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Manaus - AM
13 e 14 de novembro
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, com a crescente preocupação com as questões ambientais tendo em vista
o surgimento de movimentos e eventos ambientais importantes, como a Conferência de Estocolmo,
realizada em 1972, a sociedade despertou para importância da preservação ambiental. Isso fez com
que iniciasse, por parte da sociedade, a exigência de ações por parte do poder público para mitigar os
problemas ambientais.
É na década de 80 com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que passa a considerar
o ambiente como bem de uso comum a todos, sendo de responsabilidade de toda a sociedade sua
proteção, que o Estado passa de centralizador de políticas e ações punitivas e protecionistas, para um
Estado descentralizador, baseado em decisões participativas, protecionistas e conservacionistas.
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Mestre em Ciências Florestais e Ambientais. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Amazonas (IFAM). alefe.viana@gmail.com;
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Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA),
Universidade Federal do Amazonas. robertamonicke@gmail.com;
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA),
flavialeite2208@gmail.com.
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METODOLOGIA
Esta pesquisa é de caráter bibliográfico e documental. A fonte dos dados referentes aos
investimentos em infraestrutura foram os Relatórios Anuais de Atividades da Fundação Amazonas
Sustentável (FAS), disponíveis no site da Fundação. Após a coleta destas variáveis foi desenvolvida
uma análise comparativa, de forma a compreender o processo de investimento ao longo dos anos,
verificando semelhanças, diferenças e particularidades (SCHNEIDER E SCHMITT, 1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Fundação Amazonas Sustentável administra o Programa Bolsa Floresta (PBF), através do qual
populações tradicionais e indígenas do Amazonas são recompensadas financeiramente pela
contribuição na conservação das florestas (VIANA, 2008). Além da recompensa financeira, estas
comunidades recebem estrutura social, como educação, saúde e incentivo para a mobilização e
participação social.
Os investimentos realizados nas comunidades são direcionados para “potencializar e apoiar o
desenvolvimento da educação, saúde, comunicação, transporte e demais atividades nas comunidades
atendidas pelo programa” (FAS, 2014, pág. 36).
Através do PBF a FAS realiza importantes investimentos na infraestrutura de produção das
comunidade, bem como de equipamentos necessários (Tabela 01), visando o fortalecimento da
produção da pesca, farinha, extrativismo ou outros, que são atividades econômicas relevantes para
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evitar o desmatamento na Amazônia. Dentre as infraestruturas comunitárias entregues pela FAS estão
aviários, casa de farinha, secador de sementes e flutuantes; são ações que contribuem para o alcance
dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS (PNUD, 2016).
Os ODS’s consistem em 17 objetivos integrados e indivisíveis, definidos pela ONU que
equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental,
que buscam concretizar os direitos humanos (PNUD, 2016).
Por meio do Programa Bolsa Floresta são realizados investimentos como reformas e construções
de escolas, postos de saúde e centros sociais. Nos anos de 2013 e 2014, por exemplo, foi realizada a
construção e/ou reforma de 20 escolas, bem como 7 centros sociais.
Na Tabela 01 são demonstrados os investimentos realizados pela FAS ao longo dos anos
estudados nas quatro regionais, sendo: Rio Negro, Madeira, Juruá-Jutaí e Solimões. A FAS é auditada
semestralmente pela Pricewaterhouse Coopers-Brasil (PwC), cujas demonstrações financeiras e
relatórios de auditoria são aprovados pelos conselho fiscal e de administração da FAS e, então, são
submetidos ao Ministério Público Estadual (MPE). Os relatórios são publicados na web page da FAS
(FAS, 2014).
A Regional Rio Negro é composta pelas Unidades: RDS Rio Negro, Área de Proteção Ambiental
Rio Negro, Floresta Estadual Maués, Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, Canumã,
Puranga Conquista e Piagaçu-Purus. A Regional Rio Madeira é composta pelas Reservas de
Desenvolvimento Sustentável Madeira, Juma e Amapá. A Regional Juruá-Jutaí abrange as Reservas
de Desenvolvimento Sustentável Uacarí e Cujubim e a Reserva Extrativista do Rio Gregório. A
Regional Solimões abrange as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã,
bem como a Reserva Extrativista Catuá Ipixuna. Das Unidades com maior aporte de recursos estão
as Regionais Rio Negro e Solimões (Tabela 1).
UNIDADE DE
ANO TOTAL (R$) Total Geral (R$)
CONSERVAÇÃO
Regional Solimões 2.943.511
Regional Rio Negro 3.617.787,88
Regional Madeira 2.011.075,43
2015 9.685.972
Regional Juruá-Jutaí 537.877,72
Regional Solimões 3.519.230,72
Regional Rio Negro 2.322.948,16
Regional Madeira 1.376.921,45
2016 6.617.444,29
Regional Juruá-Jutaí 462.372,19
Regional Solimões 2.455.202,49
Regional Rio Negro 3.486.515,65
Regional Madeira 1.776.493,87
2017 8.626.959,24
Regional Juruá-Jutaí 478.120,43
Regional Solimões 2.885.829,29
Fonte: Relatórios Anuais de Atividades da Fundação Amazonas Sustentável – 2013 a 2017.
O ano com maior investimento foi o de 2013, seguido do ano de 2015. Este fato pode ser
explicado pelas parcerias com instituições governamentais e não governamentais para a busca de
recursos para suas atividades. Além da prestação de serviços ambientais importantes como regulação
do ciclo hidrológico, proteção de solos contra a erosão, regulação climática, entre outros (HIGUCHI
et al, 2009), investir em Unidades de Conservação também apresenta benefícios financeiros.
Medeiros et al., (2011) em estudo que procurou avaliar a contribuição das Unidades de
Conservação para a Economia Nacional, que podem ser advindos benefícios como: mercado de
carbono, pode gerar cerca de R$ 96 bilhões de reais; ICMS Ecológico das Unidades de Conservação
geram cerca de R$ 402,7 milhões de receita para municípios; fonte de água para abastecimento de
hidrelétricas; potencial de receitas em visitação na ordem de R$ 1,6 bilhão por ano, dentre outros.
Além disso, segundo Medeiros et al (2011), as Unidades de Conservação podem gerar receita
através da comercialização de produtos extraídos de forma sustentável das florestas, como a madeira,
castanha e borracha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi verificado que as Regionais que mais receberam investimento foram Rio Negro e Solimões.
Os anos de 2013 e 2015 foram os anos em que mais houveram investimentos nas unidades.
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REFERÊNCIAS
HIGUCHI, Niro; PEREIRA, Henrique dos Santos; SANTOS, Joaquim dos; LIMA, Adriano José
Nogueira; HIGUCHI, Francisco Gasparetto; HIGUCHI, Maria Inês Gasparetto; AYRES, Ioná
Gonçalves Santos Silva. Governos locais amazônicos e as questões climáticas globais. Manaus:
Edição dos autores, 2009.
FAS. Fundação Amazonas Sustentável. Relatórios de Atividades 2013 - 2017. Disponível em:
http://fas-amazonas.org/2017/05/leia-nossos-relatorio-de-atividades/Acesso em: 10.08.2018.
FAS. Fundação Amazonas Sustentável. Relatório de Atividades 2014. Disponível em: http://fas-
amazonas.org/versao/2012/wordpress/wp-content/uploads/2015/06/relatorio2014final_redux.pdf.
Acesso em: ago./2018.
MEDEIROS, Rodrigo; FRICKMANN, Young; PAVESE, Helena Boniatti; ARAÚJO, Fábio França
Silva. Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia nacional:–
Brasília: UNEP-WCMC, 2011. 44 p.
SCHNEIDER, S.; SCHMITT, C. J. O uso do método comparativo nas Ciências Sociais. Cadernos de
Sociologia, Porto Alegre, v. 9, p. 49-87, 1998.