Professional Documents
Culture Documents
PREPARATÓRIO
XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
SÍNODO DOS BISPOS
Província Franciscana da
Imaculada Conceição do Brasil
– 1 –
Caro Jovem, Paz e bem!
Você está recebendo um resumo do Documento Preparatório do Sínodo
(reunião, encontro) dos Bispos, que acontecerá em outubro de 2018, em Roma, na
Itália. Nesse Sínodo, Bispos do mundo inteiro estarão reunidos para refletir sobre os
jovens, a fé e o discernimento vocacional.
Assim, para que isso aconteça, esse Documento contém uma reflexão so-
bre a realidade juvenil, bem como um pequeno questionário. Trata-se, portanto, da
oportunidade de fazer chegar a sua voz e a voz do seu grupo até o Papa, que também
participará desse Sínodo, refletindo acerca dos seus questionamentos e interrogações.
Desse modo, a pedido do Ministro Geral da Ordem dos Frades Meno-
res, Frei Michael Perry, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil,
através do Serviço de Animação Vocacional, quer propor para todos os jovens a
seguinte tarefa:
1) Ler e discutir em grupo o Documento. Se não houver tempo de lê-lo todo,
tome conhecimento ao menos desse resumo.
– 2 –
2) Após a leitura e partilha, o seu grupo deverá responder o questionário
que segue abaixo. Obs.: É importante que as respostas expressem a
ideia geral do grupo e não apenas de um indivíduo.
questionário
a) Quais são os principais desafios e quais as oportunidades mais signifi-
cativas para os jovens de hoje?
3) Você terá até o dia 1° de agosto para encaminhar pelo e-mail sav@francis-
canos.org.br as respostas do seu grupo aos cuidados de Frei Diego Melo ou
Frei Gabriel Dellandrea, que irão elaborar um documento final em nome
de todos os jovens da Província para ser encaminhado à Santa Sé.
Por fim, ressaltamos que o mais importante será o processo de discussão
e reflexão que esse texto irá proporcionar, de modo que não se deve ficar tão pre-
ocupado somente em responder às questões, mas em discuti-las e aproveitar para
melhorar ainda mais a qualidade do seu grupo.
Qualquer dúvida, estaremos à disposição.
Que Deus o abençoe e São Francisco o ilumine.
A cada domingo os cristãos man- Sair para o mundo dos jovens exige
têm viva a memória de Jesus morto a disponibilidade de partilhar tem-
e ressuscitado, encontrando-o na po com eles e ouvir os seus anseios.
celebração da Eucaristia. Na fé da Quando os Evangelhos narram os en-
Igreja muitas crianças são batizadas contros de Jesus com os homens e as
e prosseguem o caminho da inicia- mulheres do seu tempo, evidenciam a
ção cristã. Porém, isto ainda não sua capacidade de estar com eles e a
equivale a uma escolha madura para fascinação que sentem aqueles que fi-
uma vida de fé. Para alcançar isto, é tam o seu olhar. Nisto consiste o olhar
necessário trilhar um caminho que de cada pastor autêntico, capaz de ver
às vezes passa por lugares distan- nas profundezas do coração, sem ser
tes das comunidades eclesiais. Em inoportuno nem ameaçador.
muitos casos, trata-se de dar espa-
ço à novidade, sem ficar preso aos Nas narrações evangélicas, o olhar de
esquemas prontos, usando o critério Jesus transforma-se numa palavra,
do “sempre se fez dessa forma”. Dar que é uma chamada a uma novidade
liberdade é estar aberto à novidade a ser acolhida, explorada e construída.
que vem de Deus. Chamar quer dizer em primeiro lugar
despertar o desejo, tirar as pessoas
Três verbos, que nos Evangelhos co- daquilo que as mantêm bloqueadas
notam o modo de Jesus se encontrar ou das comodidades em que elas se
com as pessoas do seu tempo, aju- instalam. Chamar quer dizer formular
dam-nos a estruturar este novo estilo perguntas para as quais não existem
pastoral: sair, ver, chamar. respostas prontas. É isto, e não as nor-
mas prontas, que incentiva as pessoas
Neste sentido, pastoral vocacional sig-
a colocar-se a caminho e a encontrar a
nifica aceitar o convite do Papa Fran-
alegria do Evangelho.
cisco a sair daquelas formas de rigidez
que tornam menos compreensível o
anúncio do Evangelho, dos esquemas
Todos os jovens,
em que as pessoas se sentem catalo-
sem exclusão
gadas. Sair é também sinal de liberda- Na sociedade os jovens são muitas ve-
de interior em relação a atividades e zes tratados como uma presença inú-
preocupações habituais, de maneira til ou inoportuna. A Igreja não pode
a permitir que os jovens sejam pro- reproduzir esta atitude, porque todos
tagonistas. A comunidade cristã será os jovens, sem exclusão alguma, têm
– 12 –
o direito de ser acompanhados no seu tar esse processo podem criar sé-
caminho. Os jovens não são objetos, rios contratestemunhos. Portanto é
mas sujeitos da alegria do Evangelho. necessário levar a sério a formação
dos acompanhadores, sobretudo
Além disso, cada comunidade é cha- daqueles que irão orientar o discer-
mada a prestar atenção principalmen- nimento para as vocações ao minis-
te aos jovens pobres, marginalizados tério ordenado e à vida consagrada.
e excluídos, e a torná-los protagonis- Além disso, nas comunidades deve
tas. Estar próximo dos jovens que vi- ser reconhecido e valorizado o papel
vem em condições de maior pobreza educativo das famílias. Também o en-
e dificuldade, violência e guerra, en- contro com bispos, sacerdotes, con-
fermidade, deficiência e sofrimento, sagrados e consagradas, capazes de
é uma dádiva especial do Espírito, ca- colocar-se à disposição dos jovens,
paz de fazer resplandecer o estilo de dedicando-lhes tempo e recursos é
uma Igreja em saída. A própria Igreja decisivo para o crescimento das no-
é chamada a aprender com os jovens. vas gerações.
Toda a comunidade cristã deve se sen- Muitos profissionais, como profes-
tir responsável por acolher e educar sores, estão comprometidos como
as novas gerações, valorizando e in- testemunhas nas universidades e nas
centivando o compromisso dos jovens escolas. No mundo do trabalho, na
nos conselhos pastorais por exemplo, política, no voluntariado, muitos fiéis
convidando-os a oferecerem a sua dão testemunho de vocações huma-
contribuição. No mundo todo existem nas e cristãs acolhidas e vividas com
paróquias, congregações religiosas, fidelidade e compromisso, suscitando
associações, movimentos e realida- naqueles que os veem o desejo de fa-
des eclesiais capazes de oferecer aos zer o mesmo: responder com genero-
jovens experiências de crescimento sidade à própria vocação sendo exem-
e de discernimento. Também aqui se plo para as novas gerações.
impõe a necessidade de uma prepara-
ção específica e contínua dos forma- A vida cotidiana e
dores. o compromisso social
Tornar-se adulto significa aprender a
Figuras de referência gerenciar as dimensões da vida que
O papel de adultos confiáveis é são fundamentais e, ao mesmo tem-
fundamental em cada percurso de po, cotidianas: a utilização do tempo
amadurecimento humano e de dis- e do dinheiro, o estilo de vida e de
cernimento vocacional. Por vezes, consumo, o estudo e o tempo livre, a
pessoas despreparadas para orien- roupa e a comida, a vida afetiva e a
– 13 –
sexualidade. Esta aprendizagem que gelização, de celebração e de serviço,
os jovens devem enfrentar é a oca- colocando-se em primeira linha em
sião para colocar em ordem a própria ordem a uma hospitalidade aberta a
vida e as prioridades, experimentan- todos e a cada um. Para estes espaços
do percursos de escolha que podem e para os animadores vocacionais, o
tornar-se uma escola de discernimen- desafio consiste em proceder sempre
to e consolidar a orientação pessoal, mais na lógica da construção de uma
tendo em vista as decisões mais im- rede integrada de propostas, e em
portantes. Quanto mais autêntica for assumir na própria maneira de agir, o
a fé, mais questionará a vida cotidia- estilo do sair, ver, chamar.
na. Merecem uma atenção particular
as experiências, às vezes difíceis ou – Em nível global, sobressaem as Jor-
problemáticas, da vida de trabalho ou nadas Mundiais da Juventude. Além
relativas à falta de trabalho. Também disso, as Conferências Episcopais e as
elas constituem uma ocasião para Dioceses sentem cada vez mais como
compreender ou aprofundar a própria um seu dever proporcionar eventos
vocação. e experiências específicas para os jo-
vens.
Os pobres gritam e, juntamente com
eles, também a terra. O compromisso – As Paróquias propõem espaços, ati-
de ouvir pode ser uma ocasião con- vidades, tempos e percursos para as
creta de encontro com o Senhor e jovens gerações. A vida sacramental
com a Igreja, bem como de descober- oferece ocasiões fundamentais para
ta da própria vocação. Como ensina o crescer na capacidade de receber a
Papa Francisco, as ações comunitárias dádiva de Deus na própria existência e
pelas quais cuidamos da casa comum convida à participação ativa na missão
e da qualidade de vida dos pobres, eclesial. Sinal de atenção ao mundo
“quando exprimem um amor que se dos jovens são os centros juvenis e os
doa, podem transformar-se em expe- oratórios.
riências espirituais intensas” (Lauda-
to Si’, 232), e portanto, também em – As universidades e as escolas cató-
oportunidades de caminho e de dis- licas, com o seu precioso serviço cul-
cernimento vocacional. tural e formativo, constituem outro
instrumento de presença da Igreja no
Os âmbitos meio dos jovens.
específicos da pastoral – As atividades sociais e de volunta-
A Igreja oferece aos jovens espaços riado oferecem a oportunidade de se
específicos de encontro e de forma- colocar em atividade no serviço gene-
ção cultural, de educação e de evan- roso, o encontro com pessoas que ex-
– 14 –
perimentam pobreza e exclusão pode ao acesso à informação e à cons-
ser uma ocasião favorável de cresci- trução de vínculos à distância, mas
mento espiritual e de discernimento apresenta também riscos (por exem-
vocacional. Também a partir deste plo, o cyberbullying, o jogo de azar,
ponto de vista os pobres são mestres, a pornografia, as mentiras das salas
aliás, portadores da Boa Notícia de de chat, a manipulação ideológica,
que a fragilidade é o lugar em que se etc.). Mesmo levando em conta as di-
realiza a experiência da salvação. ferenças entre as várias regiões, a co-
munidade cristã ainda deve construir
– As associações e os movimentos a sua presença neste novo espaço,
eclesiais, mas inclusive muitos luga- onde os jovens certamente têm algo
res de espiritualidade, propõem sé- para lhe ensinar.
rios percursos de discernimento aos
jovens, as experiências missionárias As linguagens
tornam-se momentos de serviço ge- da pastoral
neroso e de intercâmbio fecundo. A
redescoberta da peregrinação como Às vezes observamos que há uma
forma e estilo de caminho parece distância grande entre a linguagem
válida e promissora, em numerosos da Igreja e a dos jovens, embora haja
contextos a experiência da piedade muitas experiências de encontro fe-
popular sustenta e alimenta a fé dos cundo entre a sensibilidade dos jovens
e as propostas da Igreja nos âmbitos
jovens.
bíblico, litúrgico, artístico, catequético
– Um lugar de importância estratégi- e dos meios de comunicação. Sonha-
ca é ocupado pelos seminários e pe- mos com uma Igreja que saiba confiar
las casas de formação que, também espaços ao mundo juvenil e às suas
através de uma vida comunitária in- linguagens, apreciando e valorizando
tensa, devem permitir que os jovens a sua criatividade e os seus talentos.
recebidos possam fazer a experiência, Reconhecemos no esporte um recurso
que por sua vez os tornará capazes de educativo que oferece grandes opor-
acompanhar outros. tunidades, e na música e nas outras
expressões artísticas uma privilegiada
O mundo digital linguagem expressiva que acompanha
o caminho de crescimento dos jovens.
Merece uma menção particular o
mundo das novas mídias, que prin- Devemos habituar-nos a percursos de
cipalmente para os jovens se tornou aproximação da fé sempre menos pa-
um verdadeiro lugar de vivências. dronizados e mais atentos às caracte-
Oferecem muitas oportunidades iné- rísticas pessoais de cada um. Existem
ditas, sobretudo no que diz respeito pessoas que seguem as etapas tradi-
– 15 –
cionais da iniciação cristã, mas exis- nitude. Ela, jovem mulher de Nazaré,
tem também aquelas que tiveram seu que em cada etapa da sua existência
primeiro contato com o Senhor e com acolhe a Palavra e a conserva, “medi-
a comunidade dos fiéis através de ou- tando-a no seu coração” (cf. Lc 2, 19),
tro caminho, por exemplo, a partir de foi a primeira que percorreu este ca-
um compromisso com a justiça social minho.
e com cristãos atuando fora da igreja.
Para as comunidades, o desafio é ser Cada jovem pode descobrir na wvida
hospitaleiras para com todos, seguin- de Maria o estilo da escuta, a cora-
do Jesus que sabia falar com judeus e gem da fé, a profundidade do dis-
samaritanos, com pagãos de cultura cernimento e a dedicação ao serviço
grega e ocupantes romanos, compre- (cf. Lc 1, 39-45). Na sua “pequenez”,
endendo o desejo profundo de cada a Virgem noiva de José experimenta
um deles. a fragilidade e a dificuldade de com-
preender a vontade misteriosa de
Silêncio, contemplação, Deus (cf. Lc 1, 34). Também Ela é cha-
oração mada a viver o êxodo de si mesma e
dos seus projetos, aprendendo a en-
Finalmente, não há discernimento
tregar-se e a confiar.
sem cultivar a familiaridade com o
Senhor e o diálogo com a sua Palavra. Fazendo memória das “maravilhas”
Em particular, a Lectio Divina (leitura que o Todo-Poderoso realizou nela
orante da Palavra de Deus) é um mé- (cf. Lc 1, 49), a Virgem não se sente
todo precioso que a tradição da Igre- sozinha, mas plenamente amada e
ja nos transmite. Em uma sociedade apoiada pelo “Não temas!” do anjo
cada vez mais barulhenta, um objeti- (cf. Lc 1, 30). Consciente de que Deus
vo fundamental da pastoral juvenil e está com Ela, Maria abre o seu cora-
vocacional consiste em oferecer oca- ção ao “Eis-me!”, inaugurando deste
siões para saborear o silêncio e a con- modo o caminho do Evangelho (cf. Lc
templação, e formar para a nova leitu- 1, 38). Mulher da intercessão (cf. Jo 2,
ra das experiências pessoais e para a 3), diante da cruz do Filho, unida ao
escuta da própria consciência. “discípulo amado”, aceita novamente
o chamado a ser fecunda e a gerar a
Maria de Nazaré vida na história dos homens. Nos seus
Confiemos a Maria este percurso em olhos cada jovem pode voltar a des-
que a Igreja se questiona sobre a cobrir a beleza do discernimento, e
maneira de melhor acompanhar os no seu coração pode experimentar a
jovens a aceitar o chamado para a ternura da intimidade e a coragem do
alegria do amor e para a vida em ple- testemunho e da missão.
– 16 –