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Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodré - Matemática - UEL - 2007
CONTEÚDO iii
Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodré - Matemática - UEL - 2007
Seção 1 Introdução à Geometria Diferencial 1
Notas de aulas de Geometria Diferencial: Curvas - Ulysses Sodré - Matemática - UEL - 2007
Seção 2 Conceitos topológicos na reta real 2
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2.3 Conjuntos conexos em R 3
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2.5 Aplicações contı́nuas em R 4
Definição 13. (Conjunto conexo por caminhos) Um conjunto S ⊂ R é conexo por caminhos
se, dados dois pontos quaisquer p, q ∈ S, existe uma aplicação contı́nua f : [0, 1] → S tal
que f (0) = p e f (1) = q.
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Seção 3 Vetores no plano e no espaço 5
Vetores no plano e no espaço tridimensional são segmentos de reta orientados com direção,
sentido e intensidade. Um vetor é uma classe formada por todos os segmentos de reta com a
mesma direção, mesmo sentido e mesma medida. Um vetor pode ser denotado por uma letra
v, mas pela forma como definimos, deveria ser denotado por [v].
Podemos construir um vetor no espaço tridimensional com a direção vertical, tendo o ponto
inicial no plano z = 0 e ponto final no plano z = 1, indicando o sentido de baixo para cima,
além, do fato que a medida do mesmo seja igual a 1. A palavra medida pode ser substituı́da
por intensidade ou módulo. Existe um infinidade de tais vetores, mas todos possuem as
mesmas caracterı́sticas indicadas anteriormente.
Existem muitos objetos denominados vetores e as estruturas com estes vetores são os Espaços
vetoriais. Nem sempre um vetor pode ser interpretado geometricamente de uma forma fácil
como fizemos antes.
Existe uma definição mais ampla do conceito de vetor (nem sempre geométrica) que envolve
uma gama variada de objetos matemáticos como: matrizes, conjuntos, funções, soluções de
equações diferenciais, etc.
Definição 15 (Adição de vetores). Se v = (v1 , v2 , v3 ) ∈ R3 e w = (w1 , w2 , w3 ) ∈ R3 ,
definimos a soma de v e w, por:
v + w = (v1 + w1 , v2 + w2 , v3 + w3 )
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3.1 O espaço vetorial R3 6
v − w = (v1 − w1 , v2 − w2 , v3 − w3 )
Exercı́cio 5. Se v = (1, 3, 4) e w = (1, 8, 12), construir os vetores v, w, −v, −w, v +w, v −w.
Definição 17. (Produto de escalar por vetor) Se v = (a, b, c) e k é um número real, definimos
a multiplicação do escalar k pelo vetor v, como:
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3.2 Dependência linear em R3 7
1. 0v = θ 5. (a + b) v = a v + b v
2. 1v = v
6. Se a v = θ sendo v 6= 0, então a = 0.
3. (a b) v = a (b v) = b (a v)
4. a (v + w) = a v + a w 7. Se a v = b v com v 6= 0, então a = b.
Definição 18. (Combinação linear) Um vetor z é combinação linear dos vetores do conjunto
{u, v, w} se existem escalares a, b, c ∈ R tal que
z = au + bv + cw
Definição 19. (Conjunto Linearmente Dependente) Um conjunto {u, v, w} é linearmente
dependente (LD) em R3 se existem escalares não nulos a, b, c ∈ R tal que
au + bv + cw = θ
Definição 20. (Conjunto Linearmente Independente) Um conjunto {u, v, w} é linearmente
independente (LI) em R3 se a combinação linear
au + bv + cw = θ
implicar que os três escalares a, b e c devem ser nulos, isto é, a = b = c = 0.
Definição 21. (Conjunto gerador em R3) Um conjunto B = {u, v, w} gera um vetor de
z ∈ R3 se z é uma combinação linear dos vetores de B, isto é, existem escalares a, b, c ∈ R
tal que
z = au + bv + cw
Definição 22. (Base para R3) Um conjunto B = {u, v, w} é uma base para o espaço R3 se
B = {u, v, w} é linearmente independente (LI) e gera todos os vetores do espaço R3 .
Definição 23. (Componentes de um vetor em uma base) Dada uma base B = {u, v, w} de
R3 , podemos escrever um vetor z ∈ R3 nesta base através da notação
[z]B = (a, b, c)B = a u + b v + c w
onde a, b, c ∈ R são as componentes do vetor z na base B dada.
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3.4 Produto escalar e suas principais propriedades 8
3. Tomando muito cuidado nas medidas, construir um gráfico para cada situação apresen-
tada nos ı́tens anteriores.
2
O módulo também é denominado: intensidade ou comprimento ou medida.
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3.5 Bases ortogonais e ortonormais 9
Definição 30. (Ângulo entre dois vetores com o produto escalar) O produto escalar entre os
vetores v e w pode ser escrito na forma:
onde α é o ângulo formado pelos vetores v e w. Observamos que este ângulo pode ser
maior ou igual a zero, mas deve ser menor do que 180 graus (π radianos). Com esta última
definição, podemos obter o ângulo α, através do cosseno deste argumento α.
v·w
cos(α) =
|v| |w|
Definição 31. (Vetores ortogonais) Dois vetores v e w são ortogonais se o produto escalar
entre ambos é nulo, isto é, v · w = 0.
Exercı́cio 8. Dado o vetor v = (2, 3, 7), quais e quantos são os vetores ortogonais a v no
espaço R3 ? Construir geometricamente esta situação.
Definição 32. (Base ortogonal) Uma base ortogonal B = {u, v, w} é um conjunto de vetores
em R3 , dois a dois ortogonais, isto é u · v = u · w = v · w = 0.
Definição 33. (Base ortonormal) Uma base ortonormal B = {u, v, w} é uma base ortogonal
em R3 tal que |u| = |v| = |w| = 1.
Exemplo 8. (Base ortonormal) O conjunto B = {i, j, k} = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} é
uma base ortonormal em R3 denominada base canônica de R3 .
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3.6 Produto vetorial e suas principais propriedades 10
Definição 36. (Ângulo entre dois vetores com o produto vetorial) O produto vetorial entre
os vetores v e w pode ser escrito na forma:
o que significa que a definição de produto vetorial permite obter o ângulo α entre dois vetores
v e w, através de:
v×w
sin(α) =
|v| |w|
sendo que α ∈ [0, π].
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3.7 Produto misto e suas principais propriedades 11
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Seção 4 Funções vetoriais de uma variável real 12
Funções vetoriais com um parâmetro real são usadas para definir curvas no plano ou no espaço.
Definição 39. (Função vetorial de um parâmetro real) Uma função vetorial com um parâmetro
real t é uma função f : I → R3 que associa a cada parâmetro real t ∈ I um vetor
f (t) = (x(t), y(t), z(t)) ∈ R3 . Aqui, Dom(f ) = I e f (I) = Im(f ) ⊂ R3 . Se B = {i, j, k} é
a base canônica de R3 , então:
P (t) = P0 + t u
A definição abaixo não é apropriada para um parâmetro real, mas ela foi inserida aqui para
observarmos a semelhança entre a equação de uma reta e equação de um plano no espaço
R3 .
Definição 41. (Equação de um plano no espaço R3) A equação de um plano que passa pelo
ponto P0 ∈ R3 e é paralela aos vetores u e v de R3 é definida para (s, t) ∈ R2 , por
P (t, s) = P0 + t u + s v
Definição 42. (Função limitada) Diz-se que f : R → R3 é limitada sobre um intervalo real
I se existe um número real M > 0 tal que |f (t)| ≤ M para todo t ∈ I.
Exemplo 14. (Funções limitadas)
1. f : R → R2 definida por f (t) = (cos(t), sin(t)) é limitada.
2. f : R → R2 definida por f (t) = (t, t2 ) não é limitada.
3. f : R → R2 definida por f (t) = (a, bt + c) não é limitada.
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4.3 Limites de funções e as suas principais propriedades 13
Definição 43. (Limite de uma função) Diz-se que f : R → R3 tem limite L em p se, dado
ε > 0 arbitrário, existe δ > 0 tal que se 0 < |t − p| < δ implica que |f (t) − L| < ε. Neste
caso, denotamos o limite por
L = lim f (t)
t→p
Teorema 6. Seja f : R → R3 . Se lim f (t) = L, então existe uma bola aberta Br (p) na qual
t→p
f = f (t) é limitada.
Proposição 12. (Propriedades dos limites) Seja f (t) = (f1 (t), f2 (t), f3 (t)). Assim
1. lim f (t) = L = (L1 , L2 , L3 ) se, e somente se, lim fi (t) = Li para todo i = 1, 2, 3.
t→p t→p
2. Se lim f (t) = L, então lim |f (t)| = |L|
t→p t→p
3. Mostrar que a recı́proca para o ı́tem anterior não é verdadeira.
4. lim[f (t) ⊗ g(t)] = lim f (t) ⊗ lim g(t) onde ⊗ pode ser uma das operações: adição,
t→p t→p t→p
subtração, produto escalar ou produto vetorial.
5. lim(g ◦ f )(t) = g[lim f (t)] se cada função possui limite no ponto apropriado.
t→p t→p
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4.5 Derivadas de funções e suas principais propriedades 14
f (p + h) − f (p)
f 0 (p) = lim
h→0 h
quando este limite existe.
Exemplo 16. A aplicação f : R → R3 definida por f (t) = u + tv + t2 w possui derivada
f (p + h) = f (p) + h Lp + R(p, h)
desde que
R(p, h)
lim =0
|h|→0 |h|
Exemplo 17. A aplicação f : R → R3 definida por f (t) = u + tv + t2 w é diferenciável pois
tomando Lp = v + 2tw, segue que
R(p, h) = f (p + h) − f (p) − h Lp
= (u + (t + h)v + (t + h)2 w) − (u + tv + t2 w) − h(v + 2tw)
= h2 w
e
R(p, h) h2 w |h|2 w
lim = lim = lim = lim |h|w = θ = (0, 0, 0)
|h|→0 |h| |h|→0 |h| |h|→0 |h| |h|→0
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4.6 Classes de diferenciabilidade 15
7. Quando podemos realizar todas as derivadas possı́veis de uma função f sobre K, diz-se
que f é infinitamente diferenciável sobre K e denotamos isto por f ∈ C ∞ (K).
Exemplo 19. (Classes de diferenciabilidade)
1. A função f : R → R definida por f (x) = |x| é contı́nua sobre R mas não é diferenciável
em x = 0, isto é, f ∈ C 0 (K) mas f ∈ / C 1 (K).
2. A função f : R → R definida por f (x) = x2 é contı́nua sobre R é infinitamente
diferenciável sobre R, isto é, f ∈ C ∞ (R).
3. A função f : R → R definida por f (x) = |x|3 é diferenciável até a segunda ordem
sobre R mas a terceira derivada não existe em x = 0, logo f ∈ / C 3 (R).
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4.7 Fórmula de Taylor com resto 16
Para muitas funções, é possı́vel escrever um somatório infinito (uma soma infinita), pois
quando n → ∞ o resto Rn (t) → 0 e dessa forma temos a série de MacLaurin (caso particular
da série de Taylor) da função desenvolvida em torno do ponto t = 0
∞
X tk
f (t) = f (k) (0)
k=0
k!
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4.8 Funções analı́ticas reais 17
Definição 48 (Função analı́tica real). Diz-se que uma função f é analı́tica real se pode ser
escrita através do desenvolvimento de uma série de potências sobre uma região D.
Observação 7 (Caso importante). Se uma função f possui desenvolvimento de Taylor sobre
uma região D, f é analı́tica sobre D o que é garantido, em grande parte pelo fato de f
ser infinitamente diferenciável, mas nem todas as funções infinitamente diferenciáveis são
analı́ticas.
Exemplo 21 (Função infinitamente diferenciável que não é analı́tica). A função f : R → R
definida por: −1/x2
e se x 6= 0
f (x) =
0 se x = 0
é infinitamente diferenciável mas não é analı́tica. O gráfico de f se assemelha a
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Seção 5 Curvas no plano e no espaço 18
Definição 49. (Curva parametrizada) Uma curva parametrizada diferenciável é uma aplicação
diferenciável f : I ⊂ R → R3 que associa a cada t ∈ I em vetor f (t) = (x(t), y(t), z(t)).
Neste caso, t é o parâmetro e f (I) é a imagem de f .
Exemplo 23. (Curvas parametrizadas)
1. A circunferência centrada na origem de R2 com raio a é uma curva parametrizada
diferenciável definida por f (t) = (a cos(t), a sin(t)) onde t ∈ R.
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5.1 Curvas parametrizadas 19
Definição 52. (Comprimento do arco entre dois pontos de uma curva) O comprimento do
arco de uma curva regular f : I ⊂ R → R3 entre dois pontos f (a) e f (b) é dado por
Z b
`= |f 0 (u)|du
a
onde u ∈ I.
Definição 53. (Comprimento de arco de uma curva) O comprimento do arco de uma curva
regular f : I ⊂ R → R3 a partir de t0 ∈ I até um parâmetro genérico t ∈ I é dado por
Z t
s(t) = |f 0 (u)|du
t0
onde u ∈ I.
Observação 8. Se f = f (t) é uma curva regular, então |f 0 (u)| =
6 0, para todo u ∈ I e segue
que s = s(t) é diferenciável e pelo Teorema do Valor Médio
ds
= |f 0 (t)|
dt
Definição 54. (Curva parametrizada pelo comprimento de arco) Uma curva f : I → R3
regular está parametrizada pelo comprimento de arco se para todo t ∈ I ⊂ R, tem-se que
|f 0 (t)| = 1. Neste caso, ds = dt, de onde segue que s = t + C.
Exercı́cio 11. (Curvas parametrizadas)
1. Mostrar que a curva f (t) = (2 + 35 t, 6 + 45 t, 0) para t ∈ R está parametrizada pelo
parâmetro comprimento de arco.
2. Mostrar que a curva f (t) = (cos(−t), sin(−t), 5)), (t ∈ R) está parametrizada pelo
comprimento de arco e calcular o comprimento do arco desta curva entre os pontos
t = 0 e t = π.
3. Dada a curva f (t) = (a cos(t), a sin(t), 0)), (t ∈ R), obter uma função t = t(s) tal que
f = f (t(s)) esteja parametrizada pelo parâmetro comprimento de arco.
Teorema 12. Se f = f (s) é uma parametrização pelo comprimento de arco s de uma curva
C, então:
1. O comprimento de arco entre os pontos f (s1 ) e f (s2 ), denotado por `(f (s1 ), f (s2 ))
coincide com |s2 − s1 |.
(b) Se s2 ≤ s1 , então
Z s1 Z s1
0
`(f (s1 ), f (s2 )) = |f (u)|du = du = −(s2 − s1 )
s2 s2
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5.1 Curvas parametrizadas 20
df df ds
Demonstração. Se f = f (σ) então = assim
dσ ds dσ
ds
|f 0 (σ)| = |f 0 (s)| | |
dσ
ds
Como |f 0 (σ)| = |f 0 (s)| = 1, segue que | | = 1 ou seja
dσ
ds
= ±1
dσ
Resolvendo esta equação diferencial, obtemos s = ±σ+C onde C é uma constante.
Exercı́cio 12. Considerando funções reais de uma variável, enunciar e demonstrar o Teorema
do Valor Médio e o Teorema da função inversa.
dt
Demonstração. Se t = t(u) é uma mudança de parâmetros, então > 0 para todo u ∈ Iu
du
dt dt
ou < 0 para todo u ∈ Iu . Se > 0 para todo u ∈ Iu então, pelo teorema do valor
du du
médio, segue que t = t(u) é estritamente crescente, garantindo que t = t(u) é injetiva.
Pelo teorema da função inversa, existe u = u(t), e, como t = t(u) é contı́nua e crescente,
segue que u = u(t) é contı́nua e decrescente.
du 1
Como = 6= 0, temos que u = u(t) é uma mudança de parâmetros.
dt dt
du
Lema 1. Se f = f (t) é contı́nua em t0 e f (t0 ) 6= 0, então existe uma bola aberta Br (t0 ) na
qual f (t) 6= 0 para todo t ∈ Br (t0 ).
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5.2 Projeções ortogonais 21
Teorema 14. Se f = f (t) é uma curva regular sobre um intervalo I, então para cada t0 ∈ I,
existe uma bola aberta Br (t0 ) na qual f = f (t) é uma função injetora.
Demonstração. Se f (t) = (x(t), y(t), z(t)) é uma curva regular, então pelo menos uma das
componentes de f = f (t) é não nula. Vamos supor que x0 (t) 6= 0. Desse modo x0 (t)
é contı́nua em t = to , assim existe uma bola aberta Br (t0 ) tal que x0 (t) 6= 0 para todo
t ∈ Br (t0 ), assim, dados t1 6= t2 , t1 , t2 ∈ Br (t0 ) implicando que x(t1 ) 6= x(t2 ), garantindo
que x = x(t) é injetiva em Br (t0 ). Mesmo que as duas outras componentes coincidam,
podemos garantir que f = f (t) é injetiva sobre Br (t0 ).
Definição 55. (Mudança de parâmetro) Uma função real t = t(u) é uma mudança de
parâmetros sobre um intervalo I contendo u se:
1. t = t(u) ∈ C 1 (I).
dt
2. 6= 0 para todo u ∈ I,
du
dt dt
garantindo que > 0 para todo u ∈ I ou < 0 para todo u ∈ I.
du du
u2
Exercı́cio 13. Mostrar que a função t = é uma mudança de parâmetros definida
1 + u2
sobre o intervalo I = (0, ∞) cuja imagem é o intervalo (0, 1).
Definição 56. (Curva com auto-interseção) Uma curva regular f = f (t) possui auto-
interseção, se existem parâmetros distintos t1 e t2 tal que f (t1 ) = f (t2 ). Auto-interseção é
um ponto onde a curva volta a passar de novo sobre si mesma.
Definição 57. (Curva simples) Uma curva regular f = f (t) é simples se não possui auto-
interseções, isto é, se para quaisquer parâmetros distintos t1 e t2 segue que f (t1 ) 6= f (t2 ).
Definição 58. (Projeção ortogonal de uma curva) Seja f (t) = (x(t), y(t), z(t)) uma curva
definida sobre o intervalo I contendo t.
1. Se existe t0 ∈ I, para o qual a terceira coordenada z(t0 ) = C é constante, a equação
f (t) = (x(t), y(t), C) representa uma curva que passa pelo ponto f (t0 ) e é ortogonal
ao plano z = 0.
2. A famı́lia de todas as curvas da forma f (t) = (x(t), y(t), C) gera uma superfı́cie
cilı́ndrica S ortogonal ao plano z = 0 e S contendo a curva dada.
3. A projeção ortogonal da curva dada sobre o plano z = 0 é a curva f (t) = (x(t), y(t), 0).
Exemplo 24. (Projeção ortogonal) Seja a curva helicoidal f (t) = (a cos(t), a sin(t), bt) e
t0 = 1/b. Assim, f (1/b) = (a cos(1/b), a sin(1/b), 1) e a projeção ortogonal de f = f (t)
sobre o plano z = 0 é dada por
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5.3 Representação implı́cita de curvas 22
(a) z = x2 − y 2 e z = 0. (e) x2 + y 2 − z 2 = 1 e x = 0.
(b) z = x2 − y 2 e z = 1.
(f) x2 + y 2 − z 2 = 1 e y = 0.
(c) z = x2 − y 2 e z = −1.
(d) z = x2 + y 2 e z = 9. (g) x2 + y 2 − z 2 = 1 e z = 0.
Definição 60 (Vetor tangente (parâmetro genérico))). Seja C uma curva regular parametrizada
por f (t) = f ∈ C 1 (I). O vetor f 0 (t) é um vetor tangente à curva f = f (t) no ponto t ∈ I
e o vetor tangente unitário neste ponto é definido por
f 0 (t)
T (t) =
|f 0 (t)|
Observação 9 (Vetor tangente (parâmetro comprimento de arco)). Seja C uma curva regular
parametrizada pelo comprimento de arco f (s) = f ∈ C 1 (I). O vetor tangente unitário pode
ser obtido por T = f 0 (s), pois a regra da cadeia nos garante que
df
0
f (t) df dt df
T (t) = 0 = dt = = = f 0 (s)
|f (t)| ds dt ds ds
dt
Exercı́cio 14. Seja a curva f : R → R3 parametrizada por f (t) = (cos(2t), sin(2t), 0).
1. Determinar um vetor tangente à curva C no ponto t = 0.
2. Determinar o vetor tangente unitário à curva C no ponto t = 0.
3. Determinar a equação da reta tangente à curva C no ponto t = 0.
4. Construir um gráfico com a curva e os objetos obtidos nos ı́tens anteriores.
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5.5 Curvatura 23
5.5 Curvatura
dT 0
dT dT dt dt T (t)
κ(t) = = = =
ds dt ds ds f 0 (t)
dt
Exercı́cio 15. (Curvatura)
1. Qual é a interpretação geométrica do número κ = κ(s) com relação a uma curva C?
2. Se f = f (t) é uma parametrização para uma curva C, mostrar que a curvatura pode
ser obtida por
|f 0 (t) × f 00 (t)|
κ(t) =
|f 0 (t)|3
Definição 63. (Raio de curvatura) Se f = f (s) ∈ C 2 (I) é uma curva regular parametrizada
pelo parâmetro comprimento de arco, o raio de curvatura desta curva é definido por
1
ρ = ρ(s) =
κ(s)
Definição 64. (Vetor normal - parâmetro genérico) Seja uma curva regular f = f (t) ∈ C 2 (I)
dT
e 6= θ, o vetor normal unitário é definido por
dt
dT
T 0 (t)
N (t) = dt = 0
dT |T (t)|
dt
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5.7 Vetor binormal unitário 24
Observação 10. Nem sempre a curva f = f (t) para a qual desejamos calcular o vetor normal
unitário está parametrizada pelo comprimento de arco, mas quando isto ocorre, o cálculo é
mais simples.
Definição 65. (Vetor normal - parâmetro comprimento de arco) Seja uma curva regular
f = f (s) ∈ C 2 (I) parametrizada pelo comprimento de arco. Se f 00 (s) 6= θ, o vetor normal
unitário é definido por
f 00 (s)
N = 00
|f (s)|
3
Exercı́cio 17. Seja a hélice f : R → R parametrizada por f (t) = (3 cos(t), 3 sin(t), 4t).
1. Determinar um vetor normal à curva C no ponto t = 0.
2. Determinar a equação da reta normal à curva C no ponto t = 0.
3. Construir um gráfico com os objetos obtidos nos ı́tens anteriores.
Definição 66. (Orientação de uma curva plana) Seja C uma curva regular plana parametrizada
por f : I → R2 tal que f ∈ C 2 (I) e s o parâmetro comprimento de arco. Indicaremos o
vetor tangente unitário por T = (t1 , t2 ), o vetor normal unitário por N = (n1 , n2 ) e
t1 t2
D = det
n1 n2
A curva C possui
1. orientação positiva se D > 0 (Curvatura positiva),
2. orientação negativa se D < 0 (Curvatura negativa) e
3. orientação nula se D = 0 (Curvatura nula)
Definição 67. (Vetor binormal) Seja uma curva regular f = f (s) ∈ C 2 (I) parametrizada
pelo comprimento de arco. O vetor binormal unitário B = B(s) é definido por
B =T ×N
Exercı́cio 18. Seja C uma curva regular parametrizada por f = f (t) ∈ C 2 (I), onde t é um
parâmetro genérico. Demonstrar que o vetor binormal unitário pode ser definido por
f 0 (t) × f 00 (t)
B(t) = 0
|f (t) × f 00 (t)|
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5.8 Torção 25
5.8 Torção
Definição 68. (Torção de uma curva) Seja C uma curva regular parametrizada pelo compri-
mento de arco f = f (s) ∈ C 2 (I). A torção de C é o número obtido pelo produto escalar
τ = B 0 (s) · N (s)
Exercı́cio 19. Qual é a interpretação geométrica do número τ = τ (s) com relação a uma
curva C?
Exercı́cio 20. Seja a curva f : R → R3 parametrizada por f (t) = (3 cos(t), 3 sin(t), 4t).
1. Determinar o vetor binormal unitário à curva C no ponto t = 0.
2. Determinar a equação da reta binormal à curva C no ponto t = 0.
3. Determinar a torção da curva C no ponto t = 0.
4. Construir um gráfico com os objetos obtidos nos ı́tens anteriores.
Teorema 15. Se f = f (s) é uma curva regular parametrizada pelo parâmetro comprimento
de arco s, então valem as três equações no sistema diferencial linear:
0
T T
N 0 = M N
B0 B
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5.9 A teoria das curvas e o triedro de Frenet-Serret 26
Demonstração. Seja uma curva regular f = f (s) parametrizada pelo parâmetro comprimento
de arco. Assim, |f 0 (s)| = 1 e a derivada de f = f (s) com relação ao parâmetro s:
T (s) = f 0 (s)
T (s) · T 0 (s) = 0
Definindo a curvatura k = k(s) da curva como o módulo da taxa de variação do vetor tangente
unitário T = T (s) com relação ao parâmetro s:
k = |f 00 (s)|
podemos escrever
T 0 (s) = k N (s)
Como |B(s)| = 1, então B 0 (s) é um vetor ortogonal a B = B(s), isto é, B 0 (s) · B(s) = 0.
Derivando em relação ao parâmetro s o vetor B(s) = T (s) × N (s), obtemos:
Assim, B 0 (s) é ortogonal a B = B(s) e também ortogonal a T = T (s), de onde segue que
B 0 (s) é paralelo ao vetor normal N = N (s), isto é,
B 0 (s) = τ N (s)
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5.9 A teoria das curvas e o triedro de Frenet-Serret 27
T 0 = kN
N 0 = −kT − τ B
B 0 = τN
Observação 11. As curvas regulares são determinadas de forma única pela curvatura e torção
quando estes objetos estão considerados em função do parâmetro comprimento de arco s.
T 0 = D×T
N0 = D×N
B0 = D×B
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5.10 Complementos sobre a teoria de curvas 28
Definição 70. (Equações intrı́nsecas de uma curva) As equações k = k(s) e τ = τ (s) que
representam a curvatura e a torção de uma curva regular parametrizada pelo comprimento de
arco f = f (s) são as equações intrı́nsecas da curva f = f (s).
Dada uma curva plana f = f (s), tomamos α = α(s) como o ângulo formado entre os vetores
tangentes T = T (s) e o vetor i = (1, 0, 0). Desse modo, escrevemos
T 0 = kN e N 0 = −T
assim
dα
k(s) =
ds
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5.10 Complementos sobre a teoria de curvas 29
Como Z
f (s) = T (s) ds + K
então Z
f (s) = (cos(α(s)), sin(α(s))) ds + K
Se para todo s temos que k(s) 6= 0, então podemos escrever que
ds dα
ds = · dα =
dα k(s(α))
e a curva pode ser reescrita na forma
Z
1
f (s) = (cos α, sin α) ds + K
k(s(α))
que é uma forma de escrever a equação da curva f = f (s) em função de α = α(s)).
1 dα 1
Exemplo 26. Se k(s) = , (s > 0), então = , de onde segue que α(s) = log(s) + C
s ds s
o que equivale a s = exp(α − C). Desse modo,
Z
f (α) = eα−C (cos α, sin α) ds + K
1
é a equação da curva plana ( τ = 0) cuja curvatura é dada por k(s) = para todo s > 0.
s
1 dα 1
Exemplo 27. Se τ = 0 e k(s) = √ , (s > 0), então = √ , de onde segue que
2as ds 2as
a
s = α2 . Assim, a equação da curva plana com a curvatura dada é:
2
Z
f (α) = (cos α, sin α) dα + K
De fato, como
B0 B0
T = N × B = −B × N = −B × = −B × = −B × B 0
τ 1
logo Z Z
f (s) = T (s) ds = − B(s) × B 0 (s) ds
Exemplo 29. (Hélice circular) As equações intrı́nsecas de uma hélice circular são dadas pela
torção τ =Constante e pela curvatura k=Constante. Esta hélice está apoiada sobre um cilindro
circular reto e além disso:
|k| 2π|τ |
raio = 2 e passo =
k + τ2 k2 + τ 2
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