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e
Administração
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Índice Geral
Introdução……………………………………………………………………...........…..3
3. Estado e administração……………………………………………………………….9
3.1 Administração Pública ……………………………………………………10
Conclusão ……………………………………………………………………………..14
Bibliografia …………………………………………….………………………….......15
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Introdução
Este trabalho tem como principal objetivo a compreensão da relação entre poder e
Administração Pública e é realizado no âmbito da disciplina de Administração Pública.
Procuramos entender como o poder é exercido no seio da Administração Pública e qual
o seu respaldo na Lei.
Para o efeito, primeiro enquadramos o elemento Estado na história, através de uma breve
introdução. Depois definimos Poder, Poder Político e o seu alcance nas suas várias acessões. Em
seguida procuramos estabelecer uma correlação entre Estado e Poder e apresentamos um breve
esboço do Estado português. No capítulo seguinte temos como objetivo: relacionar
Administração Pública e o Estado; salientar a forma como o poder é exercido na Administração
Pública, como é exercido através do governo; como são classificadas as diversas facetas da
Administração Pública; e ainda as formas do Estado atuar.
Por fim, apresentamos uma conclusão que procura responder às seguintes questões: Qual
o significado do papel do Estado quando relacionado com a Administração Pública e qual a
distinção entre Poder e Administração.
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1. O Estado
O homem através dos tempos sempre sentiu a necessidade de se agrupar para melhor
responder às suas necessidades. Foi assim estabelecendo elos entre si, primeiro dentro da mesma
família1, depois pela proximidade, pela partilha dos mesmos interesses, tais como interesses
religiosos, profissionais, e depois chegando a uma sociedade política, o Estado.2
Jean Bodin defendia que o Estado é “um governo justo daquilo que lhes é comum com
poder soberano, sendo o poder soberano absoluto e perpétuo”.(Castro 2012)5
É sobretudo a partir de Maquiavel que o uso do termo ‘Estado’ se torna corrente e, com
ele, toda uma série de discussões em torno das formas de ordenamento político e das
configurações do poder que ainda hoje perdura 6. E muitas são as vezes que a palavra Estado se
cruza com a palavra Poder, visível em Maquiavel já no século XVI.
Esta relação depende sempre do tipo ou forma de poder ou governo. Embora este trabalho
se vá debruçar sobre o Estado democrático e a forma de governo da Democracia, vamos aqui
relembrar as diversas formas de governo.
Aristóteles deixou como seu legado uma análise dos tipos de governo, segundo dois
critérios; um critério quantitativo e outro valorativo. O critério quantitativo classifica pelo número
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de pessoas que governa, que lhe chama de formas puras: o governo de um só, a monarquia; o
governo de alguns, a oligarquia; e a politeia como governo de muitos. O critério valorativo, que
apelida de formas degeneradas, divide em tirania, oligarquia e democracia.
A evolução do papel do Estado sofreu alterações através dos tempos desde o absolutismo
até aos dias de hoje. Também os fins do Estado foram sendo entendidos de forma diferente. A
segurança interna, a segurança externa foram sempre pilares de qualquer tipo de estado, e a forma
de organização política. O estar organizado é que já o define como sendo Estado, isto é um tipo
especifico de organização política. Claro que a existência de uma Constituição, é o confirmar da
vontade de um determinado povo se organizar de uma determinada forma num determinado
território. 8
O Estado tem também por ele assumido diferentes formas de atuar. Desde a revolução
americana, que deu início a este ciclo constitucional, observamos diversas formas de se entender
o Estado. Inicialmente o Estado liberal, defensor dos direitos liberais, não advoga qualquer forma
de governo, advoga sim que o poder seja controlado para que não se torne ilegítimo, aludindo a
formas democráticas. O limite à autoridade é essencial para que os direitos individuais sejam
devidamente assegurados. É a autoridade a ser exercida pela lei e não pela força. É a lei positiva
como instrumento do Poder.9
Mais tarde, o Estado social deu lugar a uma necessidade de se defender esses direitos e
não só enunciá-los. É nesta altura que vimos surgir um Estado social produtor, mais interveniente
na economia, que ao adquirir uma magnitude insuportável derivou num Estado mais regulador. É
no Estado social, ou “Welfare” que se deu uma crise de “eficácia”, aumentando as suas estruturas,
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recursos e despesas, perdendo mobilidade e agilidade. ou como Niklas Luhman definiu ao
defender que o Estado “pediu demasiado aos seus próprios instrumentos de implementação”.11
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1.2 Estado e Poder
Segundo Thales de Castro, poder no sentido amplo, está presente em todos e quaisquer
cenários onde existam relações humanas. 15 Mas no seu sentido estrito está sempre relacionado
“com o estudo de ciência politica contemporânea envolvendo os órgãos do estado em todos os
seus níveis”.
O poder pode ser exercido por um só (monarquia), por vários (aristocracia e oligarquia)
e por muitos (democracia).
Numa monarquia o poder pode ser atingido pela via do sangue, isto é, de forma
hereditária, e pela via da conquista.16 Aqui o poder é exercido pela monarquia, que tal como a
palavra indica é o poder concentrado num só.
“Em alguns países afirma-se que a consideração do Estado como pessoa jurídica foi o
mais relevante ataque intelectual contra a construção monárquica do Estado, por o monarca se
converter em órgão do Estado”17
Assim, o poder político consiste na faculdade de definir regras, ditar leis e obrigar ao seu
cumprimento eventualmente pela força.
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O poder quando alcançado por sufrágio direto, secreto e periódico, estamos na presença
de uma democracia. Assim, os órgãos executivos resultam de processos democráticos e
estabelecidos pela lei.
Mas tal como afirmamos foi aqui que se realizou a separação da administração e da justiça
à semelhança do realizado em França e que a separação dos poderes se tornou efectiva dando
lugar ao poder legislativo, judicial e executivo.21
Como sabemos os principais fins do estado são a segurança, a justiça e o bem-estar. Hoje
a lei fundamental da República portuguesa define e estabelece os direitos dos cidadãos face ao
poder e à organização do poder político. Só entendendo como os direitos do cidadão estão
defendidos e como o poder político está organização é que vamos conseguir definir a relação entre
poder e administração.
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membros do governo são nomeados também pelo Presidente da República, por indicação do
Primeiro Ministro.
Competências politicas, que compreendem entre outros a referenda dos atos do Presidente
da República, propostas de Lei e de resolução e realizar Convenções e Acordos Internacionais.
As suas competências legislativas englobam entre outras, fazer decretos-leis de matérias não
reservadas à Assembleia da República e as leis que dizem respeito ao seu funcionamento e
organização. As suas competências administrativas são regulamentação, planeamento e execução
do orçamento, promoção do desenvolvimento, funcionar, dirigir o governo como órgão superior
da administração publica, entre outras. O governo tem assim dupla dependência, a do parlamento
e do Chefe de Estado.
Para o âmbito deste trabalho o artigo 199º, que diz respeito às competências
administrativas é aquele sob o qual este trabalho mais incide.
O voto em Portugal é um direito constitucional que constitui um dever cívico, tal como o
preceito constitucional o determina no artigo 49º da CRP.
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Os círculos eleitorais estabelecidos correspondem aos distritos procurando obter o
equilíbrio e a democratização na representação popular, como por exemplo, tentando representar
tanto o voto rural como o urbano. Tendo assim sido feita a escolha de um sistema de representação
proporcional. Isto é, a tradução de votos em mandatos é aferida segundo um método proporcional,
o método de Hondt.
O que aqui gostaria de referir é que o sistema proporcional tem como característica
fundamental a pluralidade na representação e promove a representatividade de todos os sectores
do espectro político, ao contrário do sistema maioritário, que promove a existência de um sistema
de partidos bipartidário.
Uma vez empossado um governo, ele mesmo determina a sua lei orgânica. O decreto lei
251-A/2015 de 17 de dezembro aprovou o regime de organização e funcionamento do XXI
Governo Constitucional24. Sendo que é este que se encontra em vigor e que foi elaborado de
acordo com o artigo 198º nº 2 da CRP.
E este governo, tal como os anteriores e os que estão para vir, todos utilizarão a
Administração Publica na aplicação das suas políticas.
3. Estado e Administração
Importa aqui definir que a Administração Pública é a máquina através da qual o governo
aplica as suas políticas. Isto é, a administração é quem tudo faz, é o aparelho administrativo, é
quem sobre a orientação do governo leva a cabo as suas políticas, e realiza as missões do Estado.
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A Administração Pública é uma área pluridisciplinar, pois resulta ao longo da sua história
da incorporação na sua esfera dos mais diversos sectores da sociedade, tais como o direito, a
gestão, a economia, a sociologia e claro da ciência política.29
O Estado de forma a cumprir os seus objetivos, pode fazê-lo de duas formas: Fazer
diretamente ou fazer através de outas pessoas, isto é, ou através dos serviços que lhe são próprios
ou a quem o Estado vai pedir, incutir ou delegar.
O conceito de Administração Pública pode ser definido de acordo com dois sentidos:
segundo a sua estrutura ou segundo a sua atividade. Segundo a sua estrutura, é um conjunto de
organizações públicas, um sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado e de outras entidades
públicas, que visam a satisfação regular e contínua de necessidades coletivas. Segundo a sua
atividade, é a chamada “gestão pública”, isto é a atividade que esses órgãos desenvolvem.
Mas aqui vamos definir o que é administração direta, o que é administração indireta e o
que é administração autónoma. Segundo a lei nº 4/2004, de 15 de Janeiro, que estabelece os
princípios e normas a que deve obedecer a organização da administração direta do Estado, a
mesma determina que integram a administração direta do Estado, os serviços centrais e
periféricos, que pela natureza das suas competências e funções, devam estar sujeitos ao poder de
direção do respetivo membro do Governo.
A administração autónoma pode regional ou pode ser local. Aqui falamos de regiões
autónomas e do poder local, municípios e freguesias.
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3.2 Poderes do governo face à Administração Pública
. Administração autónoma, que é exercida pelo poder de tutela, que compreende “ingerir
a gestão (autorizando ou aprovando atos (suprindo a omissão de deveres legais) no intuito de
coordenar os interesses dos tutelados com interesses mais amplos representados pelo órgão
tutelar”. Consiste assim na faculdade de verificar o cumprimento da lei por parte destas
organizações. Estas entidades são também pessoas coletivas distintas do Estado, exercendo assim
este poder por outras entidades que não o Estado, mas de direito público.
A relação direta, é exercida pelo governo com o poder de direção, que consiste na
faculdade de poder dar ordens e instruções. Na sua relação indireta, o governo exerce o poder de
superintendência, que se traduz na possibilidade de praticar ou modificar atos realizados pelos
órgãos responsáveis por estas organizações. O poder de tutela exercido pelo governo tanto na
administração indireta como na administração autónoma, consiste na faculdade de verificar o
cumprimento da lei por parte destas organizações.
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organizações com a competência sobre todo o território nacional, tal como a ordem dos médicos,
o INEM, a direção geral de saúde, etc. Administração local, é aquela cuja competência incide
sob uma parcela do território, tal como cada uma das autarquias.
A classificação de acordo com o sector de atividade, é a sua agrupação pelo seu sector de
atividade onde se inserem, tal como o sector da saúde, sector da educação, sector da defesa
nacional, etc. Por exemplo quando falamos de sector da saúde compreende a Direção Geral da
Saúde, os hospitais, etc.
O que importa referir é que nas organizações que compõem a administração direta, o
Estado confunde-se com as mesmas, pois os organismos não têm personalidade jurídica própria,
e a sua confunde-se com a do Estado.
Acima mencionamos as várias formas de como se exerce o poder na AP, mas não
relacionamos, ou definimos a sua relação em termos funcionais. Aqui o que se pretende é
relacionar a desconcentração ou descentralização de serviços prestados pelo Estado. A
desconcentração de serviços é realizada pela administração periférica e a descentralização pela
administração autónoma ou indireta.
Centralização no sentido lato é a ação e o efeito de centralizar, reunir várias coisas num
centro comum ou fazer com que as coisas dependam de um poder central.
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Um Estado centralizado é aquele em que todas as atribuições administrativas estão sob a
alçada da lei conferida ao Estado.
Assim num estado totalmente centralizado, os órgãos das autarquias são nomeados e
demitidos pelos órgãos do poder central, quando dependem diretamente do governo, ou mesmo
do partido único, seja esse o caso.
Pelo contrário, o poder quando é descentralizado, a lei define que os diversos níveis de
poder estão sujeitos a eleições livres. A sua eleição ou nomeação depende somente da vontade
dos seus eleitores. Estão igualmente sob a tutela administrativa para que o controlo da legalidade
seja garantido no seio de um Estado, de uma administração. Assim a função administrativa num
estado descentralizado não está somente confiada ao Estado, mas também a outras pessoas com
distintas personalidades jurídicas do Estado.
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Cabrita, Eduardo ( 2018)
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Conclusão
O princípio Holístico eternizado por Aristóteles “O todo é maior do que a soma das
partes” é bem aplicável no bom funcionamento da máquina do Estado, na tão afamada
Administração Pública. Pois tal como Diogo Freitas do Amaral afirma,
Um novo capitulo está a ser escrito e o importante é que possa contribuir para uma melhor
prestação da Administração nas suas diversas vertentes. Porque a Administração e o seu
funcionamento não é estático, mas sim dinâmico. E o que se pretende é que independentemente
de quem dá as ordens, a máquina seja eficaz, eficiente e célere.
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Bibliografia
Amaral, Diogo Freitas (2016). Curso de Direito Administrativo. Volume I. Lisboa: Edições
Almedina
Denhardt, Robert & Catlan, Thomas, (2015). The Political Heritage. In: Theories of Public
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Fernandes, António José, (2010). Introdução à Ciência Politica, teorias, métodos e temáticas.
Porto: Porto Editora
Freitas, Diogo Amaral, (2016). Curso de Direito Administrativo, volume I. Lisboa: Porto Editora
Gameiro, António & Januário, Rui, (2014). Introdução e Teoria Geral do Direito. Alpiarça:
Edições Cosmos.
Marques, Fernando Pereira, (2026). Introdução ao Estudo dos Partidos Políticos. Lisboa: Ancora
Editora
Miranda, Jorge, (2014). Manual de Direito Constitucional tomo I.I. Lisboa: Porto Editora
Miranda, Jorge, ( 2014). Manual de Direito Constitucional tomo III. Lisboa: Porto Editora7
Miranda, Jorge, (2014) Manual de Direito Constitucional volume II. Lisboa: Coimbra Editora
Peters, B. & Pierre, Jon., (2012) The Sage Handbook of “ Public Administration. London: Sage
Publications.
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Rocha, J.A. Oliveira, (2013). Mudança do Estado e Mudança da Administração Pública: A
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Russell, Bertrand, (1996). Power of a New Social Analysis (1938). London: The Bertrand Russell
Peace Foundation.
Weber, Max, (2000). A Politica como profissão” . Lisboa: edições universitárias Lusófonas
Fundação Manuel dos Santos: O estado por dentro uma etnografia do poder e da administração
pública em Portugal. Disponível em:https://ffms.pt/FileDownload/0eda626f-f387-4dbf-
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publica-em-portugal
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