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‘PSICOLOGISMO’ E IDEALISMO (Husserl, Manuscrito de 1936, in Gaëtan Picon, Panorama das

ideias contemporâneas, cap. 1)

… não foi apercebido claramente que o sentido da objetividade implícita nas ciências da
natureza – o sentido correlativo às tarefas e aos métodos das ciências da natureza – difere
fundamentalmente do que as ciências do espírito põem em jogo. Este juízo aplica-se tão bem
ao que se chama as ciências concretas do espírito como à psicologia. Pretendeu-se conferir à
psicologia a mesma objetividade da física; foi precisamente essa existência que tornou
completamente impossível uma psicologia na plena e autêntica aceção da palavra; com efeito,
quando se trata da alma, da subjetividade compreendida como subjetividade individual, como
pessoa isolada e como vida isolada, ou então como implícita numa história e numa
comunidade, como social na aceção mais larga, é francamente absurdo atribuir-lhe uma
objetividade do género da das ciências da natureza.

… só o idealismo, sob todas as suas formas, tentou aprender a subjetividade enquanto


subjetividade, e reconheceu que o mundo tão somente é dado ao sujeito e a comunidades d
sujeitos como um mundo que para eles apresenta uma validade (Geltung) relativa, subjetiva,
em função de um conteúdo de experiência sempre variável, como um mundo que adota na
subjetividade e a partir dela transformações de sentido (Sinn) sempre novas. Só o idealismo
reconheceu que a convicção, que se impõe apoditicamente, de um só e mesmo mundo que se
esboça de maneira subjetiva segundo um modo variável e puramente motivada na
subjetividade; ora o sentido desta subjetividade, ou seja o próprio mundo, o mundo realmente
existente, nunca excede a subjetividade que elabora tal sentido

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