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A Identidade do Espírito Santo

Texto Áureo: 1 Coríntios 3:16

No estudo teológico, o Espírito Santo é identificado como a


Terceira Pessoa da Santíssima Trindade Divina. Isso indica tanto
sua pessoalidade quanto sua divindade, ou seja, assim como o Pai e
o Filho Ele também é pessoal e divino.

É muito importante entender que quando usamos a expressão


“Terceira Pessoa da Trindade”, nunca devemos aplicá-la como um
tipo de hierarquia na própria Trindade em si, como se o Espírito
Santo fosse o terceiro em importância, poder, autoridade e
divindade. Basílio de Cesaréia, combatendo algumas heresias, falou
assertivamente sobre isso:

“Há um só Deus Pai, um só Filho Unigênito, um só Espírito Santo.


Anunciamos cada uma dessas hipóstases singularmente. E se fosse
conveniente ‘co-numerar’, não nos deixaríamos levar por rude
enumeração a uma ideia politeísta”.

O que de fato existe, e isso apenas com relação à economia da


salvação, é a verdade de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo
assumem diferentes papeis. Assim, bem resumidamente, podemos
dizer que o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito Santo aplica.

Diferente do que algumas pessoas pensam, a identidade do


Espírito Santo e sua ação são reveladas nas Escrituras do
começo ao fim, isto é, do Antigo ao Novo Testamento. A Igreja
do período apostólico, apesar de também ter tido que combater
diversas heresias, compreendeu essa verdade.

No entanto, nos anos seguintes, doutrinas equivocadas começaram


a ganhar força quando o assunto era a revelação do Deus Triúno,
o que obviamente incluía também a discussão acerca da identidade
do Espírito Santo, levando à necessidade da Igreja se posicionar
de forma oficial sobre essa questão especialmente em dois
grandes Concílios, o de Niceia em 325 d.C. e o de Constantinopla
em 381 d.C.

A Divindade do Espírito Santo à Luz da Bíblia

É atribuído ao Espírito Santo nas Escrituras nomes divinos,


como “Espírito de Deus”, “Espírito de Cristo” e “Espírito do
Senhor”. O próprio nome “Espírito Santo”, que enfatiza o adjetivo
da santidade deixa essa questão muito evidente.

Um bom exemplo disso se dá quando comparamos Êxodo 17:7 e


Hebreus 3:7-9. Em Êxodo lemos sobre como os filhos de Israel
tentaram ao Senhor no deserto. O termo “Senhor” traduz nessa
passagem o original hebraico Yahweh, que refere-se ao nome
próprio de Deus.

Ao se referir a esse episódio, o escritor do livro de Hebreus


escreveu: “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje
a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação,
no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me
provaram, e viram por quarenta anos as minhas obras” (Hebreus
3:7-9).

Em Atos 5:3, quando o apóstolo Pedro repreendeu um homem


chamado Ananias, ele afirmou que aquele homem havia mentido ao
Espírito Santo, e logo em seguida concluiu: “Não mentistes aos
homens, mas a Deus” (Atos 5:3,4). Alguns outros exemplos em que
o Espírito Santo recebe nomes e títulos divinos são: 1 Coríntios
3.16; 2 Timóteo 3.16 e 2 Pedro 1.21.

O Espírito Santo também é referenciado em pé de igualdade com


o Pai e o Filho, como por exemplo, na fórmula batismal ensinada
pelo próprio Jesus (Mateus 28:19) e na conhecida bênção
apostólica (2 Coríntios 13:13).

Além disso, o Espírito também realiza obras divinas, isto é, obras


que apenas o próprio Deus é capaz de realizar, como a criação
(Gênesis 1:2; Jó 26:13; 33:4), a renovação da própria criação
(Salmo 104:30), a regeneração (João 3:5,6; Tito 3:5) e também a
ressurreição (Romanos 8:11).

Os Atributos da Divindade

O Espírito Santo também aparece nas Escrituras como sendo o


portador dos atributos divinos, isto é, Ele possui os atributos que
caracterizam o próprio Ser de Deus, como por exemplo:

 Ele é onipotente (1 Coríntios 12:11; Romanos 15;19).


 Ele é onipresente (Salmo 139:7-10).
 Ele é onisciente (Isaías 40:13; cf. Romanos 11:34).
 Ele é eterno (Hebreus 9:14).
 Ele é a verdade (1 João 5:6).

A Personalidade do Espírito Santo

A personalidade do Espírito Santo foi um dos pontos mais atacados


por heresias na história da Igreja, mas a Bíblia afirma sua
personalidade de forma bastante clara. Apesar de o termo
“Espírito” traduzir o original Pneuma que é neutro, ao Espírito
Santo é atribuído pronome masculino (João 16:14; Efésios 1:14).

Ele também aparece como tendo características de pessoa, como


por exemplo: inteligência (João 14:26; 15:26; Romanos 8:16),
vontade (Atos 16:7; 1 Coríntios 12:11), sentimentos (Isaías 63:10;
Efésios 4:30). Além disso, Ele fala, revela, intercede, luta,
testifica etc.

Uma das passagens que revela de forma mais clara a identidade do


Espírito Santo com pessoa é João 14:16, onde Jesus diz: “E eu
rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre” (João 14:16).

É fácil perceber que o Espírito Santo é igualado ao próprio Jesus,


ou seja, “outro Consolador”. Essa expressão aponta tanto para a
divindade do Espírito Santo como para sua divindade. Assim como
Jesus é Deus e possui personalidade, o Espírito Santo também
é Deus e possui personalidade.

Além disso, a palavra “Consolador” traduz o grego Parakletos, que


de nenhuma forma pode ser traduzido como “consolação” ou
“auxílio”, isto é, seu significado correto é “ajudador”, “auxiliador”,
“consolador”. Portanto, esse termo também aponta de forma
direta para a identidade do Espírito Santo como pessoa.

As Manifestações do Espírito Santo

Primeiramente podemos destacar a atuação do Espírito Santo


como parte da Santíssima Trindade na obra da criação, quando o
Espírito pairava sobre a face das águas levando ordem ao caos. Já
com relação à economia da salvação, o Espírito Santo regenerava
as pessoas no Antigo Testamento da mesma forma como regenera
a partir do Novo Testamento.

Também é inegável a atuação e manifestação do Espírito Santo


de forma soberana no sentido de capacitar alguém de maneira
especial para um determinado ministério. Sim, o Espírito Santo
já atuava no Antigo Testamento no aspecto carismático,
concedendo dons a determinadas pessoas.

Um dos primeiros exemplos sobre isso é o caso dos artífices


Bezalel e Aoliabe, dois homens que foram capacitados pelo Espírito
Santo a fazer incríveis obras de arte, e ainda tinham o dom de
ensinar outras pessoas sobre esse ofício (Êxodo 35:30-34).

Foi o Espírito Santo que capacitou os juízes de Israel, como o


forte Sansão, o canhoto Eúde, Gideão e outros, para que
pudessem libertar o povo de seus opressores. Mais tarde, vemos
também que alguns reis foram capacitados com o Espírito Santo.
O exemplo mais claro foi o próprio rei Davi (Salmo 51:11). Na
verdade os reis de Israel eram ungidos com óleo que naquele
contexto simbolizava a unção do Espírito Santo.
Talvez o exemplo mais direto sobre a capacitação e distribuição
de dons do Espírito Santo no Antigo Testamento esteja no
ministério dos profetas. Homens como o profeta Elias e o profeta
Eliseu, foram grandiosamente dotados do Espírito Santo. Outros,
como o profeta Isaías, o profeta Jeremias, o profeta Ezequiel,
além de terem sido separados para servirem como mensageiros de
Deus, ainda foram escolhidos e capacitados para registrarem as
Escrituras, assim como os apóstolos também foram no Novo
Testamento.

Tudo isso significa que a manifestação do Espírito Santo no


Antigo Testamento era essencialmente a mesma que no Novo
Testamento, regenerando, santificando, guardando e
capacitando o povo de Deus.

No entanto, no Novo Testamento podemos perceber que o Espírito


Santo passou a atuar de forma mais intensa no povo do Senhor, no
aspecto de que enquanto apenas algumas pessoas específicas eram
capacitadas por Ele para o ministério no Antigo Testamento, no
Novo Testamento o Espírito Santo foi derramado sobre todos os
redimidos, cumprindo-se as promessas registradas no próprio
Novo Testamento.

É fácil entender isso quando olhamos para um episódio que ocorreu


com Moisés, quando este estava sentindo o peso de liderar o povo
de Israel e pediu que Deus alivia-se aquela carga sobre seus
ombros. Então o Senhor ordenou que fossem separados setenta
anciãos que receberiam do mesmo Espírito que estava sobre
Moisés para servirem de auxílio a ele.

Também não é difícil entender que não se tratava da regeneração


daquelas setenta indivíduos, mas de uma capacitação especial para
que eles pudessem exercer o ministério. Em certo momento Josué
questionou aquela distribuição do dom Espírito Santo sobre outras
pessoas além de Moisés, mas a resposta do próprio Moisés em
forma de oração é bastante esclarecedora sobre a própria atuação
e manifestação do Espírito Santo no Novo Testamento: “Tomara
todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o
seu Espírito” (Número 11:29).

A Descida do Espírito

A oração de Moisés desejando que o Espírito Santo fosse


derramado sobre todo o povo do Senhor tornou-se realidade no
dia do Pentecostes, poucos dias depois da ascensão de Cristo ao
céu.

Alguns anos antes desse acontecimento, o profeta João Batista


também anunciou que o Messias seria aquele capaz de batizar com
o Espírito Santo (João 1:33). Durante seu ministério terreno, o
próprio Jesus garantiu que o Auxiliador, isto é, a pessoa do
Espírito Santo, seria enviado ao seu povo (João 14). Além disso,
Ele deu ordens específicas para que seus discípulos ficassem em
Jerusalém aguardando o derramamento do Espírito.

Quando finalmente esse grande evento ocorreu, o apóstolo Pedro


entendeu o tamanho do significado daquele momento que
representava a transição da Antiga Aliança para Nova Aliança, e
apontou para o cumprimento do que havia sido profetizado pelo
profeta Joel: “E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do
meu Espírito derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e
as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão visões, E os
vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito
derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias,
e profetizarão” (Atos 2:17,18). Saiba mais sobre o significado do
Pentecostes.

Os Sinais

O derramamento do Espírito Santo do dia de Pentecostes foi


acompanhado de sinais que apontavam para a legitimidade daquele
evento: (1) o som de um vento impetuoso; (2) línguas como de fogo;
(3) os crentes falaram em outras línguas conforme o Espírito
Santo lhes concedia.
Há pouca discussão sobre os dois primeiros, enquanto que com
relação às línguas muito se tem debatido. De qualquer forma, o
modo com que o evangelista Lucas relata o evento registro em Atos
2, enfatiza muito claramente que naquele contexto as línguas eram
idiomas falados, ou seja, com o derramamento do Espírito Santo,
os cristãos anunciaram as maravilhas de Deus na língua
característica de várias regiões diferentes, de modo que as
pessoas podiam ouvir cada um em seu próprio idioma. O objetivo
desse milagre é muito claro: a ordem de Deus é que o Evangelho
seja pregado em todo mundo (cf. Marcos 16:17).

Novamente o “falar em línguas” é registrado na casa do Centurião


Cornélio (Atos 10:46) e entre os discípulos de João Batista em
Éfeso (Atos 19:6). Em ambos os casos o objetivo principal desse
milagre foi apontar de forma clara que aquelas pessoas pertenciam
a Igreja de Cristo. No entanto, diferente do capítulo 2 de Atos,
Lucas não fornece qualquer informação conclusiva se aquelas
línguas eram conhecidas assim como ocorreu no Pentecoste, ou se
eram pronunciamentos ininteligíveis.

O apóstolo Paulo também trata da questão do “falar em línguas”


quando escreveu a igreja de Corinto (1 Coríntios 12-14). Esse texto
é alvo de muito debate, de modo que existem diferentes
interpretações sobre ele. Alguns sugerem que se trata da mesma
manifestação descrita no livro de Atos, outros entendem que se
trata da mesma manifestação que ocorreu na casa de Cornélio e
em Éfeso, mas não da mesma que ocorreu no Pentecostes.

Por fim, há quem defenda que a manifestação que ocorria na igreja


de Corinto não era essencialmente a mesma registrada em Atos.
De qualquer forma, independentemente da interpretação desse
ponto, é inegável que uma comparação entre os textos de Atos e 1
Coríntios 12-14 revela algumas diferenças notáveis com relação à
manifestação das línguas, especialmente no âmbito normativo
quanto a seu uso.
A continuidade ou não do dom de falar em línguas também é
bastante debatida. Alguns defendem que esse dom serviu de
forma específica para aquele momento histórico narrado no livro
de Atos, enquanto que outros acreditam que esse dom ainda seja
distribuído de forma soberana pelo Espírito Santo aos cristãos.

Os Dons Espirituais

O Novo Testamento revela em várias passagens que o Espírito


Santo capacita o povo de Deus com dons especiais para o
exercício no ministério cristão. Um dos textos mais conhecidos
a esse respeito encontra-se no capítulo 12 de 1 Coríntios.

Algo que é fundamental nesse texto, pois revela o próprio objetivo


do apóstolo Paulo ao escrevê-lo, é entender que a distribuição dos
dons é feita pelo próprio Espírito Santo e de forma soberana,
de modo que expressa a própria diversidade dos membros do
Corpo de Cristo, ou seja, os dons não servem para determinar
quem é o mais espiritual na comunidade cristã, mas servem para a
edificação da Igreja e o Espírito Santo os concede a quem Ele
quer.

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