de orientalização:
Cidades:
O Islão abássida é sobretudo uma rede de cidades, mas isto não é novo, porque o
mundo helenístico já era uma rede de cidades. Alexandre fundou uma série de cidades,
tal como os seus generais e os seus sucessores. Além disso, o próprio Império Romano
também é construído e pensado como uma rede de cidades. A própria perceção do Império
era uma perceção das cidades. Isso condiciona a forma de pensar o território, que é
contrastante com as populações não romanizadas. Isto vai influenciar o mundo islâmico
e a koiné abássida.
Não há Islão sem cidades, isto é, é uma religião de cidades. Isto é uma inversão,
isto porque antes era uma religião das rotas caravaneiras e mais tarde, no período omíada,
há uma adesão urbana muito restrita. O período abássida consagra a formação de cidades.
A dinastia começa com a edificação de Bagdad, que é um projeto ideológico altamente
representativo, porque o plano circular que demonstra a centralidade do império. Aqui
recusa-se o plano octogonal das cidades helenísticas e coloca-se um plano circular, sendo
isto um modelo persa. Isto demostra o grau de sofisticação da corte abássida, o que
contrasta violentamente com o profeta montado num burro, e com as mesquitas de cana
no tempo dos primeiros califas.
Língua:
A koiné abássida não significa que se tenha deixado de falar outras línguas. O árabe
era falado na corte, e além deste havia também outras línguas faladas entre o povo no
quotidiano. Isto para não falar da liturgia, que era falada em latim. Também se falava
grego. Na koiné há uma língua dominante mas que não destrói as outras línguas dentro
das comunidades.
Escravatura:
Produção têxtil:
O qanat é uma forma de fazer oásis, é uma forma de captar e conduzir águas, que vai
buscar água a um poço no cimo de um desnível. Depois escava-se um canal subterrâneo
acessível a partir do nível do solo por uma sequência de poços que servem para arejar e
para limpar o canal artificial. Um qanat é um aqueduto subterrâneo com manutenção
coletiva, que pode ser feita por uma estrutura tribal, sendo que são quase sempre os
jovens, as crianças, quem limpa os poços. No termo disto está uma bacia de retenção, que
normalmente já é à superfície ou quase, que depois abastece bacias de barro. Isto permite
abastecer as terras, sendo que o controlo do dispositivo é coletivo, mas as parcelas são
individuais. Isto era controlado por uma régua de metal, que para além de controlar a
circulação, controlava a própria grandeza do caudal. Mas por trás disto era sempre preciso
existir comunidades muito organizadas, com uma gestão partilhada das infraestruturas
mas com uma gestão individual da terra. Era isto que permitia a agricultura oasiana, sendo
que estes modelos de agricultura estão conotados com regiões com uma autonomia
política crescente, no nordeste iraniano, na zona de Far.
Exportação:
Seda:
A montante estão as coisas que têm a ver com a produção agrícola ou pecuária,
mas em outras regiões há a produção de plantas tintureiras. É uma produção agrícola
especializada mas também com alguns pigmentos que estão ligados à pesca.
Camelos:
Madeira:
Trigo:
Arroz:
Um outro cereal que é o arroz, que é bastante menos importante no Mediterrâneo, mas
que vai ter uma importância renovada no período abássida. Este era cultivado mais ou
menos nas mesmas regiões, que incluía o Al-Andaluz. Isto é sempre nas áreas da
agricultura irrigada.
Tâmaras:
Açúcar:
Uma coisa que diz bastante respeito aos portugueses, é o açúcar. Esta também está
em Fars, no vale do Nilo, Vale do Nilo, Sicília e sul da Península Ibérica. Falta aqui depois
o elo do século XV, que é o arquipélago da Madeira. É um produto que se democratiza
também, é um produto de luxo com as especiarias, mas que se democratiza, entrando de
forma muito acentuada com a culinária.
Vizires persas – Walis:
Essa dissociação de poderes é sempre feito por vizires de fação persa, os Buwayhids,
e é isso que permite que no século X possa aparecer num território dinástico da família
de vizires, apesar de isso ser parte do califado de Bagdad. Este desdobramento de
instituições da administração central acontece nas regiões da Mesopotâmia e do Irão,
sendo que isto é o contrário ao que acontece nas províncias, que eram personagens de
administração central periférica (ou provincial).
Vão começar a surgir Emiratos que se situam nas antigas províncias que se forem
autonomizando, por isso no século IX há dois Emiratos no extremo ocidente (o Omíada
em Córdova e o Idríssida em Fez), no Mediterrâneo central há um Emirato em Qairawan,
dominado pela dinastia Aqhuabida. Estes são muito importantes para a história do
Mediterrâneo e da Europa, porque são eles que vão fazer a conquista da Sicília e da Itália
Meridional.
Al-Andaluz:
Este território teve um wali, um governador, até 756, começando depois a ter um
emir, que apesar de ter um título de realeza e de ter uma independência administrativa e
fiscal, continuava a reconhecer a autoridade religiosa do califa. Assim, nos emiratos,
apesar de se reconhecer a autoridade religiosa dos califas, há sempre uma independência
administrativa e frequentemente também fiscal, não havendo geralmente nenhum tributo
anual prestado ao califa.
Fatímidas:
Os fatimidas vão governar no entanto sobre províncias que são quase na totalidade
sunita, eles conseguem triunfar politicamente numa área de total afirmação do sunismo,
e isso permite compreender a dominação fatimida como uma dominação tolerante que
não impõe o xiismo com um programa de conversão, o que não exclui a afirmação da
Madraça de al-Azhan. Esta é normalmente referenciada como a universidade mais antiga
do mundo islâmico, sendo inicialmente um centro de propaganda xiita criado pelos
fatimidas. É um dos grandes centros de produção cultural do mundo islâmico, mas depois
do fim do califado fatimida, houve uma conversão desta madraça para o sunismo.
Essa presença turca pode-se dizer que se faz inicialmente através de uma dimensão
que é militar, sendo que a partir do século IX, os turcos, que tinham estado sempre fora
do Islão até aí, constituem para as terras centrais do Islão o principal foco de recrutamento
militar, isto é, de mercenários. Isto está associado na origem à decadência do djunt como
forma de organização do exército, e à decadência dos processos de recrutamento de base
tribal, que entrou em colapso no momento em que a sociedade árabe se urbaniza, o que
acontece ao longo do século IX.
Al-Andaluz
A conquista da Península Ibérica só é possível porque é a evolução natural da
conquista do norte de África, estendendo-se depois para norte, só sendo parada em
Poitiers. O Andaluz vai ser a última província muçulmana e o Império Muçulmano vai
manter as estruturas administrativas da Antiguidade Tardia e as elites dessa província,
sendo que elas vão ser intermediários entre o poder central e a população.
Córdova é escolhida como capital porque era mais a sul e tinha sido um centro na
Bética, o que permitia uma defesa mais simples do estreito de Gibraltar. Nesta altura
também não era certo que os conquistadores permanecessem no território, mas é certo
que este domínio durará até 1492. Esta é então a última província a ser conquistada e será
também, em 756, a primeira província a independentizar-se do califa abássida de Bagdad.
É a Revolução Abássida que determina a história desta região porque o último da linha
dos Omíadas, que primeiro se refugiou no norte de África, a partir de 755 alia-se a uma
das fações militares existentes no Al-Andaluz e inicia-se assim o Emirato Omíada de
Córdova.
Este território, ainda que seja independente do Império Abássida, vai continuar
nominalmente a ter a tutela abássida. Alguns autores dizem que o nome do califa abássida
é pronunciado nas mesquitas até à existência do califado autónomo, mas alguns autores
dizem que isto durará apenas dois anos depois da independentização.
O primeiro emir reinou trinta e três anos, e teve como principais preocupações
a estabilização das fronteiras a norte, bem como estabilizar as várias fações
árabes e berberes. Podemos questionar por que razão os abássidas nunca
tentam uma ação contro os Omíadas em Córdova, mas isto deve-se ao facto
de a Península ser muito longínqua e ser caro ataca-la. Uma das principais
ações deste primeiro emir é a construção da Mesquita-catedral de Córdova,
que vai ser mantida assim mesmo após a conquista cristã.
Ele foi sucedido pelo terceiro emir, Al-Raqam I, que terá de lidar com várias
revoltas em Toledo e também com conflitos nas marcas com o mundo cristão.
Terá também de lidar com revoltas em Córdova que lutavam contra impostos
considerados ilegais pelo Islão. É também nesta altura que se vão começar a
fortalecer as elites locais e que vão tornar os seus cargos dinásticos. Também
neste reinado começam a ser seguidos em Córdova personagens vindos da
corte de Bagdad, o que provoca uma orientalização da corte. É também aqui
que é feito pela primeira vez um juramento de aliança pelos filhos do emir, e
foi ele um dos principais introdutores do cerimonial de corte no Al-Andaluz,
sendo o primeiro emir Omíada a usar a pompa digna de uma sucessão
dinástica. Ao mesmo tempo ele faz uma série de reformas administrativas que
se vão basear no modelo abássida.
Ele contrata também para a sua corte vários letrados e entra a figura de
Ziriago, um músico proveniente de Bagdad e abandonou essa cidade devido
às invejas do seu próprio mestre, tendo sido uma das principais figuras no
século IX no Al-Andaluz. Entre as inovações que traz do mundo abássida, ele
introduz diferentes estilos de roupa de acordo com as estações, ele inventa
também um desodorizante anti manchas, passando assim as suas inovações
também pelo higiene. Outra das suas inovações é também o corte do cabelo e
uma cozinha mais requintada própria das cortes mais desenvolvidas,
introduzindo alimentos como os espargos. Representa também um papel mais
cerimonial na corte, sendo considerado um mestre da etiqueta. Estas
inovações, além de beneficiar o Al-Andaluz, começa a fazê-lo uma unidade
única vista isoladamente do resto do mundo islâmico.
O quarto emir vai ser o seu filho Muhamed I, que reina durante apenas três
anos e é a partir daqui que vai começar a existir uma desestabilização. Isto
porque o número de muçulmanos vai aumentar muito, o que coloca em causa
a existência dos impostos. Por isso são cobrados impostos ilegais e vai haver
muitas contestações. Além disso as elites locais vão começar a revoltar-se e
vai-se também notar uma encastelação da Península Ibérica. Um dos
principais rebeldes fortifica-se numa zona perto de Córdova, numa zona
bastante montanhosa, e por estar muito perto da capital era bastante perigoso
para o poder central.
Apesar de ter este caráter de protetor do Islão, revela-se pouco popular junto da
população devido à cobrança de impostos, porque mantém os impostos ilegais e continua
a contratar massivamente soldados berberes. Em 1002 o seu filho mantém a sua política,
mas com a morte deste, o seu irmão vai provocar a desagregação da península no seu
reinado de apenas um ano.
Ele comete o erro, consegue que o califa nomeie o seu sucessor califal. Apesar de
o califa ser apenas uma figura nominal, vai colocar em causa o edifício ideológico do
califado. A unidade desintegra-se finalmente quando Sanchuelo se vira para o norte. Entre
1008 e 1031 vão suceder-se bastantes califas. As duas cidades palatinas vão ser saqueadas
e destruídas durante esta altura, quer pela população, quer por mercenários berberes.
Agora surgem os reinos das taifas, pequenas construções que pretendiam reduzir
a sociedade de corte nas suas próprias cortes. Para isso vão proclamar-se como mordomos
de um califa há muito desaparecido, sendo esta uma forma de legitimar o poder. Apesar
desta divisão política, há um grande florescimento cultural. Por exemplo, Sevilha chegou
mesmo a ter um monarca poeta. Outra das taifas importantes era Granada, coordenada
por uma dinastia berbere, sendo que um dos seus soberanos acaba mesmo por escrever as
suas memórias.
Estas taifas pagavam um tributo aos reinos cristãos do norte, o que era prelúdio
para o domínio cristão da Península Ibérica, sendo que as fronteiras dos reinos cristãos
vão progressivamente descendo mais para sul. É neste contexto de desagregação política
do Al-Andaluz que em 1085 Afonso VI toma Toledo e a dinastia almorávida berbere entra
na Península Ibérica, e em 1086 eles derrotam as tropas de Afonso VI, que foge para
Toledo. Esta cidade marca um acontecimento para a reconquista cristã porque nunca mais
voltará para as mãos muçulmanas.
Ao princípio esta nova dinastia é bem vista pela população, porque não cobrava
os impostos ilegais, o que era bastante fácil para uma dinastia com uma economia de
saque e que controlava rotas comerciais, e não tinha soldados mercenários. Contudo, esta
economia de expansão dura apenas dois reinados e vai começar a ter uma posição
defensiva tanto na Península Ibérica, como no norte de África, sendo que nesta altura
surge outra dinastia berbere, os Almóadas, que conquista a capital no norte de África em
1147. A dinastia almorávida acaba também por se desagregar.
Em 1185, o terceiro califa almóada ainda consegue vencer Castela, mas em 1212,
com o quarto califa eles perdem uma batalha e acabam por se desagregar, o que leva a
uma terceira época de taifas na década de trinta deste século. Isto leva à conquista de
Córdova e de Sevilha, ficando apenas o reino de Granada na Península Ibérica,
sobrevivendo até 1492, acabando a terceira época de taifas.
Este reino apenas sobrevive porque se vai tornar vassalo de Fernando III de
Castela. Questionamos porque é que os reinos cristãos não fizeram logo desaparecer o
reino muçulmano de Granada, mas a resposta reside no facto de eles pagarem um
importante tributo a Castela, por estar situada numa região montanhosa e custosa de
conquistar e por se um refúgio dos muçulmanos. Além do mais, surge uma nova dinastia
no norte de África que surge como apoio de Granada, que podia tanto ser engolida pelo
norte cristão como ser anexada pela dinastia do sul. Parece que apenas na segunda metade
do século XIV há o grande auge da construção de Granada. A partir do século XV a sua
posição vai-se começar a debilitar porque o casamento dos reis católicos une as duas
cortes, e leva a uma forte oposição ao reino de Granada, que também provocou os cristãos
do norte, levando à queda de Málaga, Almeria, e por fim Granada, que sofre uma
campanha em 1491, tendo o sultão de se render em 1492, refugiando-se no norte de
África.
Fatímidas
O Egipto fatímida não teve de se confrontar militarmente com o Ocidente. Vindos
do Magrebe Oriental, os fatímidas ismailitas proclamaram no Cairo, um novo califado,
com gritos de esperança xiita.
Neste contexto podemos dizer que, os fatímidas tentaram muitas vezes implantar-
se no Egipto entre 913 e 936. Após a queda dos Ikhchididas, o califa Al- Moizz retomou
o projecto em 926. Sendo que, o seu libertador Jaubar apoderou-se de Fostât e
empreendeu a construção de uma nova cidade no Cairo. Ao mesmo, o Cairo conseguiu
anexar a Síria. Al-Moizz entrou no Cairo em 973, depois de ter confiado Ifriqiya e o
Magrebe central aos príncipes berberes Sanhâja. O poderio fatímida atingiu então o seu
apogeu, favorecendo no Egipto a eclosão de uma das mais brilhantes civilizações que este
país conheceu.
Seljúcidas
No século XI, apareceram na cena política os turcos seljúcidas sunitas.
Esmagando o xiismo até então preponderante (buyidas e fatímidas), eles impuseram aos
países conquistados novas maneiras de pensar e de viver, sem atingirem o Ocidente, onde
os berberes se libertaram da tutela Oriental. Assim vimos que, o Oriente e o Magrebe
ficaram de costas voltadas. Os Ghaznevidas fundaram um Império, que unificou, durante
algum tempo, as províncias persas. Toghrulbeg destruiu o poderio buyida e fez-se
reconhecer sultão pelo califa de Bagdade. Assim Toghrulbeg juntamente com Alp-Arslan
e Malik Châh, não só dotaram o seu Império de uma organização política e social, que
kopserviu de modelo a todo o Oriente muçulmano, mas foram em todas as frentes os
defensores do Islão sunita. Além disso, não ficaram satisfeitos por terem libertado o califa
abássida do jugo dos buyidas xiitas. Foi com base neste aspecto que, aniquilaram a acção
de seitas e esforçaram-se por expandir o ensino da ortodoxia. Invadiram a Ásia Menor e
retiraram o domínio aos bizantinos, estabeleceram igualmente o seu poder sobre a Síria
fatimita até ao momento em que, a chegada dos cruzados transformou o Próximo Oriente,
introduzindo nele os principais francos.
Isso só por si seria suficiente para realçar os começos do estado fundado por
Saladino, mas há aspetos mais importantes que a durabilidade. Esses aspetos prendem-se
com o facto de Saladino ter sido o primeiro sultão a conseguir reunificar o Islão do ponto
de vista de uma ideia comum depois do colapso abássida. Isso passa por um retorno da
unidade da égide sob uma ortodoxia, a sunita. Saladino rompe com a única construção
política que ao tempo não seguia o Islão sunita, que era o estado fatimida.
O terceiro ponto tem que ver com os Cruzados e a jihad, sendo este ponto
totalmente jihadista desde a primeira hora. Ele é educado no contexto de reação islâmica
aos Cruzados, nos círculos próximos de Nur-Aldin, sendo que toda a sua juventude se faz
pós-1144 e influenciada desde muito cedo por estes conflitos, refletindo-se já na sua
maturidade. Apesar de não ser considerado um sexto pilar do Islão, pela maioria dos
crentes, há que notar que a própria da expansão do Islão contém em si um elemento
jihadista, no sentido em que o crente deve pegar em armas mas quando o Islão está a ser
atacado.
Isso pode ter uma face externa, contra os invasores, sendo o Islão uma religião
proselitista, aquilo que é considerado um estado natural, é que toda a gente aceita a última
mensagem que é a pregação do Profeta; o caminho para essa universalidade não só pela
pregação mas também pela jihad, vista como um instrumento para chegar a um estado
natural – o Islão como religião universal. E uma face interna, como a jihad sendo uma
coisa para dentro, tendo a ver com o progresso das sociedades islâmicas. O que pode
funcionar como contra ponto à jihad é o estatuto do dhimi, grupo que fica sob proteção
do califa, cristãos e judeus, e zoroastristas. A ideia que esses indivíduos podem viver com
outras religiões sob domínio islâmico é tão matricial como a jihad. Há, no interior do
Islão, um equilíbrio entre as duas coisas.
As cruzadas
Os países orientais atraíam também outros grupos da população da Europa
Medieval. O feudo do cavaleiro passava por herança somente ao filho mais velho e os
outros não recebiam terras. Estes procuravam terras novas, botins, glória, e de bom grado
participavam em qualquer guerra para as receber.
Além disto, o comércio e o incremento dos mercados de luxo obrigava a grandes
gastos. Uma saída semelhante para esta situação era uma expedição ao oriente, onde
esperavam obter grandes botins e terras.
A expedição dos pobres foi uma espécie de “pré-cruzada”, que em primeiro lugar
empreendeu a marcha de uma milícia de camponeses pobres. Estavam sem organização
e mal armadas, mas mesmo assim dirigiram-se para o Reno. No primeiro combate, os
camponeses foram aniquilados na Turquia. Os miseráveis destroços da milícia camponesa
foram levados para Constantinopla para esperar os cavaleiros.
Quarta cruzada:
- As cruzadas deram a conhecer aos europeus novas culturas agrícolas e novas espécies
de frutas. (trigo sarraceno (ou trigo mouro, é a única espécie de trigo que não tem glúten),
milho, arroz, limões e damascos). Começou a difundir-se o uso do açúcar de cana.
A filosofia mística de um tal Ibn Arabi, que ensinava a unidade de todo o ser, veio
muito ao encontro da mentalidade indiana. Os sufis mantinham um maior distanciamento
crítico com o Estado dos ulemás, que estavam ao serviço deste como juízes, funcionários
públicos e professores.
Mais tarde, Akbar levou a cabo uma expansão territorial para Sul e para Leste.
Aos 34 anos, governou um grande Império, que abarcava todo o Norte da Índia até para
lá de metade do subcontinente.
Como era evidente esta política tolerante foi criticada, sobretudo por parte dos
ulemás defensores da xariá, que nos debates sobre questões teológicas e práticas se
revelavam, muitas vezes inferiorizados. Akbar desejava ser um muçulmano fiel ao
Alcorão, crê no Deus único, mas que se pode revelar noutras religiões.
Mais tarde, Akbar fundou a sua ordem «Ser-um-só divino», ao serviço da única
«religião divina», composta por elementos das religiões que lhe eram conhecidas. A sua
religião única acabou por não se impor, mas restavam os membros da ordem, que na sua
ligação religiosa ao soberano constituiam um factor importante para a conservação das
dinastias mongóis.
O sistema clássico mongol conseguiu manter-se até à soberania do Aurangzeb.
Foi com ele que o Império Mongol adquiriu a sua maior expansão, mas entrou também
uma crise económica.
Otomanos
O Império sunita dos Otomanos expandiu-se pela Anatólia, que devido à
imigração turca, bem como à repressão e à conversão dos cristãos se tornou um território
islâmico independente. Em 1354, os Otomanos teriam chegado aos Balcãs, subjugando o
Norte da Grécia, a Bulgária e a Sérvia. A batalha decisiva teve lugar no campo dos
Melros, no Kosovo em 1389. Depois da conquista de Constantinopla pelo sultão Mehmed
II, em 1453, que se assumiu como sucessor do imperador bizantino, a sede de conquistas
dos Otomanos passou a ser ilimitada. Assim o século XVI tornou-se numa época de nova
expansão. O sultão passou a ser divinizado como soberano de guerra, califa e
conquistador imperial. Na dinastia consolidada do sultanato, tinhamos um Estado militar
e administrativo de organização centralista: no topo, o grão-vizir e os restantes ministros
(vizires). Desta forma, o Império Otomano passou a assumir a hegenomia islâmica, com
o Islão sunita como religião oficial e um exército regular forte, cujo núcleo era constituído
por uma artilharia modernizada e uma infantaria de elite, composta pelos janízaros (nova
tropa). O sultão Selim I foi o verdadeiro fundador do grande Império Otomano: soberania
marítima sobre a parte leste do mar Mediterrâneo, conquista do Azerbaijão e do Norte da
Mesopotâmia, desde a Síria até ao Egipto. Os Mamelucos que detinham a soberania
militar sobre o Egipto e a Síria e que, durante muito tempo, foram o bastião político,
religioso e cultural contra os Mongóis, revelaram-se totalmente impotentes perante os
Otomanos, pois não tinham artilharia. Nas décadas seguintes, a soberania otomana foi
alargada à Arábia. O sultão incorporava não só a autoridade patrimonial (otomana) e
islâmica, mas também a imperial que, na sua cultura cosmpolita, se baseava em elementos
árabes, persas, bizantinos e europeus. Os turcos, cuja presença se fez sentir por toda a
parte com representantes e tropas, tomaram o lugar dos Árabes como povo do Estado
privilegiado. Solimão reforçou o Estado a nível interno, reorganizou o exército, construiu
mesquitas monumentais e alargou o império até Bagdad, Bassorá e Bahrein.
Em 1571, a frota otomana foi derrotada na batalha naval de Lepanto contra uma
aliança cristã. O Império Otomano ultrapassou o zénite do seu poder, embora tenha
conseguido manter-se a nível elevado durante um século e meio. O século XVII foi um
século de preservação. Um segundo cerco a Viena, em 1683, terminou em fracasso. O
avanço dos turcos foi interrompido, tendo o Império Otomano cometido o mesmo erro de
todos os Impérios Mundiais: prolongou demasiado o seu poder. Assim revelou-se cada
vez mais difícil manter, e sobretudo, financiar os grandes e disciplinados exércitos. O
Império Otomano nos tempos modernos deu origem ao mais forte dos Estados
muçulmanos. Assim devemos dizer que, Mehmed II destacou-se pela invasão da Europa
Balcânica, conquista da Síria e do Egipto aos Mamelucos por Selim I. O império
estendeu-se desde as portas de Viena até ao Nilo e de Bagadad a Tunes e Argel, ocupadas
pelos corsários turcos.