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Tesla Engenharia de Potência, Eletrônica de Potência

Departamento de Engenharia Elétrica


Universidade Federal de Minas Gerais
Av. Antônio Carlos, 6627, 31270-901 Belo Horizonte, MG Brasil
Fone: +55 31 3499-4866 - Fax: +55 31 3499-4850

Confiabilidade de Inversores: Avaliação e


Redução dos Efeitos de Ciclos Térmicos em
Módulos de Potência.

Victor de Nazareth Ferreira

Dissertação submetida à banca examinadora desig-


nada pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de
Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.

Orientador: Braz de Jesus Cardoso Filho

Belo Horizonte, 15 de julho de 2016


A
Epı́grafe

Se você vai tentar, vá com tudo


Senão, nem comece.
Se você vai tentar, vá com tudo
Isso pode significar perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e talvez a cabeça.
Vá com tudo.
Isso pode significar ficar sem comer por 3 ou 4 dias
Pode significar passar frio num banco de praça
Pode significar cadeia, menosprezo, insultos, isolamento.
Isolamento é o presente, todos os outros são um teste da sua resistência
de quanto você realmente quer fazer isso.
E você vai fazer
Apesar da rejeição e dos piores infortúnios
E isso será melhor do que qualquer coisa que você possa imaginar.
Se você vai tentar, vá com tudo.
Não há outro sentimento como esse.
Você ficará sozinho com os deuses
e as noites irão flamejar como fogo.
Faça, Faça, Faça
Vá com tudo, por todos os caminhos
Você cavalgará a vida até a gargalhada perfeita
essa é a única boa luta que existe.

”Jogue o dado”,Charles H. Bukowski.

ii
Conteúdo

Resumo vii

Abstract ix

Lista de Figuras xiv

Lista de Abreviações xv

1 Introdução 1
1.1 Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Organização do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Conversores Estáticos Trifásicos 6


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Inversores de dois nı́veis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Inversores de três nı́ves NPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 Inversores de três nı́veis ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.5 Tolerância a Falhas em Conversores Eletrônicos de Potência . 12
2.6 O Inversor ANPC tolerante a falhas . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.7 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3 Confiabilidade em Conversores Eletrônicos de Potencia 19


3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Falhas em Módulos de Potência IGBT . . . . . . . . . . . . . 23

iii
CONTEÚDO iv

3.2.1 Falhas em circuito aberto . . . . . . . . . . . . . . . . 25


3.2.2 Falhas em curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Diagnóstico de Falhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Monitoramento de Condições em Módulos de Potência . . . . 29
3.5 Prognósticos e Modelos de Estimação de Vida Útil em Módulos
de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.5.1 Modelos Fı́sicos de Predição de Vida Útil . . . . . . . . 32
3.5.2 Modelos Empı́ricos de Predição de Vida Útil . . . . . 33
3.6 Análise de Vida Útil em Módulos de Potência . . . . . . . . . 36
3.6.1 Modelagem do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.6.2 Modelagem das Perdas em Módulos de Potência . . . . 38
3.6.3 Modelagem Eletro-Térmica dos Módulos de Potência
IGBT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.6.4 Algoritmos de Contagem de Ciclos . . . . . . . . . . . 43
3.6.5 Caracterização da Ciclagem Térmica . . . . . . . . . . 43
3.6.6 Estimação de Consumo de Vida Útil . . . . . . . . . . 45
3.7 Técnicas de Melhoria de Vida Útil em Inversores Eletrônicos
de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.7.1 Gerenciamento de Degradação Térmica no Inversor ANPC
Tolerante a Falhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.7.2 Sobredimensionamento dos Módulos de Potência . . . . 48
3.8 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4 Estudos de Caso 52
4.1 Estudo de Caso 1: Usina Solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1.1 Análise de médio e longo perı́odo . . . . . . . . . . . . 55
4.1.2 Análise de curto perı́odo . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.1.3 Estimação de vida útil dos módulos de potência . . . . 61
4.2 Estudo de Caso 2: Sistemas de Metrô . . . . . . . . . . . . . . 62
4.3 Estudo de Caso 3: Guindaste de Minério . . . . . . . . . . . . 66
4.3.1 Descrição do sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.3.2 Estudo de vida útil dos módulos de potência. . . . . . 68
4.4 Estudo de Caso 4: Turbina Eólica Offshore 5MW . . . . . . . 73
CONTEÚDO v

4.4.1 Descrição do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74


4.4.2 Análise de vida útil dos módulos de potência. . . . . . 75
4.5 Análise de confiabilidade referente às topologias e aplicações
estudadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.6 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

5 Resultados Experimentais 83
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.2 Detalhes do Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.3 Caracterı́sticas térmicas dos conversores NPC e ANPC . . . . 86
5.4 Capacidade de reconfiguração flexı́vel e reversı́vel do conversor
FT-ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

6 Conclusão e Propostas de Continuidade 92


6.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
6.2 Propostas de Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

A Preparação dos módulos de potência para termografia. 96


——————————————————————————–
Resumo

Conversores eletrônicos de potência desempenham um papel cada vez


mais importante em acionamentos elétricos, veı́culos elétricos e hı́bridos, in-
terfaceamento com recursos de energias renováveis, sistemas de transmissão
e armazenamento de energia. Os dispositivos semicondutores de potência são
um dos elementos mais vulneráveis no conversor eletrônico de potência. Tem
sido observado que a ciclagem térmica, ou seja, variações de temperatura
dentro ou fora dos dispositivos são suas principais causas de falha. Desde
que muitos dos conversores não contam com redundâncias, qualquer falha
que ocorrer em seus componentes resultará em uma interrupção de operação.
Em sistemas de transporte, por exemplo, falhas súbitas inesperadas podem
causar acidentes catastróficos, podendo colocar vidas humanas em risco e
comprometer o tráfego de pessoas. Recentemente foi proposta uma topolo-
gia de um inversor ANPC tolerante a falhas que conta com poucas partes
adicionais e tem a capacidade de sobreviver a sucessivas falhas. Este traba-
lho procura demonstrar a importância da confiabilidade durante o projeto de
inversores de 2 e 3 nı́veis. O uso de conversores tolerantes aliado à técnicas
de prognóstico é discutido como solução para falhas aleatórias e defeitos de
fabricação. O problema de degradação dos módulos de potência por ciclagem
térmica é abordado. É desenvolvida uma metodologia de análise de vida útil
e um novo gerenciamento de degradação térmica nos módulos de potência.
Demonstra-se que vários fatores devem ser considerados e uma análise mais
abrangente deve ser realizada durante o dimensionamento e escolha de uma
topologia em cada tipo de aplicação.

vii
CONTEÚDO viii

Palavras-chave: Eletrônica de Potência, Inversores, Conversores, Mó-


dulos de Potência, IGBT, Confiabilidade, Degradação, Vida Útil, Gerencia-
mento de Degradação Térmica.
Abstract

Power electronic converters play an increasingly important role in elec-


tric drives, electric and hybrid vehicles, interfacing with renewable energy
resources, transmission and energy storage systems. The power semiconduc-
tor devices are one of the most vulnerable elements in the power electronic
converter. It has been observed that thermal cycling, i.e., temperature varia-
tions inside or outside the devices are the main causes of failure. Since many
of the converters do not have redundancies, any faults that occur in compo-
nents will result in an operating interruption. In transportation systems, for
example, sudden unexpected failures can cause catastrophic accidents, which
can possibly put human’s lives at risk and compromise pedestrian traffic. It
has recently been proposed a topology of a fault tolerant ANPC inverter that
has few additional parts and is capable of surviving successive failures. This
work aims at demonstrating the importance of reliability during the design
of 2 and 3 levels inverters. The use of fault tolerant converters combined
with prognostic techniques is discussed as a solution for random failures and
manufacturing defects. The problem of degradation by thermal cycling for
power modules is addressed. A methodology of degradation analyses and
a new method of thermal degradation management in the modules are de-
veloped. It is shown that several factors must be considered and a more
comprehensive analysis should be performed during the design and choice of
a topology in every application.

Keywords: Power Electronics, Inverters, Converters, Power Modules,


IGBT, Reliability, Degradation, Lifetime, Thermal Degradation Management

ix
CONTEÚDO x

.
Lista de Figuras

2.1 (a) Inversor fonte de tensão trifásico de dois nı́veis. (b) Padrão
de tensões do inversor dois nı́veis . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 (a) Inversor fonte de tensão trifásico de três nı́veis com neutro
grampeado. (b) Padrões de tensão do inversor. . . . . . . . . . 10
2.3 Inversor fonte de tensão trifásico de três nı́veis com neutro
grampeado ativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4 Diagrama do estado da arte da metodologia de tolerância a
falhas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.5 Vetores de tensão do inversor NPC de três nı́veis. . . . . . . . 13
2.6 Uma fase do inversor fonte de tensão trifásico de três nı́veis
com neutro grampeado ativo, tolerante a falhas. . . . . . . . . 15
2.7 Estrutura completa do inversor fonte de tensão trifásico de três
nı́veis com neutro grampeado ativo, tolerante a falhas. . . . . 16
2.8 Árvore de falhas do conversor ANPC tolerante a falhas. . . . . 17

3.1 Curva da banheira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22


3.2 Distribuição de (a) Falhas em conversores de potência. (b)
Fontes de Stress . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 Estrutura convencional de um módulo de potência IGBT co-
nectado por fio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.4 Diagrama dos mecanismos de falha em módulos de potência. . 24
3.5 Imagem MEE de um fio de conexão solto. . . . . . . . . . . . 26
3.6 Curva de histerese de crescimento do comprimento da trinca . 28

xi
LISTA DE FIGURAS xii

3.7 Curvas de tempo de vida B10 para a junção de solda da placa


de base (a) tcycle 10s. (b) tcycle 30s (c) tcycle 120s (b) tcycle 24h. 35
3.8 Curvas de tempo de vida B10 para a junção de solda da pasti-
lha de silı́cio (a) tcycle 10s. (b) tcycle 30s (c) tcycle 120s (d) tcycle
24h. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.9 Curvas de tempo de vida B10 para os fios de ligação (a) HiPak.
(b) HiPak nova geração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.10 Metodologia da análise de vida útil em módulos de potência. . 37
3.11 Perdas de chaveamento IGBT do módulo FF200R33KF2C (a)Ligamento
(b) Desligamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.12 Perdas de chaveamento Diodo do módulo FF200R33KF2C . . 39
3.13 Perdas de condução direta do FF200R33KF2C (a)IGBT (b)
Diodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.14 Estrutura convencional de um módulo de potência com placa
de base. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.15 Modelo térmico dinâmico de módulos de potência. . . . . . . . 41
3.16 Modelo térmico de Cauer. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.17 Modelo térmico de Foster. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.18 Implementação do algoritmo Rainflow. . . . . . . . . . . . . . 44
3.19 Ciclagem térmica de dispositivos de potência em um conversor
de energia eólico, com três diferentes constantes de tempo. . . 45
3.20 Perfil de temperatura (a) Conversor em modo NPC. (b) Con-
versor em modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.21 Dano acumulado ao fim de um ano. . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.22 Perfil de temperatura (a) Módulos 150A. (b) Módulos 600A . 50

4.1 Foto da usina Fotovoltáica em São Lourenço da Mata (foto:Eudes


Santana.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 Temperatura ambiente no container ao longo do ano de 2015. . 55
4.3 Perfil de corrente (rms) no inversor durante um dia do mês de
Janeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.4 Perfil de corrente (rms) no inversor durante o ano de 2015. . . 56
LISTA DE FIGURAS xiii

4.5 Tabela lookup de três dimensões para as perdas em cada IGBT,


considerando módulos de 200A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.6 Tabela lookup de três dimensões para as perdas em cada IGBT,
considerando módulos de 400A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.7 Perfil de temperatura nos IGBTs e Diodos, utilizando módulos
de 200A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.8 Perfil de temperatura nos IGBTs e Diodos, utilizando módulos
de 400A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.9 Perfil de temperatura nos IGBTs e Diodos, utilizando módulos
de 400A em paralelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.10 Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs, utilizando mó-
dulos de 200A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.11 Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs, utilizando mó-
dulos de 400A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.12 Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs, utilizando mó-
dulos de 400A em paralelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.13 Visão geral do sistema de tração para metrô da ABB . . . . . . 62
4.14 Perfil de corrente do metrô (rms). . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.15 Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 150A. . . . . 64
4.16 Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 300A. . . . . 65
4.17 Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 600A. . . . . 65
4.18 Sistema tı́pico de elevação do guindaste. . . . . . . . . . . . . 68
4.19 Layout elétrico do sistema de guindaste de minério instalado. . 69
4.20 Variáveis medidas do ciclo de carga. . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.21 Perfil de corrente do guindaste (rms). . . . . . . . . . . . . . . 71
4.22 Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 500A (a)Modo
NPC (b) Modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.23 Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 750A (a)Modo
NPC (b) Modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.24 Sistema de geração de energia eólica Offshore. . . . . . . . . . 74
4.25 Relação entre velocidade do vento e potência gerada da turbina
G128-5.0MW. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.26 Perfil de vento na cidade de Recife-PE durante o ano de 2015. 76
LISTA DE FIGURAS xiv

4.27 Perfil de potência gerado pela turbina durante o ano de 2015. 76


4.28 Tabela lookup de três dimensões para as perdas nos IGBTs
externos.(a)NPC (b)ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.29 Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 750A (a)Modo
NPC (b) Modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.30 Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs. (a) Modo NPC
(b) Modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.31 Curva da banheira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

5.1 (a)Foto do protótipo desenvolvido (b)Esquemático de uma fase


do conversor FT-ANPC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.2 (a) Esquemático e imagem do módulo de potência SK50MLI066
(b) Foto dos módulos de potência abertos com camada de si-
licone retirada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.3 Modos de funcionamento do conversor FT-ANPC. (a)NPC
(b)ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.4 Tensão e corrente de fase na saı́da do conversor. (a)Modo NPC
(b) Modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.5 Temperatura dos IGBTs do módulo de potência M1. (a)Modo
NPC (b) Modo ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.6 Diagrama de um ramo da árvore de falhas. . . . . . . . . . . . 89
5.7 Conversor FT-ANPC reconfigurado online, considerando situ-
ação de falha nas chaves externas. . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.8 Temperatura dos IGBTs, conversor no modo NPC, conside-
rando uma situação de falha nas chaves externas. (a)Módulo
M1 (b) Módulo M2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.9 Conversor FT-ANPC reconfigurado offline, considerando uma
situação de falha nas chaves internas. . . . . . . . . . . . . . . 90
5.10 Temperatura dos IGBTs do módulo M2, conversor no modo
NPC, considerando uma situação de falha nas chaves internas. 91

A.1 Foto do procedimento de retirada do silicone dos módulos. . . 97


A.2 Foto dos módulos abertos, sem silicone, antes e após a pintura. 98
Lista de Abreviações

NPC Neutral Point Clamped Converter ;


NPC Active Neutral Point Clamped Converter ;
FT-ANPC Fault-Tolerant Active Neutral Point Clamped Converter ;
GDT Gerenciamento de Degradação térmica;
MC Monitoramento de Condições;
LDC Ligação Direta de Cobre;
CET Constante de Expansão Térmica;
AOS Área de Operação Segura;
VCE Tensão Coletor-Emissor;
VGE Tensão Gate-Emissor;
ICE Corrente Coletor-Emissor;
IGE Corrente Gate-Emissor;
Rth Resistência Térmica;
B1 0 Número de ciclos onde 10% da população dos módulos falham;
Tj Temperatura de Junção;
Tc Temperatura de Case;
cc corrente contı́nua;
ca corrente alternada;
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor.

xv
Capı́tulo 1

Introdução

Este capı́tulo introdutório destaca a relevância, motivação e objetivos do


tema pesquisado nesta dissertação. Com o intuito de orientar e auxiliar o
leitor, a organização do texto também é descrita ao fim desta seção.

1
Conteúdo

1.1 Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Organização do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.1 Relevância
Conversores eletrônicos de potência desempenham um papel cada vez
mais importante em acionamentos elétricos, veı́culos elétricos e hı́bridos, in-
terfaceamento com recursos de energias renováveis, sistemas de transmissão
e armazenamento de energia (Lee; 2000). Técnicas de eletrônica de potência
provêem compactação e alta eficiência em soluções de conversão de energia.
Porém a introdução destas técnicas nos campos de aplicação desafia a con-
fiabilidade de todo o sistema (Song and Wang; 2013). Seja no sistema de
transporte de grandes metrópoles ou em qualquer outro importante setor da
economia, a confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos são conside-
rados fatores crı́ticos.
Em sistemas de transporte, falhas súbitas inesperadas podem causar aci-
dentes catastróficos, podendo colocar vidas humanas em risco e comprometer
o tráfego de pessoas (Rajashekara; 2013). Na indústria de mineração onde
são utilizadas correias transportadoras e guindastes de carga, uma falha no
conversor poderá comprometer a continuidade de serviço do sistema de trans-
porte de carga. Já em locais de difı́cil acesso, como em aplicações submarinas
da industria de óleo e gás, a necessidade de reparo se torna um problema ainda

2
1.2. MOTIVAÇÃO 3

maior, pelo fato de não poder ser realizada por um ser humano (Rocha et al.;
2012). Portanto, a discussão sobre confiabilidade em eletrônica de potência
tem atraı́do a atenção de inúmeros pesquisadores ao redor do mundo.

1.2 Motivação
Segundo Yang et al. (2010), os dispositivos semicondutores de potência
são um dos elementos mais vulneráveis no conversor eletrônico de potência.
Os semicondutores e as soldas dos módulos, representam 34% das falhas nos
conversores. Tem sido observado que a ciclagem térmica, ou seja, variações
de temperatura dentro ou fora dos dispositivos são suas principais causas de
falha (Yang et al.; 2011). Nos últimos anos vem sendo realizados inúmeros
estudos referentes à confiabilidade de dispositivos semicondutores de potência
em aplicações com perfis crı́ticos de ciclagem térmica. Dentre eles destacam-
se os sistemas de metrô e geração de energia eólica (Ma et al.; 2015; Ding
et al.; 2015; Musallan et al.; 2015; Guyennet and Piton; 2010).
Topologias de conversores tolerantes a falhas tem sido reportadas na li-
teratura e foram recentemente sumarizados em (Zhang et al.; 2014). As so-
luções existentes tolerantes a falhas são muito complexas e contam com um
número consideravelmente maior de componentes se comparadas às originais.
Um outro ponto é a falta de capacidade de sobrevivência a sucessivas falhas.
Entretanto, em Rocha et al. (2014), foi proposta uma nova topologia de um
inversor três nı́veis ANPC tolerante a falhas (FT-ANPC) que além de contar
com simplicidade e poucos componentes adicionais, apresentou capacidade
de sobrevivência a sucessivas falhas antes de uma total inatividade.
o autor deste trabalho defende que a confiabiliade dos conversores em
aplicações de alta disponibilidade deve ser tratada na fase de projeto, com
foco especial na escolha da topologia e no dimensionamento dos módulos de
potência.
1.3. OBJETIVOS 4

1.3 Objetivos
O principal objetivo deste trabalho é demonstrar que vários fatores devem
ser considerados e uma análise mais abrangente deve ser realizada durante
o dimensionamento e escolha de uma topologia em cada tipo de aplicação.
Primeiramente são realizadas análises de degradação dos módulos de potên-
cia considerando diferentes topologias em aplicações com ciclagem térmica
crı́tica. A capacidade do conversor FT-ANPC de sobreviver a eventos de
falhas aleatórias e defeitos de fabricação com o auxı́lio de técnicas de mo-
nitoramento de condições (MC) também são ressaltados. Como objetivo
secundário, pretende-se validar o novo método de gerenciamento de degra-
dação térmica. Para isto é demonstrado experimentalmente a diferença de
distribuição de perdas entre as chaves nos conversores NPC e ANPC. Além
disto, comprova-se também a capacidade flexı́vel e reversı́vel de reconfigura-
ção do conversor FT-ANPC, bem como sua capacidade de sobreviver a até
quatro falhas sucessivas antes de sua total inatividade.

1.4 Organização do Texto


Esta dissertação contém 6 capı́tulos organizados da seguinte forma:

• O Capı́tulo 1 apresenta aspectos introdutórios do trabalho e da disser-


tação em si, bem como relevância, motivação e objetivos.

• O capı́tulo 2 traz uma breve revisão sobre as os conversores estáticos


trifásicos mais utilizados atualmente. Em seguinda são também des-
critas algumas topologias tolerantes a falhas e por fim é apresentada a
topologia ANPC tolerante a falhas.

• No Capı́tulo 3, primeiramente é realizada uma descrição geral sobre


confiabilidade em eletrônica de potência. Convergindo o assunto para
dispositivos semicondutores de potência, a segunda seção traz uma aná-
lise sobre fı́sica da falha em módulos de potência. É realizado um estudo
do estado-da-arte sobre técnicas de diagnóstico e prognósticos de falhas
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO 5

em módulos de potência. É descrita a metodologia utilizada no traba-


lho para a análise de vida útil em módulos de potência. Ao fim, são
exibidas duas técnicas para a melhoria de vida útil dos conversores, o
sobredimensionamento dos módulos e o gerenciamento de degradação
térmica para o conversor FT-ANPC,

• No Capı́tulo 4 são realizados estudos de caso para validar toda as teorias


desenvolvidas ao longo do trabalho, onde encontra-se quatro aplicações
de ciclagem térmica e nı́veis de potência distintos. São utilizados como
base de estudo conversores de dois nı́veis e três nı́veis: NPC, ANPC e
FT-ANPC. Ao fim são realizadas comparações baseadas no tempo de
vida e custo dos conversores, em cada tipo de aplicação.

• O Capı́tulo 5 traz os resultados experimentais obtidos, onde o principal


objetivo é demonstrar termograficamente a diferença de temperatura
entre as chaves com o conversor trabalhando do modo NPC e ANPC.
Além disso, a capacidade de reconfiguração reversı́vel do conversor FT-
ANPC é também demonstrada.

• No Capı́tulo 6 é realizada uma conclusão geral sobre o trabalho desen-


volvido, bem como as possı́veis propostas de continuidade.
Capı́tulo 2

Conversores Estáticos Trifásicos

Este capı́tulo traz um estado da arte sobre topologias de inversores de


dois e três nı́veis. O tema tolerância a falhas em conversores eletrônicos de
potência é abordado. Ao fim é apresentado o inversor ANPC tolerante a
falhas.

6
Conteúdo

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Inversores de dois nı́veis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Inversores de três nı́ves NPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 Inversores de três nı́veis ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.5 Tolerância a Falhas em Conversores Eletrônicos de Potência . 12
2.6 O Inversor ANPC tolerante a falhas . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.7 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.1 Introdução
Conversores eletrônicos de potência desempenham um papel cada vez
mais importante em acionamentos elétricos, veı́culos elétricos e hı́bridos, in-
terfaceamento com recursos de energias renováveis, sistemas de transmissão
e armazenamento de energia (Lee; 2000). O inversor fonte de tensão trifá-
sico de dois nı́veis é a topologia mais utilizada hoje em dia (Marhous et al.;
2007). Entretanto nos últimos anos, a indústria começou a exigir equipa-
mentos de maior potência, que são frequentemente conectados na rede de
média tensão. Por motivos tecnológicos, hoje existe a dificuldade de co-
nectar um único dispositivo semicondutor diretamente nas redes de média
tensão (2.3, 3.3, 4.16 e 6.9kV ). Por estas razões, uma famı́lia de inversores
multinı́veis emergiu como uma solução para trabalhar com altos nı́veis de
tensão (Rodriguez et al.; 2002). O interesse pela tecnologia foi despertado
por Nabae et al. (1981) que introduziu a topologia com neutro grampeado
de três nı́veis (NPC). Mais adiante, Bruckner et al. (2004) apresentou a to-

7
2.2. INVERSORES DE DOIS NÍVEIS 8

pologia inversora fonte de tensão de três nı́veis com neutro grampeada ativo
(ANPC), que supriu a principal deficiência da topologia NPC, a distribuição
desigual das perdas de potência entre as chaves do conversor.
Desde que muitos dos conversores não contam com redundâncias, qual-
quer falha que ocorrer em seus componentes resultará em uma interrupção
de operação (Zhang et al.; 2014). Em sistemas de transporte, falhas súbi-
tas inesperadas podem causar acidentes catastróficos, podendo colocar vidas
humanas em risco e comprometer o tráfego de pessoas (Rajashekara; 2013).
Na indústria de mineração, onde são utilizadas correias transportadoras e
guindastes de carga, uma falha no conversor poderá comprometer a conti-
nuidade de serviço do sistema de transporte de carga. Já em locais de difı́cil
acesso, como em aplicações submarinas da industria de óleo e gás, a neces-
sidade de reparo se torna um problema ainda maior, pelo fato de não poder
ser realizada por um ser humano.

2.2 Inversores de dois nı́veis


O inversor fonte de tensão trifásico de dois nı́veis é a topologia mais uti-
lizada hoje em dia em acionamento elétrico (Marhous et al.; 2007). No caso
de uma comutação por ciclo, modulação six − step, o controle do circuito é
alcançado variando o tempo de condução das chaves superiores e inferiores
de cada braço do inversor. A figura 2.1 exibe um braço do inversor de dois
nı́veis, bem como seu padrão de tensões. Admitindo-se uma tensão no barra-
mento c.c. de Vdc volts, a tensão de fase na carga pode assumir dois valores:
Vdc/2 e -Vdc/2. O circuito de controle para este método é simples e as
perdas de comutação são praticamente desprezı́veis além de se obter um alto
ı́ndice de modulação. Entretanto, este método de controle é pouco adotado
na prática devido aos altos valores de conteúdos harmônicos, onde a taxa de
THD é aproximadamente 31% (Hashad and Iwaszkiewicz; 2002). Técnicas
de modulação PWM podem também ser adotadas para se obter uma forma
de onda senoidal na saı́da do conversor, porém mesmo para baixos ı́ndices de
modulação, os nı́veis de distorção harmônica podem se tornar impraticáveis
para algumas aplicações. A principal limitação desta topologia é o nı́vel prá-
2.3. INVERSORES DE TRÊS NÍVES NPC 9

tico de tensão no barramento c.c., onde a tensão de bloqueio dos dispositivos


semicondutores de potência deve ser compatı́vel com o valor total de tensão
existente no barramento. Hoje no mercado, os dispositivos predominantes
são construı́dos puramente de Silı́cio, e atingem seguramente nı́veis máxi-
mos de tensão de bloqueio de até 3.5kV . Desta forma, a topologia inversora
de dois nı́veis se torna desqualificada em aplicações de média tensão onde o
barramento c.c. pode atingir nı́veis de até 10kV .

Figura 2.1: (a) Inversor fonte de tensão trifásico de dois nı́veis. (b) Padrão
de tensões do inversor dois nı́veis

2.3 Inversores de três nı́ves NPC


Nos últimos 20 anos, o inversor fonte de tensão de três nı́veis com neu-
tro grampeado (NPC VSC) vem sendo a solução padrão para aplicações em
média tensão (Krug et al.; 2004). Dentre elas pode-se citar as redes de ali-
mentação de sistemas ferroviários (1.5kV ou 3kV ), alimentação de motores
(4.16kV ) , filtros ativos de potência e sistemas de FACTS (Flexible AC trans-
mission System) (Mendes; 2000).
Um braço da topologia inversora de três nı́veis NPC é apresentada na
figura 2.2(a). A tensão total do barramento de corrente contı́nua é dada
pela soma da tensão dos dois capacitores C1 e C2, que por sua vez estão
conectados ao ponto neutro do conversor ”O”. Diferentemente da topologia
de dois nı́veis, cada braço deste conversor conta com quatro IGBT’s (Qx ),
2.3. INVERSORES DE TRÊS NÍVES NPC 10

cada um acompanhado a um diodo em antiparalelo (Dx ). Além disso são


também adicionados dois diodos de grampo (Dx ) que se conectam ao ponto
neutro e garantem a tensão de bloqueio nas chaves igual a tensão de apenas
um dos capacitores do barramento (Vdc/2).

Figura 2.2: (a) Inversor fonte de tensão trifásico de três nı́veis com neutro
grampeado. (b) Padrões de tensão do inversor.

Os estados possı́veis de comutação das chaves e as respectivas tensões


relativas ao ponto neutro da carga de uma fase são representados na tabela
2.1. Desta forma para um inversor trifásico, totalizam-se 27 possibilidades
de estados de comutação. À partir dos padrões de tensão do inversor NPC
(figura 2.2(b)) e dos estados de comutação demonstrados na tabela 2.1, pode-
se concluir que as chaves Q2x e Q3x estão ligadas por mais de um ciclo,
resultando em perdas de comutação bem menores que os dispositivos externos
Q1x e Q4x .

Tabela 2.1: Estados de comutação em um inversor NPC


Estado Q1x Q2x Q3x Q4x VxN
+ ON ON OFF OFF Vdc/2
0 OFF ON ON OFF 0
- OFF OFF ON ON -Vdc/2
2.4. INVERSORES DE TRÊS NÍVEIS ANPC 11

2.4 Inversores de três nı́veis ANPC


A principal desvantagem da estrutura inversora NPC é a desigualdade na
distribuição de perdas entre os seus dispositivos de potência. Adicionando
chaves ativas ao grampo da estrutura original (figura 2.2) é possı́vel gerar
novos padrões de comutação e equilibrar as perdas e temperatura de junção
entre as chaves do braço do conversor (Bruckner et al.; 2004). Exibida na
figura 2.3, esta estrutura é conhecida como o inversor de três nı́veis com
grampeamento de ponto neutro ativo (ANPC).

Figura 2.3: Inversor fonte de tensão trifásico de três nı́veis com neutro gram-
peado ativo.

As duas chaves ativas adicionais ao grampo da estrutura ANPC, permitem


novas possibilidades de conexão do braço do conversor com o ponto neutro
do barramento c.c.. Ao ligar as chaves Q5x e Q2x , a corrente de fase pode ser
conduzida através do caminho superior ao ponto neutro em ambas direções,
e na parte inferior ao ponto neutro, o mesmo ocorre se as chaves Q6x e Q3x
são ativadas. Desta forma, existem quatro estados zero (O), designados OL1,
Ol2, OU1 e OU2. No estado positivo (+) a chave Q6x é ligada para garantir
a tensão em igualdade entre Q3x e Q4x . Equivalentemente, Q5x é ligada no
estado negativo (-) para garantir a tensão em igualdade entre Q1x e Q2x . Os
estados de comutação para o inversor ANPC são exibidos na tabela 2.2.
O limite de potência de um conversor é determinado através da sua chave
mais estressada termicamente. Devido à igualdade de distribuição das perdas
entre as chaves de fase do conversor ANPC, é possı́vel elevar a potência do
2.5. TOLERÂNCIA A FALHAS EM CONVERSORES ELETRÔNICOS DE POTÊNCIA 12

Tabela 2.2: Estados de comutação em um inversor ANPC


Estado Q1x Q2x Q3x Q4x Q5x Q6x
+ ON ON OFF OFF OFF ON
0U2 OFF ON OFF OFF OFF OFF
0U1 OFF ON OFF ON OFF OFF
0L1 ON OFF ON OFF OFF ON
0L2 OFF OFF ON OFF OFF ON
- OFF OFF ON ON OFF OFF

conversor ou a frequência de comutação, confome exibido na tabela 2.3.

Tabela 2.3: ANPC x NPC


2.39MVA IGBT Converter 500kVA IGBT Converter
Output Power increase by 20% increase by 15%
Switching Frequency 1750Hz instead of 1050 Hz -

2.5 Tolerância a Falhas em Conversores Ele-


trônicos de Potência
Os principais métodos de tolerância a falhas para conversores eletrônicos
de potência são apresentados na figura 2.4, e são catagorizados em quatro
nı́veis: Chave, Braço, Módulo e Sistema.

Figura 2.4: Diagrama do estado da arte da metodologia de tolerância a falhas.


Zhang et al. (2014)

Grande parte dos conversores multinı́veis são considerados circuitos re-


dundantes em nı́vel de chave, desde que algumas chaves são adicionadas se
2.5. TOLERÂNCIA A FALHAS EM CONVERSORES ELETRÔNICOS DE POTÊNCIA 13

comparado ao conversor tradicional de dois nı́veis. Consequentemente, existe


uma redundância inerente devido às várias combinações dos estados de co-
mutação do sistema trifásico que geram a mesma saı́da. Desta forma, a
tolerância a falhas pode ser realizada explorando estes estados de comutação
inerentemente redundantes (Zhang et al.; 2014).

Figura 2.5: Vetores de tensão do inversor NPC de três nı́veis.

O diagrama vetorial de tensão do conversor NPC de três nı́veis é exibido


na figura 2.5. Em cada ponto de junção das linhas é indicado um conjunto de
tensões de saı́da c.a. trifásica em relação aos nı́veis de tensão do barramento
c.c.. É possı́vel notar que as tensões de saı́da trifásica são especificadas com
uma combinação de -,0,+, representando os terminais c.a. estão conectados
no ponto positivo, ponto neutro ou ponto negativo do barramento c.c.. De
acordo com o diagrama vetorial existem 19 vetores diferente de tensão, en-
tretanto, existem 27 possibilidades de conexão aos pontos do barramento (Li
and Xu; 2006). Por exemplo, no caso da chave Q1A falhar em curto circuito,
todos os vetores de tensão que demandariam que ela estivesse em estado
aberto são eliminados do diagrama. Porém o sistema ainda pode continuar
operando através dos vetores de tensão restantes. Li et al. (2012) estendeu a
técnica de tolerância a falhas utilizando vetores redundantes para o conversor
ANPC, aumentando ainda mais as possibilidades de sobrevivência a falhas
para os sistemas de três nı́veis.
Uma segunda solução é conectar a fase que tem o dispositivo em falha
ao ponto neutro do barramento e controlar o conversor como um sistema
2.6. O INVERSOR ANPC TOLERANTE A FALHAS 14

bifásico. Um outro cenário é a utilização de chaves redundantes em paralelo


ou série com as chaves principais. Baseado nas possibilidade de operação das
chaves nas condições normais, duas estratégias de tolerância a falha podem
ser desenvolvidas: estratégia online e estratégia offline.
Em nı́vel de braço, a solução mais utilizada recentemente é a adição de
um braço extra em paralelo ao conversor tradicional. Desde que o braço
redundante possa substituir por completo o braço onde ocorreu a falha, o
sistema pode continuar operando em condições normais sem nenhuma pena-
lidade (Rodriguez et al.; 2002). Soluções em nı́vel de módulo são adotadas
primariamente por conversores multimodulares (MMCs) (Lezana and Ortiz;
2009). Após a ocorrência da falha, o número de módulos operando em cada
fase se tornam desiguais e as fases se deslocam pelo sistema de referência
trifásico para manter o balanceamento entre as tensões de linha. Técnicas de
maior custo, como o uso de conversores reservas extras, tem sido utilizado
em aplicações industriais. Uma topologia comum é o conversor redundante
em paralelo(Asiminoaei et al.; 2008).

2.6 O Inversor ANPC tolerante a falhas


Em Zhang et al. (2014) foram determinados alguns critérios de compara-
ção entre as estratégias de tolerância a falhas para inversores multinı́veis:

1. Custo: O custo irá aumentar se fusı́veis ou dispositivos extras forem


adicionados. Além disso, alguns dispositivos semicondutores de potên-
cia devem ser sobredimensionados para algumas operações de tolerância
a falha.

2. Perfomance de saı́da: A capacidade de saı́da deve ser avaliada. Outros


fatores, como THD das tensões de saı́da, eficiência e resposta dinâmica
do sistema também devem ser levadas em consideração perante a uma
ação tolerante a falha.

3. Confiabilidade: Quantos tipos de falha podem ser superados pelo con-


versor e o ganho de confiabilidade são também importantes métricas
2.6. O INVERSOR ANPC TOLERANTE A FALHAS 15

utilizadas para avaliar a performance geral da topologia tolerante a


falhas.

Baseado nas métricas citadas, Rocha et al. (2014) propuseram uma to-
pologia de um conversor ANPC apta a superar falhas sucessivas antes do
momento de total inatividade do conversor. Uma fase deste conversor pode
ser visualizada na figura 2.6. Esta estrutura é similar à do inversor ANPC tra-
dicional (figura 2.3), exceto pela adição das duas chaves externas ao grampo
do conversor Q5xT e Q6xB e uma chave comutadora reversı́vel de dois pólos
”Sx”. A capacidade de reconfiguração reversı́vel deste conversor possibilita
que cada braço atue como fase ou grampo. Da mesma maneira, por software
é possı́vel fazer com que este conversor opere no modo NPC ou ANPC, pos-
sibilitando explorar as vantagens de cada topologia quando for conveniente.
A estrutura completa trifásica do inversor ANPC tolerante a falhas é exibida
na figura 2.7.

Figura 2.6: Uma fase do inversor fonte de tensão trifásico de três nı́veis com
neutro grampeado ativo, tolerante a falhas.

A principal vantagem desta estrutura é a habilidade de ser reconfigurada


após uma falha em circuito aberto em qualquer um de seus dispositivos.
Uma falha em uma de suas chaves externas pode ser superada online apenas
por intercalação de comando entre seus dispositivos via software. Porém, se
ocorrer um evento de falha em uma das chaves internas, o conversor deverá
parar seu funcionamento para a operação da chave comutadora ”Sx”, que
atualmente é uma chave mecânica.
2.6. O INVERSOR ANPC TOLERANTE A FALHAS 16

Figura 2.7: Estrutura completa do inversor fonte de tensão trifásico de três


nı́veis com neutro grampeado ativo, tolerante a falhas.

A árvore de falhas que abrange todas as possibilidades de falta e a capa-


cidade de reconfiguração do conversor perante a cada uma delas é exibida na
figura 2.8. No esquemático, representado na cor preta, supõe-se que o sistema
começa configurado como um inversor ANPC tradicional com as chaves Q5xT
e Q6xB em estado de espera. Caso ocorra uma falha em uma das chaves, o
sistema adota uma outra configuração. É possı́vel observar que, para cada
situação de falha, representada pelas cores azul vermelho e laranja, o dia-
grama segue para um ramo especı́fico da árvore de falhas. No novo ramo, é
adotada uma nova configuração (em preto) e uma nova situação de falha faz
com que o diagrama avance novamente para dentro de um ramo especı́fico.
O número 0 siginifica que a chave está sem comando de gate, o 1 são para
as chaves que fazem parte da saı́da de fase, o 2 que ela está atuando como
grampo e ”x”simboliza uma chave em falha. Situações onde não se encontra
o número 2, significa que aquele conversor está sem grampeamento ativo, ou
seja, trabalhando em modo NPC. Considera-se também que uma chave em
falha de circuito aberto não impede o funcionamento do seu diodo em anti-
paralelo. Através do diagrama percebe-se que o conversor pode sobreviver a
até quatro falhas sucessivas. Utilizando técnicas de diagnóstico, prognósticos
e monitoramento de condições (seção 3.4), é possı́vel detectar uma chave em
falha ou em iminência a falha, utilizar o diagrama e reconfigurar o conversor,
podendo evitar danos catastróficos ao sistema.
O principal apelo dessa proposta é o ganho de disponibilidade através da
redução de reparo. Esta topologia utiliza módulos padronizados sem alte-
2.7. CONCLUSÕES 17

Figura 2.8: Árvore de falhas do conversor ANPC tolerante a falhas.

rar a topologia original, visto que conexões já disponı́veis no conversor são
utilizadas para gerar uma estrutura tolerante a falhas.

2.7 Conclusões
Nesta seção foram apresentadas as topologias dos conversores mais utili-
zados em aplicações de baixa e média tensão. Primeiramente foi abordada
a topologia inversora de dois nı́veis, onde foi descrita suas caracterı́sticas e
ressaltadas suas deficiências. Em seguida foi apresentado o inversor de três
nı́veis NPC, que atualmente é a topologia que domina o mercado em aplica-
ções de média tensão. A solução inversora ANPC foi apresentada, exaltando
sua capacidade de suprir a principal deficiência do conversor NPC, a ca-
pacidade de balancear as perdas entre as chaves do conversor. Técnicas e
estratégias tolerantes a falhas foram abordadas, onde foram demonstrados
os principais métodos de tolerância a falhas. Concluiu-se que um conversor
2.7. CONCLUSÕES 18

multinı́vel tem redundâncias e pode ser manipulado de forma a operar com


tolerância falhas. Por fim, foi apresentada a topologia ANPC tolerante a
falhas que demonstrou ser bastante eficiente nas três métricas comparativas
entre conversores tolerantes : custo, performance de saı́da e confiabilidade.
Capı́tulo 3

Confiabilidade em Conversores
Eletrônicos de Potencia

Neste capı́tulo é realizada uma abordagem baseada na confiabilidade de


conversores eletrônicos de potência. São abordados temas como fı́sica da
falha em módulos de potência, técnicas de diagnóstico, prognóstico, moni-
toramento de condições e modelos de estimação de vida útil. Em seguida
é descrita a metodologia de análise de vida útil de dispositivos de potên-
cia utilizada nesta dissertação. Ao fim, é apresentado o gerenciamento de
degradação térmica aplicado ao inversor ANPC tolerante a falhas.

19
Conteúdo

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Falhas em Módulos de Potência IGBT . . . . . . . . . . . . . 23
3.2.1 Falhas em circuito aberto . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.2 Falhas em curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Diagnóstico de Falhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Monitoramento de Condições em Módulos de Potência . . . . 29
3.5 Prognósticos e Modelos de Estimação de Vida Útil em Módulos
de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.5.1 Modelos Fı́sicos de Predição de Vida Útil . . . . . . . . 32
3.5.2 Modelos Empı́ricos de Predição de Vida Útil . . . . . 33
3.6 Análise de Vida Útil em Módulos de Potência . . . . . . . . . 36
3.6.1 Modelagem do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.6.2 Modelagem das Perdas em Módulos de Potência . . . . 38
3.6.3 Modelagem Eletro-Térmica dos Módulos de Potência
IGBT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.6.4 Algoritmos de Contagem de Ciclos . . . . . . . . . . . 43
3.6.5 Caracterização da Ciclagem Térmica . . . . . . . . . . 43
3.6.6 Estimação de Consumo de Vida Útil . . . . . . . . . . 45
3.7 Técnicas de Melhoria de Vida Útil em Inversores Eletrônicos
de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.7.1 Gerenciamento de Degradação Térmica no Inversor ANPC
Tolerante a Falhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.7.2 Sobredimensionamento dos Módulos de Potência . . . . 48
3.8 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

20
3.1. INTRODUÇÃO 21

3.1 Introdução
Confiabilidade é definido como a capacidade de um ı́tem realizar uma
requerida função sob condições estabelecidas por um determinado perı́odo
de tempo e é frequentemente medida por probabilidade de falhas, frequência
de falhas ou em termos de disponibilidade (IEEE; 2009). A essência da
engenharia de confiabilidade é a prevenção da criação de falhas e o setor
industrial tem avançado seu desenvolvimento, abandonando o uso dos testes
tradicionais e passando a utilizar o processo design for reliability (DFR)
(O’Connor and Kleyner; 2012). DFR é o processo conduzido durante a fase de
desenvolvimento do componente ou sistema que garante que um determinado
nı́vel de confiabilidade seja alcançado.
A confiabilidade de conversores eletrônicos de potência tornou-se a maior
preocupação em aplicações industriais, devido ao uso de dispositivos com
altas densidades de potência (Song and Wang; 2013). Entretanto, segundo
Wang et al. (2012) pesquisas em confiabilidade na área de eletrônica de po-
tência tem as seguintes limitações:

• Falta de uma aproximação especı́fica pelo DFR para o design de siste-


mas eletrônicos de potência.

• Excesso de confiança nos valores calculados no tempo médio para falha


(MTTF), tempo médio entre falhas (MTBF) e na curva da banheira,
exibida na figura 3.1. A curva da banheira, divide a operação do dispo-
sitivo ou sistema em três perı́odos distintos. Embora esta aproximação
seja consistente com alguns casos práticos, as considerações de falhas
aleatórias e taxas de falhas constantes são falsas e as causas raı́zes dos
diferentes modos de falhas não são identificados (Klutke et al.; 2003).
As considerações fundamentais de MTTF e MTBF não inclui as falhas
por desgaste. Desta maneira, os valores calculados podem ter alto grau
de imprecisão se uma falha por desgaste ocorrer durante aquele tempo.

• Excesso de confiança nos livros baseados em modelos e estatı́stica onde


taxas falha são preditas sem considerar ciclagem térmica, mudança na
3.1. INTRODUÇÃO 22

taxa de falhas do material, combinações de ambiente e variações na


alimentação do sistema.

Figura 3.1: Curva da banheira


Wang et al. (2012)

A mudança de paradigma nas pesquisas de confiabilidade em eletrônica


de potência está ultrapassando os métodos utilizados em livros estatı́sticos
e se aproximando para abordagens com base na fı́sica. Estas mudanças, po-
dem proporcionar uma melhor compreensão das causas de falhas e defeitos
de projeto, encontrando soluções para a melhoria da confiabilidade ao invés
de obter somente números analı́ticos (Wang et al.; 2012). A principal meto-
dologia utilizada nas pesquisas de confiabilidade em eletrônica de potência é
a aproximação pela fı́sica da falha (PoF), que é baseada na análise da causa
raiz do mecanismo de falha (Pecht and Dasgupta; 1995).
O dispositivo eletrônico de potência é um dos componentes mais vulnerá-
veis nos conversores eletrônicos de potência (Yang et al.; 2010). Como pode
ser observado na figura 3.2(a), falhas nos semicondutores e nas soldas dos
módulos contabilizam 38% das falhas no sistema. Já a figura 3.2(b) exibe as
fontes de estresse que tem mais impacto na confiabilidade destes componen-
tes, onde a ciclagem térmica (variação de temperatura, dentro ou fora dos
dispositivos) contabiliza 55% das causas de falha.
3.2. FALHAS EM MÓDULOS DE POTÊNCIA IGBT 23

Figura 3.2: Distribuição de (a) Falhas em conversores de potência. (b) Fontes


de Stress
Choi et al. (2015)

3.2 Falhas em Módulos de Potência IGBT


Módulos de potência IGBT são tipicamente classificados em dois tipos:
conectados por fio e conectados por pressão. Módulos conectados por fio,
tem uma maior resistência térmica, menor densidade de potência e maiores
taxas de falhas, devido às junções de solda e conexões por fios das pastilhas
internas. Já a tecnologia de encapsulamento utilizando conexão por pressão
não tem a necessidade de utilizar fios, melhorando a confiabilidade, densidade
de potência e capacidade de resfriamento do módulo. Entretanto, os módulos
conectados por fio são os dispositivos mais utilizados na área de eletrônica de
potência devido às suas vantagens em preço de compra e custo de manutenção
(Ma and Blaabjerg; 2012).
Como pode ser observado na figura 3.3, um módulo IGBT ligado por fios
é construı́do à partir de várias camadas de diferentes materiais. A pastilha
de silı́cio é soldada no substrato cerâmico de ligação direta de cobre (LDC).
O substrato LDC isola a pastilha de silı́cio da placa de base e conduz o calor
dissipado pela pastilha até o sistema de resfriamento. Os fios de conexão de
alúminio são utilizados para conectar a parte superior da pastilha de silı́cio
no circuito do módulo.
O ponto mais fraco dos módulos IGBT conectados por fio são as inter-
conexões entre a pastilha de silı́cio e os fios de alumı́nio, a junção de solda
3.2. FALHAS EM MÓDULOS DE POTÊNCIA IGBT 24

Figura 3.3: Estrutura convencional de um módulo de potência IGBT conec-


tado por fio.
Volke and Hornkamp (2011)

entre a pastilha e o substrato LDC e a junção de solda entre o substrato


LDC e a placa base. A diferença entre os coeficientes de expansão térmicas
(CET) dos materiais e repetitivas ciclagens térmicas podem fazer com que os
materiais se expandam e encolham em taxas diferentes. Este procedimento
pode degradar as junções de solda e até causar uma ruptura dos fios de
ligação, levando o módulo à falha. Falhas por desgaste podem acontecer de-
vido a longos perı́odos de degradação. Entretanto, diferentes tipos de falhas
catastróficas podem também ocorrer devido a um único evento de estresse
excessivo (Choi et al.; 2015). Estes módulos podem falhar de duas diferentes
maneiras, em curto-circuito ou circuito aberto. O diagrama dos mecanismos
de falha é exibido na figura 3.4.

Figura 3.4: Diagrama dos mecanismos de falha em módulos de potência.


Choi et al. (2015)
3.2. FALHAS EM MÓDULOS DE POTÊNCIA IGBT 25

3.2.1 Falhas em circuito aberto


1. Falha no gate driver: Existem várias causas de falhas no gate driver,
bem como danos nos seus dispositivos de potência (MOSFET, BJT)
e desconexão entre a placa de acionamento e o IGBT. Falhas no dri-
ver pode resultar em danos no IGBT, degradação da tensão de saı́da
e stress de outros IGBTs e capacitores. Picos de sobretensão entre
o coletor e o emissor podem romper a resistência de gate-emissor, en-
quanto sobrecorrente no coletor pode levar à degradação da resistência.
Os IGBTs modernos podem trabalhar com temperatura na junção de
até 175◦ C, enquanto alguns componentes do gate driver não funcionam
normalmente em altas temperaturas compromentendo a confiabilidade
do sistema (Wu et al.; 2013).

2. Rompimento dos fios de conexão: Falhas nas conexões são principal-


mente causadas por trincas na interface do fio com a pastilha de silı́cio
devido aos suingues de temperatura e as diferentes CETs entre silı́-
cio e alumı́nio. A diferença de deformação nos dois materiais provoca
estresse na interface do material, onde o estresse resultante depende
da temperatura. Em testes de fadiga com altos suingues de tempera-
tura, as trincas propagam das duas extremidades até o centro dos fios
de alumı́nio. Quando a trinca alcança o centro, os fios de conexão se
desprendem (Held et al.; 1997). O mecanismo de falha de um fio de
conexão pode ser esclarecido através de uma análise microestrutural.
A figura 3.5 exibe a imagem de um microscópio de escaneamento ele-
trônico (MEE) de um fio de conexão solto. Falhas por rompimento dos
fios de conexão tem sido observadas em MOSFETs, IGBTs e diodos de
roda livre, e é considerado o principal mecanismo de falha em módulos
eletrônicos de potência (Ciappa; 2002).

3.2.2 Falhas em curto-circuito


1. Ruptura por avalanche: Em um semicondutor, a habilidade para su-
portar altas tensões sem uma significante corrente de fuga é limitado
3.2. FALHAS EM MÓDULOS DE POTÊNCIA IGBT 26

Figura 3.5: Imagem MEE de um fio de conexão solto.


Held et al. (1997)

pelo fenômeno de ruptura por avalanche que é dependente da distri-


buição do campo elétrico dentro da estrutura. Altos campos elétricos
podem ser criados no interior e nas bordas dos dispositivos de potên-
cia. Quando a tensão aplicada aumenta, o campo elétrico na região de
depleção do semicondutor também aumenta, resultando em uma ace-
leração dos portadores móveis para altas velocidades. Com o aumento
do campo elétrico, os portadores ganham energia cinética suficiente do
campo elétrico, de tal forma que sua interação com a estrutura atômica
produz a excitação de elétrons da banda de valência para a banda de
condução. A geração de pares elétron-lacuna, devido à energia adqui-
rida do campo elétrico é referida como ionização de impacto. Desde que
os elétrons e lacunas são criados por ionização de impacto, eles também
sofrerão aceleração pelo campo elétrico da região de depleção e também
contribuirão para a criação de mais pares elétron-lacuna. Consequen-
temente, a ionização de impacto é um fenômeno multiplicativo, que
produz uma cascata de portadores móveis, sendo transportados atra-
vés da região de depleção, gerando um fluxo significante de corrente
na região. O fenômeno de ruptura por avalanche acontece quando o
dispositivo não está apto a sustentar a aplicação de taxas de tensão
3.2. FALHAS EM MÓDULOS DE POTÊNCIA IGBT 27

onde ocorre um rápido aumento na corrente. Desta forma a máxima


tensão suportada pelos dispositivos é limitada através do fenômeno de
ruptura por avalanche (Baliga; 2008).

2. Latch-up: A estrutura IGBT normalmente opera como um transistor


bipolar de base larga, sendo acionada por uma estrutura MOSFET para
prover sua corrente de base. Entretanto, a construção do IGBT pro-
duz quatro camadas alternativas que constituem um tiristor parasita,
P + -N -P -N + . Se o tiristor parasita é disparado durante a operação
ele pode travar, resultando em um fluxo de corrente que sobrepassa o
canal do MOSFET na estrutura IGBT. Consequentemente, uma vez
que o tiristor é travado, não é mais possı́vel controlar a operação do
dispositivo através do comando de gate (Baliga; 2008).

3. Ruptura secundária: A área da fronteira de tensão e corrente dentro


da qual um dispositivo de potência pode ser operado sem falhas des-
trutivas é conhecido como área de operação segura (AOS). Durante o
ligamento e desligamento do IGBT, as taxas de tensão e corrente po-
dem se tornar muito altas simultaneamente. Caso essas taxas excedam
os limites das fronteiras da AOS, um fenômeno chamado avalanche in-
duzida de ruptura secundária pode ocorrer levando o dispositivo à uma
falha destrutiva (Baliga; 2008).

4. Altas temperaturas: Uma elevação na temperatura pode ativar o pro-


cesso de ativação térmica de acordo com a lei de Arrhenius, desencade-
ando um processo de degradação nas pastilhas de silı́cio (Yang et al.;
2010).

5. Radiação externa: Dispositivos bipolares e MOS são afetados por radia-


ções externas. Em aplicações de aviação, danos decorrentes de ionização
em semicondutores de potência foram observados devido aos prótons e
elétrons confinados no campo magnético da terra (Yang et al.; 2010).
Em aplicações terrestres, um evento de queima induzida pode aconte-
cer quando ı́ons pesados, também conhecidos como radiação cósmica
se chocam com o dispositivo (Oberg et al.; 1996).
3.2. FALHAS EM MÓDULOS DE POTÊNCIA IGBT 28

Um outro importante modo de falha em módulos de potência é a fadiga


e trincamento na solda entre o substrato LDC e a placa base ou entre a pas-
tilha e o substrato (Rachev et al.; 2004). O mecanismo de falha acontece
devido a pastilha de silı́cio e o substrato de cobre ter diferentes CETs, resul-
tando em uma tensão de cisalhamento na camada de solda e eventualmente
gerando uma trinca. Estas trincas reduzem a área efetiva para a transferên-
cia de calor entre a pastilha e o sistema de resfriamento, fazendo com que a
pastilha fique em média mais quente, e este processo é acelerado enquanto a
trinca aumenta. Este aquecimento localizado devido ao aumento da resistên-
cia térmica, pode danificar a pastilha de silı́cio (Ciappa; 2002). Em cargas
cı́clicas onde os materiais estão ciclando termicamente, resulta-se em stress
induzido de ciclagem na solda e o comprimento da trinca na solda aumenta
de acordo com o número de ciclos realizados. Segundo Yang et al. (2010),
após um grande número de ciclos, a taxa de progressão da largura da trinca
por ciclo da/dN , aumenta de acordo com a área de histerese do gráfico de
stress por deformação exibido na figura 3.6. Desta forma a falha se aproxima
rapidamente no fim da vida da solda, devido à aceleração no aumento das
trincas.

Figura 3.6: Curva de histerese de crescimento do comprimento da trinca


Yang et al. (2010)
3.3. DIAGNÓSTICO DE FALHAS 29

3.3 Diagnóstico de Falhas


Para um sistema tolerante a falhas, o diagnóstico é o primeiro passo uma
vez que a falha ocorra (An et al.; 2010). He and Demerdash (2014) pro-
puseram um método de diagnóstico de falha em IGBT por circuito aberto
aplicáveis em conversores NPC e ANPC. Uma vez que as informações de
corrente de fase e estados de comutação geralmente já estão disponı́veis no
sistema, é necessário apenas adicionar três sensores de tensão para imple-
mentar o método de diagnóstico. A variação da polaridade da tensão para
diferentes condições de falha em circuito aberto são exibidas na tabela 3.1.
Uma vez que o inversor ANPC tolerante a falhas trabalha como um conver-
sor NPC ou ANPC comum, conhecendo sua atual configuração, é possı́vel
utilizar a tabela 3.1 com o objetivo de diagnosticar falhas em suas chaves.

Tabela 3.1: Método de diagnóstico para o inversor ANPC tolerante a falhas


Chave em Falha Estado Corrente Tensão Medida Tensão Esperada
Q1x/Q5xT + Ia > 0 Zero Vdc/2
Q2x/Q5xB 0U1 ou 0L2 Ia > 0 -Vdc/2 Zero
Q3x/Q6xT 0L1 ou 0l2 Ia < 0 Vdc/2 Zero
Q4x/Q6xB - Ia < 0 Zero -Vdc/2
Q5xB/Q2x 0U1 ou 0U2 Ia < 0 Vdc/2 Zero
Q6xT/Q3x 0L1 ou 0L2 Ia > 0 -Vdc/2 Zero

3.4 Monitoramento de Condições em Módu-


los de Potência
Em aplicações de alta confiabilidade, técnicas de monitoramento de condi-
ções (MC) são largamente aplicadas para detectar falhas incipientes e tomar
ações corretivas antes que ocorra uma falha catastrófica. A aproximação por
MC para módulos IGBT tem como objetivo detectar mudanças nos parâme-
tros indicativos de degradação da pastilha ou do módulo IGBT (Oh et al.;
2015).
A relação entre a tensão coletor-emissor durante a condução de corrente
3.4. MONITORAMENTO DE CONDIÇÕES EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 30

(V CEon ) e as condições de saúde do IGBT tem sido estudada para o desen-


volvimento de técnicas de MC. A aplicação de V CEon no campo utilizando
monitoramento em tempo real é bastante desafiadora, onde um aumento no
V CEon resultante de degradação pode ser sobreposto por um sinal de ruı́do
ou distúrbio durante o chaveamento (Smet et al.; 2013). Ji et al. (2013) pro-
puseram uma técnica de prognóstico de falha nos fios de ligação do módulo
IGBT voltado para aplicações em veı́culos elétricos. Medidas in situ, durante
o processo de start − stop do veı́culo apresentaram menos que 0.05% de pre-
cisão. Entretanto, segundo Oh et al. (2015), técnicas de MC dependendo
exclusivamente do V CEon podem não ser de confiança pois os mecanismos
de falha concorrem entre si alterando o valor de V CEon de maneiras opostas,
anulando os efeitos individuais.
Técnicas de MC baseadas em temperatura para identificar falhas nos fios
de ligação e nas soldas das junções do módulo também vem sendo estudadas.
Todavia, acesso direto às resistência térmicas do módulo e à temperatura de
junção não é praticável. Desta maneira, várias pesquisas estão focando em
métodos precisos de estimação da temperatura de junção do IGBT, que é o
parâmetro mais crı́tico para avaliar a degradação nas junções de solda. Uma
simples maneira de se medir é inserindo um sensor próximo à junção. Um
outro método é deduzir a temperatura a partir de medidas de parâmetros
sensı́veis a variações na temperatura, bem como o V CEon (Oh et al.; 2015).
Em Xiang et al. (2011), a degradação nas junções de solda é monitorada
através da temperatura do encapsulamento para o ambiente e do cálculo das
perdas de potência adicionais pelas temperaturas medidas. Considerando a
variação térmica, esta técnica pode ser limitada e irrealizável em aplicações
onde o controle de potência pode mudar mais rápido que o tempo requerido
pela pastilha de silı́cio alcançar sua temperatura em estado estacionário.
Outras técnicas de MC também vem sendo estudadas, um aumento na
tensão de gate para oemissor (V GEth ) foi observado por Patil et al. (2009)
durante testes de stress nos componentes IGBT. O resultado mostrou que o
valor de (V GEth ) aumentou de zero para 11% no total de oito amostragens.
A capacitância do gate para o emissor também foi investigada no que se diz
respeito à tensão de gate, e o resultado suportou a hipótese que a presença de
3.4. MONITORAMENTO DE CONDIÇÕES EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 31

elétrons presos no óxido do gate foi a causa do aumento de (V GEth ) depois


do envelhecimento térmico. Técnicas baseadas no tempo de chaveamento uti-
lizando mudanças nas formas de onda de V CE, V GE, ICE e IGE durante
o chaveamento dos IGBTS foram desenvolvidas por Tounsi et al. (2010) e
Zhou et al. (2013). Resultados representativos foram obtidos em Zhou et al.
(2013), onde a diferença entre duas formas de onda foram observadas visu-
almente sendo o aumento da taxa de V GE de um componente degradado
maior que a de um componente saudável. A tabela 3.2, traz um comparativo
entre as técnicas de MC existentes para módulos de potência IGBT.

Tabela 3.2: Comparativo entre as técnicas de MC


(Oh et al.; 2015)
Parâmetro Prós Contras
V CEon Útil para detectar degrada- Dificuldade de detectar alte-
ção nos fios de ligação ou na rações durante chaveamento
pastilha rápido.
V GEth Útil para detectar falhas no Interrupção na operação
gate normal. Requer sinais
externos ao gate
tl ou td Pode previnir falhas catas- Detecta apenas falhas imi-
tróficas nos fios de ligação nentes. Pode falhar quando
e gate. Detecta falha de existe mútiplos mecanismos
latch-up de falha
Rth Efetivo para detectar degra- Requer modelagem eletro-
dação nas junções de solda térmica e modelagem ter-
momecânica.
Sensores Detecta falha nos fios de li- Requer modificação do cir-
gação sem interferir na ope- cuito original do IGBT.
ração do IGBT

O estágio atual das técnicas de MC necessita de melhorias significativas


para garantir a aplicabilidade para vários ambientes em campo real, e então
serem utilizadas na rotina prática industrial (Oh et al.; 2015). Além disso,
todos os estudos relatados foram realizados sob condições experimentais con-
troláveis e podem não ser realizáveis em condições de operação real.
3.5. PROGNÓSTICOS E MODELOS DE ESTIMAÇÃO DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE
POTÊNCIA 32

3.5 Prognósticos e Modelos de Estimação de


Vida Útil em Módulos de Potência
Prognósticos é uma disciplina da engenharia para predizer a condição de
saúde em algum ponto no futuro e estimar a vida útil remanescente (VUR)
sob atuais condições de uso . Atualmente, modelos de estimação de vida útil
são utilizados para prever o tempo de vida dos fios de ligação e conexão de
solda sob condições de cargas cı́clicas (Oh et al.; 2015). Modelos de predi-
ção de vida útil são sobretudo desenvolvidos considerando falhas por desgaste
gerado por fontes de estresse bem como temperatura, tensão, corrente, vibra-
ção, humidade e radiação térmica (Choi et al.; 2015). Estes modelos podem
ser classificados em fı́sicos ou empı́ricos.

3.5.1 Modelos Fı́sicos de Predição de Vida Útil


Modelos fı́sicos de tempo de vida não requerem o conhecimento do número
e amplitude dos ciclos térmicos, porém, os mecanismos de falha devem ser
conhecidos (Kovacevic et al.; 2010).

Modelo de vida útil das junções de solda

Os modelos fı́sicos de estimação de tempo de vida das junções de solda


podem ser baseados em : estresse, tensão, energia e dano. Dentre eles, os
modelos baseados em energia são os mais convenientes e produzem resultados
mais precisos (Choi et al.; 2015). Um modelo de fadiga baseado na energia
total da deformação foi proposto por Akay et al. (2007), e é exibido na
equação 3.1.

δWtotal 1/k
Nf = ( ) (3.1)
W0
onde Nf é o ciclo médio para a falha, Wtotal é a energia total de deforma-
ção. Já W0 = 0.1573 e k = −0.6342 são os coeficientes de fadiga, extraı́dos
através de resultados experimentais nas junções de solda.
3.5. PROGNÓSTICOS E MODELOS DE ESTIMAÇÃO DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE
POTÊNCIA 33

Modelo de vida útil dos fios de ligação

O modelo fı́sico mais comum de vida útil dos fios de ligação é o modelo
de fadiga baseado na deformação plástica.Este modelo foi desenvolvido con-
siderando que os fios de ligação estão sob o regime de deformação plástica
devido ao larga diferença termo mecânica entre Si e Al (Yang et al.; 2013).
Ele é baseado na relação de Coffin-Manson que define a relação de potência
entre o número de ciclos para a falha Nf e a deformação plástica induzida
por ciclo (pl ). Este modelo é representado através da equação 3.2.

Nf = C1 .(pl )−C2 (3.2)

As constantes C1 e C2 podem ser obtidas através de experimentos de


estresse ou múltiplas regressões lineares de resultados baseado em elementos
finitos.

3.5.2 Modelos Empı́ricos de Predição de Vida Útil


A vida útil de um módulo de potência pode ser prevista analiticamente
utilizando a regra de Miner para acúmulo de dano. Esta aproximação estima
o tempo de vida de um dispositivo em termo do número de ciclos até a falha
Nf , considerando fatores variáveis como temperatura, frequência e corrente
nos fios de ligação.

Modelo de Coffin-Manson-Arrhenius

Este modelo é baseado no modelo simples de Coffin-Manson e leva em


conta a temperatura média (Tm ) e a variação ∆Tj . Este modelo pode ser
expresso através da equação 3.3.

Nf = α.(∆Tj )−n .e(Ea /k.Tm ) (3.3)

onde k é a constante de Boltzmann e Ea o parâmetro de ativação de


energia, que pode ser determinado experimentalmente.
3.5. PROGNÓSTICOS E MODELOS DE ESTIMAÇÃO DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE
POTÊNCIA 34

Modelo de Bayerer

Bayerer et al. (2008) propuseram o modelo mais compreensı́vel analitica-


mente. Este modelo considera as caracterı́sticas do módulo e variações em
diferentes parâmetros de ciclagem de potência.

Nf = A.(∆Tj )β1 .eβ2 /(Tj,min +273K) .tβon3 .I β4 .V β5 .Dβ6 (3.4)

onde ∆Tj é a flutuação da temperatura de junção, Tj,min a temperatura


mı́nima de junção, ton o tempo de aquecimento da ciclagem térmica, V a
tensão de bloqueio, D o diâmetro do fio de ligação, I é a corrente por fio, A, β1 ,
β2 , β3 , β4 , β5 e β6 são parâmetros ajustáveis do modelo. Todos os parâmetros
para módulos com capacidade de bloqueio igual a 1200V estão sumarizados na
tabela 3.3. O modelo de Bayerer é válido apenas para substratos compostos
de Al2 O3 e outros modelos devem ser adotados para módulos de tração em
alta potência que são construı́dos dos materiais AlN e AlSiC (Lutz et al.;
2011).

Tabela 3.3: Parâmetros fixos da equação de Bayerer.


Parâmetro Unidade
A 9.34e14
β1 4.416
β2 1285
β3 −0.463
β4 −0.761
β5 −0.5
β6 −0.5
V 1700
D 75µm

Modelo para Módulos de Tração em Alta Potência

Com a evolução dos módulos de potência aplicados em tração de alta


potência, a fabricante ABB publicou um manual com modelos de fadiga de
solda e fios de ligação mais sofisticados (ABB; 2014). Neste manual, contém
curvas individuais de tempo de vida para cada junção crı́tica do módulo, onde
3.5. PROGNÓSTICOS E MODELOS DE ESTIMAÇÃO DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE
POTÊNCIA 35

cada uma falha devido à diferentes mecanismos e são descritas por diferentes
modelos de tempo de vida.
A confiabilidade do módulo é definida pelo tempo de vida B10 , que é
descrito como o numero de ciclos onde 10% da população dos módulos falham
(Bertsche; 2001). As curvas de tempo de vida B10 são geradas utilizando
modelos de tempo de vida e perfis de temperatura. Para cada junção crı́tica
(figura 3.3), várias curvas de tempo de vida B10 são calculadas e plotadas para
diferentes perı́odos de ciclagem (tcycle ), temperaturas absolutas de junção e
encapsulamento(Tj ou Tc ).
O tempo de vida B10 das junções de solda conectando o substrato e a
placa de base para diferentes perı́odos de ciclagem (tcycle ) e temperatura de
encapsulamento (Tc ) pode ser calculado através dos gráficos exibido na figura
3.7.

Figura 3.7: Curvas de tempo de vida B10 para a junção de solda da placa de
base (a) tcycle 10s. (b) tcycle 30s (c) tcycle 120s (b) tcycle 24h.
ABB (2014)

Já o tempo de vida das junções de solda conectando a pastilha de silı́cio


e o substrato é avaliado de forma diferente. Os gráficos da figura 3.8 exibem
as curvas de tempo de vida B10 para diferentes tempos de ciclagem (tcycle ) e
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 36

temperatura de junção (Tj ).

Figura 3.8: Curvas de tempo de vida B10 para a junção de solda da pastilha
de silı́cio (a) tcycle 10s. (b) tcycle 30s (c) tcycle 120s (d) tcycle 24h.
ABB (2014)

O tempo de vida dos fios de ligação para vários perfis de temperatura é


exibido na figura 3.9 (a). O gráfico mostra curvas de tempo de vida para
diferentes temperaturas máximas de junção (Tj,max ). Com o intuito de me-
lhorar a performance de tempo de vida nos fios de ligação, a nova geração dos
módulos HiPak sofreram alterações na sua camada de epoxy (ABB; 2014).
As curvas de tempo de vida para os novos módulos são exibidas no gráfico
da figura 3.9(b).

3.6 Análise de Vida Útil em Módulos de Po-


tência
A metodologia da análise de vida útil em módulos de potência é represen-
tada no diagrama da figura 3.10. Primeiramente é realizada a modelagem do
conversor e do perfil de carga em estudo. Modelos térmicos são desenvolvi-
dos com o objetivo de estimar a temperatura na junção e no encapsulamento
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 37

Figura 3.9: Curvas de tempo de vida B10 para os fios de ligação (a) HiPak.
(b) HiPak nova geração.
ABB (2014)

do módulo IGBT. Algoritmos de contagem de ciclo são implementados para


identificar a ciclagem térmica no módulo para um determinado perfil de carga.
Baseado na fı́sica da falha, são gerados modelos de predição de vida útil e a
partir deles é possı́vel realizar o estudo de análise de vida útil em módulos
de potência.

Figura 3.10: Metodologia da análise de vida útil em módulos de potência.


Wang et al. (2013)
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 38

3.6.1 Modelagem do Sistema


Sobre a modelagem do sistema, o conversor, a carga, as malhas térmicas
e de controle foram implementadas no software PLECS. Para modelagem da
carga, são considerados os circuitos equivalentes coerentes à cada aplicação,
podendo ser a rede elétrica ou um motor de indução. Para se aplicar os
perfis de carga em estudo, é utilizado um PI linear no controle de corrente
do conversor (Kazmierkowski and Malesani; 1998). Uma vez obtidas as tem-
peraturas de junção e encapsulamento dos módulos de potência é utilizado
o software Matlab, onde aplicando algoritmos de detecção de ciclo, modelos
de predição de vida útil e de acúmulo de danos, são realizados os estudos de
vida útil dos módulos.

3.6.2 Modelagem das Perdas em Módulos de Potência


Para calcular as perdas totais de potência de um módulo, as perdas de
chaveamento e condução dos IGBTs e diodos devem ser estimadas. Esta
modelagem pode ser realizada por diferentes aproximações, porém, por sim-
plificação, a modelagem das perdas de potência é obtida através de tabelas
look − up que o fabricante provê em seus datasheets, e é facilmente inserida
no software PLECS.

Perdas de Chaveamento

O comportamento das perdas de energia durante o chaveamento é mo-


delado por tabelas look − up no PLECS. O modelo é uma matriz de quatro
dimensões, onde os dados de entrada são: tensão de bloqueio, corrente e
temperatura de junção. O dado de saı́da é a perda de energia. A figura
3.11(a), ilustra a tabela look − up das perdas de chaveamento, durante o li-
gamento do IGBT e a figura 3.11(b) ilustra a tabela look − up das perdas de
chaveamento, durante o desligamento do IGBT.
Além disso, os diodos dos módulos também contribuem para as perdas
de potência totais, desta maneira elas também são modeladas. Desde que
as perdas durante a entrada em condução são muito baixas, os datasheets
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 39

Figura 3.11: Perdas de chaveamento IGBT do módulo FF200R33KF2C


(a)Ligamento (b) Desligamento

provêm apenas as perdas de energia durante a recuperação reversa. A figura


3.12, ilustra a tabela look − up das perdas de recuperação reversa dos diodos
do módulo FF200R33KF2C da fabricante Infineon.

Figura 3.12: Perdas de chaveamento Diodo do módulo FF200R33KF2C

Perdas de Condução

Similarmente, o mesmo procedimento é adotado para se modelar as perdas


de condução dos módulos de potência. As perdas de condução dos IGBTs é
representada através de uma matriz bidimensional, onde os dados de entrada
são: temperatura de junção e corrente de condução. O dado de saı́da é
a queda de tensão direta. A figura 3.13(a) ilustra a tabela look − up das
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 40

perdas de condução dos IGBTs e a figura 3.13(b) ilustra a tabela look − up


das perdas de condução dos diodos do módulo FF200R33KF2C da fabricante
Infineon.

Figura 3.13: Perdas de condução direta do FF200R33KF2C (a)IGBT (b)


Diodo

3.6.3 Modelagem Eletro-Térmica dos Módulos de Po-


tência IGBT
Como exibido na figura 3.14, nos módulos de potência que contém placa
de base, o substrato é soldado na placa de base que é montada no dissipa-
dor utilizando pasta térmica. Estes tipos de módulos apresentam uma alta
resistência da pastilha pro dissipador, bastante robustez e capacidade de ci-
clagem térmica reduzida se comparado à modulos que não contém placa de
base (Wintrich et al.; 2011). Mesmo com uma menor capacidade de ciclagem
térmica, os módulos selecionados neste trabalho contém placa de base.

Condução de Calor nos Módulos

A potência total dissipada em conjunto com a impedância térmica transi-


ente (Zth ) são responsáveis pela elevação da temperatura através das várias
camadas que compõem o módulo de potência IGBT. A impedância térmica
total de um módulo de potência, da junção para o ambiente, pode ser mode-
lada através da figura 3.15 (Wintrich et al.; 2011).
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 41

Figura 3.14: Estrutura convencional de um módulo de potência com placa


de base.
Reigoza (2014)

A impedância Zth(j−c) representa o calor dissipado entre a junção da pas-


tilha IGBT e o encapsulamento do módulo. Já Zth(c−h) o calor dissipado
entre o encapsulamento e o dissipador, e Zth(h−a) o calor dissipado para o
ambiente.

Figura 3.15: Modelo térmico dinâmico de módulos de potência.


Reigoza (2014)

A temperatura do encapsulamento do módulo em estado estacionário é


calculado para uma dissipação de potência constante total.

Tc = Ta + (Rth(h−a) + Rth(c−h) ).Pdiss,tot (3.5)

Já a temperatura da junção do IGBT em estado estacionário é obtida


3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 42

levando em conta as perdas de potência do IGBT.

Tj(IGBT ) = Tc + (Rth(j−c) ).Pdiss,IGBT (3.6)

Redes Térmicas Equivalentes

A impedância térmica usualmente, é representada por uma resistência


térmica Rth e a capacitância térmica Cth em cascata, como um rede térmica
RC, que modela o comportamento térmico de um material (Marz and Nance;
2012). Tais redes RC podem ser modeladas de duas maneiras diferentes:

• Modelo de Cauer: é baseado na geometria e propriedade dos materias


das camadas do módulo, dando sentido fı́sico a cada módulo RC. O
número de módulos RC é definido pelo número de camadas dentro do
IGBT conforme exibido na figura 3.16 (Marz and Nance; 2012).

Figura 3.16: Modelo térmico de Cauer.

• Modelo de Foster: normalmente os parâmetros são providos nos datasheets.


No entanto, o modelo é uma aproximação matemática de uma impedân-
cia térmica equivalente Zth e não demonstra qualquer comportamento
fı́sico. A fórmula analı́tica que relaciona a impedância térmica com a
resistência térmica pode ser descrita como (Marz and Nance; 2012):

n
X −τ
Zth(j−c) (t) = Ri (1 − e τi ) ; τi = Ri .Ci (3.7)
i

Desta maneira, o modelo térmico do módulo de potência, da junção


para o encapsulamento é modelado conforme exibido na figura 3.17.
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 43

Figura 3.17: Modelo térmico de Foster.

3.6.4 Algoritmos de Contagem de Ciclos


Em muitos projetos de confiabilidade e modelos baseados em gerencia-
mento de vida útil voltados para aplicações onde os perfis de carga são variá-
veis e imprevisı́veis, é desejável ter métodos de contagem de ciclos eficientes
para identificar ciclos completos e médios equivalentes de perfis de carga ir-
regulares. Contadores de ciclo, como o método rainflow , são utilizados para
caracterizar históricos irregulares de carga por perı́odos de tempo (Downing
and Socie; 1982).
Tipicamente, o algoritmo rainflow é utilizado para extrair ciclos de um
histórico de carga, que pode ser obtido de medidas ou simulação. Conforme
é possı́vel observar na figura 3.18, o algoritmo detecta os pontos de máximo e
mı́nimo de cada ciclo e calcula o valor médio e a diferença. Os algoritmos de
contagem de ciclos rainflow tradicionais permitem a detecção da flutuação
(∆Tj ) de temperatura e da temperatura média (Tmed ) em cada ciclo térmico.
Entretanto, devido aos modelos de estimação de vida útil utilizados neste
trabalho, foi necessário realizar uma adaptação para que estes algoritmos
pudessem identificar também o tempo de duração de cada ciclo.

3.6.5 Caracterização da Ciclagem Térmica


A ciclagem térmica em aplicações ferroviárias tem sido extensivamente
estudada pelos programas LESIT (1994-1996) e RASPSDRA (1996-1998).
Estas pesquisas levaram a uma definição de métodos de predição de ciclagem
de potência e de vida útil. Para trens com um ciclo de carga conhecido, uma
possı́vel aproximação é considerar o ciclo de carga total em uma dada linha de
serviço, assumindo condições de máxima carga (Guyennet and Piton; 2010).
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 44

Figura 3.18: Implementação do algoritmo Rainflow.


Musallan and Johnson (2012)

Este método foca em uma condição de operação conhecida do conversor em


um perı́odo muito curto, e então os perfis de longo perı́odo são gerados sim-
plesmente repetindo os perı́odos de curto termo. Todavia, esta aproximação
pode causar um desvio significante da realidade em aplicações com perfis
de carga mais complexos (Ma et al.; 2015). Por exemplo, em aplicações de
conversão de energia solar e eólica, a ciclagem térmica dos dispositivos de
potência não repetem periodicamente devido à variações aleatórias nos perfis
de vento e irradiância.
Em aplicações de energia eólica, a correta caracterização do perfil de cicla-
gem térmica é um ponto muito crı́tico. Primeiramente devido aos diferentes
fatores que influenciam diretamente na ciclagem térmica dos dispositivos,
tais como a velocidade do vento, as variações no ambiente, comportamento
das partes mecânicas e elétricas do sistema e condições da rede. Estas con-
dições podem envolver modelos multidisciplinares com constantes de tempo
diferentes, propiciando uma certa dificuldade de validar estes modelos em
3.6. ANÁLISE DE VIDA ÚTIL EM MÓDULOS DE POTÊNCIA 45

conjunto no mesmo passo de tempo. Ademais, a necessidade de realizar uma


análise de longo perı́odo, 1 ano por exemplo, uma larga quantidade de da-
dos é necessária, o que é difı́cil de utilizar considerando muitos detalhes do
sistema. Considerando estas dificuldades, Ma et al. (2015) caracterizaram
a ciclagem térmica nos dispositivos em três diferentes constantes de tempo:
perı́odo longo, perı́odo médio e perı́odo curto, conforme indicado na figura
3.19. Pode-se perceber que em cada constante de tempo considera-se um
diferente fator que infuencia no comportamento de ciclagem. O principal
objetivo de se dividir o perfil de ciclagem térmica, é poder simular perı́odos
mais longos com uma maior constante de tempo.

Figura 3.19: Ciclagem térmica de dispositivos de potência em um conversor


de energia eólico, com três diferentes constantes de tempo.
Ma et al. (2015)

3.6.6 Estimação de Consumo de Vida Útil


Uma vez que são identificados a flutuação de temperatura, a temperatura
média e a duração de cada ciclo, é possı́vel utilizar modelos para estimar o
número de ciclos onde 10% da população dos módulos falham. Nos estudos
de caso realizados nesta dissertação, são utilizados os modelos para módulos
de tração em alta potência, (3.5.2) e o modelo de Bayerer 3.5.2.
Conhecendo o número de ciclos até a falha, a regra linear de acúmulo
de dano Palmgren-Miner, exibida na equação 3.8, pode ser utilizada para
estimar o consumo de vida útil de um produto em um determinado perı́odo
de tempo (Musallan et al.; 2015).
3.7. TÉCNICAS DE MELHORIA DE VIDA ÚTIL EM INVERSORES ELETRÔNICOS DE
POTÊNCIA 46

X ni
=1 (3.8)
i
Ni

onde ni é o número de ciclos de temperatura em que o módulo foi subme-


tido. Ni o número de ciclos até a falha para o mesmo tipo de ciclo e estresse
considerado em ni .

3.7 Técnicas de Melhoria de Vida Útil em In-


versores Eletrônicos de Potência
3.7.1 Gerenciamento de Degradação Térmica no In-
versor ANPC Tolerante a Falhas
Baseado na capacidade de reconfiguração flexı́vel e reversı́vel do inversor
ANPC tolerante a falhas, modelos de predição de vida útil e na regra linear
de acúmulo de dano Palmgren-Miner, é proposta uma estratégia de geren-
ciamento de degradação térmica (Ferreira et al.; 2015). É desenvolvido um
cronograma de trabalho onde o conversor modifica sua configuração e modo
de operação periodicamente, com o objetivo de balancear o dano acumulado
entre todas as suas chaves. As configurações adotadas durante o gerencia-
mento podem ser visualizadas através da tabela 3.4.

Tabela 3.4: Configurações Adotadas Durante o Gerenciamento de Degrada-


ção Térmica
Ferreira et al. (2015)
Configuração Chaves de fase Chaves de grampo Chaves em espera
C1 Q1x ,Q2x ,Q3x ,Q4x Q5xB ,Q6xT , Q5xT ,Q6xB
C2 Q5xB ,Q5xT ,Q6xB ,Q6xT Q2x ,Q3x , Q1x ,Q4x
C3 Q1x ,Q2x ,Q3x ,Q4x D5xB ,D6xT Q5xB ,Q6xT , Q5xT ,Q6xB
C4 Q5xB ,Q6xT , Q5xT ,Q6xB D2x ,D3x Q1x ,Q2x ,Q3x ,Q4x

Para demonstrar o efeito da degradação térmica no tempo de vida útil


nos módulos de potência de um conversor, toda a metodologia foi imple-
mentada, considerando o modelo de um motor de indução (150kW,690V),
3.7. TÉCNICAS DE MELHORIA DE VIDA ÚTIL EM INVERSORES ELETRÔNICOS DE
POTÊNCIA 47

módulos de potência F F R150R17KE4 da fabricante infineon, e um perfil


de carga definido. As temperaturas de junção nas chaves dos dois braços que
compõem uma fase do conversor, considerando os modos de funcionamento
NPC e ANPC, são exibidas na figura 3.20. Como pode ser observado, a dis-
tribuição de temperatura é diferente entre os dois modos de operação. No
modo ANPC os IGBTs de grampo (Q5xB ,Q6xT ) são utilizados, realizando o
equilibrio térmico entre as chaves de fase do conversor, reduzindo o estresse
térmico máximo.

Figura 3.20: Perfil de temperatura (a) Conversor em modo NPC. (b) Con-
versor em modo ANPC
Ferreira et al. (2015)

Conforme demonstra na tabela 3.5, aplicando cada configuração pelo


mesmo intervalo de tempo (3 meses), na média, obtém-se um dano anual
acumulado perfeitamente distribuı́do considerando todas as chaves externas
(Q1x ,Q2x = Q5xT ,Q6xB ) e chaves internas (Q2x ,Q3x = Q5xB ,Q6xT ). Entre-
tanto, existe uma pequena diferença comparando o dano entre as chaves
externas e internas do conversor (Q1x ,Q2x > Q2x ,Q3x ). Para eliminar tais
discrepâncias, é desenvolvido um sistema de equações (equação 3.9) para cal-
cular o intervalo de tempo (τx , x = 1,2,3,4), para cada configuração (C1 a
C4) com o objetivo de alcançar o balanceamento perfeito do dano acumu-
lado entre todas as chaves (Ferreira et al.; 2015). Por simplificação é possı́vel
assumir que os intervalos de tempo τ1 = τ 2 (modo ANPC) e τ3 = τ 4 (modo
NPC). Como resultado, τ1 é calculado para as configurações C1 e C2 e τ3
para as configurações C3 e C4, obtendo-se o sistema de equações simplificado
3.7. TÉCNICAS DE MELHORIA DE VIDA ÚTIL EM INVERSORES ELETRÔNICOS DE
POTÊNCIA 48

3.10. Da é a média da soma de todo o dano acumulado em todas as chaves


consideradas nas equações.

Tabela 3.5: Dano Acumulado


Ferreira et al. (2015)
Chaves 1◦ trimestre 2◦ trimestre 3◦ trimestre 4◦ trimestre Anual
Q1x ,Q4x 1.05e − 04 6.93e − 08 1.55e − 04 6.9e − 08 0.00078
Q2x ,Q3x 1.05e − 04 2.57e − 08 4.95e − 04 6.9e − 08 0.00054
Q5xT ,Q6xB 6.93e − 08 1.05e − 04 6.9e − 08 1.55e − 04 0.00078
Q5xB ,Q6xT 2.57e − 08 1.05e − 04 1.55e − 04 4.95e − 04 0.00054




 Q1,4 C1 .τ1 + Q1,4 C2 .τ2 + Q1,4 C3 .τ3 + Q1,4 C4 .τ4 = Da



 Q2,3 C1 .τ1 + Q2,3 C2 .τ2 + Q2,3 C3 .τ3 + Q2,3 C4 .τ4 = Da
(3.9)


 Q5T,6B C1 .τ1 + Q5T,6B C2 .τ2 + Q5T,6B C3 .τ3 + Q5T,6B C4 .τ4 = Da



Q
5B,6T C1 .τ1 + Q5B,6T C2 .τ2 + Q5B,6T C3 .τ3 + Q5B,6T C4 .τ4 = Da


Q C .τ + Q C .τ = D
1,4 1−2 1 1,4 3−4 3 a
(3.10)
Q C .τ + Q C .τ = D
2,3 1−2 1 2,3 3−4 3 a

Aplicando os tempos de trabalho durante um trimestre, o conversor ope-


rou 80% do tempo alternando entre as configurações C1 e C2 (modo ANPC)
e 20%do tempo alternando entre C3 e C4 (modo NPC). Ao fim de um ano,
o dano total em todas as chaves dos dois braços que compõem uma fase do
conversor foi perfeitamente distribuı́do, como pode ser observado na figura
3.21. A tabela 3.6 exibe a comparação entre os inversores NPC, ANPC e
ANPC tolerante a falhas. O inversor ANPC tolerante a falhas se destaca,
mostrando um significante aumento de tempo de vida, se comparado às ou-
tras topologias.

3.7.2 Sobredimensionamento dos Módulos de Potência


Para garantir durabilidade, o dimensionamento dos módulos de potência
de um conversor para aplicações de ciclagem térmica crı́tica é realizado de
3.7. TÉCNICAS DE MELHORIA DE VIDA ÚTIL EM INVERSORES ELETRÔNICOS DE
POTÊNCIA 49

Figura 3.21: Dano acumulado ao fim de um ano.


Ferreira et al. (2015)

Tabela 3.6: Comparação entre topologias para um perfil de carga definido.


Ferreira et al. (2015)
Topologia Dano anual acumulado Relação de vida útil (pu)
NPC 0.0019 1.0
ANPC 0.0012 1.55
ANPC-TF 0.00065 2.80

tal forma que sua temperatura absoluta não exceda 125◦ C e a ciclagem tér-
mica não ultrapasse 40◦ C (Guyennet and Piton; 2010). Para garantir estes
limites é necessário sobredimensionar o sistema, ou seja, utilizar módulos de
potência com maior capacidade de condução de corrente. A figura 3.22 exibe
a diferença da dinâmica de temperatura para um mesmo sistema utilizando
módulos de 150A (3.22(a)) e 600A (3.22(b)).
Conforme observado, a temperatura absoluta e cı́clica diminui considera-
velmente, e conforme os modelos de predição descritos na seção 3.5, isto in-
fluencia diretamente na vida útil dos módulos. A tabela 3.7 exibe a diferença
de vida útil quando se utiliza o sobredimensionamento entre os módulos.
Com o sobredimensionamento, o tempo de vida útil se torna infinito te-
oricamente, ou seja, a degradação por ciclagem térmica deixa de ser uma
preocupação no tempo de vida do conversor. Em aplicações que trabalham
na borda da tecnologia, para sobredimensionar o sistema é necessário optar
3.8. CONCLUSÕES 50

Figura 3.22: Perfil de temperatura (a) Módulos 150A. (b) Módulos 600A

Tabela 3.7: Diferença de vida útil com o sobredimensionamento.


Topologia Vida Útil (Anos)
2-nı́veis (150A) 1.45
2-nı́veis (600A) 12000

por paralelismo entre os módulos, comprometendo o preço e a confiabilidade


do sistema. O uso do sobredimensionamento em diferentes aplicações será
discutido no capı́tulo seguinte.

3.8 Conclusões
Nesta seção é discutida a confiabilidade em conversores eletrônicos de
potência e suas limitações. É apontada a mudança de paradigma nas pes-
quisas de confiabilidade, onde utilizando abordagens fı́sicas é possı́vel obter
melhorias e não apenas números analı́ticos. São descritos também todos os
modos de falhas de curto circuito e em circuito aberto dos módulos de po-
tência IGBT. Um método de diagnóstico de falhas por circuito aberto em
IGBT para conversores NPC e ANPC é discutido e o mesmo é estendido ao
conversor FT-ANPC. Técnicas de monitoramento de condições em módulos
de potência foram discutidos e foi concluı́do que para garantir suas aplicabi-
lidades em campo real, elas necessitam de melhoras significativas. Modelos
fı́sicos e empı́ricos de estimação de vida útil para módulos comuns e de tração
em alta potência, foram também descritos. A metodologia de análise de vida
3.8. CONCLUSÕES 51

útil utilizada nos estudos desta dissertação também foi parte deste capı́tulo,
onde foi detalhado: a modelagem do sistema, o cálculo das perdas, a modela-
gem eletro-térmica dos módulos de potência, algoritmos de contagem de ciclo
e de predição de vida útil. Foram demonstradas técnicas de aumento de vida
útil em inversores eletrônicos de potência. O método de gerenciamento de
degradação térmica no inversor FT-ANPC, provou que sua vida útil pode ser
aumentada consideravelmente através do equilı́brio perfeito das perdas entre
todas as chaves do conversor. A técnica de sobredimensionamento provou
que a degradação por ciclagem térmica pode deixar de ser uma preocupação
mesmo em aplicações de missão crı́tica.
Capı́tulo 4

Estudos de Caso

Neste capı́tulo são realizados estudos de caso, nos quais objetivo é analisar
a vida útil dos módulos de potência e a confiabilidade em inversores de dois
e três nı́veis. Para tal são utilizadas técnicas descritas na seção anterior.
Para os estudos foram escolhidas aplicações com diferentes perfis de ciclagem
térmica e nı́veis de potência, incluindo: geração de energia solar, sistemas de
metrô, sistemas de guindastes em mina de ouro e turbina eólica offshore.

52
Conteúdo

4.1 Estudo de Caso 1: Usina Solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53


4.1.1 Análise de médio e longo perı́odo . . . . . . . . . . . . 55
4.1.2 Análise de curto perı́odo . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.1.3 Estimação de vida útil dos módulos de potência . . . . 61
4.2 Estudo de Caso 2: Sistemas de Metrô . . . . . . . . . . . . . . 62
4.3 Estudo de Caso 3: Guindaste de Minério . . . . . . . . . . . . 66
4.3.1 Descrição do sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.3.2 Estudo de vida útil dos módulos de potência. . . . . . 68
4.4 Estudo de Caso 4: Turbina Eólica Offshore 5MW . . . . . . . 73
4.4.1 Descrição do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.4.2 Análise de vida útil dos módulos de potência. . . . . . 75
4.5 Análise de confiabilidade referente às topologias e aplicações
estudadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.6 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

4.1 Estudo de Caso 1: Usina Solar


Atualmente, vem sendo dedicada uma atenção especial a confiabilidade e
custo de manutenção de inversores Fotovoltáicos conectados à rede elétrica
(Wang et al.; 2013). O desafio é satisfazer os requisitos do ambicioso mercado
de geração de energia Fotovoltáica e possibilitar um longo tempo de vida útil
sob condições normais e crı́ticas (Wang et al.; 2014). Apesar dos inverso-
res representarem uma pequena porcentagem do custo inicial (10 − 20%),
eles são um dos pontos mais fracos do sistema fotovoltáico, precisando se-

53
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 54

rem substituı́dos de três a cinco vezes durante todo o tempo de vida útil do
sistema(McMahon et al.; 2008), introduzindo um custo extra relevante. Na
usina fotovoltáica de São Lourenço da Mata, por exemplo, ocorreram suces-
sivas falhas nos inversores em um pequeno intervalo de tempo, deixando o
sistema inoperante e interropendo a geração de energia. Durante a investiga-
ção das causas das falhas, percebeu-se que os inversores estavam submetidos a
altos nı́veis de temperatura ambiente, devido à má ventilação dos containers
aliado ao forte calor do estado de Pernambuco. A figura 4.2 exibe a tempe-
ratura ambiente medida dentro do container ao longo do ano de 2015.

Figura 4.1: Foto da usina Fotovoltáica em São Lourenço da Mata (foto:Eudes


Santana.)

Para verificar o efeito das altas temperaturas no tempo de vida do in-


versor, é realizado um estudo detalhado considerando o perı́odo de um ano.
Conforme discutido na seção 3.6.5, a caracterização da ciclagem térmica em
aplicações de geração de energia solar é bastante crı́tica. Baseado em Ma
et al. (2015), propõe-se uma caracterização da ciclagem térmica nos módu-
los para sistemas de geração de energia solar. Entretanto, neste caso, não é
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 55

Figura 4.2: Temperatura ambiente no container ao longo do ano de 2015.

possı́vel realizar a análise de perı́odo médio separadamente, devido à impre-


visibilidade da variação das nuvens. Desta maneira, opta-se por realizar uma
análise que abrange os efeitos de médio e longo perı́odo.

4.1.1 Análise de médio e longo perı́odo


Devido à disponibilidade de dados retirados da planta real, é possı́vel
realizar uma análise de longo perı́odo que abrange também o efeito da va-
riação das nuvens dentro do perı́odo de um ano. Os perfis de corrente no
inversor em um dia no mês de janeiro e ao longo do ano de 2015, com a
janela de amostragem igual a 2 segundos, são exibidos nas figuras 4.3 e 4.4,
respectivamente.
Os inversores de dois nı́veis utilizados na usina foram construı́dos uti-
lizando paralelismo entre dois módulos IGBT 2MBI400U4H-120 (400A) da
fabricante Toshiba. Outros parâmetros, incluindo o filtro, são exibidos na
tabela 4.1.
Considerando o perfil de corrente exibido na figura 4.4, neste estudo, são
considerados módulos de 200A (2MBI200U4H-120), 400A (2MBI400U4H-
120) e 400A (2MBI400U4H-120) em paralelo, acoplados em dissipadores P16
da fabricante Semikron, refrigerados a ar. Para acelerar o processo de simu-
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 56

Figura 4.3: Perfil de corrente (rms) no inversor durante um dia do mês de


Janeiro.

Figura 4.4: Perfil de corrente (rms) no inversor durante o ano de 2015.

Tabela 4.1: Parâmetros do conversor e filtro.


Parâmetro Unidade
Tensão Barramento 600V
Tensão Saı́da 360V
Frequência Nominal 60Hz
Frequência Chaveamento 6kHz
L 0.81mH
C 15.5uF
Rd 1Ω

lação devido à quantidade de dados utilizados durante o perı́odo de um ano,


o PLECS é utilizado apenas para gerar tabelas lookup de três dimensões que
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 57

correlacionam a corrente em uma fase no conversor com as perdas em cada


IGBT, conforme exibido nas figuras 4.5 e 4.6.

Figura 4.5: Tabela lookup de três dimensões para as perdas em cada IGBT,
considerando módulos de 200A.

Figura 4.6: Tabela lookup de três dimensões para as perdas em cada IGBT,
considerando módulos de 400A.

Utilizando a ferramenta Matlab-Simulink é realizada a modelagem eletro-


térmica do módulo de potência (sessão 3.6.3), que em conjunto com a tabela
lookup, o perfil de corrente medido no conversor e a variação da temperatura
ambiente, possibilita estimar a temperatura de junção dos IGBTs e diodos
dos módulos durante todo o ano de funcionamento do conversor. As figuras
4.7 , 4.8 e 4.9 exibem as temperaturas de junção dos diodos e IGBTs do
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 58

conversor, utilizando módulos de 200A, 400A e 400A em paralelo respectiva-


mente.

Figura 4.7: Perfil de temperatura nos IGBTs e Diodos, utilizando módulos


de 200A.

Figura 4.8: Perfil de temperatura nos IGBTs e Diodos, utilizando módulos


de 400A.

Uma vez identificados os perfis de temperatura durante o ano, é possı́vel


utilizar o algoritmo de contagem de ciclos rainflow modificado descrito na
seção 3.6.4 para identificar a temperatura média, flutuação de temperatura
e duração de cada ciclo térmico. As figuras 4.10 e 4.11 e 4.12 exibem um
gráfico tridimensional que relaciona a quantidade de ciclos e seus respectivos
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 59

Figura 4.9: Perfil de temperatura nos IGBTs e Diodos, utilizando módulos


de 400A em paralelo.

valores médios e de flutuação das temperaturas de junção de cada IGBT no


conversor, utilizando módulos de 200A, 400A e 400A em paralelo respectiva-
mente.

Figura 4.10: Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs, utilizando mó-
dulos de 200A.
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 60

Figura 4.11: Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs, utilizando mó-
dulos de 400A.

Figura 4.12: Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs, utilizando mó-
dulos de 400A em paralelo.

4.1.2 Análise de curto perı́odo


Para estimar o tempo de vida do conversor influenciado pelos ciclos tér-
micos de curto perı́odo (menor que 1s), um perfil com constante de tempo em
milisegundos deve ser estabelecido. Este grupo de comportamento térmico é
4.1. ESTUDO DE CASO 1: USINA SOLAR 61

comumente causado por rápidos distúrbios elétricos do conversor bem como


alternância da corrente de carga, chaveamento dos dispositivos de potência
ou impactos das falhas na rede. A temperatura de junção dos dispositivos
de potência variam em uma amplitude relativamente pequena na frequência
fundamental da saı́da do conversor. Desta maneira, com a informação do
valor da temperatura média e amplitude da ciclagem, os modelos de tempo
de vida útil podem ser aplicados diretamente sem algoritmos de contagem de
ciclo (Ma et al.; 2015).
A amplitude da ciclagem da temperatura de junção ∆Tj , causada pela
corrente de carga no conversor, pode ser resolvida analiticamente através da
equação:

3 1
∆Tj = Pperdas .Zth .( ) + 2Pperdas .Zth .( ) (4.1)
8fo 4fo
onde Pperdas é a perda no dispositivo de potência, que pode ser extraı́da da
figura 4.5; Zth a impedância térmica que pode ser encontrada no datasheet;
fo a frequência fundamental do conversor (60Hz), que também é a frequência
da ciclagem térmica de curto perı́odo.

4.1.3 Estimação de vida útil dos módulos de potência


Uma vez caracterizada as ciclagens de longo, médio e curto perı́odo, é
possı́vel utilizar o modelo de Bayerer (seção 3.5.2) e estimar o número de ci-
clos até a falha dos módulos de potência.Com a regra de Palmgren-Miner, é
possı́vel estimar o consumo de vida útil dos módulos em um ano de operação
da usina fotovoltáica. Foi verificado que para esta aplicação as ciclagens de
médio e longo perı́odo são bem mais significativas, o que possibilita descon-
siderar a ciclagem de curto perı́odo. A tabela 4.2 exibe a análise realizada
considerando os módulos de potência com diferentes capacidades de condu-
ção de corrente. Além disso, a tabela também traz uma comparação de preço
entre as topologias considerando os diferentes módulos de potência. Nesta
pesquisa foram considerados módulos de potência, gate drivers e dissipadores.
4.2. ESTUDO DE CASO 2: SISTEMAS DE METRÔ 62

Tabela 4.2: Comparação entre inversores com diferentes módulos de potência.


Topologia Vida Útil (Anos) Custo (pu)
2 nı́veis (200A) 2.52 1.00
2 nı́veis (400A) 17.41 1.09
2 nı́veis (2x400A) 54.09 2.18

4.2 Estudo de Caso 2: Sistemas de Metrô


Aplicações de tração e de veı́culo elétrico são crı́ticas em segurança e
sensı́veis em custo. Apesar do nı́vel tecnológico alcançado, os módulos de
potência IGBT utilizados em tração ainda são considerados como um elo
fraco. Nestas aplicações, fatores como vibração e temperatura aceleram os
mecanismos de falha dos dispositivos de potência (Rajashekara; 2013). A
figura 4.13, é a visão geral do sistema de tração para metrô da fabricante
ABB , onde o inversor e motor de tração são representados pelos números 2
e 5 respectivamente.

Figura 4.13: Visão geral do sistema de tração para metrô da ABB .


ABB (2012)

A ciclagem térmica em aplicações ferroviárias tem sido extensivamente


estudada pelos programas LESIT (1994-1996) e RASPSDRA (1996-1998).
Estas pesquisas levaram a uma definição de métodos de predição de ciclagem
de potência e de vida útil. O ponto inicial da predição do tempo de vida
é determinar o ciclo da carga ou o perfil de missão do trem durante toda
sua vida. Para trens com um ciclo de carga conhecida, como sistemas de
metrô, uma possı́vel aproximação é considerar o ciclo de carga total em uma
dada linha de serviço, assumindo condições de máxima carga (Guyennet and
4.2. ESTUDO DE CASO 2: SISTEMAS DE METRÔ 63

Piton; 2010). Desta maneira, neste estudo é adotado um perfil de missão


real e cada padrão de ciclo tem a duração de 151 segundos sendo definido
por seis fases distintas: uma fase de aceleração de 41 segundos, uma fase de
cruzeiro de 37 segundos na velocidade de 60km/h, uma fase de frenagem de
10 segundos, outra fase cruzeiro de 11 segundos na velocidade de 40km/h,
uma outra fase de frenagem de 22 segundos e a fase de pausa de 30 segundos
(Musallan et al.; 2015). O perfil de carga do metrô em estudo é representado
pelos valores rms da corrente de fase, conforme ilustrado na figura 4.14.

Figura 4.14: Perfil de corrente do metrô (rms).


Musallan et al. (2015)

Como o sistema de metrô é comumente projetado em baixa tensão e po-


tência para o estudo de caso, é utilizado o modelo equivalente de um motor
de indução trifásico de baixa tensão, seus parâmetros são exibidos na tabela
4.3. Da mesma maneira, o estudo é realizado considerando conversores de 2
nı́veis, tipicamente aplicados em sistemas de baixa tensão. O sobredimensi-
onamento dos módulos de potência também é considerado e as figuras 4.15,
4.16 e 4.17 exibem as temperaturas nas junções dos IGBTs dos inversores
de 2 nı́veis, utilizando os módulos FFR150R17KE4 (150A), FFR300R17KE4
(300A) e FFR600R17KE4 (600A) acoplados em dissipadores P16 da fabri-
cante Semikron, refrigerados a ar.
4.2. ESTUDO DE CASO 2: SISTEMAS DE METRÔ 64

Tabela 4.3: Parâmetros do motor de indução utilizado.


Parâmetro Unidade
Potência Nominal 150kW
Tensão Nominal 690V
Corrente Nominal 160A
Frequência Nominal 60Hz
Rs 0.0419Ω
Ls 0.0015H
Lm 0.1096H
Lr 0.0028H
Rr 0.0030Ω

Figura 4.15: Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 150A.

À partir dos perfis de temperatura, é aplicado o algoritmo de contagem


de ciclos para extrair os dados de temperatura média (T jm ) e sua variação
(∆T j) de cada ciclo, conforme exibido na tabela 4.4. Neste tipo de aplica-
ção, a ciclagem térmica de termo médio causada pela variação de potência
é tão expressiva que a ciclagem térmica de termo curto também pode ser
desprezada.
Uma vez identificados os parâmetros de ciclagem, é possı́vel utilizar o
modelo de Bayerer (seção 3.5.2) e estimar o número de ciclos até a falha dos
4.2. ESTUDO DE CASO 2: SISTEMAS DE METRÔ 65

Figura 4.16: Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 300A.

Figura 4.17: Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 600A.

módulos de potência. Com a regra de Palmgren-Miner, é possı́vel estimar o


consumo de vida útil em um um ano de operação do metrô. A tabela 4.8 exibe
a análise realizada para cada topologia considerando os módulos de potência
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 66

Tabela 4.4: Temperatura média e sua variação, para ciclagem de médio termo
nos inversores de dois nı́veis.
∆T j 74.3◦ 30.7◦ 28.54◦
150A Tjm 79.05◦ 76.42◦ 73.42◦
Duração 54.2s 19.45s 20.13s
∆T j 54.28 22.17 20.59
300A Tjm 70.71◦ 69.18◦ 67.12◦
Duração 54.2s 19.45s 20.13s
∆T j 4.37◦ 3.38◦ 13.12◦
600A Tjm 4.37◦ 3.38◦ 13.12◦
Duração 54.2s 19.45s 20.13s

com diferentes capacidades de condução de corrente. Além disso a tabela


também traz uma comparação de preço entre as topologias considerando os
diferentes módulos de potência. Nesta pesquisa foram considerados módulos
de potência, gate drivers e dissipadores.

Tabela 4.5: Comparação entre inversores com diferentes módulos de potência.


Topologia Vida Útil (Anos) Custo (pu)
2 nı́veis (150A) 0.92 1
2 nı́veis (300A) 4.81 1.09
2 nı́veis (600A) 5727 1.14

4.3 Estudo de Caso 3: Guindaste de Minério


O minério de ouro pode ser encontrado em minas superficiais e profundas.
Na extração do mineral em profundidade, o processo de mineração é realizado
através de vários nı́veis, onde o mineral é perfurado e transportado para o
seu primeiro estágio de trituração. Em seguida ele é transportado para a
superfı́cie, onde de acordo com as caracterı́sticas do corpo do minério, existem
diretrizes que indicam o método adequado de transporte. Em jazidas de ouro
com mais de 500 metros de profundidade indica-se o uso de um guindaste
de minério tracionado por um motor elétrico, como o método preferido de
transporte (Vergne; 2003).
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 67

Em acionamento de guindastes, o uso de máquinas c.c. em conjunto com


o uso do sistema Ward Leonard predominou por um longo tempo, devido a
sua superioridade em controle e custo (Wilkinson; 1961). Entretanto, desde
meados dos anos setenta, o uso de tiristores baseados na solução de Leonard
começou a prevalecer. Desta maneira, o acionamento do guindaste de minério
em estudo, que foi construı́do no fim da década de oitenta, foi concebido
com um motor c.c. de baixa tensão totalmente controlado. Naquela época,
sistemas em corrente alternada não eram a melhor escolha devido aos altos
custos de operação e baixa precisão de controle (Ünal; 2011). Porém, o
desenvolvimento fez com que este sistema se tornasse mais confiável, robusto
e de menor custo.
Seguindo as melhorias nessa linha de aplicação, conversores em média
tensão ganharam mais e mais importância devido à sua alta densidade de
potência, excelente eficiência e alta confiabilidade. Desta maneira, os sis-
temas de acionamento de frequência variável em média tensão em corrente
alternada passaram a oferecer vantagens significantes em uma gama de apli-
cações industriais como ventiladores, turbinas e muitos outros sistemas de
controle de processos com alta eficiência e necessidade de economia de ener-
gia (Krug et al.; 2003).
Nesta seção é realizado um estudo de vida útil dos módulos de potência
em conversores de média tensão aplicados em um sistema real de guindaste
de minério.

4.3.1 Descrição do sistema.


O sistema de elevação do guindaste avaliado adota o formato exibido na
figura 4.18, é composto por dois skips que trafegam de forma alternada em
um poço de profundidade aproximada a 900 metros.
O guindaste de minério foi instalado e designado a operar em uma ve-
locidade de 10m/s e uma carga útil de 4,7 toneladas. O sistema elétrico,
por sua vez, era composto de um motor de corrente contı́nua de 1000kW
e um conversor tiristorizado. No inı́cio dos anos 2000, um novo sistema de
acionamento foi designado para atender às novas necessidades de operação,
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 68

Polia Principal

Cabo de Içamento
Cabo de Abaixamento
Torre

Acionamento
"Boca de Poço"
Tambor do
Guincho
Poço Skip

Figura 4.18: Sistema tı́pico de elevação do guindaste.

velocidade de 12m/s e uma carga útil de 7,2 toneladas. Desta maneira, o


sistema elétrico, que permaneceu em corrente contı́nua, foi redimensionado
para 1400kW. A figura 4.19 exibe uma foto do layout elétrico do sistema de
guindaste instalado atualmente.
Diferentemente do sistema original, onde os dispositivos eletrônicos de
potência foram especificados para a aplicação, esta atualização foi feita uti-
lizando produtos de prateleira. Por conseguinte, além das manutenções pre-
ventivas periódicas, um grande número de ocorrência de falhas e necessidade
de manutenção corretiva levaram a disponibilidade do sistema elétrico do
guindaste para aproximadamente 75%.

4.3.2 Estudo de vida útil dos módulos de potência.


O ciclo de carga medido no sistema após a atualização do hardware é exi-
bido em verde na figura 4.20. Além do perfil de corrente, a figura ainda exibe
variáveis importantes medidas pelo sistema de automação. Ele demonstra o
comando e a velocidade medida, a posição do skip e a pressão do sistema
hidráulico. O skip é acelerado através do eixo e o ciclo finaliza quando ele é
descarregado, totalizando 120 segundos.
O ciclo de carga fixo do sistema de guidaste possibilita que o estudo
seja feito conforme realizado em aplicações de sistemas de metrô, assumindo
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 69

r CC - Novo
onverso
Painel C

Novo
PLC -
Painel Origin
al
namento -
Acio
ole e
Contr
is de
Painé

M
ot
or
CC

xa
Cai dutora
Re
cho
Guin

Figura 4.19: Layout elétrico do sistema de guindaste de minério instalado.

máxima condições de carga. Desta maneira, para verificar o tempo de vida


nos módulos de potência, é utilizado o perfil de corrente do sistema exibido
na figura 4.20. Devido aos nı́veis de potência, propõe-se que uma possı́vel
atualização do sistema seja concebida em média tensão. Desta maneira, para
realizar o estudo, a amplitude da corrente é recalculada e então exibida na
figura 4.21.
Para a análise de vida útil, é utilizada toda a metodologia descrita na
seção 3.6. É considerado um modelo equivalente de um motor de indução
de média tensão da fabricante WEG, seus parâmetros são exibidos na tabela
4.6.
Para comparação, são selecionados conversores tipicamente aplicados em
sistemas de média tensão, NPC, ANPC e FT-ANPC com gerenciamento de
degradação térmica. Devido às caracterı́sticas da aplicação, são escolhidos
módulos de tração em alta potência da fabricante ABB para o estudo. O
sobredimensionamento dos módulos de potência também é considerado e as
figuras 4.22 e 4.23 exibem as temperaturas nas junções dos IGBTs dos con-
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 70

[A] [m s] [m s] [m] [bar]


4000 12,5 12,5 1000 250
Corrente CC
3280 10,3 10,3 Referência
Velocidade
2560 8,0 8,0 820 Velocidade
Guincho
1800 5,6 5,6 Nível Poço
Pressão
1080 3,4 3,4 635

360 1,1 1,1


0 0 0
455

275

90

0 0

Figura 4.20: Variáveis medidas do ciclo de carga.

Tabela 4.6: Parâmetros do motor de indução utilizado.


Parâmetro Unidade
Potência Nominal 1400kW
Tensão Nominal 4160V
Corrente Nominal 235A
Frequência Nominal 60Hz
Frequência de Chaveamento 1200Hz
Rs 0.1862Ω
Ls 0.0011H
Lm 0.1015H
Lr 0.0004H
Rr 0.0621Ω
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 71

Figura 4.21: Perfil de corrente do guindaste (rms).

versores operando em modo NPC e ANPC, utilizando os módulos 5SNA


0500J650300(500A) e 5SNA 0750G650300 (750A) acoplados em dissipadores
P16, refrigerados a a ar.

Figura 4.22: Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 500A (a)Modo


NPC (b) Modo ANPC

À partir dos perfis de temperatura, é aplicado o algoritmo de contagem


de ciclos para extrair os dados de temperatura média (T jm ) e sua variação
(∆T j ) de cada ciclo, conforme exibido na tabela 4.7. Neste tipo de aplicação,
a ciclagem térmica de termo médio causada pela variação de potência é tão
4.3. ESTUDO DE CASO 3: GUINDASTE DE MINÉRIO 72

Figura 4.23: Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 750A (a)Modo


NPC (b) Modo ANPC

expressiva que a ciclagem térmica de termo curto causada pela componente


de 60Hz pode ser desprezada.

Tabela 4.7: Temperatura média e sua variação, para ciclagem de médio


termo.
∆T j 71.05◦ 21.78◦ 7.54◦ 8.21◦ 10.60◦ 14.63◦
NPC
Tjm 104.7◦ 95.8◦ 97.16◦ 75.70◦ 49.56◦ 48.44◦
Duração 32s 12s 15s 13s 3s 5s
500A
∆T j 44.7◦ 12.88◦ 8.30◦ 6.03◦ 5.37◦ 5.10◦
ANPC Tjm 81.26◦ 75.95◦ 76.92◦ 62.47◦ 48.59◦ 46.42◦
Duração 32s 12s 15s 13s 3s 5s
∆T j 55.11◦ 16.39◦ 10.28◦ 7.72◦ 5.17◦ 4.53◦
NPC
Tjm 90.33◦ 83.26◦ 84.14◦ 67.66◦ 48.06◦ 45.79◦
Duração 32s 12s 15s 13s 3s 5s
750A
∆T j 35.07◦ 9.75◦ 5.70◦ 4.35◦ 3.47◦ 3.08◦
ANPC Tjm 72.39◦ 68.14◦ 68.69◦ 57.62◦ 43.9◦ 45.48◦
Duração 32s 12s 15s 13s 3s 5s

Uma vez identificados os parâmetros, é possı́vel utilizar o modelo para


módulos de tração em alta potência (seção 3.5.2) e estimar o número de
ciclos, onde 10% dos módulos falham em cada junção crı́tica do módulo IGBT:
pastilha e substrato (P-S); substrato e placa base(S-PB); fios de ligação (FL).
Com a regra de Palmgren-Miner, é possı́vel estimar o consumo de vida útil
em um um ano de operação do guindaste. Para realizar esta análise, foi
4.4. ESTUDO DE CASO 4: TURBINA EÓLICA OFFSHORE 5MW 73

utilizado uma média anual do tempo de operação do guindaste em estudo,


144490 ciclos. Para esta média foram utilizados dados extraı́dos entre os
anos 2012 e 2015. A tabela 4.8 exibe a análise realizada para cada topologia,
considerando os módulos de potência com diferentes capacidades de condução
de corrente. Além disso, a tabela também traz uma comparação de preço
entre as topologias, considerando os diferentes módulos de potência. Nesta
pesquisa foram considerados módulos de potência, gate drivers, dissipadores
e chaves comutadoras

Tabela 4.8: Tempo de vida útil em anos nas junções crı́ticas dos módulos, e
comparação de custo
Topologia P-S S-PB FL Custo (pu)
NPC (500A) 107.92 0.55 5.92 1
ANPC (500A) 1144 10.82 1105 1.18
ANPC-TF (500A) 2037 19.27 1968 1.64
NPC (750A) 679.74 1.84 48.46 1.26
ANPC (750A) 1272 1153 1281 1.44
ANPC-TF (750A) 2264 2053 2281 2.03

4.4 Estudo de Caso 4: Turbina Eólica Offshore


5MW
A União Europeia comprometeu-se que até 2020, 20% de sua fonte ener-
gética será provida por fontes renováveis (EUCEP; 2012). Como o candidato
mais promissor, a produção de energia eólica integrada na rede elétrica está
crescendo em todo o mundo. Enquanto isso, a capacidade de potência de
uma única turbina está aumentando continuamente para se reduzir o preço
da produção por kWh, e turbinas eólicas offshore de até 7MW já foram apre-
sentadas no mercado. Consequentemente, devido aos consideráveis impactos
na rede elétrica e alto custo de manutenção após uma falha, os sistemas de
geração eólica se tornam crı́ticos em confiabilidade e disponibilidade, (Chen
et al.; 2009). Dispositivos eletrônicos de alta potência tem o preço elevado
e estão susceptı́veis a maiores nı́veis de estresse. Por conseguinte, a relação
4.4. ESTUDO DE CASO 4: TURBINA EÓLICA OFFSHORE 5MW 74

de confiabilidade e custo são bastante crı́ticas quando se está selecionando


dispositivos semicondutores de potência para os mais modernos conversores
de energia eólica (Ma and Blaabjerg; 2012). Em sistemas eólicos Offshore,
como o da figura 4.24 a manutenção é ainda mais crı́tica e confiabilidade
passa a ser um fator ainda mais importante durante o dimensionamento dos
dispositivos de potência do sistema.

Figura 4.24: Sistema de geração de energia eólica Offshore.

4.4.1 Descrição do Sistema


Para o estudo de caso, é escolhido um sistema de geração de energia eólica
offshore de 5MW utilizando gerador sı́ncrono à imãs permanentes. Neste
caso é tomado como análise o inversor que controla o gerador sı́ncrono, seus
parâmetros são exibidos na tabela 4.9. Já a turbina escolhida foi a G128-
5.0MW da fabricante Gamesa. A curva que relaciona velocidade do vento
com potência gerada, extraı́da do datasheet, está exibida na figura 4.25
4.4. ESTUDO DE CASO 4: TURBINA EÓLICA OFFSHORE 5MW 75

Tabela 4.9: Parâmetros do gerador à imãs permanentes.


Parâmetro Unidade
Potência Nominal 5M W
Tensão Nominal 4160V
Rs 0.08Ω
Lsl 5.02mH
Lsm 3.35mH

Figura 4.25: Relação entre velocidade do vento e potência gerada da turbina


G128-5.0MW.

4.4.2 Análise de vida útil dos módulos de potência.


Na análise de vida útil dos módulos de potência para esta aplicação, foi
realizado um estudo simplificado, considerando apenas a ciclagem de longo
perı́odo. Utilizou-se um perfil de vento medido ao longo do ano de 2015
na cidade de Recife-PE. Através de uma tabela lookup da curva exibida na
figura 4.25, pôde-se então extrair o perfil de potência gerado durante o ano.
As figuras 4.26 e 4.27, exibem o perfil de vento e de potência, respectivamente.
Uma vez obtido o perfil de potência, o sistema foi modelado no PLECS
e utilizando o conversor FT-ANPC funcionando nos modos NPC e ANPC
com módulos de potência 5SNA 0750G650300 (750A) da fabricante ABB.
Com isto, é possı́vel extrair as tabelas lookup que correlacionam as perdas
com a potência gerada e temperatura na junção dos IGBTs. As figuras 4.28
(a) e 4.28 (b), exibem as tabelas lookup dos IGBTs externos (Q1x,Q4x), nos
4.4. ESTUDO DE CASO 4: TURBINA EÓLICA OFFSHORE 5MW 76

Figura 4.26: Perfil de vento na cidade de Recife-PE durante o ano de 2015.

Figura 4.27: Perfil de potência gerado pela turbina durante o ano de 2015.

modos NPC e ANPC respectivamente.


Utilizando a ferramenta Matlab-Simulink é realizada a modelagem eletro-
térmica do módulo de potência (sessão 3.6.3). Com as tabelas lookup de
perdas e o perfil de potência anual, é possı́vel estimar a temperatura de
junção e case nas chaves durante todo o ano de 2015. A figura 4.29 (a) e 4.29
4.4. ESTUDO DE CASO 4: TURBINA EÓLICA OFFSHORE 5MW 77

Figura 4.28: Tabela lookup de três dimensões para as perdas nos IGBTs
externos.(a)NPC (b)ANPC

(b) exibem as temperaturas de junção nas chaves do conversor, funcionando


no modo NPC e ANPC, respectivamente.

Figura 4.29: Temperatura de junção dos IGBTS, módulos de 750A (a)Modo


NPC (b) Modo ANPC

Uma vez identificados os perfis de temperatura durante o ano, é possı́vel


utilizar o algoritmo de contagem de ciclos rainflow modificado descrito na
seção 3.6.4 para identificar a temperatura média, flutuação de temperatura
e duração de cada ciclo térmico. As figuras 4.30(a) e 4.30(b) exibem um
gráfico tridimensional que relaciona a quantidade de ciclos e seus respectivos
4.4. ESTUDO DE CASO 4: TURBINA EÓLICA OFFSHORE 5MW 78

valores médios e de flutuação das temperaturas de junção de cada IGBT no


conversor, trabalhando no modo NPC e ANPC, respectivamente.

Figura 4.30: Caracterização dos ciclos térmicos nos IGBTs. (a) Modo NPC
(b) Modo ANPC

Uma vez identificados os ciclos térmicos, é possı́vel utilizar o modelo para


módulos de tração em alta potência (seção 3.5.2) e estimar o número de
ciclos onde 10% dos módulos falham em cada junção crı́tica do módulo IGBT:
pastilha e substrato (P-S); substrato e placa base(S-PB); fios de ligação (FL).
Com a regra de Palmgren-Miner, é possı́vel estimar o consumo de vida útil
em cada junção, durante um ano de operação do sistema. A tabela 4.10
exibe a análise realizada para cada topologia considerando os módulos de
potência 5SNA 0750G650300 (750A). Além disso a tabela também traz uma
comparação de preço entre as topologias considerando os diferentes módulos
de potência. Nesta pesquisa foram considerados módulos de potência, gate
drivers, dissipadores e chaves comutadoras.
Na figura 4.29 (a) é possı́vel observar que no modo NPC os IGBTs es-
tão trabalhando em uma temperatura acima de 125◦ , o que compromete a
confiabilidade dos módulos. Com isto, nesta aplicação, o tempo de vida
útil do conversor FT-ANPC não foi calculado utilizando o gerenciamento de
degradação térmica. Entretanto, ainda é possı́vel fazer a intercalação de con-
figuração apenas no modo ANPC, e ainda assim aumentar consideravelmente
4.5. ANÁLISE DE CONFIABILIDADE REFERENTE ÀS TOPOLOGIAS E APLICAÇÕES
ESTUDADAS 79

Tabela 4.10: Tempo de vida útil em anos nas junções crı́ticas dos módulos,
e comparação de custo
Topologia P-S S-PB FL Custo (pu)
NPC (750A) 153 27.17 1750 1
ANPC (750A) 223 38.52 3638 1.19
FT-ANPC (750A) 412 71.26 7501 1.69

a vida útil.
Uma análise mais detalhada, considerando ciclagem de médio e curto
termo pode modificar o tempo de vida da junção pastilha-substrato e dei-
xar próximo do tempo de vida da junção substrato-placa base, conforme
observado em Ma et al. (2015). Entretanto, estas análises não alterariam as
conclusões obtidas neste trabalho através deste estudo de caso.

4.5 Análise de confiabilidade referente às to-


pologias e aplicações estudadas
A curva da banheira representada na figura 4.31 divide a operação de um
dispositivo ou sistema em três perı́odos distintos: mortalidade infantil, vida
útil e desgaste. Nos estudos realizados, foram propostas metodologias para
estender o perı́odo de vida útil dos módulos de potência com o objetivo de
evitar que eles chegassem a trabalhar na faixa de desgaste da curva.

Figura 4.31: Curva da banheira


Wang et al. (2012)
4.5. ANÁLISE DE CONFIABILIDADE REFERENTE ÀS TOPOLOGIAS E APLICAÇÕES
ESTUDADAS 80

No primeiro e segundo caso, realizando uma análise para inversores de dois


nı́veis em baixa tensão e potência, pôde-se concluir que o sobredimensiona-
mento dos módulos, ou seja, a utilização de módulos com maior capacidade
de corrente, pode estender consideravelmente a vida útil dos conversores,
interferindo pouco no seu custo final. Foi possı́vel observar também a impor-
tância do dimensionamento dos dispositivos através de um estudo detalhado
de tempo de vida útil. Em casos onde a temperatura ambiente e a ciclagem
térmica é crı́tica, a não consideração destes fatores pode fazer com que o
conversor não ultrapasse dois anos de vida útil.
No terceiro e quarto caso foram realizadas análises em inversores de três
nı́veis, em média tensão e alta potência. Nestes casos, o sobredimensiona-
mento se torna mais crı́tico pela necessidade de utilizar módulos de potên-
cia que trabalham na borda da tecnologia. Em guindaste de minério, con-
forme demonstrado na tabela 4.8, um conversor NPC com módulos 5SNA
0750G650300, tem um tempo de vida estimado de aproximadamente 2 anos.
Já em sistemas eólicos de 5MW, na figura 4.29 (a) é possı́vel observar que
no modo NPC os IGBTs estão trabalhando em uma temperatura acima de
125◦ . Hoje, não existe no mercado módulos com maior densidade de potên-
cia que o 5SNA 0750G650300 (750A). Uma solução muito utilizada em alta
potência é o encapsulamento press − pack que melhora a conexão das pasti-
lhas por contato direto, aumentando a confiabilidade, densidade de potência
e capacidade de refrigeração. Entretanto, a grande maioria de fabricantes de
conversores em todo o mundo preferem não optar pela utilização desta tecno-
logia, muito pela dificuldade na montagem e manutenção que estes dispositi-
vos exigem. Outra possibilidade, seria utilizar paralelismo entre os módulos
comprometendo o preço e confiabilidade do sistema. Uma solução mais viável
é a utilização de conversores NPC com grampeamento ativo (ANPC), que
equilibra as perdas nos semicondutores, diminui a temperatura nas junções
e aumenta consideravelmente a estimativa de vida útil do conversor. Já a
utilização do conversor FT-ANPC pode aumentar mais ainda a vida útil do
conversor através da sua capacidade de reconfiguração, o que pode ser muito
valioso na aplicação eólica offshore de 5MW.
Solucionado o problema de falhas por desgaste nos módulos do conversor,
4.5. ANÁLISE DE CONFIABILIDADE REFERENTE ÀS TOPOLOGIAS E APLICAÇÕES
ESTUDADAS 81

passa-se a considerar possibilidades que possam também sobrepor eventos


de falha por mortalidade infantil ou alguma aleatoriedade. Nestes casos, a
utilização do conversor NPC ativo tolerante a falhas (2.6), aliado à técnicas
de prognóstico de falhas, (3.4) pode ser uma solução. No primeiro caso,
em aplicações de energia solar de baixa tensão e potência, a utilização de
conversores reservas pode ser uma solução. Uma pausa de algumas horas
para manutenção não traria prejuı́zos consideráveis e a diferença de preço
de um inversor 3-nı́veis FT-ANPC pode atingir até 450% o valor de um
inversor de 2-nı́veis comum. Já em sistemas de metrô, considerando que
uma pausa inesperada pode comprometer o tráfego e segurança de pessoas,
um investimento maior em confiabilidade é extremamente justificável. Desta
maneira, a topologia FT-ANPC passa a ser uma possibilidade nesta linha de
aplicação.
Em média tensão, onde inversores 3-nı́veis já são utilizados, o inversor
FT-ANPC torna-se ainda mais atrativo. Em se tratando de mineração de
ouro, disponibilidade é diretamente relacionada com altos lucros. Uma pausa
de horas pode ser mais prejudicial que um investimento em confiabilidade du-
rante a escolha de um conversor de potência. A partir da tabela 4.8, as únicas
escolhas que eliminam as possibilidades de falha por degradação nos sistemas
de guindaste, são as topologias ANPC (750A) e FT-ANPC(750A). Em sis-
temas eólicos offshore de alta potência, a manutenção se torna muito crı́tica
pela dificuldade de acesso ao sistema. Um tempo maior de manutenção gera
também uma perda financeira considerável devido à alta capacidade de gera-
ção energética destes sistemas. Como o uso de conversores NPC compromete
diretamente a confiabilidade por trabalhar com temperatura acima do limite
recomendado, a melhor solução seria utilizar conversores ANPC (750A). Com
um investimento de 40% do preço, é possı́vel utilizar o conversor FT-ANPC
(750A) em ambas aplicações e usufruir de seus ganhos de confiabilidade, evi-
tando pausas de manutenção por falhas aleatórias e defeitos de fabricação
dos módulos. Se um tempo de vida útil dos módulos de aproximadamente 20
anos é suficiente, no guindaste de minério, um investimento de apenas 13%
do valor compra os mesmos ganhos em confiabilidade através do investimento
em um conversor FT-ANPC (500A).
4.6. CONCLUSÕES 82

4.6 Conclusões
Nesta seção foram estudadas aplicações de alta confiabilidade com perfis
crı́ticos de ciclagem térmica. Os estudos 1 (4.1) e 3 (4.3) foram realizados à
partir de dados extraı́dos de plantas reais, o que dá mais credibilidade aos
resultados.
Foi demonstrado que a escolha da topologia e o dimensionamento dos
dispositivos baseado em um estudo detalhado de degradação dos módulos
pode prolongar o tempo de vida do conversor e garantir continuidade de
serviço.
Finalmente, foi realizada uma discussão geral de confiabilidade em torno
das topologias abordadas dentro das aplicações em estudo. O conversor FT-
ANPC, combinado com técnicas de prognóstico de falhas, pode ser uma boa
opção em sistemas de metrô e em guindastes de minério, devido a sua habi-
lidade de previnir falhas catastróficas e garantir continuidade de serviço.
Capı́tulo 5

Resultados Experimentais

Este capı́tulo traz os resultados experimentais obtidos em laboratório.

83
Conteúdo

5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.2 Detalhes do Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.3 Caracterı́sticas térmicas dos conversores NPC e ANPC . . . . 86
5.4 Capacidade de reconfiguração flexı́vel e reversı́vel do conversor
FT-ANPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

5.1 Introdução
Neste capı́tulo, são exibidos resultados experimentais referentes às carac-
terı́sticas elétricas e térmicas de módulos IGBT em conversores de 3 nı́veis.
Diferenças de distribuição de temperatura entre as topologias NPC e ANPC,
bem como a capacidade de reconfiguração flexı́vel e reversı́vel do conversor
FT-ANPC, são comprovadas através de imagens termográficas extraı́das de
dentro dos módulos de potência. Para obter os resultados, foi montado um
protótipo de uma fase de um conversor FT-ANPC em baixa tensão com os
módulos de potência abertos de fácil visualização.

5.2 Detalhes do Protótipo


A figura 5.1 (a) exibe uma fotografia do protótipo experimental. Uma
fase do conversor FT-ANPC (figura 5.1 (b)) em baixa tensão foi construı́da
para a obtenção dos resultados experimentais. Durante o desenvolvimento
da placa de circuito impresso foi necessária a realização de um corte para

84
5.2. DETALHES DO PROTÓTIPO 85

deixar os dois módulos de potência M1 e M2 expostos. Como gate driver,


foi utilizada a solução desenvolvida pelo Grupo de Estudos em Eletrônica de
Potência da Universidade Federal de Minas Gerais. A chave comutadora Sx
foi construı́da à partir de dois relés de duas posições. Para o barramento
de corrente contı́nua, foram utilizados quatro capacitores. Como plataforma
de controle foi utilizada a placa IGBT Control da empresa PWP Lab Siste-
mas Eletrônicos. Os principais componentes utilizados estão relacionados na
tabela 5.1.

Figura 5.1: (a)Foto do protótipo desenvolvido (b)Esquemático de uma fase


do conversor FT-ANPC.

Tabela 5.1: Principais componentes utilizados no protótipo e placa de con-


trole
Componente Modelo Fabricante Caracterı́stica
Módulos de Potência SK50MLI066 Semikron 600V/50A
Capacitores B32669 Epcos 400V/650µF
Chave Comutadora JTN1S Panasonic 15V/20A
DSP F28335 Texas 32 bits
CPLD EPM570T100C3N Altera 570 Células

A fase do conversor FT-ANPC foi construı́da utilizando dois módulos


NPC SK50MLI066. A figura 5.2 (a) exibe a imagem e o esquemático do mó-
dulo. Foram utilizados apenas os pares IGBT/Diodo, os diodos de grampo
não foram conectados no protótipo. Devido à necessidade de fazer imagens
5.3. CARACTERÍSTICAS TÉRMICAS DOS CONVERSORES NPC E ANPC 86

termográficas nas pastilhas dos módulos, existiu a necessidade de retirar sua


capa de epoxy e camada de silicone. A camada de silicone se mostrou bas-
tante resistente e só foi removida através de uma solução à base de TBAF
(tetrabutyammonium fluoride) e PMA (propylene glycol methyl ether ace-
tate). Todo o procedimento foi realizado baseado em SACHDEV (2006) e é
descrito no apêndice A. A foto dos módulos de potência após o procedimento
é exibida na figura 5.2 (b). Uma outra necessidade, foi a pintura dos módulos
na cor preta, para homogeneizar e conhecer a emissividade dentro de toda a
região da placa de base. Para isto foi utilizada tinta preta em spray de uso
geral. A retirada da capa de epoxy comprometeu a estrutura mecânica do
módulo e um acoplamento térmico com o dissipador só foi alcançado através
de uma camada espessa da pasta térmica de prata Arctic Silver.

Figura 5.2: (a) Esquemático e imagem do módulo de potência SK50MLI066


(b) Foto dos módulos de potência abertos com camada de silicone retirada.

5.3 Caracterı́sticas térmicas dos conversores


NPC e ANPC
A principal desvantagem da estrutura NPC é a desigualdade na distri-
buição de perdas entre os seus dispositivos de potência. Adicionando chaves
ativas ao grampo da estrutura original (figura 2.2), é possı́vel gerar novos
padrões de comutação e equilibrar as perdas e temperatura de junção en-
tre as chaves do braço do conversor (Bruckner et al.; 2004). O conversor
5.3. CARACTERÍSTICAS TÉRMICAS DOS CONVERSORES NPC E ANPC 87

FT-ANPC é capaz de trabalhar nas duas estruturas, apenas alterando o co-


mando de gate entre as chaves. As figuras 5.3 (a) e 5.3 (b) representam a
estrutura do conversor FT-ANPC trabalhando como NPC e ANPC, respec-
tivamente. Já as figuras 5.4 (a) e 5.4 (b) exibem as tensões e correntes de
fase do conversor, funcionando em ambas estruturas.

Figura 5.3: Modos de funcionamento do conversor FT-ANPC. (a)NPC


(b)ANPC

Figura 5.4: Tensão e corrente de fase na saı́da do conversor. (a)Modo NPC


(b) Modo ANPC

Para verificar a diferença de perdas nas chaves entre as duas estruturas, foi
realizada uma análise termográfica utilizando a câmera SC660 da fabricante
Flir. Detalhes do teste são exibidos na tabela 5.2.
5.3. CARACTERÍSTICAS TÉRMICAS DOS CONVERSORES NPC E ANPC 88

Tabela 5.2: Detalhes do teste.


Parâmetro Unidade
Tensão Barramento 100V
Corrente Nominal 3.5Arms
Frequência Nominal 60Hz
Frequência de Chaveamento 15kHz
Índice de Modulação 0.57
Carga 8Ω,2mH

As figuras 5.5 (a) e (b), exibem as imagens termográficas do módulo


M1 nos dois modos de funcionamento. Conforme observado na primeira
imagem, as temperaturas das chaves externas (Q1x e Q2x) estão 6 graus
acima da temperatura nas chaves internas (Q2x e Q3x). Já na segunda
imagem a diferença nas temperatura é de 4.8 graus. A temperatura máxima
também é alterada pela distribuição das perdas, o ponto mais quente do
modo ANPC é 4.2 graus mais baixo que o ponto mais quente do modo NPC.
Estes valores podem se tornar mais expressivos implementando o controle em
malha fechada de equilı́brio de perdas do conversor ANPC.

Figura 5.5: Temperatura dos IGBTs do módulo de potência M1. (a)Modo


NPC (b) Modo ANPC
5.4. CAPACIDADE DE RECONFIGURAÇÃO FLEXÍVEL E REVERSÍVEL DO CONVERSOR
FT-ANPC 89

5.4 Capacidade de reconfiguração flexı́vel e


reversı́vel do conversor FT-ANPC
A capacidade de reconfiguração flexı́vel e reversı́vel do conversor FT-
ANPC também é demonstrada experimentalmente, na a figura 5.6 é repre-
sentado um ramo da árvore de falhas do conversor..

Figura 5.6: Diagrama de um ramo da árvore de falhas.

O primeiro estado de funcionamento do conversor (E1) é o modo NPC re-


presentado pelas figuras 5.3 (a) e 5.5 (a). Considerando uma situação de falha
simultânea nas chaves externas (Q1x e Q4x), o conversor foi reconfigurado
online. Apenas por alteração de comando de gate, as chaves Q5Tx e Q6Bx
passaram a atuar. As figuras 5.7 e 5.8 representam o conversor funcionando
agora no estado E3.

Figura 5.7: Conversor FT-ANPC reconfigurado online, considerando situação


de falha nas chaves externas.

Partindo do estado E3, agora foi considerada uma situação de falha si-
multânea nas chaves internas (Q2x e Q3x). Desta vez, os comandos de gate
5.4. CAPACIDADE DE RECONFIGURAÇÃO FLEXÍVEL E REVERSÍVEL DO CONVERSOR
FT-ANPC 90

Figura 5.8: Temperatura dos IGBTs, conversor no modo NPC, considerando


uma situação de falha nas chaves externas. (a)Módulo M1 (b) Módulo M2

foram bloqueados por um instante, a chave Sx foi comutada e as chaves


Q5Bx e Q6Tx passaram a atuar. O conversor funcionando no estado E5 é
demonstrado através das figuras 5.9 e 5.10.

Figura 5.9: Conversor FT-ANPC reconfigurado offline, considerando uma


situação de falha nas chaves internas.
5.5. CONCLUSÕES 91

Figura 5.10: Temperatura dos IGBTs do módulo M2, conversor no modo


NPC, considerando uma situação de falha nas chaves internas.

5.5 Conclusões
Nesta seção foi demonstrada a capacidade do conversor FT-ANPC traba-
lhar na estrutura NPC e ANPC, bem como as diferenças de distribuição de
temperatura entre as chaves considerando ambas estruturas. Na estrutura
ANPC a melhor distribuição das perdas faz com que a máxima temperatura
no módulo seja consideravelmente mais baixa. A capacidade de reconfigu-
ração flexı́vel e reversı́vel do conversor FT-ANPC também foi comprovada,
bem como sua capacidade de sobreviver a até quatro falhas sucessivas antes
da total inatividade. Uma vez comprovada a distribuição de temperatura dos
dois modos de funcionamento e a capacidade de reconfiguração do conver-
sor FT-ANPC, validou-se também a técnica de gerenciamento de degradação
térmica descrita na seção 3.7.1.
Capı́tulo 6

Conclusão e Propostas de
Continuidade

Este capı́tulo traz as conclusões gerais e também as propostas de conti-


nuidade deste trabalho.

92
Conteúdo

6.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
6.2 Propostas de Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

6.1 Conclusão
Na seção 2, primeiramente foi realizada uma revisão sobre as topologias
mais utilizadas no mercado, 2-nı́veis e 3-nı́veis NPC. A topologia 3-nı́veis
ANPC foi sugerida como opção para melhor distribuição das perdas entre
as chaves do conversor. A tolerância a falhas em conversores foi abordada
e o inversor FT-ANPC apareceu como uma excelente opção devido à sua
capacidade de sobrevivência a até quatro falhas sucessivas e a necessidade de
poucas partes adicionais.
Já na seção 3, foi discutido a importância, as limtações e as mudanças de
paradigmas do tema confiabilidade em eletrônica de potência. Foi concluı́do
que as pesquisas de confiabilidade em eletrônica de potência está ultrapas-
sando os métodos utilizados em livros estatı́sticos e se aproximando para
abordagens com base na fı́sica da falha (PoF). Toda a base teórica para en-
tendimento desta dissertação foi descrito nesta seção. Todos os tipos de falhas
em módulos de potência foram citados. Um estado-da-arte envolvendo téc-
nicas de diagnóstico, monitoramento de condições e prognósticos de falhas
foi realizado. A subseção 3.6, trouxe toda a metodologia que foi utilizada
durante os estudos de caso realizados. A modelagem eletro-térmica e das
perdas dos módulos de potência foi demonstrada. Algoritmos de contagem
de ciclos, métodos de caracterização da ciclagem térmica e de estimação do

93
6.2. PROPOSTAS DE CONTINUIDADE 94

consumo de vida útil, também foram descritos. A subseção 3.7.1, apresentou


o novo método de gerenciamento de degradação térmica para o conversor
FT-ANPC.
A seção 4 apresentou aplicações de alta confiabilidade com perfis crı́ticos
de ciclagem térmica. Foi demonstrada que a escolha da topologia e o dimen-
sionamento dos dispositivos baseado em um estudo detalhado de degradação
dos módulos pode prolongar o tempo de vida do conversor e garantir con-
tinuidade de serviço. Através de uma discussão geral de confiabilidade foi
concluı́do que o conversor FT-ANPC combinado com técnicas de prognós-
tico de falhas e o gerenciamento de degradação térmica pode ser uma boa
opção em sistemas de alta confiabilidade devido ao seu aumento de vida útil
e a sua habilidade de previnir falhas catastróficas.
Resultados experimentais foram apresentados na seção 5. Foi demons-
trada a capacidade do conversor FT-ANPC trabalhar como NPC e ANPC,
bem como as diferenças de distribuição de temperatura entre as chaves con-
siderando ambas estruturas. A capacidade de reconfiguração flexı́vel e rever-
sı́vel do conversor FT-ANPC também foi comprovada, bem como sua capaci-
dade de sobreviver a até quatro falhas sucessivas antes da total inatividade.
Uma vez comprovada a distribuição de temperatura dos dois modos de funcio-
namento e a capacidade de reconfiguração do conversor FT-ANPC, validou-se
também a técnica de gerenciamento de degradação térmica descrita na seção
3.7.1.
Considerando toda a discussão de confiabilidade e os resultados obtidos
nos estudos de caso realizados, foi possı́vel demonstrar que vários fatores
devem ser considerados e uma análise mais abrangente deve ser realizada
durante o dimensionamento e escolha de uma topologia em cada tipo de
aplicação.

6.2 Propostas de Continuidade


Como propostas de continuidade desta pesquisa o autor sugere:

• A montagem do conversor FT-ANPC em média potência para uma


6.2. PROPOSTAS DE CONTINUIDADE 95

melhor aproximação das aplicações reais.

• O desenvolvimento e testes de diferentes técnicas de prognósticos de


falhas para verificar o melhor método em cada tipo aplicação.

• O estudo detalhado de implementação da chave Sx.

• O desenvolvimento de um gate driver inteligente, capaz monitorar as


condições das chaves e forçar a falha do dispositivo em circuito aberto.
Apêndice A

Preparação dos módulos de


potência para termografia.

Neste apêndice é demonstrado como fazer a preparação dos módulos


de potência para a termografia.
Primeiramente é necessário retirar a capade epoxy dos módulos, para
isto foi utilizada a ferramenta Dremel com um disco de corte. Em
seguida foi necessário procurar soluções para remover a camada de si-
licone de dentro dos módulos. Após tentativas sem sucesso com vá-
rios solventes orgânicos, foi realizada uma pesquisa na literatura. Em
SACHDEV (2006), foi sugerido um procedimento para a retirada, uti-
lizando uma solução à base de TBAF (tetrabutyammonium fluoride)
e PMA (propylene glycol methyl ether acetate). O passo-a-passo do
procedimento realizado é descrito abaixo.

1. Criar uma solução contendo 1% de TBAF na quantidade de PMA


desejada, em um recipiente de vidro. Neste procedimento, utilizou-
se 1g de TBAF em 100 ml de PMA. Dependendo do tamano dos
módulos e recipientes, essas quantidades podem variar.
2. Mergulhar o módulo aberto na solução por aproximadamente 50
minutos. A solução deverá ser aquecida a 55◦ C com agitação.
Para isto foi utilizado uma chapa com controle de temperatura e

96
97

um ”peixinho”(cápsula que gira com atração magnética), confome


exibido na figura A.1.
3. Quando o silicone for removido por completo, retirar o módulo e
lavar com álcool isopropı́lico e água corrente. Utilizar ar compri-
mido para secar o módulo.

Figura A.1: Foto do procedimento de retirada do silicone dos módulos.

Em seguida para realizar a termografia, devido à baixa emissividade


do silı́cio, necessário pintar os módulos para se obter uma emissividade
alta, conhecida e homogênea. Para isto foi utilizado tinta preta em
spray de uso geral e a câmera foi calibrada com uma emissividade igual
a 0.95. A foto dos módulos antes e depois da pintura foram exibidas
na figura A.2.
Os reagentes foram comprados no site da Sigma-Aldrich Brasil. A
venda é restrita, professores de algumas universidades podem conse-
guir através de uma análise prévia. Sugere-se o auxı́lio de quı́micos
profissionais para auxı́lio na condução dos procedimentos.
98

Figura A.2: Foto dos módulos abertos, sem silicone, antes e após a pintura.
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