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O presente Projeto Integrador tem como objetivo principal a utilização e

aplicação de jogos no ensino de Grandezas, Medidas e Unidades de Medida nos


anos finais do Ensino Fundamental II, particularmente no 9º ano. Podemos definir
grandezas como as propriedades que nos permitem medir fenômenos, corpos ou
substâncias (CREASE, 2011). Essas propriedades podem ser expressas em forma
quantitativa, e categorizadas como escalares, vetoriais e físicas. São comumente
confundidos objetos ou fenômenos com grandezas físicas: por exemplo, a água não
é uma grandeza física; no entanto, sua temperatura de condensação, densidade,
condutividade, volume e entalpia são.

Medidas, de forma sintética, podem ser definidas como processos


experimentais que permitem obter dados que caracterizam certa grandeza. Já a
unidade de medida está associada aos diferentes tipos de grandezas: através de um
processo de medição e com a definição de um tamanho unitário previamente
definido, podemos “calcular” a magnitude de uma grandeza física (CREASE, 2011).

A aplicação de Jogos Educacionais pode ser definida como o processo de


elaborar jogos específicos para ensinar um determinado assunto, expandir algum
tipo de conceito e reforçar desenvolvimento e entendimento sobre determinados
eventos (HARLOW, 1949). Estes jogos têm como principal objetivo passar às
crianças algum fundamento, seja técnico, ético ou de valores de vida. Podendo ser
apresentados de variadas formas, vêm sendo muito usados por educadores.

Do ponto de vista da neurociência, e de acordo com pesquisa realizada por D.


R. Godden e A. D. Baddeley (1975), um aprendizado proveniente de treinamentos é
diretamente relacionado à habilidade treinada e o contexto do treinamento. Na área
educacional, é interessante que o aprendizado se estenda além do treinamento
específico. Exemplificando no campo da Matemática, é mais interessante que o
aluno consiga utilizar o raciocínio matemático para a resolução de problemas fora de
sala de aula do que apenas utilizar operações e fórmulas prontas nos contextos e
exercícios vistos em sala.

Na perspectiva de grandezas e medidas, esse conhecimento é, naturalmente,


essencial para a vida prática do indivíduo. Deparamo-nos frequentemente com
simbologias, referências, comparações e decisões que envolvam algum tipo de
grandeza, medida ou unidade de medida. Unidades monetárias, grandezas de
altura, comprimento, temperatura, massa são apresentadas para os indivíduos de
uma sociedade desde os primeiros anos de vida. Afinal de contas, a imagem de uma
criança ansiosa em saber o quanto “sua altura” aumentou em um ano é muito
frequente em nossas vidas.

No entanto, não é raro encontrar alunos que frequentam os últimos anos do


Ensino Fundamental sem o conhecimento necessário do tema grandezas e
medidas. E, por mais desconecto que pareça, muitos deles veem diversas
grandezas e medidas em outras disciplinas sem terem sido previamente
apresentados ao conceito e definição do tema.

Esse problema, de certa forma crônico, possui diversas causas raízes: falta
de interesse por parte dos alunos, metodologia utilizada pelo professor muito
distante à realidade da sala, didática escolhida de forma indevida, entre outros. Até
mesmo o próprio sistema educacional não dá o devido tratamento ao tema, como
pontuam Lima e Bellemain (2010):

Contudo, ainda há livros nos quais o estudo das grandezas e medidas aparece
concentrado nos últimos capítulos da obra, e isso contribui, muitas vezes, para que
esses conteúdos não sejam estudados durante o ano letivo. Além do mais, vários
livros apresentam exclusivamente as unidades padronizadas de medição de
grandezas. Outros dedicam excessiva importância à conversão de unidades de
medida. Em alguns casos, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, é dada
atenção precoce às fórmulas de cálculo de perímetro e de área de figuras planas.
(LIMA E BELLEMAIN, 2010, p. 168).

Outro ponto que impacta na aprendizagem de grandezas e medidas é que é


comum que os alunos não tenham uma boa apresentação do tema nos anos iniciais
de aprendizado, principalmente pelo fato de que os professores cumprem
exclusivamente o que consta nos materiais didáticos, sem um planejamento
detalhado das aulas que abordam o tema. Isto vai contra a proposta dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que dizem:

O professor, ao organizar as atividades que envolvam Grandezas e Medidas, deverá


levar em conta que o trabalho com esse tema dá oportunidade para abordar aspectos
históricos da construção do conhecimento matemático, uma vez que os mais
diferentes povos elaboraram formas particulares de comparar grandezas como
comprimento, área, capacidade, massa e tempo. Assim também, o estudo das
estratégias de medidas usadas por diferentes civilizações pode auxiliar o aluno na
compreensão do significado de medida. Além disso, possibilita discutir a temática da
pluralidade cultural. (PCNs, 1998, p. 129).
No entanto, apesar da abordagem precária dada ao tema, o mesmo possui
uma grande riqueza de interdisciplinaridade. Ângela Maria da Silva Godoi (2008-
2009) faz uma excelente conexão entre o tema matemática e a história de antigas
civilizações:

Quando o homem começou construir habitações e a desenvolver a agricultura,


precisou criar meios de efetuar medições e começaram a usar como referência parte
do corpo, surgindo, assim, as primeiras medidas de comprimento: a polegada, o pé, a
jarda, a braça e o passo. Algumas dessas medidas (a polegada, o pé, a jarda)
continuam sendo empregadas até hoje. (GODOI, 2008-2009, p. 03).

É importante ressaltar também a importância da utilização de jogos


educacionais nas últimas décadas: estes começaram a ser utilizados de forma
educativa principalmente com o rompimento dos paradigmas tradicionais e com os
novos conceitos construtivistas (que dão ênfase à participação do sujeito na
“autoconstrução” de seus conhecimentos, através das práticas interativas). A
capacidade do professor e o conteúdo dos materiais didáticos passaram a não ser
mais suficientes para o processo de aprendizagem. Os jogos educacionais passam
a ter uma fundamental importância como ferramenta que complementa a construção
e fixação de conceitos desenvolvidos em sala, e também um recurso motivador para
o professor e, principalmente, para o aluno.

Diante destas pequenas exposições, fica evidente que há um grande “abismo”


entre a teoria e a prática no tema de Unidades de Medidas e Grandezas na
disciplina de Matemática. E, apesar das dificuldades, vimos que existem inúmeras
possibilidades para o tratamento e conexões do tema, seja através de didáticas
alternativas de ensino ou até mesmo a interdisciplinaridade com outras matérias.

Este projeto tem, portanto, como objetivo principal estudar a problemática do


ensino de Grandezas e Medidas para aluno do 9º ano do Ensino Fundamental,
identificando as principais oportunidades através de visitas e pesquisas de campo.
Após essa análise, o grupo deverá realizar uma proposta de jogo educacional
relacionado ao tema estudado, de forma que este seja uma ferramenta didática para
o ensino na sala de aula.
Robert P. Crease (2011). A Medida do Mundo: A busca por um sistema universal de pesos e medidas.
[S.l.]:

HARLOW, Harry F. The formation of learning sets. Psychol. Rev. 56: 51–65. 1949.

GODDEN, D.; BADDELEY, A. Context dependent memory in two natural environments. Br. J. Psychol.
66: 325–31. 1975.

LIMA, Paulo Figueiredo. BELLEMAIN, Paula Moreira Baltar. Coleção Explorando o Ensino. MATEMÁTICA
– Vol. 17. Brasília. 2010.

PCNs, Parâmetros Curriculares Nacionais. 3º e 4° Ciclos. Brasília. 1998.

GODOI, Ângela Maria da Silva. Grandezas e Medidos do Cotidiano no Contexto Escolar. Paraná. 2008-
2009. Disponível em: (http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2170-8.pdf).

GODOI, Ângela Maria da Silva. Grandezas e Medidos do Cotidiano no Contexto Escolar. Paraná. 2008-
2009. Disponível em: (http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2170-8.pdf).

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