You are on page 1of 13

CONCEPÇÃO DE INVENTÁRIO DOS SETORES INDUSTRIAIS COM

POTENCIAL DE DEMANDA DE REÚSO DE ESGOTO TRATADO

Carlos Henrique Machado1


Patricia Bilotta1
Karen Juliana do Amaral2
1 Universidade Positivo – R. Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo
Comprido, Curitiba, PR
2 Universität Stuttgart - Bandtäle 2 70569 Stuttgart (Büsnau)

RESUMO
Este artigo trata da elaboração de um método para concepção de inventário georreferenciado
contendo as indústrias com potencial para reúso de efluentes oriundos de estações de
tratamento de esgoto doméstico, independentemente da localidade em que se encontra o
objeto de estudo. A pesquisa foi conduzida a partir do levantamento e da comparação entre as
bases de dados necessárias, ações que propiciaram a identificação dos passos e padrões
recomendados para concepção da metodologia. Os resultados indicaram a viabilidade e
produtividade do método, visto que o conjunto de elementos gerados pode ser utilizado para
diversas análises em ferramentas de georreferenciamento.
Palavras-chave: inventário; georreferenciamento; efluente; reúso.

ABSTRACT
This article deals with the elaboration of a method for designing a georeferenced inventory
containing the industries with potential for effluent reuse from wastewater treatment plants,
regardless the location of the object of study. The research was conducted from the survey
and the comparison between the necessary databases, action that allowed the identification of
the recommended steps and standards for designing the methodology. The results indicated
the feasibility and productivity of the method, since the set of generated elements can be used
for several analyzes in georeferencing tools.
Keywords: inventory; georeferencing; effluent; reuse.

1. INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado uma das nações mais industrializadas do mundo, sendo que o
arranjo dos diferentes setores industriais é relativamente disperso ao longo do território
nacional. A região Sudeste elenca o maior número de indústrias no país, com destaque aos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As atividades principais dessa região
estão relacionadas à indústria química e automobilística. O segundo lugar desse ranking é
ocupado pela região Sul, cujas empresas são predominantemente agroindústrias, responsáveis
pelo beneficiamento de produtos primários. Já a região Nordeste, representante da terceira
posição, possui foco na indústria têxtil e na produção de energia a partir da cana-de-açúcar.
As regiões Norte e Centro-Oeste, as quais ocupam a posição final, elencam entidades no
segmento das agroindústrias (ANA, 2017).
A tipologia dos processos industriais está diretamente ligada à demanda quantitativa e
qualitativa de água. Em detrimento destes processos estarem ligados à produção de bens de
consumo a partir do processamento dos recursos naturais, é possível afirmar que as indústrias
são entidades com alto consumo de água. A água pode fazer parte da composição do próprio
artefato produzido, pode ser matéria-prima e também pode ter papel secundário na produção,
quando empregada como fluido de transporte, aquecimento, refrigeração ou limpeza de
equipamentos (MIERZWA, HESPANHOL, 2005). Tsutiya (2006) aponta outros usos comuns
de água dentro das indústrias, como: consumo humano (uso de banheiros e preparação de
alimentos), consumo doméstico (limpeza predial) e água perdida para fins não rotineiros
(combate a incêndios, lavagem de reservatórios e água desperdiçada por vazamentos não
reparados).
É possível estratificar as indústrias brasileiras de acordo com os setores industriais. A
Figura 1 detalha os segmentos principais, os quais representam aproximadamente 60% da
produção total do país.

FIGURA 1 – SETORES MAIS REPRESENTATIVOS DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO


FONTE: Adaptado de CNI, 2017 apud ANA, 2017.
Pode-se afirmar que as empresas estão mais conscientes da necessidade de incorporar
boas práticas ambientais em suas atividades, seja por determinação de regulamentações
governamentais, ou para manterem-se em posição de destaque perante a concorrência. O
Programa de Produção Mais Limpa (PML), proposto em 1995 pelas instituições UNIDO
(United Nations Industrial Development Organization) e UNEP (United Nations
Environmental Program), exemplifica um plano que visa controlar o fluxo de material e
energia gerados pelas companhias (MELLO, NASCIMENTO, 2002). Um dos conceitos mais
importantes do programa é de que todo resíduo deve ser considerado um subproduto de valor
economicamente negativo (FILHO, SICSÚ, 2003).
Além da prática de uso consciente de efluentes da própria indústria (KOSSAR et al.,
2013), existe a possibilidade de utilizar efluentes tratados provenientes de estações de
tratamento de esgoto doméstico (ETE), desde que estes tenham qualidade compatível com a
demanda de cada atividade industrial (DUNHU et al., 2013).
Diante desse cenário, é importante identificar quais são as indústrias com demanda em
potencial de efluentes tratados e obter dados de consumo, porte e segmento da empresa. Uma
possível ferramenta a ser empregada para comparar essas diferentes feições é o Sistema de
Informações Geográficas (SIG).
Um SIG consiste na associação entre hardware, software, banco de dados e pessoal
qualificado para operação do sistema. Qualquer variável que possa ser posicionada
espacialmente pode suprir um SIG. Devido à vasta gama de aplicações, várias empresas
privadas, órgãos governamentais e instituições de ensino fazem uso dessa tecnologia. Por
meio da associação entre dados de diferentes fontes, é possível afirmar que novas informações
são geradas pelo SIG, possibilitando maior eficiência em tomadas de decisão estratégicas
dentro dos estudos de caso (Lanari et al., 1999).
Nesse contexto, esta pesquisa propõe uma metodologia para o levantamento de
indústrias com potencial de demanda de efluente tratado, proveniente de ETEs. O método
proposto pode ser utilizado por empresas prestadoras de serviços de água e esgoto para
prospectar a viabilidade técnica e econômica de expansão ou de melhorias no fornecimento de
efluente tratado para reúso industrial.
Este estudo faz parte de um macroprojeto financiado pela Fundação Araucária em
dezembro de 2016, que visa analisar a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e possui
parceria com pesquisadores da empresa de saneamento do Paraná, da Universidade Positivo
(UP), da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade de Stuttgart.

2. METODOLOGIA
2.1 Cenário inicial
A RMC possui atualmente 29 ETEs em operação, de acordo com informações
fornecidas pela empresa prestadora de serviços de água e esgoto do Paraná. Para a realização
desta pesquisa, a companhia de saneamento disponibilizou uma planilha de dados
quantitativos e qualitativos sobre cada ETE, contendo as respectivas vazões, a população
atendida, além das coordenadas geográficas no sistema decimal. Com a finalidade de unificar
o sistema entre as diversas fontes utilizadas nesse estudo, todas as coordenadas foram
convertidas para o sistema GMS (graus, minutos e segundos).
A busca por indústrias foi realizada inicialmente por meio de determinação visual com
a ferramenta Google Maps, disponível gratuitamente na internet. O procedimento consistiu
em identificar atividades industriais localizadas em um raio de até 10 km da ETE analisada,
compilar em planilha eletrônica suas coordenadas geográficas, bem como buscar no site das
empresas mapeadas informações como endereço, contato telefônico e eletrônico e segmento
industrial. Contudo, foi observado que este método não era produtivo, visto que muitas das
etapas eram de caráter não automatizado e sujeitas a imprecisões, como no caso de empresas
que não possuíam site. Além disso, não foi possível detectar informações a respeito do porte
das empresas e da quantidade de funcionários, por exemplo. Diante dessa limitação, buscou-
se uma nova estratégia de levantamento de dados, como mostram os passos mencionados no
diagrama da Figura 2. A descrição dos passos será apresentada a seguir.
→ Etapa I: Seleção dos recursos
- Bases de dados
- Ferramentas computacionais

→ Etapa II: Obtenção e análise das bases de dados


- Cadastro das Indústrias (FIEP)
- Outorga e Dispensa de Outorga de Captação (IAP)
- Comparativo entre bases de dados
FIGURA 2 – DIAGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE
INVENTÁRIO DA DEMANDA DE EFLUENTE TRATADO APLICADO AO REÚUSO INDUSTRIAL
FONTE: Os Autores, 2018.

2.2 Seleção dos Recursos


A partir do cenário apresentado no tópico anterior, foi necessário buscar soluções que
pudessem viabilizar o estudo de forma automatizada e com dados concisos. Em vista disso,
foram escolhidas como fontes de dados: a edição de 2017 do Cadastro das Indústrias do
Paraná, proveniente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP, 2017) e o
cadastro de outubro de 2017 referente à Outorga de Captação e à Dispensa de Outorga do
Instituto das Águas do Paraná (IAP, 2017).
Ainda em relação aos dados de entrada para o estudo, obteve-se o arquivo shapefile
(.shp) dos limites geográficos do estado do Paraná (IBGE, 2016), e realizou-se um recorte no
mapa para contemplar somente os municípios de Curitiba e RMC.
Quanto às ferramentas computacionais utilizadas, optou-se pelos programas Google
Earth Pro, Google My Maps e QGIS, pois são soluções de acesso livre que possibilitam
manipular e analisar informações espacializadas.
O Google Earth Pro e o Google My Maps são ferramentas desenvolvidas pela empresa
norte-americana Google LLC. A primeira aplicação possibilita a criação de mapas, cálculo de
distâncias e áreas, além de visualizar, manipular e exportar dados SIG. O segundo aplicativo é
utilizado diretamente no navegador de internet, com o intuito de gerar arquivos
personalizados com lotes de pontos, os quais podem ser importados no Google Earth Pro
(GOOGLE, 2018).
O QGIS é um programa de código aberto, desenvolvido pela Open Souce Geospacial
Foundation (OsGeo), voltado à gestão, edição e análise de dados SIG, além da criação e
impressão de mapas. (OSGEO, 2018).
2.3 Obtenção e análise das bases de dados
O arquivo contendo o Cadastro das Indústrias do Paraná, na extensão Portable
Document Format (.pdf), foi convertido manualmente em uma planilha eletrônica (.xls), com
as seguintes colunas: nome da empresa, caracterização como matriz ou filial, endereço,
contato telefônico e virtual, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), Inscrição Estadual,
número de funcionários, data de fundação, país de origem, segmento produtivo, Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), e caracterização como Importador e
Exportador.
Já o banco de Outorga de Captação e Dispensa de Outorga do Instituto das Águas do
Paraná trouxe como dado adicional o indicativo das indústrias que possuem licenciamento
para uso de recursos hídricos superficiais e subterrâneos, bem como a identificação das
empresas que dispensam esta formalidade.
A função de procura vertical (PROCV) do Microsoft Excel foi utilizada para comparar
os três relatórios com base no CNPJ, campo em comum entre os arquivos. Por meio dessa
ferramenta foi possível aplicar um filtro que considerou somente as empresas que
efetivamente não possuíam licença para captação, as quais foram consideradas como elegíveis
para reúso de efluentes tratados.

3. RESULTADOS
O esquema apresentado na Figura 3 mostra a sistematização das etapas do inventário
de demanda industrial de efluente tratado proposto neste estudo.
Etapa I - Obtenção e organização dos dados

Início Etapa I
preliminares

I.1) I.5) Shapefile


I. 2) Cadastro I.3) Consumo I.4) Outorga
Coordenadas dos limites
das indústrias das indústrias de Captação
das ETE s geográficos

I.6) Base de
dados
compatibilizada
Etapa II – Processamento de arquivos no Google

Etapa II

Analisar Importação
causas e Sim Inconsistências? para o Google
Earth Pro

corrigi-las My Maps

Exportação de
Abertura dos 2 arquivos
Não 2
.kml no Google Earth Pro
arquivos.kml

Exportação e ajuste de
novos arquivos .kml
Etapa III - Elaboração do mapa no QGIS

Etapa III

Criação das
camadas
vetorais
padrão

Posiciona- Posiciona-
Limites
mento das mento das
geográficos
ETE s indústrias

Uso de ferramentas Obtenção


analíticas de de Mapa
Geoprocessamento resultados

FIGURA 3 – DIAGRAMA DA METODOLOGIA PROPOSTA PARA ELABORAÇÃO DE INVENTÁRIO


DA DEMANDA DE EFLUENTE TRATADO APLICADO AO REÚSO INDUSTRIAL.
FONTE: Os Autores, 2018.
3.1 Etapa I - Obtenção e organização dos dados preliminares
A primeira etapa do método consiste em buscar e organizar os seguintes dados:
a) Coordenadas das ETEs
Definição Tabela contendo as coordenadas das ETE’s e as respectivas vazões
atualmente disponíveis, similar ao documento referenciado no
capítulo 2.2.
Origem dos dados Esse relatório pode ser obtido junto à companhia de saneamento da
região
Padronização dos dados Sistematizar dados em planilha eletrônica, em colunas, conforme
layout: código da ETE, nome da ETE, vazão disponível (em L/s),
latitude e longitude (no sistema GMS, utilizando o ponto final
como separador de decimais, ao invés da vírgula).

b) Cadastro das indústrias


Definição Tabela contendo dados cadastrais das indústrias.
Origem dos dados Essa base pode ser obtida junto às entidades estaduais de
representação das indústrias.
Padronização dos dados Sistematizar dados em planilha eletrônica, em colunas.
Diferentemente do documento descrito no capítulo 2.2, deve-se
apresentar essencialmente nome da entidade, endereço, CNPJ,
número de funcionários, CNAE e segmento produtivo. As demais
informações não se mostraram relevantes.

c) Consumo das indústrias


Definição Tabela contendo a vazão de consumo real ou estimada das
indústrias.
Origem dos dados Esse relatório pode ser obtido junto à companhia de saneamento da
região, ou gerada por meio de método estimativo proposto pela
Agência Nacional de Águas no estudo “Água na indústria: uso e
coeficientes técnicos” (ANA, 2017).
Padronização dos dados Sistematizar dados em planilha eletrônica, em colunas, conforme
layout: nome da empresa, CNPJ e vazão de consumo (em L/s).
d) Outorga de Captação
Definição Tabela contendo a relação de empresas que possuem licença e
dispensa para captação de efluentes.
Origem dos dados Este relatório pode ser obtido junto a agências estaduais
regulamentadoras do uso de recursos hídricos.
Padronização dos dados Sistematizar dados em planilha eletrônica, em colunas, conforme
layout: nome da empresa, CNPJ, situação contratual e data de
vigência do contrato.

e) Shapefile dos limites geográficos


Definição Arquivo contendo mapa dos limites geográficos da região a ser
estudada.
Origem dos dados Este arquivo pode ser obtido junto ao site do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.
Padronização dos dados O mapa pode ser recortado para apresentar somente a região
estudada, caso necessário. Este arquivo deve ser reservado para
posterior uso na Etapa III.

f) Base de dados compatibilizada


Definição Arquivo contendo somente a relação das entidades que não
possuem licença de captação e que não estejam dispensadas desse
contrato.
Origem dos dados Este arquivo é obtido por meio do cruzamento entre as planilhas
I.2, I.3 e I.4, tomando como referência o CNPJ dentro do
mecanismo de procura vertical (PROCV) do Microsoft Excel ou
software similar. Somente as entidades que estiverem presentes na
base de cadastro das indústrias, mas que não constarem
simultaneamente na base de outorga com contrato vigente ou
dispensa de outorga, devem ser consideradas.
Padronização dos dados Sistematizar dados em planilha eletrônica, em colunas, conforme
layout: nome da indústria, endereço, CNPJ, número de
funcionários, CNAE, segmento produtivo, consumo efetivo ou
estimado (em L/s).
3.2 Etapa II - Processamento de arquivos no Google Earth Pro
A importação em lote de feições para o Google Earth Pro deve ser realizada por
intermédio da ferramenta Google My Maps. Nessa etapa serão obtidos dois arquivos: um para
alocação dos pontos das ETEs e outro para alocação das indústrias.
Primeiro, tabela I.1 deve ser carregada. A ferramenta deve ser ajustada para buscar as
colunas de Latitude e Longitude. Antes de exportar o arquivo na extensão Keyhole Markup
Language (.kml), é possível realizar uma verificação visual dos pontos gerados e corrigir
qualquer divergência de posicionamento.
Os marcadores de posição das indústrias e o respectivo conjunto de coordenadas são
obtidos na sequência, de forma similar, utilizando a tabela I.6. O nome e o endereço da
instituição devem ser apontados como base no mecanismo de busca da aplicação.
Durante os testes realizados, ocorreu uma inconsistência, na qual 85 empresas – cerca
de 21% do total – não foram imediatamente detectadas. As divergências se deram por erros de
digitação sutis, por falta de acentuação e por bairros incorretos. As correções foram realizadas
com base em buscas pela internet e contatos com algumas das empresas.
Apesar dos arquivos Keyhole Markup Language (.kml) serem suportados nativamente
pelo QGIS, os testes comprovaram que o carregamento no Google Earth Pro é previamente
requerido. Ao contrário, as coordenadas podem não ser exportadas, não tornando os pontos
visíveis no programa SIG.
Segundo, dois novos arquivos Keyhole Markup Language (.kml) foram exportados
pelo Google Earth Pro e abertos no Bloco de Notas. Por meio do mecanismo de substituição
presente na ferramenta, as tags a seguir foram excluídas dos arquivos: <MultiGeometry>,
</MultiGeometry>, <LinearRing>, </Linear Ring>. Testes demonstraram que ao
negligenciar esse passo não é possível criar as camadas vetoriais corretamente dentro do
QGIS. Esse ajuste foi necessário somente no arquivo que continha as coordenadas das
empresas. Porém, é válido verificar a presença dos termos citados em ambos os arquivos.
3.3 Etapa III – Elaboração do mapa no QGIS
A partir dos arquivos obtidos nas etapas anteriores, deve-se criar três camadas
vetoriais dentro do software QGIS:
a) Carregamento do arquivo shapefile (.shp) I.5. O sistema de referência SIRGAS
2000 foi adotado nos testes;
b) Carregamento do arquivo Keyhole Markup Language (.kml), com as coordenadas
das ETE’s. O sistema de referência WGS 84 foi adotado;
c) Carregamento do arquivo Keyhole Markup Language (.kml), com as coordenadas
das indústrias. O sistema de referência WGS 84 foi adotado.

4. CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES
Com base nos resultados da pesquisa, observou-se que a metodologia proposta para
modelagem do inventário cumpre o seu propósito de identificar possíveis usuários industriais
de efluente tratado, fornecendo como produto final um mapa contendo a localização das ETEs
e das indústrias, assim como um conjunto de dados compatibilizados. Esses dados podem ser
explorados dentro da ferramenta QGIS por meio da criação de raios em torno das ETEs,
análise das intersecções, cálculos de distâncias, entre outros recursos. Além disso, pode-se
notar um ganho de produtividade por meio desse processo, comparado à proposta inicial do
estudo, a qual previa obter os dados das empresas por critério totalmente visual e manual.
Dessa forma, o pesquisador pode se dedicar mais efetivamente nos moelos analíticos
provenientes das ferramentas SIG.
Apesar do macroprojeto referenciado nos testes ter foco regional, o método proposto
pode ser replicado em qualquer localidade do país, ou até mesmo internacionalmente,
bastando apenas ao pesquisador buscar bases de dados análogas, conforme órgãos e
instituições disponíveis no território a ser estudado. Afinal, identificar quais são os principais
consumidores é um parâmetro relevante para prever a demanda e compará-la com a vazão
disponível em cada ETE.
Uma limitação do método se faz em relação à confiabilidade dos dados. Nesse sentido,
é necessário que as fontes das informações sejam seguras e atualizadas. Outra consideração
relevante é quanto ao mecanismo de busca da ferramenta Google My Maps. Devido ao grande
volume de entidades ao importar os dados cadastrais das indústrias, não foi realizado
verificação visual do posicionamento dos marcadores. Recomenda-se que estudos posteriores
testem a eficácia do algoritmo utilizado para esta disposição.
Entende-se que a dificuldade em obter informações sobre a vazão de consumo das
indústrias junto às empresas de água e esgoto tenha relação com questões de
confidencialidade entre o órgão detentor dos dados e os clientes envolvidos. Caso não seja
possível o acesso a esses elementos, sugere-se que esta informação seja determinada por
métodos indiretos de cálculo (modelagem matemática) a serem pesquisados futuramente.
Recomenda-se que este estudo seja complementado pelo desenvolvimento de métodos
para estimar a parcela de vazão total de consumo que é requerida efetivamente como
proveniente de efluente tratado. Para tanto, estudos posteriores podem ser realizados tomando
como referência a tipologia de atividade industrial, o porte da empresa, a área de ocupação, ou
por meio de outros critérios que forem julgados pertinentes.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANA, Agência Nacional de Águas. Água na indústria: uso e coeficientes técnicos. Brasília:
ANA, 2017. 37 p. Disponível em:
<http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/noticias/20170920_AguanaIndustria-
UsoeCoeficientesTecnicos-VersaoFINAL.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2018.

DUNHU, C.; ZHONG, M.; Xin, W. Framework of wastewater reclamation and reuse policies
(WRRPs) in China: Comparative analysis across levels and areas. Environmental Science &
Policy, v. 33, p. 41-52, 2013.

FIEP, Federação das Indústrias do Estado do Paraná. Cadastro das Indústrias


2017. Curitiba: EBGE, 2017. 1 CD-ROM.

FILHO, J. C. S. F.; SICSÚ, A. B. Produção Mais Limpa: uma ferramenta da Gestão


Ambiental aplicada às empresas nacionais. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção,
23., 2003, Ouro Preto. Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção.
Pernambuco: UFPE, 2003. p. 4.

GOOGLE. Google Earth Pro para computadores. Disponível em:


<https://www.google.com/intl/pt-BR/earth/desktop/>. Acesso em: 25 fev. 2018.

GOOGLE. Google My Maps: meus mapas. Disponível em: <https://www.google.com/intl/pt-


BR/maps/about/mymaps/>. Acesso em: 25 fev. 2018.

IAP, Instituto das Águas do Paraná. Outorgas de Captações. Curitiba: IAP, 2017. Disponível
em:
<http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/OUTORGAS_DOWNLOAD/Out_Captaca
o_20171003.zip>. Acesso em 10 nov. 2017.

IAP, Instituto das Águas do Paraná. Cadastro de Usuários de Captações dispensados de


outorga. Curitiba: IAP, 2017. Disponível em:
<http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/OUTORGAS_DOWNLOAD/DUI_Captaca
o_20171212.zip>. Acesso em 10 nov. 2017.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Malha municipal do Estado do


Paraná. IBGE, 2016. Disponível em:
<http://servicodados.ibge.gov.br/Download/Download.ashx?u=geoftp.ibge.gov.br/organizaca
o_do_territorio/malhas_territoriais/malhas_municipais/municipio_2016/UFs/PR/pr_municipio
s.zip>. Acesso em 16 jan. 2018.

KOSSAR, M. J.; AMARAL, J.; ERBE, M. C. L. Proposal for water reuse in the Kraft pulp
and paper industry. Water Practice & Technology, v. 8, n. 3-4, 2013.

LANARI, C. S. et al., Sistema de informações geográficas: caracterização, custos de


implantação e o caso da companhia energética de Minas Gerais. Trabalho apresentado no 19.
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Belo Horizonte, 1999.

MELLO, M.; NASCIMENTO, L. Produção Mais Limpa: um impulso para a inovação e a


obtenção de vantagens competitivas. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 22.,
2002, Curitiba. Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Porto Alegre:
UFRGS, 2002. p. 1-8.

MIERZWA, J. C.; HESPANHOL, I. Água na indústria: uso racional e reúso. 1.ed.


São Paulo: Oficina de textos, 2005.

OsGeo, Open Source Geospatial Foundation. Sobre o QGIS. Disponível em:


<https://www.qgis.org/pt_BR/site/about/index.html>. Acesso em 15 fev. 2018.

TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 3.ed. São Paulo: Departamento de Engenharia


Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2006.

You might also like