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RESUMO
Este artigo trata da elaboração de um método para concepção de inventário georreferenciado
contendo as indústrias com potencial para reúso de efluentes oriundos de estações de
tratamento de esgoto doméstico, independentemente da localidade em que se encontra o
objeto de estudo. A pesquisa foi conduzida a partir do levantamento e da comparação entre as
bases de dados necessárias, ações que propiciaram a identificação dos passos e padrões
recomendados para concepção da metodologia. Os resultados indicaram a viabilidade e
produtividade do método, visto que o conjunto de elementos gerados pode ser utilizado para
diversas análises em ferramentas de georreferenciamento.
Palavras-chave: inventário; georreferenciamento; efluente; reúso.
ABSTRACT
This article deals with the elaboration of a method for designing a georeferenced inventory
containing the industries with potential for effluent reuse from wastewater treatment plants,
regardless the location of the object of study. The research was conducted from the survey
and the comparison between the necessary databases, action that allowed the identification of
the recommended steps and standards for designing the methodology. The results indicated
the feasibility and productivity of the method, since the set of generated elements can be used
for several analyzes in georeferencing tools.
Keywords: inventory; georeferencing; effluent; reuse.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado uma das nações mais industrializadas do mundo, sendo que o
arranjo dos diferentes setores industriais é relativamente disperso ao longo do território
nacional. A região Sudeste elenca o maior número de indústrias no país, com destaque aos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As atividades principais dessa região
estão relacionadas à indústria química e automobilística. O segundo lugar desse ranking é
ocupado pela região Sul, cujas empresas são predominantemente agroindústrias, responsáveis
pelo beneficiamento de produtos primários. Já a região Nordeste, representante da terceira
posição, possui foco na indústria têxtil e na produção de energia a partir da cana-de-açúcar.
As regiões Norte e Centro-Oeste, as quais ocupam a posição final, elencam entidades no
segmento das agroindústrias (ANA, 2017).
A tipologia dos processos industriais está diretamente ligada à demanda quantitativa e
qualitativa de água. Em detrimento destes processos estarem ligados à produção de bens de
consumo a partir do processamento dos recursos naturais, é possível afirmar que as indústrias
são entidades com alto consumo de água. A água pode fazer parte da composição do próprio
artefato produzido, pode ser matéria-prima e também pode ter papel secundário na produção,
quando empregada como fluido de transporte, aquecimento, refrigeração ou limpeza de
equipamentos (MIERZWA, HESPANHOL, 2005). Tsutiya (2006) aponta outros usos comuns
de água dentro das indústrias, como: consumo humano (uso de banheiros e preparação de
alimentos), consumo doméstico (limpeza predial) e água perdida para fins não rotineiros
(combate a incêndios, lavagem de reservatórios e água desperdiçada por vazamentos não
reparados).
É possível estratificar as indústrias brasileiras de acordo com os setores industriais. A
Figura 1 detalha os segmentos principais, os quais representam aproximadamente 60% da
produção total do país.
2. METODOLOGIA
2.1 Cenário inicial
A RMC possui atualmente 29 ETEs em operação, de acordo com informações
fornecidas pela empresa prestadora de serviços de água e esgoto do Paraná. Para a realização
desta pesquisa, a companhia de saneamento disponibilizou uma planilha de dados
quantitativos e qualitativos sobre cada ETE, contendo as respectivas vazões, a população
atendida, além das coordenadas geográficas no sistema decimal. Com a finalidade de unificar
o sistema entre as diversas fontes utilizadas nesse estudo, todas as coordenadas foram
convertidas para o sistema GMS (graus, minutos e segundos).
A busca por indústrias foi realizada inicialmente por meio de determinação visual com
a ferramenta Google Maps, disponível gratuitamente na internet. O procedimento consistiu
em identificar atividades industriais localizadas em um raio de até 10 km da ETE analisada,
compilar em planilha eletrônica suas coordenadas geográficas, bem como buscar no site das
empresas mapeadas informações como endereço, contato telefônico e eletrônico e segmento
industrial. Contudo, foi observado que este método não era produtivo, visto que muitas das
etapas eram de caráter não automatizado e sujeitas a imprecisões, como no caso de empresas
que não possuíam site. Além disso, não foi possível detectar informações a respeito do porte
das empresas e da quantidade de funcionários, por exemplo. Diante dessa limitação, buscou-
se uma nova estratégia de levantamento de dados, como mostram os passos mencionados no
diagrama da Figura 2. A descrição dos passos será apresentada a seguir.
→ Etapa I: Seleção dos recursos
- Bases de dados
- Ferramentas computacionais
3. RESULTADOS
O esquema apresentado na Figura 3 mostra a sistematização das etapas do inventário
de demanda industrial de efluente tratado proposto neste estudo.
Etapa I - Obtenção e organização dos dados
Início Etapa I
preliminares
I.6) Base de
dados
compatibilizada
Etapa II – Processamento de arquivos no Google
Etapa II
Analisar Importação
causas e Sim Inconsistências? para o Google
Earth Pro
corrigi-las My Maps
Exportação de
Abertura dos 2 arquivos
Não 2
.kml no Google Earth Pro
arquivos.kml
Exportação e ajuste de
novos arquivos .kml
Etapa III - Elaboração do mapa no QGIS
Etapa III
Criação das
camadas
vetorais
padrão
Posiciona- Posiciona-
Limites
mento das mento das
geográficos
ETE s indústrias
4. CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES
Com base nos resultados da pesquisa, observou-se que a metodologia proposta para
modelagem do inventário cumpre o seu propósito de identificar possíveis usuários industriais
de efluente tratado, fornecendo como produto final um mapa contendo a localização das ETEs
e das indústrias, assim como um conjunto de dados compatibilizados. Esses dados podem ser
explorados dentro da ferramenta QGIS por meio da criação de raios em torno das ETEs,
análise das intersecções, cálculos de distâncias, entre outros recursos. Além disso, pode-se
notar um ganho de produtividade por meio desse processo, comparado à proposta inicial do
estudo, a qual previa obter os dados das empresas por critério totalmente visual e manual.
Dessa forma, o pesquisador pode se dedicar mais efetivamente nos moelos analíticos
provenientes das ferramentas SIG.
Apesar do macroprojeto referenciado nos testes ter foco regional, o método proposto
pode ser replicado em qualquer localidade do país, ou até mesmo internacionalmente,
bastando apenas ao pesquisador buscar bases de dados análogas, conforme órgãos e
instituições disponíveis no território a ser estudado. Afinal, identificar quais são os principais
consumidores é um parâmetro relevante para prever a demanda e compará-la com a vazão
disponível em cada ETE.
Uma limitação do método se faz em relação à confiabilidade dos dados. Nesse sentido,
é necessário que as fontes das informações sejam seguras e atualizadas. Outra consideração
relevante é quanto ao mecanismo de busca da ferramenta Google My Maps. Devido ao grande
volume de entidades ao importar os dados cadastrais das indústrias, não foi realizado
verificação visual do posicionamento dos marcadores. Recomenda-se que estudos posteriores
testem a eficácia do algoritmo utilizado para esta disposição.
Entende-se que a dificuldade em obter informações sobre a vazão de consumo das
indústrias junto às empresas de água e esgoto tenha relação com questões de
confidencialidade entre o órgão detentor dos dados e os clientes envolvidos. Caso não seja
possível o acesso a esses elementos, sugere-se que esta informação seja determinada por
métodos indiretos de cálculo (modelagem matemática) a serem pesquisados futuramente.
Recomenda-se que este estudo seja complementado pelo desenvolvimento de métodos
para estimar a parcela de vazão total de consumo que é requerida efetivamente como
proveniente de efluente tratado. Para tanto, estudos posteriores podem ser realizados tomando
como referência a tipologia de atividade industrial, o porte da empresa, a área de ocupação, ou
por meio de outros critérios que forem julgados pertinentes.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANA, Agência Nacional de Águas. Água na indústria: uso e coeficientes técnicos. Brasília:
ANA, 2017. 37 p. Disponível em:
<http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/noticias/20170920_AguanaIndustria-
UsoeCoeficientesTecnicos-VersaoFINAL.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2018.
DUNHU, C.; ZHONG, M.; Xin, W. Framework of wastewater reclamation and reuse policies
(WRRPs) in China: Comparative analysis across levels and areas. Environmental Science &
Policy, v. 33, p. 41-52, 2013.
IAP, Instituto das Águas do Paraná. Outorgas de Captações. Curitiba: IAP, 2017. Disponível
em:
<http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/OUTORGAS_DOWNLOAD/Out_Captaca
o_20171003.zip>. Acesso em 10 nov. 2017.
KOSSAR, M. J.; AMARAL, J.; ERBE, M. C. L. Proposal for water reuse in the Kraft pulp
and paper industry. Water Practice & Technology, v. 8, n. 3-4, 2013.