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Mecanismo de Anticítera: milagre tecnológico na

Antiguidade
Saber Atualizado Ciência, Cultura

- Artigo atualizado no dia 15 de novembro de 2018 -

Este ano marcou o 116° aniversário de descoberta do fantástico Mecanismo de Anticítera.


Encontrado no fundo do mar a bordo de um antigo navio Grego, sua complexidade gerou décadas de
estudos por vários grupos de pesquisa ao redor do mundo para decifrar aquilo que se descobriu ser o
primeiro computador analógico da história, cuja tecnologia pensava-se ser impossível de existir em uma
época tão remota do Antigo Mundo, provavelmente em meados do século 2 A.C.! Sua descoberta e
entendimento do seu funcionamento mudou completamente a noção que tínhamos do desenvolvimento
tecnológico da nossa civilização, já se cogitando há um bom tempo que a História precisa ser reescrita
para encaixar essa fabulosa tecnologia, a qual só foi vista com tanta genialidade e complexidade cerca de
quase 1500 anos depois.

DESCOBERTA

Era um momento de fortes tempestades entre os anos de 65 e 80 A.C., quando um um navio de 65


metros cheio de luxuosos artefatos de artesão da Antiga Grécia encontrou seu trágico fim na costa de uma
pequena ilha grega, chamada de Anticítera. O navio estava em destino para o vultuoso mercado romano, e
considerando as evidências de moedas de prata encontradas em seu interior, provavelmente começou sua
jornada em Pérgamo ou Éfeso, onde hoje fica localizado o oeste da Turquia, parando em um porto livre de
impostos para comercializar no centro de Delos, na Grécia, com o intuito de conseguir outras mercadorias.
Na rota final para o porto de Roma e seu principal mercado, a tempestade pegou os tripulantes da
embarcação desprevenidos.

Quase 2000 anos depois, em 1900, uma segunda tempestade na região atingiu outra embarcação,
dessa vez de um grupo de mergulhadores em busca por esponjas marinhas (organismos do grupo porífero
bastante comum nos mares). Para se protegerem da tormenta, os mergulhadores correram para se abrigar
em uma pequena ilha próxima: sim, em Anticítera. Quando a tempestade se acalmou, eles foram dar
continuidade ao serviço de coleta de esponjas e resolveram começar ali nas proximidades da ilha. Durante
os mergulhos, acabaram se deparando com o nosso antigo navio naufragado, cheio de tesouros da
antiguidade. Isso os surpreendeu e pouco tempo depois eles foram bem depressa informar a descoberta ao
governo grego.

Meses após o achado, os mergulhadores retornaram, auxiliados e supervisionados pelo governo da


Grécia, entre os anos de 1900 e 1901, para a recuperação dos tesouros escondidos na antiga embarcação.
Durante mais de 9 meses eles recuperaram uma grande quantidade de belos objetos gregos - bronzes raros,
espetaculares cristais, vasos de cerâmica e jóias - em uma operação que praticamente marcava a primeira
grande escavação arqueológica marinha da história. Mas entre as diversas maravilhas arqueológicas, algo
chamou bastante atenção: um objeto originalmente feito sob uma base de bronze, e esculpido com partes
de mármore e cristal.

Bem, na verdade, de início, o misterioso objeto chamou pouca atenção, já que era uma estranha peça
profundamente calcificada do tamanho de uma lista telefônica. Porém, meses depois, quando ela, por
acidente, acabou se partindo (na época, a manipulação arqueológica cuidadosa ainda era um pouco
deficiente), algo mais do que inesperado foi revelado em seu interior: várias engrenagens muito bem feitas
com dentes não mais medindo do que meio milímetro. Até o início do século XX, não se tinha ideia de que
na Antiguidade já existia mecanismos do tipo movidos por engrenagens tão sofisticadas. Engrenagens
conhecidas da época eram usadas apenas para certas tarefas manuais mais robustas e relativamente óbvias
do dia-a-dia. A sofisticação do mecanismo encontrado era espantosa, e isso despertou a curiosidade da
comunidade científica global. Mas nos anos iniciais de 1900, os cientistas ainda não tinham noção do quão
extraordinário era o achado.

Em 1902, outros fragmentos do misterioso mecanismo foram encontrados entre peças de bronze do
navio naufragado, no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas, algo que veio ajudar bastante nas
tentativas de completá-lo e elucidá-lo. Nas décadas que se seguiram à descoberta, o Mecanismo de
Anticítera, como ficou conhecido, deixou todos de boca aberta à medida que sua estrutura foi sendo
decifrada.

Aqui temos os 3 principais fragmentos recuperados, frente e verso. No total, foram recuperados 82 fragmentos. O primeiro, e de
longe o maior, contém 27 das 30 engrenagens de dentes triangulares encontradas.

DESVENDANDO O MECANISMO

Os fragmentos do mecanismo, depois de ficarem quase 2000 anos submersos no mar, acabaram
ficando pesadamente calcificados e corroídos. Grande parte do material pertencente aos fragmentos,
incluindo as 30 engrenagens sobreviventes, era basicamente formada por produtos da corrosão do bronze,
com muito pouco metal livre salvo. Apesar disso, vários ricos detalhes foram preservados sobre a
deterioração química, incluindo inscrições de escritas que cobriam parte das superfícies. Mas era
necessário técnicas analíticas mais sensíveis e poderosas para o fornecimento de um mapa 2D e 3D do
sistema de fragmentos.

Todos os fragmentos recuperados e analisados, hoje expostos no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas

Em 1905, o filologista alemão, Albert Rehm, foi a primeira pessoa a entender que o mecanismo de
Anticítera era uma espécie de calcuradora astronômica. Mas mesmo 50 anos depois, quando o historiador
científico Derek J. de Solla Price, então no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, N.J., descreveu o
mecanismo em um artigo da Scientific American, pouco ainda havia sido revelado dos seus segredos. Foi
somente a partir de 1974, através do uso de análises por raios-X - sendo a primeira feita pelo radiologista
grego Charalambos Karakalos - que significativos avanços começaram a surgir no entendimento do
mecanismo. Cerca de 12 engrenagens eram visíveis na superfície, mas as restantes só puderam ser
analisadas com a ajuda dos raios-X.
Houveram três grandes estudos de raios-X desde os anos de 1970, incluindo análises adicionais e
individuais de alguns fragmentos pelo Museu Nacional de Arqueologia de Atenas (MNAA). Esses estudos
foram essenciais para o entendimento do mecanismo, com o mais recente deles, em 2005, sendo o mais
importante. Este último, feito pelo Projeto de Pesquisas do Mecanismo de Antícitera (AMRP, na sigla em
inglês) - uma colaboração informal de acadêmicos das Universidades de Cardiff, Atenas e Thessaloniki;
funcionários do MMAA; e duas companhias de alta-tecnologia, Hewlett-Packard (EUA) e X-Tek Systems
(Reino Unido), esta última parte agora da Nikon Metrology - usou duas técnicas não-destrutivas:
Mapeamento Polinomial de Textura (PTM, na sigla em inglês), para aumentar o detalhamento superficial
dos fragmentos, e a Tomografia Computacional de Raios-X Microfocada (X-ray CT, na sigla em inglês),
para examinar o interior dos fragmentos em alta resolução.

Todos os 82 fragmentos foram submetidos à ambas as técnicas, revelando grande parte das suas
estruturas internas e externas. Com base nesses dados, novas interpretações mais precisas das engrenagens
e suas funções foram possíveis, além do aumento mais do que expressivo na descoberta de novas
inscrições incrustadas ao logo do mecanismo (instruções e legendas em grego antigo), dando um grande
salto nas pesquisas. Ainda hoje o mecanismo é arduamente explorado e diversos trabalhos sobre ele são
publicados todos os anos.

AS FUNÇÕES DO MECANISMO DE ANTICÍTERA

O Mecanismo de Anticítera estava contido dentro de uma caixa de madeira, a qual tinha a frente e
atrás cobertas por bronze, sendo tal afirmação inferida a partir de pequenas porções de madeira e outras
pistas encontradas em alguns fragmentos pelos cientistas. Suas dimensões eram de 34 cm de altura, 18 cm
de comprimento e 9 cm de profundidade, tornando o mecanismo ainda mais fascinante devido à sua
avançada engenharia de miniaturização mecânica para a época. Nessas faces, ficavam presentes os
marcadores, movidas pelas engrenagens abaixo das "tampas".

Provável aparência do mecanismo original, dentro da caixa de madeira e mostrando sua parte de trás

A parte da frente era dividida em três seções. Um sistema central de marcadores posicionados nessa
área continha um Marcador do Zodíaco, representado por divisões em uma escala de 360°, e um Marcador
de Calendário, representado por divisões em um total de 365 dias. O Marcador de Calendário foi projetado
para ser móvel, permitindo que o Mecanismo acomodasse o fato de que quatro calendários egípcios anuais
tinham 1 dia a menos considerando 365,25 dias para cada ano solar. Acima e abaixo dos marcadores,
haviam pratos cobertos por inscrições em forma de um Parapegma (calendário estrelar). No lado da mão
direita do mecanismo havia uma saída, provavelmente para permitir algum ajuste por cabo ou manivela.

Abaixo da parte de trás removível, haviam dois principais sistemas de marcadores (superior e
inferior) na forma de espirais, dividido em meses lunares, com marcadores subsidiários, mostrando os
ciclos de 4 anos dos jogos gregos (Olimpíadas) e, provavelmente, um marcador mostrando o ciclo
Calípico de 76 anos. O marcador na parte inferior mostrava a previsão de um eclipse em uma frequência
de 223 meses, baseando no ciclo de Saros. Este marcador incluía gravações que indicavam informações
sobre as possibilidades do eclipse previsto, inclusive a duração do fenômeno. Ainda dentro desse marcador
havia um subsidiário, o Marcador de Exeligmos, projetado para ajustar os tempos de eclipse para as
sucessivas movimentações do Marcador de Saros.

Portanto, o Mecanismo de Anticítera era uma calculadora astronômica que previa fenômenos
envolvendo o Sol, a Lua, Estrelas e, possivelmente, dos outros planetas do Sistema Solar até então
conhecidos na Antiguidade - Marte, Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno. Ainda é bastante debatido se o
dispositivo previa a movimentação de planetas, mas segundo os estudos de um dos maiores pesquisadores
do mecanismo, Tony Freeth, publicados em 2012 (Ref.2), as evidências e pistas nos fragmentos são muito
fortes dando suporte para essa hipótese. A imagem abaixo mostra como seria a parte da frente do
mecanismo na hipótese quase certa da existência dos planetas, e que se encaixa muito perfeitamente ao
funcionamento do dispositivo. Existem várias pistas dos cinco planetas no mecanismo, como, por
exemplo, uma estranha menção ao Cosmo Aristoteliano, o qual era a representação aceita naquela época
dos elementos celestiais.
Em julho de 2014, um novo estudo feito também por Freeth (Ref.4), mostrou, a partir de novas
análises de gravações não resolvidas, que o mecanismo criado pelos antigos gregos, além de prever vários
anos à frente os eclipses lunares e solares, também os caracterizava bem com direções de obscuridade,
magnitude, coloração, diâmetro angular da Lua, e relação entre os nodos da Lua e o tempo de eclipse.

Apesar de não ser totalmente acurado, por ser baseado em extensas observações feitas pelos
Babilônios milênios atrás e teorias da mecânica celeste existentes na Antiguidade - algo que só viria a ser
corrigido com a Hipótese Planetária de Ptolomeu na segunda metade do século 2 D.C. e com a posterior 2°
Lei de Kepler -, e conter algumas imperfeições de engenharia, o Mecanismo de Anticítera é uma
maravilha tecnológica quando consideramos sua época de criação, e tanto sua idealização quanto sua
construção é algo impossível de ter sido creditado aos gregos antigos caso o mecanismo não tivesse sido
encontrado. Algo tão sofisticado e engenhoso só foi observado no mundo novamente após o fim da
período medieval, ou seja, quase 1500 anos depois! Além de ser considerado o primeiro computador
analógico da humanidade é o primeiro mecanismo com tal sofisticação a usar complexas engrenagens
meticulosamente preparadas.
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IMPACTO DO MECANISMO NA ANTIGUIDADE E POSSÍVEIS INVENTORES

Ainda é incerto quando exatamente o mecanismo foi construído, se na época do naufrágio ou


décadas antes. Alguns estudos colocam sua feitura em meados do século 3 (em torno do ano de 244 A.C.),
já outros a colocam mais próxima dos meados do século 2 A.C., e alguns no século 1 A.C., próximo da
data do naufrágio. Devido à aparente inexistência de correções de engenharia observadas na estrutura do
mecanismo encontrado, supõe-se também que ele talvez não era o único, e que outros já haviam sido
feitos.

Em uma média podemos colocar sua invenção em meados do século 2 A.C., em uma época em que
Roma estava se expandindo às custas dos reinos gregos dominados. Apesar da antiga região de Rodes ter
possuído uma maior tradição para a astronomia grega, evidências mais recentes apontam sua origem em
Corinto, com uma das possibilidade recaindo em sua colônia na Sicília, Siracusa. Isso abre um fantástico
caminho: um gênio da antiguidade, Arquimedes, vivia lá, e são grandes as chances dele ter tido uma
profunda contribuição no desenvolvimento dessa tecnologia, a partir da herança científica que ele deixou
fincada na região. Outra possibilidade, ainda mais tentadora, é jogar a invenção do mecanismo para uma
data ainda anterior, em meados do século 3. Nesse caso, o Arquimedes pode ter tido participação direta em
sua construção!

Estaria o grande físico, matemático, engenheiro, inventor e astrônomo, Arquimedes, envolvido com o projeto do Mecanismo de
Anticítera?
.
Essa ideia do Arquimedes ter estado diretamente envolvido na invenção é suportada por alguns
estudos, mas outros contestam tal ideia, colocando sua participação apenas indireta. A ilha da cidade de
Siracusa foi morada desse que é considerado por muitos o maior cientista da antiguidade, o qual contribuiu
para vários avanços no campo da matemática, física e astronomia. Bem, de fato, o Mecanismo de
Ancticítera possui uma maior chance de ter sido construído antes de 146 A.C., ou seja, antes de Corinto ter
sido completamente devastada pelos Romanos. No primeiro século A.C., o estadista Cícero narrou como
no ano de 212 A.C. Arquimedes foi morto no cerco de Siracusa e como o vitorioso general romano,
Marcellus, levou com ele uma peça pilhada do cientista de um instrumento astronômico. Seria esse
instrumento o Mecanismo de Anticítera? Fica a incerteza. Alguns pesquisadores descartam a possibilidade,
já que evidências do mecanismo datariam ele décadas depois da morte de Arquimedes.

Independentemente da origem, o mecanismo era algo muito poderoso para a época, por causa do
seu alcance tecnológico. Somando-se a isso, operar o mecanismo parecia requerer apenas uma pequena
experiência de uso e uma pequena quantidade de conhecimento astronômico. Depois da calibração por um
especialista, o mecanismo fornecia a previsão com boa acuracidade de eventos várias décadas no passado
ou no futuro. As inscrições sobre o Marcador de Saros, em intervalos de 5 ou 6 meses, correspondiam aos
meses quando a Terra, o Sol e a Lua estavam em um quase alinhamento (representando, portanto, um
potencial eclipse lunar) em um ciclo lunar de 233 meses. Uma vez que o mês do eclipse era conhecido, o
real dia podia ser calculado pelos marcadores da parte da frente, usando o fato que os eclipses solares
sempre aconteciam durante Luas novas e os eclipses lunares durante Luas cheias (Erros mais comuns
sobre a Lua). Desse modo, muitos com um básico de instrução eram capazes de operá-lo após as
calibrações. Em outras palavras, tal mecanismo podia ter sido uma encomenda por grandes imperadores
para fortalecer seus governos e realçar suas lideranças. Basicamente, um computador pessoal sempre à
disposição para traçar estratégias baseadas em dados astronômicos futuros ou passados.

Os eventos astronômicos, especialmente os eclipses, eram de grande importância para a cultura da


época e prevê-los era mais do que essencial. Isso sem contar que o mecanismo também previa o
movimento da Lua pelo céu, marcando suas fases, e ainda mantinha seu usuário ciente das datas de
importantes eventos sociais, como os Jogos Olímpicos. O Mecanismo de Anticítera, portanto,
provavelmente assumia um valor inestimável para os governantes e poderosos na época que tinham
condições de encomendá-lo. Era uma máquina futurista sem precedentes.

Mas uma dúvida que martela na cabeça dos historiadores e cientistas é o porquê desse mecanismo
não ter sido amplamente usado, ou, no mínimo, sua tecnologia pelos séculos que se seguiram. Se não
fossem as trágicas, mas sortudas, tempestades, talvez nunca saberíamos da existência de tal avançado
mecanismo e continuaríamos subestimando a incrível capacidade engenhosa dos povos antigos. Bem,
como era algo muito poderoso, talvez era mantido em grande segredo e produzido apenas em ínfimas
quantidades, facilitando seu desaparecimento durante a história e suas violentas batalhas de conquista
entre impérios e reinos.
NÃO SUBESTIME OS ANTIGOS!

Muitos gostam de pensar que boa parte das maravilhas antigas, como as pirâmides, só foram
possíveis graças à intervenções divinas ou presentes entregues por alienígenas. Porém, a verdade é que
estamos acostumados a subestimar a capacidade dos antigos povos, muitas vezes devido à escassez de
evidências históricas ou compreensão deficiente da realidade nessas épocas, já que o estudo da História de
eventos ocorridos milhares de anos atrás é extremamente difícil. Engenhosidades complexas como o
Mecanismo de Anticítera são uma prova disso, onde tais achados acabam reescrevendo a história e nos
dando uma real noção do quão poderosa é a nossa civilização. Quantos mais tesouros tecnológicos podem
estar perdidos em naufrágios esquecidos em algum lugar dos nossos vastos oceanos?

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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS

1. http://dlib.nyu.edu/awdl/isaw/isaw-papers/11/

2. http://dlib.nyu.edu/awdl/isaw/isaw-papers/4/

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9. http://drum.lib.umd.edu/handle/1903/17429

10.https://scicolloq.gsfc.nasa.gov/Seiradakis.html

11.https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-981-10-2875-5_47

12.http://ieeexplore.ieee.org/abstract/document/7782578/?reload=true

13.https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-662-48447-0_9

14.https://www.hindawi.com/archive/2016/8760513/abs/

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