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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE- UNIVILLE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

APLICAÇÃO DE DESTILAÇÃO NO TRATAMENTO DE EFLUENTE


GALVÂNICO

Acadêmicos: Adriana Ramos Arcy, Denise Cristina Kniess, Juliana Francine


da Costa Silveira, Jonatas Koep Ribeiro, Vanessa Corrêa
Orientação: Professora Drª. Sandra Helena Westrupp Medeiros
Operações Unitárias – 4º ano

INTRODUÇÃO

Difícil encontrar uma indústria na qual a questão ambiental tenha tanta


relevância como na de tratamento de superfícies. Grande consumidor de água
nos banhos eletrolíticos e químicos, e gerador de lodos com complicado
tratamento e destino, o setor computa gastos com gerenciamento ambiental
equivalentes a 6% do seu custo total de produção, segundo uma estimativa do
mercado. E o que torna mais grave é que em momentos de dificuldades da
economia, este custo fica difícil de ser embutido no preço das peças tratadas
(FURTADO, 2003).
As atividades de galvanoplastia geram quantidades significativas de
efluentes líquidos com elevada carga tóxica, constituída de vários metais
(cobre, cromo, estanho, níquel, zinco, dentre outros), cianetos oriundos dos
banhos de eletrodeposição e tanques de lavagem sendo estes, os principais
responsáveis pelo elevado consumo de água (SIMAS, 2007).
Com a crescente preocupação com a qualidade ambiental, percebe-se
que a pesquisa nesta área vem crescendo na mesma proporção e novos
métodos estão surgindo para o tratamento de efluentes.
A destilação é uma operação unitária baseada na transferência de
massa através do equilíbrio líquido/vapor. É um processo que pode ser
utilizado no tratamento de efluentes líquidos na separação de substâncias.
A diferença de volatilidade entre as substâncias é muito importante para
que o processo por destilação tenha uma boa eficiência. Quanto maior for a
diferença entre as volatilidades mais fácil será de ocorrer a destilação. Neste
processo um dos componentes da mistura irá vaporizar sendo este o de maior
volatilidade.
Langaro et al cita os diferentes tipos de destilação, sendo eles:
- Destilação Simples: separação entre dois componentes presentes em uma
mistura. Deve haver uma diferença de volatilidade entre os componentes.
- Destilação fracionada (contracorrente): para separar componentes com
pequenas diferenças de pontos de ebulição. Separam-se as primeiras frações
do destilado, que são destiladas novamente, sofrendo um crescente
enriquecimento do componente mais volátil. Utiliza-se uma coluna de
retificação entre a alimentação e o equipamento de condensação dos vapores,
que proporciona várias destilações simples sucessivas.
- Destilação à pressão reduzida: o conjunto é submetido ao abaixamento de
pressão, para purificar substâncias que se decompõem a temperaturas abaixo
do seu ponto de ebulição sob pressão normal ou àquelas com pontos de
ebulição muito elevados.
- Destilação por arraste a vapor d’água: é usada para purificar substâncias que
se decompõem a temperaturas elevadas e para separação de compostos
voláteis de uma mistura de outros não voláteis. A substância a ser separada
por esse processo deve ser insolúvel em água, porque os vapores d’água que
conduzem esta substância.
A destilação ocorre em torres de destilação, que são dimensionadas de
acordo com as características físicas e químicas do efluente.

DIMENSIONAMENTO DE DESTILADORES

Os métodos rigorosos de projeto de colunas de destilação baseiam-se


na resolução do sistema de equações MESH (equações de balanço de Massa,
relações de Equilíbrio, Somatórios de frações molares e balanços entálpicos de
energia – H), havendo diversas estratégias de resolução. Existem também
métodos aproximados de projeto baseados em modelos simplificados (por
exemplo, volatilidades relativas constantes ao longo da coluna) e correlações
empíricas.
É preciso que se estabeleça antes do dimensionamento qual
componente permanecerá no resíduo (com ponto de ebulição mais elevado) e
qual será recuperado no destilado (com ponto de ebulição mais baixo), pois o
componente com maior ponto de ebulição será também o componente de
referência dos cálculos de equilíbrio e as volatilidades relativas dos vários
componentes da mistura são calculadas relativamente a ele.

• Alguns parâmetros importantes no dimensionamento:

 vazão de destilado
 vazão de fundo
 vazão de refluxo
 vazão de alimentação
 condição termodinâmica da alimentação (0 para vapor saturado, 1 para
(líquido saturado)
 razão de refluxo
 prato de alimentação
 fração molar da substância no soluto
 fração molar da substância no solvente

• Método aproximado de fenske-underwood-gilliland-kirkbride

O método FUGK conduz a melhores resultados para sistemas que se


aproximam da idealidade, e é normalmente utilizado para obter uma primeira
estimativa para o projeto da coluna de destilação, a qual será depois refinada
através de um método rigoroso de projeto como, por exemplo, o método de
Wang-Henke.
Procediemento de cálculo (Laboratórios virtuais de processos químicos,
2007):
Os componentes com menor e maior ponto de ebulição são
denominados respectivamente de LK e HK.
Parâmetros do resíduo serão acompanhados pela letra B e do destilado pela
letra D.
1. Estabelecer os parâmetros de entrada:
- Pressão de operação (p)
- Caudal molar da alimentação (F)
- Composição molar da alimentação (XF)
- Condição térmica da alimentação (q)
- Frações de recuperação desejadas do LK no destilado e do HK no resíduo
(recLK e recHK)
- Razão kk = R/Rmin (razão entre a razão de refluxo operatória e a razão de
refluxo mínima)
2. Calcular a primeira aproximação da composição do destilado (xD) e do
resíduo (xB), tendo em conta as frações de recuperação dos componentes
chave;
3. Calcular a primeira aproximação da temperatura de saturação do destilado
(TD) e do resíduo (TB) e das volatilidades relativas nessas condições (αi,D e αi,B,
o componente de referência é o HK).
4. Calcular as volatilidades relativas médias para as condições da coluna (por
exemplo a média geométrica entre as condições do destilado e do resíduo)
com equação de Fenske abaixo:

5. Calcular o número mínimo de andares, pela equação de Fenske:

onde d e b designam os caudais molares individuais (de cada componente),


respectivamente no destilado e resíduo.
6. Recalcular as composições do destilado e resíduo, aplicando a equação de
Fenske aos componentes não-chave:
7. Recalcular as temperaturas do destilado e do resíduo e as volatilidades
relativas nessas condições.
8. Voltar ao ponto 4 até convergência das temperaturas do destilado e do
resíduo ou das volatilidades relativas médias.
9. Calcular a razão de refluxo mínima, pelas equações de Underwood.
A primeira equação é resolvida em ordem ao parâmetro Θ, compreendido entre
αHK,m (=1) e αLK,m. Esta equação é escrita em função da condição térmica da
alimentação, quantificada pelo parâmetro q:

O parâmetro q é definido como: q = ΔH1/ΔH2, onde ΔH1 é a diferença de


entalpia entre a alimentação no estado de vapor saturado e a alimentação tal
qual e ΔH2 é a entalpia molar de vaporização da alimentação. Para misturas
onde a entalpia molar de vaporização é mais ou menos constante, q coincide
com a razão (caudal molar de liquido saturado adicional produzido no andar de
alimentação)/(caudal molar de alimentação). Os valores de q para as diferentes
condições térmicas da alimentação são:
• q = 1, líquido saturado;
• q = 0, vapor saturado;
• 0 < q < 1, mistura líquido mais vapor saturados;
• q > 1, vapor sobreaquecido;
• q < 0, líquido subarrefecido.
Uma vez conhecido Θ, a segunda equação de Underwood permite calcular a
razão de refluxo mínima:

10. Calcular a razão de refluxo de operação: R = kk×Rmin.


11. Calcular o número de andares teóricos, pelas correlação de Gilliland:
12. Calcular o andar de alimentação pela equação de Kirkbride:

onde Nrect e Nesg são respectivamente o número de andares na zona de


rectificação e de esgotamento, e B e D respectivamente os caudais molares do
resíduo e do destilado. O andar da alimentação é NF = Nrect + 1.`
Segundo Kalid (s/d) além das restrições operacionais típicas em
todo processo petroquímico, como por exemplo, vazão, temperatura e/ou
pressão máxima, as colunas de destilação apresentam outras restrições:
hidráulicas, na separação e de transferência de calor.
As figuras a,b,c,d mostram esquemas de algumas torres de destilação.

Figura a: esquema da coluna de destilação fraccionada INDUSTRIAL.


Fonte: Portal da Engenharia Química.

Figura b: esquema de torre de destilação


simples.EM LABORATÓRIO
Fonte: QuiProcura
Figura c: esquema de torre de
destilação por pressão reduzida
EM LABORATÓRIO
Fonte: educaçãopública.rj

Figura d: esquema de torre de


destilação por arraste de gases EM
LABORATÓRIO
Fonte: educaçãopública.rj

DESCRIÇÃO DO EFLUENTE A SER TRATADO

O efluente utilizado é proveniente da etapa de banho de cromo de uma


empresa que realiza tratamento superficial de peças metálicas.
Cromagem é a aplicação de cromo pelo processo de eletrodeposição,
normalmente pelo sistema de imersão, seguindo uma sequência de banhos
eletrolíticos. O banho de cromo é uma etapa que gera grande parte do efluente
de indústrias galvânicas.
Os parâmetros iniciais do efluente são apresentados na Tabela 1.
Parâmetro Medição
pH 1,7
Temperatura 22ºC
Cor Amarelo ocre/ verde
Turbidez 328 FAU
Crômo >2 mg/L
Níquel >10 mg/L
Zinco 3 mg/L
Tabela 1. Parâmetros físico-químicos do efluente galvânico bruto.

APLICAÇÃO DE DESTILAÇÃO NO TRATAMENTO DE EFLUENTE


GALVÂNICO

Para o tratamento do efluente galvânico através de destilação teríamos


como objetivo separar os metais da água. Para isto o custo seria bastante
elevado, se tornando inviável.
Se porventura o processo de destilação tivesse seu custo reduzido,
ainda assim não seria viável.
Fazendo uma análise geral, consideramos os seguintes fatos: temos que
o ponto de ebulição do cromo é 2944 ⁰C, do níquel é 2913 ⁰C, zinco é 907 ⁰C e
da água é 100 ⁰C, sendo assim a destilação escolhida seria a simples, pois, a
diferença de ponto de ebulição é bastante grande entre a água e os metais. O
cromo presente neste efluente tem grau de oxidação +6, que em soluções
ácidas (neste caso com pH de 1,7) é um forte oxidante e se apresenta somente
em óxidos. O zinco não é considerado tóxico, mas alguns de seus compostos,
como os óxidos se tornam nocivos. Sabe-se que o gás de níquel gerado
durante o processo de obtenção do metal é extremamente tóxico e a exposição
ao mesmo não deve superar 0,05 mg/cm³. Levando em consideração estes
fatos a destilação pode ser perigosa, desde que haja a possibilidade de contato
com estes metais.
Os metais separados retornariam ao processo, e para isso haveria a
necessidade de separar entre si os metais, pois eles são utilizados em
processos diferentes em galvanoplastia. Esta separação seria por eletrólise ou
redução ou destilação fracionada, etc.
Se somarmos todos os métodos para chegar aos metais separados e
prontos para reutilização e o efluente dentro dos parâmetros estabelecidos por
legislação, o custo dificilmente seria menor que o custo do método tradicional
de tratamento do efluente galvânico e além do custo existe o risco de
contaminação por metais pesados durante o processo de destilação, tornando
esta uma operação inviável.

REFERÊNCIAS
Ácido crômico. Disponível em:
<http://webcache.googleusercontent.com/search?
q=cache:T6daLtO2k_8J:www.higieneocupacional.com.br/download/cromico-
iqbc.pdf+ponto+ebuli%C3%A7%C3%A3o+cromo+hexavalente&hl=pt-
BR&gl=br> Acesso em: 25 out. 2010.

Controle de coluna de destilação. Prof. Dr. Ricardo de Araújo Kalid, s/d.


Disponível em: < http://www.lacoi.ufba.br/imagens_Lacoi/docs_pdf/Controle
%20de%20Coluna%20de%20Destilacao.pdf> Acesso em: 28 de out. de 2010.

Destilação. Laboratórios virtuais de processos químicos/Portal da Engenharia


Química, 2007. Disponível em < http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?
option=com_content&task=view&id=246&Itemid=2> Acesso em : 28 de out. de
2010.

FURTADO, M. R. Tratamento de superfície. Revista Química e Derivados.


São Paulo, nº 416, jun. 2003

Métodos de Separação dos Metais. Disponível em: <


http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-1037-
18253-,00.html> acesso em: 29 out. 2010.
Níquel. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/N
%C3%ADquel#Precau.C3.A7.C3.B5es> acesso em: 29 out. 2010.

O cromo e o meio ambiente. Disponível em:


<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:RFmUiX--
bbsJ:www.ebah.com.br/o-cromo-e-o-meio-ambiente-doc-
a29325.html+ponto+ebuli
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Acesso em: 25 out. 2010.

Oficina de química. Disponível em:


<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/quimica/sensibilidade/saibamais
02_b.html> Acesso em: 27 de out. de 2010.
Operação de separação. Langaro, Alexandra ; Rosa, Eliane B. ; Caron,
Geruza R. . Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fevereiro de 2003.
Disponível em: <
http://www.ufrgs.br/alimentus/feira/opsepara/ops_extracao.htm> Acesso em: 23
de outubro de 2010.
RIBEIRO, Iane Crisley Modanese; ROSOLEM, Jamille Camargo;
GRUBHOFER, Nicole Jeanne. O Cromo e o Meio Ambiente. Centro
Universitário Franciscano – UNIFAE. Dez. 2009.

Zinco. Disponível em: <


http://pt.wikipedia.org/wiki/Zinco#Precau.C3.A7.C3.B5es> acesso em: 29 out.
2010.

SIMAS, Rui. Levantamento da Geração de Resíduos Galvânicos e


Minimização de Efluentes Contendo Cianeto. Universidade Federal do
Paraná, 2007. Disponível em: <
http://www.ppgerha.ufpr.br/dissertacoes/files/129-Rui_Simas.pdf> acesso em:
29 out. 2010.

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