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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
DISCIPLINA: VIBRAÇÕES MECÂNICAS
PROFESSOR: NEWTON SURE SOEIRO

Relatório da Experiência 3

Vibração Lateral em uma Viga


(Desbalanceamento Rotativo)

Alan Rafael Menezes do Vale - 9802100601

Belém – PA
Março de 2002
RELATÓRIO 03 – VIBRAÇÃO LATERAL EM UMA VIGA

1. Introdução

O experimento tem como objetivo determinar as propriedades inerentes ao sistema testado em


laboratório, tais como amplitude da força de excitação “F0”, freqüência natural “wn”, amplitude de
oscilação “X”, rigidez “K”, além da equação de movimento “x(t)”. Também devem ser encontrados
gráficos que descrevem o comportamento da viga quando excitada antes, durante e depois da faixa
de ressonância. O valor da freqüência natural calculado (teórico) será comparado ao coletado na
bancada de testes (experimental), e levantado o erro entre estes dois resultados.
O modelo físico deste experimento consiste de um elemento considerado como corpo rígido
(viga bi-apoiada de seção transversal retangular) e uma massa desbalanceada (m), situada
eqüidistante dos apoios da viga. A massa, quando rotacionada, gera uma vibração forçada periódica
na viga, cujo valor é “Fo*sen (wt)” e mantém-se oscilando em torno da amplitude de força “F o”. O
modelo que se aplica ao experimento é mostrado a seguir:

A bancada de testes real é mostrada abaixo à esquerda e à direita pode ser visto um zoom com o
local de aplicação da força de excitação da viga através de um motor de acionamento elétrico:

Onde:

- D1 e E1 são os apoios;
- E6 a viga;
- M, o medidor de freqüência de rotação do motor e
- E11 o motor com medidor de ângulo de fase acoplado.
As reações existentes na viga bi-apoiada, em um modelo simplificado, são mostradas abaixo:
O desbalanceamento alternativo provocado por uma massa deslocada do centro de gravidade do
sistema pode ser quantificado através da expressão abaixo:

F0 = (mew2) sen (wt)


Amplitude

Onde “m” é a massa desbalanceada, “e” é a excentricidade e “w” a freqüência de excitação do


sistema.
O desbalanceamento pode ser estático (as massas desbalanceadas estão todas num mesmo
plano, sendo considerado apenas um grau de liberdade, como no caso de um disco fino, onde o
desbalanceamento resultante é uma única força radial), ou dinâmico (o desbalanceamento
apresenta-se em mais de um plano, ou seja, com mais de um grau de liberdade, onde se tem como
conseqüência uma força e um momento oscilante, que só pode ser detectado com a rotação do
motor).
Como o modelo real não é discreto, ele poderá vibrar com uma ou mais de suas freqüências
naturais, dependendo do nível de freqüência alcançado no teste. A freqüência natural deste modelo é
dada pela relação entre a momento de inércia de massa e sua rigidez torcional. Esta relação vem da
equação diferencial de movimento obtida para o sistema adotado, que é mostrada abaixo.

Mx  Ceq x  K eq x  F0  mew2 sen(wt )

Onde M é a massa do sistema, e m a massa desbalanceada.


A equação que define o movimento de oscilação, também conhecida como resposta do sistema,
vinda da resolução da equação diferencial anterior é pode ser vista a seguir:

x (t )  X * sen( wt   )

Onde “” é o ângulo de fase, ou seja, o ângulo formado entre a força e o deslocamento. Este valor
corresponde ao atraso entre a resposta e aplicação da força ao sistema. A amplitude de oscilação
aumenta conforme a freqüência de excitação na viga causada pela massa desbalanceada for
aproximando-se da freqüência natural do sistema.
“” pode ser calculado pela expressão abaixo:

 2r 
  tg 1  2 
1 r 

“r” é a relação entre a freqüência excitadora e a natural do sistema. “” é o fator de amortecimento,
que para efeito de facilitar os cálculos, foi negligenciado.
Para valores pequenos de “r” (r << 1), “” fica próximo de zero radianos, ou seja, o
deslocamento está em fase com a força excitadora do sistema. Já para “r” igual à unidade
(ressonância), “” assume o valor /2 que é a defasagem entre a ação da força e a resposta do
sistema. Com “r” bem maior que a unidade, o valor de “” é  radianos, significando que o
deslocamento está defasado de 180º da força excitadora. Este comportamento pode ser representado
pelo gráfico mostrado abaixo:

Serão adotados os valores 0,25; 1 e 4 para a relação de freqüência (r), e plotados os gráficos no
item 3 deste relatório, o que tornará os resultados muito próximos do sistema ideal (fator de
amortecimento igual a zero), devido à proximidade que existe entre o modelo amortecido e o não
amortecido nestas faixas de “r”.

A rigidez do sistema é dada pela fórmula abaixo (introduzindo-se o valor do momento de inércia da
viga I = bh3/12):

4 Ebh 3
K eq 
l3

Onde “b” é a base; “h”, a altura e “l”, o comprimento da viga respectivamente. “E” é o módulo de
elasticidade da viga de aço cuja unidade é Kgf/cm2.
A freqüência natural de oscilação, que é dada em função de “M” e da rigidez equivalente do
sistema é dada pela expressão a seguir:

K eq
wn 
M

Onde “M” é a massa total do sistema (em Kg) dada por mmotor + (17/35)* mviga
A amplitude do movimento (X) é dada pela seguinte expressão:

F0 / K eq
X 
1  r 
2 2
 (2r ) 2

Ressaltando que ““ foi negligenciado.


Quando, no sistema, a freqüência de excitação é igual à freqüência natural, tem-se que o mesmo
está em ressonância. Neste estado, r = 1 e nesta região ocorrem as maiores amplitudes. O
amortecimento é o responsável pela redução destes efeitos e por isso, pode ser determinado mais
facilmente nesta região, porém este valor não será calculado.
2. Materiais Utilizados e Métodos Experimentais

Utilizou-se uma viga de seção retangular, feita de aço, que é presa à bancada por dois mancais,
sendo que um deles permite apenas o movimento de rotação, já o outro permite tanto o movimento
de rotação como o movimento de translação na direção horizontal. Sobre a viga foi fixado um
conjunto composto de um motor elétrico ligado a um disco. Este disco apresenta um furo que será
responsável pelo desbalanceamento. Este desbalanceamento irá excitar a viga na freqüência de
rotação do motor. Acoplado ao motor elétrico, existe um dispositivo responsável pelo controle de
sua rotação.
Primeiramente, fixou-se o conjunto motor-disco no ponto médio do comprimento da viga. Com
isso, variaram-se as freqüências de rotação do motor elétrico, obtendo-se um valor de freqüência
para o primeiro modo de vibração da viga, medindo-se a freqüência natural, que no caso, é
correspondente ao ponto de maior amplitude.
A seguir, constam algumas informações dos instrumentos de medição e da bancada utilizada.

Bancada de Testes Nº 03 – Teq Equipment TM-16


Medidor de Freqüência - E11
- 0 a 1500 RPM (1ª escala de leitura)
- 1500 a 3000 RPM (2ª escala de leitura)
- Escala de Leitura (precisão) – 50 RPM

Os dados retirados do experimento serão listados no item seguinte.

3. Colheita e Tratamento de Dados

Viga - Massa = 2.109 g;


- Comprimento = 81,3 cm;
- Base = b = 2,54 cm;
- Altura = h = 1,25 cm;
- Material Aço, = 7800 g/cm3;
Conjunto motor-disco - Massa = 2.951 g;
Disco de Aço - Diâmetro do Furo (d) = 1,4 cm;
- Espessura (t) = 0,4 cm;
- Excentricidade (e) = 3,8 cm;
Modulo de Elasticidade da Viga de Aço – E=2,109*106 Kgf/cm2;

Dados calculados:

M (g) m (g) E (Kgf/cm2) Wn (rd/s) Fo (UTM cm/s2) Volviga (cm3) m (UTM)


3975 4,8 2,11*106 138,63 0,358 0,616 4,05*10-3

keq (Kgf/cm)

wn calculado (rd/s) fn calculado (RPM) fn medido (RPM) erro %


77,9 138,63 1323,87 1375 3,86

O erro percentual, ou seja “100*(fn medido – fn calculado ) / fn ” foi apresentado na tabela da página
calculado
anterior.
Os gráficos plotados foram os seguintes:

Gráfico 1
No eixo x, tem-se o valor de “r”,e em y o valor de (XM/me).
A tabela de origem deste gráfico pode ser vista a seguir

w (rd/s) r (XM/me)
0,00 0,00 0,00
15,40 0,11 0,01
30,81 0,22 0,05
46,21 0,33 0,13
61,61 0,44 0,25
77,02 0,56 0,45
92,42 0,67 0,80
107,83 0,78 1,53
123,23 0,89 3,77
138,63 1,00 28691
154,04 1,11 5,26
169,44 1,22 3,02
184,84 1,33 2,29
200,25 1,44 1,92
215,65 1,56 1,70
231,06 1,67 1,56
246,46 1,78 1,46
261,86 1,89 1,39
277,27 2,00 1,33
292,67 2,11 1,29
308,07 2,22 1,25
323,48 2,33 1,22
338,88 2,44 1,20
354,29 2,56 1,18
369,69 2,67 1,16

Os gráficos mostrados a seguir foram obtidos através do cálculo da força excitadora cuja
unidade é Kg cm/s2 e do deslocamento sofrido, em mm.

Gráfico 2 – (r = 0,25)
Gráfico 3 – (r = 1)

Gráfico 4 – (r = 4)

4. Análise dos Resultados


O resultado de “fn” obtido experimentalmente foi 1375 RPM e teoricamente foi 1323,87 RPM, o
que deu uma diferença de 3,86 %. Este resultado está dentro da faixa de erro de cálculos
comparativos teórico-experimentais que é geralmente de 10%.
Quanto à comparação entre o modelo matemático que leva em consideração o amortecimento e
o que o despreza, tem-se pouca diferença no que se refere às amplitudes de vibrações na faixa de
freqüência situada fora da região de ressonância, podendo assim se desprezar o amortecimento
provocado pela histerese mecânica nesta região. Já na região próxima à ressonância, o
amortecimento tem grande influência sobre as amplitudes de vibração, diminuindo-as
significativamente.
No que diz respeito ao ângulo de fase entre a força excitadora e o deslocamento do sistema, “F 0”
e “X”, respectivamente, obtiveram-se com os resultados esperados para valores de “r” (muito
menor, igual e muito maior que a unidade), as defasagens teoricamente calculadas. Isto pôde ser
visto nos três gráficos comparativos (Gráfico 2, 3 e 4), onde ficou comprovado que os ângulos de
defasagem do deslocamento em relação à força foram os valores citados na introdução deste
relatório.
Os desvios do modelo matemático em relação ao experimental podem ser explicados por alguns
motivos, como:

Variações na corrente elétrica a qual alimenta o motor elétrico, em virtude do mesmo não
está ligado a um estabilizador e a rede do laboratório apresentar consideráveis variações facilmente
perceptíveis no dia da realização do experimento. Está variação provoca flutuações na força de
excitação do sistema, induzindo assim a erros.
De modo geral o experimento atingiu seus objetivos apesar de seus resultados não serem de
muita confiança, já que seu principal objetivo era familiarizar os alunos com os equipamentos e
colocar em prática alguns conceitos estudados na sala de aula.

5. Referências Bibliográficas

CLOUGH R. W. & PENZIEN, J. Dynamics of Structures, Editora McGraw – Hill, pp 45 a 48.

FAIRES, V. M., Elementos Orgânicos de Máquinas, Editora LTC, Rio de Janeiro 1976.

MABIE H. H. & OCVIRCK, F. W., Dinâmica das Máquinas, Editora Livros Técnicos e
Científicos S. A., Rio de Janeiro, 1980, pp 529 a 539.

Manual da Teq Equipment TM-16 (Bancada de Testes), pp 60 a 71.

SETO, W. W., Vibrações Mecânicas, Coleção Schawn, São Paulo, 1984

SOEIRO, N. S., Notas de Aula, 2002.

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