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INTRODUÇÃO AOS

ESTUDOS GEOGRÁFICOS
Professor M.e Alexandre Holanda Nascimento
• Ao longo da História os grupos humanos gradativamente
foram transformando a natureza com o objetivo de garantir
sua subsistência e melhorar a qualidade de vida.
• Espaço geográfico foi ficando cada vez mais artificializado.
• Pela ação do trabalho humano, novas técnicas foram
desenvolvidas e incorporadas ao território.
• De um meio natural o homem avançou para um meio cada
vez mais técnico: expandiram-se as áreas agrícolas,
desenvolveram-se as cidades e as indústrias, construíram-se
estradas, portos, hidrelétricas, etc.

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• A incorporação de ciência e técnica, de informação e
conhecimento ao território constituiu o chamado meio
técnico-científico-informacional.

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Milton Santos (1926-2001)

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• Poucas áreas da superfície terrestre ainda não sofreram
transformações. E mesmo naquelas intocadas, o território está
delimitado e sob controle político – sujeito a soberania
nacional ou a acordos internacionais.
• Interesses de diferentes grupos:
• Preservação ou Exploração: uns de forma sustentável, outros de forma
predatória.

• Mesmo em um meio natural, aparentemente intocado,


existem relações políticas, econômicas, culturais e ambientais
que nem sempre são visíveis na paisagem.
• Para compreender melhor as relações sociedade-sociedade
e sociedade-natureza materializadas no espaço geográfico,
é importante estudar:
• seus recortes conceituais: a paisagem, o lugar, o território e a região – e
• seus recortes analíticos – as escalas geográficas

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A ORIGEM DA GEOGRAFIA
• Desde a Antiguidade
• Vinculado à Filosofia, à Matemática e às ciências da
natureza.

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PAISAGEM
• É a aparência da realidade geográfica, aquilo que nossa
percepção, especialmente a visual, capta.
• As paisagens também estão nas relações sociais, econômicas e
políticas travadas entre os grupos humanos, essas relações não são
facilmente percebidas.
• Desvendá-las requer observação, estudo e pesquisa, sendo esse o
caminho para que o espaço seja apreendido em sua essência.
• Podemos dizer, então, que o espaço geográfico é formado tanto
pela sociedade como pela paisagem permanentemente
construída e reconstruída por aquela (sociedade).
• A paisagem expressa a sociedade e a natureza; é composta de
objetos artificiais ou culturais (construídos pelo trabalho humano) e
de objetos naturais (frutos dos processos da natureza). O espaço
materializa todos esses objetos mais as relações humanas que se
desenvolvem na vida em sociedade.
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PAISAGEM
• Paisagem, para a Geografia, significa duas coisas: tudo aquilo
que os sentidos humanos (tato, audição, olfato, visão) podem
captar. Tudo aquilo que sua visão consegue enxergar é
uma paisagem, tudo aquilo que sua audição escuta é uma
paisagem. Portanto, tudo que o ser humano consegue sentir é
uma paisagem.
• Para compreender o espaço geográfico, portanto,
precisamos entender as relações sociais e as marcas deixadas
pelos grupos humanos na paisagem no decorrer da História.
• Precisamos entender as relações próprias da natureza, as
relações próprias da sociedade e, de forma integrada, as
relações entre a sociedade e a natureza. É a isso que a
Geografia, como ciência, se dedica hoje e é por isso que
estudamos essa disciplina na escola.

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O LUGAR
• É uma parte da superfície terrestre na qual desenvolvemos uma
ação e onde interagimos e estabelecemos relações com as
pessoas.
• As pessoas vivem no lugar, por isso esse conceito é o ponto de
partida para a compreensão do espaço geográfico em escala
nacional, regional ou mundial.
• É no lugar que as pessoas se relacionam, estabelecendo laços
afetivos com parentes, amigos, colegas, vizinhos e também com a
paisagem.
• É no lugar que são construídas as relações de cooperação, embora
também as de conflito. É nele, portanto, que construímos nossa
identidade cultural e socioespacial.
• A compreensão do espaço geográfico e de seus recortes
conceituais também implica trabalhar com os recortes analíticos,
isto é, com a noção de escala geográfica.
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O LUGAR
As escalas geográficas podem ser:
• local: exige a operacionalização do conceito de lugar,
associado ao conceito de paisagem;
• nacional: implica a operacionalização do conceito de
território controlado pelo Estado-nação, que pode ser
trabalhado também nas esferas estadual ou provincial e
municipal;
• regional: demanda trabalhar com o conceito de região em
extensões variáveis em termos de área;
• mundial: abrange todo o globo terrestre; por isso, também é
chamada de escala global, pois permite análises
socioespaciais bastante panorâmicas e integradas.
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O TERRITÓRIO
• A relação entre o Estado e o espaço é central na obra
Antropogeografia, a mais importante de Friedrich Ratzel.
• Segundo ele, a partir do momento em que uma sociedade se
organiza para defender um território, transforma-se em
Estado.
• Daí se depreende que o território é o recorte do espaço
geográfico sob o controle de um poder instituído – o Estado
nacional e suas esferas subnacionais.
• Porém, há situações em que outros agentes podem controlar
um território, por exemplo, um grupo terrorista ou de
narcotraficantes, muitas vezes, em disputa com um Estado
legalmente constituído.

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O TERRITÓRIO
• Até meados do século XX, a maioria dos geógrafos limitava-se
a descrever as características físicas, humanas e econômicas
das diversas formações socioespaciais, procurando
estabelecer comparações e diferenciações entre elas.

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REGIÃO
• Uma determinada área da superfície terrestre, com extensão
variável, que apresenta características próprias e particulares
que a diferencia das demais.
• A região pode ser:
• Natural: quando o critério de distinção é a paisagem natural (natureza).
ou
• Geográfica: se a diferenciação for econômica, social ou cultural.

• Os estudos de Geografia regional eram dominantes.


• Atualmente, com o avanço da globalização capitalista, as
regiões se modernizam e estabelecem cada vez mais
relações entre si – as conexões aumentaram
significativamente –, o que tem reduzido o isolamento e a
diferenciação entre elas.

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LEGADO ESCOLAR DA GEOGRAFIA REGIONAL
• Centrado na memorização de lugares, dados estatísticos
sobre população e economia, características físicas de
relevo, clima, vegetação e hidrografia.
• Essa estrutura perdurou até a segunda metade do século XX,
quando a descrição das paisagens, com seus fenômenos
naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais
eficiente e atraente pela televisão.
• A partir daí, os geógrafos foram obrigados a buscar novos
objetos de estudo que permitissem à Geografia sobreviver
como disciplina escolar no Ensino Básico e como ramificação
das ciências humanas em nível universitário.

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O PROCESSO DE MUDANÇA
• Década de 1970: renovação em suas bases teórico-
metodológicas.
• Pioneiro: o geógrafo francês Yves Lacoste (1929), que em 1976
publicou A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer
a guerra.

Reprodução/Ed. Papirus
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• Balançou as estruturas da Geografia tradicional ao denunciá-la como
instrumento ideológico a serviço de interesses políticos e econômicos
dominantes.
• Indicou caminhos para a renovação crítica da disciplina.

• Lacoste denunciou a existência da “Geografia dos Estados-


maiores” – a serviço do Estado e do capital, ou seja, a
Geopolítica – e da “Geografia dos professores” – ensinada
nas salas de aula de universidades e escolas básicas e
materializada nos manuais didáticos. Segundo ele, a última
acabava cumprindo a função de mascarar o papel da
Geopolítica e seus vínculos com os interesses dominantes.
• No Brasil, um dos pioneiros nesse processo de renovação foi o
geógrafo Milton Santos, com a obra Por uma Geografia nova,
de 1978.

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• No Brasil, um dos pioneiros nesse processo de renovação foi o
geógrafo Milton Santos, com a obra Por uma Geografia nova,
de 1978.

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ATUALMENTE
• Atualmente, depois de mais de um século nos currículos
escolares, de mais de três décadas de renovação teórica e
com o avanço da globalização, em suas dimensões
econômica, social e cultural, consolida-se a certeza de que:
A Geografia é uma disciplina fundamental para a
compreensão do mundo contemporâneo e de seus
problemas – a produção e o consumo, a questão ambiental,
o caos urbano, as crises financeiras, entre tantos outros, em
diferentes escalas geográficas – e para a formação de
cidadãos e trabalhadores mais bem preparados.
• Cabe à Geografia – universitária e escolar – compreender as
relações próprias da natureza, as relações próprias da
sociedade e, de forma mais abrangente e integrada, as
relações entre a sociedade e a natureza e suas
consequências socioambientais.

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• Fonte: SENE, Eustáquio de, MOREIRA, João Carlos. Geografia
geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. 2. e 3.
ed. São Paulo: Scipione, 2013. Disponível em:
<http://www.scipioneatica.com.br/fp/ggb_volume1/index.ht
ml>.
• Foto Yves Lacoste: <https://jornalggn.com.br/noticia/o-
misterio-depois-da-colina-%E2%80%93-ode-a-yves-lacoste-por-
daniel-afonso-da-silva>.
• Foto Yves Lacoste:
<http://linguagemgeografica.blogspot.com/2015/01/blog-
post.html>. Acesso em: 02 set. 2018.
• Foto Milton Santos: <
https://www.flickr.com/photos/61962139@N07/5637609862/>.

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