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André Alencar dos Santos Direito Administrativo

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA


Anotações de aula do curso ministrado
pelo Dr. Lucas Furtado – Procurador
do MP junto ao TCU. Curso realizado
nas dependências do STF em 2004.

AUTARQUIAS
São usadas para se descentralizar funções típicas de Estado.
Principais características:
• São serviços tipicamente estatais.
Quando o poder público quer descentralizar atividade típica de estado (atividades
que só o Estado presta). Não é serviço de utilidade pública – aqueles que podem
ser explorado por Estado e pelo particular ao mesmo tempo.
Ex: Banco Central – a fiscalização do sistema financeiro é
típica de Estado (no Brasil e no mundo). É atribuição típica da União
– poderia ser prestado pelo Ministério da Fazenda, porém foi melhor
ter um corpo técnico especializado e dar autonomia a esta entidade
criada.
• Pessoa de direito público. Porque vai desempenhar atividade típica de
Estado. Tem a mesma personalidade jurídica da União ou das entidades
que a criaram, isto define o regime jurídico da entidade.
• Sujeição a normas de direito público (Regime jurídico de direito
público). Os agentes públicos poderão ser empregados (celetistas) desde
que não desempenhem atividade típica de Estado, pois, a emenda 19, que
extinguiu o RJU, abriu possibilidade de ter celetistas dentro das entidades
públicas e, portanto, também poderá ter celetistas nas autarquias. O RJU
era uma obrigação para que todas as entidades da administração direta ou
indireta se sujeitassem ao regime jurídico único.
Tem os mesmos privilégios e prerrogativas das entidades públicas da
Administração Direta. Prazos em dobro no processo civil, imunidades
tributárias (em parte, pois, somente se aplica às atividades essenciais ou delas
decorrentes, conforme o Art. 150 §2º da CF), a obrigação do duplo grau de
jurisdição – remessa obrigatória no processo civil.
Caso: UNB não paga IPTU dos prédios onde exerce a atividade de ensino.
O poder de hierarquia entre agentes ou entre órgãos não acontece
diretamente com as autarquias, o controle é político. Nomeando e afastando
dirigentes, mediante exoneração, porém é poder discricionário e não punitivo, não
é punição tanto não é punição que não há contraditório e nem devido processo
legal.

Agências: Até hoje todas criadas são autarquias em regime especial.


Fala-se hoje, pejorativamente, em Processo de Agencificação por influência
do Direito Norte-Americano, porém, nos EUA as agências são simples unidades
administrativas (semelhante aos órgãos públicos no Brasil).

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O termo agência não define a natureza jurídica. A natureza, em verdade é de


Autarquias em regime especial.
A idéia é ter uma entidade especializada e autônoma.
Podem ser criadas por Estados e Municípios.
Não necessariamente são somente agências. Di Pietro critica o termo
agência, pois o nome agência não diz nada, deveriam ser chamadas de autarquia
em regime especial. A USP (exceção ao princípio de atividade típica de Estado), a
Comissão de energia nuclear e o BC são exemplos de autarquias em regimes
especiais e que não são agências. Essa denominação é perfeita para a concepção
norte americana de agências.
Autarquia em regime especial: Toda autarquia tem autonomia
administrativa, porém as regime especial têm grau de autonomia mais elevada
que as outras autarquias. Somente a Lei poderia definir se uma autarquia é ou não
em regime especial.
A ampliação da autonomia das autarquias é materializada na autonomia
política dos dirigentes que passam a ter mandato por prazo certo – problema: O
mandato não foi coincidente com o mandato do Presidente da República e por
isso há conflitos políticos entre os dirigentes de autarquias e o novo Presidente
que não os indicou.

CONTROLE SOBRE AS AGÊNCIAS:


Não há hierarquia entre entidades – entre entidades se fala em vinculação
administrativa. Exemplo: Banco Central está vinculado e não subordinado ao
Ministério da Fazenda.
Por isso o controle que é exercido entre uma entidade e outra não é
hierarquizado ou do tipo hierárquico como ocorre dentro da Administração Pública
Federal, não há o poder de dar ordens; O Ministro da Fazenda não dá ordens ao
Presidente do Banco Central. Há o controle, porém, o controle é político.
Controle político ou finalístico: Possibilidade de nomear e afastar os
dirigentes das autarquias.
ANEEL e ANATEL (Agências reguladoras – autarquias em regime especial)
possuem dirigentes com mandato certo – chegou ao ponto de o Ministro das
Telecomunicações falar aos usuários para que estes acionassem juridicamente as
empresas concessionárias e a agência ANATEL por falta de entendimento político
entre o Ministro e o dirigente da autarquia e como o Ministro não tinha o poder de
exonerá-lo (pois tinha mandato com prazo) houve um grande conflito político.
ƒ A lei define que o Presidente nomeia, mas não pode afastar a qualquer
tempo, por isso entende-se que o controle foi reduzido – a autonomia foi ampliada.
Autonomia política.
ƒ A Agência, em regra, não tem que definir políticas públicas. A definição das
políticas deve ser feita pelo chefe do executivo e seus ministros.
ƒ As agências possuem poder normativo (é um gênero do qual o poder
regulamentar é espécie, outra espécie é o poder de regular segmentos dado às
agências). Exemplo: Quando o Banco Central institui horário de funcionamento
dos bancos está usando um poder normativo e não está regulamentando
nenhuma lei. Quando o STF aprova seu Regimento Interno está usando de poder
normativo e não regulamentar.

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ƒ As agências detêm poder de polícia. As concessionárias de serviços


público não possuem o poder de polícia, porque a titularidade do serviço público
continua nas mãos do Estado. Quando o Estado transfere a exploração do serviço
fala-se em DELEGAÇÃO de serviço público formalizado (instrumentalizado) por
contrato que transfere apenas a prestação e nunca a titularidade.
As agências passam a ser grandes gestoras de contratos de concessão.
Exemplo: A lei da ANEEL definiu, inicialmente, que todos os servidores do quadro
seriam celetistas e queria fazer concurso para preencher suas vagas, o STF
mandou suspender dizendo que o servidor que exercesse a função de Fiscal
daquela Autarquia exerceria atividade típica de Estado e para isso deveria ser
Estatutário.
Na EC 19 haveria uma Lei para regular e especificar as atividades típicas de
Estado (esta lei nunca saiu), porém o entendimento de que existem atividades
típicas de Estado permaneceu.

Autarquias corporativas: São os conselhos que regulamentam profissões e


que também fiscalizam o cumprimento dos requisitos que são necessários para o
exercício das profissões.
o OAB, CREA, CRM: Não pagavam impostos por se valerem de
imunidade constitucional por considerar que tais entidades são autarquias.
o Art. 150 CF § 2º - A vedação do inciso VI, "a" (VI - instituir impostos sobre: a)
patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;), é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à
renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes.
o ADI 1717 – Entidades que fiscalizam as atividades regulamentadas
(entidades de classe, conselhos) exercem atividades típicas de Estado (é
uma espécie de poder de polícia) e por isso são consideradas Autarquias.
Os conselhos podem inscrever em dívida ativa os devedores de encargos e
esta é uma prerrogativa da fazenda pública (Lei 8.630 disciplina a execução
fiscal).
ƒ A lei que definiu conselhos como entidades privadas foi definida
inconstitucional pelo STF.
ƒ Conclusão: Já eram autarquias então – Um Procurador mandou
uma carta para os conselhos mandando demitir todos os que
haviam sido contratados sem concurso público – porém o TCU
entendeu que os que haviam sido contratados antes da decisão
do STF estariam de boa-fé e também pelo princípio da
segurança jurídica deveriam continuar (também princípio da
continuidade do serviço público). Os que haviam sido
contratados depois estariam irregularmente e deveriam ser
demitidos. O regime jurídico dos servidores não se alterou
depois da decisão.
Problemas:
ƒ Se os conselhos seguem o regime jurídico de direito público, então
para se criar um cargo, emprego ou funções públicas nestas autarquias, a
CF, define que deverá haver lei. Se, por exemplo, o Conselho de músicos

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do Piauí (com 30 membros) quer contratar uma secretária, deverá ter um


projeto de lei de autoria do Presidente da República. Então, para
contornar estes casos “deram uma volta” e criaram uma teoria de que
somente perante o mundo exterior deveriam se sujeitar ao regime jurídico
público, portanto para criar o cargo poderia ser regime privado mas para
provê-lo deveria se fazer concurso público.
ƒ Outro problema é que toda autarquia deverá estar vinculada a um
órgão da administração pública direta, entretanto, os conselhos não estão
vinculados a nenhum órgão.
ƒ Também há a questão da movimentação de recursos na conta do
Tesouro Nacional – não tem sido obedecida esta regra, ou seja, os
conselhos não têm utilizado a conta do Tesouro para movimentação
financeira.

Caso: Vaga-Fácil – Cobrança de taxas pelas vagas. O Ministério Público


alegou que como era uma Empresa Particular, então, a fiscalização e o poder de
multa que são atividades típicas de Estado não poderia ter transferido pelo GDF
ao particular (neste caso foi transferido por concessão).
Atividade típica de Estado: Sempre é definida em Lei.

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FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Qual a natureza? É pessoa jurídica de direito público ou de direito privado? O
antigo Dec-lei 200 definia as fundações públicas como pessoas de direito privado.
O Ministro Moreira Alves entendeu que as fundações públicas são equivalentes às
autarquias e por isso são pessoas jurídicas de direito público. Este entendimento
do STF deu à justiça federal a competência para julgar as fundações públicas. A
lei é que cria as entidades, a lei diz se é autarquia, fundação pública ou empresa
estatal.
A fundação pública desempenha serviços de utilidade pública (convém que
seja explorado pelo Estado, mas, também, poderá ser explorado pelo particular).
Já as autarquias desempenham atividade típica de Estado – só podem ser
exploradas pelo Estado. Até hoje, na prática, as fundações têm sido tratadas como
autarquias. A EC 19, em um ponto, separou as autarquias das fundações.
Art. 37:
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
As autarquias, necessariamente, estão regidas pelo direito público e, pela
CF, as outras entidades só são instituídas por lei, posteriormente o regime da
Fundação pública poderá ter personalidade de direito público ou de direito privado,
até hoje, como já explicitado, não existem fundações de direito privado. Mesmo
que fosse criada fundação pública de direito privado esta fundação terá que
prestar contas, fazer concurso, licitação e, mais importante, as fundações devem
passar pela curadoria do Ministério Público (que exerce fiscalização sobre as
fundações de direito privado) e etc. A lei complementar que trata o inciso não
indica que será uma lei complementar para cada entidade e sim uma lei
complementar geral para todas as entidades.

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ESTATAIS (EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE


ECONOMIA MISTA)
São pessoas jurídicas de direito privado, todas.
Estão sujeitas às normas de direito privado, regime jurídico de direito privado.
Com algumas derrogações parciais pelo direito público, por exemplo, concurso
público e licitações. Caso: BRB – sociedade de economia mista – Se o BRB
definir critérios absurdos no edital de seu concurso, segundo o STJ não caberá
Mandato da Segurança – caberia outra ação cautelar. Por serem pessoas de
direito privado, teoricamente pode caber MS contra um dirigente de uma empresa
estatal, somente no caso destes dirigentes atuarem com atribuições do Poder
Público, ou seja, como autoridade, investido na autoridade pública – Ex: MS contra
reitor do UNICEUB que não quer conceder diploma para estudante que não pagou
a última prestação – a competência é da justiça federal.
Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;
Caso: Acidente entre veículos de um particular e de um agente da Petrobrás,
o particular terá que provar culpa, ou em outras palavras, as entidades estatais
não estão sujeitos à responsabilidade objetiva.
Art. 37: § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Os notariais estão incluídos entre pessoas de direito privado prestadoras de
serviços públicos.
Se o mesmo acidente fosse entre particular e um agente do STF e a perícia
não conseguisse dizer de quem foi a culpa, a União teria que ser responsabilizada
perante o particular.
São obrigadas a licitar:
Art. 37: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.
Art. 22: "XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;"
Art. 173:
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública;
As empresas estatais têm regime jurídico diferenciado (a regra é o direito
privado), menos formalista, mais ágil, mais diversificado. Porém, esta lei que trata
o art. 22, XXVII da CF (Art. 173, §1º) até hoje não existe. Conseqüentemente
aplica-se a Lei 8.666, pois, segundo a própria CF, deveria ser aprovada outra lei,

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mais célere, mais adaptada às empresas que exploram a atividade empresarial –


na falta desta outra lei, atualmente aplica-se a Lei 8.666.
Esta nova lei pode fixar outras formas de fiscalização das empresas públicas
e sociedades de economia mista, porém, o professor Lucas Furtado entende que
enquanto não vier a nova lei deve-se aplicar o regime jurídico atual. Não concorda
com o voto do Ministro Ilmar Galvão que disse que não caberia ao TCU fiscalizar
as Estatais.
Exemplo: Se o STF atrasar uma licitação não haverá tanto prejuízo como se
a Petrobrás atrasar a licitação para a construção de uma plataforma. As
licitações da Petrobrás são feitas com base em um decreto de 1996 – A Lei
do Petróleo definiu que a Petrobrás deveria seguir modelo de licitação com base
em ato do Presidente da República – chegou a falar-se em Decreto Delegado –
porque seria uma delegação da Lei para o Decreto. O TCU e o STJ têm batido
contra esta aplicação do Decreto pela Petrobrás porque a CF diz que deverá ser
Lei (Lei é diferente de Decreto). Não é que se queira que a Petrobrás siga a Lei
8.666, porém, formalmente, a CF definiu como Lei e não como Decreto (problema
de FORMA).
Exemplos de diferenças: Os convites, na lei 8.666, são para os
convidados ou para os cadastrados “penetras”, já no convite da Petrobrás só
pode ser apresentada proposta pelos convidados, não se aceitam outros. O
maior problema é que a CF definiu que deverá haver uma LEI própria e não
uma aplicação diferenciada com base em decretos.
O TCU entende que se uma empresa estatal está praticando atos de
atividade fim, ou seja, de atividade empresarial poderá contratar com base
em direito privado. Exemplo: Empréstimo de um correntista junto ao BB, o
regime é de direito privado por ser atividade fim. Há fiscalização, porém o fato
não é regulado por normas de direito público.
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS ESTATAIS:
Art. 37 da CF:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
O que pode fazer com que as empresas públicas tenham responsabilidade
objetiva é o fato de prestarem serviços públicos. Em outros termos, as empresas
privadas também têm responsabilidade objetiva quando prestam serviços
públicos. Para as pessoas jurídicas de direito público a responsabilidade objetiva é
geral.

EMPRESA PÚBLICA:
Chama-se empresa pública por causa do Capital Social, ou seja, o capital
inicial, de quem cria aquela empresa. O capital social da empresa pública é
todo público. Os bens são privados, então, podem inclusive, serem
desapropriados. Capital social tem conceituação contábil, na contabilidade existe
uma regra de que para cada débito deve haver um crédito. O capital social entra
no patrimônio líquido, que está no lado passivo. O dinheiro ou bens/mercadorias
entram no lado do ativo, e estes são privados nas estatais. Para se ter empresa

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pública deverá ter todo o capital inicial público, não será, necessariamente de um
só sócio. Exemplo: TERRACAP tem capital social dividido entre a União e o DF,
dois sócios, a CEF tem apenas um sócio, que é a União.
A organização societária: Podem adotar qualquer forma de organização
inclusive S/A.
Exemplo: a CEF adota forma própria. Não necessariamente deverá ser
um tipo de sociedade empresária que está no CC – a lei disse que a forma
de organização será definida em seus regulamentos.
Na prática só terá, normalmente, um sócio, mas não é necessário que
assim seja, o que caracteriza é o capital social público e não a organização
societária.
Exemplo: TERRACAP tem dois sócios, o DF que possui 51% e a União que
possui 49%. O capital social continua todo ele Público.
Bens da Terracap: Será decidido (pendência judicial) se são públicos ou não, a
relevância é acerca da usucapião.
Foro privilegiado: Só adotado na esfera da administração pública federal. A
empresa pública federal tem foro privilegiado justiça federal (exceção para justiças
especializadas – trabalho – Se é celetista, mesmo da União, será competente a
justiça do trabalho).
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
* No DF, temos que compete à Vara de Fazenda Pública do DF em que as
empresas públicas ou sociedades de economia mista do DF forem autoras ou rés
(O erro é incluir estas pessoas jurídicas de direito privado na Fazenda Pública).
Exemplo: BRB entra na Vara de Fazenda Pública, se for contra o BB será na
Vara Comum da Justiça Federal.
Questão da falência: Entende-se que também não será possível a falência.
A União se responsabiliza subsidiariamente pelas suas entidades.
Capital social x patrimônio: Se três pessoas criam uma sociedade, com ativo,
passivo e patrimônio líquido, o conceito de capital social é um conceito contábil;
1. Pessoa 100.000
2. Pessoa 100.000
3. Pessoa 300.000
Então o capital social será de 500.000, espera-se que este dinheiro entre na
empresa. Capital social não está dividido em cotas e sim em ações. A rigor o que
é público é a ação que é de propriedade da União. O patrimônio, o ativo e os bens
não se confundem com o capital social.
No caso da sociedade de economia mista o patrimônio não é público e sim a
maioria das ações que pertencem à União. Os bens são privados porque a
empresa é pessoa de direito privado.
A concepção de capital social é meramente contábil é o quantum que foi destinado
pelos sócios para fazer com que a empresa passe a funcionar, daí para frente se
separa, se dissocia o capital social dos bens que a empresa possui.
Na empresa pública o capital social é todo público. Os bens da CEF são bens
privados (apesar de não ser pacificado na jurisprudência) que não se admitiria

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controle do TCU na administração destes bens. Decisão do STF disse que não
caberia controle do TCU na CEF, BB e Petrobrás porque o patrimônio é privado
e não se encaixaria na definição do art. 70, Parágrafo único;
CF – Art. 70:
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais
a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
O Regime Jurídico das empresas públicas é de direito privado, aplica-se normas
de Direito público somente naquelas hipóteses que a própria CF definiu (Licitação,
Concursos Públicos).
Caso: Lei dos Correios que instituiu impenhorabilidade para os bens dos Correios.
Desapropriação de bens públicos: União pode desapropriar bens dos Estados e dos Municípios;
Estados podem desapropriar bens dos Municípios. Neste caso haveria hierarquia entre estes Entes
(porém, para o Direito Constitucional, não há hierarquia entre eles).
DF, Estados e Municípios podem desapropriar bens da CEF porque os bens são privados.
Questão do Mandado de Segurança: O STJ decidiu que quando a Estatal faz
licitação cabe MS e quando faz Concurso Público não cabe MS (segundo o STJ
estariam em igualdade com o candidato, disse que seria ato de gestão – o objetivo
foi prático, se livrar de candidatos de concurso público, pois, tanto a Licitação
quanto o Concurso servem para realizar o princípio da ISONOMIA);

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:


Criada pelo poder público e controlada por este, o poder público forma o
capital juntamente com particular. O Poder Público controla a estatal, porém,
haverá participação dos particulares no capital social. A sociedade de
economia mista não poderá participar de um capital que forma a empresa pública,
pois, a sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado.
A organização societária: Toda sociedades de economia mista, federal
ou não, são sociedades anônimas S/A.
Sociedade de Economia Mista é uma empresa, pessoa jurídica de
direito privado, que tem sua criação autorizada por lei, sujeita a controle
estatal e admitida a participação de particulares no capital social.
Sociedade Anônima é uma forma de organização societária. O Capital
social dividido em ações. Há uma assembléia geral, é administrada por meio
de uma diretoria, há conselho fiscal.
TODA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA É ORGANIZADA NA
FORMA DE S/A (LEI 6404/76).
É claro que existem empresas privadas que são sociedades de
economia mista. A forma de identificar a sociedade de economia mista é
sempre a utilização da sigla S/A ou o nome “Companhia” (Companhia não
pode aparecer no final).
DEL 200: Art. 5º: III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade [AAS1] Comentário: Hoje
econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam tem que ser autorizada a
em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. criação por LEI

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A União deve ter a maioria das ações preferenciais (ações com direito a
voto); A rigor, pela Lei das SA, basta ter um pouco mais da metade das ações
preferenciais.
Exemplo: Uma sociedade anônima com dois sócios, pode acontecer de um sócio
A ter apenas 26% das ações (sendo todas preferenciais) e um sócio B ter 74%
das ações (sendo apenas 24% preferenciais) e, sendo assim, o sócio A teria o
controle sobre a sociedade. Controle societário não pressupõe a maioria do capital
social.
Caso: REFESA – Rede Ferroviária SA foi criada por Lei como Sociedade de
Economia Mista, porém todo o capital social pertencia à União, na prática deveria
ser uma Empresa Pública e não uma Sociedade de Economia Mista, porém, a
questão chegou ao STF e foi sumulado que a REFESA era Sociedade de
Economia Mista porque admite a participação de capital privado (mesmo que
atualmente não haja esta participação – na prática a União nunca vendeu ações
da REFESA).
Pelo STF, então, não há necessidade que se tenha a participação do particular,
basta que seja prevista esta possibilidade para que a Estatal seja definida como
Soc. de Econ. Mista.
Lei 6404 (SA) Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a
seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
§ 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia
aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes.
§ 2º O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício
desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas.
Foro privilegiado: Só adotado na esfera federal. A sociedade de
economia mista não têm foro privilegiado na justiça federal, suas causas são
julgadas pela justiça comum. No âmbito dos Estados, DF e Municípios não há
critério diferenciador para foro privilegiado, todas ficam sujeitas à Justiça comum.
No DF as empresas públicas do DF e as Sociedades de Economia Mista do DF
são julgadas pela Vara de Fazenda Pública (exceção à regra).
Então: As ações da CEF (empresa pública) são julgadas pela Justiça Federal.
CF: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
No DF não há tratamento diferenciado entre Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista,
porém, a Lei de Organização Judiciária do DF errou (não se sabe se intencionalmente) ao dizer
que compete à Vara da Fazenda Pública (mas Fazenda Pública envolve Administração Direta e
não Indireta) julgar as ações que envolvam as Empresas Públicas e Sociedades de Economias
Mista do DF. Nem por isso passam a ser Pessoas Jurídicas de Direito Público.
Questão da falência: havia um artigo de lei dizendo que não poderiam falir,
entretanto, há doutrina que prevê a inconstitucionalidade, pois, se explora
atividade empresarial deve se subordinar às mesmas regras das empresas de
direito privado. Mesmo assim, hoje em dia não é pacífico o entendimento, porque
somente por lei poderá ser criada tal entidade, então, há quem entenda que
somente por outra lei poderia haver a extinção desta empresa. Pois uma sentença
judicial acabaria revogando a lei.
• A falência é decretada para instaurar o concurso de credores, assim,
definir-se-ão prioridades para os bens restantes. Entretanto a União se

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responsabiliza por todos os débitos resultantes da extinção da empresa.


Conclusão: Na lei há a possibilidade da falência e na prática não ocorre.
Exemplo: A Vale do Rio Doce – A União vendeu suas ações e por isso no dia
seguinte deixou de ser sociedade de economia mista.
BB e BRB são sociedades de economia mista porque admitem a participação de
particulares no seu capital social, mas são controladas pelo poder público.

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