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Meu nome é Ana Dorotéia Arantes Medeiros. Minha formação é em Letras e Direito. Sou mestre
em Língua Portuguesa pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte,
MG– e doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp – Universidade Estadual de São
Paulo – Araraquara, SP. Leciono, atualmente, Linguística e Língua Portuguesa no curso de Letras
e Língua Portuguesa no curso de Secretariado Executivo Trilingue. Já lecionei Língua Portuguesa
e Literatura Infantil em Pedagogia; Teoria da Comunicação e Legislação Publicitária nos cursos
de Propaganda e Marketing e Publicidade e Propaganda; Língua Portuguesa em Educação
Física, Fisioterapia e Nutrição; Língua Portuguesa e Linguagem Jurídica no curso de Direito.
e-mail: anadoroteia@claretiano.edu.br
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
469 M438l
ISBN: 978-85-67425-84-9
CDD 469
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
Ementa–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Estudo dos elementos constituintes da oração: termos essenciais, integrantes e acessórios. Estudo da sintaxe do
período composto: processos sintáticos da coordenação e subordinação; orações intercaladas e reduzidas.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
O estudo da sintaxe deve ser contextualizado, levando o aluno a seu entendimento e à sua
interiorização. O estudo da análise sintática em orações descontextualizada é inócuo. A análise
sintática tem de ser aplicada ao texto, para que dê ao aluno embasamentos à compreensão,
interpretação e produção de textos.
Por outro lado, como o curso de Letras visa também à formação do futuro professor, pre-
parando-o para a vida profissional, optamos por apresentar esta etapa de Língua Portuguesa
bastante direcionada à Gramática Normativa. Isso porque o aluno do curso de Letras – Habi-
litações em Língua Portuguesa e Língua Inglesa terá oportunidade de estudar, em Linguística,
outras teorias gramaticais. Pretendemos que o aluno conheça, ao longo do curso, a teoria gra-
matical tradicional, a teoria gramatical gerativa, a de valências e a de usos.
Como dissemos, o estudo deve ser do texto à gramática e não ao contrário, porém, infe-
lizmente, o espaço reservado a esta etapa não nos permite tal prática de forma eficiente sem
prejuízo do conteúdo programático.
Além do estudo do conteúdo do material, as atividades e interatividades muito contribui-
rão para a formação teórica e prática do egresso.
8 © Língua Portuguesa III
Após essa introdução, apresentaremos, a seguir, no Tópico Orientações para estudo, al-
gumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão
facilitar o seu estudo.
Abordagem Geral
Nesta etapa de estudo da Língua Portuguesa, veremos a classificação de orações e a clas-
sificação de seus elementos constituintes, segundo a Gramática Tradicional.
O ideal é analisar o texto, dos elementos constituintes da frase às relações existentes entre
as orações.
O estudo de períodos descontextualizados pode ser considerado como uma introdução
à análise do texto, mas o objetivo é capacitar o aluno a perceber o papel desempenhado pe-
los elementos constituintes da frase/oração, do papel sintático das frases/orações e seu inter-
-relacionamento com as demais que compõem a tessitura do texto. A análise sintática do texto
facilita sua compreensão e interpretação.
Comecemos pela distinção entre frase, oração e período.
Frase é um termo mais geral, mais abrangente. É qualquer comunicação linguística. Veja-
mos alguns exemplos:
a) Ponto de ônibus.
b) Silêncio!
c) Chove.
d) É proibido fumar.
e) O sol levanta-se no horizonte, enquanto o gado retorna ao curral.
A frase pode ser nominal ou verbal.
A frase nominal não contém verbo, como os exemplos a e b supracitados.
A frase verbal é a que possui um verbo, ou um predicado, como podemos constatar nos
exemplos c, d e e.
A frase verbal, também chamada oração, pode ser bimembre, marcada pelo sujeito e
predicado, ou pode ser constituída tão somente de um predicado (exemplo c). Seja como for, o
que a caracteriza é a presença do predicado ou do verbo.
Período é o enunciado de sentido completo, construído com uma ou mais orações.
O período pode ser simples ou composto. Período simples é o formado por uma oração. O
período composto é formado por mais de uma oração.
Exemplificando.
Período simples
O canto do galo chega-me aos ouvidos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9
Período composto
Período com duas orações → composto. Exemplo:
O sol levanta-se no horizonte, enquanto o gado retorna ao curral.
O sol levanta-se no horizonte, [enquanto o gado retorna ao curral.]
1 2
Passemos ao estudo das funções sintáticas dos termos constituintes da oração, segundo a
teoria gramatical tradicional.
Predicado
Normalmente, define-se predicado como o que se declara do sujeito ou é o enunciado de
um fato por si mesmo. Tudo que, na oração bimembre, não é sujeito ou não está no sujeito é
predicado.
O predicado pode ser verbal, nominal ou verbo-nominal.
O núcleo do predicado é o verbo, exceto verbo de ligação. Nesse caso, o predicado tem
como núcleo o nome (predicativo). Em outras palavras, o núcleo do predicado verbal é o verbo,
o núcleo do predicado nominal é o nome (predicativo).
Nominais
Complementos objeto direto;
verbais objeto indireto;
adverbial.
agente da passiva
Complemento nominal
É o complemento preposicionado que completa o sentido de substantivo, adjetivo e ad-
vérbio de base nominal (nunca de verbo). Em geral, os nomes que pedem complemento nomi-
nal são deverbais, isto é, formados com o radical de verbos transitivos.
Observe os complementos nas orações seguintes.
Sinto saudades de você.
• saudades → substantivo;
• de você → complemento nominal.
Objeto direto
É o complemento dos verbos transitivos diretos e não é ligado ao verbo por preposição
obrigatória. O objeto direto pode ser substituído por pronome pessoal oblíquo (o, a, os etc.) ou
por pronome demonstrativo (o = isso, aquilo).
Exemplificando:
Não faça coisa errada.
↓
objeto direto
Não faça o quê?
R.: coisa errada → objeto direto
© Caderno de Referência de Conteúdo 11
Objeto indireto
É o complemento preposicionado de verbos transitivos indiretos e transitivos diretos e
indiretos. As principais preposições que o adjungem ao verbo são: a, para, de, com, em etc. A
preposição não aparece, quando o objeto indireto é pronome pessoal átono (Isso me agrada →
Isso agrada a mim).
A maioria dos objetos indiretos pode ser substituída por lhe(s); alguns, por preposição +
ele (a/s). Rocha Lima (1982, p. 221) chama a esses últimos de “complemento relativo”.
Observe.
a) Emprestei o carro a Pedro → Emprestei-lhe o carro.
b) Gosto de Maria → Gosto dela (de + ela).
Complemento adverbial
É o termo que completa a predicação de um verbo transitivo adverbial (geralmente verbos
de movimento ou situação: chegar, ir, partir, seguir, vir, voltar, estar, ficar, morar). É expresso por
um advérbio, locução adverbial ou expressão adverbial, oração subordinada adverbial: Venho
de casa. / Fique aí. / Vou lá agora. / Ela está bem. / Fique [onde está].
Agente da passiva
Para que o assunto não se torne repetitivo, deixaremos de ver, aqui, agente da passiva,
porque foi estudado, detalhadamente, em verbos. Solicitamos, pois, que volte ao material em
que tratamos de verbos e reveja vozes verbais.
Vejamos, agora, os termos acessórios da oração.
Adjunto adnominal
A qualquer função sintática - que possa ter como núcleo um substantivo - pode juntar-se
um termo (ou uma locução) que tem valor adjetivo, que lhe delimita, qualifica ou caracteriza o
sentido geral. É o adjunto adnominal. Sua ausência não implica prejuízo lógico ou semântico à
oração.
O adjunto adnominal pode ser constituído por:
a) adjetivo: olhos negros;
b) locução adjetiva: olhos de gato;
c) artigo: os olhos;
d) pronome adjetivo:
• pronome possessivo: teus olhos;
• pronome demonstrativo: esses olhos;
• pronome indefinido: tais olhos;
• pronome interrogativo: que olhos?
• pronome relativo (cujo e flexões): [...] olhos cuja cor apreciamos.
e) numeral adjetivo: dois olhos;
f) oração adjetiva: [...] olhos [que atraem].
Adjunto adverbial
Os adjuntos adverbiais acrescentam circunstâncias a verbos, ou intensificam a ideia neles
contida.
Observe.
acréscimo: Além da medalha, ganhou vários prêmios.
assunto: Falavam de gramática.
causa: Morriam à mingua.
companhia: Sairei contigo.
comparação: Ele falava como um inspirado.
concessão: Apesar de seus esforços não conseguia progredir.
Aposto
Aposto é uma palavra ou expressão que serve para “apelidar” ou explicar um termo
chamado "fundamental".
O aposto é o mesmo fundamental, há identidade entre eles. A identidade deve ser até em
categoria gramatical.
Veja.
a) Deus, Arquiteto do Universo, é onipotente.
• Deus → sujeito;
• Deus = Arquiteto do Universo;
• Arquiteto do Universo → aposto.
Vocativo
É o termo com que se interpela o ouvinte.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15
Orações Coordenadas
Segundo a Gramática Tradicional, a coordenação caracteriza-se pela independência das
orações.
Uma oração independente não funciona como termo de outra, ou seja, nenhuma oração
do período exerce função sintática de outra oração. Assim, não há oração principal num período
composto por coordenação.
Assindéticas
Assindéticas são orações em que há assíndeto, ou ausência de conjunção coordenativa. As
orações são dispostas lado a lado, separadas por vírgula.
Observe.
“O bonde deu um solavanco, sacudiu os passageiros, deslizou, rolou, seguiu” (MACHADO,
António de Alcântara. Novelas paulistanas: Brás, Bexiga e Barra Funda. 1. ed. Belo Horizonte /
São Paulo, Itatiaia / Edusp, 1988, p. 100-2. In: FIORIN, José Luiz; PLATÃO SAVIOLI, Francisco. Li-
ções de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996, p. 276-277).
[O bonde deu um solavanco,] [sacudiu os passageiros,] [deslizou,] [rolou,] [seguiu].
Não há conjunções nesse período.
Sindéticas
Sindéticas são as orações coordenadas vinculadas por síndeto, ou conjunção coordenativa.
Exemplo:
“A luz aumentou e espalhou-se na campina” (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Disponível
em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/graciliano-ramos/vidas-secas-3.php>. Acesso
em: 20 jan. 2011) .
[A luz aumentou] [e espalhou-se na campina].
1 2
1) A luz aumentou = oração coordenada assindética;
2) e espalhou-se na campina = oração coordenada sindética aditiva.
Vejamos a classificação das orações coordenadas.
Não quero favores, nem compaixão. (= E NÃO QUERO compaixão) => entre as orações há
um relacionamento de pensamentos similares).
II. As adversativas exprimem uma oposição, contraste, ideia contrária à da outra oração,
geralmente, a oração antecedente. Elas relacionam pensamentos contrastantes.
“Os paisanos das ricas terras brigavam, mas os mercadores sempre se entendiam” (LOPES
NETO, João Simões. Contrabandista. Disponível em: <http://www.quemtemsedevenha.com.br/
contrabandista.htm>. Acesso em: 20 jan. 2011, grifo nosso).
A oração iniciada pela conjunção “mas” estabelece uma oposição ao que foi afirmado na
oração anterior.
III. As alternativas (também chamadas disjuntivas) estabelecem ideia de alternância,
opção, de escolha.
“Cochicham ou riem ou falam ao mesmo tempo!” (ASSIS, Machado de. O diplomático.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000256.pdf>. Acesso
em: 20 jan. 2011) .
advérbio
locução adverbial
Em:
[...] Comentam a abdicação da coroa. (temos uma oração simples na voz ativa)
↓ ↓
sujeito objeto direto
indeterminado
Em:
Comenta-se a abdicação da coroa. (temos uma oração simples na voz passiva sintética)
↓
sujeito → equivale à ele abdicou a coroa
II. As predicativas funcionam como predicativo do sujeito do verbo de ligação da oração
principal. Sua estrutura é:
IV. As orações objetivas indiretas funcionam como objeto indireto do verbo da oração
principal.
O período tem a seguinte estrutura:
Esperamos que esta etapa de Língua Portuguesa venha enriquecer seus conhecimentos
linguísticos. E não se esqueça de que o estudo de análise sintática não tem objetivo em si mes-
mo, mas, sim, aplicado ao texto como instrumento para interpretação e produção.
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados em Língua Portuguesa III. Veja, a seguir, a definição de seus
principais conceitos:
1) Aditiva: provém de adicionar, que se acrescenta, junta, soma.
2) Adversativa: oposta, adversa.
3) Alternativa: opção entre duas (ou mais) coisas.
4) Assíndeto: ausência de conjunção.
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5) Causativo: causal; causador; elemento linguístico que exprime uma relação causal;
factitivo, elemento causativo [Em português, exprimem uma ação causativa verbos
como mandar, deixar, fazer: João mandou fechar a porta; Oriana deixou que Percival
falasse] (Novo Aurélio – Dicionário da Língua Portuguesa. Século XXI).
Comecei a pensar no pior => comecei a pensar = perífrase.
6) Conclusiva: que contém conclusão, decisão, resolução.
7) Copulativa: que serve para ligar.
8) Deverbal: formado com o radical de verbo transitivo.
9) Disjuntiva: proposição alternativa (de disjungir: desligar, desunir).
10) Entimema: também chamado de epiquerema, corresponde ao silogismo imperfeito
ou silogismo retórico. Uma das premissas não é expressa, só há antecedente e conse-
quente.
Esse objeto direto é uma oração e a conjunção que a introduz (que) é integrante. Ela
introduz a oração que completa a principal.
eu = sujeito de “saber”
Exemplificando: o verbo “saber”, para ser semanticamente completo, deve constituir
uma oração com sujeito e objeto direto (alguém sabe alguma coisa).
Fomos seguindo o mapa => fomos seguindo = perífrase.
11) Equipolente: que tem o mesmo valor, equivalente.
12) Integrante: conjunção que integra, que introduz uma oração que faz parte da oração
principal. Integrante é a conjunção introdutora de uma oração que completa, que tor-
na inteira a oração principal.
13) Locução conjuncional corresponde a mais de uma palavra com valor de uma conjun-
ção. Quando a locução conjuncional está no plural, a crase é obrigatória, no singular,
não há crase, salvo em caso de ambiguidade.
14) Locuções verbais: formas compostas de ser, estar, ter e haver + particípio. Uma locu-
ção verbal equivale a um verbo simples.
15) Orações interferentes ou intercaladas são as que aparecem em um período como
observação, ressalva, esclarecimento, opinião etc. Não exercem função de principal,
nem de subordinada. Elas podem vir depois de dois-pontos e, quando no meio de
outra frase, entre vírgulas ou travessões.
16) Perífrases: combinações de verbos, com ou sem preposição, entre as combinações
que constituem locuções verbais.
17) Pronomes oblíquos átonos enclíticos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las
com verbos terminados em r, s ou z e estes perdem a última letra: fê-los, enganá-la,
qui-lo, perdê-lo, vejamo-las. Assumem as formas no, na, nos, nas com os verbos ter-
minados em m, õe e estes não sofrem nenhuma perda: quiseram-no, põe-nas, amam-
-na.
18) Sensitivo: (...)1 Pertencente ou relativo aos sentidos ou à sensação. 2 Que tem a facul-
dade de sentir (...) (MICHAELIS, 2012).
19) Silogismo: tipo de dedução formal em que há duas proposições ou premissas, delas,
por inferência, podemos chegar a uma conclusão (ou a uma terceira premissa).
20) Síndeto: (do grego syndeton) presença de conjunção coordenativa. Var. síndeton.
21) Verbo unipessoal: que se usa, normalmente, na terceira pessoa.
22) Voz: a forma que o verbo toma para indicar se o sujeito pratica ou recebe a ação.
você mesmo faça o seu esquema dos conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse
exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a
partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar,
de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos
mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na se-
quenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organiza-
ção das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu
conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no
seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos
de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se,
ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a apren-
dizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva
do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de
ancoragem.
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos na es-
trutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se con-
figure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de
conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os
novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar
esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons-
trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua
aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia
parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
© Caderno de Referência de Conteúdo 27
Texto
frase nominal
frase verbal =
oração
coordenação subordinação
Elementos
constituintes da
oração assindética sindética
adverbiais
Termos - sujeito
essenciais - predicado - aditiva - causal
- adversativa - condicional
- alternativa - concessiva
nominais
- conclusiva - conformativa
Termos complementos
- explicativa - comparativa
integrantes verbais - consecutiva
agente da
- final
passiva
- temporal
- objeto direto - proporcional
- objeto indireto - modal
- adverbial - locativa
Termos - adjunto adnominal
acessórios - adjunto adverbial
substantivas
- aposto
- vocativo
adjetivas
- subjetiva
- predicativa
- objetiva direta - explicativa
- objetiva indireta - restritiva
- completiva nominal
- apositiva
- agentiva
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar en-
tre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendi-
zagem. Por exemplo, de um texto, podemos analisar as funções dos elementos constituintes de
uma oração, mas, geralmente, as orações do texto são agrupadas em períodos. O relacionamen-
to das orações no período composto pode ser por coordenação ou subordinação. Dentro do
período, as orações também exercem funções de acordo com o sentido que produzem no texto.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os con-
teúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas
ou dissertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as que se referem
aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do
ensino da Língua Portuguesa pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando
para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você
testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir
as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objeti-
vas).
As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por
isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu
tutor ou com seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais
apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você
se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de co-
municação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com
outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece,
aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma
capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD e futuro profissional da
educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará
© Caderno de Referência de Conteúdo 29
com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus cole-
gas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipula-
das.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é parti-
cipar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
5. E-REFERÊNCIA
MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.
php?lingua=portugues-portugues&palavra=sensitivo>. Acesso em: 5 jul. 2012.
1. OBJETIVOS
• Adquirir embasamentos teóricos sobre frase, oração e período.
• Distinguir os elementos essenciais, integrantes e acessórios da frase.
• Identificar a função sintática dos elementos constituintes da oração.
• Aplicar a teoria à prática de produção e interpretação de textos.
2. CONTEÚDOS
• Conceito de frase, oração e período.
• Função sintática dos termos essenciais, integrantes e acessórios da oração.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, identificaremos, classificaremos e analisaremos os termos constituintes
do período simples, segundo a teoria gramatical tradicional. Antes, porém, consideramos rele-
vante vermos a diferença entre frase, oração e período.
5. FRASE
Frase é um termo mais geral, mais abrangente. É qualquer comunicação linguística.
Observe os exemplos.
a) Ponto de ônibus.
b) Silêncio!
c) Chove.
d) É proibido fumar.
e) O sol levanta-se no horizonte, enquanto o gado retorna ao curral.
Reservemos esses exemplos, pois voltaremos a eles.
Continuando a exposição sobre frase.
Declarativas
As frases declarativas são as que declaram alguma coisa sobre os seres, quando informam
sobre um acontecimento ou situação.
Veja.
a) Os cães uivavam.
b) Ao chegar, vi o cão morto.
Esse tipo de frase é comum em notícias, como o exemplo que apresentaremos a seguir.
Gostaríamos que você observasse o que dissemos na definição de frases declarativas ou
enunciativas: informam sobre um acontecimento ou situação.
Interrogativas
As frases interrogativas são as que formulam uma pergunta direta ou indireta.
Exemplificando.
a) O que gostarias de me esclarecer? (direta)
b) Perguntei-te o que gostarias de me esclarecer. (indireta)
Quem tem coragem de perguntar, na noite imensa?
E que valem as árvores, as casas, a chuva, o pequeno transeunte?
Que vale o pensamento humano
esforçado e vencido, na turbulência das horas?
Que valem a conversa apenas murmurada,
a erma ternura, os delicados adeuses?
Que valem as pálpebras da tímida esperança,
orvalhadas de trêmulo sal? [...]” (MEIRELES, 2011a).
c) “Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?"(CASTRO ALVES, 2011a).
Na frase interrogativa direta, o locutor “pergunta” diretamente ao interlocutor. Na indire-
ta, alguém diz o que outra pessoa perguntou, ou faz a pergunta com auxílio de verbos: querer
saber, perguntar, dizer etc.; o ponto de interrogação não é usado.
Exemplos:
a) Quero saber como é feito este tapete.
b) Perguntei quando chegou a casa ontem.
c) Diga-me quem quebrou o vaso.
d) Lucas quer saber se você poderá estudar com ele.
Imperativas
As imperativas são frases que formulam ordem, pedido, conselho, exortação, hipótese.
Encerram, também, apelo e proibição.
Observe.
a) "Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! (CASTRO ALVES, 2011a).
b)
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 35
Exclamativas
As exclamativas são fases que denotam espanto, surpresa, admiração.
Veja.
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa! (CASTRO ALVES, 2011a, grifos nossos).
Lisetta então perdeu toda a compostura de uma vez. Chorou. Soluçou. Chorou. Soluçou. Falando sem-
pre.
– Hã! Hã! Hã! Hã Eu que...ro o ur...so! O ur...so! Ai, mamãe! Ai, mamãe! Eu que...ro o...o...o...Hã! Hã!
– Stai ferma o ti amazzo, parola d’onore!5
– Um pou...qui...nho só! Hã! E...hã! E...hã! Um pou...qui...
– Senti, Lisefta. Non ti porterò più in città! Mai più!6
Um escândalo. E logo no banco da frente. O bonde inteiro testemunhou o feio que Lisetta fez.
O urso recomeçou a mexer com a cabeça. Da esquerda para a direita, para cima e para baixo.
– Non piangere più adesso !7
Impossível.
O urso lá se fora nos braços da dona. E a dona só de má, antes de entrar no palacete estilo empreiteiro
português, voltou-se e agitou no ar o bichinho. Para Lisetta ver. E Lisetta viu!
Dem-dem! O bonde deu um solavanco, sacudiu os passageiros, deslizou, rolou, seguiu. Dem-dem!
– Olha à direita!
Lisetta como compensação quis sentar-se no banco. Dona Mariana (havia pago uma passagem só)
opôs-se com energia e outro beliscão.
A entrada de Lisetta em casa marcou época na história dramática da família Garbone.
Logo na porta um safanão. Depois um tabefe. Outro no corredor. Intervalo de dois minutos. Foi então a
vez das chineladas. Para remate. Que não acabava mais.
O resto da gurizada (narizes escorrendo, pernas arranhadas, suspensórios de barbante) reunido na sala
de jantar sapeava de longe.
Mas o Ugo chegou da oficina.
– Você assim machuca a menina, mamãe! Coitadinha dela!
Também Lisetta não aguentava mais.
– Toma pra você. Mas não escache.
Lisetta deu um pulo de contente. Pequerrucho. Pequerrucho e de lata. Do tamanho de um passarinho.
Mas urso.
Os irmãos chegaram-se para admirar. O Pasqualino quis logo pegar no bichinho. Quis mesmo tomá-lo à
força. Lisetta berrou como uma desesperada:
– Ele é meu! O Ugo que me deu!
– Correu para o quarto. Fechou-se por dentro.
(MACHADO in FIORIN; PLATÃO, 1996, p. 276-277).
Observações––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1- Stai zitta!: Cala-te!
2- Stai ferma!: Fica quieta!, Sossega!
3- Scusi: Desculpa-me.
4- ln casa me lo pagheraí!: Em casa, tu me pagarás!
5- Sta! ferma o ti amazzo, parola d’onore!: Fica quieta ou te estrangulo, palavra de honra!
6- Senti, Lisetta. Non ti porterò più in città! Mai più!: Presta atenção, Lisetta, não te trarei mais à cidade! Nunca mais!
7- Non piangere piú adesso!: Não chores mais agora!
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O espaço que temos não é suficiente para todas as frases do texto. Daremos alguns exem-
plos, para que você possa constatar se foi bem-sucedido em sua reflexão.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 37
Frase ativa
Trata-se da frase na qual o sujeito “pratica a ação”. O verbo está na voz ativa.
Observação:
Voz é a forma que o verbo toma para indicar se o sujeito pratica ou recebe a ação.
Exemplo.
O menino quebrou o vaso.
A frase está na voz ativa.
Frase passiva
Na frase passiva, o sujeito sofre a ação.
Ilustrando.
O vaso foi quebrado pelo menino.
Nesse exemplo, temos a voz passiva, o sujeito (o vaso) sofre as consequências da ação
praticada pelo agente da passiva (menino).
6. ORAÇÃO
A frase verbal, também chamada oração, pode ser bimembre, marcada pelo sujeito e pre-
dicado, ou pode ser constituída tão somente de um predicado. Seja como for, o que a caracteriza
é a presença do predicado ou do verbo, como podemos observar nos exemplos seguintes.
Exemplos.
a) Eu o vi há cinco anos.
[Eu o vi] [há cinco anos].
sujeito predicado frase constituída somente de predicado (oração sem sujeito)
frase bimembre
b) Não é fácil a vida de estudante.
Não é fácil a vida de estudante.
predicado sujeito
frase bimembre
Temos vários tipos de oração.
Observe.
1) Absoluta: é a oração do período simples. ("A entrada de Lisetta em casa marcou época
na história dramática da família Garbone.")
2) Coordenada: é a oração que mantém com outra uma relação sintática de independên-
cia. ("A menina rica percebeu, encarou a coitada com raiva, fez uma careta horrível
e apertou contra o peito o bichinho que custara cinquenta mil-réis na Casa São Nico-
lau.")
3) Subordinada: é a oração que depende, sintaticamente, de outra. ("O bonde inteiro
testemunhou o feio que Lisetta fez.”)
4) Principal: é a oração da qual a subordinada depende. ("O bonde inteiro testemunhou
o feio que Lisetta fez.”)
5) Intercalada: é oração independente e de cunho esclarecedor. (O Barão – Deus o tenha
– foi um homem honrado.)
Passemos ao estudo de período.
7. PERÍODO
Período é o enunciado de sentido completo, construído com uma ou mais orações.
O período pode ser simples ou composto.
Período simples
Período simples é o formado por uma oração.
a) O canto do galo chega-me aos ouvidos.
b) Márcia surgiu no lado de lá da rua.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 39
Período composto
O período composto é formado por mais de uma oração.
a) O sol levanta-se no horizonte, enquanto o gado retorna ao curral.
O sol levanta-se no horizonte, [enquanto o gado retorna ao curral].
1 2
Período com duas orações.
d) "Se não mente a crônica, tinha naqueles tempos afonsinhos o gênio trêfego, e um
sestro de intrometer-se com as cousas da governança para não deixar que os oficiais
d’El-Rei lhe tosquiassem muito cerce o pêlo e a bolsa" (ALENCAR, 2011).
[“Se não mente a crônica,] [tinha naqueles tempos afonsinhos o gênio trêfego,]
1 2
[e um sestro de intrometer-se com as cousas da governança] [para não deixar]
3 4
[que os oficiais d’El-Rei lhe tosquiassem muito cerce o pêlo e a bolsa”].
5
Período com cinco orações.
No período composto, as orações podem ser coordenadas, subordinadas, ou coordenadas
e subordinadas, simultaneamente. Deixaremos de comentar agora, porque isso é assunto que
veremos em outras unidades.
Passemos ao estudo das funções sintáticas dos termos constituintes da oração segundo a
teoria gramatical tradicional.
“Chama-se sujeito à unidade ou sintagma nominal que estabelece uma relação predicativa
com o núcleo verbal para constituir uma oração” (BECHARA, 2006, p. 409).
2) Por sua vez, predicado é
[...] “o que se declara na oração, ordinariamente em referência ao sujeito” (BECHARA,
1970, p. 246).
[...] “aquilo que se afirma do sujeito” (LUFT, 1986, p. 29).
[...] “tudo aquilo que se diz do sujeito” (CUNHA; CINTRA, 1985, p. 119).
[...] “tudo aquilo que se atribui ao sujeito” (SACCONI, 1994, p. 296).
[...] “aquilo que se declara a respeito do sujeito; em termos práticos, equivale a tudo o
que resta na oração, depois de eliminado o sujeito (e o vocativo, quando ocorrer)” (PASQUALE;
ULISSES, 2004, p. 340).
Se você observar bem, todas as definições referem-se ao sujeito, mas nem sempre há
sujeito na oração.
Exemplifiquemos, para uma elucidação melhor.
Pedro arrendou sua fazenda.
No exemplo, “arrendou sua fazenda” é o predicado, pois é o que se declara do sujeito -
Pedro.
Pedro arrendou a fazenda.
↓ ↓
sujeito predicado
Por outro lado, em uma oração com verbo impessoal, não há sujeito.
Observe.
Há muitas pessoas na sala.
Nessa oração, não existe sujeito, assim, só há o predicado, que é o enunciado de um fato
em si mesmo.
(?) Há muitas pessoas na sala.
↓ ↓
não há sujeito enunciado de um fato em si mesmo.
Sujeito
Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), há sujeito:
• simples: o que tem apenas um núcleo;
• composto: o que tem dois ou mais núcleos;
• indeterminado: o que não pode ser identificado precisamente.
Há oração que é “destituída de sujeito: com ela, referimo-nos ao processo verbal em si
mesmo, sem atribuirmos a nenhum ser.” (ROCHA LIMA, 1982, p. 206).
Oportunamente, veremos a classificação do sujeito com mais detalhes.
Continuemos.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 41
Núcleo do sujeito
O núcleo do sujeito pode ser constituído por:
1) pronome pessoal, quando se tratar de primeira ou segunda pessoa do discurso.
Exemplos:
a) Eu comprei os acessórios do computador.
b) Tu compraste os acessórios do computador?
Observação:
Palavra preposicionada não pode ser núcleo de sujeito.
Classificação do sujeito
Há vários tipos de sujeito. Vejamo-los.
1) Simples: é o que tem um só núcleo.
a) Paulo correu muito.
b) Ninguém viu o acidente.
c) O viver é difícil
• com verbo na terceira pessoa do singular + “se”. O verbo deve ser intransitivo, transitivo
indireto ou transitivo com objeto direto preposicionado:
a) Não se progride sem esforço. (o "se" é um índice, sinal, indicador da indetermina-
ção do sujeito)
b) Precisa-se de empregados. (precisar → verbo transitivo indireto)
c) Vive-se bem aqui. (viver → verbo intransitivo)
d) Admira-se a Carlos Drummond de Andrade. (admirar → verbo transitivo direto / a
Carlos Drummond de Andrade → objeto direto preposicionado)
Observação:
Às vezes, esses verbos podem ser personalizados: O dia amanheceu chuvoso.
Observações:
a) “Houveram coisas terríveis" (CASTELO BRANCO, 2012).
Há autores que julgam este caso pessoal, não é, entretanto, o que pensa Cegalla:
Em vários livros, um escritor como Camilo Castelo Branco pluralizou o verbo haver impessoal e, antes
dele, outros portugueses perpetraram o solecismo. Essa espécie de tiririca, portanto, não é erva nativa
do Brasil. Tem raízes antigas (CEGALLA, 2011).
a) O pronome pessoal só é usado em forma de o(s), a(s), como objeto direto:
“Há moções japonesas. Quando as houver chinesas, chegou o fim do mundo”
(MACHADO DE ASSIS, 2011a, grifo nosso).
• verbos que indicam tempo - decorrido, por decorrer ou clima -, como andar, fazer, ir,
haver, ser:
a) Faz dez anos que não o vejo.
b) Vai por mais de cinco anos que comprei minha casa.
c) Era de madrugada, quando ele chegou.
d) É quente na África.
e) Em certas orações de conjugação pronominal impessoal:
“Trata-se de relações entre duas ou mais pessoas” (TRIPICCHIO, 2012, grifos nossos).
Observações
a) Rocha Lima (1982, p. 207) professa que:
[...] a impessoalidade de tais verbos estende-se aos auxiliares que com eles formam perífrases, como
se vê nos exemplos abaixo:
Não podia haver notícias mais tristes.
Costuma haver reuniões às terças-feiras.
Vai fazer cinco anos que você se casou.
b) Segundo Luft (1969, p. 131), “Eram dez horas. São vinte dias... [são] casos de concor-
dância por atração."
c) O termo sujeito inexistente não é contemplado pela NGB.
d) Declaração de vontade, verbos de intenção (pretender, premeditar), geralmente, têm
como sujeito oração infinitiva.
Observe os exemplos.
• Premedita-se [violar as normas constitucionais].
Premedita-se → oração principal (O verbo fica no singular, porque seu sujeito é uma
oração.)
[violar as normas constitucionais] → oração reduzida de infinitivo subordinada subs-
tantiva subjetiva.
• Deseja-se revogar as leis.
Sujeito oracional
Uma oração pode ser sujeito de outra. É a oração subordinada substantiva subjetiva que
desempenha a função sintática de sujeito.
Ela será vista mais adiante, quando estivermos estudando a classificação das orações
subordinadas substantivas. Deixaremos de vê-las agora, para que nossa exposição não se torne
repetitiva. Entretanto, nada obsta que você antecipe e conheça-a agora.
Paremos com a teoria, para que você possa avaliar o quanto aprendeu.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Resolva os exercícios extraídos de vestibulares e, depois, confira sua resposta.
1) (UFMG) Em todas as alternativas, o termo grifado exerce a função de sujeito, exceto em:
a) Quem sabe de que será capaz a mulher de seu sobrinho?
b) Raramente se entrevê o céu nesse aglomerado de edifícios.
c) Amanheceu um dia lindo, e por isso todos correram às piscinas.
d) Era somente uma velha, jogada num catre preto de solteiros.
e) É preciso que haja muita compreensão para com os amigos.
2) (EPCAR) O “se” é índice de indeterminação do sujeito na frase:
a) Não se ouvia o sino.
b) Assiste-se a espetáculos degradantes.
c) Alguém se arrogava o direito de gritar.
d) Perdeu-se um cão de estimação.
e) Não mais se falsificará tua assinatura.
3) (MACK) Na oração “Esboroou-se o balsâmico indianismo de Alencar ao advento dos Romanos”, a classificação
do sujeito é:
a) oculto
b) inexistente
c) simples
d) composto
e) indeterminado
4) (FMU) “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante...”
O sujeito desta afirmação com que se inicia o Hino Nacional é:
a) indeterminado
b) um povo heróico
c) as margens plácidas do Ipiranga
d) do Ipiranga
e) o brado retumbante
Confira suas respostas.
1) D
2) B
3) C
4) C
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Se você acertou tudo, parabéns! Caso não tenha sido feliz nas respostas, você deverá
retornar à teoria e procurar entender o que não acertou.
Passemos adiante.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 45
Predicado
Normalmente, define-se predicado como o que se declara, afirma, diz do sujeito ou a ele
atribui.
Isso já foi visto e exemplificado. Se você for o tipo de estudante que aceita tudo, deve ter
ficado satisfeito. Entretanto, desejamos que você aceite o que lhe convenceu, mas que tenha
refletido, isto é, que seja um leitor crítico.
Para sua reflexão sobre a definição de que predicado é o que se declara, afirma [...] do
sujeito, tomemos o exemplo:
Quem morreu?
Na oração, podemos perceber que nada se “declara” ou “afirma” do sujeito, além do mais,
é uma oração interrogativa.
Passaremos ao estudo do predicado e esperamos que, depois, você mesmo possa defini-
-lo. Deve, também, pesquisar e analisar definições de vários autores.
O núcleo do predicado é o verbo, exceto verbo de ligação. Nesse caso, o predicado tem
como núcleo o nome (predicativo).
Classificação
Antes de vermos a classificação dos predicados, é melhor que tenhamos noção do que é
predicação verbal.
Predicação verbal corresponde à conexão entre sujeito e verbo e entre verbo e seus
complementos.
Quanto à predicação, os verbos classificam-se em: intransitivos, transitivos (diretos,
indiretos, diretos e indiretos, adverbiais) e de ligação. A predicação depende, pois, do tipo da
frase.
verbo intransitivo → não exige complementos
direto → exige objeto direto
Predicação verbal indireto → pede objeto indireto
(quanto aos verbo transitivo direto e deve ter objeto direto
verbos e seus indireto e
complementos) objeto indireto
adverbial *→ requer complemento adverbial
de ligação → predicativo
Atenção!
Como já foi mencionado, é possível o emprego figurado desses verbos: “Deus choverá bênçãos sobre
este casal.”
Deus → sujeito
bênçãos → objeto direto
• certos verbos de ação, que exprimem fatos causados por um ser capaz de executá-los,
um agente: ler, brincar, trabalhar, correr, voar etc.
a) Eu leio muito.
b) Os cavalos galopam.
c) Os prisioneiros fugiram.
• verbos de movimento ou situação: seguir, estar, ficar etc.
a) Os meninos seguiram pela alameda.
b) A canoa virou.
c) O teto rachou.
Atenção!
A um verbo intransitivo pode ser anexado um predicativo, que exprime estado ou condição do sujeito:
Quando isso acontece, pode-se dizer que o verbo intransitivo faz, simultaneamente, as vezes de liga-
ção, sem, contudo, perder seu valor nocional. (Veja predicado verbo-nominal).
QUESTÕES AUTOAVALIAVAS––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nós já tivemos a oportunidade de fazer exercícios sobre verbos, mas consideramos
interessante que você faça mais alguns.
1) (UCMG) A classificação dos verbos sublinhados, quanto à predicação, foi feita corretamente em:
a) “Não nos olhou o rosto. A vergonha foi enorme.” - transitivo direto e indireto
b) “Procura insistentemente perturbar-me a memória.” - transitivo direto
c) “Fiquei, durante as férias, no sítio de meus avós.” - de ligação
d) “Para conseguir o prêmio, Mário reconheceu-nos imediatamente.” - transitivo indireto
e) “Ela nos encontrará, portanto é só fazer o pedido.” - transitivo indireto
2) (MACK) Em: “E quando o brotinho lhe telefonou, dias depois, comunicando que estudava o modernismo, e
dentro do modernismo sua obra, para que o professor lhe sugerira contato pessoal com o autor, ficou assanha-
díssimo e paternal a um tempo”, os verbos assinalados são, respectivamente:
a) transitivo direto, transitivo indireto, de ligação, transitivo direto e indireto
b) transitivo direto e indireto, transitivo direto, transitivo indireto, de ligação
c) transitivo indireto, transitivo direto e indireto, transitivo direto, de ligação
d) transitivo indireto, transitivo direto, transitivo direto e indireto, de ligação
e) transitivo indireto, transitivo direto e indireto, de ligação, transitivo direto
3) (PUC) Em: “... principiou a segunda volta do terço.”; “Carrocinhas de padeiro derrapavam nos paralelepípedos.”;
“Passavam cestas para o Largo do Arouche.”; “Garoava na madrugada roxa.” Os verbos são, respectivamente:
a) transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto, intransitivo
b) intransitivo, transitivo indireto, transitivo direto, intransitivo
c) transitivo direto, intransitivo, transitivo direto, intransitivo
d) transitivo direto, intransitivo, intransitivo, intransitivo-impessoal
e) transitivo indireto, intransitivo, transitivo indireto, transitivo indireto
2) D
3) C
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
2) Predicado nominal:
O predicado nominal é constituído por um verbo de ligação + predicativo.
O verbo de ligação serve para apresentar do sujeito um estado, qualidade, aparência ex-
terior, maneira de ser. O que é informado do sujeito está contido em seu núcleo, que pode vir
expresso por nome (adjetivo, locução adjetiva, substantivo, ou equivalente), pronome, numeral,
que se denomina predicativo.
Observe a exemplificação seguinte.
• Adjetivo ou locução adjetiva:
a) Celina parece triste.
b) A panela está com ferrugem. (enferrujada) O ar está com poluição (poluído)
c) Os cabelos são em caracol. (encaracolados) O tecido é de viés (enviesado)
• Substantivo:
Luís é dentista.
• Palavra substantivada:
“Vai redonda e alta a lua. Que dor é um mim um amor?” (PESSOA, 2011a, grifos nossos).
• Pronome:
“Talvez nós não sejamos nós” (MEIRELES, 2011b, grifo nosso).
“Tudo isto é nada” (PESSOA, 2011b, grifo nosso).
• Numeral:
Todos são um.
• Oração substantiva predicativa:
O difícil será [terminar a tarefa no prazo estipulado].
• Prep. de + substantivo ou pronome:
a) Madalena é das nossas (Madalena é das nossas amigas).
b) O chapéu é de palha.
O que o verbo de ligação apresenta do sujeito pode ser:
I) permanente:
a) Este homem é trabalhador.
b) João vive preocupado.
II) passageiro:
a) A cidade está deserta.
b) Maria anda triste.
III) mudança de estado:
a) O menino tornou-se médico.
b) O tronco virou canoa.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 49
Observações:
a) Há verbos que se empregam ora como verbos de ligação, ora como significativos.
Observe a exemplificação.
3) Predicado verbo-nominal
O predicado verbo-nominal possui dois núcleos significativos: um verbo e um nome
predicativo.
Veja.
a) “Virgília entrou risonha e sossegada” (ASSIS, 2011b, grifos nossos).
Virgília entrou [(e estava) risonha e sossegada].
↓ ↓
pred. verbal predicado nominal
risonha e sossegada → predicativo do sujeito (Virgília)
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1) (CESGRANRIO) Assinale a frase cujo predicado é verbo-nominal:
a) “Que segredos, amiga minha, também são gente...”
a) “... eles não se vexam dos cabelos brancos...”
b) “... boa vontade, curiosidade, chama-lhe o que quiseres...”
c) “Fiquemos com este outro verbo.”
d) “... o assunto não teria nobreza nem interesse...”
2) (MACK) Em “O hotel virou catacumba”:
a) o predicado é nominal
e) o predicado é verbo-nominal
f) o predicado é verbal
g) o verbo é transitivo direto
h) estão corretas c e d
Confira suas respostas.
1) C
2) A
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Predicativo
Predicativo é o núcleo de um predicado nominal ou elemento nominal de um predicado
verbo-nominal. O predicativo pode ser do sujeito ou do objeto.
Observe a exemplificação que segue.
1) Predicativo do sujeito em:
I) predicado nominal:
O professor estava aborrecido.
o professor → sujeito
aborrecido → predicativo do sujeito (o professor)
II) predicado verbo-nominal:
a) O trem chegou atrasado.
O trem chegou (e estava) atrasado.
o trem → sujeito
atrasado → predicativo do sujeito ele (trem)
b) “Vai redonda e alta a lua. Que dor é um mim um amor?” (PESSOA, 2011a,
grifos nossos).
III) Predicativo do objeto só aparece no predicado verbo-nominal.
“Um rei fraco faz fraca a forte gente” (CAMÕES, 2011a, grifo nosso).
Um rei fraco faz a forte gente (tornar) fraca.
a forte gente → objeto direto de “fazer”.
fraca → predicativo do objeto direto (“a forte gente”).
IV) O verbo chamar apresenta predicativo do objeto indireto.
“A Pedro chamou- lhe Cristo ‘Cephas’, pedra” (VIEIRA, 2011a, grifos nossos).
Observação:
O predicativo pode vir precedido de preposição (de, em, por, como, na conta de).
a) Chamaram-lhe de tolo.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 51
b) Transformaram-no em palhaço.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1) (UFGO) “O corpo, a alma do carpinteiro não podem ser mais brutos do que a madeira.”
A função sintática dos termos sublinhados é, pela ordem:
a) objeto direto - predicativo do sujeito
b) sujeito - sujeito
c) predicativo do sujeito - sujeito
d) objeto direto - predicativo do sujeito
e) predicativo do sujeito - predicativo do sujeito
2) (FGV) Aponte a correta análise do termo destacado: “Ao fundo, as pedrinhas claras pareciam tesouros
abandonados.”
a) predicativo do sujeito
b) adjunto adnominal
c) objeto direto
d) complemento nominal
e) predicativo do objeto direto
3) Classifique os termos grifados.
a) Ofereço-lhes flores, agora, vermelhas.
b) Todos somos considerados irmãos.
c) Considera-se esse problema insolúvel.
d) Penso em ti risonha e tranquila a meu lado.
e) Eu, náufrago das ilusões, considero-me derrotado.
f) As fisionomias respiram aliviadas.
g) A defesa foi julgada legítima.
h) Julgo Pedro orgulhoso.
i) As estrelas estão cintilantes.
j) Creio em Deus sempre presente.
Confira suas respostas.
1) C
2) A
nominais
complementos
objeto direto
verbais objeto indireto
adverbial
agente da passiva
Comecemos pelo complemento nominal.
Complemento nominal
É o complemento preposicionado que completa o sentido de substantivo, adjetivo e
advérbio de base nominal (nunca de verbo). Em geral, os nomes que pedem complemento
nominal são deverbais, isto é, formados com o radical de verbos transitivos.
Observe os complementos nas orações seguintes.
a) Sinto saudades de você.
saudades → substantivo;
de você → complemento nominal.
b) A cesta está repleta de flores.
repleta → adjetivo;
de flores → complemento nominal.
c) O hospital fica longe de casa.
longe → advérbio;
de casa → complemento nominal.
Atente-se à exemplificação de nomes deverbais.
• busca do pitoresco (complemento nominal) → buscar o pitoresco (objeto direto);
• referente a este fato (complemento nominal) → referir(-se) a este fato (objeto indire-
to);
II) pronome:
a) Mário tem confiança em você.
você → pronome.
b) “Creio que chorava a princípio: tinha nojo de si mesma” (ASSIS, 2011b, grifos nos-
sos).
si → pronome;
mesma → pronome.
III) Numeral:
O relator negou provimento a ambos.
ambos → numeral.
Objeto direto
Objeto direto é o complemento dos verbos transitivos diretos e não é ligado ao verbo por
preposição obrigatória. O objeto direto pode ser substituído por pronome pessoal oblíquo (o, a,
os etc.) ou por pronome demonstrativo (o = isso, aquilo).
Exemplificando:
a) Não faça coisa errada.
↓
objeto direto
Não faça o quê?
R.: coisa errada → objeto direto
d) Os pais compreendem-na.
↓
objeto direto
V) oração substantiva:
Quero [que voltes logo].
↓
objeto direto (oração subordinada substantiva objetiva direta)
c) numeral “ambos”:
Encontrei a ambos ontem.
Observação:
Consideramos os dois pronomes dos exemplos oblíquos, por serem objetivos e não subjetivos. O
pronome pessoal reto desempenha a função sintática de sujeito, o que não acontece no exemplo “a”.
e) pronome de tratamento:
Muito admiramos a V. Sa.
Observação:
O objeto indireto é preposicionado, mas o verbo transitivo indireto não aceita voz passiva, enquanto o
transitivo direto, sim, mesmo que seu complemento seja preposicionado.
Compare os exemplos.
a) João confia em Maria.
• em Maria → objeto indireto;
• Se tentar uma voz passiva, a frase torna-se agramatical:
• (?) Maria é confiada por João.
b) Amamos a Deus.
• a Deus → objeto direto preposicionado;
• Nesse caso, não há problema de agramaticalidade:
• Deus é amado por nós.
b) Habituada já aos rumores da camarata, a mulher do médico estranhou o silêncio, um silêncio que pare-
cia estar a ocupar o espaço de uma ausência, como se a luminosidade, toda ela, tivesse desaparecido,
deixando apenas um soldado a guardá-la, a ela e a um resto de homens e de mulheres que a não po-
diam ver (SARAMAGO, 2004, p. 154, grifos nossos).
Exemplificando:
a) Nós nos ferimos, ao disputarmos a final do campeonato. (eu o feri e ele me feriu).
b) Eles se abraçaram (mais de uma pessoa praticou a ação de abraçar e recebeu abraço).
Observação:
Precisamos ficar atentos ao analisar “o que (quê)”.
II) Em,
a) Não ouvi o que você disse,
• o → pronome substantivo demonstrativo e objeto direto de “ouvi”;
• que → pronome relativo, conectivo e objeto direto de “disse”.
b) “Eu não sei onde estou nem o que sonho” (PESSOA, 2011c, grifos nossos).
• Eu não sei [onde estou] nem (sei) o [que sonho];
• o → pronome substantivo demonstrativo e objeto direto de “sei” (elíptico);
• que → pronome relativo, conectivo e objeto direto de “sonho”.
c) “Sabe acaso alguém o que é certo ou justo?” (PESSOA, 2011d, grifos nossos).
• Sabe acaso alguém o [que é certo ou justo?];
• o → pronome substantivo demonstrativo e objeto direto de “sabe”;
• que → pronome relativo, conectivo e sujeito de “é”.
Objeto indireto
Objeto indireto é o complemento preposicionado de verbos transitivos indiretos e transiti-
vos diretos e indiretos. As principais preposições que o adjungem ao verbo são: a, para, de, com,
em etc. A preposição não aparece, quando o objeto indireto é pronome pessoal átono (Isso me
agrada → Isso agrada a mim).
A maioria dos objetos indiretos pode ser substituída por lhe(s); alguns, por preposição +
ele(a/s). Rocha Lima (1982, p. 221) chama a esses últimos de “complemento relativo”.
a) Emprestei o carro a Pedro → Emprestei-lhe o carro.
b) Gosto de Maria → Gosto dela (de + ela).
O objeto indireto pode expressar:
• o ser para o qual se dirige a ação:
Referimos aos alunos presentes.
• a quem se destina o objeto direto:
4) pronome relativo:
a) O quadro a que me referi é de Portinari.
5) palavra substantivada:
a) Dependemos de um sim.
b) Ah, como esta hora é velha!...E todas as naus partiram!
Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam
Do Longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram
Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam...
(PESSOA, 2011e, grifos nossos).
6) numeral:
"Rubião gostava de ambos, mas diferentemente; não era só a idade que o ligava mais ao Freitas, era
também a índole deste homem” (ASSIS, 2011e, grifos nossos).
7) oração subordinada substantiva objetiva indireta:
Opuseram-se [a que abandonassem o cavalo].
Observação:
O núcleo do objeto direto e do objeto indireto é sempre constituído por um substantivo ou palavra
equivalente a substantivo.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Veja como está seu aprendizado resolvendo os exercícios.
1) (PUC) “O homem está imerso num mundo ao qual percebe ...” A expressão grifada é:
a) objeto direto preposicionado
b) objeto indireto
c) adjunto adverbial
d) agente da passiva
e) adjunto adnominal
2) (PUC) Em: “Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda”, as expressões sublinhadas são:
a) complemento nominal - objeto direto
b) predicativo do objeto - objeto direto
c) objeto indireto - complemento nominal
d) objeto indireto - objeto indireto
e) complemento nominal - objeto direto preposicionado
3) (FUVEST) No texto: “Acho-me tranquilo - sem desejos, sem esperanças. Não me preocupa o futuro”, os termos
destacados são, respectivamente:
a) predicativo, objeto direto, sujeito
b) predicativo, sujeito, objeto direto
c) adjunto adnominal, objeto direto, objeto indireto
d) predicativo, objeto direto, objeto indireto
e) adjunto adnominal, objeto indireto, objeto direto
4) (UF-UBERLÂNDIA) “Ele observou-a e achou aquele gesto feio, grosseiro, masculinizado.” Os termos sublinhados
são:
a) predicativos do objeto
b) predicativos do sujeito
c) adjuntos adnominais
d) objetos diretos
e) adjuntos adverbiais de modo
5) (MACK) Nas frases abaixo, o pronome oblíquo está corretamente classificado, exceto em:
a) “Fugia-lhe é certo, metia o papel no bolso ...” (objeto indireto)
b) “... ou pedir-me à noite a bênção do costume” (objeto indireto)
c) “Todas essas ações eram repulsivas: eu tolerava-as ...” (objeto direto)
d) “... que vivia mais perto de mim que ninguém” (objeto indireto)
e) “... eu jurava matá-los a ambos ...” (objeto direto)
Complemento adverbial
Complemento adverbial é o termo que completa a predicação de um verbo transitivo ad-
verbial.
Como dissemos alhures, os verbos transitivos adverbiais são, geralmente, de movimento
ou situação (chegar, ir, partir, seguir, vir, voltar, morar, comportar-se etc.).
O complemento adverbial é expresso por um advérbio, locução ou expressão adverbial,
oração subordinada adverbial.
Observe.
• advérbio:
Irei aí.
O verbo “ir” não tem predicação completa por si mesmo. Eis o porquê de ele ser transi-
tivo, isto é, pedir um complemento. No caso em tela, um complemento adverbial (“aí”).
• locução adverbial:
Venho de casa.
• oração subordinada adverbial:
Fique [onde está].
Agente da passiva
Para que o assunto não se torne repetitivo, deixaremos de ver, aqui, agente da passiva,
porque foi estudado, detalhadamente, em verbos. Solicitamos, pois, que volte ao material em
que tratamos de verbos e reveja vozes verbais.
Prossigamos nossos estudos com os termos acessórios da oração.
Adjunto adnominal
A qualquer função sintática, que possa ter como núcleo um substantivo, pode juntar-se
um termo (ou uma locução) que tem valor adjetivo, que lhe delimita, qualifica ou caracteriza o
sentido geral. É o adjunto adnominal. Sua ausência não implica prejuízo lógico ou semântico à
oração.
O adjunto adnominal pode ser constituído por:
a) adjetivo: olhos negros;
b) locução adjetiva: olhos de gato;
c) artigo: os olhos;
d) pronome adjetivo:
• pronome possessivo: teus olhos;
• pronome demonstrativo: esses olhos;
• pronome indefinido: tais olhos;
• pronome interrogativo: que olhos?;
• pronome relativo (cujo e flexões): [...] olhos cuja cor apreciamos.
e) numeral adjetivo: dois olhos;
f) oração adjetiva: [...] olhos [que atraem].
Muitas vezes, há dificuldade de diferençar o complemento nominal do adjunto adnomi-
nal. Para minimizar essa dificuldade, apresentamos-lhe algumas características que podem ser
confrontadas entre eles.
2) O adjunto adnominal é “agente” de nome de ação, por sua vez, o complemento no-
minal é “paciente”.
Veja.
a) Os gestos dos transeuntes assustaram Lucas.
• gestos → substantivo abstrato;
• gestos → ação;
• transeuntes → agentes (os que praticam a ação): adjunto adnominal.
b) Houve uma manifestação pela paz.
• manifestação → substantivo abstrato;
• manifestação → ação;
• pela paz → paciente (alvo/objetivo): complemento nominal.
distribuir:
• alguma coisa → objeto direto;
• a alguém → objeto indireto.
João distribuiu agasalhos aos desabrigados.
↓ ↓
objeto direto objeto indireto
O nome “distribuição” pede, também, dois complementos.
A distribuição de agasalhos aos desabrigados.
A distribuição [de agasalhos] [aos desabrigados].
↓ ↓
compl. nominal compl. nominal
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 65
Adjunto adverbial
Os adjuntos adverbiais acrescentam circunstâncias a verbos, ou intensificam a ideia neles
contida.
Eles podem ser constituídos por:
• advérbio:
Escrever-lhe-ei logo.
• locução adverbial:
Chegamos a casa de madrugada.
Quanto à classificação, o adjunto adverbial poder ser de:
1) acréscimo: Além da medalha, ganhou vários prêmios.
2) assunto: Falavam de gramática.
3) causa: Morriam à míngua.
4) companhia: Sairei contigo.
5) comparação: Ele falava como um inspirado.
6) concessão: Apesar de seus esforços não conseguia progredir.
Esperamos que lhe tenha ficado clara a diferença entre complemento adverbial de adjun-
to adverbial.
Tendo terminado mais uma seção, passemos a exercícios.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1) (MACK) Na frase “Fugia-lhe, é certo, metia o papel no bolso, corria a casa, fechava-se, não abria as vidraças,
chegava a fechar os olhos”, são adjuntos adverbiais:
a) no bolso - a casa - não
b) no bolso - não
c) certo - no bolso - a casa - se - não
d) lhe - certo - no bolso - a casa - se - não
e) certo - no bolso - a casa - não - a fechar
2) (FTM-ARACAJU) Das expressões sublinhadas abaixo, com as idéias de tempo ou lugar, a única que tem a função
sintática do adjunto adverbial é:
a) “Já ouvi os poetas de Aracaju”
b) “atravessar os subúrbios escuros e sujos”
c) “passar a noite de inverno debaixo da ponte”
d) “Queria agora caminhar com os ladrões pela noite”
e) “sentindo no coração as pancadas dos pés das mulheres da noite”
3) (FMU) Observe os termos sublinhados na passagem: “O rio vai às margens. Vem com força de açude arromba-
do.” Os termos sublinhados são, respectivamente:
a) predicativo do sujeito e adjunto adnominal de modo
b) adjunto adverbial de modo e adjunto adnominal
c) adjunto adverbial de lugar e adjunto adverbial de modo
d) adjunto adverbial de modo e objeto indireto
e) adjunto adverbial de lugar e complemento nominal
4) (CESCEA) Aponte a alternativa em que ocorre o adjunto adverbial de causa:
a) Comprou livros com dinheiro.
b) O poço secou com o calor.
c) Estou sem amigos.
d) Vou ao Rio.
e) Pedro é efetivamente bom.
Veja o quanto você acertou.
1) B
2) D
3) E
4) B
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c) Nos caminhos sinuosos das ilusões sem fim, construímos castelos de sonhos coloridos.
• Nos caminhos sinuosos das ilusões sem fim → adjunto adverbial de lugar;
• sinuosos das ilusões sem fim → adjuntos adnominais (de caminhos);
• nós → sujeito simples elíptico;
• construímos castelos de sonhos coloridos → predicado verbal;
• construímos → núcleo do predicado – verbo transitivo direto;
• castelos de sonhos coloridos → complemento verbal – objeto direto;
• castelos → núcleo do objeto direto;
• de sonhos coloridos → adjuntos adnominais (de castelos).
Agora, faça a análise deste período e veja o quanto acertará.
Um poema é a projeção de uma ideia em palavras, através da emoção.
Confira sua análise.
a) Um poema é a projeção de uma ideia em palavras, através da emoção.
• Um poema → sujeito simples;
• um → adjunto adnominal;
• poema → núcleo do sujeito;
• é a projeção de uma ideia em palavras, através da emoção → predicado nominal;
• é → verbo de ligação;
• a projeção de uma ideia em palavras, através da emoção → predicativo;
• a → adjunto adnominal;
• projeção → núcleo do predicativo;
• de uma ideia → complemento nominal;
• em palavras → adjunto adverbial de modo;
• através da emoção → adjunto adverbial de meio.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 69
Esperamos que tenha tido 100% de acertos. Caso isso não tenha acontecido, observe bem
a análise que lhe apresentamos e reflita. Você estudou a teoria, a reflexão será muito importan-
te na interiorização dela.
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Passemos ao estudo de outro termo acessório.
Aposto
Aposto é uma palavra ou expressão que serve para “apelidar” ou explicar um termo cha-
mado “fundamental”.
O aposto é o mesmo que é o fundamental (termo a que se apõe). O aposto explica, iden-
tifica, detalha um termo da oração. Há identidade entre eles. A identidade deve ser até em
categoria gramatical.
Veja.
a) Deus, Arquiteto do Universo, é onipotente.
• Deus → sujeito;
• Deus = Arquiteto do Universo;
• Arquiteto do Universo → aposto.
b) O menino, feliz da vida, caminhava pela estrada.
• O menino → sujeito;
• feliz da vida → adjunto adverbial de modo.
• menino ≠ feliz da vida;
• feliz da vida → não é aposto.
O adjetivo só pode ser aposto quando substantivado. O adjetivo do exemplo (feliz), como
adjetivo, não designa o fundamental (menino), mas uma característica do modo de ele cami-
nhar.
Observe.
a) Tadeu, pedinte, percorria as ruas da capital.
pedinte → aposto (adjetivo substantivado).
Observação:
O aposto explicativo e o enumerativo podem vir precedidos das locuções como: isto é, a saber, por
exemplo etc.
Observe.
Compraram os móveis, isto é, duas camas, uma mesa e seis cadeiras.
Segundo Cunha e Cintra (1985, p. 152-154), “o aposto tem o mesmo valor sintático do
termo a que se refere.”
1) Aposto no sujeito:
“Nós já tínhamos imaginado, mamãe e eu, fazer uma grande peregrinação” (GRAÇA
ARANHA, 2011, grifos nossos).
2) Aposto no predicativo:
“Ele era o famoso Ricardão, o homem das beiras do Verde Pequeno” (GUIMARÃES
ROSA, 2011, grifos nossos).
8) Aposto no aposto.
“Os primeiros foram os Vilelas, família composta de Justiniano Vilela, chefe de seção
aposentado, D. Margarida, sua esposa, e D. Augusta, sobrinha de ambos”(MACHADO
DE ASSIS, 2011, grifos nossos).
9) Aposto no vocativo:
“Peri, guerreiro livre, tu és meu escravo; tu me seguirás por toda parte, como a estrela
grande acompanha o dia” (ALENCAR, 2011, grifos nossos).
Vocativo
O vocativo (do latim “vocare” = chamar) serve para invocar, evocar ou chamar (normal-
mente, invoca-se seres inanimados, espíritos, demônios e evoca-se, chama-se pessoa e ani-
mais). Vem sempre isolado por vírgulas.
Ele pode ou não vir precedido de interjeições, entre elas: eh! olé! ola! ó.
Observe os exemplos seguintes.
a) “De vós me aparto, ó vida!” (CAMÕES, 2011, grifos nossos).
b) “Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! (CASTRO ALVES, 2011, grifos nossos).
c) “E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava
Dizia prudente: - Meninos, eu vi.” (GONÇALVES DIAS, 2011, grifo nosso).
d) “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” (CASTRO ALVES, 2011, grifos nossos).
e) “Cautelosamente, com a ponteira do guarda-chuva, Silvério empurrou a porta, cha-
mando:
- Eh! tia Maria... Olá, rapariga!” (EÇA DE QUEIRÓS, 2011, grifos nossos).
O vocativo não pertence à estrutura da frase, é um elemento solto, devendo ser considerado
à parte.
No caso de vocativo + verbo no imperativo, o sujeito da oração é a pessoa do verbo.
Atente-se à exemplificação.
a) Deus, ajudai-me!
Deus, (vós) ajudai-me!
↓ ↓ ↓
vocativo sujeito objeto direto
b) “Criança, ame com fé e orgulho a terra em que nasceste” (BILAC, 2011, grifo nosso).
Criança, ame (tu) com fé e orgulho a terra em que (tu) nasceste.
↓ ↓
vocativo sujeito
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Faça os exercícios seguintes e confira suas respostas.
1) (FMU) Em “Eu era enfim, senhores, uma graça de alienado.”, os termos da oração grifados são respectivamente,
do ponto de vista sintático:
a) adjunto adnominal, vocativo, predicativo do sujeito
b) adjunto adverbial, aposto, predicativo do objeto
c) adjunto adverbial, vocativo, predicativo do sujeito
d) adjunto adverbial, vocativo, objeto direto
e) adjunto adnominal, aposto, predicativo do sujeito
2) (BB) “Ande ligeiro, Pedro”.
a) sujeito
b) objeto direto
c) vocativo
d) aposto
e) adjunto
3) (UNESP) – “Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição da família, célula da sociedade.” O
trecho destacado é:
a) complemento nominal.
b) vocativo.
c) agente da passiva.
d) objeto direto.
e) aposto.
Veja se suas respostas estão certas.
1) C
2) C
3) E
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Observações:
1) distribuir é verbo transitivo direto e indireto, portanto, pede dois complementos;
2) distribuição, nome deverbal, como o verbo, pede dois complementos.
Chegamos ao final da teoria desta unidade. Esperamos que você tenha aumentado seu
cabedal de conhecimentos. Isso você poderá verificar agora.
Para trabalharmos análise sintática, a frase descontextualizada não é ideal. Devemos tra-
balhar com textos. Nesta unidade, as exemplificações e exercícios foram com frases descontex-
tualizadas, porque, por questão de espaço, não podemos nos alongar.
Entretanto, não poderíamos deixar também de analisar textos. Assim, nos exercícios se-
guintes de autoavaliação, você encontrará análise de orações contextualizadas e descontextua-
lizadas.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
(FGV) Texto para as questões 1 a 5:
“Não faças a outrem o que não queres que te façam.”
11. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da primeira unidade do estudo de sintaxe. Tivemos a oportunidade de
estudar conceitos de frase, oração e período e as funções sintáticas dos termos essenciais, inte-
grantes e acessórios da oração.
Na próxima unidade, daremos atenção à classificação das orações coordenadas. Realizare-
mos o estudo do assunto abordado, na medida do possível, de forma contextualizada.
Para aprofundar seus estudos sobre os tópicos abordados nesta unidade, sugerimos a
pesquisa, pois não foi nossa intenção exaurir o que abordamos.
13. E-REFERÊNCIAS
ALENCAR, José. O garatuja. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/jose-de-alencar/garatuja.php>. Acesso
em: 7 jan. 2011.
BILAC, Olavo. Disponível em: <http://josaltiplano.blogspot.com/2009_05_01_archive.html>. Acesso em: 8 jan. 2011.
Camilo. O romance d’um rapaz pobre. Lisboa: Parceria Antonio Maria Pereira, 1907. Disponível em: <http://www.archive.org/
stream/oromancedumrapaz00feuiuoft#page/2/mode/2up>. Acesso em: 4 jul. 2012.
CAMÕES. Disponível em: <http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=4125&cat=Reda%E7%E3o&vinda=S>.
Acesso em: 8 jan. 2011a.
CAMÕES. Disponível em: <http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/show_news.asp?n=269&ed=11>. Acesso em: 13
jan. 2011b.
CAMPOS, Álvaro de. Disponível em: <http://oficiodeescrever.blogspot.com/2009/11/aproveitar-o-tempo.html>. Acesso em: 13
jan. 2011.
CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de perdição. Disponível em: < http://www.culturabrasil.pro.br/amordeperdicao.htm>. Acesso
em: 7 jan. 2011.
CASTRO ALVES, Navio Negreiro. Disponível em: <http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/usp/primeiro_trimestre/textos/
literatura/castro_alves/negreiro/navionegreiro_texto.html>. Acesso em: 7 jan. 2011.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11201>. Acesso em: 7 jan.
2011.
© U1 - Classificação dos Elementos Constituintes da Oração 77
1. OBJETIVOS
• Adquirir embasamentos teóricos sobre classificação de orações coordenadas.
• Identificar as conjunções coordenativas e suas particularidades.
• Reconhecer as orações coordenadas no texto.
• Analisar períodos compostos.
• Aplicar a teoria à prática de produção e interpretação de textos.
2. CONTEÚDOS
• Classificação das orações coordenadas.
• Particularidades de algumas conjunções.
• Análise de período composto.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
O objetivo primeiro desta unidade é o estudo da classificação das orações coordenadas,
mas, antes de entrarmos no assunto proposto, vamos analisar um texto?
O leão fugido––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O leão fugido do circo vinha correndo pela rua quando viu um senhor à sua frente. Caminhou pé ante pé, bateu deli-
cadamente nas costas do senhor e disse: “Cavalheiro, tenha cuidado e, muita calma: disseram que um macaco fugiu
do circo agora mesmo.” O cavalheiro, ouvindo o aviso, voltou-se, viu o leão e morreu de um ataque do coração. O
leão então murmurou tristemente: “Não adianta nada. É tal a nossa fama de ferocidade que matamos mesmo quando
queremos agir em favor do próximo”.
Moral: A quem nasce feroz não importa o tom de voz (MILLÔR FERMANDES, 2011).
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Temos aí um texto.
O que é um texto?
Há muitas maneiras de responder a essa pergunta: texto é a totalidade de expressões lin-
guísticas de um ou vários indivíduos em uma determinada situação. É um conjunto de orações
relacionadas entre si de maneira coesa. Sem a coesão, tem-se apenas um conjunto desarticula-
do de orações. O significado global de um texto não é o resultado da soma de suas partes, mas
uma combinação delas que gera um sentido.
Um texto sempre se refere a um tema e seus componentes mantêm-se unidos por esse
"fio temático". É a coerência textual.
Dissemos que a história do leão fugido é um texto, porque podemos notar que possui um
fio temático, ou seja, seus componentes são unidos por um tema.
Além disso, o texto foi tecido por orações relacionadas entre si de maneira coesa. As ora-
ções não são apenas justapostas de maneira desarticulada. Há vínculo entre as orações, princi-
palmente quando uma depende da outra.
Vamos reler o texto tentando perceber a forma como foi tecido, como uma oração rela-
ciona-se com outra.
O leão fugido do circo vinha correndo pela rua quando viu um senhor à sua frente.
Se tomarmos apenas a oração "O leão vinha correndo pela rua", percebemos que ela so-
zinha comunica, mas, ao juntar-se com outras orações, a comunicação fica mais esclarecedora.
Observe.
Primeiramente, "fugido do circo" especifica o leão, portanto não é um leão qualquer, a
história restringe-se ao leão "que fugira do circo". Depois, notamos um fato novo, "quando viu
um senhor à sua frente."
Este fato novo tem relação de tempo com o anterior, esta relação é expressa pela palavra
"quando". Quando o leão viu um senhor à sua frente?
O leão vinha correndo pela rua / quando viu um senhor à sua frente.
O leão viu um senhor à sua frente / quando vinha correndo pela rua.
Prossigamos.
Caminhou pé ante pé, bateu delicadamente nas costas do senhor e disse: "Cavalheiro,
tenha cuidado e, muita calma: disseram que um macaco fugiu do circo agora mesmo."
© U2 - Orações Coordenadas 81
Observe: que matamos é o efeito do que foi manifestado na oração anterior: é tal a nos-
sa fama de ferocidade.
Por esta análise é possível perceber que algumas orações são dependentes, outras são
independentes, mas, no texto, as orações são relacionadas entre si de maneira coesa. A combi-
nação delas gera um sentido, o significado global do texto. Por esta razão, voltamos a afirmar, o
texto não é um conjunto desarticulado de orações.
Cremos que já podemos passar ao estudo dos diversos relacionamentos, combinações
de orações. Esses relacionamentos serão vistos nas diversas unidades desta etapa de Língua
Portuguesa.
Assindéticas
São orações em que há assíndeto, ou ausência de conjunção coordenativa entre as frases.
As orações são dispostas lado a lado, separadas por vírgula. Observe.
b) “A treva chega de repente, entra pelas janelas, vence a luz da lâmpada." (RAMOS,
2011).
Se isolarmos as orações, poderemos perceber que cada uma tem sentido próprio.
© U2 - Orações Coordenadas 83
c) “Grita, sacode a cabeleira negra, agita os braços, pára, olha, ri.” (VERÍSSIMO, 2011).
[Grita,] [sacode a cabeleira negra,] [agita os braços,] [pára,] [olha,] [ri.]
Sindéticas
São as orações coordenadas vinculadas por síndeto, ou conjunção coordenativa.
Exemplificando.
a) “bateu-me o vento na boca, e depois no teu ouvido.” (MEIRELES, 2011a).
[bateu-me o vento na boca,] [e depois no teu ouvido].
1 2
1) bateu-me o vento na boca = oração coordenada assindética.
2) e depois [bateu] no teu ouvido = oração coordenada sindética aditiva.
Período composto por coordenação, contendo duas orações.
Aditivas
As orações coordenadas sindéticas aditivas estabelecem uma relação de soma, expressam
ligação ou adição de afirmações. Entre elas, há um relacionamento de pensamentos similares.
Muitas vezes, são chamadas copulativas. São iniciadas por conjunção coordenativa aditiva ou
por uma locução conjuncional coordenativa aditiva.
São conjunções (e/ou locuções conjuncionais) coordenativas aditivas: e (une duas afirma-
ções), nem (= e não – une duas negações), mas (precedido de "não só"), mas ainda (precedido
de "não somente"), mas também, (precedido de "não só"), como também (precedido de "não
só").
Ilustremos.
Não quero favores, nem compaixão.
[Não quero favores,] [nem compaixão.]
1 2
1) (Eu) não quero favores = oração coordenada assindética.
2) nem compaixão (e eu não quero compaixão) = oração coordenada sindética aditiva.
Período composto por coordenação contendo duas orações.
Observe o excerto de Antigamente, de Carlos Drummond de Andrade. Nele você poderá
perceber como uma ideia é aditada a outra.
[...]
Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na
botija, contavam tudo tintim-por-tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu
as botas. Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam
onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer qui-
tanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre "um cabrito", não tivesse
catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades
"de baixo", ou seja, do Rio de Janeiro. Ele vinha dar uma prosa e deixar de presente ao dono da casa um
canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro.
Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes. [...](NCE/UFRJ, 2011,
grifos nossos).
Adversativas
As orações coordenadas sindéticas adversativas exprimem uma oposição, contraste, ideia
contrária à da outra oração, geralmente, a oração que a antecedente. Elas relacionam pensa-
mentos contrastantes. Estabelecem uma oposição ao que foi afirmado na oração anterior. São
iniciadas por conjunção coordenativa adversativa ou por uma locução conjuncional coordenati-
va adversativa.
São conjunções (e/ou locuções conjuncionais) coordenativas adversativas: mas, porém,
todavia, contudo, entretanto, no entanto (marca uma concessão mais branda, atenuada).
Exemplificando.
“Os paisanos das ricas terras brigavam, mas os mercadores sempre se entendiam.” (LOPES
NETO, 2011).
[Os paisanos das duas terras brigavam,] [mas os mercadores sempre se entendiam...]
1 2
1) Os paisanos das duas terras brigavam = oração coordenada assindética.
2) mas os mercadores sempre se entendiam = oração coordenada sindética adversativa.
Período composto por coordenação contendo duas orações.
© U2 - Orações Coordenadas 85
Nos exemplos extraídos dos periódicos, independentemente dos títulos, podemos perce-
ber a valorização diferente de fatos pelo uso da conjunção adversativa.
Compare.
Eles confirmaram a existência de "alterações nos movimentos intestinais” de Tancredo, ou seja, proble-
mas com a acumulação de gases, mas garantiram que o estado geral dele era bom... (O ESTADO DE S.
PAULO, 1985, grifo nosso)
A junta afirmou, [...], que o estado geral do presidente eleito é bom, mas "existem alterações nos mo-
vimentos intestinais, não raramente observados após operações de urgência”. (FOLHA DE S. PAULO,
1985,grifo nosso).
Você notou que a oração que é inserida pelo mas parece ter mais ênfase?
Continuemos nossos estudos, agora com as orações alternativas.
relacionam pensamentos que se excluem. São iniciadas por conjunção coordenativa alternativa
ou por uma locução conjuncional coordenativa alternativa.
São conjunções coordenativas alternativas: ou... ou, ora... ora, quer... quer, já...já, seja...
seja.
Observe.
“Cochicham ou riem, ou falam ao mesmo tempo”(ASSIS, 2011).
[Cochicham] [ou riem,] [ou falam ao mesmo tempo.]
1 2 3
“Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de al-
géia. Ou sonhavam em andar de aeroplano.
(ANDRADE, 2011).
Conclusivas
As orações coordenadas sindéticas conclusivas expressam uma conclusão da ideia contida
em outra oração, geralmente, a anterior. Em outras palavras, elas indicam uma conclusão a par-
tir do conteúdo da primeira oração. Elas relacionam pensamentos de tal forma que a segunda
frase encerra a conclusão da primeira. São iniciadas por conjunção coordenativa conclusiva ou
por uma locução conjuncional coordenativa conclusiva.
São conjunções (e/ou locuções conjuncionais) coordenativas conclusivas: logo, portanto,
consequentemente, por conseguinte, por isso, pois (posposto ao verbo).
Exemplificando.
Ele nunca fora amado, por conseguinte não conhecia carinho.
[Ele nunca fora amado,] [por conseguinte não conhecia carinho.]
1 2
1) Ele nunca fora amado = oração coordenada assindética.
2) por conseguinte não conhecia carinho = oração coordenada sindética conclusiva.
Período composto por coordenação contendo duas orações.
© U2 - Orações Coordenadas 87
Explicativas
As orações coordenadas sindéticas explicativas manifestam uma explicação. Elas relacio-
nam pensamentos em sequência justificativa, de maneira que o segundo enunciado explica a
razão de ser do primeiro. Elas explicam ou justificam o conteúdo da primeira oração. São inicia-
das por conjunção ou locução conjuncional coordenativa explicativa.
São conjunções (e/ou locuções conjuncionais) coordenativas explicativas: porque, que (=
a porque), pois (anteposto ao verbo), pois que, porquanto.
Atente-se ao exemplo seguinte.
Eles não chegaram, porque não ouvi o barulho do carro.
[Eles não chegaram,] [porque não ouvi o barulho do carro.]
1 2
1) Eles não chegaram = oração coordenada assindética.
2) porque não ouvi o barulho do carro = oração coordenada sindética explicativa.
Período composto por coordenação contendo duas orações.
Prossigamos com mais informações.
2) As conjunções adversativas podem ser deslocadas, exceto mas, que é usada somente
no começo de oração.
Ilustremos.
a) Sandra gostou da blusa, todavia não a comprou.
a.1) Sandra gostou da blusa, não a comprou, todavia.
b) Sandra gostou da blusa, entretanto não a comprou.
b.1) Sandra gostou da blusa, não a comprou, entretanto.
Nos exemplos anteriores, percebemos que o deslocamento das conjunções adversativas,
todavia e entretanto, respectivamente, para o final do período não comprometeu o entendi-
mento da mensagem.
Observe agora.
c) Sandra gostou da blusa, mas não a comprou.
c.1) (?) Sandra gostou da blusa, não a comprou, mas.
Percebemos que c.1 é agramatical. Assim, podemos constatar a veracidade da afirmação:
a conjunção coordenativa adversativa mas só pode ser usada no começo de oração.
II. O deslocamento da conjunção pode alterar seu valor.
Exemplificando.
1) A conjunção “pois” pode ter valor explicativo, quando estiver no início da oração.
Antônio aceitou a proposta, pois ela era vantajosa. (porque ela era vantajosa)
2) A conjunção “pois” pode ter valor conclusivo, quando deslocada do início da oração.
Antônio aceitou a proposta, ela, pois, era vantajosa. (portanto ela era vantajosa)
Esperamos que você tenha entendido o que expusemos, contudo, se houver alguma dúvi-
da, estamos à sua disposição para dirimi-la.
Passemos à análise de períodos compostos por coordenação.
© U2 - Orações Coordenadas 89
Observação:
Nesse período, o que vem depois de um verbo no imperativo, portanto é conjunção coordenativa
explicativa.
Observação:
Nesse período, o que vem depois de um verbo no imperativo, portanto é conjunção coordenativa
explicativa.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
4) ( ) Encontrei à porta da escola os meninos em alvoroço, e alguém nos guiou a uma casa distante.
1) 5
2) 2
3) 1
4) 1
5) 2
6) 2
7) 3
8) 3
9) 5
10) 2
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
8. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, vimos a classificação das orações coordenadas, particularidades de algu-
mas conjunções e fizemos análise de alguns períodos compostos.
Esperamos que você tenha compreendido os conteúdos abordados e que os amplie pes-
quisando.
© U2 - Orações Coordenadas 93
9. E-REFERÊNCIAS
ANDRADE, Carlos Drumonnd de. Antigamente. Disponível em: <http://intervox.ufrj.br/~jobis/carlos.htm>. Acesso em: 20 jan.
2011.
ASSIS, Machado de. O diplomático. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000256.pdf>.
Acesso em: 20 jan. 2011.
LOPES NETO, João Simões. Contrabandista. Disponível em: <http://www.quemtemsedevenha.com.br/contrabandista.htm>.
Acesso em: 20 jan. 2011.
MEIRELES, Cecília, Canção I. Disponível em: <http://www.visionvox.com.br/biblioteca/p/poesias.txt>. Acesso em: 20 jan. 2011a.
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Independência. Disponível em: <http://www.aulanaweb.com.br/conteudo/vestibular/ufrgs/
romanceiro_inconfidencia.htm>. Acesso em: 20 jan. 2011b.
MILLÔR FERMANDES. Novas fábulas fabulosas. Disponível em: <http://seresemitos.blogspot.com/2009/01/o-leo-fugido.html>.
Acesso em: 20 jan. 2011.
RAMOS, Graciliano. O relógio do hospital. Disponível em: <http://singrandohorizontes.wordpress.com/2008/11/page/2/>.
Acesso em: 20 jan. 2011.
VERÍSSIMO, Érico. Clarissa. Disponível em: <http://bibliolatras.blogspot.com/2010/08/clarissa.html>. Acesso em: 20 jan. 2011.
1. OBJETIVOS
• Adquirir embasamentos teóricos sobre classificação de orações subordinadas.
• Identificar as conjunções subordinativas e suas particularidades.
• Reconhecer as orações subordinadas no texto.
• Analisar períodos compostos.
• Aplicar a teoria à prática de produção e interpretação de textos.
2. CONTEÚDOS
• Classificação das orações subordinadas adverbiais.
• Classificação das orações subordinadas adjetivas.
• Funções sintáticas do pronome relativo.
• Classificação das orações subordinadas substantivas.
• Análise morfossintática do conectivo.
• Casos dignos de nota.
1) Não pretendemos esgotar os assuntos tratados neste material, portanto não deixe de
ler as obras citadas e constantes na bibliografia.
2) Não deixe de pesquisar os assuntos tratados em todas as fontes que lhe são disponí-
veis.
3) Em pesquisa na Internet, certifique-se da “confiabilidade” do site.
4) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser interessante conhecer um pouco
da biografia do gramático, cujo pensamento norteia o estudo desta unidade. Para sa-
ber mais, acesse o site indicado.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, estudamos a classificação das orações coordenadas. Nesta unidade,
teremos a oportunidade de conhecer a classificação das orações subordinadas.
Vejamos um texto introdutório. Ele servirá de "aquecimento" ao que propomos.
Prosseguindo na análise, podemos observar, ainda, que os investimentos têm uma finali-
dade (que não é somente a produção de mel): para aumentar a produtividade, principalmente
das culturas de grãos e frutas. Mais uma vez, uma oração subordinada, ou seja, oração que
completa o sentido de outra. No caso em estudo, a finalidade dos grandes investimentos das
“secretarias estaduais de agricultura, institutos de pesquisa agrícola e empresas privadas de
todo o país”.
Feitas essas observações sobre a tecedura do excerto da reportagem, podemos passar
para a teoria, porque você, ao ler o que for exposto daqui para frente, poderá perceber relações
que comentamos na análise do texto.
Na análise, empregamos a palavra subordinada. Acreditamos que você sabe o seu signifi-
cado, entretanto, a título de reforço, dizemos que subordinação é o estabelecimento, em ordem
de dependência, do inferior ao superior, ou do que é dominado ao que domina.
Aplicando a definição às orações subordinadas, podemos dizer que elas são dependentes
porque exercem função sintática em outra oração.
Explicando melhor, em um período composto por subordinação, a oração principal pede
uma oração subordinada que a complete. As orações subordinadas exercem, então, função sin-
tática nas orações subordinantes. Assim podemos afirmar que as orações subordinadas são de-
pendentes da oração principal do período.
Para que você entenda melhor o processo de dependência, observe o exemplo seguinte:
"Não sei se disse que isso se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé
de si, para andar atrás dela" (MACHADO DE ASSIS. Contos. 18. ed. São Paulo: Ática, 1994, p. 89).
Façamos uma análise superficial desse período.
[Não sei][se disse] [que isso se passava em casa de uma baronesa,] [que tinha a modista
1 2 3 4
ao pé de si,] [para não andar atrás dela.]
5
1) Não sei
2) se disse
3) que isso se passava em casa de uma baronesa,
4) que tinha a modista ao pé de si,
5) para não andar atrás dela.
f) A quinta oração acrescenta à quarta a ideia de finalidade (de a baronesa ter uma
modista ao pé de si). Ela é introduzida por uma conjunção subordinativa final (para):
Pela ilustração anterior, notamos que o período composto por subordinação contém mais
de uma oração, as quais são, intimamente, relacionadas entre si.
As orações subordinadas subdividem-se em:
• adverbiais
• adjetivas e
• substantivas.
Vejamos, no próximo tópico, cada uma delas.
advérbio
Maria chegou à tarde.
locução adverbial
Maria chegou quando entardecia.
Causais
Funcionam como adjuntos adverbiais de causa (motivo, razão). Dizem respeito ao fato
que determina o acontecimento relatado na oração principal. Ou seja, exprimem causa, motivo,
razão da realização ou não de um fato expresso na oração principal. Elas são introduzidas por
conjunções ou locuções conjuncionais subordinativas adverbiais causais.
© U3 - Orações subordinadas 101
Observe.
Não fiz o exercício, porque não entendi a explicação.
Como não entendi a explicação, não fiz o exercício.
Você se lembra do texto analisado?
Como são poucas as colmeias, a produção [...] vai cair cerca de 30¾. (JORNAL DO BRASIL.
Rio de janeiro. 18 jan. 1988, 1º caderno, p. 5, grifo nosso).
Reescrevendo: a produção vai cair cerca de 30¾, porque as colmeias são poucas.
Ressaltamos que a oração subordinada adverbial causal, quando introduzida por como,
fica, obrigatoriamente, antes da principal.
Confira.
a) Como era surdo, não ouviu o alarme.
a.1) (?) Não ouviu o alarme, como era surdo.
a.2) Não ouviu o alarme, porque era surdo.
Podemos expor mais um tipo de oração subordinada adverbial?
Vejamos as orações subordinadas adverbiais condicionais.
Condicionais
As orações subordinadas adverbiais condicionais funcionam como adjuntos adverbiais de
condição, exprimindo hipótese. Expressam as circunstâncias para a realização ou não da ação do
verbo da oração principal.
Como todas as orações subordinadas, são iniciadas por conjunção ou locução conjuncional
subordinativa adverbial condicional. As principais conjunções (e/ou locuções conjuncionais)
subordinativas adverbiais condicionais são: se (= caso), caso, contanto que, desde que, a menos
que, salvo, exceto se, dado que, uma vez que, sem que, exceto se...
Voltando ao texto analisado:
Se dispusessem de abelhas em número suficiente para a fecundação (polinização) dos pomares no
período de florada da primavera do ano passado, as empresas agrícolas de Santa Catarina poderiam
produzir até 270 mil toneladas de maçãs na safra de 1988, entre janeiro e março (JORNAL DO BRASIL,
1988, p. 5, grifo nosso).
Concessivas
As orações subordinadas adverbiais concessivas funcionam como adjuntos adverbiais de
concessão. Expressam a possibilidade de uma circunstância ou ideia contrária, que não obsta a
realização do fato manifesto na oração principal. Há uma oposição ao fato da oração principal.
Em outras palavras, há uma expressão concessiva, quando se admite a existência de um obs-
táculo à realização de determinado fato, entretanto, o obstáculo não impede a sua realização.
Há dois momentos na concessão:
• existência de um obstáculo hipotético ou condicional;
• negação da eficácia do obstáculo, chamado opositivo.
A concessão é o oposto da causa, porque dá razão contrária à realização principal. Enquan-
to a oração subordinada adverbial causal expressa o motivo da efetivação do fato declarado
na oração principal, a oração subordinada adverbial concessiva nega a causa, embora não seja
obstáculo suficiente à realização do fato contido na oração principal.
Apesar da oposição entre a oração causal e a concessiva, podemos perceber que somente
a semântica é capaz de distingui-las, quando iniciadas pela conjunção posto que.
Observe.
a) Posto que tenha estudado muito, passou no concurso.
b) Posto que não tenha estudado muito, passou no concurso.
No exemplo a, temos uma oração subordinada adverbial causal – o fato de ter estudado
muito foi a causa da aprovação no concurso, isto é, a aprovação no concurso foi consequência
do estudo. Por outro lado, em b, temos uma oração subordinada adverbial concessiva – o fato
de não ter estudado muito não impediu a aprovação no concurso. Ou seja, não ter estudado
muito não foi obstáculo à realização do fato contido na oração principal (passar no concurso).
As orações subordinadas adverbiais concessivas são iniciadas por conjunções ou por locu-
ções conjuncionais subordinativas adverbiais concessivas.
São as principais conjunções e/ou locuções conjuncionais subordinativas adverbiais con-
cessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, inobstante, não obstante, apesar de que,
se bem que, posto que, em que pese, sem que...
Ilustremos.
a) Os alunos saíram da sala, apesar de não ter terminado a prova.
Os alunos saíram da sala = fato acontecido
apesar de não ter terminado a prova = via de regra, os alunos só saem da sala depois
de terminada a prova. No caso em exame, o não término da prova não impediu a saída
dos alunos.
b) Ele apresentou sua defesa, não obstante fosse inoportuna.
Comentando o exemplo supracitado: a defesa deve ser apresentada na hora certa (opor-
tuna), entretanto a inoportunidade expressa na oração subordinada não impediu que a defesa
fosse apresentada.
A título de complementação, chamamos a atenção para o fato de que tanto a oração su-
bordinada adverbial concessiva, quanto a oração coordenada adversativa exprimem concessão.
No primeiro caso, a objeção é expressa pela oração subordinada concessiva, que equivale a um
advérbio de concessão. No segundo caso, a objeção está na oração coordenada assindética e o
fato a que essa objeção se opõe está contido na oração coordenada sindética adversativa.
Observe os exemplos seguintes.
a) Embora Lucas seja muito perspicaz, ele foi infeliz em sua justificativa.
b) Lucas é muito perspicaz, contudo foi infeliz em sua justificativa.
No exemplo a, a perspicácia de Lucas não impediu que ele fosse infeliz em sua justificativa.
Temos, portanto, uma oração subordinada adverbial concessiva.
No exemplo b, a infelicidade na justificativa contraria as expectativas advindas do que se
afirma na oração assindética.
Agora, mais um tipo de oração subordinada adverbial.
Conformativas
As conformativas funcionam como adjuntos adverbiais de conformidade. Denotam ade-
quação, ou não contradição com o fato expresso na oração principal. Expressam acordo, confor-
midade de um fato com outro.
São as conjunções subordinativas adverbiais conformativas (como, conforme, consoante,
segundo...) que as introduzem.
Exemplificando.
a) Fizemos o trabalho, conforme nos foi determinado.
Fizemos o trabalho = fato acontecido.
conforme nos foi determinado = o fato aconteceu dentro dos parâmetros preestabe-
lecidos.
Kaíto tomou um susto com aquela revelação do velho Tamãi. Arregalou os olhos, quis dizer qualquer
coisa e não conseguiu.
— Você teve pena do Nanaí, está certo, Kaíto — comentou o velho. — Mas, como disse, com coisa
encantada ninguém mexe, principalmente se a pessoa age de má fé. A gente tem que respeitar o mis-
tério. Não adianta querer modificar o que não se conhece. Nanaí foi curioso demais e trapaceiro. E não
respeitou os segredos mais fundos da floresta. Como falei, tudo que existe é a ponta de um mistério
(ASSIS BRASIL, 1985, p. 19-20).
Comparativas
As orações subordinadas adverbiais comparativas funcionam como adjuntos adverbiais
de comparação. Representam o segundo termo da comparação. As orações subordinadas ad-
verbiais comparativas expressam diferenças ou semelhanças do que é contido na oração princi-
pal. Podem aparecer com o verbo elíptico ou subentendido.
São conjunções subordinativas adverbiais comparativas: (mais)... que, (menos)... que,
(tão)... quanto, como, do que, assim como, tal qual...
Observe, no Quadro 1, o esquema dos períodos.
Quadro 1 Esquema dos períodos.
INICIA A ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL
ENCONTRA-SE NA ORAÇÃO ANTERIOR (PRINCIPAL)
COMPARATIVA
mais
[que...
menos
tão [quanto...
tanto [como...
Exemplificando:
a) Carlos era mais inteligente que Saulo.
Carlos era mais inteligente [que Saulo (era inteligente)].
b) Carlos era menos inteligente que Saulo.
Carlos era menos inteligente [que Saulo (era)].
c) Carlos era tão inteligente quanto Saulo.
Carlos era tão inteligente [quanto Saulo (era)].
d) Carlos era tanto inteligente como esperto.
Carlos era tanto inteligente [como (era) esperto].
e) Meu cachorro uiva tal qual um lobo.
[Meu cachorro uiva] [tal qual (uiva) um lobo].
↓ ↓
oração principal oração subordinada adverbial comparativa
f) Aqui neva como na Europa.
Aqui neva] [como (neva) na Europa].
Aqui neva = fato que acontece aqui
como (neva) na Europa = o fato que acontece aqui é similar ao que acontece na Eu-
ropa.
Exemplifiquemos, agora, os tipos de realização das orações subordinadas comparativas.
• Com verbo expresso:
Eles se repelem como se repelem polos opostos.
[Eles se repelem] [como se repelem polos opostos].
↓ ↓
oração principal oração subordinada adverbial comparativa
Consecutivas
As orações subordinada adverbiais consecutivas funcionam como adjuntos adverbiais de
consequência. Dizem respeito ao resultado ou ao efeito da ação manifestada na oração princi-
pal. Ou seja, elas denotam que a consequência se deve ao modo pelo qual é praticada a ação do
verbo da oração principal.
São as conjunções e/ou locuções conjuncionais subordinativas adverbiais consecutivas
que as introduzem no período. Entre elas, podemos citar: que, de modo que, de sorte que, de
maneira que, de forma que, que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho)...
Quadro 2 Esquema dos períodos.
INICIA A ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL
ENCONTRA-SE NA ORAÇÃO ANTERIOR (PRINCIPAL)
CONSECUTIVA
tal
tanto
[que...
tamanho
tão
Confira.
© U3 - Orações subordinadas 107
e) “Tamanho foi o seu enlevo, que não viu chegar a patroa” (LOBATO, 2011).
[Tamanho foi o seu enlevo,] [que não viu chegar a patroa].
↓ ↓
oração principal oração subordinada adverbial consecutiva
Parece que as pessoas recebem tanta informação, especialmente de fora da escola, que
ao fim nada de importante cabe na memória de cada um (LAURIA, 2011, grifos nossos).
Podemos testar juntos nossos conhecimentos?
Leiamos o excerto a seguir e encontremos a oração subordinada adverbial consecutiva e a
principal. Façamos a separação das orações dando-lhes a respectiva classificação.
“A sucuri mergulhou macia, tão sonsa que nem meia borbolha se abriu no espelho azul-
-escuro do lagoão, rente ao barro do fundo, veio vindo, veio vindo, sempre do lado cego do boi,
até o ponto certo do bote. E adeus, boi vermelho-churriado, boi de guia sestroso, carreiro de
estimação!” (PALMÉRIO, 2011).
Veja se sua resposta ficou igual à minha.
[A sucuri mergulhou macia tão sonsa] [que nem meia borbolha se abriu no espelho azul-
-escuro do lagoão...] ↓ ↓
oração principal oração subordinada adverbial consecutiva
Finais
As orações subordinada adverbiais finais funcionam como adjuntos adverbiais de fina-
lidade. As orações subordinadas adverbiais finais indicam o fim, o objetivo ou destinação do
fato enunciado na oração principal. São unidas à oração principal por conjunções e/ou locuções
conjuncionais subordinativas adverbiais finais.
São conjunções e/ou locuções conjuncionais subordinativas adverbiais finais: para que, a
fim de que, porque, para, com a finalidade de...
Observe.
a) A fim de obter um bom resultado, ela se esforçou muito.
[A fim de obter um bom resultado,] [ela se esforçou muito.]
↓ ↓
oração subordinada adverbial final oração principal
Você se lembra do texto que estudamos no início desta unidade? Lá encontramos uma
oração subordinada adverbial final.
[...] hoje as secretarias estaduais de agricultura, institutos de pesquisa agrícola e empresas
privadas de todo o país vêm fazendo grandes investimentos na apicultura (criação de abelhas)
para aumentar a produtividade, principalmente das culturas de grãos e frutas (JORNAL DO BRA-
SIL, 1988, p. 5, grifos nossos).
Façamos juntos uma reflexão.
No excerto seguinte, há três orações subordinadas adverbiais finais. Vamos encontrá-las
e sublinhá-las.
Durante as invasões holandesas, muitas famílias abandonaram suas fazendas e engenhos, a fim de não
caírem nas mãos dos batavos. Aproveitando-se dessa situação, os negros escravos fugiram para as flo-
restas, onde se formaram grandes núcleos de foragidos, chamados quilombos.
[...]
Foram enviadas pelo governo várias expedições para destruir os quilombos. Mas todas foram infrutífe-
ras, inclusive as de Manuel Lopes Galvão e Fernão Carrilho. Durante 50 anos, os habitantes de Palmares
resistiram aos ataques dos brancos.
Resolveu, então, o governo de Pernambuco contratar Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista, para
destruir o reduto dos negros. Depois de três anos de luta à frente de um exército de mil homens, Do-
mingos Jorge Velho conseguiu aniquilar a capital fortificada dos Palmares (SANTOS, 1975, p. 53-54).
Temporais
As orações subordinada adverbiais temporais funcionam como adjuntos adverbiais de
tempo. Expressam circunstância de tempo em que ocorreu o fato relatado na oração principal.
Por ter equivalência a um adjunto adverbial de tempo, poderá exprimir: anterioridade, posterio-
ridade, repetição periódica, simultaneidade, término.
© U3 - Orações subordinadas 109
Proporcionais
As orações subordinadas adverbiais proporcionais funcionam como adjuntos adverbiais
de proporção. Essas orações exprimem relação existente entre dois elementos, de maneira que
a alteração em um deles implica alteração no outro também, isto é, expressam uma relação de
proporcionalidade com o verbo da oração principal.
São as conjunções e/ou locuções conjuncionais subordinativas adverbiais proporcionais
que as unem à oração principal. Entre outras, temos: à proporção que, à medida que, tanto
mais, ao passo que, enquanto, quanto...
Exemplos:
a) As dificuldades diminuíam, à proporção que o dinheiro ia chegando.
[As dificuldades diminuíam,] [à proporção que o dinheiro ia chegando].
↓ ↓
oração principal oração subordinada adverbial proporcional
Modais
Exprimem a função de adjunto adverbial de modo; o modo, a maneira, o meio pelo qual
se dá o fato expresso na oração principal. Via de regra, são orações reduzidas.
Veja:
a) O aluno entrou na sala de aula sem pedir licença.
[O aluno entrou na sala de aula] [sem pedir licença].
1 2
1) O aluno entrou na sala de aula = relata um acontecimento.
2) sem pedir licença = foi o modo como o aluno entrou na sala de aula.
Locativas
As Locativas equivalem a um adjunto adverbial de lugar, são introduzidas pelos advérbios
onde e aonde.
a) Enterraram o tesouro onde ninguém poderia encontrar.
[Enterraram o tesouro] [onde ninguém poderia encontrar].
1 2
1) Enterraram o tesouro => oração principal;
2) onde ninguém poderia encontrar => oração subordinada adverbial locativa.
OBSERVAÇÃO:
Recomendamos que você reveja o uso de onde (com verbos estativos) e aonde (com verbos de
movimento). Você encontrará em Sacconi, 1996, p. 50 ou em qualquer outra gramática.
Em “Luciano age como idiota, para ser notado”, houve a elipse do verbo "agir" na segunda
oração: "Luciano age // como (age) um idiota". Essa é a razão de o período conter três orações,
embora haja apenas dois verbos expressos. Em Estilística, a supressão de palavra referida em
outra oração é considerada "figura de linguagem", é chamada "zeugma".
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Classifique as orações subordinadas adverbiais existentes nos períodos seguintes. Vale
ressaltar que os períodos não são de nossa autoria, foram coletados, a esmo, de diversos autores.
a) Conquanto seu olhar fosse muitas vezes meigo e bom, tinha lampejos sinistros.
b) Essas palavras foram ditas com tal amargura que me comoveram.
c) Possuo uma fortuna redonda que pretendo deixar aos meus dois filhos, se eles forem dignos de mim e da
minha fortuna.
d) A arte está para a psicologia como o instinto para a inteligência.
e) A razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas.
f) Mesmo que ele levasse consigo todo um rebanho de elefantes, eles não chegariam a dar cabo de um único
baobá.
g) O público não se interessa mais pelos seus números, porque o senhor, hoje, é um velho.
h) A galga salva por Tito afeiçoou-se-lhe tanto que nunca mais o deixou.
i) Se tentasse contar-lhes a minha meninice, precisava mentir.
j) Logo que a barca tomou este caminho, Gaspar aproximou-se do desconhecido.
k) Aproxima-te, para que eu te veja melhor.
l) À medida que avançavam, a tarefa se ia tornando mais penosa.
m) Quando me faltavam estas qualidades, a consideração era maior.
n) Com certeza a sala não era vasta, como presumi.
o) De repente o séquito parou para que as virgens avançassem.
p) A saudade crescia consoante a ausência e o desprezo do marido aumentavam.
q) Apenas se viu dentro daquele recinto, ficou imóvel.
OBSERVAÇÃO:
Às vezes, usamos palavras imaginando que são do conhecimento do aluno. Infelizmente, nem sempre
acertamos. Assim, sugerimos que, se você encontrar uma palavra que lhe é desconhecida, procure-a
no dicionário. Isso não só lhe enriquecerá o vocabulário, como também lhe dará oportunidade de
melhorar a interpretação. Não se esqueça, entretanto, de que o significado que você encontra no
dicionário é o denotativo. Se o emprego for conotativo, terá que entender pelo contexto, pela situação,
ambiência em que a palavra foi empregada.
Camelôs
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
Os homenzinhos que jogam box
A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma
Alegria das calçadas
Uns falam pelos cotovelos:
— “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um
pedaço de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o
menino pensará: papai está malu...”
© U3 - Orações subordinadas 113
O poeta inicia o poema rogando bênção ao camelô – em geral – dos brinquedos de tostão,
em seguida, passa a especificar cada um deles.
Veja.
(Abençoado seja) o (= aquele → camelô) que vende balõezinhos de cor
(Abençoado seja o camelô que vende) o macaquinho que trepa no coqueiro
(Abençoado seja o camelô que vende) o cachorrinho que bate com o rabo
(Abençoado seja o camelô que vende) os homenzinhos que jogam box
(Abençoado seja o camelô que vende) a perereca verde que de repente dá um pulo que
engraçado
E (abençoado seja o camelô que vende) as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa
alguma
Observe que em todas as orações encontramos o que (embora não esteja expresso em
todas elas no poema). Este que é um pronome relativo. Como todo pronome, é usado no lugar
de um nome. No trecho em exame, o que corresponde a camelô.
Na oração, o pronome relativo exerce diversas funções:
• conectivo – introduz oração;
• equivale a uma palavra da oração antecedente;
• exerce uma função sintática na oração em que se encontra.
Como devemos, então, entender o que diz Manuel Bandeira?
Voltemos a cada um dos períodos em que encontramos o que, para vermos como inter-
pretá-lo.
O que vende balõezinhos de cor?
(Abençoado seja) o (camelô) que vende balõezinhos de cor.
Este que, além de conectivo, isto é, além de introduzir uma oração, equivale a camelô →
Abençoado seja o (aquele) que vende balõezinhos de cor - camelô foi substituído pelo pronome
demonstrativo o.
Reescrevendo o período:
1) Abençoado seja o camelô [que vende balõezinhos de cor].
Nessa oração, o que (= o camelô) exerce a função sintática de sujeito.
3) (Abençoado seja o camelô que vende) o cachorrinho [que bate com o rabo].
o cachorrinho que bate com o rabo
Funções sintáticas do que:
• conectivo – inicia oração;
• equivale a cachorrinho;
• sujeito de bate com o rabo (o cachorinho bate com o rabo).
5) (Abençoado seja o camelô que vende) a perereca verde que de repente dá um pulo
que engraçado.
a perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
Funções sintáticas do que:
• conectivo – inicia oração;
• equivale a perereca verde;
• sujeito de dá um pulo (a perereca verde de repente dá um pulo);
• que engraçado é um comentário que Manuel Bandeira faz do pulo da perereca. É uma
oração interferente, que será estudada na próxima unidade, mas você poderá anteci-
par seus conhecimentos.
Maria é uma criança risonha => [Maria é uma criança] [que ri.]
↓ ↓ ↓
adjunto oração principal oração subordinada adjetiva
adnominal (corresponde ao adjetivo risonha)
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: as restritivas e as explicativas. Elas são
introduzidas por pronomes relativos: que, o(s) qual (quais), como, quanto(a/s), cujo(a/s), onde,
quem...
Passemos ao estudo delas.
Restritivas
As orações subordinadas adjetivas restritivas são aquelas que delimitam, restringem o
sentido do substantivo ou pronome a que se referem. As restritivas equivalem a adjuntos adno-
minais de um termo da oração principal e não podem ser isoladas por vírgulas, porque se ligam
ao antecedente sem pausa. As orações subordinadas adjetivas restritivas sempre acrescentam
alguma informação ao contido na oração principal. Elas são indispensáveis ao enunciado.
Observe.
a) As meninas que cantavam no parque eram holandesas.
[As meninas [que cantavam no parque] eram holandesas.]
Explicativas
As orações subordinadas adjetivas explicativas servem para esclarecer melhor o sentido
de um substantivo. Elas expõem mais detalhadamente uma característica geral e própria do
antecedente do pronome relativo, ou dão uma informação adicional, mas não trazem novidade,
não acrescentam informação ao conteúdo da oração principal. Elas equivalem a aposto explica-
tivo e são sempre isoladas por vírgulas ou travessões, porque, na fala, ligam-se ao antecedente
por uma pausa, indicada, na escrita, por vírgula.
As orações subordinadas adjetivas explicativas são dispensáveis, ou seja, se elas forem
suprimidas no período, a supressão não causará prejuízo à inteligibilidade.
Confira.
b) Conceição, que era apenas simpática, ficou linda, lindíssima... (ASSIS, 1963, p. 107,
grifos nossos).
c) “O outro, que vinha com ele, era um camarada.” (ROSA, 2011, grifos nossos).
d) Deus, que é justo, perdoa aos pecadores que se arrependem.
Analisemos o período anterior, segundo os passos já expostos em nossos estudos.
[Deus, [que é justo,] perdoa aos pecadores] [que se arrependem].
1 2 3
1) Deus perdoa aos pecadores = oração principal;
2) que é justo = oração subordinada adjetiva explicativa;
3) que se arrependem = oração subordinada adjetiva restritiva.
Tudo que quisemos dizer significa que a classificação da oração também depende do
contexto em que foi empregada. Daí a minha insistência: a oração a ser classificada deve ser
contextualizada.
Continuemos com a teoria.
9. ALGUMAS OBSERVAÇÕES
I) O pronome relativo pode ter como antecedente um pronome pessoal.
Veja.
Eu, que já houvera visto tantas injustiças, não me surpreendi com a sentença.
[Eu, [que já houvera visto tantas injustiças,] não me surpreendi com a sentença.]
1 2
Analisando.
1) Na primeira oração [Eu não me surpreendi com a sentença], temos como sujeito: eu
– pronome pessoal reto.
2) Substituindo o pronome relativo “que” pelo seu antecedente, temos:
Eu já houvera visto tantas injustiças
Percebe-se, pois, que o pronome relativo que tem como antecedente o pronome pes-
soal reto eu.
II) O pronome relativo pode ter como antecedente o pronome demonstrativo o(s).
Exemplificando.
a) Os que já pegaram a senha devem esperar a chamada.
[Os [que já pegaram a senha] devem esperar a chamada.]
1 2
Antecedente do “que” = os → aqueles
Não são todos que devem esperar a chamada. A espera da chamada restringe-se aos
(àqueles) que pegaram a senha.
Restritiva
As pessoas que são doentes necessitam cuidados especiais.
[As pessoas [que são doentes] necessitam cuidados especiais.]
A B
Explicativa
“O pátio, que se desdobrava ante do copiar, era imenso” (RAMOS, 1995, p. 11).
[O pátio, [que se desdobrava ante do copiar,] era imenso.]
A B
V) Dissemos alhures que a oração subordinada adjetiva explicativa deve vir entre vírgu-
las, enquanto a oração subordinada adjetiva restritiva não pode ser isolada por vír-
gulas. Além da pausa, isso se deve, também, ao fato de que a presença (ou não) da
vírgula poder modificar o sentido da mensagem, conforme o ponto de vista do falante.
Confira.
a) Os meninos, que são indisciplinados, são repreendidos.
b) Os meninos que são indisciplinados são repreendidos.
No exemplo a (oração subordinada adjetiva explicativa), entendemos que todos os meni-
nos são indisciplinados, portanto todos são repreendidos. Por outro lado, em b, – oração subor-
dinada adjetiva restritiva – percebemos que nem todos os meninos são indisciplinados; assim
sendo, só são repreendidos os que o são (indisciplinados).
© U3 - Orações subordinadas 121
Voltando ao exemplo.
As pessoas [que são soberbas] e [que são intransigentes] são de difícil diálogo,
Podemos observar que as duas orações subordinadas adjetivas restritivas estão ligadas,
conectadas, pela conjunção coordenativa aditiva e. Infere-se, pois, que essas orações são
coordenadas entre si.
OBSERVAÇÃO
Não podemos dizer que “cujos” sempre exercerá a função sintática de complemento nominal.
Geralmente, considera-se complemento nominal quando completa o sentido de um termo deverbal.
escrever → escritor
Escrever livro
↓ ↓
verbo objeto direto
Contudo, em:
“Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira cheia de uvas maduras, cujos cachos
se penduravam muito alto, em cima de sua cabeça” (Disponível em: <http://educacao.centralblogs.
com.br/post.php?href=fabula+a+raposa+e+a+uva&KEYWORD=17521&POST=3688279>. Acesso
em: 27 jan. 2011, grifo nosso).
cujos exerce a função sintática de adjunto adnominal (cachos da parreira se penduravam muito alto,
em cima de sua cabeça).
f) O leão [pelo qual (por quem) foram atacados] fugira do zoológico.
© U3 - Orações subordinadas 123
1 2
Substituindo o pronome relativo qual/quem pelo seu antecedente, temos: qual/quem =
leão
• Foram atacados pelo leão.
• leão = agente da passiva
• qual (quem) = agente da passiva
g) A cidade [onde nasci] é pequena.
1 2
Substituindo o pronome relativo onde pelo seu antecedente, temos: onde = cidade
• Eu nasci na cidade.
• na cidade = adjunto adverbial de lugar
• onde = adjunto adverbial de lugar
Esperamos que você tenha entendido e apreendido todo o conteúdo desta seção. Faça
uma autoavaliação resolvendo os exercícios e conferindo suas respostas.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nas questões de 1 a 10, classifique as orações adjetivas, de acordo com o seguinte:
1) subordinada adjetiva restritiva;
2) subordinada adjetiva explicativa.
1) ( ) Cruzando a coxilha grande, que atravessa a província de São Pedro, se alonga a Serra do Mar.
6) ( ) A culpa foi desta vida agreste, que medeu uma alma agreste.
1) (2)
1) (1)
2) (2)
3) (1)
4) (1)
5) (2)
6) (2)
7) (1)
8) (2)
9) (2)
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O Cão e a Sombra
Um cão, com um pedaço de carne na boca, atravessava uma ponte sobre uma correnteza. Olhando para
baixo, viu a própria sombra dentro d’água. Pensando que o reflexo era outro cão com um pedaço de
carne na boca, decidiu roubá-lo e, para tanto, abriu as mandíbulas. O pedaço de carne caiu na corren-
teza e lá se foi...
Moral da história: “Quem tudo quer tudo perde”.
(Texto extraído de Fábulas de Esopo. Texto em português de Guilherme Figueiredo. Disponível em:
<http://www.contandohistoria.com/o_cao_e_a_sombra.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011).
A fábula anterior é muito conhecida e cremos que não oferece dificuldade de interpretação.
Vamos, então, analisar sua estrutura, para percebermos como a mensagem foi levada ao
receptor.
Um cão, com um pedaço de carne na boca, atravessava uma ponte sobre uma correnteza.
Temos um período simples, isto é, o período com uma só oração, que, na ordem direta,
fica assim: Um cão atravessava uma ponte sobre uma correnteza com um pedaço de carne na
boca.
OBSERVAÇÃO:
A estrutura básica da oração da Língua Portuguesa é: sujeito + verbo + complemento(s) + adjuntos
adverbiais. Quando um elemento é colocado fora dessa “ordem natural”, ele deve ficar entre vírgulas.
Essa é a razão de “com um pedaço de carne na boca” estar entre vírgulas.
porque pensou // que seu reflexo era outro cão com um pedaço de carne na boca. Esse é
o motivo (causa) que levou o cão à sua decisão.
Oração 1: porque pensou = subordinada adverbial causal
Ao classificar a oração do texto, que é uma reduzida – pensando –, devemos, como já
dissemos, dar a ela a mesma classificação da oração desenvolvida: oração reduzida de gerúndio
(ou gerundiva) subordinada adverbial causal.
Voltemos a:
porque pensou [que seu reflexo era outro cão com um pedaço de carne na boca.]
Sabemos que quem pensa, pensa alguma coisa, ou seja, o verbo pensar, por não ser
semanticamente completo, exige um complemento. No caso em tela, um objeto direto.
O que o cão pensou? O cão pensou que o reflexo era outro cão com um pedaço de carne
na boca. Esta oração é o objeto direto de "pensar".
Oração 2: que seu reflexo era outro cão com um pedaço de carne na boca = subordinada
substantiva objetiva direta.
A Oração 4 – e (o cão) abriu as mandíbulas – é uma adição de informação à oração 3 – O
cão decidiu roubá-lo – .
Veja.
O cão decidiu roubá-lo e (o cão) abriu as mandíbulas.
Como oração que estabelece uma relação de soma, que expressa ligação ou adição de
afirmações, ela é uma oração coordenada aditiva.
Adiante!
Oração 5: para roubar o pedaço de carne (para tanto).
O cão "abriu as mandíbulas" com uma finalidade: roubar o pedaço de carne. Se a oração
denota uma finalidade, é uma subordinada adverbial final.
O pedaço de carne caiu na correnteza e lá se foi...
Este período é constituído de duas orações independentes:
• 1ª Oração: o pedaço de carne caiu na correnteza;
e
• 2ª Oração: lá se foi (o pedaço de carne).
Vemos que uma oração é ligada à outra pela conjunção e. Assim sendo, podemos assim
classificá-las:
• 1ª Oração: o pedaço de carne caiu na correnteza => oração coordenada assindética;
• 2ª Oração: e lá se foi (o pedaço de carne) => oração coordenada aditiva.
Finalizando.
Quem tudo quer tudo perde.
Reescrevendo o período:
[Aquele [que quer tudo] perde tudo].
1 2
© U3 - Orações subordinadas 127
Subjetivas
As orações subordinadas substantivas subjetivas funcionam como sujeito da oração prin-
cipal e vêm, geralmente, pospostas à oração principal.
Observe as seguintes estruturas de períodos.
1) Verbo de ligação (ser, estar, ficar) + predicativo (substantivo ou adjetivo) + oração su-
bordinada substantiva subjetiva:
a) Seria conveniente que você continuasse se exercitando.
Seria conveniente a continuação de seus exercícios.
↓ ↓ ↓
verbo predicativo sujeito
de ligação
c) A permissão é necessária.
↓
sujeito
Gostaríamos de chamar sua atenção para o fato de a voz passiva sintética só ser possível
quando o sujeito da voz ativa é indeterminado, como no exemplo analisado. Por outro lado, a
voz passiva analítica sempre é possível, contanto que o verbo na voz ativa seja transitivo direto.
4) Verbo na voz passiva analítica (ser, estar, ficar + particípio do verbo principal) + oração
subordinada substantiva subjetiva:
© U3 - Orações subordinadas 129
Predicativas
As orações subordinadas substantivas predicativas funcionam como predicativo do sujeito
do verbo de ligação da oração principal. Têm a seguinte estrutura:
Há gramáticos que não aceitam a existência das orações predicativas, tendo-as como sub-
jetivas. As orações subordinadas substantivas predicativas são, entretanto, contempladas na
NGB.
Passaremos às orações subordinadas substantivas objetivas diretas.
Objetivas diretas
Funcionam como objeto direto do verbo da oração principal, portanto, necessariamente,
ele deverá ser transitivo direto.
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas são iniciadas pelas conjunções que
e se; por pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto; pelos advérbios como, quando, onde,
quanto, por que, quão.
O período tem a seguinte estrutura:
Observe.
a) Eu desconheço se você colaborou.
Eu desconheço] [se você colaborou].
↓ ↓
oração oração subordinada substantiva objetiva direta
principal
e a quinta-feira de trabalho para tantos, imaginei que bem poucas pessoas poderiam ir até lá, ou para
presenciar a homenagem a mim prestada ou ouvir a boa música do conjunto de chorões de Tatuí –
Quebrando o Galho. Enganei-me redondamente: o auditório estava cheio, e em sua grande maioria as
presenças eram devidas a laços de amizade, de coleguismo, de parentesco (LAURIA, 2011).
Esperamos que você também tenha sublinhado “imaginei que bem poucas pessoas
poderiam ir até lá”.
Prosseguindo na classificação, mais um tipo de oração.
Objetivas indiretas
As objetivas indiretas funcionam como objeto indireto do verbo da oração principal.
O período tem a seguinte estrutura:
(sujeito) + verbo transitivo indireto + preposição + oração subordinada substantiva
objetiva indireta
Confira.
a) Lembro-me de que você estava bela no baile.
[Lembro-me] [de que você estava bela no baile.]
↓ ↓
oração oração subordinada substantiva objetiva indireta
principal
Lembro-me de sua beleza no baile.
↓
objeto indireto
Completivas nominais
Funcionam como complemento nominal de um termo da oração principal. Completam:
substantivo abstrato, adjetivo, advérbio.
Como dissemos, normalmente, as completivas nominais vêm regidas de preposição, mas
elas podem ser omitidas.
Apositivas
As subordinadas substantivas apositivas funcionam como aposto de um termo da oração
principal, isto é, elas têm a função de explicar, resumir, identificar, desenvolver um termo da
oração anterior. Não importa a função sintática exercida por esse termo.
Via de regra, a oração subordinada substantiva apositiva vem após dois pontos; raramen-
te, entre vírgulas.
A estrutura do período é a seguinte:
Confira.
Agentivas
As orações subordinadas substantivas agentivas não são contempladas pela NGB. Elas fun-
cionam como agente da passiva e são introduzidas por pronomes indefinidos – ou interrogativos
(quem, quantos, qualquer...) precedidos de preposição por ou de. O verbo da oração principal
deve estar na voz passiva.
Observe um exemplo de agente da passiva em um período simples.
Esta pessoa é muito amada por quem?
Esta pessoa é muito amada por quem?
↓ ↓
sujeito paciente agente da passiva
sujeito
pronome
objeto direto
qualquer função objeto indireto
adjunto adnominal
adjunto adverbial
conectivo
advérbio e
adjunto adverbial
• Oração 1: principal
• Oração 2: subordinada substantiva objetiva direta
• se = conjunção subordinativa integrante / conectivo
• Período composto por subordinação.
• Oração 1: principal
• Oração 2: subordinada substantiva objetiva direta
• como = advérbio interrogativo de modo / conectivo / adjunto adverbial de modo
• Período composto por subordinação
OBSERVAÇÃO:
O verbo saber pede um objeto direto, portanto, a oração subordinada substantiva do período é objetiva
direta. A preposição a está estabelecendo uma relação entre o verbo “entregar” e seu objeto indireto
“quem”. O verbo “saber” não rege a preposição a, o verbo empregar rege.
Acredito estarmos aptos à classificação das orações do período a seguir. Façamos juntos.
O rapaz não se defendeu das acusações [porque soubera] [quem eram os homens] [que o denunciaram].
1 2 3 4
1) O rapaz não se defendeu das acusações: oração principal;
2) porque soubera = oração subordinada adverbial causal;
porque = conjunção subordinativa adverbial causal / conectivo;
3) quem eram os homens = oração subordinada substantiva objetiva direta;
quem = pronome substantivo indefinido / conectivo / predicativo do sujeito “ho-
mens”;
4) que o denunciaram = oração subordinada adjetiva restritiva;
que = pronome relativo / conectivo / sujeito de “denunciaram”.
Período composto por subordinação contendo quatro orações.
Há alguns casos que consideramos importante que você os conheça.
Cujo
“Cujo” sempre funciona como adjunto adnominal.
Onde
“Onde” sempre é empregado como adjunto adverbial de lugar, mas quanto à classe de
palavras a que pertence, se não houver antecedente expresso, não é pronome relativo.
a) Não sei [onde ele está].
• onde = advérbio interrogativo de lugar / conectivo / adjunto adverbial de lugar;
• onde ele está: oração subordinada substantiva objetiva direta.
OBSERVAÇÃO:
Na oração principal do exemplo em tela, não há antecedente de “onde”, portanto não se trata de um
pronome relativo.
Como
Merece cuidado ao ser classificado.
Observe.
a) Não entendi como ele fez aquilo.
• como = advérbio interrogativo / conectivo / adjunto adverbial de modo;
• como ele fez aquilo = oração subordinada substantiva objetiva direta.
b) Resolvi tudo como o professor ensinou.
• como = conjunção subordinativa conformativa / conectivo;
• como o professor ensinou = oração subordinada adverbial conformativa.
Classificação do quem
Observe as possibilidades de classificação do quem:
a) Este é meu amigo a quem muito devo.
• quem = pronome relativo / conectivo / objeto indireto;
• a quem muito devo = oração subordinada adjetiva restritiva.
Porque
Há várias possibilidades de classificação do porque.
a) Desvendei todo o mistério porque obtive valiosas informações.
• porque = conjunção subordinativa causal / conectivo;
• porque obtive valiosas informações = oração subordinada adverbial causal.
h) O D é uma consoante.
consoante = substantivo cuja função sintática é de predicativo do sujeito (D)
Teste seus conhecimentos fazendo os exercícios propostos.
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1) EXERCÍCIO 1
Numere os parênteses, de acordo com o seguinte:
1- a oração sublinhada é subordinada substantiva.
2- a oração sublinhada é subordinada adjetiva.
a) ( ) Não tardou que várias reses aparecessem.
b) ( ) Certamente era aquela rês que o dono da voz buscava no meio do gado.
c) ( ) Dizem que é uma alfaiataria decente, de roupas escuras.
d) ( ) Ninguém sabia onde ele trabalhava agora.
e) ( ) De volta João Piolho pediu ou eu servisse de testemunha, porque ia mexer no espólio do amigo.
f) ( ) Por isso diziam que eu era amigo das almas.
g) ( ) Um dia, certo menino chamado Joâo Balaó me garantiu que conversava com o Diabo quem falasse so-
zinho.
h) ( ) Carminha insistiu, gritando, e eu respondi que não a escutava.
i) ( ) No sei quanto tempo passei deste jeito, fora de mim.
j) ( ) Só desejava que qualquer coisa em mim, que eu não sabia bem o que fosse, pudesse provar a Carmínha
e a Deus o meu arrependimento.
2) EXERCÍCIO 2
Classifique as orações sublinhadas, de acordo com o seguinte:
1- oração subordinada substantiva subjetiva;
2- oração subordinada substantiva objetiva direta;
3- oração subordinada substantiva objetiva indireta;
4- oração subordinada substantiva predicativa;
5- oração subordinada substantiva completiva nominal;
6- oração subordinada substantiva apositiva.
Confira suas respostas. Se o número de acertos não foi satisfatório, recomendamos que reveja a teoria constante
neste material e complemente as informações com pesquisas.
Gabarito
1) EXERCÍCIO 1
a) (1)
b) (2)
c) (1)
d) (1)
e) (1)
f) (1)
g) (1)
h) (1)
i) (1)
j) (2)
2) EXERCÍCIO 2
1) ( 1 )
2) ( 2 )
3) ( 2 )
4) ( 5 )
5) ( 5 )
6) ( 1 )
7) ( 1 )
8) ( 3 )
9) ( 4 )
10) ( 3 )
11) ( 4 )
© U3 - Orações subordinadas 143
12) ( 1 )
13) ( 2 )
14) ( 3 )
15) ( 1 )
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
15. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, tivemos noção do que é subordinação de orações e vimos as subordinadas
adverbiais, adjetivas e substantivas.
Nosso objetivo foi ajudá-lo a enriquecer sua bagagem cultural. Assim, esperamos que,
além de apreendido, você tenha aumentado seus horizontes em classificação de orações subor-
dinadas.
Que você não tenha nem resquícios de dúvidas é nosso desejo, mas, caso as tenha, entre
em contato conosco.
Na próxima unidade, veremos orações reduzidas, interferentes e coordenadas entre si.
16. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
ALENCAR, José de. O gaúcho. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/jose-de-alencar/
gaucho-6.php>. Acesso em: 25 jan. 2011.
CAMÕES, Luís de. Os lusíadas. Disponível em: <http://www.uff.br/nepa/antologia-1.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.
CONTANDO HISTORIA. Texto extraído de Fábulas de Esopo. Texto em português de Guilherme Figueiredo. Disponível
em: <http://www.contandohistoria.com/o_cao_e_a_sombra.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011.
EDUCAÇÃO CENTRAL. Disponível em: <http://educacao.centralblogs.com.br/post.php?href=fabula+a+raposa+e+a
+uva&KEYWORD=17521&POST=3688279>. Acesso em: 27 jan. 2011.
LAURIA, Márcio José. Por causa da Medalha, Crônica publicada em 26 mar. 2005. Disponível em: <http://www.
saojoseonline.com.br/lauria/cr260305.htm>. Acesso em: 25 jan. 2011.
LOBATO, Monteiro. Negrinha. Disponível em: <http://www.bancodeescola.com/negrinha.htm>. Acesso em: 25 jan.
2011.
PALMÉRIO, Mário. Vila dos Confins. Disponível em: <http://www.uniube.br/mariopalmerio/literatura/sucuri.php>.
Acesso em: 25 jan. 2011.
ROSA, João Guimarães. Corpo de Baile in Manuelzão e Miguilim. Disponível em: <http://bazaglia.blogspot.
com/2008/12/miguilim-e-luz-de-seus-olhos.html>. Acesso em: 25 jan. 2011.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática: teoria e prática. 20. ed. Revista e atualizada. São Paulo: Atual, 1996.
TREINAMENTO A DISTÂNCIA: lições de língua portuguesa. Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, 1992.
EAD
Orações Reduzidas, Interferentes
e Coordenadas Entre Si
1. OBJETIVOS
• Adquirir embasamentos teóricos sobre classificação de orações reduzidas, interferen-
tes e coordenadas entre si.
• Reconhecer as orações reduzidas, interferentes e coordenadas entre si no texto.
• Adquirir conhecimentos para desenvolver orações reduzidas nos mais diversos contex-
tos.
• Analisar textos diversos.
2. CONTEÚDOS
• Orações reduzidas de infinitivo (ou infinitivas).
• Orações subordinadas reduzidas de gerúndio (ou gerundivas).
• Orações subordinadas reduzidas de particípio (ou participiais).
• Classificação de orações reduzidas.
• Orações interferentes.
• Orações subordinadas e coordenadas entre si.
Tzvetan Todorov
Nascido em Sofia, em 1939, Tzvetan Todorov instala-se em Paris em 1963, fre-
quentando os cursos de Rolands Barthes. Crítico, filósofo, historiador, linguista e
semiólogo, Todorov é um dos mais importantes intelectuais europeus. Publicou
um número considerável de obras traduzidas em vinte e cinco idiomas. Após
completar seus estudos, passando a freqüentar então os cursos de Filosofia da
Linguagem ministrados por Roland Barthes, um dos grandes teóricos do Estru-
turalismo, Todorov foi professor da École Pratique de Hautes Études e na Uni-
versidade de Yale e Diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris
(CNRS).
© U4 - Orações Reduzidas, Interferentes e Coordenadas Entre Si 147
O livro é um clássico entre os historiadores de uma maneira geral. O ponto de partida do autor é no mínimo bastante
interessante: entender a questão do outro, ou seja, como e em que parâmetros estão baseadas as relações de en-
tendimento entre duas culturas completamente diferentes?
Para responder essa pergunta central, o autor toma como exemplo o encontro entre os europeus e os nativos ame-
ricanos desde 1492. Procurando assim analisar a influência cultural entre as duas sociedades e também minimizar a
idéia de que somente os nativos foram aculturados.
Todorov retrata momentos históricos vivenciados por essas sociedades, como por exemplo as dificuldades encon-
tradas por Colombo durante a viagem (a partir da análise do seu diário de bordo ) e o primeiro contato com os nati-
vos, a visão que cada um constrói do outro, etc. (imagem e texto disponíveis em: <http://digitandohistoria.blogspot.
com/2009/06/biografia-iii-tzvetan-todorov.html>. Acesso em: 14 fev. 2011).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Ao analisarmos as orações de um texto, temos por finalidade a verificação de como o texto
foi elaborado, como o texto foi tecido, o que, por sua vez, auxilia-nos em sua interpretação.
Nas unidades anteriores, tivemos oportunidade de constatar o que ora afirmamos, ao
analisar textos quanto à sua estrutura e compreensão, seguindo-se a teoria. Agora, não há muita
teoria a ser vista, pois entramos em uma fase. Assim, consideramos interessante a análise de um
texto que nos dê oportunidade de rever conteúdos estudados e, ao mesmo tempo, apresente-
-nos novidades cuja teoria consta nesta unidade.
A raposa e as uvas
Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira cheia de uvas maduras, cujos cachos
se penduravam muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar
aquelas uvas; mas, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais
uma vez os apetitosos cachos e disse:
— Estão verdes...
É fácil desdenhar daquilo que não se alcança (Fábulas de Esopo, 2011).
Somos capazes de analisar todo esse texto. Para facilitar nosso trabalho, vamos dividi-lo
em seus períodos.
Acompanhe o nosso raciocínio.
Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira cheia de uvas maduras,
cujos cachos se penduravam muito alto, em cima de sua cabeça.
[Uma raposa faminta entrou num terreno] [onde havia uma parreira cheia de uvas
1 2
maduras,] [cujos cachos se penduravam muito alto, em cima de sua cabeça].
3
a) Oração 1: Uma raposa faminta entrou num terreno = oração principal.
• Podemos perceber que ela não possui conectivo e que a oração seguinte inicia-se
por um pronome relativo.
• Onde exerce também a função sintática de adjunto adverbial de lugar (havia uma
parreira cheia de uvas maduras no terreno).
Aqui temos uma novidade: oração interferente ou intercalada. Ela será estudada na pre-
sente unidade.
Prossigamos.
Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse: – Estão verdes...
[Cansada] [de pular,] [olhou mais uma vez os apetitosos cachos] [e disse:] [– Estão verdes...]
1 2 3 4 5
a) Orações 1 e 2: Cansada de pular.
• Na Oração 1, há termos elípticos:
[como a raposa estava cansada] → oração subordinada adverbial causal.
• Oração 2
[de pular] → oração reduzida de infinitivo subordinada substantiva completiva no-
minal.
OBSERVAÇÃO:
Embora já tenhamos encontrado orações reduzidas em outros textos analisados, elas serão estudadas
nesta unidade.
b) Oração 3: (a raposa) olhou mais uma vez os apetitosos cachos.
• Esta oração não contém conectivo, portanto, é uma oração assindética em relação
à Oração 3 e principal da Oração 1 (a seguir, você perceberá melhor esta classifica-
ção).
c) Oração 4: e disse:
• oração introduzida por uma conjunção coordenativa aditiva (e);
• em princípio, poderíamos classificar esta oração como uma coordenada aditiva,
baseando-nos no fato de que a conjunção coordenativa e, que a introduz, é, quase
sempre, aditiva;
• por outro lado, sabemos que a classificação da oração depende da relação que ela
estabelece com outra do período. Vamos, então, primeiro verificar essa relação;
• no caso em exame, percebemos que a Oração 3 estabelece com a Oração 2 uma
relação de soma, expressa ligação ou adição de afirmação;
• esta oração, podemos afirmar, é uma coordenada aditiva.
a) Oração 1: É fácil
• Percebemos que há um verbo de ligação (é) e um predicativo (fácil), mas não há
sujeito. Isso nos lembra uma estrutura mencionada na Unidade 3:
• Inferimos que a oração em análise é a principal e a oração que a segue é seu sujeito.
5. ORAÇÕES REDUZIDAS
As orações reduzidas de infinitivo (infinitivas) podem ser:
1) subordinadas substantivas;
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2) subordinadas adverbiais;
3) subordinadas adjetivas.
As orações reduzidas de gerúndio (gerundivas) podem ser:
1) subordinadas adverbiais;
2) subordinadas adjetivas;
subordinadas adverbiais * modais (não contempladas pela NGB); coordenadas *aditi-
vas (não contempladas pela NGB).
As orações reduzidas de particípio (participiais) podem ser:
1) subordinadas adjetivas;
2) subordinadas adverbiais.
Estudemos cada uma delas, conforme a forma nominal apresentada na oração.
Subjetiva
Objetiva direta
Nós resolvemos não procurar a justiça.
[Nós resolvemos] [não procurar a justiça].
1 2
Objetiva indireta
Jaciara pensa em deixar sua cidade natal.
[Jaciara pensa] [em deixar sua cidade natal].
1 2
Oração 2: em deixar sua cidade natal = reduzida de infinitivo subordinada substantiva
objetiva indireta.
Completiva nominal
Senti vontade de gritar bem alto.
[Senti vontade] [de gritar bem alto].
1 2
Oração 2: de gritar bem alto = reduzida de infinitivo subordinada substantiva completiva
nominal.
Predicativa
Seu objetivo é levar a palavra de Deus a todos.
[Seu objetivo é] [levar a palavra de Deus a todos].
1 2
Oração 2: levar a palavra de Deus a todos = reduzida de infinitivo subordinada substantiva
predicativa.
Apositiva:
Paulo disse isto: viver bem não é fácil.
[Paulo disse isto:] [viver bem não é fácil].
1 2
Oração 2: viver bem não é fácil = reduzida de infinitivo subordinada substantiva apositiva.
Vejamos, agora, as orações reduzidas de infinitivo adverbiais.
Causal
Não compareceu à reunião por estar doente.
[Não compareceu à reunião] [por estar doente].
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1 2
Oração 2: por estar doente = reduzida de infinitivo subordinada adverbial causal.
Veja como a classificação da oração desenvolvida é a mesma da oração reduzida.
Não compareceu à reunião [porque estava doente].
[porque estar doente] = oração subordinada adverbial causal.
Concessiva
Não obstante estar doente, compareceu à reunião.
[Não obstante estar doente,] [compareceu à reunião].
1 2
Oração 1: Não obstante estar doente = reduzida de infinitivo subordinada adverbial
concessiva.
Condicional
Não vá sem se despedir.
[Não vá] [sem se despedir].
1 2
Oração 2: sem se despedir = reduzida de infinitivo subordinada adverbial condicional.
Consecutiva
O impacto foi tamanho a ponto de provocar desmaios.
[O impacto foi tamanho] [a ponto de provocar desmaios].
1 2
Oração 2: a ponto de provocar desmaios = reduzida de infinitivo subordinada adverbial
consecutiva.
Final
Eu me calei para não suscitar polêmica.
[Eu me calei] [para não suscitar polêmica].
1 2
Oração 2: para não suscitar polêmica = reduzida de infinitivo subordinada adverbial final.
Temporal
a) Ao sair de casa, deparei-me com aquela cena dantesca.
[Ao sair de casa,] [deparei-me com aquela cena dantesca].
1 2
Oração 1: ao sair de casa = reduzida de infinitivo subordinada adverbial temporal.
b) “Não há, porém, por que não trazer à consideração a maravilhosa expressão de Santo
Agostinho ao identificar o tempo com a própria vida da alma que se estende para o
passado e para o futuro: [...]” (LAURIA, 2011, grifos nossos).
OBSERVAÇÕES:
As orações adverbiais proporcionais e as comparativas apresentam-se sempre desenvolvidas.
OBSERVAÇÃO:
Os adjetivos podem ser explicativos e restritivos. Os explicativos dizem respeito à qualidade essencial
do substantivo a que se refere. Por exemplo, neve fria. Os adjetivos restritivos dizem respeito a uma
qualidade que não é “natural” do substantivo, é algo que lhe foi adicionado ou que lhe é restrito em
determinado contexto. Por exemplo, homem sagaz. Não são todos os homens que são sagazes.
Causal
Estando confuso, não entendeu a situação.
[Estando confuso,] [não entendeu a situação].
1 2
Oração1: estando confuso = reduzida de gerúndio subordinada adverbial causal.
Podemos desenvolver a oração reduzida: Não entendeu a situação [porque estava confuso].
[porque estava confuso]. = oração subordinada adverbial causal.
Concessiva
Sendo analfabeto, disse que sabia ler.
[Sendo analfabeto,] [disse] [que sabia ler].
1 2 3
Oração 1: sendo analfabeto = reduzida de gerúndio subordinada adverbial concessiva.
Oração desenvolvida: [embora fosse analfabeto] = subordinada adverbial concessiva.
Condicional
Havendo bom tempo, faremos excursão.
[Havendo bom tempo,] [faremos excursão].
1 2
Oração 1: havendo bom tempo = reduzida de gerúndio subordinada adverbial condicional.
* Modal
A modal não é contemplada pela NGB. Elas acontecem quando as ações verbais são
simultâneas.
Exemplificando.
Temporal
Apreciado o processo, teremos a sentença.
[Apreciado o processo,] [teremos a sentença].
1 2
Oração 1: apreciado o processo = reduzida de particípio subordinada adverbial temporal.
Oração desenvolvida: [Quando apreciarem o processo] = subordinada adverbial temporal.
Causal
Desiludido, pediu demissão.
[Desiludido,] [pediu demissão].
1 2
Oração 1: desiludido = oração reduzida de particípio subordinada adverbial causal.
Concessiva
Condenado, não se arrependeu dos crimes.
[Condenado,] [não se arrependeu dos crimes].
1 2
Oração 1: condenado = reduzida de particípio subordinada adverbial concessiva.
Condicional
Aceitas as cláusulas, o contrato será assinado.
[Aceitas as cláusulas,] [o contrato será assinado].
1 2
Oração 2: aceitas as cláusulas = reduzida de particípio subordinada adverbial condicional.
Confira.
Era preciso tomar uma atitude.
Era preciso [tomar uma atitude].
Oração desenvolvida:
Era preciso [que se tomasse uma atitude].
Classificação da oração desenvolvida: oração subordinada substantiva subjetiva.
Classificação da oração reduzida: oração reduzida de infinitivo (ou reduzida infinitiva)
subordinada substantiva subjetiva.
Observe mais estes exemplos.
a) Convém falares a verdade.
• Convém que tu fales a verdade.
• que tu fales a verdade = oração subordinada substantiva subjetiva.
• falares a verdade = oração reduzida de infinitivo subordinada substantiva subjetiva.
Acrescentamos, agora, que uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo
tempo, principal em relação a uma terceira. Mais ainda, entre as orações subordinadas, poderá
ocorrer coordenação.
Vejamos.
Uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo tempo, principal em relação
à outra.
a) Queriam saber qual era o sentido da viagem sempre adiada.
[Queriam saber] [qual era o sentido da viagem] [sempre adiada].
1 2 3
• Oração 1: Queriam saber = principal;
• Oração 2: qual era o sentido da viagem = a) subordinada substantiva objetiva direta.
• principal em relação à oração reduzida de particípio subordinada adjetiva restritiva
(Oração 3).
• Oração 3: sempre adiada = reduzida de particípio subordinada adjetiva restritiva.
Observe.
O dinheiro que lhe parecera suficiente não deu para as despesas.
O dinheiro [que lhe parecera suficiente] não deu para as despesas.
1 2
Oração 2: que lhe parecera suficiente = subordinada adjetiva restritiva.
Analisando esse período:
• sujeito = que (= dinheiro);
• predicativo do sujeito = suficiente;
• lhe = objeto indireto.
Continuemos nossos estudos com mais comentários e ilustrações interessantes.
Coordenação e Subordinação
Em um período podemos encontrar, ao mesmo tempo, coordenação e subordinação.
Observe.
Alguém me disse que ela voltara, mas vi logo que era mentira.
Analisando o período:
Alguém me disse [que ela voltara,] [mas vi logo] [que era mentira].
1 2 3 4
• Oração 1: Alguém me disse =
a) principal em relação à oração subordinada substantiva objetiva direta (que ela vol-
tou);
b) assindética em relação à oração coordenada sindética adversativa (mas vi logo).
• Oração 2: que ela voltou = subordinada substantiva objetiva direta;
• Oração 3: mas vi logo =
a) coordenada sindética adversativa;
b) principal em relação a [que era mentira].
Alguém me disse [que ela voltou,] [mas vi logo] [que era mentira.]
Classificando as orações:
[Julgando já] Netuno [que seria
2 1 3
Estranho caso aquele,] logo manda
Tritão, [que chame os Deuses da água fria,]
4
[Que o mar habitam duma e doutra banda.]
5
Tritão, [que [de ser filho] se gloria]
1 2 3
Do Rei e de Salácia veneranda,
Era mancebo grande, negro e feio,
Trombeta de seu pai, e seu correio.
• Oração 1: Netuno logo manda Tritão = principal.
• Oração 2: Julgando já = reduzida de gerúndio subordinada adverbial causal.
• Oração 3: que seria estranho caso aquele = subordinada substantiva objetiva direta.
• Oração 4: que chame os Deuses da água fria = subordinada adverbial final.
• Oração 5: que o mar habitam duma e doutra banda = subordinada adjetiva restritiva.
Era mancebo grande, negro e feio, trombeta de seu pai, e seu correio.”
• Oração 1: (Tritão) era mancebo grande, negro e feio, trombeta de seu pai e seu correio
= principal.
• Oração 2: que se gloria = subordinada adjetiva restritiva.
Prosseguindo.
Segundo Todorov e Ducrot (1977, p. 207), dois segmentos de um enunciado são
coordenados, quando têm a mesma função.
Veja.
a) Irei, se minha mãe permitir e se não chover.
Irei, [se minha mãe permitir] e [se não chover].
1 2 3
b) Maria disse que desrespeitou a lei e que não se arrependeu.
Maria disse [que desrespeitou a lei] e [que não se arrependeu].
1 2 3
As Orações 2 e 3 dos exemplos a e b são equipolentes, são, respectivamente, subordinadas
adverbiais condicionais e subordinadas substantivas objetivas diretas. A eliminação de uma não
causa transtorno semântico no enunciado.
a.1) Irei, se minha mãe permitir.
a.2) Irei, se não chover.
b.1) Maria disse que desrespeitou a lei.
b.2) Maria disse que não se arrependeu
Todos os enunciados supramencionados são inteligíveis e possíveis de serem realizados
em nossa língua pátria.
Em contrapartida, ocorre agramaticalização em orações de funções não equivalentes.
Observe.
Entreguei o donativo ao rapaz que vi na recepção e já que ele era o encarregado de recebê-
lo
(?) Entreguei o donativo ao rapaz [que vi na recepção] e [já que ele era o
2 3
encarregado] de recebê-lo.
A coordenação tornou-se agramatical, porque a Oração 2 [que vi na recepção] é uma
subordinada adjetiva e a Oração 3 [já que ele era o encarregado] é uma subordinada adverbial
causal. Assim sendo, são orações com funções diferentes.
Atente-se, agora, ao exemplo que segue.
a) Eu fiz o trabalho e segundo o professor orientou.
Perguntamos: há agramaticidade nesse enunciado? Podemos dizer que não há agramati-
cidade, porque o enunciado é inteligível. Então, o que o faz inteligível?
Observe.
a.1) [Eu fiz o trabalho] e [segundo o professor orientou.]
1 2
Analisando:
• a Oração 1: [Eu fiz o trabalho] é oração principal;
• a Oração 2: [segundo o professor orientou] é oração subordinada adverbial conforma-
tiva;
• assim sendo, não são orações equipolentes.
Entretanto, não percebemos agramaticidade porque houve apagamento de uma oração.
Confira.
a.2) Eu fiz o trabalho e [eu o fiz,] segundo o professor orientou.
Percebe-se, pois, que há, sim, paralelismo semântico e funcional entre "Eu fiz o trabalho"
e a oração apagada "eu o fiz", porque ambas são orações com função de oração principal – em
relação à oração subordinada adverbial conformativa.
Observe, agora, o exemplo seguinte.
a) Eu limpo a casa, quando posso e você limpa, quando quer.
Analisando.
a.1) Eu limpo a casa, [quando posso] [e você limpa (a casa),] [quando (você) quer].
1 2 3 4
• a Oração 1 [Eu limpo a casa] é principal em relação à 2 [quando posso] e assindética
em relação à 3;
• a Oração 3 [e você limpa (a casa),] é coordenada assindética aditiva em relação à 1 e
principal em relação à 4 [quando (você) quer];
• as Orações 2 e 4 são adverbiais temporais.
Contudo, apesar de termos duas orações principais e duas orações adverbiais temporais,
não há coordenação, porque o apagamento de uma oração torna o enunciado agramatical.
Confira.
Apagando uma das orações adverbiais temporais:
a.2) (?)Eu limpo a casa, quando posso e você limpa.
O enunciado ficou incompleto.
Apagando uma das orações principais:
a.3) (?) Eu limpo a casa, quando posso e quando (você) quer.
Apesar de o enunciado ser inteligível, houve uma alteração semântica profunda entre o
enunciado a e o a.3. Não são, pois, enunciados semanticamente equivalentes.
O que expusemos leva-nos à seguinte conclusão: para que haja coordenação entre ora-
ções, não é suficiente que elas tenham a mesma função sintática, elas devem ter também a
mesma oração principal.
Apenas como reforço, retornemos a um exemplo dado alhures.
Maria disse que desrespeitou a lei e que não se arrependeu.
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Analisando.
Maria disse [que desrespeitou a lei] e [que não se arrependeu.]
1 2 3
[Maria disse] é oração principal de 2 [que desrespeitou a lei] – oração subordinada subs-
tantiva objetiva direta – e também oração principal de 3 [que não se arrependeu.] – oração
subordinada substantiva objetiva direta; se apagarmos (eliminarmos) uma ou outra oração su-
bordinada substantiva objetiva direta, não ocorrerá agramaticidade do enunciado.
Confira.
• Maria disse que desrespeitou a lei.
• Maria disse que não se arrependeu.
Aqui encerramos Língua Portuguesa III. Procuramos levar-lhe o conteúdo de maneira a
tornar-lho compreensível e apreensível. Esperamos ter alcançado nosso intento.
Verifique seu aproveitamento fazendo os exercícios proposto.
OBSERVAÇÃO:
“é que” é uma expressão expletiva, isto é, pode ser tirada da frase sem causar alteração semântica nela.
Como expressão expletiva (muitos chamam-na “de realce”), não exerce nenhuma função sintática.
a) Assinale os conectivos e os verbos, separe as orações e classifique-as:
"Todos os médicos a quem contei as moléstias dele foram acordes em que a morte era certa, e só se admiraram
de ter resistido tanto tempo."
(ASSIS, Machado de. O enfermeiro. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7013999/Machado-de-Assis-o-
Enfermeiro>. Acesso em: 23 mar. 2006)
Fez o exercício? Então, compare suas respostas com as que apresentamos.
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OBSERVAÇÃO:
O verbo admirar com a acepção de “ver com admiração, assombro ou espanto” é transitivo direto.
(MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa - online). Além disso, como vimos na Unidade
1, o objeto direto preposicionado, via de regra, é complemento de verbos que exprimem sentimento.
As preposições mais comumente nele encontradas são a e de.
16. E-REFERÊNCIAS
A princesa que sempre queria ter a última palavra. Conto Norueguês. Editora da Universidade de São Paulo. Tradução Francis
Henrik Aubert. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=payVJIOilPEC&pg=PA69&lpg=PA69&dq=#v=onepage&q
&f=false>. Acesso em: 28 jan. 2011.
BÉCQUER, Gustavo Adolfo. Olhos verde. Disponível em: <http://transrlf.sites.uol.com.br/becque.html>. Acesso em: 28 jan. 2011.
CAMÕES. Os Lusíadas – Canto VI. Disponível em: <http://www.oslusiadas.com/content/view/23/46/>. Acesso em: 10 fev. 2010.
CAMPOS, Álvaro de. Quando. Disponível em :<http://www.avspe.eti.br/coutinho/mestres/FernandoPessoa.htm>. Acesso em:
10 fev. 2011.
Estátua. Disponível em: <http://www.angelfire.com/pq/victor/poesiasamor.html>. Acesso em: 10 fev. 2011.
Fábulas de Esopo. Disponível em: <http://educacao.centralblogs.com.br/post.php?href=fabula+a+raposa+e+a+uva&KEYWORD
=17521&POST=3688279>. Acesso em: 27 jan. 2011.
LAURIA, Márcio José. Tempo ao tempo, Crônicas, 31 dez. 2005. Disponível em: <http://www.saojoseonline.com.br/lauria/
cr311205.htm>. Acesso em: 27 jan. 2011.
MACHADO DE ASSIS. Papéis avulsos. Disponível em: <http://www.visionvox.com.br/biblioteca/p/pap%C3%A9is-avulsos.txt>.
Acesso em: 27 jan. 2011.
The New York Times. SMITH, Tony. Brasil é paraíso para hackers. de 27 out. 2003. Disponível em: <http://www.
observatoriodaimprensa.com.br/artigos/asp2810200391.htm>. Acesso em: 28 jan. 2011.
PESSOA, Fernando. A criança que pensa em contos de fadas. Disponível em: <http://divinaproporcao5.blogspot.com/2009/06/
crianca-que-pensa-em-fadas-e-acredita.html>. Acesso em: 12 fev. 2011.