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1 – Todas as disciplinas tratam da relação e da distinção entre direito e política ou a institucionalização jurídica do

exercício do poder político na sociedade, embora o enfoque crítico-reflexivo da Teoria da Constituição problematize
os fenômenos do direito e da política a partir do conceito de constituição. Dessa forma, a Teoria da Constituição rompe
com os enfoques unilaterais da Teoria Geral do Direito Público e da Teoria das Instituições Políticas: a primeira adota
um enfoque normativo, que reconstrói normas e princípios gerais do próprio direito, abstraídas da rica diversidade do
constitucionalismo, enquanto a segunda apresenta um enfoque sociológico-realista, a fim de descrever como as forças
político-sociais se estabilizaram sob a forma de instituições. A Teoria da Constituição também supera o dualismo
metodológico da Teoria Geral do Estado, que possui enfoque no Estado-nação como organização jurídica moderna da
política.

2 – A Teoria da Constituição é “chave interpretativa” do Direito Constitucional, porque ela busca compreender o
Direito Constitucional no horizonte das tradições do constitucionalismo, analisando o funcionamento e a dinâmica das
estruturas constitucionais, o que permite a concepção do Direito Constitucional tanto como ciência dogmático-jurídica
quanto como sistema normativo. Nesse sentido, a Teoria da Constituição apresenta uma primeira dimensão pautada
na teoria e história da linguagem constitutiva do Direito Constitucional (teoria da legalidade constitucional). A segunda
dimensão é a de uma teoria da justificação democrática do constitucionalismo, baseada em
autonomia/autodeterminação (teoria da legitimidade constitucional). A terceira dimensão é a de uma teoria
sociológica da relação de tensão entre os princípios do constitucionalismo e os processos políticos e sociais no interior
da realidade social (teoria da efetividade constitucional). E a quarta dimensão pode colaborar com os debates públicos
e políticos a fim de aperfeiçoar o Direito Constitucional.

3 – A Teoria da Constituição trabalha a relação entre normatividade e realidade a partir da perspectiva de uma teoria
sociológica da relação de tensão (e não de contraste, hiato ou distância) entre os princípios normativos do
constitucionalismo e os processos políticos e sociais no interior da realidade social, o que seria a própria teoria da
efetividade constitucional. Sob essa análise, a Teoria da Constituição assimila o Direito como prática social
interpretativa e argumentativa, com referência a uma disputa de paradigmas jurídicos, além de pensar o Direito
Constitucional como a expressão normativa dos compromissos político-sociais, em um determinado momento
histórico.

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