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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA –
BACHARELADO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA
Bioquímica – Professor Adriano Gonçalves Viana – 2019

pH e TAMPÕES – parte 4

Alisson Taborda de Andrade Paes; Bruna Maria Bevervanso Gonçalves; José Osmar Castagnolli
Junior; Julie Wisniewski; Kamila Grzebielucka; Magali Ferreira das Chagas

PARTE 4 – Titulação de um aminoácido triprótico

Os aminoácidos podem ser classificados de acordo com as variações do radical, o grupo


R. O grupo R pode, inclusive, também conter o grupo amina ou carboxila, os aminoácidos que
possuem no radical um grupo amina são chamados diaminicos/monocarboxilicos, sendo
carregados positivamente e os que possuem mais uma carboxila em sua estrutura são classificados
como monoaminicos/dicarboxilicos, carregados negativamente.
Com isso, a curva de titulação destes aminoácidos se diferencia dos demais, já que eles
possuem mais um grupo ionizável, sendo tripróticos. As curvas de titulação destes aminoácidos
possuem três estágios, cada qual com um valor de pKa.
Titulou-se um aminoácido triprótico, de massa molar 170 g/mol, para isto preparou-se a
solução de aminoácido na concentração de 0,1 mol/L, utilizou-se 20 mL desta solução e adicionou-
se 1 mL de HCl, 1 mol/L, para acidificar o meio e garantir que o pH inicial estivesse abaixo do
primeiro ponto de viragem. Preparou-se a solução de NaOH na concentração de 0,3 mol/L, colocou-
se a solução em uma bureta de 20 mL.
Com um pHmetro mediu-se os valores de pH a cada 0,5 mL de NaOH adicionados. Com
isto, obteve-se o gráfico 3:

Gráfico 3 – Curva de titulação do aminoácido triprótico

14

12

10
pK2

8
pH

pKR
4
pI
2
pK1

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Vol. NaOH (mL)
Fonte: Autores

Conforme o gráfico 1, ao acidificar o meio até aproximadamente pH 2,0 têm-se um excesso


de H+ na solução, protonando os grupos carboxila ionizados onde a molécula predomina na forma
catiônica, estando abaixo do ponto isoelétrico (PI) e pK1 próximo a 2,19.
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Com o aumento do pH devido ao acréscimo de base, observa-se a primeira zona de


estabilização, onde no pK1 2,19 uma carboxila é desprotonada pela base e ocorre uma forma
dipolar na molécula e uma neutralidade elétrica devido ao equilíbrio entre cargas positivas e
negativas. Entre pK1 e pKR obtém-se o ponto isoelétrico do aminoácido, que pela média dos valores
de pK obtidos tem-se P.I. de 3,22. Nessa região, ocorre o efeito tamponante do aminoácido, onde
há duas zonas de equilíbrio químico em que não há variações bruscas de pH mesmo com a adição
da base em meio ácido.
Em pH 4,25 a segunda carboxila é desprotonada e há predominância da forma aniônica
até um determinado ponto em que haverá igualdade na concentração entre a forma dipolar e a
aniônica, correspondente a segunda zona de estabilização pK2 é 9,67. A partir dessa região todos
os prótons ácidos em solução são neutralizados e ocorre a desprotonação do grupo amino.
Assim, pela curva de titulação apresentada, observa-se um aminoácido triprótico, de
grupamento R carregado negativamente e de propriedade tamponante na região de pH ácido. O
glutamato é o que mais apresenta essas características. Devido ao efeito indutivo de três carbonos
e a estabilização por ressonância sobre a carboxila, a base requer menor energia para reagir com
o próton ácido em relação ao da carboxila ligada ao C, logo seu pK1 será extremamente baixo.
Sob o mesmo efeito de ressonância e a maior energia de dissociação O-H do grupo carboxila, há
prevalência em desprotonar o segundo grupo carboxila e somente quando todos os prótons ácidos
em solução são neutralizados e há excesso de base no meio, ocorre a desprotonação do grupo
amino, correspondente ao pK2. Com os valores de pKa obtidos experimentalmente pode-se
comparar com a literatura e assim encontrar o aminoácido em questão. Observou-se que os valores
de pK1 e pKR eram bastante próximos, o que indica a presença do grupo carbonila no radical, com
isso o aminoácido poderia ser o glutamato ou o aspartato. No caso, os valores se aproximaram
mais do glutamato.
A carboxila é a primeira a ser desprotonada, seguida da carboxilia do radical, que tem pKa
um pouco mais alto. Entre os valores destes dois pKa tem-se o ponto isolétrico, onde a carga
resultante na molécula é zero, que é calculado como a média entre eles. Esta é a região de
tamponamento do glutamato, onde temos variação mínimas de pH frente ao volume de base
adicionado. E o valor de pKa mais alto é referente a desprotonação do grupo amina, pK2, que ocorre
somente depois que os prótons do meio são neutralizados.

A tabela 2 compara os valores obtidos experimentalmente com os valores teóricos para o


glutamato.
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Tabela 2: Comparação entre valores experimentais e teóricos


Teórico Experimental Erro relativo (%)
pK1 2,19 2,10 4,11
pK2 9,67 9,72 0,52
pKR 4,25 3,90 8,23
P.I. 3,22 3,00 6,83

Os valores se aproximam do esperado, confirmando que o aminoácido em questão é o


glutamato.

CONCLUSÃO

Os aminoácidos variam em suas propriedades ácido-básicas e têm curvas de titulação


características. Em solução, os grupamentos amino e carboxila encontram-se na forma ionizada, e
dependendo do pH a molécula pode predominar na forma catiônica ou aniônica. O objetivo do
experimento foi alcançado com êxito, o qual era descobrir qual aminoácido estava sendo usado
para a titulação. Através da curva de titulação característica deste aminoácido, calculou-se os
valores de pK1 e pK2, da mesma forma que seu ponto isoelétrico e obteve-se os valores iguais ao
da literatura, confirmando qual aminoácido estava sendo usado no experimento, sendo este o
glutamato, um aminoácido monoamínico – dicarboxílico, triprótico, de grupamento R carregado
negativamente e de propriedade tamponante na região de pH ácido.

REFERÊNCIAS

BERG, J. M.; STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L. Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2014.
LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 6. ed. São
Paulo: Sarvier, 2014. p.77
REMIÃO, J.O.R.; SIQUEIRA, A.J.S.; AZEVEDO, A.M.P. Bioquímica: guia de aulas
práticas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. 50p.

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