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2- Estrutura atómica, classificação periódica e ligação química.


Nesta unidade você deve desenvolver o sentido de imaginação na análise da estrutura atómica,
uma vez que irá tratar de partículas sub-microscópicas. Neste sentido, propomos-lhe que comece
com algumas informações sobre o historial da teoria atómica e tabela periódica, bem como, sobre
as ligações químicas.
Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Mencionar os antecedentes históricos da interpretação da estrutura


atómica;
 Interpretar a estrutura atómica segundo a teoria de Bohr e a
Mecânica Quântica;
 Representar geometricamente a ordem energética das orbitais
atómicas;
 Explicar a variação das propriedades periódicas ao longo dos
grupos e períodos;
 Identificar e caracterizar os diferentes tipos de ligações químicas;
 Prever a natureza duma ligação química e representar as estruturas
cristalinas;
 Explicar a relação entre a estrutura e propriedades.

2.1. Estrutura atómica


Teoria atómica clássica
Os filósofos gregos Demócrito (470-360 a.C) e seu discípulo Leucipo, por volta do século V a. C
propuseram uma teoria que também se referia à natureza da matéria. Para eles, toda a matéria era
composta por partículas muito pequenas e indivisíveis a que chamaram de ÁTOMO (palavra
grega que significa Indivisível; A = não; TOMOS = divisão). Essa teoria ficou conhecida como
atomismo.
Embora a teoria de Demócrito e Leucipo não tenha sido aceite por outros filósofos da antiguidade
como Platão e Aristóteles, nem por isso deixou de ser referida ao longo dos séculos.

2.1.1.Modelo atómico de Dalton


No início do século XIX, para explicar racionalmente as leis da combinação química (leis
deduzidas através de resultados experimentais), Dalton cientista inglês, criou a sua famosa teoria
atómica, na qual foi dado o conceito químico de átomo, como partícula maciça e indivisível
constituinte da matéria.
Deste modo, o primeiro modelo atómico foi criado pelo cientista inglês John Dalton em 1808,
que segundo ele os átomos eram partículas muito pequenas, indestrutíveis, de forma esférica com
dimensões e peso característicos de cada elemento.
Dalton define átomo como a menor porção de um elemento que pode participar numa combinação
química. Portanto, Dalton imaginava o átomo como uma partícula muito pequena e indivisível,
veja a figura 2.
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Figura 1: Modelo atómico de Dalton

O modelo de Dalton baseava-se nas seguintes hipóteses:


 A matéria é constituída de átomos, que são partículas indivisíveis e indestrutíveis;
 Todos os átomos de um elemento químico são idênticos em massa e propriedades. Os
átomos de diferentes elementos são diferentes em massa e propriedades;
 As substâncias são formadas pela combinação, separação e rearranjo dos átomos na razão
de números pequenos;
 As reacções químicas envolvem somente combinação, separação e rearranjo de átomos,
não havendo em seu curso nem a criação nem destruição de átomos.

O modelo de Dalton contribuiu para dar uma nova direcção aos estudos das
transformações químicas e dos processos que ocorrem com as unidades estruturais da
matéria. A unidade, ainda, hoje é denominada átomo, apesar de estudos posteriores
demonstrarem que ela não é indivisível.

2.1.2.Teoria atómica moderna


Modelo atómico de Thomson
Com base nas experiências realizadas pelo físico e químico Micheal Faraday em 1833 através de
electrólise observou que a massa depositada de uma determinada substância era proporcional á
quantidade de electricidade empregada. Em 1891, o físico irlandês George Johnstone Stoney
propôs o nome de electrão a unidade naquele tempo ainda desconhecida. Foram os estudos do
cientista inglês William Crookes que permitiram a identificação de tal partícula. Ele inventou a
ampola de raios catódicos.
Com a invenção do tubo de raios catódicos em 1890 (um precursor do tubo usado nos televisores),
foi descoberto o electrão e as suas propriedades pelo cientista Inglês J. Thomson em 1897.
Para explicar a existência de partículas com carga negativa (electrões) no átomo, Thomson propôs
em 1904 um novo modelo para o átomo – modelo de bolo de passas.
Segundo este modelo, Thomson visualizava o átomo como uma esfera com carga eléctrica
positiva no interior da qual encontravam-se distribuídos os electrões, tal como passas de uva
incrustadas num bolo, como pode ver na figura 3.

Figura 2: Modelo atómico de Thomson

Assim, começava a admitir-se a divisibilidade do átomo e a reconhecer-se a natureza eléctrica da


matéria. Portanto, os átomos contém partículas negativas (electrões) que provocam a neutralidade
dos mesmos.
Segundo esse modelo, os átomos não seriam partículas indivisíveis como imaginaram Demócrito,
Leucipo, Dalton e outros, pois possuiriam os electrões como partículas mais elementares. O
modelo de Thomson representou um grande avanço, ao identificar a existência do átomo.
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Contudo, não era sufuciente para explicar dados experimentais como os obtidos por seu ex-aluno
Rutherford.
As limitações deste modelo estão relacionadas com o facto de não fazer corresponder os átomos
aos elementos, por não se saber o número de electrões em cada átomo. Uma maior evidência
sobre a existência do electrão como partícula foi dada pelo físico norte-americano Robert
Andrews Millikan (1868-1953), que determinou sua carga (1,6 x 10-19 coulombs) e foi agraciado
com o prêmio Nobel de Física em 1923.

Modelo atómico de Rutherford


No final do século XIX, o físico neozelandês Ernest Rutherford, procurando descobrir,
experimentalmente, as particularidades do átomo, realizou uma série de experiências com
substâncias radioactivas e não só, tendo chegado, em 1911, a conclusão de que o átomo era
formado por um núcleo pequeno, denso e electricamente positivo, com espaços vazios a sua volta
onde se encontram girando os electrões (carga negativa) que contrabalançam a carga positiva
do núcleo e garantem a neutralidade do átomo.
O conhecimento sobre radioatividade avançou ainda mais com as pesquisas do casal de químicos
Marie e Pierre Curie. A polonesa Marie e Curie e seu Marido, francês Pierre Curie, trabalhando
com minérios que emitiam uma radiação muito intensa e puderam identificar a existência de
novos elementos químicos cujos átomos eram bastante radiativos: o Rádio (Ra) e o Polônio (Po).

Em resumo, segundo Rutherford, o átomo seria semelhante ao sistema solar: o núcleo


representando o Sol e os electrões seriam os planetas, girando em orbitas circulares e formando a
chamada electrosfera, veja a figura 4.

Figura 3: Modelo atómico de Rutherford

Este modelo apresenta limitações pelo facto de admitir que os electrões giravam a volta do núcleo;
mas de acordo com a mecânica clássica (teoria electromagnética de Maxwell) segundo a qual
toda partícula eléctrica em movimento emite energia na forma de ondas electromagnéticas;
consequentemente o electrão em movimento perderia a sua energia e entraria em colisão com o
núcleo – o que na prática não acontece.
Esta contradição levou ao desenvolvimento de novos modelos atómicos.

Modelo atómico de Bohr


Niels Bohr tentando explicar o modelo de Rutherford inspirou-se na teoria quântica de radiação
de Max Plank propôs o seguinte:
 Aos electrões são permitidos certos estágios de energia fixos e determinados – orbitas;
 Nenhum electrão será encontrado entre dois estágios de energia;
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 Se um electrão recebe energia “salta” para o estágio superior, estágio de maior energia.
Se ele deixa de receber energia, devolve e energia recebida e “salta” para o seu estágio
de origem (estado fundamental).
Assim o “átomo de Rutherford”, corrigido pelas ponderações de Bohr foi dado o nome de Modelo
atómico de Rutherford – Bohr.
Bohr caracterizou cada nível energético (ou camada eletrónica) por um número natural “n” que
toma valores que vão de 1 a 7 as quais atribuiu designações correspondentes as letras do alfabeto:

Nível 1 2 3 4 5 6 7
Camada K L M N O P Q
Stoner propôs que o número máximo de electrões para cada nível energético (ou camada
electrónica) pode ser determinado pela relação 2n2, onde n é o nível de energia.

Modelo atómico mecânico-ondulatório (mecânica quântica)


A partir da mecânica quântica foi estabelecido um conjunto de princípios e leis para explicar o
comportamento energético dos electrões no átomo. Daí surgiu o modelo mais moderno para o
átomo: o modelo quântico
Neste modelo considera-se que o electrão apresenta um comportamento de partícula-onda.
Em 1905, o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) propôs que a luz seria formada por
partículas-onda, isto é, algo “misto” que às vezes se comporta como partícula e outras vezes como
onda.
Novas observações e experiências levaram os cientistas a supor que também o electrão, ora
comportava-se como partícula, ora como onda ou vibração.
Em 1923 De Broglie passou a visualizar o electrão não mais como uma bolinha em movimento
rápido, mas sim como tendo um comportamento duplo de partícula-onda.
A partir de então o comportamento do electrão passou a ser estudado pela mecânica ondulatória.

Principio de Heisemberg
Não é possível calcular a posição e a velocidade de um electrão, num mesmo instante.
Orbital atómica
Devido a dificuldade de calcular a posição exacta de um electrão na electrosfera, o cientista
Schrodinger em 1926 calculou a região onde haveria maior probabilidade de encontrar o electrão.
Esta região do espaço foi denominada de orbital.

Números Quânticos
Numero quântico principal (n), indica o nível de energia ou camadas electrónicas. O n varia de
1 a 7.
Numero quântico secundário ou azimutal (ℓ), indica o subnível ou subcamada onde se encontra
o electrão. Estes são designados pelas letras: s (sharp); p (principal) d (difiuse) f (fundamental)
Subnível : s, p, d, f
ℓ=n-1
Valor de ℓ: 0 1 2 3
Numero quântico magnético (m), está relacionado com a orientação espacial dos orbitais e indica
o número dos mesmos em cada subnível energético.
m: - ℓ.... o .... + ℓ
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Exemplo: seja, n = 2; ℓ = 1; m = -1; 0; +1


Numero quântico spin (s), indica o sentido de rotação do electrão, em torno do seu eixo (spin),
que pode tomar os valores: - 1/2 (↑) e +1/2 (↓)
Obs. Podem ser utilizadas as fórmulas seguintes para determinar:
 Número de orbitais por nível de energia: n2
 Número máximo de electrões por nível de energia (até ao 4˚ nível): 2n2
 Número de orbitais por subnível de energia: 2 ℓ + 1
 Número máximo de electrões por subnível de energia: 2(2 ℓ +1)

Regras de Hund ou princípio de máxima multiplicidade


Nenhuma orbital poderá receber o segundo electrão antes que todas orbitais do mesmo subnível
estejam preenchidas com 1 electrão.

Princípio de exclusão de Pauli


Um orbital comporta no máximo dois electrões, com spins contrários. Não existem dois electrões
com os quatro números quânticos.

Regra de energia mínima


Os electrões vão se “encaixando” na electrosfera, partindo dos níveis e subníveis de menor energia
para os de maior energia (isto é, “de baixo para cima”).
Os subníveis do mesmo nível possuem energias diferentes. Para a sua determinação existem dois
métodos:

Processo analítico (regra de Klechkovsky e Slater). Ao aumentar a carga nuclear do átomo, o


preenchimento sucessivo dos orbitais electrónicas ocorre a partir das orbitais com o menor valor
da soma dos números quânticos principal e secundário (ℓ + n) preenchendo-se seguidamente os
orbitais para os quais o valor desta soma seja maior.

Exemplo: Que subnível se preenche num átomo após o subnivel 4s?


O subnivel que se segue ao 4s cuja soma n + 1 4 + 0 = 4. Deve ser um subnível em que a
soma seja igual a 5; dentre eles 4p, 3d e 5s.
Se os valores da soma (ℓ + n) forem iguais, o preenchimento das orbitais ocorre de modo
sucessivo, no sentido do aumento do valor de número quântico principal n.
O subnível 4p equivale a uma soma n + l igual a 5 (4+1=5). Os subníveis 3d (3+2=5) e 5s (5+0=5)
têm o mesmo valor da soma. No entanto o estado 3d corresponde a um valor inferior do número
quântico principal (n=3) em relação ao estado 4p. Por essa razão o nível 3d deve ser preenchido
antes do nível 4p; depois do preenchimento do nível 4p os electrões são distribuídos pelo subnível
5s.
5s: n = 5; ℓ = 0 (ℓ + n) = 5
4p: n = 4; ℓ = 1 (ℓ + n) = 5 A sequencia é 3d; 4p; 5s
3d: n = 3; ℓ = 2 (ℓ + n) = 5
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Processo gráfico (diagrama energético de Linus Pauling). Determina uma sequência de subníveis
pelo seu conteúdo energético, veja tabela 3.

Tabela 1: Diagrama de Linus Pauling

Deste diagrama resulta a seguinte sequência:

1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 5d 6p 7s 5f 6d

3p1 Indica o número de electrões


Indica o número quântico secundário (subnível onde se encontra o electrão)

Indica o número quântico Principal (nível energético)

2.2. Classificação periódica


Desde os tempos mais remotos que o homem se procurou organizar tudo quanto havia ao seu
redor, animais substancias, etc.
O resumo histórico torna-se fundamental para a compreensão de como se chegou ao actual quadro
periódico o qual resume as principais propriedades dos elementos químicos ate então descobertos.

História da Tabela Periódica


A medida que a quantidade e a diversidade dos conhecimentos sobre os elementos químicos foram
aumentando, sentiu-se a necessidade de sistematizar esses conhecimentos.
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A existência de analogias no comportamento de alguns elementos foi aproveitada para essa


sistematização, permitindo fazer uma classificação onde coubessem os elementos conhecidos em
determinada altura e os que viessem a ser descobertos.

Os grupos de Lavoisier
Em 1789 A. L. Lavoisier (1743-1794), Francês, publicou um dos seus livros “Trité Élémentaire
de Chimie”, onde apresentava uma lista de substâncias simples e não decomponíveis por nenhum
processo de análise conhecido. Estas substâncias estavam organizadas em vários grupos;
1° Grupo: incluiu o oxigénio, Nitrogénio, Hidrogénio, a luz e o calor, como sendo substâncias
simples que pertencem aos três reinos.
2° Colocou o S, P, C, Cl e o F. Chamou-lhes de substâncias simples não metálicas oxidáveis e
acidificáveis.
3° Incluiu a Prata, Arsénio, Bismuto, Cobalto, Cobre, estanho, chumbo, Tungsténio e zinco.
Chamou-lhes de substâncias simples metálicas oxidáveis e acidificáveis.
4° Incluiu o Cal (Óxido de cálcio), Barite (Óxido de bário), Magnésia (Óxido de magnésio),
Alumina (Óxido de alumínio), Sílica (Óxido de cilício). Chamou-lhes de substâncias terrosas e
salificáveis.

As tríadas de Dobereiner
Em 1817, J. W. Dobereiner (1780-1849), Alemão, em seus estudos verificou que o peso atómico
do Estrôncio (Sr) – 88 era praticamente a média dos pesos atómicos do Cálcio (Ca) – 40 e do
Bário (Ba) – 137. Chamou a este grupo de três (3) elementos de de uma tríada.
Posteriormente verificou que outras tríadas de elementos repetiam o mesmo modelo. Assim
acontecia com o Cloro, Bromo e Iodo, e com o Lítio, sódio e Potássio. Em qualquer das tríadas,
não só as propriedades eram idênticas, como também o “peso atómico” do elemento do meio era
próximo da média dos pesos atómicos dos outros dois.
Lei das tríadas: “Organizando os elementos em grupos de três, na ordem crescente de seus pesos
atómicos, o peso atómico do elemento central é a média dos pesos atómicos dos outros dois”.

NB: Nesta época, os químicos referiam e determinavam “pesos atómicos” para os elementos.
Só muito mais tarde vieram a adoptar a grandeza massa atómica para caracterizar o átomo.

As oitavas de Newlands
Seis anos depois, em 1863, J.A.R. Newlands (1837-1898) Inglês, verificou que quando os
elementos conhecidos eram dispostos segundo a seu peso atómico crescente, cada oitavo elemento
tinha propriedades semelhantes ao primeiro.
Lei das oitavas: “O oitavo elemento, contando a partir de qualquer um deles, é uma espécie de
repetição do primeiro, tal como acontece com as notas musicais numa escala de música”.
Esta espécie de repetição, com propriedades ocorrendo periodicamente deu origem ao termo
“classificação periódica”. Infelizmente, esta relação periódica mostrava-se boa nos primeiros 16
elementos, mas não funcionava para os seguintes.
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As curvas de Mayer
Em 1864, J. Lother Meyer (1830-1895) Alemão, determinou o volume ocupado por uma mole de
átomos das várias substâncias elementares conhecidas, no estado sólido e chamou-lhes “volume
atómico”. Quando marcou, num gráfico, esse volume em função do peso atómico do elemento,
verificou que havia alguma prioridade na forma da curva obtida. Portanto, os elementos que
ocupavam pontos correspondentes na curva pertenciam a mesma família, isto é, apresentavam
propriedades semelhantes. Por exemplo: o Lítio, Sódio, Potássio, Rubídio, e o Césio tinham
propriedades idênticas e situavam-se, na curva, nos pontos de maior variação do “volume
atómico”.

A tabela periódica de Mendeleev


Em 1869, o Químico Russo Dimitri I. Mendeleev (1834-1907), publicou o seu trabalho sobre a
classificação dos elementos numa tabela extensiva, baseada na repetição regular e periódica dos
mesmos. Ele ordenou os elementos segundo seus “pesos atómicos”, tal como fizera Newlands,
mas com duas diferenças muito importantes:
1° Agrupou os elementos de uma forma mais exacta, de acordo com as suas propriedades.
Portanto, separou alguns elementos pouco vulgares como por exemplo, o Cobalto e o Níquel, que
apresentavam propriedades pouco diferentes da dos elementos dos grupos principais.
2° Previu propriedades de muitos elementos que ainda não tinham sido descobertos, por exemplo:
EKA-Aluínio, que mais tarde veio a ser descoberto em seu lugar o Gálio.
Este reagrupamento ajudou a remover o obstáculo apresentado pelo arranjo de Newlands. Apesar
de Mendeleev ordenar apenas 63 elementos, a sua classificação periódica é idêntica à utilizada
nos dias de hoje.
Lei periódica de Mendeleev. “As propriedades periódicas dos elementos são uma função
periódica de seus pesos atómicos”.

Tabela Periódica actual


A 1900, a organização dos elementos era feita tendo em conta o respectivo “peso atómico”.
Após os trabalhos de Rutherford, comprovando a existência de uma parte central no átomo com
carga eléctrica positiva, as ideias começaram a mudar.
Assim, Henry Moseley (1887-1915), discípulo de Rutherford, verificou, por via experimental,
que o valor da carga eléctrica do núcleo era bem definido, tal como acontecia com o “peso
atómico”, e era diferente de elemento para elemento. A esta carga eléctrica positiva ele chamou
de “número atómico”.
Moseley verificou que, ordenando os elementos por ordem crescente do seu número atómico, a
disposição era idêntica à obtida com a ordem crescente dos “pesos atómicos”. Esta ordenação era
semelhante, mas não igual.
Lei periódica moderna. “As propriedades periódicas dos elementos são uma função periódica de
seus números atómicos”.
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Os grupos e os períodos
De acordo com a lei da classificação periódica, a organização dos elementos na Tabela Periódica
é feita, segundo a horizontal, por ordem crescente do seu número atómico. Assim, o número de
ordem de cada elemento coincide com o respectivo número atómico.
Os elementos na Tabela Periódica, estão relacionados uns com os outros, de duas maneiras:
- Horizontalmente, em filas – os períodos;
- Verticalmente, em colunas – os grupos.

Os químicos verificaram que os gases nobres (He, Ne, Ar, K, Xe e Rn) apresentam, uma elevada
estabilidade electrónica, isto é, os átomos desses elementos dificilmente combinam-se com outros
átomos para formar compostos químicos.
Os gases nobres possuem 8 electrões na última camada, com a excepção do Hélio que só tem 2
electrões. Esta característica electrónica, leva a concluir que, a estabilidade dos átomos destes
elementos esta relacionada com o número de electrões da última camada. Assim, todos os átomos
de outros elementos para se tornarem estáveis tendem a perder ou ganhar electrões de modo a
adquirirem a configuração electrónica do gás nobre mais próximo – quando isto acontece o átomo
transforma-se num ião.

Variação das propriedades periódicas


De modo geral, muitas propriedades dos elementos químicos variam periodicamente com o
aumento de seus números atómicos, atingindo valores máximos e mínimos em colunas e períodos
de classificação periódica, como por exemplo: raio atómico, volume atómico, etc. Esta
periodicidade decorre da estrutura electrónica dos elementos, conferindo uma importância
enorme a servir-nos na previsão das propriedades e no comportamento dos elementos.
Carácter metálico. Um elemento será tanto mais metálico quanto maior for a sua capacidade de
perder electrões.
“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período aumenta da direita para
a esquerda.”
Raio atómico. É a metade da distância internuclear mínima que dois átomos desse elemento
podem apresentar, sem estarem ligados quimicamente.
“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período aumenta da direita para
a esquerda”.
Raio iónico. É a metade da distância internuclear mínima que dois átomos desse elemento podem
apresentar estando ligados quimicamente.
“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período aumenta da esquerda
para a direita”.
Volume atómico. É o volume ocupado por 1 átomo grama (6,02 x 1023 átomos) do elemento no
estado sólido. O volume atómico não é o volume de um átomo, mas sim, o volume de um conjunto
de átomos (influenciam não só o volume individual de cada átomo como também o espaçamento
existente entre os átomos).
“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período aumenta do centro da
TP para as extremidades”.
Densidade absoluta (ρ) ou massa específica. É o quociente entre a massa (m) e o seu volume (v).
Portanto:
ρ = m/v
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Pela fórmula, quanto menor o volume, maior deverá ser a densidade.


“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período aumenta das
extremidades para o centro da TP”.
Consequentemente, os elementos mais densos encontram-se no centro e na parte inferior da
tabela. Por exemplo, destacam-se os elementos Ósmio (ρ = 22,5 g/ml) e o Irídio (ρ = 22,4 g/ml).
Electronegatividade. É a tendência que o átomo possui para atrair electrões.
“Ao longo do grupo aumenta de baixo para cima e ao longo do período aumenta da esquerda
para a direita”.
Electropositividade. É a tendência que o átomo possui para perder electrões.
“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período aumenta da direita para
a esquerda”.
Energia ou potencial de ionização. É a energia necessária para retirar um electrão de um átomo
isolado no estado gasoso, formando um ião.
Essa energia é, em geral, expressa em electrão-volt (eV) e corresponde a 23kcal/mol (ou
96,4kj/mol), sendo 1 mol de electrões = 6,02 x 1023 electrões.
“Ao longo do grupo aumenta de baixo para cima e ao longo do período aumenta da esquerda
para a direita”.

2.2.3. Ligação química


Na natureza, raramente ocorrem átomos isolados. As menores unidades de uma substância são
constituídas pela união de dois ou mais átomos, formando moléculas.
Hoje sabemos que em condições ambientais, só os gases nobres são formados por átomos isolados
uns dos outros, ou seja, átomos que tem pouca “vontade” de se unir com outros átomos; estes são
muito estáveis e pouco reactivo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir a ligação química;


 Escrever as fórmulas de Lewis para átomos, substâncias simples e
moléculas binárias;
 Identificar os diferentes tipos de ligações químicas;
 Caracterizar as redes e as propriedades das substâncias;
 Caracterizar as forças intermoleculares: Van Der Waals e Pontes
de hidrogénio.

Os átomos dos demais elementos não só se atraem mutuamente, como também atraem átomos de
outros elementos, formando agregados suficientemente estáveis, que constituem as substâncias
compostas.
Assim, Ligação química é a união entre dois ou mais átomos, ou seja, é a força que mantém os
átomos unidos.
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Electrões de valência
 Os electrões da última camada, (electrões de valência) é que estão envolvidos nas
reacções químicas, nas quais formam-se novas ligações químicas.
 Os átomos ligam-se para adquirir a estrutura electrónica semelhante a de um gás nobre
(2 ou 8 electrões de valência).

Regra de Octeto
“Um átomo adquire a estabilidade quando possui 8 electrões na camada electrónica mais
externa, ou 2 electrões quando possui apenas a camada K “.

Tipos de ligação química


Ligação iónica
É o tipo de ligação química que ocorre entre um metal e um ametal. Neste tipo de ligação o metal
perde os electrões da sua última camada que são captados pelo ametal. Os compostos assim
formados chamam-se compostos iónicos.
Exemplos de substâncias que apresentam ligação iónica são: NaCl; MgO; CaF2; Na2SO4; etc.
Estrutura de Lewis – representação dos electrões da camada mais externa.
××
×
Na — Cl Na · × Cl ×
xx

Fórmula estrutural da Estrutura de Lewis


molécula de Cloreto de (partilha de electrões)
hidrogénio

Rede iónica é a disposição regular das partículas no estado sólido


Estrutura das substâncias com ligação iónica
Os elementos metálicos cujos átomos possuem poucos electrões (1,2 e 3) de valência, tem
tendências a perdê-los formando iões positivos. Enquanto os elementos ametálicos, cujos átomos
possuem muitos electrões de valência (5, 6 e 7), têm tendência a captar electrões formando iões
negativos.
Os iões interagem formando um cristal cúbico. No exemplo ao lado pode se observar o cristal de
Cloreto de sódio.

Figura 4: Modelo da rede iónica de Cloreto de sódio (a organização cristalina do Cloreto de sódio é
cúbica).
Propriedades das substâncias que apresenta m ligação iónica:
- Os compostos formados por ligação iónica são sólidos a temperatura ambiente, são duros,
quebradiços, apresentam elevados pontos de fusão e de ebulição e não conduzem a corrente
eléctrica.
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- Quando dissolvidos em água ou quando fundidos, tornam-se bons condutores da corrente


eléctrica porque os seus iões adquirem liberdade de movimento.

Ligação covalente
É a união entre Átomos, que é estabelecida por meio de pares de electrões, de tal modo que cada
par será formado por um electrão de cada Átomo.
Chama-se Covalência, ao número de pares de electrões compartilhados.

Tipos de ligação covalente:


1. Quanto ao modo de compartilhamento de electrões
a) Ligação covalente Apolar – é aquela em que a ligação ocorre entre Átomos do mesmo
ametal. Os electrões compartilhados são igualmente atraídos pelos núcleos dos dois
Átomos.
Exemplo: H2
H ·×H H—H
Fórmula estrutural da
molécula de Hidrogénio
Estrutura de Lewis
(partilha de
b) Ligação covalente Polar - é aquela em que a ligação ocorre entre Átomos de ametais
electrões)
diferentes. Os electrões compartilhados são mais atraídos pelo núcleo de um dos Átomos.
Exemplo: HCl
××
×
H · × Cl × H — Cl
xx
Fórmula estrutural da
molécula de Cloreto de
Estrutura de Lewis hidrogénio
(partilha de electrões)

c) Ligação covalente dativa - é aquela em que um par electrónico de um Átomo é fornecido


a outro Átomo.
Exemplo: H2SO4
: O·· : : O··:
··
××
·· ·
H ×· O × S × · ··
O· × H H – O··– S – O··– H
·· xx ·· ·· ··
··
:O: :O:
·· ··
Fórmula estrutural (note a presença
de setas que indicam a ccedência de
electrões pelo átomo de átomo)

2. Quanto ao número de pares de electrões compartilhados


d) Ligação covalente simples – é aquela em que os Átomos compartilham um par de
electrões.
Ex: CH3 – CH3
e) Ligação covalente dupla - é aquela em que os Átomos compartilham dois pares de
electrões.
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Ex: CH2 = CH2


f) Ligação covalente tripla - é aquela em que os Átomos compartilham três pares de
electrões.
Ex: CH ≡ CH

Propriedades das substâncias que apresentam ligação covalente


Os compostos formados por ligação covalente são líquidos ou gases a temperatura ambiente.
Apresentam baixos pontos de fusão e de ebulição. No estado sólido formam molécula.
Ligação metálica
É o tipo de ligação química caracterizada por forças de atracção entre catiões de metais e electrões
livres
Estrutura da rede metálica
Como os átomos do metal são iguais e estão próximos uns dos outros, os electrões livres (electrões
da última camada) são atraídos simultaneamente pelos núcleos dos átomos vizinhos, podendo
assim deslocar-se de uns para outros. Os electrões de valência constituem uma nuvem electrónica
que se estende a toda estrutura.
Rede metálica é uma rede cristalina constituída pelos átomos neutros formando catiões, átomos e
electrões móveis que passa de um catião para outro.

Figure 5: Estrutura de rede metálica

Propriedades das substâncias que apresentam ligação metálica


As substâncias são constituídas por átomos e catiões (ligados electrões de condução). Apresentam
condutibilidade eléctrica nos estados sólidos e líquidos. Tem ponto de fusão e ponto de ebulição
relativamente altos. No estado sólido apresentam rede metálica.

Forças intermoleculares (Van Der Waals e Pontes de hidrogénio)


São de natureza eléctrica e variam consideravelmente conforme a própria natureza das partículas.
Para substâncias moleculares ocorre uma interacção intermolecular (forças de Van der Waals).
Tais forças são muito mais fracas que as que conduzem à formação de ligações covalentes. São
típicas nas moléculas apolares.

Pontes de hidrogénio
As pontes de hidrogénio são interacções que ocorrem entre átomos hidrogénio e outros átomos
de elementos muito electronegativos (F,O,N). Entretanto, esta ligação é do tipo
electrostático, não é muito firme. São as interacções intermoleculares mais intensas, medidas
tanto sob o ponto de vista energético quanto sob o ponto de vista de distâncias interatómicas.
Existem dois tipos de pontes de hidrogénio: a intramolecular (que ocorre na mesma molécula) e
a intermolecular (que ocorre entre duas moléculas).
14

Possibilidades de formação de ligações do átomo de carbono


Como foi mencionado acima o átomo de carbono pode formar três tipos diferentes de ligações
covalentes, a saber: Ligação simples, dupla e tripla.

6C : 1s2 2s2 2p2


sp3 sp3 sp3 sp3

*
sp2 sp2 sp2

sp sp

Estado fundamental Estado excitado Ligações triplas

Exemplo: CH4 (Metano) C2H4 (Eteno)

C2H2 (Etino)

Estrutura tridimensional das moléculas – as várias formas como as moléculas se apresentam


dispostas espacialmente.
Hibridização – formação de orbitais relativamente mais estáveis em relação as orbitais não
hibridizadas.

Exercícios de aplicação
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1. Quais foram as limitações do modelo atómico de Rutherfor?


2. O que é orbital atómica?
3.Com base na regra de Klechkovsky e Slater qual é o subnível que se
preenche depois de 5p?
4.Representa a estrutura electrónica do Enxofre e indica a posição da Tabela Periódica?
5.Um átomo de elemento X apresenta o electrão mais energético no subnível 4p5.
a) Indica o período e a família a que pertence na Tabela Periódica.
b) Indica os números atómicos dos elementos que antecedem e sucedem o elemento X na
mesma família da Tabela periódica.
6. O catião do átomo de certo elemento bivalente tem 18 electrões.
a) Representa a estrutura electrónica do seu átomo.
A que grupo ou família e a que período da Tabela periódica pertence esse elemento?
7. Menciona duas características fundamentais da ligação iónica.
8. Menciona quatro propriedades fundamentais para compostos que apresentam ligação
covalente.
9. Caracteriza as pontes de hidrogénio e de dois exemplos.

Bom trabalho
Docente: Ana Paula Camuendo

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