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O dever do saneamento
Apesar de ser a oitava economia do mundo, o Brasil ocupa a 106.ª posição
quando o assunto é saneamento: 35 milhões não têm acesso à água
potável

Notas e Informações, O Estado de S.Paulo


29 de abril de 2019 | 03h00

Apesar de ser a oitava economia do mundo, o Brasil ocupa a 106.ª posição


quando o assunto é saneamento. Os indicadores de água e esgoto do País
são rigorosamente desproporcionais da realidade econômica e social,
atrás de Chile, México e Peru, relata o estudo Panorama da Participação
Privada no Saneamento 2019. Até a Bolívia, por exemplo, trata melhor a
água de sua população do que o Brasil.

Os números nacionais são estarrecedores. Trinta e cinco milhões de


brasileiros não têm acesso à água potável. Cem milhões ainda não têm
acesso ao serviço de coleta de esgoto. De cada 100 litros de esgoto
lançados diariamente no meio ambiente, 48 litros não são coletados. Além
disso, parte considerável do esgoto coletado não é tratada. Estima-se que,
por dia, cerca de 1,5 bilhão de metros cúbicos de esgoto coletado não é
tratado. A título de comparação, no Chile, 99,1% das casas dispõem de
serviço de esgoto.

São conhecidas as consequências dessa infraestrutura insuficiente de


saneamento. Por exemplo, em 2017, 35% dos municípios (1.933)
registraram epidemias ou endemias provocadas pela falta de saneamento
básico, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A doença mais relatada foi a dengue, transmitida pela picada do
mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. No período,
1.501 municípios (26,9%) registraram a ocorrência de dengue. Em
seguida, as doenças mais comuns relacionadas à falta de saneamento são
a disenteria (23,1%) e as verminoses (17,2%).

Nada disso, infelizmente, é uma novidade. Em 2007, o Congresso aprovou


a Lei 11.445/07, estabelecendo as diretrizes nacionais para o saneamento
básico. O objetivo era assegurar um novo patamar no País para o
abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o
manejo de resíduos sólidos e a drenagem de águas pluviais urbanas. Na
tentativa de coordenar esforços, o Congresso atribuiu à União a
competência para elaborar um Plano Nacional de Saneamento Básico.
Redigida em 2014, a versão atual definiu como metas a universalização do
abastecimento de água até 2023 e o atendimento de 92% da população
com rede de esgoto até 2033.

Tudo indica, no entanto, que essas metas não serão cumpridas. A


estimativa é de que seriam necessários investimentos da ordem de R$ 20
bilhões por ano para alcançar esse novo patamar de saneamento. Nunca
se alcançou tal montante. Em 2016, por exemplo, foram investidos R$ 11,3
bilhões. Além de ser insuficiente para alcançar a universalização, o baixo
investimento é incapaz de suprir carências estruturais básicas, que geram
prejuízos ao País. Por ano, estima-se que o Brasil perde cerca de R$ 10
bilhões com o tratamento inadequado da água.

Um dos possíveis caminhos para reverter esse quadro é o aumento dos


investimentos privados. No entanto, a participação da iniciativa privada
continua sendo muito pequena. Nos últimos dez anos, passou de 3,89%
para 5,83% o porcentual de municípios que contam com algum
atendimento privado no saneamento, indica o estudo Panorama da
Participação Privada no Saneamento 2019.

Uma das causas para essa pequena participação privada são as muitas
barreiras regulatórias. Há casos de empresas com dinheiro disponível
para investir em saneamento, mas não conseguem firmar contratos com
os municípios.

Em 2017 e 2018, apenas três licitações foram feitas no setor de


saneamento, aponta estudo da GO Associados. O atual marco regulatório
não incentiva a busca por novos contratos. A legislação vigente permite,
por exemplo, que os contratos em vigor sejam automaticamente
renovados, sem licitação.

É urgente universalizar a infraestrutura de saneamento no País. Em 2015,


a ONU reconheceu o saneamento básico como um direito humano. Cabe
ao poder público o dever de viabilizar os investimentos no setor. A
manutenção da atual infraestrutura, clamorosamente insuficiente, é uma
vergonha nacional.

Mais conteúdo sobre: IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]

saneamento

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