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SUMÁRIO

A NEUROPSICOFARMACOLOGIA ................................................... 6

NEUROTRANSMISSORES ............................................................. 10

Acetilcolina (ACh) ...................................................................... 11

Serotonina (5HT) ....................................................................... 12

Noradrenalina (NA) ................................................................... 13

Dopamina (DA) .......................................................................... 15

TRANSMISSÃO NEUROMUSCULAR ............................................. 16

Glutamato .................................................................................. 16

RECEPTORES DE NEUROTRANSMISSORES ............................. 17

AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS ....................... 18

Agonistas e antagonistas colinérgicos naturais ......................... 19

CATECOLAMINAS .......................................................................... 20

Catabolismo da catecolamina ................................................... 21

GABA ............................................................................................... 21

Neurotransmissores x Neuromoduladores ................................ 22

Identificação dos neurotransmissores ....................................... 23

Regulação neural ...................................................................... 23

Etapas da neurotransmissão ..................................................... 23

PEPTÍDEO ....................................................................................... 23

Função biológica ....................................................................... 25

Efeitos dos Fármacos ................................................................ 25

Fase de absorção ...................................................................... 26

Processo de biotransformação .................................................. 26

FATORES ENVOLVIDOS NA ABSORÇÃO..................................... 27

Ligados ao fármaco ................................................................... 27

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Ligados ao organismo ............................................................... 28

Fase de distribuição .................................................................. 28

Fase de eliminação/excreção .................................................... 29

Estimulantes .............................................................................. 29

Psicoestimulantes (ex. anfetaminas) ......................................... 30

TIPOS DE FORMULAÇÃO DOS PSICOESTIMULANTES -


DURAÇÃO DO EFEITO ................................................................................... 31

Ritalina ................................................................................... 31

Anfetamina ............................................................................. 32

Dextroanfetamina ................................................................... 32

Metanfetamina ....................................................................... 34

Piracetam ............................................................................... 35

Reguladores ou estabilizadores de humor ............................. 36

Depressores ........................................................................... 36

Antidepressivos ...................................................................... 39

Antidepressivos tricíclicos ...................................................... 41

Imipramina ............................................................................. 42

Amitriptilina ............................................................................ 42

Lítio ........................................................................................ 43

FARMACODEPENDÊNCIA .......................................................... 44

Conceito ................................................................................. 45

Fatores relacionados .............................................................. 45

Variáveis que influenciam ...................................................... 45

11.3.1 Droga................................................................................. 45

Indivíduo................................................................................. 46

Ambiente ................................................................................ 46

Diagnóstico de dependência (DSM-IV, 1994) ........................ 46

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SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA.................................................... 47

Conceito ................................................................................. 47

Caso clínico............................................................................ 48

Quadro provável ..................................................................... 48

O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE


DOENÇAS 48

A nova CID ............................................................................. 51

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 53

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Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro –
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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A NEUROPSICOFARMACOLOGIA

Fonte: foxcursoseconcursos-es.com.br

 Neuro = Essa palavra se fez a partir do Grego NEURON, “nervo”,


inicialmente “tendão”;
 Psico = também do grego que significa sopro, alma;
 Farmaco = palavra derivada do grego que significa medicamento;
 Logia = que significa ciência, linguagem e razão.

Um dos temas mais agudos de toda e qualquer perquirição acerca dos


limites da psiquiatria e da psicoterapia, diz respeito ao estatuto de separação
e/ou complementaridade das disciplinas.
A neurociência tem progredido bastante no afã de delimitar os campos de
atuação dos psicofármacos, mas persiste ainda uma questão crucial: as
psicoterapias estarão com os dias contados, até que se descubra droga capaz
de dirimir celeumas conjugais ou atenuar o sintoma neurótico recalcitrante?
(NERO, 2016)
Podem distinguir-se didaticamente três níveis claros no sistema nervoso
central: um primeiro diz respeito àquelas funções pré-gravadas ou fortemente
embasadas no hardware cerebral; um segundo plano de definição diz respeito à

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constituição dos hábitos e automatismos – fumar ou aprender a andar de
bicicleta, por exemplo; um terceiro nível diz respeito à plasticidade com que se
moldam aprendizados diversos – a solução de uma equação do segundo grau e
também uma experiência pessoal de forte componente emocional. (NERO,
2016)
Esses três níveis se inter-relacionam de maneira complexa e fugiria deste
artigo dirimir todas as nuanças pertinentes a eles. Existe, porém, uma alegoria
que permite que nos aproximemos num primeiro momento do nível da máquina-
cérebro, do nível do hábito-programa e do nível da circunstância-arquivo.
Toda quanta pessoa já teve acesso a um computador sabe que há três
componentes distintos: a máquina propriamente dita, os programas que se
escolhe para instalar (processadores de textos, planilhas, processadores de
imagem) e finalmente os arquivos pessoais que gravamos a cada trabalho que
realizamos.
De maneira sucinta pode-se dizer que o cérebro corresponde à máquina,
as funções automatizáveis e susceptíveis ao desenvolvimento de bons, e às
vezes maus, hábitos correspondem a programas e, finalmente, as circunstâncias
históricas e contextuais constituem arquivos que gravamos nos diferentes locais
da máquina e nos diferentes programas de tal sorte que constituam nossa
história pessoal.
Há quem defenda que somente pode haver patologia no nível físico,
porém isso deixaria o problema dos hábitos, compulsões e outros problemas
sem solução porque sabemos que a solução para esses casos, embora
fortemente dependente de uso de drogas, requer, paralelamente, o uso de
alguma estratégia psicoterapêutica interativa.
Alegar que o problema dos arquivos não corresponde a qualquer
patologia porque nível virtual absoluto é o mesmo que alegar que uma rede
internacional de pedofilia que nos chega pela Internet não pode ser patológica
porque, no limite, constituída por uma série de bits e mensagens codificadas.
O problema da caracterização dos três níveis é difícil e requer que
façamos a distinção de alguns sinais e sintomas que nos auxiliam na distinção,
na maior ênfase ou não no uso de psicofármacos ou psicoterapias de diferentes
matizes (para não entrar na complicada seara de distingui-las e valorá-las).

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Fonte: noticias.uem.br

De maneira geral o distúrbio mais ligado às funções de máquina – logo


cerebralmente determinado de maneira forte – tende a apresentar ritmicidade e
alguns sintomas e sinais claros: insônia, queda de atenção, rendimento físico
deficitário, etc. Os problemas concernentes aos maus hábitos normalmente
conjugam sinais e sintomas relatados pelos pacientes, mas também uma nítida
gama de insuficiências no plano psicossocial. Os problemas ditos biográficos,
embora nem sempre descritíveis como patologias puras ou claras, costumam
levar a um sofrimento auto ou heteropessoal que, à despeito da ausência de
ritmicidades outras e clara inclusão em patologias psiquiátricas conhecidas, não
pode simplesmente ser visto como mero "jeito de ser" ou traço de personalidade.
Do ponto de vista neurocientífico podem-se distinguir três instâncias que
respondem de maneira mais ou menos precisa pelo dito anteriormente e que
vem de ser defendidas em tese de doutoramento pela Dra. Lucia Maciel no
Núcleo de Neurociência e Comportamento da USP sob a orientação do Prof.
José Roberto Piqueira.
A evolução do cérebro humano distingue uma dinâmica de longa duração
– filogenética – que o habilitou a perfazer determinadas funções, vedadas total
ou parcialmente aos primatas próximos. O domínio da fala e do significado
parece ser a grande conquista desta dinâmica filogenética, bem como uma
consciência que além de fenomenal é também auto reflexiva – o que parece
endossar o surgimento de um sistema prospectivo de valores e normas,
condição para uma ética de viés cerebral. A dinâmica filogenética seguem-se
duas dinâmicas ontogenéticas, uma lenta e outra rápida, ambas capazes de dar
conta de processos maturacionais do organismo e também de gravar-lhe a
experiência pretérita. Se a dinâmica lenta maturacional dá conta de fenômenos
de aprendizado e de segregação funcional como o domínio da fala, escrita e

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modalidades de habilidades, também a dinâmica rápida de aporte de sensações
e informações constitui intenso cabedal de redirecionamentos intencionalmente
mediados de atos e omissões.
Freud apontou para esses fatores no seu célebre Projeto, abandonando-
o logo em seguida e construindo uma teoria da vida mental que mais pareceria
culturalista que propriamente cerebralista.
Segundo Martins (2010, p.2) “a rejeição dos enunciados biológicos
realizada pelos comentadores parece não se basear única e exclusivamente na
leitura fiel de sua obra, mas em certa tendência interpretativa que pressupõe a
existência da incompatibilidade entre diferentes disciplinas – no caso em
questão, a psicanálise e a biologia. ”
Engana-se, no entanto, quem vê no Freud do Projeto uma história de
insucesso já superado pelos cem anos que dele nos distanciam.
Freud, ao deparar-se com a dinâmica filogenética e ontogenética lenta,
pode lançar mão de variáveis extralinguísticas e tentar modelar-lhes padrões
dinâmicos de tipo redes neurais (não à toa seu Projeto é visto como precursor
das atuais redes neurais artificiais). Porém, quando se lança a explicar a
dinâmica ontogenética contextual rápida, biografia em suma, depara-se com a
difícil, se não impossível, transposição de significados expressos na cadeia
narrativo-discursiva e seus equivalentes neurais.
Modelar uma história pessoal é ainda impossível dada a dificuldade, por
ora esperamos, de estabelecer mapas que vão do significado às variedades
neuronais. Excluídas as patologias que requerem nítida e, às vezes única,
intervenção medicamentosa, e também aquelas concernentes a automatismos
e hábitos em que fármacos e terapias comportamentais devem ser indicadas,
sobra uma imensa gama de transtornos de dinâmica ontogenética rápida -
significado em constante mutação - e que costumam dar muita "dor de cabeça"
aos pacientes e circundantes e tem empobrecido o cenário da psiquiatria
biológica ao se fazerem ausentes porque, aparentemente, pouco objetiváveis ou
físicas.(NERO, 2016)

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NEUROTRANSMISSORES

Os neurotransmissores são pequenas moléculas responsáveis pela


comunicação das células no Sistema, na sua maioria são provenientes de
precursores de proteínas, e são normalmente encontradas nos terminais
sinápticos dos neurônios. Essas moléculas são liberadas na fenda sináptica e
agem em receptores pós-sinápticos localizados no neurônio pós-sináptico,
fazendo com que esses receptores se abram dando liberação na maioria das
vezes à íons, dando origem ao que chamamos de transmissão sináptica, onde
um impulso nervoso é passado para outra célula.

Fonte: ibima.eu

As respostas dadas pelos neurônios à um estímulo vai depender da


característica do neurotransmissor e do receptor, essas respostas podem ser
excitatórias ou inibitórias (MOREIRA, 2012).
Existem diversos tipos de neurotransmissores dentre eles temos:

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Acetilcolina (ACh)

Este neurotransmissor está envolvido em muitos comportamentos dentre


eles o aprendizado, a memória, e a atenção (testes feitos em animais revelaram
que o bloqueio da liberação desse neurotransmissor é responsável pelo déficit
desses aspectos cognitivos).

Fonte: natalben.com

É o neurotransmissor do sistema nervoso autônomo parassimpático e sua


sinalização neste sistema dá origem a constrição dos brônquios, vasos
sanguíneos, e pupilas, reduz batimentos cardíacos, produz ereção entre outros.
Esse transmissor é importante para a movimentação do nosso corpo pois sua
liberação em músculos promove a contração das fibras musculares. (MOREIRA,
2012).
A acetilcolina (ACh) é uma molécula simples sintetizada a partir de colina
e acetil-CoA através da ação da colina acetiltransferase. Os neurônios que
sintetizam e liberam ACh são chamados neurônios colinérgicos. Quando um
potencial de ação alcança o botão terminal de um neurônio pré-sináptico, um
canal de cálcio controlado pela voltagem é aberto. A entrada de íons cálcio, Ca 2+,
estimula a exocitose de vesículas pré-sinápticas que contém ACh, a qual é
consequentemente liberada na fenda sináptica. Uma vez liberada, a ACh deve
ser removida rapidamente para permitir que ocorra a repolarização; essa etapa,
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a hidrólise, é realizada pela enzima acetilcolinesterase. A acetilcolinesterase
encontrada nas terminações nervosas está ancorada à membrana plasmática
através de um glicolipídeo.
Os receptores ACh são canais de cátions controlado por ligantes,
composto por quatro unidades subpeptídicas dispostas na forma [(a2)(b)(g)(d)].
Duas classes principais de receptores de ACh foram identificadas com base em
sua reatividade ao alcaloide, muscarina, encontrada no cogumelo e à nicotina,
respectivamente, os receptores muscarínicos e os receptores nicotínicos.
Ambas as classes de receptores são abundantes no cérebro humano. Os
receptores nicotínicos ainda são divididos conforme encontrados nas junções
neuromusculares e aqueles encontrados nas sinapses neuronais. A ativação dos
receptores de ACh pela ligação com o ACh provoca uma entrada de Na + na
célula e uma saída de K+, provocando a despolarização do neurônio pós-
sináptico e no início de um novo potencial de ação.

Serotonina (5HT)

Fonte: clustersalud.americaeconomia.com

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Envolvido nas desordens do humor, seu entendimento é importante para
o tratamento da desordem obsessiva compulsiva, latência do
sono, ansiedade, depressão e outros transtornos do humor.
Fármacos que atuam no bloqueio de sua degradação ou receptação
podem elevar os níveis deste neurotransmissor reduzindo os sintomas destas
patologias. O leite é um alimento rico em triptofano, aminoácido necessário para
a síntese de 5HT, sua ingestão antes de dormir pode elevar níveis de 5HT
facilitando o sono. (MOREIRA, 2012).
A serotonina é um neurotransmissor que está intimamente relacionado
com transtornos a nível:
 Do humor e da ansiedade:
 Do sono;
 Dá atividade sexual;
 Do apetite;
 Do ritmo circadiano e funções neuroendócrinas;
 Da temperatura corporal;
 Da sensibilidade à dor e mesmo da atividade motora e funções
cognitivas.
Fora do SNC, a serotonina tem um papel importante em funções
gastrointestinais e cardiovasculares (FRANCISCO, 2010, p.2).

Noradrenalina (NA)

Neurotransmissor envolvido em diversos aspectos como humor, atenção,


alerta, aprendizado, memória e excitação mental e física.

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Fonte: ytimg.com

Também está relacionado com a transmissão do sistema nervoso


autônomo simpático e sua sinalização neste sistema dá origem a dilatação dos
brônquios, vasos sanguíneos, e pupilas, aumento dos batimentos cardíacos
entre outros.

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Dopamina (DA)

Fonte: dilivros.com.br

Responsável por controlar o nível de estimulação no sistema motor, sua


diminuição leva a tremores e até a impossibilidade de locomoção voluntária.
Na doença de Parkinson há morte de neurônios que liberam dopamina na via
nigroestriatal, essa é importante para o controle do movimento refinado, sua
destruição pode levar a tremores, até mesmo a incapacidade de se mover de
forma voluntária (MOREIRA, 2012).
Este transmissor também é responsável pelo estímulo prazeroso. A
ingestão de alimentos, prática de sexo e algumas drogas de abuso são
estimulantes da liberação de dopamina em regiões como o núcleo accumbens e
córtex pré-frontal.
Muitos outros neurotransmissores são derivados de precursores de
proteínas, os chamados peptídeos neurotransmissores. Demonstrou-se que
cerca de 50 peptídeos diferentes têm efeito sobre as funções das células
neuronal. Vários desses peptídeos neurotransmissores são derivados da
proteína pré-opiomelanocortina (POMC). Os neuropeptídios são responsáveis
pela mediação de respostas sensoriais e emocionais tais como a fome, a sede,
o desejo sexual, o prazer e a dor.

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TRANSMISSÃO NEUROMUSCULAR

Fonte: institutowallon.com.br

Um tipo diferente de transmissão nervosa ocorre quando um axônio se


liga a uma fibra do músculo esquelético, em uma estrutura especializada
chamada de junção neuromuscular. Um potencial de ação que ocorre nesse
local é conhecido como transmissão neuromuscular. Em uma junção
neuromuscular, o axônio subdivide-se em inúmeros botões terminais localizados
em depressões formadas na placa motora. A acetilcolina é o transmissor
especial utilizado na junção neuromuscular.

Glutamato

Fonte: hipertrofiatotal.com

É um neurotransmissor excitatório no SNC, distribuído por todo SNC,


envolvido em patologias relacionadas ao aumento de susceptibilidade às

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convulsões epilépticas. Fármacos antagonistas do glutamato estão sendo
testados para tratamento da epilepsia.

RECEPTORES DE NEUROTRANSMISSORES

Fonte: ugc.kn3.net

De acordo com Goldman (2010, p.1)

Os receptores de neurotransmissores de primeira classe são canais


iônicos ativados por ligantes, também conhecidos por receptores
ionotrópicos. Eles passam por uma mudança na forma quando o
neurotransmissor se liga, causando a abertura do canal. Isso pode ser
um efeito excitatório ou inibitório, dependendo dos íons que possam
passar pelos canais e suas concentrações dentro e fora da célula.

Uma vez que as moléculas do neurotransmissor são liberadas de uma


célula como resultado do disparo de um potencial de ação, elas se ligam a
receptores específicos na superfície da célula pós-sináptica. Em todos os casos
nos quais esses receptores foram clonados e caracterizados em detalhe,
demonstrou-se que existem muitos subtipos de receptores para um determinado
neurotransmissor. Além de estar presente nos neurônios pós-sinápticos, os
receptores de neurotransmissores são encontrados nos neurônios pré-
sinápticos. Em geral, os receptores dos neurônios pré-sinápticos agem para
inibir a liberação de mais neurotransmissores.

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A grande maioria dos receptores de neurotransmissores pertence a uma
classe de proteínas conhecida como receptores em serpentina. Essa classe
exibe uma estrutura transmembrana característica. Isto é, ela cruza a membrana
celular, não apenas uma e sim sete vezes. A ligação entre os
neurotransmissores e o sinal intracelular é realizado através da associação ou
com proteínas G (pequenas proteínas que se ligam e hidrolizam a GTP) ou com
as enzimas proteína-kinases, ou com o próprio receptor na forma de um canal
de íon controlado pelo ligante (por exemplo, o receptor de acetilcolina). Uma
característica adicional dos receptores de neurotransmissores é que eles estão
sujeitos a desensibilização induzida pelo ligante: isto é, eles podem deixar de
responder ao estímulo em seguida a uma exposição prolongada a seus
neurotransmissores (KING, 2010).

AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

Foram identificados numerosos compostos que agem ou como agonistas


ou antagonistas dos neurônios colinérgicos. A principal ação dos agonistas
colinérgicos é a excitação ou inibição de células efetoras autônomas que são
inervadas pelos neurônios parassimpáticos pós-ganglionares e como tal são
chamados de agentes parassimpatomiméticos. Os agonistas colinérgicos
incluem os ésteres de colina (tais como a própria ACh) assim como seus
compostos protéicos ou alcaloides. Demonstrou-se que vários compostos que
ocorrem naturalmente agem sobre os neurônios colinérgicos, seja positiva ou
negativamente.
As respostas dos neurônios colinérgicos podem ser ampliadas pela
administração de inibidores de colinesterase (ChE). Os inibidores ChE tem sido
utilizado como componentes dos gases paralisantes, mas também tem
significativas aplicações medicinais no tratamento de doenças como a glaucoma
e a miastenia grave bem como para terminar o efeito de agentes bloqueadores
neuromusculares tais como a atropina.

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Agonistas e antagonistas colinérgicos naturais

Agonistas
 Nicotina: Alcaloide predominante no tabaco. Ativa os receptores de ACh
da classe nicotínica, trava o canal aberto
 Muscarina: Alcaloide produzido pelo cogumelo Amanita muscaria. Ativa
os receptores de ACh da classe muscarínica.
 a-Latrotoxina: Proteína produzida pela aranha "viúva negra". Induz
liberação maciça de ACh, talvez agindo como um ionóforo Ca 2+

Antagonistas
 Atropina (e compostos relacionados a escopolamina): Alcaloide
produzido pela "dama da noite", Atropa belladonna. Bloqueia a ação da
ACh apenas nos receptores muscarinicos.
 Toxina Botulínica: Oito proteínas produzida peloClostridium botulinum.
Inibe a liberação de ACh.
 a-Bungarotoxina: Proteína produzida por cobras do gênero Bungarus.
Impede a abertura do canal receptor de Ach.
 d-Tubocurarina: Ingrediente ativo do curar. Impede a abertura do canal
receptor de ACh na placa motora

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CATECOLAMINAS

Fonte: slidesharecdn.com

As principais catecolaminas são a norepinefrina, a epinefrina e


a dopamina. Esses compostos são formados de fenilalanina e tirosina. A tirosina
é produzida no fígado a partir da fenilalanina através da fenilalanina hidroxilase.
A tirosina é então transportada para neurônios secretores de catecolamina onde
uma série de reações a convertem em dopamina, norepinefrina e por fim
epinefrina (KING, 2010).
As catecolaminas exibem efeitos excitatórios e inibitórios do sistema
nervoso periférico assim como ações no SNC, tais como a estimulação
respiração e aumento da atividade psicomotora. Os efeitos excitatórios são
exercidos nas células dos músculos lisos dos vasos que fornecem sangue à pele
e às membranas mucosas. A função cardíaca também está sujeita aos efeitos
excitatórios, que levam a um aumento dos batimentos cardíacos e da força de
contração. Os efeitos inibitórios, ao contrário, são exercidos nas células dos
músculos lisos na parede do estômago, nas árvores brônquicas dos pulmões, e
nos vasos que fornecem sangue aos músculos esqueléticos.
Além de seus efeitos como neurotransmissores, a norepinefrina e a
epinefrina podem influenciar a taxa metabólica. Essa influência funciona tanto
pela modulação da função endócrina como a secreção de insulina e pelo
aumento da taxa de glicogenólise e a mobilização de ácidos graxos.

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As catecolaminas ligam-se a duas classes diferentes de receptores
denominados receptores a- e b-adrenérgicos. As catecolaminas, portanto, são
também conhecidas como neurotransmissores adrenérgicos; os neurônios que
os secretam são os neurônios adrenérgicos. Os neurônios que secretam a
norepinefrina são os noradrenérgicos. Os receptores adrenérgicos são
receptores em serpentina clássica que se acoplam a proteínas G intracelulares.
Parte da norepinefrina liberada dos neurônios pré-sinápticos e reciclada no
neurônio pré-sináptico por um mecanismo de reabsorção.

Catabolismo da catecolamina

A epinefrina e a norepinefrina são catabolizadas em compostos inativos


pela ação sequencial das enzimas catecolamine-O-metiltransferase (COMT)
e monoamina oxidase (MAO). Demonstrou-se que os compostos que inibem a
ação da MAO apresentam efeitos benéficos no tratamento de depressão clínica,
mesmo quando os antidepressivos tricíclicos não ineficazes. A utilidade dos
inibidores de MAO foi descoberta por acaso quando os pacientes submetidos a
tratamento da tuberculose com isoniazida mostraram melhoras em seu humor;
depois descobriu-se que a isoniazida funcionava inibindo a MAO.

GABA

Vários aminoácidos têm diferentes efeitos excitatórios ou inibitórios sobre


o sistema nervoso. O g-aminobutirato, um derivado de aminoácido, também
chamado de 4-aminobutirato, (GABA) é um inibidor bem-conhecido da
transmissão pré-sináptica no SNC e também na retina.
Segundo Forman et al, “das duas classes principais de aminoácidos
neuroativos, o ácido 𝛾- aminobutírico (GABA) é o principal aminoácido inibitório,
enquanto o glutamato é o principal aminoácido excitatório. ”
A formação do GABA ocorre por descarboxilação do glutamato catalisada
pela glutamato descarboxilase (GAD). A GAD está presente em muitas
terminações no cérebro assim como as células b do pâncreas. Os neurônios que
secretam GABA são chamados de GABAergicos.

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GABA exerce seus efeitos através da ligação de dois receptores distintos,
GABA-A e GABA-B. Os receptores GABA-A formam um canal Cl-. A ligação do
GABA aos receptores GABA-A aumenta a condutância de Cl- dos neurônios pré-
sinápticos. As drogas anxiolíticas do grupo das benodiazepina exercem seus
efeitos calmantes graças à potenciação das respostas dos receptores GABA-A
à ligação do GABA. Os receptores GABA-B estão acoplados a uma proteína G
intracelular e agem aumentando a condutância de um canal associado K +.

Neurotransmissores x Neuromoduladores

Fonte: amazonaws.com

Existem diversas substâncias capazes de promover comunicação das


células neuronais, dentre elas também temos os neuromoduladores (estes
exercem ações moduladoras em relação aos neurotransmissores).
Os neurônios sintetizam mediadores conhecidos como
neuromoduladores cujo efeito é o modular (controlar, regular) a transmissão
sináptica. (NISHIDA, 2012)
Porém algumas características são fundamentais para a diferenciação
destes, estas são:
 Deve ser sintetizado dentro do neurônio;

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 Deve ser encontrado na terminação pré-sináptica e secretado em
quantidades suficientes para agir no local de ação;
 Deve imitar a ação de um transmissor endógeno, quando este for aplicado
exogenamente;
 Deve apresentar mecanismos específicos para sua remoção.

Identificação dos neurotransmissores

Ocorrem nos terminais pré-sinápticos e fazem a liberação concomitante


atividade neural. Aplicados nas células produzem efeitos idênticos a estimulação
pré-sináptica e podem coexistir numa mesma sinapse.

Regulação neural

 Neurohormônios: secreção na corrente sanguínea.


 Neuromoduladores: secreção a partir de sítios não sinápticos, influenciam
atividade.
 Neuromediadores: secreção em sítios específicos celulares
(mensageiros).
 Fatores neurotróficos: produzidas no SNC para reparar lesões (NGF)

Etapas da neurotransmissão

Consiste na síntese e armazenamento, liberação na fenda sináptica,


difusão e reconhecimento pelos receptores pós-sináptico, transdução do sinal,
transmissão rápida, transmissão lenta, recaptura do transmissor e desativação
do neurotransmissor.

PEPTÍDEO

O termo peptídeo refere-se à união de dois ou mais aminoácidos por


intermédio de ligações peptídicas, que ocorrem entre o grupo carboxila de um
aminoácido e o grupo amina de outro. Quando esses grupos se ligam, ocorre a

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formação de água (reação de desidratação) em virtude da perda de uma hidroxila
do grupo carboxila e de hidrogênio do grupo amina.
Observe o esquema de uma ligação peptídica:

Fonte: uol.com.br

Os peptídeos diferem-se uns dos outros pelo número de aminoácidos e


pela sequência dessas moléculas. De acordo com o número de aminoácidos que
possuem, podemos classificá-los em dipeptídeos, quando são formados por dois
aminoácidos; tripeptídeos, quando são formados por três; tetrapeptídeos,
quando são formados por quatro aminoácidos, e assim por diante. Quando
temos vários aminoácidos ligados, usamos a denominação polipeptídeo.
Quando a molécula formada contém poucos aminoácidos ela é chamada
de oligopepetídeo. Quando há muitos aminoácidos ela é chamada de
polipeptídio.
Como cada aminoácido de uma cadeia peptídica perdeu um átomo
hidrogênio (H) ou uma hidroxila (OH), cada unidade de aminoácido é chamada
de resíduo.
Quando vamos atribuir um nome a um peptídeo pequeno, seguimos a
sequência dos seus aminoácidos constituintes. Começamos pelo resíduo
aminoterminal, que fica na extremidade esquerda e terminamos no resíduo
carboxilaterminal ou N-terminal, que consiste em um grupo carboxila livre
(SANTOS, 2016).

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Função biológica

Os grandes peptídeos constituem proteínas, que possuem extrema


importância biológica. Porém, muitos oligopeptídeos e peptídeos pequenos
possuem grande importância biológica, exercendo sua função mesmo em
quantidades muito pequenas.
Alguns hormônios e vertebrados, como a insulina, glucagon e
corticotrofina são compostos por menos de 50 resíduos de aminoácidos.
Como peptídeos pequenos de ocorrência natural também podemos citar
a ocitocina, bradicinina, tireotrofina e encefalinas. Os venenos
de fungos também são peptídeos pequenos.

Efeitos dos Fármacos

Os fármacos que atuam sobre o SNC o fazem sobre sistemas neurais


específicos de forma aditiva ou competitiva. De acordo com Gilman AG, et al, a
definição para a classe desses fármacos, e suas características, seria:
Classe de fármacos que produz efeitos fisiológicos e psicológicos
através de vários mecanismos. Podem ser divididos em fármacos
"específicos" -- por exemplo, aqueles que afetam um mecanismo
molecular identificável próprio das células alvo, as quais apresentam
receptores para aquele fármaco -- e os agentes "não específicos" que
produzem efeitos em diferentes células alvo e agem através de
diversos mecanismos moleculares. Aqueles que apresentam
mecanismos não específicos geralmente são classificados de acordo
com a produção de comportamento depressivo ou estimulante.
Aqueles que apresentam mecanismos específicos são classificados
por local de ação ou pelo uso terapêutico específico.

As condições fisiológicas dos indivíduos influenciam os efeitos de


fármacos no SNC.
Ex.: hipnóticos são menos efetivos em indivíduos hiperexcitados.
Estudo do modo como as propriedades físico-químicas do fármaco, a
forma farmacêutica e a via de administração afetam a velocidade e a extensão
de absorção do fármaco. Fazem parte desta fase as etapas de desintegração e
a dissolução do fármaco (MOURA JUNIOR, 2015).
Se pode afirmar que este processo está determinado pela tecnologia
com o qual o medicamento foi fabricado, por exemplo o grau de compressão.

25
Quanto maior a compressão do medicamento comprimido, menor será o
processo de desintegração do medicamento.
Quanto menor a compressão do medicamento comprimido, mais
rápido será o processo de desintegração do medicamento.
O grau de compressão é calculado em estudos afim de que a
desintegração do medicamento ocorra no melhor tempo possível para que seja
atingido a concentração plasmática adequada afim de atingir o objetivo
terapêutico do medicamento.
Medicamentos comprimidos efervescentes não passam pela fase de
desintegração, está ocorrendo na água antes de ser ingerida.
No momento da administração da solução, estes se apresentam em
pequenas partículas ao serem ingeridas.
A Fase Biofarmacêutica ocorre apenas com comprimidos, pílulas,
cápsulas, etc.

Fase de absorção

 É a transferência de um fármaco desde o seu local de administração até


a corrente sanguínea
 A velocidade e a eficiência da absorção dependem da via de
administração que o fármaco é aplicado
 A absorção, é a primeira etapa que começa com a escolha da via de
administração até o momento que a droga entra na corrente sanguínea.
 Todo medicamento oral é absorvido no TGI (maioria no intestino e alguns
ácidos fracos e substâncias neutras podem ser, em determinada
proporção, no estômago e, através da circulação porta, vai inicialmente
para o fígado, onde é submetido ao processo enzimático de
biotransformação ou degradação.

Processo de biotransformação

Efeito de primeira passagem ou metabolismo enzimatico de primeira


passagem.

26
 É a metabolização do medicamento pelo fígado e pela microbiota
intestinal, antes que o fármaco chegue à circulação sistêmica.
 Após uma droga ser ingerida, ela é absorvida pelo sistema digestivo e
entra no sistema porta hepático. Antes de atingir o resto do corpo, ela é
carregada através da veia porta hepática para o fígado.
 O fígado metaboliza muitas drogas, às vezes de tal maneira que somente
uma pequena quantidade de droga ativa é lançada a partir do fígado em
direção ao resto do sistema circulatório do corpo.
 Os medicamentos administrados pela via oral, sofrem essa
biotransformação no fígado, diminuindo significativamente a
biodisponibilidade da droga no sangue.
 Vias de administração alternativas podem ser usadas, como intravenosa,
intramuscular, sublingual, transdérmica e via retal. Estas vias evitam o
efeito de primeira passagem pois permitem que a droga seja absorvida
diretamente na circulação sistêmica
 A degradação do fármaco no fígado depende de sua estrutura química,
pode ser completamente metabolizado ou inativado.
 O fígado é o órgão que prepara a droga para a excreção, necessário para
tornar as substâncias mais polares, mais hidrossolúveis para serem
facilmente eliminadas pelos rins, a mais importante via de eliminação.
 Principal órgão de metabolização: fígado
 Demais órgãos: rins, pulmões, intestino, pele. (MOURA JUNIOR, 2015)

FATORES ENVOLVIDOS NA ABSORÇÃO

Ligados ao fármaco

 Fase farmacêutica
 Propriedades físico-químicas (lipossolubilidade, peso molecular,
grau de ionização, concentração)
 Via de administração

27
Ligados ao organismo

 Vascularização do local: quanto mais vascularizado, maior a


quantidade de circulação sanguínea e assim, maior a quantidade
de droga circulante.
 Superfície de contato
 Dose da droga a ser administrada
 Concentração da droga na circulação sistêmica,
 Concentração da droga no local de ação
 Enfermidades / Patologias
 Fluxo sanguíneo
 Motilidade do TGI
 Velocidade de esvaziamento gástrico
 Idade
 Sexo
 Peso corporal
 PH do meio

Fase de distribuição

 Ocorre após a administração do fármaco, seja via oral ou parenteral;


 Nesta etapa a droga é distribuída no organismo através da circulação
 O processamento da droga no organismo passa primeiramente nos
órgãos de maior vascularização (como SNC, pulmão, coração) e depois
sofre redistribuição aos tecidos de menos irrigação (tecido adiposo, por
exemplo).
 Após a absorção, o fármaco precisa ser distribuído para o corpo, função
desempenhada pela corrente sanguínea.
 É nessa etapa em que a droga chega ao ponto onde vai atuar.
 O fármaco pode ser distribuído “livre” ou “complexado” a proteínas
plasmáticas (MOURA JUNIOR, 2015)

28
Fase de eliminação/excreção

 Pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o meio


externo.
 O principal sítio de excreção é o Rim. Além dele, podemos incluir os
pulmões, fezes, secreção biliar, suor, lágrima, saliva e leite materno.
Retirando desta lista os pulmões para os fármacos gasosos ou voláteis,
os demais sítios são quantitativamente menos importantes (JUNIOR,
2015).

Estimulantes

Um estimulante (do latim stimulare) ou psicoestimulante ou psicotônico é,


em geral, uma droga que aumenta os níveis de atividades motoras e cognitivas,
reforça a vigília, o estado de alerta e a atenção, e, algumas vezes, tem potencial
euforizante. Seu efeito é considerado como semelhante à adrenalina na
atividade motora, daí a denominação de adrenérgico, contudo esse não é o único
mecanismo de ativação metabólica do organismo.

Fonte: abrilveja.files.wordpress.com

29
Psicoestimulantes (ex. anfetaminas)

Os psicoestimulantes, na Farmacodinâmica, como sugere o próprio nome,


são drogas capazes de estimular a atividade, a vigília e a atenção. São agonistas
das catecolaminas, aumentando a disponibilidade de noradrenalina e dopamina
nos receptores. (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2016)
Os psicoestimulantes tem por função potencializar o funcionamento
cerebral, atuando sobre o neurotransmissor dopamina; com isto, ocorre a
redução dos sintomas especialmente da distração e da hiperatividade.
Justamente por sua interferência no metabolismo da dopamina, que é a
substância orgânica que envolvida no controle da motivação, níveis de energia
e do prazer, os psicoestimulantes compõem uma categoria de drogas muito
controladas. Por potencializar o funcionamento do cérebro, os psicoestimulantes
conseguem aumentar a concentração, a memória operacional e a velocidade
mental; também a capacidade de sustentar o esforço mental por tempo mais
longo; iniciar e realizar atividades até o final. Também tem efeito sobre a
hiperatividade, por estimular as áreas cerebrais que comandam a inibição da
motricidade (melhoram os freios comportamentais). Os pensamentos se tornam
mais claros, pela melhor organização das ideias e redução das distrações.
(JUNDURIAN, 2018)
Psicoestimulantes não são apenas "tarja-preta", que demandam receita
para serem comprados. Exigem uma receita ainda mais restrita (receituário
amarela), da mesma categoria usada, por exemplo, para a prescrição de
opiáceos, como derivados de morfina. São medicações que trazem riscos de
efeitos colaterais sérios, bem como risco de desenvolver dependência.
Os psicoestimulantes são comercializados em dois tipos de formulação:
de ação imediata ou de longo alcance (LA). A diferença entre ambos está no
mecanismo de liberação da droga a partir da cápsula, o que afeta diretamente o
processo de absorção pelo organismo. Com a ação imediata, a droga entra na
corrente sanguínea quase que imediatamente - em cerca de 15 minutos já se
percebe seu efeito; é rapidamente metabolizado e "sai" do organismo. As
formulações de longo alcance têm sempre dois pontos de liberação, o que
permite usar apenas uma cápsula por dia e um efeito mais duradouro.

30
TIPOS DE FORMULAÇÃO DOS PSICOESTIMULANTES - DURAÇÃO DO
EFEITO

Ritalina

A Ritalina de 10mg é ainda a droga mais vendida, podendo funcionar bem


como alternativa de curto prazo - seus efeitos normalmente aparecem bem
rapidamente e duram por bem pouco tempo - entre 3 a 4 horas, o que torna
necessário tomar o remédio duas ou mais vezes por dia. Há também algumas
outras formulações de metilfenidato com liberação lenta (de longa duração)
como Ritalina LA ou Concerta, que podem durar entre 6 e 8 horas.

Fonte: emagrecer.eco.br

A ritalina é um fármaco psicoestimulante fraco, que atua no sistema


nervoso central, proporcionando efeitos mais evidentes sobre as atividades
mentais do que sobre as motoras. Seu mecanismo de ação ainda não é bem
compreendido, porém, o resultado de seu uso é bem reconhecido e bastante
estudado. Sua absorção pode ser acelerada, se ingerido junto com alimento.
Com o Venvanse, que também é uma formulação de longa duração, se
consegue um efeito mais prolongado - até 12 horas. Isto se deve especialmente
à categoria da droga, da família das anfetaminas, que é mais potente que o
metilfenidato (AMORIM, 2016)

31
Anfetamina

A anfetamina surgiu no século 19, tendo sido sintetizada pela primeira vez
na Alemanha, em 1887. Cerca de 40 anos depois, a droga começou a ser usada
pelos médicos para aliviar a fadiga, dilatar as passagens nasais e bronquiais e
estimular o sistema nervoso central. Na década de 30, o propósito era o
tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), então
denominado hiperatividade ou disfunção cerebral mínima (RIBEIRO;
MARQUES, 2002, apud MARCON, 2012)
Anfetaminas são substâncias simpatomiméticas que têm a estrutura
química básica da beta-fenetilamina. Sob esta designação, existem três
categorias de drogas sintéticas que diferem entre si do ponto de vista químico.
As anfetaminas, propriamente ditas, são a dextroanfetamina e a metanfetamina.
A anfetamina é uma droga estimulante do sistema nervoso central, que provoca
o aumento das capacidades físicas e psíquicas.
Atualmente, as anfetaminas de uso não terapêuticos são proibidas em
vários países, incluindo o Brasil (desde 2011). Em alguns países da Europa a
substância foi totalmente proibida, sendo encontrada somente de forma
clandestina, vinda de outros locais. A maior parte dos usuários são mulheres que
utilizam a droga para o emagrecimento.

Dextroanfetamina

A Dextroanfetamina é uma substância sintética criada no século XX. Ela


é um tipo de anfetamina (substâncias simpatomiméticas que tem a estrutura
química básica da beta-fenetilamina). É um tipo de droga sintética.
A BVS – Biblioteca Virtual de Saúde, define a Dextroanfetamina como:
É um estimulante do sistema nervoso central e um simpatomimético.
Foi também utilizada no tratamento da narcolepsia e nos distúrbios
envolvendo déficits de atenção e hiperatividade
em crianças. Dextroanfetamina possui múltiplos mecanismos de ação
incluindo o bloqueio de adrenérgicos e dopamina, estimulação da
liberação de monoaminas e inibindo a monaminoxidase. É também
uma droga de abuso e um psicotomimético.

Quando a Dextroanfetamina é absorvida rapidamente por via oral, esta


alcança seu pico plasmático cerca de 1 a 3 horas após sua administração. Possui

32
uma meia-vida de aproximadamente 8 a 12 horas, o que faz com que seja
necessária à sua administração em dois a três tomadas por dia. Metade de sua
eliminação é feita através de metabolização hepática e metade é eliminada
inalterada na urina. A acidificação da urina acelera sua excreção.
A dextroanfetamina é o mais potente dos simpaticomiméticos
(substâncias que estimulam o sistema nervoso simpático) devido a sua
capacidade de atuar tanto no sistema dopaminérgico quanto sistema da
norepinefrina. No Brasil é comercializada para o tratamento do Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade, sob o nome comercial de Venvanse.
Algumas características da Dextroanfetamina:
 Foi também utilizada no tratamento da narcolepsia e nos distúrbios
envolvendo déficits de atenção e hiperatividade em crianças.
 É usado na forma de sulfato ou de cloridrato como estimulante do sistema
nervoso central.
 Possui múltiplos mecanismos de ação incluindo o bloqueio de
adrenérgicos e dopamina, estimulação da liberação de monoaminas e
inibição da enzima monoaminoxidase. É também uma droga de abuso e
um psicotomimético.
 A Dextroanfetamina está incluída em um dos três principais
simpaticomiméticos utilizados atualmente na prática clínica (os outros são
Metilfenidato e Pemolide) e seus principais efeitos são transtorno do
déficit de atenção com hiperatividade (DDAH) e a Narcolepsia.
 Sua fórmula química é C9H13N.
 Seu peso molecular é de 135.206.
 Seu metabolismo é hepático.

33
Metanfetamina

Fonte: seligasaude.com

A metanfetamina (N-methylamphetamine), é uma droga muito potente e


altamente viciante, cujos efeitos se manifestam no sistema nervoso central e
periférico. Segundo Amaral 2012, A metanfetamina é uma droga estimulante do
sistema nervoso central usada com objetivo terapêutico ou como droga de abuso
quando consumida em doses acima do recomendado.
Ela tem-se vulgarizado como droga de abuso devido aos seus efeitos
agradáveis intensos tais como a euforia, aumento do estado de alerta,
da autoestima, do apetite sexual, da percepção das sensações e pela
intensificação de emoções. Por outro lado, diminui o apetite, a fadiga e a
necessidade de dormir.
Não há uso médico da metanfetamina. Drogas da família das
anfetaminas, como o metilfenidato, são usados para tratamento de algumas
doenças, como a narcolepsia, e o Transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade em crianças e adultos. Porém, o potencial de dependência do
metilfenidato é muito baixo.
A metanfetamina possui um grande potencial de dependência, e a sua
utilização crônica pode conduzir ao aparecimento de comportamentos
psicóticos, além de outros transtornos mentais como depressão, e
principalmente, dependência química de difícil tratamento.

34
Piracetam

Fonte: doktersehat.com

O Piracetam é uma substância estimulante do cérebro que age no sistema


nervoso central, melhorando várias capacidades mentais como memória
ou atenção, sendo por isso muito utilizado para tratar vários tipos de
déficits cognitivos.
O Piracetam pode ser encontrado nas farmácias convencionais com o
nome comercial de Cintilam, Nootropil ou Nootron, por exemplo, sob a forma de
xarope, cápsula ou comprimido.
O Piracetam está indicado para melhorar as atividades mentais como
memória, aprendizagem e atenção, sendo, por isso, usado no tratamento da
perda de função cerebral durante o envelhecimento ou após AVC.
No Brasil, é comercializado como substância pura sob os seguintes
nomes:
 Cintilan® (Medley);
 Nootrofic® (Cristália);
 Nootron® (Biosintética);
 Nootropil® (Aventis);
 Piracetam® (Hexal).
Sob a forma associada ou combinada, para aplicação diferenciada, ocorre
com outros nomes comerciais.

35
Reguladores ou estabilizadores de humor

Estabilizadores do Humor são substâncias utilizadas para a manutenção


da estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas nem
sedativas.
Segundo a ADEP (Associação de apoio aos doentes Depressivos e Bipolares),
Há, presentemente, três estabilizadores do humor comprovadamente
eficazes:
 O Lítio, comercializado, em Portugal, no medicamento Priadel;
 O Valproato, comercializado nos medicamentos Diplexil R e Depakine;
 A Carbamazepina (Tegretol).
Cada um destes três estabilizadores do humor tem diferentes acções
químicas no organismo. Se um não for eficaz no tratamento ou tiver
efeitos adversos persistentes o médico tem a possibilidade de escolher
outro, ou de combinar dois em doses que permitam uma melhor
tolerância e eficácia. Há análises para determinar o nível sanguíneo
dos três estabilizadores do humor, permitindo o controle correto da
dose em cada doente.

Mais recentemente outras substâncias foram destinadas a esse fim, como


o Divalproato de Sódio, Oxcarbazepinas, Topiramato, Lamotrigina.
Evidentemente essa lista tende a aumentar progressivamente, de acordo com
as novas pesquisas psicofarmacológicas.
Alguns outros anticonvulsivantes estão merecendo estudos sobre sua
eficácia como Estabilizadoras do Humor, como é o caso da Lamorigina e da
Gabapentina. Mais comumente, à exceção do Lítio, todos os demais
Estabilizadores do Humor são, concomitantemente, anticonvulsivantes.
A indicação exclusiva para Estabilizadores do Humor são os Transtornos
Afetivos Bipolares e os Episódios de Mania (Euforia) ou de Hipomania.
O tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar sem estes Estabilizadores do
Humor se complica devido ao fato dos antidepressivos estarem sujeitos a
desencadear crises de euforia, assim como os sedativos terem probabilidade de
desencadear a depressão.
Desta forma, tanto o Carbonato de Lítio, quanto a Carbamazepina são
utilizados sempre como coadjuvantes quase indispensáveis do tratamento.

Depressores

Antipsicoticos

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Os antipsicóticos são classificados em típicos (ou de primeira geração ou
tradicionais) e atípicos (ou de segunda geração), de acordo com seu mecanismo
de ação – os típicos bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2, enquanto que
os atípicos bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2 e os receptores
serotoninérgicos 5HT2A. Essa diferença no mecanismo de ação determina perfis
distintos de efeitos terapêuticos e efeitos colaterais de cada um desses
grupos.(CORDIOLI, 2000).

Fonte: elsevier.es

Ansiolíticos
O CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas, conceitua ansiolíticos como:
São medicamentos que têm a propriedade de atuar sobre a ansiedade
e tensão. Estas drogas foram chamadas de tranquilizantes, por
acalmarem a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-
se designar esses tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos,
ou seja, que "destroem" (lise) a ansiedade. Também são utilizadas no
tratamento de insônia e nesse caso também recebem o nome de
drogas hipnóticas, isto é, que induzem sono. Os ansiolíticos mais
comuns são substâncias chamadas benzodiazepínicos, que aparecem
em medicamentos como Valium® , Librium® , Lexotam® , Dormonid®
etc.

37
Fonte: images.e-konomista.pt

Hipnóticos

Anestésicos

Fonte: zitusti.cz

38
Antiepilépticos

Fonte: setorsaude.com.br

Antidepressivos

Os antidepressivos são medicamentos ou drogas que agem no sistema


nervoso, cuja função é normalizar o fluxo de neurotransmissores, que são
moléculas responsáveis pelo impulso nervoso de um neurônio para o outro.
Os neurotransmissores saem de um neurônio, atravessam a sinapse
(espaço entre dois neurônios) e ativam os receptores do neurônio seguinte. Os
neurotransmissores mais importantes são: serotonina, noradrenalina, dopamina,
acetilcolina, glutamato e GABA.
“São medicamentos cuja ação decorre no Sistema Nervoso Central,
normalizando o estado do humor, quando se encontra deprimido (o que equivale
para o doente a tristeza, angústia, desinteresse, desmotivação, falta de energia,
alterações do sono e do apetite e muitos outros sintomas). “ (ADEB, 2013)
Os mecanismos de ação são distintos de um antidepressivo para outro.
Há várias e diferentes classes.
Há os inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou
serotoninérgicos (fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram e escitalopram).

39
Há os antidepressivos duais que inibem a recaptura tanto de serotonina quanto
de noradrenalina, conhecidos como os de duplo mecanismo de ação
(venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina). Há certos antidepressivos que
também atuam sobre outros neurotransmissores ou têm mecanismos de ação
completamente diferentes como a agomelatina que atua como agonista em
receptores de melatonina (hormônio produzido pela glândula pineal do cérebro).
Os efeitos colaterais variam de acordo com a classe ao qual o antidepressivo
pertence e também de acordo com a tolerância de cada pessoa. Os
antidepressivos mais antigos, conhecidos como tricíclicos (clomipramina,
imipramina, amitriptilina) costumam dar mais efeitos colaterais que os mais
recentes (inibidores da recaptação de serotonina e os de duplo mecanismo de
ação). Parece haver diferenças nas respostas aos antidepressivos entre homens
e mulheres. As mulheres até 50 anos de idade parecem ser mais respondedoras
aos antidepressivos serotoninérgicos enquanto os homens respondem melhor
aos tricíclicos e duais – porém, isso não é uma regra geral.
Entre os efeitos colaterais (variável de pessoa para pessoa e de acordo
com o tipo de antidepressivo utilizado) que podem ocorrer temos: alteração do
sono e apetite, alterações gastrintestinais (diarreia ou obstipação intestinal),
retenção urinária, alergias de pele, sudorese, diminuição da libido ou retardo da
ejaculação, aumento ou diminuição de peso, náusea, tontura, tremores –
inclusive, alguns deles, de forma paradoxal, podem aumentar até a ansiedade e
agitação nos primeiros dias de tratamento e por tempo limitado. Os efeitos
colaterais iniciais podem ser contornados e atenuados nos primeiros dias ou
semanas de tratamento, o médico deve sempre ser consultado e orientar o seu
paciente a respeito. Há alguns antidepressivos que podem ser hepatotóxicos e
exames de sangue devem ser solicitados. Deve-se evitar a parada da medicação
por conta própria. Há pessoas mais sensíveis aos efeitos colaterais, enquanto
alguns não os têm. É muito individual. É bom frisarmos que antidepressivos não
causam dependência e são confundidos habitualmente pelas pessoas com os
benzodiazepínicos (“calmantes”) como bromazepam, clonazepam, diazepam,
lorazepam e alprazolam.

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Antidepressivos tricíclicos

Fonte: 3.bp.blogspot.com

Os antidepressivos tricíclicos são medicamentos desenvolvidos para o


tratamento da depressão, mas também utilizados como coadjuvantes do
tratamento de dor crônica, na profilaxia da enxaqueca, na abstinência à cocaína
e nos casos de enurese noturna em crianças.
Este grupo de medicamentos aparecia pouco no painel das intoxicações,
pois eram drogas quase que exclusivamente de uso por neurologistas; porém
com o surgimento dos antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina,
que apresentam menos efeitos colaterais, acabaram por ser mais utilizados
pelos clínicos e ginecologistas, por exemplo. O custo mais alto dos
antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina também facilitou o
incremento do uso dos antidepressivos tricíclicos e o aumento dos casos de
intoxicação.
Uma outra característica desse grupo de drogas é seu índice terapêutico
baixo, que reflete a segurança relativa de um medicamento. Geralmente ele é
calculado a partir da curva dose/resposta obtida em animais de experimentação
e se refere à relação DL50/DE50.
Os principais antidepressivos tricíclicos são os de primeira geração: a
imipramina e a amitriptilina.

41
Imipramina

A imipramina é um antidepressivo tricíclico usado para tratar dor


neurogênica, dor reumatológica, enurese noturna e depressão resistente a
tratamento com ISRS e ISRNS.

Amitriptilina

A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico (ADT), portanto da classe dos


mais conhecidos medicamentos antidepressivos. Segundo Moreno et al, “Os
primeiros antidepressivos – os antidepressivos tricíclicos (ADTs) e os inibidores
da monaminooxidase (IMAOs) – foram descobertos através da observação
clínica. Os ADTs apresentavam boa eficácia devido à sua ação, aumentando a
disponibilidade de norepinefrina e serotonina”
Foi desenvolvida em 1960. Aprovada em abril de 1961(nos EUA). Está
na lista de medicamentos essenciais da organização mundial de saúde.
Sua principal finalidade é o tratamento da depressão e pode demorar de
duas a quatro semanas para começar a fazer efeito, enquanto os efeitos
colaterais surgem muito rapidamente.
Amitriptilina é usado para uma série de condições médicas, incluindo
transtorno depressivo maior. Algumas evidências sugerem amitriptilina pode ser
mais eficaz do que outros antidepressivos incluindo inibidores da recaptação da
serotonina (ISRS) embora raramente seja utilizada como um antidepressivo de
primeira linha, devido à sua alta toxicidade em overdose e tolerabilidade
geralmente mais pobres.
Embora numa fase inicial do tratamento se verifique sedação, pode levar
de uma a seis semanas até que seja atingido o efeito desejado. Além de
antidepressivo, a amitriptilina atua também como bloqueador do pânico
(Transtorno do Pânico) e Transtorno de Ansiedade Generalizada.

42
Lítio

De acordo com a ADEB, “O lítio é eficaz no control de algumas doenças


mentais e estados emocionais caracterizados por grandes e frequentes
alterações de humor, muito incapacitantes. ”
Medicamentos comerciais:
 Carbolim
 Carbolitium
 Litiocar
 Neurolithium

Antes de mais nada, deve ficar claro que não tem nenhuma base científica
comprovada a utilização do Lítio para prevenção ou tratamento inespecífico de
problemas emocionais em pacientes que tenham apresentado zero de Lítio no
sangue, pois o normal de qualquer pessoa que não está em tratamento com Lítio
é mesmo zero.
Ainda não foi claramente estabelecido o mecanismo exato de ação do
Lítio. Postulam-se duas teorias. A primeira relaciona o efeito estabilizador do
ânimo com uma redução na concentração do neurotransmissor catecolamina,
mediada possivelmente pelo efeito do íon lítio na enzima adenosina trifosfase.
Na+/K+-dependente, para produzir um aumento no transporte transmembrana
neuronal do íon sódio.
A segunda hipótese é que o Lítio pode diminuir as concentrações de
monofosfato de adenosina cíclico (AMPcíclico), o que por sua vez pode originar
diminuição da sensibilidade dos receptores da adenilatociclase sensíveis aos
hormônios. É absorvido por via oral de forma rápida e completa.
O Lítio não se une às proteínas plasmáticas nem é metabolizado, e
elimina-se 95% de forma inalterada pelo rim. A eliminação é inicialmente rápida
e, após tratamento prolongado, torna-se mais lenta.
Na forma ativa o Lítio pode ser reabsorvido 80% no túbulo proximal. A
velocidade de excreção diminui com o aumento da idade. No início do tratamento
a meia-vida é bifásica, a concentração sérica diminui com rapidez durante as 5
a 6 horas iniciais, seguida de uma diminuição gradual durante as 24 horas
seguintes. O início de sua ação terapêutica pode demorar de 1 a 3 semanas.

43
O Lítio é potencialmente tóxico para o sistema nervoso central, inclusive
em concentrações séricas dentro do alcance terapêutico. Deve ser administrado
com precaução na presença de doença cardiovascular (pode exacerbar-se), na
presença de alterações do sistema nervoso central (epilepsia e parkinsonismo),
em casos de desidratação grave (aumenta o risco de toxicidade) e quando existir
insuficiência renal ou retenção urinária.
A toxicidade por Lítio pode aparecer em concentrações séricas
terapêuticas ou próximas a elas. Durante a fase maníaca aguda, o paciente pode
ter uma grande capacidade para tolerar o lítio, dado que este diminui a
reabsorção de sódio pelos túbulos renais. Recomenda-se o consumo de cloreto
de sódio e uma adequada ingestão de líquidos (2,5 a 3 litros por dia). Sua
administração deve ser cuidadosa nos casos de bócio ou hipotireoidismo, já que
pode agravá-los.
Antes e durante o tratamento, recomenda-se efetuar a determinação da
função renal, contagem de leucócitos e eletrocardiogramas. É aconselhável
efetuar exames do lítio sérico durante o tratamento.

FARMACODEPENDÊNCIA

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

44
Conceito

A OMS – Organização Mundial da Saúde, define a farmacodependência


como:
Um estado psíquico e algumas vezes também físico, resultante da
interação entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por
um comportamento e outras reações que incluem sempre compulsão
para administrar a droga, de forma contínua ou periódica, com a
finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e às vezes para
evitar o desconforto de sua abstinência. A tolerância pode existir ou
faltar e o indivíduo pode ser dependente de mais de uma droga.

Fatores relacionados

 Fármaco
 Indivíduo
 Ambiente

Variáveis que influenciam

11.3.1 Droga

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

 Disponibilidade
 Custo
 Potência e grau de pureza

45
 Via de administração
 Farmacocinética

Indivíduo

 Fatores hereditários: predisposição tolerância inata, velocidade do


desenvolvimento de tolerância
 Transtornos psiquiátricos
 Experiência/expectativa anterior
 Propensão para “comportamento de risco”

Ambiente

 Atitudes da comunidade: ambiente social, contexto de época


 Disponibilidade de outros reforçadores (prazer e recreação)
 Estresse

Todas as drogas que induzem dependência aumentam a liberação de


dopamina no núcleo accumbens (DI CHIARA et al., p.227-241).

Diagnóstico de dependência (DSM-IV, 1994)

Pelo menos 3 durante os últimos 12 meses:

 Tolerância
 Abstinência
 Uso frequente de quantidades maiores ou por períodos mais prolongados
do que o pretendido
 Desejo persistente ou esforços malsucedidos para controlar o uso
 Muito tempo é consumido em conseguir, usar ou recuperar-se do uso
 Abandono ou redução de atividades sociais, ocupacionais ou recreativas
devido ao uso

46
 Uso mantido apesar do reconhecimento de problemas físicos ou
psicológicos persistentes ou recorrentes, causados ou agravados pelo
uso

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

Conceito

Segundo o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”,


publicado pela Associação Psiquiátrica Americana1 (2000), a característica
primordial da dependência de substâncias corresponde à presença de um
conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Esses sintomas
evidenciam que o indivíduo continua a utilizar uma determinada substância,
apesar dos problemas significativos relacionados à mesma – tanto em termos de
saúde quanto pessoais e sociais. Sendo assim, existe um padrão de
autoadministração repetida, o qual geralmente resulta em tolerância, abstinência
e comportamento compulsivo de consumo da droga. Resulta de neuroadaptação
que aparece como tolerância no decorrer do uso.
Favaro (2012, p.1) descreve a síndrome de abstinência como a doença
da adicção (DA) acometendo homens e mulheres e não está relacionada

47
somente às drogas, mas qualquer outra manifestação compulsiva que a pessoa
tenha demasiadamente. O termo adicção é utilizado para evitar a terminologia
viciado, pois vício tem conotação negativa que diminui a autoestima do adicto
prejudicando sua recuperação.

Caso clínico

Paciente ansioso, utilizando Valium® sob prescrição médica, passa a


consultar outros médicos na tentativa de conseguir um número maior de
prescrições.
Paciente em alta hospitalar após tratamento com opióides apresenta
intensas cólicas abdominais, vômitos, diarreia e suores intensos.

Quadro provável

DEPENDENTE. Paciente em síndrome de abstinência pela retirada do


opióide.

O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE


DOENÇAS

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas


Relacionados com a Saúde, mais conhecida como CID, é uma das principais
ferramentas epidemiológica do cotidiano médico. A Classificação Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como
Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros
problemas relacionados à saúde.
A CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma
grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas,
circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada
estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código
CID 10.

48
A CID-10, como é conhecida, foi desenvolvida em 1992 para registar as
estatísticas de mortalidade.

Fonte: d3vdsoeghm4gc3.cloudfront.net

A principal função do CID é monitorar a incidência e prevalência de


doenças, através de uma padronização universal das doenças, problemas de
saúde pública, sinais e sintomas, queixas, causas externas para ferimentos e
circunstâncias sociais, apresentando um panorama amplo da situação em saúde
dos países e suas populações.
O CID é utilizado por médicos, outros profissionais de saúde,
pesquisadores e gestores em saúde, empresas, seguros de saúde e
organizações de pacientes, para classificar doenças e problemas em saúde nos
registros em saúde.
Esta ferramenta está traduzida em 43 diferentes línguas e presente em
mais de 115 países. A versão mais nova é o CID-10 lançado na 43a Assembleia
Mundial da Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em
maio de 1990. Uma nova versão está em revisão com lançamento previsto do
CID-11 em 2018.

49
Fonte: image.slidesharecdn.com

O DATASUS disponibiliza o programa PESQCID, que permite a partir de


um nome, parte do nome ou código, localizar as informações sobre a CID. Este
programa está disponível para download na página do DATASUS.

Os seguintes códigos são usados pela Classificação Estatística


Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

Capítulo Códigos Título

I A00-B99 Algumas doenças infecciosas e parasitárias.

II C00-D48 Neoplasmas (tumores).

Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e


III D50-D89
alguns transtornos imunitários.

IV E00-E90 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.

V F00-F99 Transtornos mentais e comportamentais.

G00-
VI Doenças do sistema nervoso.
G99

VII H00-H59 Doenças do olho e anexos.

VIII H60-H95 Doenças do ouvido e da apófise mastoide.

50
IX I00-I99 Doenças do aparelho circulatório.

X J00-J99 Doenças do aparelho respiratório.

XI K00-K93 Doenças do aparelho digestivo.

XII L00-L99 Doenças da pele e do tecido subcutâneo.

M00- Doenças do sistema osteomuscular e do tecido


XIII
M99 conjuntivo.

XIV N00-N99 Doenças do aparelho geniturinário.

O00-
XV Gravidez, parto e puerpério.
O99

XVI P00-P96 Algumas afecções originadas no período perinatal.

Q00- Malformações congênitas, deformidades e anomalias


XVII
Q99 cromossômicas.

Sintomas, sinais e achados anormais de exames


XVIII R00-R99 clínicos e de laboratório, não classificados em outra
parte

Lesões, envenenamentos e algumas outras


XIX S00-T98
consequências de causas externas.

XX V01-Y98 Causas externas de morbidade e de mortalidade.

Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato


XXI Z00-Z99
com os serviços de saúde.

XXII U00-U99 Códigos para propósitos especiais.


Fonte: scielosp.org

A nova CID

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em junho de 2018 a nova


Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde (CID-11) após 10 anos de preparação.
A nova CID é totalmente eletrônica, ” tornando-a mais fácil de usar e
menos propensa a erros”, como afirma a OMS em seu site oficial. A CID é uma

51
das principais ferramentas epidemiológicas do cotidiano médico e a base para
identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o mundo. O novo
documento contém cerca de 55 mil códigos únicos para lesões, doenças e
causas de morte – a CID-10 continha 14.400. Entre as novidades da publicação,
estão a inclusão do transtorno dos jogos eletrônicos como um dos problemas de
saúde mental, além de capítulos inéditos sobre medicina tradicional e saúde
sexual.
Sua principal função é monitorar a incidência e prevalência de doenças,
por meio de uma padronização universal das mesmas, problemas de saúde
pública, sinais e sintomas, causas externas para ferimentos e circunstâncias
sociais, apresentando um panorama amplo da situação em saúde dos países e
suas populações.
De acordo com Dr. Robert Jakob, coordenador da equipe de classificação
de terminologias e padrões da OMS, essa décima primeira edição também
reflete o progresso da medicina e os avanços na compreensão científica. O Dr.
Jakob disse também que outras seções que foram atualizadas de acordo com o
conhecimento atual incluem cardiologia, alergias e doenças do sistema imune,
doenças infecciosas, câncer, demência e diabetes.
O documento será apresentado oficialmente durante a Assembleia
Mundial da Saúde, em maio de 2019, e entrará em vigor em 1º de janeiro de
2022. A versão já divulgada permitirá aos países planejar seu uso, preparar
traduções e treinar profissionais de saúde.
A CID também é utilizada por seguradoras de saúde cujos reembolsos
dependem da codificação de doenças; gestores nacionais de programas de
saúde; especialistas em coleta de dados; e outros profissionais que
acompanham o progresso na saúde global e determinam a alocação de recursos
de saúde.

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AMORIM, C, 2016. IPDA - Instituto Paulista de Déficit de Atenção – Tratamento


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