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Segredos dos

Psicotécnicos
para quem não quer ser surpreendido

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por Psico Hood

neste volume:

Teste de Personalidade com


desenhos: Casa - Árvore - Pessoa

H-T-P

livre reprodução e distribuição


PREFÁCIO

Os testes psicotécnicos geralmente são compostos de testes de personalidade, testes de raciocínio e


testes de habilidades específicas. Estude todos, pois é necessário um número mínimo de adequação em
cada tipo deles e há uma pontuação mínima geral a ser atingida. Os índices de eliminações nas avaliações
psicológicas em geral são de 15 a 40%, dependendo do concurso.

Não acredite em lendas do tipo “os psicólogos têm como saber se você está mentido”, “os psicólogos
ficarão desconfiados com respostas muito perfeitas”, “os psicólogos irão confirmar ou desmentir o resultado
do teste com entrevistas ou outros testes”, etc. Se isso fosse verdade, os psicólogos não fariam esse alerta,
eles ficariam quietos para identificar facilmente os candidatos mal-intencionados. Realmente existem alguns
poucos testes, do tipo questionário, que podem identificar algumas mentiras, mas a armadilha é facilmente
contornável. Ela se baseia em perguntas sobre erros que todos os seres humanos cometem e cuja resposta
não é agradável de dar. Exemplos: “Você já mentiu?”, “Você já pegou algo que não lhe pertencia?”, etc.
Fora isso, não existe mais nenhum tipo de pega-mentiroso. Não fique imaginando que haja cruzamento de
dados, levantamentos estatísticos, investigação pessoal, etc.

Também não acredite na lenda que: “não existem respostas certas ou erradas; seja autêntico;
apenas queremos saber como você é.” Essa historinha serve para você não ficar com medo do bicho papão,
relaxar, abrir seu coração e confessar todos os teus problemas (o único que irá valorizar essa tua
sinceridade estúpida será Jesus Cristo). Tenha em mente que boas características servem para qualquer
emprego; características ruins não servem para emprego algum. O perfil profissional apenas define qual é o
mínimo aceitável de cada característica, sem jamais recusar uma característica boa e sem jamais aceitar
uma característica ruim. Pessoas inteligentes, persistentes, altruístas, autoconfiantes, flexíveis e objetivas
servem para qualquer vaga. Pessoas burras, sem persistência, egoístas, sem autoconfiança, inflexíveis e
mentalmente complicadas não servem para vaga alguma.

Para saber como responder a um exame psicotécnico é necessário saber o que o teste quer avaliar e
como ele avalia. É muito difícil saber isso para todos os testes. Porém, geralmente os testes aplicados são
variações uns dos outros. Conhecer bem um dos testes de cada classe já fornece uma grande ajuda para os
demais.

Calma é sempre necessária para um bom teste. Por isso, estude os testes psicotécnicos para ter
maior confiança. Quando se entende a dinâmica do que está acontecendo, se tem maior tranquilidade. É
bem diferente de participar de um teste onde parece que se está diante de algo “sobrenatural” ou de
psicólogos que avaliam cada movimento seu na cadeira durante a prova.

Estude este material com a consciência que foi feito com a melhor das intenções. Porém, não se
trata aqui da última palavra em termos de exames psicotécnicos. Adapte as dicas a seu estilo e faça a prova
com confiança e tranquilidade, isso será meio caminho andado para a aprovação.

Por fim, faça-me o maior de todos os favores: não altere este material e distribua-o sem exigir
qualquer coisa em troca.
I

Casa • Arvore • Pessoa


TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO

_I

Manual e Guia de Interpretação

John N. Buck
Revisão : W. L. Warren (Ph.D.)


Tradução: Renato Cury Tardivo
Revisão : lraí Cristina Boccato Alves

~VETOR
~ EDITORA

 
John N. Buck
Tradução: Renato Cury Tardivo
Revisão: lraí Cristina Boccato Alves

'
Casa• Arvore• Pessoa
TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO

- -
Manual e Guia de Interpretação

• VETOR
EDITORA PSICO-PEDAGÓGICA LTDA.
Rua Cubatão, 48 - CEP 04013-000 - SP
Te/./ Fax: (11) 3283-5922 / 5225 / 4946
www.vetoreditora.com.br vendas@vetoreditora.com.br

 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Buck, John N.
H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva
de desenho: manual e guia de interpretação/
John N. Buck ; tradução de Renato Cury Tardivo ;
rP.vi"'íio r!P. Tr:ií f'ri"'tin:i Rorr:ito AlvP."-. --
1. ed. -- São Paulo : Vetor, 2003.

Título original: The house-tree-person technique


Bibliografia.

l. Casa-Árvore-Pessoa -Técnica projetiva de


desenho 2. Desenho - Psicologia 3. Técnicas
projetivas 1. Título.

03-1561 CDD-155.284

Índices para catálogo sistemático:


l. H-T-P: Técnica projetiva de desenho: Psicologia 155.284

ISBN: 85-7585-024-5

Tradução: Renato Cury Tardivo


Revisão: Iraí Cristina Boccato Alves

USO EXCLUSIVO DE PSICÓLOGOS

© 2002 - Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda.


© 1992 - Western Psychological Services
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio existente
e para qualquer finalidade, sem autorização por escrito dos editores.

 
Sumário

Lista de figuras ..................................................................................................................................... ix


Lista de tabeias ..................................................................................................................................... ix
Agradecimentos .................................................................................................................................... xi

. Capítulo 1 - Introdução ........................................................................................................................ 1


Descrição geral ........................................................................................................................................ 1
Objetivo e aplicações clínicas ............................................................................................................ 2
Princípios de uso ................................................................................................................................2
Conteúdos deste manual ................................................................................................................... 3

Capítulo 2 - Administração ................................................................................................................... 5


Administrando o H-T-P ............................................................................................................................ 5
Situação e tempo e de aplicação ....................................................................................................... 5
Materiais de teste ...............................................................................................................................5
Desenhos acromáticos ............................................................................................................................ 6
Inquérito posterior ao desenho .......................................................................................................... 7
Lista de conceitos interpretativos ......................................................._. ... .. ... ....... .... .. .. .. .. .... ... ..... ..... 18
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vv,;;;,v1111v.;, \JVIVIIUV,;;;Ji · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ~ · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ,...,

Capítulo 3 - Interpretação .................................................................................................................. 21


Avaliação do desenho .......................................................................................................................... 22
Aspectos gerais do desenho ................................................................................................................ 22
Atitude ............................................................................................................................................. 22
Tempo, latência, pausas ................................................................................................................. 23
Capacidade crítica e rasuras ................................................ - ........................................................ 33
Comentários .................................................................................................................................... 33
Características gerais do desenho ....................................................................................................... 34
Proporçãó ........................................................................................................................................ 34
Perspectiva ...................................................................................................................................... 35
Detalhes .......................................................................................................................................... 38
Cor ................................................................................................................................................... 40
Inquérito posterior ao desenho ............................................................................................................. 41
Características do desenho específicas da figura ................................................................................ 42
Casa ................................................................................................................................................ 42
Proporção· .................................................................................................................................. 42
Perspectiva ................................................................................................................................ 43
Detalhes .................................................................................................................................... 45
Adequação da cor .......................................................................................·.............................. 47
Inquérito posterior ao desenho .................................................................................................. 47
Árvore .............................................................................................................................................. 49
Proporção .................................................................................................................................. 50
Perspectiva: ............................................................................................................................... 50
Detalhes .................................................................................................................................... 51
Adequação da cor ..................................................................................................................... 54

vii
 
 
Inquérito posterior ao desenho .................................................................................................. 54
Pessoa ............................................................................................................................................ 57
Proporção .................................................................................................................................. 58
Perspectiva ................................................................................................................................ 58
Detalhes .................................................................................................................................... 59
Adequação da cor ..................................................................................................................... 62
Inquérito posterior ao desenho .................................................................................................. 62
Ilustrações de casos ............................................................................................................................ 119
Caso 1: Morris - 14 anos de idade, masculino {Buck) ................................................................. 120
Tempo ...................................................................................................................................... 120
Comentários ............................................................................................................................ 120
Capacidade crítica ..............................................................................................;. .. .. . .. .... .. .. .. .. 120
Proporção ................................................................................................................................ 120
Perspectiva .............................................................................................................................. 121
Detalhes .................................................................................................................................. 121
Cor ........................................................................................................................................... 122
Inquérito posterior ao desenho ................................................................................................ 122
Prognóstico .............................................................................................................................. 123
Caso 2: Paul - 28 anos de idade, sexo masculino {Hammer) ...................................................... 123
Caso 3: Dennis - 12 anos de idade, masculino (Jolles [1969]) .................................................... 124

Capítulo 4- Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações-


L. Stanley Wenck, Ed.D. e Donna Rait ....................................................................................... 129
Desenhos do H-T-P de crianças abusadas ........................................................................................ 138
Abuso físico .....................·.............................................................................................................. 138
Abuso sexual .... .... .. ...... .................. ...... ... .. .... ............ .. .. .... ... ... .. .. .. . .. .. .... .. .. .. ... ..... ...... ...... .. .. .. ... .. .. 139

Capítulo 5 - Fundamentação teórica e pesquisa .... .. .. .... ... ..... ..... .. .. .. .. .... .. ... .... ... ...... .. .... .. ... .. .. .. .. 143

Referências . ... .. .... .. . ... . ... .. .. .. ... .. . ... .. . ... .. ... ... ... ... ... .. .. .. .. ..... .. ... .. ... .. .. ... ... ... .. ... . .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. ... .. . ... ..... . 149
Apêndice .. ... .. . ..... .. .. .. .. .. .. .. ... . ... .. .. . ... .. ... .. .. .. . .... ... . .... ... ... .. .. .. .. .. ... ... ... .. ... .. .. .. ... . ... .. .. ... .. .. .. . ... .. .. ... ... ... . 157
Índice de conceitos interpretativos ................................................................................................. 187

viii
 
 
Lista de figuras

1. Exemplo de um protocolo de registro do H-T-P ................................................................................ 8


2. Exemplo de desenho da casa ··················:·····--·············································································· 24
3. Lista interpretativa de conceitos completada para o desenho mostrado na figura 2 ..................... 25
4. Inquérito posterior ao desenho completado e régua para o desenho mostrado na figura 2 ......... 31
5. Sara ...............................................................................................::,, .............................................. 66
6. Marie ................................................................, .............................................................................. 69
7. Katherine ......................................................................................................................................... 71
8. Gary ................................................................................................................................................ 74
9. Marlene ........................................................................................................................................... 77
1O. Morris .............................................................................................................................................. 80
11. Curtis ........................................................., .•................................................................................... 89
12. Kevin ............................................................................................................................................... 92
13. Dennis ............................................................................................................................................. 95
14. Paul ............................................................................................................................................... 104
15. Phillip ............................................................................................................................................ 106
16. Nenhum nome dado ..................................................................................................................... 109
17. Sherman ........................................................................................................................................ 110
18. Ted ................................................................................................................................................. 113
19. Edith ............................................................................................................................................... 116

Lista de tabelas

1. Características gerais dos desenhos com hipóteses diagnósticas diferenciais


por grupo de idade ......................................................................................................................... 130
2. Características do desenho da casa com hipóteses diagnósticas diferenciais
por grupo de idade ......................................................................................................................... 132
3. Características do desenho da árvore com hipóteses diagnósticas diferenciais
por grupo de idade ......................................................................................................................... 133
4. Características do desenho da pessoa com hipóteses diagnósticas diferenciais
por grupo de idade ......................................................................................................................... 134
5. Características do H-T-P associadas a abuso físico ...................................................................... 139
6. Características do H-T-P associadas a abuso sexual .................................................................... 141

ix
 
 
1
INTRODUÇÃO

Por mais de 50 anos, os clínicos têm usado a técnica projetiva de desenho da


Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-Person, H-T-P) para obter informação sobre como
uma pessoa experiencia sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente do
lar. Como todas as técnicas projetivas, o H-T-P estimula a projeção de elementos da
personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica, permitindo que
dt::::> ;:,1:::ja,11 id1:::11tifivadu;:, vu111 u 1-''Vl-'~;:,itu dt:: avaliayÕ.u t:: u;:,adu;:, 1-'ª'ª u 1:::;:,tabd1:::vi-
mento de comunicação terapêutica efetiva.

Descrição Geral

O H-T-P foi planejado para incluir, no mínimo, duas fases. A primeira é não-verbal,
criativa e quase completamente não estruturada. Ela consiste em convidar o indiví-
duo a fazer um desenho a mão livre acromático, de uma çasa, de uma árvore e de
uma pessoa. Um desenho adicional de uma pessoa do sexo oposto à que foi primei-
ramente desenhada pode ser solicitado. A segunda fase, um inquérito posterior ao
desenho bem estruturado, envolve fazer uma série de perguntas relativas às associa-
ções do indivíduo sobre aspectos de cada desenho. O examinador deve, então, pros-
seguir com a terceira e quarta fases. Na terceira fase, o indivíduo desenha novamente
uma casa, uma árvore e uma pessoa (ou duas pessoas), dessa vez usando crayons
(giz de cera). Para a quarta fase, o examinªdor faz perguntas adicionais sobre os
desenhos coloridos. Dependendo dó número de fases incluídas, o procedimento pode
levar de 30 minutos a uma hora e meia. Os desenhos, então, são avaliados pelos
sinais de psicopatologia existente ou potencial baseados no conteúdo; características
do desenho, como tamanho, localização; a presença ou ausência de determinadas
partes e as respostas do indivíduo durante o inquérito.
A versão atual do H-T-P Manual e Guia de Interpretação foi substancialmente revisa-
da. Ao mesmo tempo em que houve uma preocupação em preservar a riqueza clínica
dos manuais anteriores de John Buck, o material foi consolidado e reorganizado, para

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

melhorar o acesso ao conceitos clínicos interpretativos geralmente aceitos. As amos-


tras de desenhos estão diretamente relacionadas às características discutidas no
capítulo de Interpretação (capítulo 3). Outros complementos a essa versão incluem
os materiais relativos às diferenças entre os desenhos de crianças e de adultos e um
resumo das pesquisas sobre desenhos feitos por crianças que sofreram abusos.
O Protocolo de Interpretação do H-T-P1 inclui uma parte do Inquérito Posterior ao
Desenho para cada desenho, que sugere perguntas e fornece espaço para anotar as
respostas do cliente e quaisquer observações significativas do comportamento. De-
pois da parte do Inquérito Posterior ao Desenho está uma Lista de Conceitos Interpre-
tativos, que fornece uma referência imediata dos conceitos interpretativos comuns
para cada desenho. Tanto aos psicólogos experientes como os novatos considerarão
esta Lista um material auxiliar conveniente. As características interpretativas do Pro-
tocolo foram indexadas no Manual para fácil consulta. Este novo Protocolo de Inter-
pretação fornece todas as informações essenciais de uma sessão de desenho para
serem registradas e integradas de uma forma consistente.

Objetivos e Aplicações Clínicas


O uso projetivo dos desenhos tem um lugar em diversas áreas da atividade clínica.
A tarefa pode ser vista como uma amostra inicial de comportamento que possibilita ao
clínico o acesso às reações do indivíduo a uma situação consideravelmente não es-
truturada. A capacidade do cliente e do clínico de permanecerem em contato e de
articularem experiências sob essas circunstâncias é um importante indicador prognós-
tico. Os desenhos também estimulam o estabelecimento de interesse, conforto e con-
fiança entre o examinador e o cliente.
Para propósitos diagnósticos, o H-T-P fornece informações, que, quando relacio-
nadas à entrevista e a outros instrumentos de avaliação, podem revelar conflitos e
interesses gerais dos indivíduos, bem como aspectos específicos do ambiente que
ele ache problemáticos. Na terapia em andamento, os desenhos podem refletir mudan-
ças globais no estado psicológico de um indivíduo.

Princípios de Uso
População. O uso do H-T-P é mais adequado para indivíduos acima de 8 anos de
idade. É mais comumente aplicado em crianças e as diferenças entre as característi-
cas de desenhos de adultos e crianças têm sido identificadas (veja o capítulo 4). A
natureza atraente da tarefa de desenhar torna o uso do H-T-P especialmente ade-
quado nas situações onde a comunicação verbal direta de materiais conflitivos é im-
provável por causa de obstáculos nas capacidades verbal e motivacional.
Usuários do teste. Os usuários do H-T-P devem ter sido treinados e supervisiona-
dos na aplicação individual de instrumentos clínicos para crianças e adultos. Quem

' Além do novo Manual, estão disponíveis um protocolo revisto (Folha para Desenho) (WPS Product No. W-6A) e um
:1ovo Protocolo de Interpretação (WPS Product No. W-282). O Protocolo de lnterpretaçao também é publicado pela
Vetor Editora.

2
 
 
Introdução

não tiver experiência na área de avaliação dos testes projetivos deve trabalhar com
um supervisor clínico até que seja obtido um bom nível de concordância mútua na
habilidade de aplicação e avaliação.

Conteúdos deste Manual


Os capítulos restantes detalham os procedimentos de administração e estratégias
de interpretação do H-T-P. O capítulo 2 descreve os procedimentos básicos para
administrar o instrumento, para registrar as respostas do inquérito posterior ao dese-
nho e as características do desenho. O capítulo 3 descreve as características do
desenho associadas à psicopatologia ou ao potencial para psicopatologia junto com
material ilustrativo de casos. O capítulo 4 discute as diferenças entre desenhos de
adultos e de crianças e algumas das características únicas dos desenhos de crianças
abusadas, e o capítulo 5 descreve a abordagem teórica do H-T-P, bem como pesqui-
sas representativas conduzidas sobre e com o instrumento.

 
 
2
ADMINISTRAÇÃO

O H-T-P é aplicado geralmente em uma situação face a face, como parte de uma
avaliação inicial ou de uma intervenção terapêutica em andamento de um determina-
do indivíduo. Na situação de avaliação, o H-T-P pode ser empregado como uma tare-
fa de aquecimento inicial ou como uma ponte entre uma avaliação com lápis e papel
e uma entrevista clínica completa.

Administrando o H-T-P

Situação e Tempo de Aplicação


O cliente deve sentar-se em frente a uma mesa, em uma posição confortável para
desenhar. A sala ou área onde o desenho será feito deve ser silenciosa e sem distra-
ções. A aplicação do H-T-P requer de 30 a 90 minutos, dependendo do número de
desenhos solicitados pelo examinador. No mínimo, podem ser pedidos três desenhos
e conduzido um inquérito sobre cada desenho. O tempo da interpretação variará de
acordo com o nível de experiência do clínico.

Materiais do Teste
Será necessário um Protocolo para desenho do H-T-P 1 e um Protocolo de Interpre-
tação para cada conjunto (acromático e cromático) do desenho da casa, da árvore e
da pessoa a serem solicitados. Um Protocolo de Inquérito Posterior ao Desenho e de
interpretação do desenho da pessoa deve ser utilizado para cada pessoa adicional
desenhada (opcional - veja a seção Descrição Geral do capítulo 1).
Vários lápis pretos No. 2 (ou mais macio) com borrachas também serão necessá-
rios juntamente com um conjunto de crayons (pelo menos oito cores - vermelho,

' No Brasil costuma-se usar uma folha de papel sulfite branco, tamanho A4, para cada desenho.

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

~aranja, amarelo, verde, azul, violeta, marrom e preto), caso os desenhos coloridos
sejam pedidos. Um relógio ou cronômetro é necessário para anotar a latência (tempo
gasto até o início do desenho) e o tempo total dos desenhos.

Desenhos Acromáticos

Preencha as informações de identificação na primeira página do Protocolo de de-


senha do H-T-P. Apresente a página do Protocolo relativa à casa para o cliente com a
palavra CASA no topo da página (de acordo com o ângulo de visão do cliente). Note
que a página do formulário de desenho relativa à casa deve ser apresentada na hori-
zontal para que se faça uma avaliação adequada, enquanto que as págin:as relativas
à árvore e à pessoa devem ser apresentadas na vertical. Você deve ter uma clara
visão da página enquanto o cliente estiver desenhando, de modo que você possa
anotar a ordem dos detalhes desenhados, observar e registrar eventos incomuns na
seqüência dos desenhos na primeira página do Protocolo de interpretação. Não há
limite de tempo.
Instrua o cliente a escolher um lápis, e diga: "Eu quero que você desenhe uma
casa. Você pode desenhar o tipo de casa que quiser. Faça o melhor que puder. Você
pode apagar o quanto quiser e pode levar o tempo que precisar. Apenas faça o me-
lhor possível."
Caso o indivíduo demonstre preocupação em relação às suas capacidade para
desenhar, enfatize que o H-T-P não é um teste de habilidades artísticas e que o
desenho deve ser, apenas, fruto de seu maior esforço. Se o indivíduo quiser usar
régua para auxílio no desenho, ressalte que o desenho deve ser à mão livre.
Comece a cronometrar assim que você tiver terminado de dar as instruções e
considerar que o indivíduo entendeu bem a tarefa. Enquanto o desenho estiver sendo
completado anote: (a) a latência inicial (inter✓alo de tempo entre o final das instru-
ções e o cliente realmente começar o desenho), (b) ordem dos detalhes desenhados,
(c) duração das pausas e o detalhe específico desenhado quando a pausa ocorrer,
(d) qualquer verbalização espontânea ou demonstração de emoção e o detalhe que
estiver sendo desenhado quando essas ocorrerem, e (e) o tempo total utilizado para
completar o desenho. Este material é anotado como Observações Gerais na página 1
do Protocolo de Interpretação. Veja O na Figura 1. (Os números dentro de círculos
neste capítulo referem-se aos números dos círculos escurecidos na Figura 1.)
Apresente as páginas relativas à árvore e à pessoa da mesma maneira que você
apresentou a da casa, com o nome da figura no topo da página de acordo com o
ângulo de visão do sujeito, e anote o tempo e as observações de comportamento
para cada desenho. Um desenho adicional de uma pessoa do sexo oposto pode ser
solicitado neste momento. Se o desenho adicional da pessoa deve ou não ser pedido
é uma questão do tempo disponível (ele irá aumentar de 10 a 15 minutos a duração
da sessão do H-T~P) e da preferência individual do psicólogo. Caso a pessoa adicio-
nal seja solicitada, retire a primeira página do Protocolo de interpretação relativa à
pt3ssoa. A segunda página é constituída pelo Inquérito Posterior ao Desenho (frente)
e pela Lista de Interpretação de Conceitos (atrás).

 
 
Administração

Inquérito Posterior ao Desenho


Uma vez que o desenho acromático (feito com o lápis preto) esteja completo, é
essencial dar ao indivíduo uma oportunidade de definir, descrever e interpretar cada
desenho e para expressar pensamentos, idéias, sentimentos ou memórias associa-
dos. A seção do Inquérito Posterior ao Desenho do Protocolo de Interpretação sugere
algumas perguntas para facilitar esse processo e fornece espaço para anotar as respos-
tas do indivíduo f). O principal objetivo, entretanto, é compreender o cliente extraindo o
maior número possível de informações sobre o conteúdo e o contexto de cada dese-
nho. Você deve, portanto, seguir qualquer linha de investigação que parecer proveito-
sa a esse respeito e que o tempo e o rapport com o indivíduo permitam. Todas as
posições, detalhes ou relações incomuns entre detalhes devem ser anotados e inves-
tigados. Qualquer detalhe implícito, como componentes básicos escondidos atrás da
figura ou que se estendem para além da margem da página, devem ser investigados,
bem como qualquer aspecto do desenho que não estiver claro. Detalhes que forem
adicionados durante o inquérito também devem ser identificados. Note que, no final
da seqüência sugerida na seção do Inquérito Posterior ao Desenho, é pedido ao
sujeito para desenhar um sol e uma linha de base nos desenhos que não possuem
esses detalhes.@
Ao usar o H-T-P, você deve contar com sua experiência e com os princípios bási-
cos de entrevistas clínicas para determinar o quanto e quando a investigação de uma
dada característica do desenho é apropriada. Alguns exemplos de verbalizações ou
detalhes sobre cada desenho cujos esclarecimentos podem produzir materiais clíni-
cos significativos estão incluídos aqui. (O capítulo 3 inclui um questionário expandido
com interpretações para cada desenho.)

Casa
Você gostaria que esta casa fosse sua?' Peça para o indivíduo descrever as dife-
renças entre a casa desenhada e a casa em que ele mora realmente e pergunte qual
a probabilidade de ele um dia ter uma casa semelhante à desenhada.

Qual quarto você escolheria para você? Determine como este se compara com a
localização do quarto ocupado por ele em sua casa atual.

Árvore
Onde esta árvore realmente está localizada? Se a resposta for "na selva" ou "na
floresta", pergunte sobre o significado da selva ou da floresta para o indivíduo.

Como está o tempo neste desenho? Se a resposta coincidir exatamente com as


condições do tempo no momento do questionário, determine se esta é a única influên-
cia na resposta do indivíduo, ou se há outros fatores determinando a sua resposta.

Que tipo de vento é esse? Continue sempre explorando, para determinar como o
indivíduo se sente em relação ao tipo de vento descrito.

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

,
Casa - Arvore - Pessoa
TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO

H-T-P
Protocolo de Interpretação

! _!_
Nome: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Data: _ _
Sexo: ( ) Masculino/ ( ) Feminino Idade: Escolaridade: _ _ _ _ _ __
Fonte do Encaminhamento: _____________________
Motivo do Encaminhamento: _____________________
Examinador _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ Lápis D Cor D

-
0BSERVAÇOES GERAIS
o
Casa: Tempo para começar o desenho (Latência): _ Tempo para completar o desenho: _

Árvore: Tempo para começar o desenho (Latência): _ Tempo para completar o desenho: _

Pessoa: Tempo para começar o desenho (Latência): _ Tempo para completar o desenho: _

© 2002 - Vetor Editora Psico-Pedagógica Lida.


© 1992 - Western Psychological Services
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio existente
e para qualquer finalidade, sem autorização por escrito dos editores.

Figura 1
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

8
 
 
Administração

INQUÉRITO POSTERIOR AO OESENHO


Para encurtar o inquérito dos desenhos coloridos, você deve fazer apenas as questões indicadas por •

CASA
1. • Quantos andares tem esta casa? (Esta casa tem um andar superior?) _ _ _ _ _ _ _ _ __
2. De que esta casa é feita? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
3.* Esta é a sua própria casa? De quem ela é? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

4. Em que casa você estava pensando enquanto estava desenhando? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


5. Você gostaria que esta casa fosse sua? Por que?

6. • Se esta casa fosse sua e você pudesse fazer nela o que quisesse, qual quarto você escolheria para
você? Poi q u e ? - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , - - - - - -
7.* Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

8. Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
9. Quando você olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no
mesmo nível do que você? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

11. Em que mais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

12. É um tipo de casa feliz, amigável? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


13. O que nela lhe dá essa impressão?
14. A maioria das casas são assim? Por que você acha isso? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
15. * Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e do ano; céu; temperatura)

16. De que tipo de tempo você gosta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


17. De quem esta casa o faz lembrar? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
18. • Do que esta casa mais precisa? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
19.* Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado da casa), quem
seria? __________________________________
20. A que parte da casa esta chaminé está ligada? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
21. Inquérito da planta dos andares. (Desenhe uma planta dos andares com os nomes, ex., Que cômo•
do é representado por cada janela? Quem geralmente está lá?)

ÁRVORE
22.* Que tipo de árvore é esta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
23. Onde esta árvore realmente está localizada?
24.* Mais ou menos qual a idade desta árvore? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
25.* Esta árvore está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
26. O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
27. O que provocou a sua morte? {se não estiver viva) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
28. Ela voltará a viver? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
29. Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você acha que causou a sua morte? Há
quanto tempo ela está morta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
30.* Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
31. O que nela lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
32. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma árvore, para onde ela estaria virada? _ _ _ _ __

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

33. Esta árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


34. Quando você olha para esta árvore, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no
mesmo nível do que você? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
35.* Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e ano; céu; temperatura) _ _ _ _ _ __

36. * Há algum vento soprando? Mostre-me em que direção ele está soprando. Que tipo de vento é esse?

37. O que esta árvore faz você lembrar? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


38. O que mais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
39. Esta árvore é saudável? O que nela lhe dá essa impressão?

40. Esta árvore é forte? O que nela lhe dá essa impressão?

41. De quem esta árvore faz você lembrar? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


42.* Do que esta árvore mais precisa? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
43. Alguém já machucou esta árvore? Como? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

44.* Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado da árvore), quem ele
poderia ser?

PESSOA
45.* Esta pessoa é um homem ou uma mulher? (menino ou menina)? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
46.* Quantos anos ele (a) tem? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
47.* Quem é ele (a)?
48. Ele (a) é um parente, um amigo ou o que?
49. Em quem você estava pensando enquanto estava desenhando? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
50.* O que ele (a) está fazendo? Onde ele (a) está fazendo isso? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
51. ,O que ele (a) está pensando? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
52.* Como ele (a) se sente? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
53. * Em que a pessoa faz você pensar ou lembrar? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
54. Em que mais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
55. Esta pessoa está bem?
56. O que nele (a) lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
57. Esta pessoa está feliz? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
58. O que nele (a) lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
59. A maioria das pessoas é assim? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
60. Você acha que gostaria desta pessoa? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
61. Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
62. Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e ano; céu; temperatura) _ _ _ _ _ __
63. De quem esta pessoa o faz lembrar? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
64.* Do que esta pessoa mais precisa? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

65. Alguém já machucou esta pessoa? Como? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __


66.* Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado da pessoa), quem
seria?
67.* Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

e
68. (Peça para o cliente desenhar um sol e uma linha de solo em cada desenho)
Suponha que o sol fosse uma pessoa que você conhece - quem seria?

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

10
 
 
Administração

LISTA DE CONCEITOS INTERPRETATIVOS


Verifique características incomuns que possam indicar sinais de patologia ou potencial para patolo-
gia quando consideradas em combinação com a história do paciente, problemas apresentados e respos-
tas a outros instrumentos de avaliação. Os conceitos interpretativos listados não são exaustivos e
constituem apenas linhas gerais de orientação. Interpretações clínicas devem ser baseadas na experiên-
cia clínica e nos conhecimentos do Manual do H-T-P ou de outros materiais publicados.

ÁRVORE PESSOÃ
Características Normais Características Normais Características Normais
(circule "S" se estiver na faixa (circule "S" se estiver na faixa (circule "S" se estiver na faixa
normal) normal) normal)
S/N Tempo 10-12 minutos, S/N Tempo 10-12 minutos, S/N Tempo 10-12 minutos,
latência < 30 segundos latência < 30 segundos latência < 30 segundos
S/N Poucas rasuras S/N Poucas rasuras S/N Poucas rasuras
S/N Simétrico S/N Simétrico SiN Simétrico
S/N Linhas não esboçadas ou S/N Linhas não esboçadas ou S/N Linhas não esboçadas ou re-
reforçadas reforçadas forçadas
S/N Deficiências aceitas com bom S/N Deficiências acettas com bom S/N Deficiências aceitas com bom
humor humor humor
S/N Próprio sexo desenhado primei-
ro e mais elaborado
S/N Características sexuais secun-
dárias incluídas (adulto)
SiN Pupiias desenhadas
S/N Nariz sem narinas
S/N Roupas e cinto indicados
S/N Pés e orelhas
S/N Apenas omissões secundárias

Observações Gerais Observações Gerais Observações Gerais


(veja as observações da sessão na (veja as observações da sessão na (veja as observações da sessão na
1ª página do Proiocoio e do inqué- 1ª página do Proiocoio e do inquéri- 1ª página do Proiocoio e do inquéri-
rito Posterior ao Desenho) to Posterior ao Desenho) to Posterior ao Desenho)
_Atitude _Atitude _Atitude
_Capacidade Crítica _Capacidade Crítica _Capacidade Crítica
_Rasuras (incerteza, conflito, in- _Rasuras (incerteza, conflito, in- _Rasuras (incerteza, conflito, in-
decisão, autocrítica, ansiedade) decisão, autocrítica, ansiedade) decisão, autocrítica, ansiedade)
_Comentários espontâneos _Comentários espontâneos _Comentários espontâneos
_Tompn, l!:ltd.nri!::11 1 p!:ll11c!:llc _T.ca.mpn, lotAnria::11 1 p!:ll11cH:1c-

Proporção Proporção Proporção


_Tamanho da figura em relação _ Tamanho da figura em relação _Tamanho da figura em relação
à página. Crianças normais à página. Crianças normais à página. Crianças normais
apresentam mais variabilidade apresentam mais variabilidade apresentam mais variabilidade
no tamanho dos desenhos do no tamanho dos desenhos do no tamanho dos desenhos do
que os adultos normais. que os adultos normais. que os adultos normais.
Grande: ambiente restritivo, ten- Grande: ambiente restritivo, ten- Grande: ambiente restritivo, ten-
são, compensação. são, compensação. são, compensação.
Pequeno: insegurança, retrai- Pequeno: insegurança, retrai- Pequeno: insegurança, retrai-
mento, descontentamento, re- mento, descontentamento, re- mento, descontentamento, re-
gressão gressão gressão
_ Detalhe para a figura: simetria _Detalhe para a figura: simetria _Detalhe para a figura: simetria
Simetria excessiva: rigidez, fra- Simetria excessiva: rigidez, fra- Simetria excessiva: rigidez, fra-
gilidade gilidade gilidade
Distorções. Distorções. Assimetria: inadequação física,
Óbvias: psicose, organicidade, Óbvias: psicose, organicidade, confusão de gênero.
Crianças normais sob estresse Crianças normais sob estresse Distorções.
Moderadas: ansiedade Moderadas: ansiedade Óbvias: psicose, organicidade,
Outros _ _ _ _ _ _ __ _Outros _ _ _ _ _ _ __ Crianças normais sob estresse
Moderadas: ansiedade
__Outros _ _ _ _ _ _ __

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

11
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Perspectiva Perspectiva Perspectiva
_Localização do desenho na pá• _Localização do desenho na pá- _Localização do desenho na pá-
gina gina gina
À esquerda: retraimento, regres- À esquerda: retraimento, regres- À esquerda: retraimento, regres-
são, organicidade (hemisfério são, organicidade (hemisfério são, organicidade (hemisfério
esquerdo), preocupação consi· esquerdo), preocupação consi- esquerdo), preocupação consi-
go mesmo, fixação no passado, go mesmo, fixação no passado, go mesmo, fixação no passado,
impulsividade, necessidade de impulsividade, necessidade de impulsividade, necessidade de
gratificação imediata gratificação imediata gratificação imediata
À direita: preocupação com o À direita: preocupação com o À direita: preocupação com o
ambiente, antecipação do futu- ambiente, antecipação do futu- ambiente, antecipação do lulu•
ro, estabilidade/controle, capa- ro, estabilidade/controle, capa- ro, estabilidade/controle, capa-
cidade de adiar a gratificação cidade de adiar a gratificação cidade de adiar a gratificação
Cenirai: rigidez, Comum em Cenirai: rigidez, Comum em Cenirai: rigidez, Comum em
crianças pequenas. crianças pequenas. crianças pequenas.
Superior: esforço irrealista, sa- Superior: esforço irrealista, sa- Superior: esforço irrealista, sa-
tisfação na fantasia, frustração. tisfação na fantasia, frustração. tisfação na fantasia, frustração.
Superior à esquerda é comum Superior à esquerda é comum Superior à esquerda é comum
em crianças pequenas. em crianças pequenas. em crianças pequenas.
Inferior: concreti~mo, depres- Inferior: concretismo, depres- Inferior: concretismo, depres-
~:in, im::,::::i,g11r::inç::i., in::i.rlAq11::içan. c:::;3r\ irn:::Ag11r::i.nç::i, in::irlPq11::iç3n,
_Rotação: oposição __ Rotação: oposição _Rotação: oposição
Queda sugerida: extrema an- Queda sugerida: extrema an- Queda sugerida: extrema an-
gústia gústia gústia
_Margens do Papel _Margens do Papel _Margens do Papel
Inferior: necessidade de apoio 1nferior: necessidade de apoio Inferior: necessidade de apoio
Lateral: sentimento de constrição Lateral: sentimento de constrição Lateral: sentimento de constrição
Superior: medo ou fuga doam- Superior: medo ou fuga doam• Superior: medo ou fuga doam-
biente biente biente
Margem impedindo completa- Margem impedindo completa- Margem impedindo completa-
menta do desenho: organicidade mento do desenho: organicidade mento do desenho: organicidade
_Relação com o observador __ Relação com o observador _ · Relação com o observador
Vista de cima: rejeição, grandio- Vista de cima: rejeição, grandio- Vista de cima: rejeição, grandio-
sidade compensatória sidade compensatória sidade compensatória
Vista de baixo: retraimento, in- Vista de baixo: retraimento, in- Vista de baixo: retraimento, in•
ferioridade ferioridade ferioridade
Distância: inacessibilidade, sen- Distância: retraimento Distância: retraimento
timentos de rejeição, situação Posição/apresentação - se não Posição/apresentação - perfil
no lar fora de controle está de frente: retraimento, pa- completo ou de costas: retrai•
Posição/apresentação - dese- ranóia mento, paranóia
nhada por trás: retraimento, pa- _Linha de solo: necessidade de Postura grotesca: psicopatolo-
ranóia segurança, ansiedade gia severa
_ I inh::i rl,::::i, c:.nln· nArAi::.i::.irl:=trlA rlA _Tr::inc:.p::irPnri::i.c:· pnhr,:, nriAnt::1~ l\.Aic:.h rr::i rl,::i, pi=i,rfil A fr.=:::r.nt,:::r,· nrg::i~

segurança, ansiedade ção para a realidade; Não inco• nicidade, retardamento, psicose
_Transparências: pobre orienta- mum em crianças pequenas _Linha de solo: necessidade de
ção para a realidade; Não inco• _Movimento: pressões ambien- segurança, ansiedade
mum em crianças pequenas tais _Transparências: orientação po-
Movimento _Outros _ _ _ _ _ _ _ __ bre para a realidade; psicose
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __ se representar órgãos internos.
Não incomum em crianças pe-
quenas
_Movimento
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

12

 
 
Administração

CASA ÁRVORE PESSOA


Detalhes Detalhes Detalhes
Excessivos: obsessividade com- _Excessivos: obsessividade com- _Excessivos: obsessividade com-
pulsiva, ansiedade pulsiva, ansiedade pulsiva, ansiedade
_Falta: retraimento; Comum em _Falta: retraimento; Comum em _Falta: retraimento; Comum em
crianças pequenas crianças pequenas crianças pequenas
_Bizarros: psicose; Comum em _Bizarros: psicose; Comum em _Bizarros: psicose; Comum em
crianças pequenas crianças pequenas crianças pequenas
_Detalhes Essenciais: uma pa- Detalhes Essenciais: tronco e _Detalhes Essenciais: cabeça,
rede, telhado, porta, janela, cha- pelo menos um galho tronco, braços, pernas, traços
miné Comumente omitida em _Galhos faciais, Omissão de partes do
criança!> pequenas Excessivos: compensação, corpo são comuns em crianças
_Antropomórficos: regressão, mania pequenas_
organicidade; Não incomum, Muito altos: esquizoidia _Braços
em crianças Quebrados/mortos: possibili- Ênfase: grande necessidade
_Chaminé dade de suicídio, impotência de realização, agressão,
Ênfase: preocupações se- Cobertos de algodão: culpa punição se não for desenha-
xuais Como espelho das raízes: da a própria pessoa
Omissão: falta de calor no lar psicose Muito finos: dependência,
Fumaça excessiva: tensão in- _Copa organicidade
tensa no lar Em forma de nuvens: fantasia Omitidos - muito pequenos
_ Em ângulo reto: regressão; Rabiscada: labilidade - ocultos: culpa, inadequa-
Não incomum em crianças Achatada: pressão do am- ção, rejeição se não for de-
_Porta biente, negação senhada a própria pessoa
Ausência: inacessibilidade, _Linha de solo Em forma de asa: esquizoidia
isolamento Árvore desenhada numa de- _Cabeça
Grande: dependência pressão da linha do solo: in- Grande: regressão, grandio-
Pequena: reserva, inade- capacidade sidade Comum em crianças
quação, indecisão Árvore desenhada no topo de pequenas
Com dobradiça/ fechadura: uma colina: grandiosidade, Pequena: inadequação
atitude defensiva isolamento Irregular ou não ligada: orga-
Aberta: necessidade de calor ___ Buraco de fechadura, nicidade, psicose
_Omissões: conflito relativo à "Nigg' s": oposição, hostili- Apenas de costas: paranóia
parte omitida dade Desenhada por último: psi-
_Telhado _Omissões: conflito relativo à copatologia severa
Ênfase: introversão, fantasia parte omitida _Traços faciais
Apenas telhado: psicose _Dividida: psicose, organici- Omitidos ou leves: retrai-
Linha simples: constrição dade mento
Beiral enféftizado: descon- _Tronco Ênfase: dominação social
fiança Base larga: dependência compensatória
Paredes Longo: regressão, inade- Perfil: paranóia
Finas ou fracas: limites do quação De animal ou bizarros: psi-
ego fracos Cicatrizes: trauma cose
Ênfase: esforço para man- Unidimensional: organicidade Sombreamento ou outra cor
ter o controle do ego Animais: regressão; Comum que não seja a cor da pele:
Ausência: contato pobre em crianças pequenas psicopatologia severa
com a realidade Ênfase vertical: contato com _Olhos
Perspectiva dupla: regressão a realidade pobre, preocu- Ênfase: paranóia
Não incomum em crianças pações sexuais; Comum em Pequenos - fechados -
pequenas crianças pequenas omitidos: introversão,
Transparentes: Comum em Base estreita: perda de con- voyeurismo
crianças pequenas trole Pupilas omitidas: conta-
Ênfase horizontal: pressões _Tipo to pobre com a realida-
ambientais Frutífera ou de Natal: depen- de; Comum em crianças
Ênfase vertical: contato po- dência, imaturidade; Co- pequenas
bre com a realidade, preo- mum em crianças pequenas _Orelhas
cupações sexuais; Comum Morta: distúrbios severos Ênfase excessiva: para-
em crianças pequenas Árvore com muda: regressão nóia, alucinações audi-
tivas

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

13

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Detalhes ( continuação) Detalhes (continuação) Detalhes (continuação)
_Janelas Vento soprando: pressões _Boca
Ênfase: ambivalência social ambientais Ênfase: dependência; Co-
Ausência: retraimento mum em crianças pe-
Muitas: exibicionismo quenas
Abertas: controle do ego Omitida: agressão oral,
pobre depressão
Sem vidraça: hostilidade Dentes: agressão
_Nariz
Ênfase: preocupações se-
xuais; Comum em crian-
ças pequenas
_Gênero
Oposto desenhado primeiro:
conflito com a identificação
do gênero
Pernas
Omitidas, diminuídas, corta-
das: cwsamparo, perda de
autonomia

Posição afastadas: agressão


Posição instável: insegu-
rança, dependência
_Omissões: conflito relativo à
parte omitida
_ Tronco e corpo aberto, frag-
mentado ou omitido: psicopa-
tologia severa, organicidade;
Comum em crianças pe-
quenas
Seios: imaturidade
Linha mediana vertical: infe-
rioridade, dependência
Ombros quadrados ou enfa-
tizados: hostilidade
Linha da cintura enfatizada:
conflito sexual; Comum em
crianças pequenas
Apertada: explosividade
_Detalhes Não Essenciais _Detalhes Não Essenciais _Detalhes Não Essenciais
Ênfase nas cortinas: retraimen- Ênfase na casca da árvore: an- _Roupas
to, evasão siedade, depressão; meticulosi- Mutta ou pouca roupa: narcisis-
Ênfase nas calhas: defesa, des- dade: obsessividade compulsiva mo, desajustamento sexual
confiança Folhas soltas: falha nos meca- Ênfase em botões: imaturi-
Venezianas fechadas_: retrai- nismos de superar dificuldades dade; Comum em crianças
mento Grandes: compensação pequenas
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __ Raízes omttidas: insegurança; gar- _Genitais desenhados: pato-
ras: paranóia; finas/ chão trans- logia, a não ser para crian-
parenie/ mortas: coniaio pobre ças muiio novas; Comum
com a realidade, organiciçlade em estudantes de artes ou
Trepadeiras: perda de controle em adultos em psicanálise
Frutas: dependência, rejeição _Pés
se estiverem caindo; Comum Omitidos ou cortados: de-
em crianças pequenas samparo, perda de autono-
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __ mia, preocupações sexuais
Dedos dos pés em figura
vestida: agressão

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

14
 
 
Administração

CASA ÁRVORE PESSOA


Detalhes Não Essenciais (conti-
nuar;§o)
_Cabelo
Enfatizado ou omitido: pre-
ocupações sexuais
_Mãos/dedos
Luvas: agressividade repri-
mida
Pontiagudos: "acting ouf'
Pétalas: imaturidade
_Pescoço
Ênfase: necessidade de con-
trole
Muito fino: psicose
Omitido: impulsividade
_Outros _ _ _ _ _ _ __

_Detalhes Irrelevantes _ Detalhes irrelevantes _Detalhes irrelevantes


Nuvens, sombras: ansiedade Nuvens, sombras: ansiedade Bengalas, espadas, armas:
Montanhas: defensividade Arbustos excessivos: Insegu- agressão, preocupação sexual
Degraus e caminhos longos ou rança _Outros,_ _ _ _ _ _ __
estreitos: retraimento _Outros,_ _ _ _ _ _ __ _Detalhes Bizarros Comum em
Arbustos excessivos: insegu- _Detalhes Bizarros Comum em crianças pequenas
rança crianças pequenas _Dimensão do Detalhe
_Outros._ _ _ _ _ _ _ __ _Sombreamento do Detalhe:
_Dimensão do Detalhe
_Detalhes Bizarros Comum em Unidimensional: recursos infe- Excessivo: ansiedade
crianças pequenas riores para busca de satisfação _Seqüência do Detalhe: (geral-
_Dimensão do Detalhe Bidimensional não fechado: per- mente primeiro cabeça e face)
Planta dos andares desenhada:. da de controle
conflito severo, paranóia, orga- _Seqüência do Detalhe:
nicidade Excessivo: ansiedade
_Sombreamento do Detalhe _Seqüência do Detalhe: normal
Excessivo: ansiedade é tronco, galho, folhas; ou parte
_Seqüência do Detalhe: normal superior, galhos, tronco
é telhado, paredes, porta, jane-
la; ou linha de solo, paredes,
telhado
l
_Qualidade da Linha _Qualidade da Linha _Qualidade da Linha
Forte: tensão, ansiedade, ener- Forte: tensão, ansiedade, ener- Forte: tensão, ansiedade, ener-
gia, organicidade gia, organicidade gia, organicidade
Leve: hesitação, medo, insegu- Leve: hesitação, medo, insegu- Leve: hesitação, medo, insegu-
rança, força do ego fraca rança, força dei ego_ fraca rança, ego fraco
Fragmentação/dificuldade com Fragmentação/dificuldade com Fragmentação/dificuldade com
ângulos: organicidade ângulos: organicidade ângulos: organicidade
_ Outros._ _ _ _ _ _ _ __ _ Outros,_ _ _ _ _ _ __ _Outros,_ _ _ _ _ _ __

Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores
Preto: contornos, fumaça, cercas; Preta. contornos; azul, azul-verdB'. Preto: contornos, cabelo; azul,
azul, azul-verdB'. fundo, céu, corti- fundo, céu; marrom: tronco; ver- azul-verdB'. fundo, céu, olhos; mar-
nas; marrom: paredes; verde: te- de: folhas, grama; laranja: laran- rom: cabelo, roupas; verdB'. sué-
lhado, grama; laranja: laranjas; jas; vermelho: maçãs, cerejas; teres, grama; laranja: suéteres;
violeta: cortinas; vermelho: cha- amarelo: sol, flores; amarelo-ver- violeta: cachecol, roupas meno-
miné, tijolos, maçãs, cerejas; de: paisagem, grama res; vermelha. lábios, suéters, ves-
amarelo: sol, flores; amarelo-ver- tidos, cabelo; rosa: pele, roupa;
de: paisagem, grama amarela. sol, cabelo; amarelo-ver-
dB'. grama

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

15
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Uso Geral das Cores Uso Geral das Cores Uso Geral das Cores
_Escolha da cor: distúrbio geral _Escolha da cor: distúrbio geral _Escolha da cor: distúrbio geral
_Combinações Bizarras: distúrbio _Combinações Bizarras: distúrbio _Combinações Bizarras: distúrbio
sério sério sério
_Cor usada apenas para contor- _Cor usada apenas para contor- _Cor usada apenas para contor-
no: superficialidade, reserva, no: superficialidade, reserva, no: superficialidade, reserva,
oposição oposição oposição
_Branco usado como cor: aliena- _Branco usado como cor: aliena- _Branco usado como cor: aliena-
ção ção ção
_Diferenças muito grande de ta- _Diferenças muito grande de ta- _Diferenças muito grande de ta-
manho ou qualidade em relação manho ou qualidade em relação manho ou qualidade em relação
aos desenhos acromáticos: ca- aos desenhos acromáticos: ca- aos desenhos acromáticos: ca-
pacidade para permitir afeto pacidade para permitir afeto pacidade para permitir afeto
_Cor fora dos contornos: impul- _Cor fora dos contornos: impul- _Cor fora dos contornos: impul-
sividade, imaturidade, organici- sividade, imaturidade, organici- sividade, imaturidade, organici-
dade dade dade
_Uso extremamente incomum de Uso extremamente incomum de _Uso extremamente incomum de
cores: distúrbios gerais. Relacio- cores: distúrbios gerais. Relacio- cores: distúrbios gerais. Relacio-
nar_ _ _ _ _ _ _ _ __ nar_ _ _ _ _ _ _ _ __ nar_ _ _ _ _ _ _ _ __
_ Outros _ _ _ _ _ _ _ __ _ Outros _ _ _ _ _ _ _ __ _Outros _ _ _ _ _ _ _ __

Síntese Interpretativa:

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

16
 
 
Administração

I •, , 1 , 1 , I •, I •, I•,

l ,J
_J , 1 , 1 , 1,, 1 , 1 , 1 , 1,, 1 , 1, 1 , 1,, 1, 1, 1 , 1 , 1, 1 , 1 , 1, 1 , 1,, 1 , 1, 1 , 1 ,

Árvore e Pessoa t

-- Posicione essa página sobre os dese-


nhos. Alinhe as margens verticais para
avaliar a localização horizontal, alinhe
as margens horizontais para avaliar a
localização vertical. Use réguas para
(ALTO) avaliar o tamanho da imagem e do de-
talhe.
Árvore
t

(ALTO)

Pessoa
t

~ Centro Exato 8
. Centro Exato

õ
~ +-
5. :Jl
Cll
o 0
--

7 1 1 1 1 1 I'' 1 1 1 1 1 1 I•' 1 1 I ' 1 1 I•' 1 1 I ' 1


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ü
,
1
, 1 ,
1,, 1 , 1 , 1 , 1,, 1 , 1 , 1 , 1,, 1 , 1 , 1 , I., 1 ,

Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P

17

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Esta árvore é saudável? Esta árvore é forte? Se o indivíduo não conseguir respon-
der, peça-lhe para desenhar a estrutura da raiz da árvore, caso ele ainda não a tenha
desenhado e faça uma anotação do pedido.

Pessoa
O que ele (a) está fazendo? Onde ele (a) está fazendo isto?" Se a resposta for"
"está apenas ali", pergunte onde é "ali", e o que possivelmente a pessoa estava fa-
zendo ou irá fazer. Caso a resposta for "andando" ou outro movimento, pergunte
aonde a pessoa está indo e o que ela irá fazer ao chegar lá. Se a resposta for "eu não
sei" ou "isto é só um desenho", ajude o indivíduo a se envolver na projeção sugerindo-
lhe que conte uma história sobre a pessoa do desenho ou pergunte o que a pessoa do
desenho parece estar fazendo.

Como ele (a) se sente? Pergunte sempre "Por que?", a menos que haja razões
para crer que essa pergunta comprometerá seriamente o rapport.

O que nesta pessoa lhe dá a impressão de que ela está feliz (triste, brava etc.)? Se
a resposta for uma simples descrição de uma expressão facial ("ele [a] está sorrin-
dd'), pergunte do que a pessoa está rindo e com que freqüência esta pessoa dese-
nhada sente-se dessa maneira.

Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo?" Se a pessoa desenhada estiver
nua, pergunte porque ela está nua e se ela se sente à vontade.

Lista de Conceitos Interpretativos


Uma vez que a sessão de desenhos e o Inquérito Posterior ao Desenho tiverem
terminado, vire para a página da Lista de Conceitos Interpretativos do Protocolo de
Interpretação. É apresentada uma lista de características para cada desenho. Inicial-
mente, veja a seção de Características Normais da lista e marque S (Sim) para aque-
las que se aplicam a cada desenho O. A seguir marque todas as pausas incomuns,
comentários ou outros comportamentos diferentes anotados enquanto os desenhos
estavam sendo feitos na seção de Observações Gerais na primeira página do Proto-
colo. Depois, marque os aspectos de proporção, perspectiva, detalhes e cor (para os
desenhos coloridos) que estejam presentes nos desenhos e que possam indicar a
presença de patologia.
Uma régua é fornecida na parte de trás do protocolo de desenho para ajudá-lo a
avaliar as variações na proporção, perspectiva e tamanhos de detalhes*. Também
são fornecidas marcações para ajudar a avaliar a localização do desenho na página.
Por exemplo, 0 na Figura 1 está localizado no ponto da página em que geralmente a
casa é centralizada na vertical, e 0 indica o centro horizontal comum da casa. Colo-
cando o desenho sob a página de trás do Protocolo de Interpretação com as margens
horizontais alinhadas e a seta & apontando na direção do topo do desenho, o grau de

* Crivo de Avaliação em Anexo.

18
 
 
Administração

variação da localização vertical normal da casa pode ser medido. Quando as mar-
gens verticais do desenho e do protocolo estiverem alinhadas, a localização horizon-
tal do desenho pode ser medida. Marcações similares são fornecidas para os desenhos
da árvore e da pessoa e para o centro real da página. (Note que no Protocolo de
Interpretação do Desenho da pessoa, a régua e marcações de centralização estão
localizadas na página do Inquérito Posterior ao Desenho).
Algumas hipóteses clínicas comuns relacionadas para cada característica dos de-
senhos são apresentadas na Lista de Conceitos. Interpretativos Esses conceitos e
ilustrações de casos relacionados podem ser encontrados no índice deste Manual,
para facilitar a revisão do texto relacionado. A Lista de Conceitos Interpretativos é
apenas um guia para a estabelecimento de hipóteses clínicas. O grau de certeza com
o qual uma hipótese particular pode ser aplicada em um dado indivíduo irá, sempre,
depender de informação adicional como a história do paciente, problemas apresenta-
dos e resultados de procedimentos de avaliação adicionais. Sua experiência clínica,
ou _a de seu supervisor, o conhecimento do Manual do H-T-P e o conhecimento da
literatura sobre interpretação projetiva de desenhos sempre irão modificar sua inter-
pretação dos desenhos e a apresentação dos resultados no H-T-P.

Desenhos Coloridos
Considera-se que os Desenhos coloridos feitos após os desenhos à.cromáticos e o
Inquérito Posterior ao Desenho evocam um nível mais profundo de experiência do
que os desenhos acromáticos (veja o capítulo 5). Se os desenhos coloridos forem
feitos, peça primeiro ao indivíduo para nomear as cores dos crayons disponíveis.
Anote qualquer indicação de daltonismo no Protocolo de Interpretação e considere o
encaminhamento para um teste mais formal. Depois, marque no local indicativo de
"Cores" na primeira página do protocolo de Interpretação.
Solicite os desenhos da casa, árvore e pessoa da mesma maneira e com as mes-
mas instruções dadas para os desenhos acromáticos. Da mesma forma que durante
os desenhos acromáticos o tempo e as observações de comportamento devem ser
anotadas no Protocolo de Interpretação,
Como- nos desenhos acromáticos, o principal objetivo é obter o maior número pos-
sível de informações esclarecedoras sobre o conteúdo e o contexto de cada desenho.
Entretanto, para diminuir o tempo e o cansaço, você pode fazer apenas as perguntas
do Inquérito Posterior ao Desenho que estão marcadas com um asterisco(*). Além
disso, pergunte para o examinando sobre as diferenças significativas entre os dese-
nhos acromáticos e cromáticos, e sobre o significado no tratamento de detalhes inco-
muns ou bizarros ou de suas omissões.
Use a Lista de Conceitos Interpretativos para os desenhos coloridos da mesma
maneira que para os desenhos acromáticos. Para a avaliação dos desenhos colori-
dos é fornecida uma lista dos usos convencionais das cores. Uma seção adicional da
lista, "Usos Gerais de Cores", deve ser usada para observar as características de
cores específicas do desenho que podem estar associadas com psicopatologia.

19

 
 
3
1NTERPRETACÃO
"'

O material obtido durante a sessão dos desenhos do H-T-P não será "avaliado"
pelo senso comum. O Protocolo de Interpretação do H-T-P pretende ser apenas um
instrumento para ajudar o clínico a concentrar-se mais nas características relevantes
dos desenhos do cliente para desenvolver uma interpretação clínica. O material deste
capítulo e do capítulo 4 pretende orientar o desenvolvimento de hipóteses interpreta-
tivas sobre o significado clínico dos desenhos de um cliente; estas hipóteses nunca
devem ser usadas isoladamente no diagnóstico da psicopatologia. Uma vez formula-
das, entretanto, elas podem ser combinadas com a história clínica completa e com
instrumentos padronizados de avaliação adicionais para aprofundar a compreensão
clínica das pressões intrapessoais, interpessoais e ambientais do cliente. Todos os
relatórios e discussões dos resultados do H-T-P devem ser baseados em conheci-
mentos teóricos e de pesquisas introduzidos no capítulo 5, na experiência clínica
prática e em conhecimentos da literatura relevante sobre a interpretação projetiva de
rli:,c:::,::mhnc:::.
Este capítulo está dividido em quatro seções. A primeira seção dá instruções gerais
sobre a avaliação de desenhos. A segunda seção, Aspectos Gerais dos Desenhos,
relaciona os conceitos interpretativos comumente usados para avaliar observações
gerais de comportamento, características de desenhos e material de entrevista perti-
nente a todos os três desenhos do H-T-P. A terceira seção, Características do Dese-
nho Específicas da Figura, descreve as características específicas de cada figura e
discute seu possível significado clínico; o material do Inquérito Posterior ao Desenho
específico de cada figura também está incluído. A quarta seção, Ilustrações de Ca-
sos, apresenta casos como exemplos da análise integrada das características obser-
vadas no desenho, as respostas do Inquérito Posterior ao Desenho, a história clínica
do paciente e os resultados de outros instrumentos de avaliação. Resumos de casos
para indivíduos cujos desenhos estão incluídos neste capítulo, mas cujos casos não fo-
ram discutidos na seção Ilustrações de Casos podem ser encontrados no Apêndice A.
Os clínicos que estiverem sendo treinados no uso da Técnica do H-T-P podem con-
siderar útil preencher as Listas de Conceitos Interpretativos para cada conjunto de

 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

desenhos ilustrativos antes de fazerem a leitura das histórias de casos e o comentário


do desenho fornecidos neste Manual.

Avaliação do Desenho

Examinar o desenho em relação à localização, ao tamanho, à orientação e à qua-


lidade geral, bem como os desvios nas áreas gerais apresentadas na lista de caracte-
rísticas do desenho que tenham algum possível significado clínico. Um exemplo de
desenho da casa é apresentado na Figura 2. Faça um sinal( ✓) próximo a qualquer
área em que as características do desenho pareçam ser desviantes (Figura 3). Con-
sulte as seções interpretativas neste capítulo para avaliar o possível significado deste
aspecto do desenho para o indivíduo em questão. Por exemplo, na Figura 2, a chami-
né foi primeiramente desenhada muito grande, depois apagada e redesenhada em
tamanho menor e com um ângulo peculiar. Após consultar o item Capacidade Crítica
e Rasuras na seção Aspectos Gerais do Desenho deste capítulo, pode ser visto que,
como não há outras rasuras nesta figura, não foi feito um sinal em "Rasura" na Figura
3. Um sinal foi colocado ao lado de "Ênfase no Detalhe", porque a chaminé foi enfati-
zada pela rasura e pela diminuição na qualidade do detalhe refeito. A categoria "Cha-
miné" na seção "Detalhes Essenciais" da lista foi marcada. Você pode, agora, consultar
a seção da chaminé da seção Características do Desenho Específicas da Figura
para interpretar as hipóteses associadas a este aspecto do desenho. Uma vez que
cada figura tenha sido avaliada desta maneira, avalie as respostas do Inquérito Pos-
terior ao Desenho (veja Figura 4), a consistência da qualidade de figura para figura, a
história e a idade do cliente (veja capítulo 4) e os resultados de quaisquer outros
procedimentos de avaliação disponíveis para formular uma análise apropriada da
sessão de desenho.

Aspectos Gerais do Desenho

Atitude
A atitude do indivíduo para com o H-T-P fornece uma medida grosseira sobre a
sua disposição global para rejeitar uma tarefa nova e, talvez, difícil. A atitude comum
é de uma aceitação razoável. Os desvios variam entre dois extremos: (a) da aceita-
ção total ao hiperegotismo1 , e (b) da indiferença, derrotismo e abandono à rejeição
aberta. Raramente os sentimentos de impotência do indivíduo com distúrbios orgâni-
cos, quando se deparam com uma tarefa que exige criatividade, levarão o indivíduo a
rejeitar completamente o H-T-P. Da mesma forma, dificilmente um indivíduo hostil irá

1 Egotismo - Tendência em pensar apenas em si mesmo e considerar a si mesmo melhor e mais importante do que
as outras pessoas. Tendência a monopolizar a atenção, mostrando desconsideração pelas opiniões alheias.

22
 
 
1nterpretação

recusar de mé!_neira direta a realização do H-T-P, ainda que possam rejeitar todas as
outras tentativas de um exame psicológico formal.
A atitude em relação a cada desenho será influenciada pelas associações desper-
tadas pelo objeto do desenho. Normalmente o desenho mais rejeitado é o da pessoa.
Há uma série de razões para isso: (a) muitos indivíduos desajustados têm suas maio-
res dificuldades nas relações interpessoais; (b) o desenho da figura humana parece
despertar mais associações no nível consciente ou próximas da consciência do que
os desenhos da casa ou da árvore; e (c) a consciência corporal acentuada torna os
indivíduos desajustados pouco à vontade.

Tempo, Latência, Pausas


O tempo despendido para completar os desenhos pode fornecer informações valio-
sas acerca dos significados dos objetos desenhados e de suas partes respectivas
para o indivíduo. Geralmente, o número de detalhes e seu método de apresentação
devem justificar o tempo gasto para a produção dos desenhos; os três desenhos
levam, normalmente, entre 2 e 30 minutos para serem completados. Aqueles que
desenham com rapidez incomum parecem fazê-lo para se livrarem de uma tarefa
desagradável. Os que levam um tempo excessivo em um desenho podem fazê-lo
devido a sua relutância em produzir algo, ou por causa do significado emocional in-
tenso do símbolo envolvido ou ambos. Indivíduos maníacos podem demorar um grande
intervalo de tempo em função da riqueza de detalhes irrelevantes desenhados. Os
obsessivo-compulsivos também levam muito tempo por causa da sua tendência para
produzir meticulosamente todos os detalhes relevantes. Se um indivíduo não come-
çar a desenhar dentro -de 30 segundos após receber as instruções, o potencial para
psicopatologia está presente. Um atraso sugere forte conflito; durante o inquérito pos-
terior ao desenho o examinador deve tentar identificar os fatores que produziram
esse conflito.
Quando o indivíduo fizer uma pausa de mais do que 5 segundos em cada dese-
nho, um conflito é fortemente sugerido. A parte do objeto que estiver sendo desenha-
da, tiver acabado de ser desenhada ou que for desenhada em seguida pode representar
a origem do conflito; esta área deve ser investigada durante o inquérito. Pausas du-
rante comentários ou respostas durante a fase de inquérito também devem ser inves-
tigadas.

23
 
 
H-T-P - Manual e G uia de Interpretação

,/

(_.

Figura 2
Exemplo de Desenho da Casa

24
 
 
1nterpretação

LISTA DE CONCEITOS INTERPRETATIVOS


Verifique características incomuns que possam indicar sinais de patologia ou potencial para patolo-
gia quando consideradas em combinação com a história do paciente, problemas apresentados e respos-
tas a outros instrumentos de avaliação. Os conceitos interpretativos listados não são exaustivos e
constituem apenas linhas gerais de orientação. Interpretações clínicas devem ser baseadas na experiên-
cia clínica e nos conhecimentos do Manual do H-T-P ou de outros materiais publicados.

CASA ÁRVORE PESSOA


Características Normais Características Normais Características Normais
(circule "S" se estiver na faixa (circule "S" se estiver na faixa (circule "S" se estiver na faixa
normal) normal) normal)
(§)N Tempo 10· 12 minutos. S/N Tempo 10·12 minutos, S/N Tempo 10-12 minutos,
latência < 30 segundos latência < 30 segundos latência < 30 segundos
(S)r-J Poucas rasuras S/N Poucas rasuras S/N Poucas rasuras
®r::! Simétrico S/N Simétrico S/N Simétrico
s® Linhas não esboçadas ou S/N Linhas não esboçadas ou S/N Linhas não esboçadas ou re·
reforçadas reforçadas forçadas
(§)N Deficiências aceitas com bom S/N Deficiências aceitas com bom S/N Deficiências aceitas com bom
humor humor humor
S/N Próprio sexo desenhado primei•
ro e mais elaborado
S/N Características sexuais secun~
dárias incluídas (adulto}
S/N Pupilas desenhadas
S/N Nariz sem narinas
S/N Roupas e cinto indicados
S/N Pés e orelhas
S/N Apenas omissões secundárias

Observações Gerais Observações Gerais Observações Gerais


(veja as observações da sessão na (veja as observações da sessão na (veja as observações da sessão na
1• página do Protocolo e do lnqué• 1• página do Protocolo e do lnquéri• 1' página do Protocolo e do Inquéri-
rito Posterior ao Desenho) to Posterior ao Desenho) to Posterior ao Desenho)
_Atitude _Atitude _Atitude
__Capacidade Crítica _Capacidade Crítica _Capacidade Crítica
_Rasuras (incerteza, conflito, in· _Rasuras (incerteza, conflito, in• _Rasuras (incerteza, conflito, in•
decisão, autocrítica, ansiedade) decisão, autocrítica, ansiedade) decisão, autocrítica, ansiedade)
_Comentários espontâneos _ Comentários espontâneos _ Comentários espontâneos
_ Tempo, latência, pausas _Tempo, latência, pausas _Tempo, latência, pausas

Proporção Proporção Proporção


..LTamanho da figura em relação _ Tamanho da figura em relação _Tamanho da figura em relação
à página. Crianças normais à página. Crianças normais à página. Crianças normais
apresentam mais variabilidade apresentam mais variabilidade apresentam mais variabilidade
no tamanho dos desenhos do no tamanho dos desenhos do no tamanho dos desenhos do
que os adultos normais. que os adultos normais. que os adultos normais.
Grande: ambiente restritivo, ten- Grande: ambiente restritivo, ten- Grande: ambiente restritivo, ten-
são, compensação. são, compensação. são, compensação.
Pequeno: insegurança, retrai• Pequeno: insegurança, retrai• Pequeno: insegurança, retrai•
mento, descontentamento, re• mento, descontentamento, re- mento, descontentamento, re-
gressão gressão gressão
_ Detalhe para a figura: simetria _Detalhe para a figura: simetria _Detalhe para a figura: simetria
Simetria excessiva: rigidez, fra- Simetria excessiva: rigidez, fra- Simetria excessiva: rigidez, fra-
gilidade gilidade gilidade
Distorções. Distorções. Assimetria: inadequação física,
Ób;, ;a.-:,. tJ.-:>;vv.-:>6, v1 ~cu 1;.._,;do.dv, Óbvias: psicose, organicidade, contusão de gênero.
Crianças normais sob estresse Crianças normais sob estresse Distorções.
Moderadas: ansiedade Moderadas: ansiedade Óbvias: psicose, organicidade,
Outros _ _ _ _ _ _ __ _Outros _ _ _ _ _ _ _ __ Crianças normais sob estresse
Moderadas: ansiedade
__Outros _ _ _ _ _ _ __

Figura3
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2

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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Perspectiva Perspectiva Perspectiva
..lL_Localização do desenho na pá- _Localização do desenho na pá- _Localização do desenho na pá-
gina gina gina
À esquerda: retraimento, regres- À esquerda: retraimento, regres- À esquerda: retraimento, regres-
são, organicidade (hemisfério são, organicidade (hemisfério são, organicidade (hemisfério
esquerdo), preocupação consi- esquerdo), preocupação consi- esquerdo), preocupação consi-
go mesmo, fixação no passado, go mesmo, fixação no passado, go mesmo, fixação no passado,
impulsividade, necessidade de impulsividade, necessidade de impulsividade, necessidade de
gratificação imediata gratificação imediata gratificação imediata
À direita: preocupação com o À direita: preocupação com o À direita: preocupação com o
ambiente, antecipação do futu- ambiente, antecipação do futu- ambiente, ai:rtecip_l!_ção do futl!-
ro, estabilidade/controle, capa- ro, estabilidade/controle, capa- ro, estabilidade/controle, capa-
cidade de adiar a gratificação cidade de adiar a gratificação cidade de adiar a gratificação
Central: rigidez, Comum em Central: rigidez, Comum em Central: rigidez, Comum em
crianças pequenas. crianças pequenas. crianças pequenas.
Superior: esforço irrealista, sa- Superior: esforço irrealista, sa- Superior: esforço irrealista, sa-
tisfação na fantasia, frustração. tisfação na fantasia, frustração. tisfação na fantasia, frustração.
Superior à esquerda é comum Superior à esquerda é comum Superior à esquerda é comum
em crianças pequenas. em crianças pequenas. em crianças pequenas.
Inferior: concretismo, depres- Inferior: concretismo, depres- Inferior: concretismo, depres-
são, insegurança, inadequação. são, insegurança, inadequação. são, insegurança, inadequação.
_Rotação: oposição _Rotação: oposição _Rotação: oposição
Queda sugerida: extrema an- Queda sugerida: extrema an- Queda sugerida: extrema an-
gústia gústia gústia
_Margens do Papel _Margens do Papel _Margens do Papel
Inferior: necessidade de apoio Inferior: necessidade de apoio Inferior: necessidade de apoio
Lateral: sentimento de constrição Lateral: sentimento de constrição Lateral: sentimento de constrição
Superior: medo ou fuga do am- Superior: medo ou fuga do am- Superior: medo ou fuga do am-
biente biente biente
Margem impedindo completa- Margem impedindo completa- Margem impedindo completa-
mento do desenho: organicidade mento do desenho: organicidade mento do desenho: organicidade
_Relação com o observador _Relação com o observador _Relação com o observador
Vista de cima: rejeição, grandio- Vista de cima: rejeição, grandio- Vista de cima: rejeição, grandio-
sidade compensatória sidade compensatória sidade compensatória
Vista de baixo: retraimento, in- Vista de baixo: retraimento, in- Vista de baixo: retraimento, in-
ferioridade ferioridade ferioridade
Distância: inacessibilidade, sen- Distância: retraimento Distância: retraimento
timentos de rejeição, situação Posição/apresentação - se não Posição/apresentação - perfil
no lar fora de controle está de frente: retraimento, pa- completo ou de costas: retrai-
Posição/apresentação - dese- ranóia mento, paranóia
nhada por trás: retraimento, pa- _Linha de solo: necessidade de Postura grotesca: psicopatolo-
ranóia segurança, ansiedade gia severa
_Linha de solo: necessidade de _Transparências: pobre orienta- Mistura de perfil e frente: orga-
segurança, ansiedade ção para a realidade; Nao inco- nicidade, retardamento, psicose
.L
Transparências: pobre orienta- mum em crianças pequenas _Linha de solo: necessidade de
ção para a realidade; Nao inco- _Movimento: pressões ambien- segurança, ansiedade
mum em crianças pequenas tais _Transparências: orientação po-
_Movimento _Outros _ _ _ _ _ _ __ bre para a reatidade; psicose
_ Outros _ _ _ _ _ _ __ se representar órgãos internos.
Nao incomum em crianças pe-
quenas
_Movimento
_Outros _ _ _ _ _ _ __

Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2

26
 
 
1nterpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Detalhes Detalhes Detalhes
LExcessivos: obsessividade com- _Excessivos: obsessividade com- _Excessivos: obsessividade com-
pulsiva, ansiedade pulsiva, ansiedade pulsiva, ansiedade
~Falta: retraimento; Comum em _Falta: retraimento; Comum em _Falta: retraimento; Comum em
crianças pequenas crianças pequenas crianças pequenas
_Bizarros: psicose; Comum em _Bizarros: psicose; Comum em _Bizarros: psicose; Comum em
r.ri::inç;:,.c; pP.QI 1P.n::1.c: crianças pequenas crianças pequenas
_Detalhes Essenciais: uma pa- _Detalhes Essenciais: tronco e _Detalhes Essenciais: cabeça,
rede, telhado, porta, janela, cha- pelo menos um galho tronco, braços, pernas, traços
miné Comumente omitida em _Galhos faciais. Omissão de partes do
crianças pequenas Excessivos: compensação, corpo são comuns em crianças
_Antropomórficos: regressão, mania pequenas.
organicidade; Não incomum Muito altos: esquizoidia _Braços
em crianças Quebrados/mortos: possibili- Ênfase: grande necessidade
/-. .
_y_1_;namme
,
dade de suicídio, impotência de reaiização, agressão,
Ênfase: preocupações se- Cobertos de algodão: culpa punição se não for desenha-
xuais Como espelho das raízes: da a própria pessoa
Omissão: falta de calor no lar psicose Muito finos: dependência,
Fumaça excessiva: tensão in- _Copa organicidade
tensa no lar Em forma de nuvens: fantasia Omitidos - muito pequenos
Em ângulo reto: regressão; Rabiscada: labilidade - ocultos: culpa, inadequa-
Não incomum em crianças Achatada: pressão do am- ção, rejeição se não for de-
LPorta · biente, negação senhada a própria pessoa
Ausência: inacessibilidade, _Linha de solo Em forma de asa: esquizoidia
isolamento Árvore desenhada numa de- _Cabeça
Grande: dependência pressão da linha do solo: in- Grande: regressão, grandio-
Pequena: reserva, inade- capacidade sidade Comum em crianças
quação, indecisão Árvore desenhada no topo de pequenas
Com dobradiça/ fechadura: uma colina: grandiosidade, Pequena: inadequação
atitude defensiva isolamento l1n:::-yula1uu11âu l;yada. u1ya-
Aberta: necessidade de calor _Buraco de fechadura, nicidade, psicose
_Omissões: conflito relativo à "Nigg· s": oposição, hostili- Apenas de costas: paranóia
parte omitida dade Desenhada por último: psi-
LTelhado _Omissões: conflito relativo à copatologia severa
Ênfase: introversão, fantasia parte omitida _ Traços faciais
Apenas telhado: psicose _Dividida: psicose, organici- Omitidos ou leves: retrai-
Linha simples: constrição dade mento
Beiral enfatizado: descon- _Tronco Ênfase: dominação social
fiança Base larga: dependência compensatória
Paredes Longo: regressão, inade- Perfil: paranóia
Finas ou fracas: limites do quação De animal ou bizarros: psi-
ego fracos Cicatrizes: trauma cose
Ênfase: esforço para man- Unidimensional: organicidade Sombreamento ou outra cor
ter o controle do ego Animais: regressão; Comum que não seja a cor da pele:
.am rri!lnç!lc pcq11.an!lC' pc.ir,npatnlngi!li c.::riu,ci,r!:11

a realidade Ênfase vertical: contato com _Olhos


Perspectiva dupla: regressão a realidade pobre, preocu- Ênfase: paranóia
Não incomum em crianças pações sexuais; Comum em Pequenos - fechados -
pequenas crianças pequenas omitidos: introversão,
Transparentes: Comum em Base estreita: perda de con- voyeurismo
crianças pequenas trole Pupilas omitidas: conta-
Ênfase horizontal: pressões _Tipo to pobre com a realida-
ambientais Frutífera ou de Natal: depen- de; Comum em crianças
Ênfase vertical: contato po- dência, imaturidade; Co- pequenas
bre com a realidade, preo- mum em crianças pequenas _Orelhas
cupações sexuais; Comum Morta: distúrbios severos Ênfase excessiva: para-
em crianças pequenas Árvore com muda: regressão nóia, alucinações audi-
tivas

Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2

27
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Detalhes ( continuação) Detalhes (continuação) Detalhes ( continuação)
_LJanelas Vento soprando: pressões _Boca
Ênfase: ambivalência social ambientais Ênfase: dependência; Co-
Ausência: retraimento mum em crianças pe-
Muitas: exibicionismo quenas
Abertas: controle do ego Omitida: agressão oral,
pobre depressão
Sem vidraça: hostilidade Dentes: agressão
_Nariz
Ênfase: preocupações se-
xuais; Comum em crian-
ças pequenas
_Gênero
Oposto desenhado primeiro:
conflito com a identificação
do gênero
Pernas
Omitidas, diminuídas, corta-
das: desamparo, perda de
autonomia
Posição juntas: rigidez, tensão
Posição afastadas: agressão
Posição instável: insegu-
rança, dependência
_Omissões: conflito relativo à
parte omitida
_Tronco e corpo aberto, frag-
mentado ou omitido: psicopa-
tologia severa, organicidade;
Comum em crianças pe-
quenas
Seios: imaturidade
Linha mediana vertical: infe-
rioridade, dependência
Ombros quadrados ou enfa-
tizados: hostilidade
Linha da cintura enfatizada:
conflito sexual; Comum em
crianças pequenas
Apertada: explosividade
_Detalhes Não Essenciais _Detalhes Não Essenciais _Detalhes Não Essenciais
Ênfase nas cortinas: retraimen- Ênfase na casca da árvore: an- _Roupas
to, evasão siedade, depressão; meticulosi- Muita ou pouca roupa: narcisis-
Ênfase nas calhas: defesa, des- dade: obsessividade compulsiva mo, desajustamento sexual
confiança Folhas soltas: falha nos meca- Ênfase em botões: imaturi-
Venezianas fechadas: retrai- nismos de superar dificuldades dade; Comum em crianças
mento Grandes: compensação pequenas
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __ Raízes omitidas: insegurança; _Genitais desenhados: pato-
garras: paranóia; finas/ chão logia, a não ser para crian-
transparente/ mortas: contato ças muito novas; Comum
pobre com a realidade, organi- em estudantes de artes ou
cidade em adultos em psicanálise
Trepadeiras: perda de controle _Pés
Frutas: dependência, rejeição Omitidos ou cortados: de-
se estiverem caindo; Comum samparo, perda de autono-
em crianças pequenas mia, preocupações sexuais
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __ Dedos dos pés em figura
vestida: agressão

Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2

28
 
 
1nterpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Detaihes Não Essenciais íconti-
nuação)
_Cabelo
Enfatizado ou omitido: pre-
ocupações sexuais
Mãos/dedos
Luvas: agressividade repri-
mida
Pontiagudos: "acting ouf'
Pétalas: imaturidade
_Pescoço
Ênfase: necessidade de con-
trole
Muito fino: psicose
Omitido: impulsividade
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __

✓ Detalhes irrelevantes _Detalhes irrelevantes _Detalhes irrelevantes


Nuv,ms, sombras: ansiedade Nuvens, sombras: ansiedade Bengalas, espadas, armas: agres-
Montanhas: defensividade Arbustos excessivos: insegu- são, preocupação sexual
Degraus e caminhos longos ou rança _Outros, _ _ _ _ _ _ _ __
estreitos: retraimento _Outros. _ _ _ _ _ _ _ __ _Detalhes Bizarros Comum em
Arbustos excessivos: insegu- _Detalhes Bizarros Comum em crianças pequenas
rança crianças pequenas _Dimensão do Detaihe
_Outros, _ _ _ _ _ _ _ __ _Sombreamento do Detalhe:
Dimensão do Detalhe
_Detalhes Bizarros Comum em Unidimensional: recursos infe- Excessivo: ansiedade
riores para busca de satisfação _Seqüência do Detalhe: (geral-
crianças pequenas
_Dimensão do Detalhe Bidimensional não fechado: per- mente primeiro cabeça e face)
Planta dos andares desenhada: da de controle
conflito severo, paranóia, orga- _Seqüência do Detalhe:
nicidade
_Sombreamento do Detalhe _Seqüência do Detalhe: normal
Excessivo: ansiedade é tronco, galho, folhas; ou parte
_Lseqüência do Detalhe: normal superior, galhos, tronco
é telhado, paredes, j:lorta, jane-
la; ou linha de solo, paredes,
telhado

✓ Qualidade da Linha _Qualidade da Linha Qualidade da Linha


Forte: tensão, ansiedade, ener- Forte: tensão, ansiedade, ener- Forte: tensão, ansiedade, ener-
gia, organicidade gia, organicidade gia, organicidade
Leve: hesitação, medo, insegu- Leve: hesitação, medo, insegu- Leve: hesitação, medo, insegu-
rança, força do ego fraca rança, força do ego fraca rança, ego fraco
Fragmentação/dificuldade com Fragmentação/dificuldade com Fragmentação/dificuldade com
ângulos: organicidade ângulos: organicidade ângulos: organicidade
Outros._ _ _ _ _ _ _ __ _ Outros,_ _ _ _ _ _ _ __ Outros._ _ _ _ _ _ _ __

Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores
Preto: contornos, fumaça, cercas; Preta. contornos; azul, azul-verde: Preto: contornos, cabelo; azul,
azul, azul-verde: fundo, céu, corti- fundo, céu; marrom: tronco; ver- azul-verde fundo, céu, olhos; mar-
nas; marrom: paredes; verde: te- de: folhas, grama; laranja: laran- rom: cabelo, roupas; verde: sué-
lhado, grama; laranja: laranjas; jas; vermelho: maçãs, cerejas; teres, grama; laranja: suéteres;
violeta: cortinas; vermelho: cha- amarelo: sol, flores; amarelo-ver- violeta: cachecol, roupas meno-
miné, tijolos, maçãs, cerejas; de: paisagem, grama res; venne/ha. lábios, suéters, ves-
amare/o: sol, flores; amarelo-ver- tidos, cabelo; rosa: pele, roupa;
de: paisagem. grama amarelo: sol, cabelo; amarelo-ver-
de: grama

Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2

29
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA ÁRVORE PESSOA


Uso Geral das Cores Uso Geral das Cores Uso Geral das Cores
_Escolha da cor: distúrbio geral _Escolha da cor: distúrbio geral _Escolha da cor: distúrbio geral
_Combinações Bizarras: distúrbio _Combinações Bizarras: distúrbio _Combinações Bizarras: distúrbio
sério sério sério
_Cor usada apenas para contor- _Cor usada apenas para contor- _Cor usada apenas para contor-
no: superficialidade, reserva, no: superficialidade, reserva, no: superficialidade, reserva,
oposição oposição oposição
_Branco usado como cor: aliena- _Branco usado como cor: aliena- _Branco usado como cor: aliena-
ção ção ção
_Diferenças muito grande de ta- _Diferenças muito grande de ta- _Diferenças muito grande de ta-
manho ou qualidade em relação manho ou qualidade em relação manho ou qualidade em relação
aos desenhos acromáticos: ca- aos desenhos acromáticos: ca- aos desenhos acromáticos: ca-
pacidade para permitir afeto pacidade para permitir afeto pacidade para permitir afeto
_Cor fora dos contornos: impul- _Cor fora dos contornos: impul- _Cor fora dos contornos: impul-
sividade, imaturidade, organici- sividade, imaturidade, organici- sividade, imaturidade, organici-
dade dade dade
_Uso extremamente incomum de _Uso extremamente incomum de _Uso extremamente incomum de
cores: distúrbios gerais. Relacio- cores: distúrbios gerais. Relacio- cores: distúrbios gerais. Relacio-
nar_ _ _ _ _ _ _ _ __ nar_ _ _ _ _ _ _ _ __ nar__________
_ Outros _ _ _ _ _ _ __ _ Outros _ _ _ _ _ _ __ _Outros _ _ _ _ _ _ __

Síntese Interpretativa:

Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2

30
 
 
Interpretação

INQUERITO POSTERIOR AO DESENHO


Para encurtar o inquérito dos desenhos coloridos, você deve fazer apenas as questões indicadas por •
! CASA !
1.* Quantos andares tem esta casa? (Esta casa tem um·andar superior?)Sótão, aKd.a~ p~iKCipa~
2. De que esta casa é feita? ,_,_M=a=d~ei=Ml--~C-=ª=bª=K=a~de~lllíl=d.e-i=Ml----------------
3.* Esta é a sua própria casa? De quem ela é? ~M"'"'iK"'Ra""--'c"'as""a"-"-("'w~tr"'u""tu=11.0~).___ _ _ _ _ _ _ _ _ __
4. Em que casa você estava pensando enquanto estava desenhando? Mi1tRa atró (9) 1110Ma agow
5. Você gostaria que esta casa fosse sua? Por que? Si11t, tWKgüiMade - p~itracidade
6. •Se esta casa fosse sua e você pudesse fazer nela o que quisesse, qual quarto você escolheria para
você? Por que? Sótão - trista boKita - powia tricai soziKRo
7.* Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
AfiKQUé.M. - 1tão é. QWKde o basta•te
8. Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe?lo ~~K.,,.Qe~--------
9. Quando você olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no
mesmo nível do que você? _,_Af.,..,o'-""M§"""""'°"--"'Kí""tre""i'----------------------
10. Em que esta casa faz você pensar ou lembrar? 5:~~""'º/leS=t.,a~-------------
11. Em que mais? ~ T l = l ª = ~ - é l = i = a s = · - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
12. É um tipo de casa feliz, amigável?_,._Af~ã=º--~ªP"'"'e=Kas~q,.,u=ie=ta~-------------- -
13. O que nela lhe dá essa impressão? Se11t 11tui10 barntRo (9) "ª IJ:e.ol.eAfa
14. A maioria das casas são assim? Por que você acha isso? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
Afão a .,aiolia trn -,@as pessoas- Milita d;sc11ssão- todos -,uito ju111os
15. • Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e do ano; céu; temperatura)
;'r~io - p~illtOtreW - depois da cRutra.
16. De que tipo de tempo você gosta? ~B:-'-'~=io~-~º=ut=º="º~--1b:""~"'eS=C"-o_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
17. De quem esta casa o faz lembrar? Por que? Meu pai (9) gosta~ia de u11t euga~ cor.t0 esse (9)
Coisos que eta 1rataoo (9) qua.,do cnsw.,aoo coK1w.sa&
18.* Do que esta casa mais precisa? Por que? Oão de guawa (9) M •a (l:b!eSta,
tudo pode aco•tew (9) eadl.ães tW.~datos pessoas descuidadas (9) estupwdous
19.* Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado da casa), quem
seria? Áwo~e - atró (9) cabâo CiKZa IJ:Gz solltbw- .Amustos - a11tigos (9) d.a eScoea 11t.b. Lauw ORa!~e•e
20. A que parte da casa esta chaminé está ligada? Meu guauo - se1t1p~e te11t {l:ogo Ka eauiW.
21. Inquérito da planta dos andares. (Desenhe uma planta dos andares com os nomes, ex., Que cômo-
do é representado por cada janela? Quem geralmente está lá?)

(? lAObatRo) escadas Sótão é 11tw quauo.


jyObliCO~ão 11tudadas de .As jO•etas são ape•as
de jóias paw dawbóias paw a tuz.

ÁRVORE
22.* Que tipo de árvore é esta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
23. Onde esta árvore realmente está localizada?
24.* Mais ou menos qual a idade desta árvore? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
25.* Esta árvore está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
26. O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
27. O que provocou a sua morte? (se não estiver viva) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
28. Ela voltará a viver? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
29. Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você acha que causou a sua morte? Há
quanto tempo ela está morta? - - - - - - - - - - - ~ - - - - - - - - - - -
30.* Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
31. O que nela lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
32. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma árvore, para onde ela estaria virada? _ _ _ _ __

Figura 4
Inquérito Posterior ao Desenho Completado e Régua para o Desenho
Mostrado na Figura 2

31
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

_J 1 1 1 1 1 l 1, 1 1 1 1 1 1 1,, 1, 1 , 1, 1,, 1, 1, 1, I•, , 1 , 1 , 1,, 1, 1 , 1 , 1•, 1 , 1 , 1, 1,, 1 , 1, 1 , 1,, 1,

Árvore e Pessoa
l,j t
.-

-- / Posicione essa página sobre os dese-


nhos. Alinhe as margens verticais para

·(__ avaliar a localização horizontal, alinhe


as margens horizontais para a · r a
localização vertical. Us uas para
avaliar o ta imagem e do de-
~---~!ltlr.""'-

.-

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, , , ,, , , , ., , , , I,, , ,
1 , I., 1 ,
7' 1 1 1 1 1 1
11 1 1
1 1 1
1 1 1 1
11 1 1 1 1

Figura 4 ( continuação)
Inquérito Posterior ao Desenho Completado e Régua para o Desenho
Mostrado na Figura 2

32
 
 

 
1nterpretação

Capacidade Crítica e Rasuras


A capacidade para ver o trabalho de alguém objetivamente, para criticá-lo e para
aprender com a crítica é uma das primeiras funções intelectuais a ser afetada na
presença de forte emotividade e/ou de processos orgânicos. Alguns comentários ver-
bais sobre a capacidade artística, tais como "Nunca aprendi a desenhar" ou "Isto aqui
está fora de proporção" são comuns. Quando excessivos, tais comentários indicam
potencial para patologia, especialmente se não houver tentativas para corrigir as fa-
lhas identificadas verbalmente. Comportamentos indicativos de autocrítica incluem:
1. Abandono de um objeto não completado, recomeçando o desenho em outro lugar
da página do desenho, sem apagar o desenho abandonado.
2. Apagar sem tentar redesenhar. Esse caso geralmente é restrito a um detalhe que
âpâientemente despertou um forte conflito. O indivfduo pode fâzer o detâlhe umâ
vez, mas não duas.
3. Apagar e redesenhar. Se o novo desenho resultar em melhora é um sinal favorável.
Entretanto, pode indicar patologia se a tentativa de correção representar meticulosi-
dade exagerada, ou uma tentativa inútil de obter perfeição ou se a rasura for seguida
de uma deteiioiação da qualidade da fOima. Esta última implica em uma ieação
emocional extremamente forte em relação ao objeto desenhado, a seu significado
simbólico ou à presença de deterioração orgânica, ou a ambos.
Apagar e redesenhar persistentemente qualquer parte do desenho sugere forte-
mente conflito em relação ao detalhe ou ao que ele representa para o indivíduo.

Comentários
Comentários escritos feitos por um indivíduo, durante a fase de desenho, geral-
mente incluem nomes de pessoas, ruas, árvores, números ou outros elementos; eles
podem também ser figuras geométricas e rabiscos. Estes parecem representar uma
necessidade compulsiva para estruturar a situação o mais completamente possível
(indicativa de insegurança), ou uma necessidade compulsiva para compensar uma
idéia ou sentimento obsessivo ativado por alguma coisa no desenho.
Observações supérfluas, tais como "Eu vou colocar esta gravata nele", parecem
ajudar um indivíduo inseguro a estruturar a situação. Observações irrelevantes, tais
como "Você disse que hoje é o seu primeiro dia aqui?", parecem ter a função de
facilitar a situação de entrevista. Um número excessivo de comentários, comentários
irrelevantes ou bizarros indicam preocupação. Por exemplo, se enquanto desenha
sua casa o indivíduo comenta: "Eu não sei se os alicerces são firmes, para começar e
as janelas ... Agora, onde está a minha porta? Eu coloquei as janelas no lugar errado.
Eu vou pôr a minha porta aqui; como devo fazer isso, doutor? Vamos ver, eu estaria
enganando se eu olhasse de que lado a maçaneta da porta está? Estaria tudo bem se
houvesse alguns degraus subindo? Lá estão os alicerces. A arquitetura ficaria melhor
se a janela menor ficasse no lado? Eu acho que sim. Isto é um bebê chorando? Ele
chora assim o tempo todo? Não é uma construção muito clara. Isso é um teste de seu
nervosismo? Sua clareza? Seria interessante se você não ficasse tão nervoso." A refe-
rência constante desta mulher aos alicerces de sua casa simboliza seu sentimento de

33
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

que os alicerces de sua situação no lar foram destruídos deslealmente por seu mari-
do. Seus sintomas principais eram considerável distratibilidade, incerteza angustiante
e dolorosa, e um sentimento de inadequação.
Verbalizações durante a fase do desenho freqüentemente incluem conteúdos que
foram reprimidos durante uma entrevista anterior, incluindo -idéias de orientação e
perseguição. Parece que a tarefa de desenhar emprega energias, que estiveram en-
volvidas na defesa do ego, reprimindo a verbalização desse material. Observações
espontâneas são normalmente mais significativas, quando avaliadas em relação à
parte do desenho que acabou de ser completada, que estava sendo feito quando a
observação foi feita ou que foi desenhado logo após a observação. Muitos indivíduos
se tornam altamente emotivos enquanto estão desenhando ou sendo questionados,
presumivelmente por causa de sua expressão do material reprimido até então. Qual-
quer indivíduo pode exibir sintomas de ansiedade durante a situação de entrevista do
H-T-P. Entretanto, expressões emocionais persistentes de menor ou maior intensida-
de ou repressão da expressão sempre indicam desequilíbrio da personalidade, desa-
justamento ou problema orgânico.

Características Gerais do Desenho

A proporção, a perspectiva e os detalhes em um desenho são características ge-


rais que podem fornecer informação sobre o funcionamento de um indivíduo no con-
texto de seu nível de funcionamento esperado. O uso adequado e apropriado de
detalhes é a primeira característica que se estabiliza no desenvolvimento. A próxima
é a capacidade de representar as proporções realistas e, em terceiro lugar, a capaci-
dade de reconhecer e representar a necessidade de perspectiva.
Em geral, a adequação e o uso apropriado dos detalhes fornecem um índice das
capacidades do indivíduo para reconhecer os elementos da vida diária e empregá-los
convencionalmente, bem como a capacidade de avaliar criticamente os elementos da
realidade em geral. A adequação da proporção nas figuras desenhadas reflete a ca-
pacidade do indivíduo para julgar, eficientemente, a solução de problemas mais bási-
cos, concretos e imediatos da vida diária. Determinar e desenhar as proporções corretas
envolve a capacidade do indivíduo para julgar criticamente os problemas mais bási-
cos apresentados pelo seu ambiente. Quando as relações espaciais entre os elemen-
tos em um desenho são estabelecidas pela perspectiva, o indivíduo está mostrando a
capacidade de reconhecer as relações de cada todo no tempo e espaço simbólicos
em relação aos outros objetos do ambiente. Isto indica a capacidade do indivíduo
para agir com visão crítica nos relacionamentos mais abstratos e amplos da vida
diária.

Proporção
As relações de proporção expressas pelo indivíduo em seus desenhos da casa,
árvore e pessoa freqüentemente revelam os valores atribuídos pelo indivíduo aos

34
 
 
Interpretação

objetos, situações e pessoas. Relações proporcionais nos desenhos também forne-


cem um índice grosseiro da capacidade do indivíduo para atribuir valores objetivos
aos elementos da realidade e realizarjulgamentos com facilidade e flexibilidade.
Entre a figura desenhada e a folha do desenho. Os desenhos ocupam, em
média, de um a dois terços da área padrão de desenho. O uso de uma área extrema-
mente pequena do espaço disponível geralmente aponta um sentimento de inade-
quação, uma tendência de se afastar do ambiente ou uma rejeição do tema principal
do desenho (Figura 5). Um desenho que ocupa quase todo o espaço disponível ou
que, por causa de seu tamanho, tenha uma parte cortada pela margem do papel
geralmente indica um sentimento de frustração (Figura 10d). Indivíduos que fazem
esses desenhos grandes, freqüentemente, estão sentindo hostilidade em relação a
um ambiente restrito. Grande tensão e irritabilidade com sentimento de imobilidade
desamparada é indicada. Uma visão egocêntrica da importância do próprio indivíduo
também pode ser um fator encoberto nos desenhos muito grandes.
Detalhes na figura desenhada. Em geral, um detalhe de tamanho maior do que a
média (comparado com os outros detalhes desenhados pelo indivíduo) implica muito
interesse e preocupação com o que o item simboliza para o indivíduo que produziu o
desenho. Um detalhe de tamanho menor do que a média normalmente implica uma
rejeição ou um desejo de rejeitar o que o item pode simbolizar para o indivíduo.

Perspectiva
Um planejamento das relações espaciais no desenho da casa, da árvore e da
pessoa indica a capacidade do indivíduo para compreender e reagir com sucesso a
aspectos mais complexos, mais abstratos e mais exigentes da vida. A perspectiva
também pode ser vista como uma medida da compreensão do indivíduo.
Localização horizontal na página. Quanto mais afastado para a esquerda esti-
ver localizado o ponto médio da figura em relação ao ponto médio da folha, maior é a
probabilidade de que o indivíduo tenda a se comportar impulsivamente, buscar satis-
fação emocional, imediata e direta de suas necessidades e impulsos (Figura 5a - c;
veja, também, o capítulo 2 pam uma desciição do ponto médio). De um ponto de vista
temporal, esse indivíduo está muita preocupado com o passado e estará interessado
principal e fortemente em si mesmo. De modo inverso, quanto mais afastado estiver
para direita o ponto médio do desenho do ponto médio da página, maior a probabilidade
de o indivíduo mostrar um comportamento estável, rigidamente controlado, de estar
propenso a adiar a satisfação de suas necessidades e impulsos imediatos; e de pre-
ferir satisfações intelectuais a emocionais (Figura 11 b - c). Esse indivíduo estará
preocupado excessivamente com o futuro, de um ponto de vista temporal, e tende a
se preocupar muito com aqueles que compartilham de seu ambiente e de suas
opiniões.
Localização vertical na página. Quanto mais abaixo do ponto médio da folha
estiver localizado o ponto médio do desenho, maior é a probabilidade de o indivíduo
se sentir inseguro e inadequado, e de esse sentimento produzir uma depressão no
humor (Figura 10d). Indivíduos que desenham dessa maneira tendem a ser concre-
tos e a buscar satisfação mais na realidade do que na fantasia. Se o indivíduo vê o

35
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

desenho como continuando para além da margem inferior da página, ele pode se
sentir esmagadoramente oprimido. Quanto mais acima do ponto médio estiver locali-
zado o desenho, maior é a probabilidade de o indivíduo se sentir lutando por objetivos
inatingíveis (Figura 9). A localização do desenho acima do ponto médio pode indicar
que o indivíduo tende mais a buscar satisfação na intelectualização ou na fantasia, do
que na realidade.
Localização central na página. Quando o desenho se localizar ao redor do ponto
médio geométrico exato da página, o indivíduo geralmente é rígido para compensar a
ansiedade e insegurança (Figura 12 c).
Mudança da posição da página. Indivíduos com tendências agressivas e/ou ne-
gativistas podem mostrar rejeição à sugestão, recusando-se a aceitar a página na
posição apresentada. Por exemplo, esses indivíduos parecem sentir que seria um
sinal de fraqueza aceitar as instruções literalmente. Eles parecem compelidos a virar
a página, ainda que, ao fazê-lo, a relação ideal das dimensões horizontal e vertical
seja alterada, tornando a tarefa mais difícil. Essa rotação da página revela um poten-
cial para psicopatologia.
Quadrantes da página. Do ponto de vista dos quadrantes, duas questões se so-
bressaem. Primeiro, o quadrante superior esquerdo (particularmente seu canto extre-
mo superior esquerdo) é o "quadrante da regressão". Indivíduos com deterioração
psicótica ou orgânica muito freqüentemente localizam seus desenhos nesse qua-
drante, assim como os indivíduos que não atingiram um alto nível de maturidade
conceituai (Figura 5 a - c). No quadrante inferior direito, o "quadrante incomum", um
desenho quase nunca é colocado inteiro dentro dele.
Margens da página. Usos desviantes da margem ou margens da página são sem-
pre significativos. "Desenho cortado pelo papef'2 é a amputação de parte do desenho
por uma ou mais margens (Figura 9b), algumas vezes, devido à relutância em dese-
nhar a parte em questão, por causa de associações desagradáveis. O desenho corta-
do na base da página pode ser detectado apenas através de perguntas ou de um
comentário espontâneo do indivíduo. Quanto mais o desenho se estender para baixo
na página, maior a probabilidade da repressão estar sendo usada como uma estraté-
gia para manter a integridade da personalidade. Indivíduos com um forte potencial
para ações explosivas podem produzir este tipo de desenho. O desenho cortado na
margem esquerda parece indicar uma fixação no passado e medo do futuro. O dese-
nho cortado à direita parece indicar um desejo de escapar para o futuro. O desenho
cortado também pôde ser um indicador de lesões orgânicas. O desenho na borda do
papel ocorre quando parte do desenho toca a margem, mas não parece se estender
para além dela (Figura 18a). O uso da margem superior deste modo sugere uma
fixação no pensamento e na fantasia como fonte de satisfação. O uso das margens
laterais indica insegurança e constrição; o uso da margem inferior da página implica
em depressão e em tendência a comportar-se de uma maneira concreta e desprovida
de imaginação. Este é o menos patológico dos quatro usos desviantes das margens.

2 Em inglês: "Paper chopping"

36
 
 
Interpretação

Relação com o observador. Os desenhos são usualment_e representados como


se estivessem no mesmo nível do observador. Desvios deste padrão são a "visão de
pássard' (Figura 13d), quando o desenho é visto de cima, e a "visão de minhoca" 3
(Figura 14a), quando o desenho é visto de baixo.
Distância aparente em relação ao observador. A distância é normalmente suge-
rida pelo tamanho muito pequeno do desenho, localização do desenho no alto de uma
colina ou em um vale profundo, ou por um grande número de detalhes localizados
entre o observador e o objeto desenhado. Essa distância implica em uma forte neces-
sidade de manter o "se/f' afastado e inacessível.
Posição. Os desenhos geralmente estão de frente para o observador, mas com
uma sugestão de profundidade ou, alternativamente, são desenhados em perfis par-
ciais. A ausência de qualquer sugestão de profundidade sugere um estilo rígido e
intransigente, que compensa sentimentos de inadequação e de insegurança (Figura 9a).
Um desenho apresentado em perfil completo, sem sugestão de que existe um outro
lado (Figura 15c), indica fortes tendências oposicionistas e de afastamento. Esses
desenhos são mais freqüentemente produzidos por indivíduos que experienciam es-
tados paranóicos.
Uma linha de solo normalmente fornece um ponto de referência para o objeto
desenhado (Figura 7a). Quando for desenhada como uma colina pode representar
sentimentos de isolamento e exposição, dependência materna ou exibicionismo. Quan-
do a linha de solo for inclinada para baixo e para a direita, o indivíduo pode sentir que
o futuro é incerto e talvez perigoso.
Transparências. Os indivíduos que apresentam um desenho em que um objeto,
que normalmente estaria coberto por alguma coisa esteja ainda visível cometem uma
falha grave no teste de realidade (Figura 16). Uma vez que as transparências impli-
cam em uma falha na função crítica, presume-se que elas indiquem nos desenhos
dos indivíduos sem deficiência mental a extensão em que a organização da persona-
lidade está rompida por fatores funcionais, orgânicos ou ambos. O significado patoló-
gico das transparências pode ser avaliado pelo seu número e gravidade.
Movimento. A interpretação do movimento em um desenho envolve a intensida-
de ou a violência do movimento, o prazer ou desprazer envolvidos no movimento e o
grau em que o movimento é voluntário (Figura 13f).
Consistência. Espera-se que a qualidade geral de cada desenho seja semelhan-
te. Por exemplo, se todos os detalhes essenciais estiverem presentes no desenho da
casa, do mesmo modo é esperado que os desenhos da árvore e da pessoa também
estejam completos. Variações na consistência entre os desenhos devem ser observa-
das e investigadas. O significado da variação na qualidade do desenho depende dos
detalhes desviantes e da magnitude da variação entre os desenhos ou entre os deta-
lhes dos desenhos. Uma deterioração progressiva da casa para a árvore e para a
pessoa geralmente acompanha cansaço ou negativismo crescente. A progressão

ª Em inglês: "worm" - verme, minhoca ou lagarta.

37
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

oposta, uma melhora na qualidade da casa para a árvore e para a pessoa indica
medo inicial ou dificuldade de adaptação à situação de entrevista.
Um prognóstico positivo é indicado se a árvore desenhada transmitir uma impres-
são mais saudável do que a pessoa, se os desenhos coloridos apresentarem um nível
de ajustamento melhor do que os acromáticos, ou se o H-T-P representar um quadro
da personalidade mais saudável do que o Rorschach. Um prognóstico negativo é
sugerido por mais indicadores de psicopatologia nos desenhos coloridos do que nos
acromáticos (Figura 14a, b, c); se o desenho da árvore transmitir uma impressão
diagnóstica mais pobre do que o da pessoa (Figura 12b, c), ou quando o H-T-P produ-
zir associações mais negativas do que o Rorschach.

Detalhes
O tipo e número de detalhes, o método de apresentação, a ordem de produção
e a ênfase colocada sobre eles podem geralmente ser considerados como um índice
de reconhecimento, de interesse e de reação aos elementos da vida diária.
Detalhes essenciais. Mesmo a ausência de apenas um detalhe essencial deve
ser vista como séria; as implicações patológicas são maiores quanto mais detalhes
essenciais estiverem faltando e mais desenhos estiverem envolvidos. O uso mínimo
de detalhes essenciais ou abaixo da média, particularmente nos desenhos da casa e
da árvore sugere retraimento e/ou conflito na área representada ou simbolizada pelo
detalhe ou pelo desenho associado. Indivíduos retardados, com lesão cerebral, retraí-
dos ou deprimidos tendem a desenhar o mínimo de detalhes para cada desenho
(Figuras 5a-c). O uso excessivo de detalhes essenciais (como por perseveração)
implica preocupação exagerada, com o que pode ser representado ou simbolizado
pelo detalhe em questão (Figura 6a).
Detalhes não essenciais. O uso limitado de detalhes não essenciais, tais como
cortinas nas janelas, folhas nas árvores, roupas nas pessoas etc. indicam bom conta-
to com a realidade e uma interação sensível, provavelmente bem equilibrada com o
ambiente. O uso excessivo de detalhes sugere preocupação exagerada com o ambien-
te ou com a área simbolizada ou representada pelos detalhes usados ou por suas
associações. Os obsessivo-compulsivos tendem a desenhar um maior número de
detalhes deste tipo (Figura 6a).
Detalhes irrelevantes. Quando usados de forma limitada, como arbustos dese-
nhados próximo à casa; pássaros em árvores ou no céu; ou um animal de estimação
com a pessoa, indicam uma insegurança básica moderada ou uma necessidade de
estruturação da situação de maneira mais segura. Quando usados excessivamente,
eles sugerem uma ansiedade ''flutuante livre" existente ou potencial na área simboli-
zada pelo detalhe. Nuvens, por exemplo, representam uma ansiedade generalizada
em relação ao objeto desenhado. O uso excessivo de detalhes irrelevantes pode
indicar uma forte necessidade de afastamento, especialmente se eles tendem a su-
plantar o tema principal do desenho (Figura 7a-c).
Indivíduos em estado maníaco geralmente desenham um grande número de deta-
lhes irrelevantes e, freqüentemente, incluem palavras, comentários e títulos. Quanto
melhor esses detalhes estiverem organizados e quanto mais próximos eles estiverem

38
 
 
1nterpretação

do objeto do desenho, maior será a probabilidade de que a ansiedade que eles repre-
sentam esteja bem canalizada e bem controlada. Quanto mais os detalhes irrelevan-
tes sobrepujarem o objeto do desenho, maior será a indicação de potencial para
patologia.
Se o sol não tiver sido desenhado, o clínico deve pedir para o indivíduo desenhá-lo
durante o Inquérito Posterior ao Desenho. O sol parece representar a figura de maior
autoridade ou de maior "valênciéi' 4 emocional dentro do ambiente do indivíduo, espe-
cialmente quando o sol for muito grande.
Detalhes bizarros. Detalhes bizarros, como pernas humanas sustentando uma
r~~~ n11 trnçn~ far.i~i~ rf P~Pnh~rln~ nn ~nl, inrlir.~m q1 JP n inrlivírl11n tPm 11m r.nnt~tn
com a realidade gravemente comprometido e a presença de grave psicopatologia.
Detalhes bizarros são raros, entretanto, o que muitas vezes parece ser um detalhe
bizarro à primeira vista é, posteriormente, considerado como uma relação proporcio-
nal ou espacial, ou um método de apresentação de um detalhe apropriado incomuns.
Dimensão do detalhe. Detalhes uni e bidimensionais (Figura 8a-c) tendem a
indicar baixa capacidade mental ou lesão cerebral. A exceção para este caso é a
"figura palito" da árvore ou da pessoa.
Sombreamento do detalhe. Sombreamentos saudáveis são produzidos de forma
rápida, leve e com poucos rabiscos casuais. São saudáveis porque envolvem abstra-
ção e uma certa quantidade de sensibilidade ao ambiente. O indivíduo não volta a
sombrear ou a reforçar. Sombreamentos que indicam patologia na forma de ansieda-
de e conflito são produzidos lentamente com atenção e força excessivas ou sem
respeitar os contornos.
Seqüência do detalhe. Qualquer desvio em relação à seqüência do desenho,
como uma ordem de apresentação pouco comum, um retorno compulsivo para algo
que foi previamente desenhado, apagar e redesenhar algo previamente desenhado
ou repetição de um detalhe indicam patologia potencial. A dificuldade pode ser de
concentração e de organização, ou do conflito relacionado ao detalhe em questão.
Como regra, não se retorna aos detalhes que já foram completados. Se vários deta-
lhes parecidos forem desenhados - como uma série de janelas - eles serão finaliza-
dos antes que algum outro tipo de detalhe seja introduzido.
Ênfase no detalhe. A ênfase em um detalhe é mostrada por comentários ou ex-
pressões emocionais claras, por seqüências pouco comuns em volta daquele deta-
lhe, pelo excesso de rasuras, pela lentidão ao desenhar o detalhe, por combinações
bizarras e por lesões desenhadas, tais como cicatrizes. A omissão ou não completa-
mente de um detalhe ou a recusa em comentar sobre ele também pode ser interpre-
tada como ênfase naquele detalhe. Essas ênfases implicam ansiedade ou conflito
relacionados ao detalhe em questão.
Qualidade da linha. Uma pessoa média tem pouca de dificuldade para desenhar
linhas relativamente retas. Os ângulos são geralmente bem definidos e as linhas cur-
vas fluem livremente e de modo controlado. Falhas na coordenação motora sugerem

• Valência - "Propriedade de um objeto ou região no espaço vital pela qual o objeto é desejado (valência positiva) ou
rejeitado (valência negativa)". (Nick, E. , Dicionário de Psicologia, São Paulo: Cultrix, s/d, p. 388).

39
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

um desajustamento funcional da personalidade ou uma desordem do sistema nervo-


so central. Traçados fortes, desenhados com linhas pretas fortes sugerem tensão;
quando usadas em todo o desenho, essas linhas indicam problemas orgânicos. Se
eles forem usados em um detalhe específico, o examinador deve presumir (a) uma
fixação no objeto desenhado (por exemplo: a mão da pessoa sendo vista como fonte
de culpa), e/ou (b) hostilidade reprimida ou manifesta contra o detalhe desenhado ou
o que ele simboliza. Se os traçados fortes formarem o contorno da maior parte do
desenho, enquanto outras linhas dentro do desenho não são tão fortes, o indivíduo
pode estar lutando para manter a integridade do ego, e pode estar desconfortavel-
mente consciente do fato. Se os traçados fortes forem as linhas de solo e ou as mais
altas, o indivíduo pode estar tentando estabelecer contato com a realidade e reprimir
a tendência de obter satisfação na fantasia. Uma linha de solo muito forte é geralmen-
te interpretada como representando sentimentos de ansiedade nos relacionamentos.
Traçados extremamente leves usados em todo o desenho indicam um sentimento de
inadequação, indecisão ou medo de derrota. Linhas que se tornam mais fracas à
medida que a sessão progride indicam ansiedade ou depressão generalizadas. Li-
nhas fracas usadas somente para certos detalhes parecem representar uma relutân-
cia do indivíduo para desenhar esses detalhes, por causa do que simbolizam. Traçados
interrompidos geralmente indicam indecisão, enquanto linhas muito contínuas podem
estar associadas à rigidez interna. Linhas que são interrompidas e nunca são unidas
podem indicar falha incipiente do funcionamento do ego.
A casa, em geral, requer apenas linhas retas. A pessoa geralmente necessita de
muitas linhas curvas. A árvore usualmente requer uma combinação desses dois tipos.
Variações dos tipos convencionais de linha para o desenho todo aparentemente são
indicadoras de patologia. Se as linhas forem rabiscadas pode estar presente deterio-
ração orgânica.

Cor
O principal objetivo de aplicar o H-T-P colorido é fornecer uma estimativa da esta-
bilidade das respostas do indivíduo nas tarefas do H-T-P, através do tempo e das
condições. O uso das cores pelo indivíduo, por si, fornece dados adicionais de diag-
nóstico e prognóstico. Entretanto, as cores devem ser tratadas apenas como um sinal
importante, quando elas não obedecerem à convenção ou realidade, quando elas
dominarem a forma do detalhe no qual foram usadas ou quando forem usadas espa-
lhadas de uma forma não usual.
Se a organização dos desenhos coloridos for melhor do que a dos desenhos acro-
máticos, o prognóstico será provavelmente melhor do que se os desenhos acromáti-
cos estiverem melhor organizados. Em crianças, isto é especialmente verdade, porque
indica uma resposta positiva ao calor humano.
Escolha. Quanto mais lento e mais indeciso o indivíduo for para escolher a cor de
um detalhe ou desenho, maior será a probabilidade de que o item a ser produzido
tenha para ele uma significação maior do que a média.
Aplicação. Quando um indivíduo usar apenas um crayon preto ou marrom e usá-
lo como um lápis isto sugere que ele possui uma tendência para evitar emoções

40
 
 
Interpretação

(Figura 13d). Indivíduos fortemente emotivos usam muitas cores; as crianças usam
mais cores do que os adultos. Isso está de acordo com a crença de que as respostas
emocior-iais precedem as respostas intelectuais no processo de desenvolvimento. In-
divíduos regredidos usam cores mais livremente e com menos crítica do que os indi-
víduos não regredidos, o que é acompanhado da perda de interesse na forma por si
(Figura 14d). Se mais de três quartos da área da página do desenho for colorida, esta
é uma indicação de que o indivíduo não tem controle adequado da expressão emocio-
nal. Se as cores ultrapassarem as linhas periféricas é provável que o indivíduo tenha
uma tendência a responder impulsivamente a estímulos adicionais. O sombreamento
é usado mais freqüentemente nos desenhos coloridos do que nos acromáticos e ge-
raimente são usadas mais cores no desenho da pessoa do que nos da casa e da
árvore.
Adequação. Os contornos são geralmente executados em preto ou marrom. A
coloração de certos detalhes irrelevantes é tão estabelecida que qualquer violação na
convenção de sua apresentação pode ser considerada significativa. Por exemplo, o
sol é amarelo; o céu é azul; a grama é verde ou marrom; as sombras são indicadas
por sombreamento preto ou azul. Um indivíduo que se torna tão ligado a cor, que a
casa consiste apenas de uma parede de duas fileiras de retângulos azuis, sobre duas
fileiras de retângulos violetas, mostra sério desajustamento. Do mesmo modo, um
indivíduo que desenha uma árvore com um tronco bidimensional e galhos unidimen-
sionais que se estendem iateraimente da base para a ponta, todos em azui; ou uma
pessoa com corpo e cabeça azuis, braços amarelos e pernas marrons revela um
rompimento significativo com a adequação da cor.

Inquérito Posterior ao Desenho

O Inquérito Posterior ao Desenho pretende esclarecer aspectos obscuros dos de-


si:mhns A prnpnrr.inn;:ir ;:in inrlivírltin tnrl;:i npnrt1 mirl;:irlA rlA prnjAt;:ir !:::AntimAntni:::, nA-
cessidades, objetivos e atitudes através da descrição verbal e de comentários sobre
seus desenhos acromáticos e coloridos. Uma pessoa média, bem ajustada vê a casa
ocupada por um ser vivo e vê a árvore e a pessoa vivas. Respostas ao inquérito que
descrevem a casa temporariamente desocupada ou deserta, a árvore morrendo ou
morta e a pessoa doente, morrendo ou morta parecem revelar desajustamento.
As respostas dadas durante o inquérito devem ser avaliadas de acordo com diver-
sas dimensões. O volume de respostas é importante: A recusa do indivíduo de fazer
qualquer comentário é patológica. "Eu não sei" não deve ser interpretado como falta
de resposta, nem é uma resposta satisfatória. Pelo fato de algumas questões serem
específicas e restritas, uma resposta curta pode não ser sempre considerada como
concisa, enquanto que uma resposta longa também não deve ser sempre considera-
da eloqüente. Por exemplo, pode-se ser surpreendido ao receber uma resposta mais
longa do que "homem" ou "mulher" para a pergunta "Esta pessoa é um homem ou
uma mulher?" Por outro lado, seria estranho receber menos do que várias palavras

41
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

em uma resposta positiva para a pergunta "O que ele (a) está pensando?" A mais
longa série de comentários produzida espontanE:amente que o autor experienciou foi
feita por um homem psiconeurótico que entrou em um estado semelhante a um tran-
se e associou livremente milhares de palavras referentes a sua árvore e a outras de
um quadro dependurado na parede da sala do examinador.
As respostas devem ser avaliadas por sua relevância. Uma resposta irrelevante
para "Quantos anos ele (a) tem?" foi o comentário de um pré-psicótico "Ele tem 100,
mas eu tenho 27. "Um paciente maníaco respondeu à pergunta sobre o tempo nos
desenhos "Todos os tipos de tempo. Neve, verão, outono, chuva, seco, tudo!" A res-
posta de um paciente psicótico para a pergunta "Alguma parte da árvore está morta?"
foi "Eu não posso ouvi-lo muito bem porque as pessoas estão falando muito." Quando
foi perguntado que pessoas, o paciente respondeu "Ah, Deus e Dr. R." (Dr. R. morrera
várias semanas antes). Uma resposta moderadamente irrelevante pode ser dada à
pergunta: "Em que esta pessoa faz você pensar?" com "Ela me lembra de um aluno
da quarta série tentando desenhar." O grau em que as respostas, durante o inquérito,
incluem material de auto-referência ou confabulações deve ser observado.
tv1uitas vezes, objetos aparentemente irrelevantes desenhados ao redor do tema
do desenho representam membros da família ou pessoas com as quais o indivíduo
está intimamente ligado na vida diária. A sua relação espacial com o objeto desenha-
do pode ser paralela à proximidade ou distância destas relações pessoais. Estes
detalhes devem ser sempre investigados.

Características do Desenho Específicas da Figura

CASA

A casa parece estimular uma mistura de associações conscientes e inconscientes


referentes ao lar e às relações interpessoais íntimas. Para a criança, a casa parece
salientar o ajustamento aos irmãos e aos pais, especialmente com a mãe. Para os
aâuitos, é representaâo o ajustamento a situações âomésticas em gerai e, mais es-
pecificamente, ao esposo (a) e aos filhos (se tiver algum). O desenho da casa dá uma
indicação da capacidade do indivíduo para agir sob estresse e tensões nos relaciona-
mentos humanos íntimos e para analisar criticamente problemas criados pela situa-
ção do lar. As áreas de interpretação no desenho da casa geralmente referem-se à
acessibilidade, nível de contato com a realidade e grau de rigidez do indivíduo.

Proporção
Se o telhado for grande em relação ao resto da casa, o indivíduo pode dedicar
muito tempo procurando satisfação na fantasia. Se a dimensão horizontal da parede
for superenfartizada em relação à vertical, o indivíduo pode estar funcionando inefi-
cientemente, porque o passado ou futuro interferem em sua atenção. Este indivíduo
pode ser considerado vulnerável a pressões ambientais, à medida que muito dele,
figurativamente falando, está disponível para os ataques no nível da realidade. Se a

42
 
 
Interpretação

dimensão vertical for superenfatizada, sua satisfação provavelmente é obtida na fan-


tasia e evita, o máximo possível, o contato com a realidade.
Portas muito pequenas retratam os sentimentos de inadequação do indivíduo e
relutância em fazer contatos. Portas muito grandes sugerem superdependência dos
outros. Disparidade de tamanho entre as janelas é normal, com a janela da sala de
estar sendo geralmente a maior e a do banheiro, a menor. Quando a janela do ba-
nheiro for a maior, pode-se supor que a função do banheiro deve estar perturbando o
indivíduo, e deve-se suspeitar de conflitos referentes às funções sexuais e/ou excre-
toras. A janela da sala de estar menor do que as outras sugere rejeição a relações
sociais.
Uma chaminé muito grande indica preocupações sexuais e possível exibicionismo
(Figura 18a). Uma chaminé desproporcionalmente pequena sugere que o indivíduo
pode sentir falta de calor na situação do lar. Esta chaminé pode refletir nos homens
dúvidas a respeito de sua masculinidade (Figura 13a).
Um caminho que seja muito estreito na sua junção com a casa, mas que seja largo
no lado oposto conota uma tentativa de ocultar um desejo de se manter distante com
uma amabilidade aparente, mas superficial.

Perspectiva
Indivíduos mentalmente deficientes geralmente desenham casas com "perspecti-
va dupla", mostrando uma parede principal com paredes dos dois lados. As paredes
das duas extremidades são normalmente menores do que a parede principal nestes
desenhos (Figura 19a). As crianças pequenas também produzem esse tipo de dese-
nho. Esquizofrênicos, por outro lado, desenham as paredes das duas extremidades
maiores do que a principal (Figura 17a); os esquizofrênicos parecem considerar que
as paredes das extremidades protegem a parede central ou principal.
Indivíduos esquizóides podem perder a perspectiva completamente em seus de-
senhos da casa. Por exemplo, eles podem desenhar uma parede e um telhado corre-
tos em um lado da casa, e uma linha vertical perpendicular ao solo no outro lado tanto
para a parede como para o telhado. O resultado é incongruente. Um lado mostra
profundidade e o outro parece cortado abruptamente. Isso parece indicar uma dificul-
dade organizacional inicial e talvez um bloqueio temporal.
Um indivíduo, experenciando exposição debilitante a pressões ambientais e muito
preocupado com o que os outros pensam, às vezes, irá desenhar uma casa em que
os quatro lados aparecem simultaneamente. Um indivíduo, vivenciando conflitos se-
veros na situação do lar, pode desenhar apenas um esquema ou planta da casa,
refletindo uma tentativa de estruturar toda a situação. É surpreendente a tendência
desses indivíduos para ilustrar seus sentimentos relativos aos problemas apresenta-
dos por vários cômodos ou pelos ocupantes costumeiros desses cômodos, alterando
o tamanho dos cômodos ou sua localização real.
Uma moça jovem, solteira e grávida mostrou grande dificuldade em desenhar uma
varanda. Finalmente ela a desenhou em um ângulo incomum da casa, voltada para a
direita da página. Isso foi interpretado como uma expressão simbólica de sua relutân-
cia em aceitar uma extensão similar dela mesma (bebê) no futuro (direita da página).

43
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Margens da página. Um telhado que é cortado pela margem superior do papel


indica uma necessidade patológica de procurar satisfação na fantasia. O uso dos lados
da página como uma linha da parede lateral sugere uma insegurança generalizada.
Relação com o observador. Algumas vezes a casa é desenhada a partir de uma
"visão de minhoca". Isto sugere um sentimento de rejeição em relação à casa, ou um
esforço para obter uma situação inatingível no lar. Também pode representar um dese-
jo de se afastar (Figura 11 a).
Distância aparente do observador. É mais provável que a casa seja desenhada
como distante do observador do que a árvore ou a pessoa, particularmente, se a
distância for obtida pela colocação de detalhes entre o todo e o observador. Por exem-
plo, um alcoólico crônico do sexo masculino desenhou uma pequena cabana, mas
não se contentou só com este desenho. Ele desenhou árvores perto da cabana, de-
pois um grande rio (com índios remando em uma canoa) e depois uma rodovia entre
a casa e os observadores. Isto foi interpretado como uma expressão de um forte
desejo de se afastar o máximo possível da sociedade convencional, para viver onde
ele pudesse se vestir e agir da forma como lhe agrada sem medo de crítica.
Posição. Uma casa que é desenhada em perfil parcial, com uma parede lateral e
uma parede principal, normalmente indica uma tendência para se comportar de modo
sensível e flexível. A apresentação da casa em perfil completo indica forte retraimento
e tendências oposicionistas.
Transparências. Apenas indivíduos seriamente perturbados ou retardados dese-
nham uma casa com uma parede transparente. Se a chaminé nos fundos da casa
puder ser vista através das paredes (da frente e dos fundos), o indivíduo pode estar
vivenciando uma preocupação fálica sufocante e sente que esta preocupação é obvia
para os outros. Se a chaminé for transparente ou não tiver profundidade, pode estar
presente uma negação fálica, representando sentimentos de impotência e/ou medo
de castração.
Movimento. A casa geralmente é desenhada vertical e intacta. Qualquer repre-
sentação de movimento, tais como o telhado voando, as paredes caindo, etc. é pato-
lógica e expressiva de um colapso concomitante do ego sob ataque das pressões
extra ou intrapessoais, ou ambas, dependendo da explicação do colapso da casa.
Uma paciente esquizóide desenhou uma casa rudimentar com a chaminé e o telhado
no chão, derrubados por um tornado, ela explicou. Algumas semanas depois, ela
entrou em estado catatônico.
Sentimentos de pressões ambientais podem ser expressos simbolicamente por
fumaça que, em vez de sair da chaminé em direção ao céu, desvia para um lado,
indicando que o vento está soprando. A magnitude da pressão pode ser expressa
pelo grau de desvio da fumaça de um curso direto ou quase direto para cima. A
fumaça normalmente é desenhada soprando da esquerda para a direita da página.
Se ela for desenhada soprando da direita para a esquerda, presume-se que o indiví-
duo vê o futuro com pessimismo. A fumaça, muito raramente, é desenhada soprando
para os dois lados, a direita e a esquerda (Figura 14a). Essa apresentação é bizarra
e foi produzida apenas por indivíduos psicóticos. A magnitude dos sentimentos do
indivíduo é freqüentemente revelada pela quantidade de fumaça.

44
 
 
1nterpretação

Detalhes
Detalhes essenciais. A casa deve ter, no mínimo, uma porta (a menos que so-
mente a lateral da casa seja desenhada - o que sugere patologia). Ela deve ter uma
porta, uma janela, uma parede e um telhado (a menos que seja identificada como
uma casa tropical ou outra habitação sem telhado) e deve ter uma chaminé ou um
meio de saída para a fumaça.
O telhado e as paredes da casa parecem representar, de uma forma rudimentar, o
ego do indivíduo: Os limites periféricos da personalidade são representados pelos
limites periféricos da parede e do telhado. Muita ênfase nessas linhas periféricas ou
de "contenção" indicam um esforço consciente para manter o controle. Linhas perifé-
ricas fracas e inadequadas sugerem um sentimento de colapso iminente e fraco con-
trole do ego. Quando a casa é considerada um auto-retrato do indivíduo, o telhado
representa as áreas do pensamento e da fantasia. O telhado pode se estender até o
chão e tornar-se, na verdade, tanto uma parede como um telhado. Esse tipo de casa
é produzido por esquizofrênicos que parecem estar simbolicamente enfatizando o
fato de que seu mundo é em grande parte fantasia (Figura 14a). Ênfase no beiral do
telhado por reforçamento ou extensão para além das paredes implica uma atitude de
desconfiança usual excessivamente defensiva (Figura ?a).
A porta e janelas usualmente representam acessibilidade; as portas dos fundos e
laterais parecem enfatizar evasão. A ênfase no revestimento, fechadura e/ou dobra-
diça da porta sugerem uma sensibilidade defensiva. A ênfase na maçaneta sugere
excesso de consciência da função da porta e/ou preocupação fálica. As janelas da
casa constituem formas menos diretas e imediatas de interação com o ambiente do
que a porta. Uma janela sem vidraças, grades ou indicação de materiais de vidro é
geralmente desenhada por indivíduos com tendências negativistas que dizem: "Eu
tornarei impossível você ver dentro" (Figura 8a). Um grande número de grades pode
expressar um sentimento de que o quarto atrás da janela é uma prisão; fechaduras
nas janelas indicam uma atitude manifestamente defensiva. Um grande número de
janelas descobertas implicam que o indivíduo tende a comportar-se de modo áspero
e direto. Indivíduos sexualmente desajustados mostram a tendência para ver portas e
janelas como substitutos oral, vaginal ou retal. As janelas do andar térreo são mais
freqüentemente omitidas ou distorcidas no tamanho ou na localização do que as jane-
las dos andares superiores. Ocasionalmente, as janelas ou portas da casa são dese-
nhadas abertas. Uma casa descrita como ocupada indica um alto grau de acessibilidade
tranqüila. Se for dito que a casa está desocupada pode-se supor que existe uma
extraordinária falta de defesa do ego. Em cada caso, a interpretação estará sujeita a
modificações pela descrição do indivíduo sobre o tempo no desenho.
Quando a chaminé é desenhada com facilidade e sem distorções ou ênfases, im-
plica que o indivíduo tem uma maturidade e equilíbrio sensual satisfatórios. A omis-
são da chaminé não representa um sério desajustamento, bem como a ênfase
excessiva na chaminé. Indivíduos desajustados sexualmente tendem a tratar a cha-
miné como um símbolo fálico. Abundância de fumaça da chaminé indica considerável
tensão interna, presumivelmente ocasionada por relações insatisfatórias com aque-
les com quem o sujeito vive. Crianças pequenas comumente desenham a chaminé
em ângulo reto com um telhado triangular.

45
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Crianças pequenas e indivíduos regredidos podem organizar os detalhes essenciais


da casa de modo antropomórfico, de modo que eles lembrem uma pessoa (Figura 8a).
Detalhes não essenciais. Cortinas e indicadores de materiais de construção são
detalhes não essenciais comuns para a casa. Venezianas, sombreamento e cortinas
que não estiverem completamente fechadas indicam uma interação com o ambiente
conscientemente controlada, que é acompanhada por alguma ansiedade (Figura 12a).
Se os três forem usados, o indivíduo é provavelmente muito defensivo. Se algumas
janelas forem mostradas com sombras, cortinas ou vidraças, enquanto outras não, o
Inquérito Posterior ao Desenho deve incluir investigação referente ao quarto a que
pertence a janela que difere, tal como quem ocupa o cômodo e que tipo de cômodo é
este. A atitude do indivíduo em relação ao ocupante ou à função do cômodo pode
explicar o desvio. Um grande número de janelas sombreadas ou com cortinas, por
outro lado, indica preocupação excessiva relativa à interação com o ambiente.
Materiais do telhado são freqüentemente representados por métodos que variam
desde contorno meticuloso de cada telha até rabiscos dispersos sugerindo a presen-
ça do material. Materiais fácil e não compulsivamente desenhados parecem indicar
uma consciência moderada de diferenciação da superfície e uma boa capacidade
para interação equilibrada com o ambiente. Detalhes meticulosos dos materiais impli-
cam tendências obsessivo-compulsivas. Os materiais são menos freqüentemente
desenhados para as paredes do que de qualquer outra parte da casa, e mais freqüen-
temente para a chaminé do que para qualquer outra parte da casa. Canos para es-
coamento da água no telhado e calhas representam atitude defensiva (e normalmente
suspeita), com um esforço concomitante para canalizar estímulos desagradáveis.
Detalhes irrelevantes. Arbustos e caminho são detalhes irrelevantes comuns para
a casa. Arbustos desenhados perto da casa representam uma necessidade de erguer
barreiras defensivas do ego ou de estabelecer contato com os outros de uma maneira
mais formal. Arbustos também podem representar pessoas do ambiente do indivíduo.
Árvores muitas vezes representam pessoas que possuem fortes valências positivas
ou negativas para o indivíduo. O examinador deve identificar essas pessoas durante
o Inquérito Posterior ao Desenho. Uma árvore irrelevante desenhada próximo à casa
geralmente representa o indivíduo e pode retratar seus fortes sentimentos de rejeição
pelos pais e grande necessidade de sua afeição. A localização da árvore perto da
casa e na proximidade imediata dos arbustos (mais tarde identificados como irmãos)
pode expressar uma necessidade de aceitação do indivíduo por parte de seus irmãos
e/ou irmãs. Tulipas ou flores semelhantes a margaridas são, às vezes, desenhadas
nas proximidades da casa, geralmente por indivíduos esquizóides ou crianças muito
pequenas. Um caminho facilmente desenhado e bem proporcional parece implicar
que o indivíduo exerce controle e tato no seu contato com os outros. Um longo cami-
nho sugere acessibilidade diminuída.
Às vezes, uma linha no meio da parede é desenhada para enfatizar o fato da casa
ter dois andares. Isso sugere uma compartimentalização indesejável da personalida-
de com ênfase somática. Quando são desenhados degraus, eles, às vezes, condu-
zem a uma parede vazia, indicando uma forte ambivalência em fazer contato com
pessoas muito próximas. Detalhes degradantes, tais como um banheiro externo ou

46
 
 
1nterpretação

uma grande lata de lixo que são desenhados perto da casa que é, por outro lado, uma
mansão, indicando sentimentos de hostilidade agressiva. Se não houver linha de solo
ou a casa estiver suspensa acima da linha do solo, o contato do indivíduo com a
realidade pode ser tênue.
Nuvens indicam ansiedade generalizada (Figura 11 a). Montanhas são, às vezes,
desenhadas nos fundos e indicam uma atitude defensiva e necessidades de depen-
dência. Chuva e neve, embora raras, implicam uma forte necessidade do indivíduo
em expressar seus sentimentos de estar sendo submetido a pressões ambientais
fortes e opressivas. A neve tem mais implicações patológicas do que a chuva.
Dimensão do detalhe. A casa quase nunca inclui características unidimensionais.
Lesões orgânicas são fortemente indicadas se o indivíduo começa a casa como se
fosse fazer um desenho convencional em três dimensões, mas termina produzindo o
equivalente a um esquema.
Sombreamento do detalhe. O sombreamento normal da casa inclui a representa-
ção do material da parede e linhas cruzando a janela para representar vidro. Sombras
desenhadas espontaneamente e antes que o sol seja desenhado representam uma
situação de conflito na qual a ansiedade é vivida no nível consciente.
Seqüência do detalhe. Muitos indivíduos começam a casa desenhando o telhado,
as paredes, uma porta e uma janela; ou desenhando a linha de solo, paredes e um
telhado. Indivíduos inseguros desenham, às vezes, simetricamente (duas chaminés,
duas janelas, duas portas etc.) (Figura 15a); indivíduos gravemente desajustados às
vezes desenham de forma segmentada (detalhe por detalhe sem considerarem as
relações dos detalhes entre si ou com o todo).

Adequação da cor
A casa pode ser produzida em qualquer cor sem violar a realidade do ponto de
vista cromático. Tipicamente, a chaminé é vermelha, preta ou marrom; a fumaça é
preta ou marrom; o telhado é preto, verde, vermelho ou marrom; as paredes são
pretas, marrons, verdes, vermelhas, amarelas ou azuis; as portas e as molduras das
janelas são pretas, marrons, verdes, vermelhas ou azuis; e as venezianas são pretas,
verdes, marrons, azuis ou vermelhas.

Inquérito Posterior ao Desenho


As questões listadas nesta seção para cada desenho estão numeradas de acordo
com o Protocolo de Interpretação do H-T-P.
1. Quantos andares tem esta casa? Esta é uma pergunta que testa a realidade.
Também mede a atenção, já que indivíduos altamente perturbados ou retraídos res-
pondem sem olhar para os desenhos.
2. De que esta casa é feita? É uma boa prática determinar o que o material da casa
significa para o sujeito. Tijolos, por exemplo, podem representar estabilidade para um
indivíduo e economia de manutenção para outro.
3. Esta casa é a sua própria casa? De quem é ela? Muito freqüentemente, os
indivíduos costumam desenhar suas próprias casas, mas eles raramente as reprodu-
zem corretamente - por diversas razões, além do fato que a maioria das pessoas não

47
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

desenha com a exatidão de um arquiteto. Uma razão pode ser porque a casa é um
auto-retrato do indivíduo, quando ele age numa situação que envolve os aspectos
mais íntimos de suas relações interpessoais. Uma outra pode ser porque os indivíduos
tendem a enfatizar os aspectos da casa que tenham significados mais agradáveis ou
desagradáveis para eles. Essa ênfase pode incluir exagero ou diminuição de um de-
talhe e/ou distorção da proporção e da perspectiva. Uma terceira razão pode ser o
fato de que a casa em parte, às vezes, representa várias habitações do passado, do
presente e do futuro. Se a casa pertencer a uma outra pessoa, determinar se é vista
como um lugar positivo ou negativo.
4. Em que casa você estava pensando enquanto estava desenhando? Esta per-
gunta procura obter informações que levem a uma identificação mais precisa. A casa
desenhada, bem como a árvore e a pessoa, podem ter diversas identidades.
5. Você gostaria que esta casa fosse sua? Por que? A resposta do indivíduo a esta
pergunta pode revelar atitudes em relação a seu lar e às pessoas com quem ele
partilha o lar. Pode mostrar que tipo de casa o indivíduo gostaria de ter, a força do
desejo de possuí-la e a probabilidade de que este objetivo produzirá frustração. Se o
indivíduo preferir esta casa à sua, por ser maior, é provável que exista uma superlota-
ção real ou um sentimento de frustração. Se a casa é rejeitada por ser grande de-
mais, o indivíduo pode se sentir inseguro em sua casa atual.
6. Se esta casa fosse sua e você pudesse fazer nela o que quisesse, qual quarto
você escolheria para você? Por que? O desejo expiesso de indivíduos iet;afdos de
procurarem refúgio em um quarto dos fundos do andar de cima pode ser surpreen-
dente. Um quarto de um andar superior pode ser escolhido, pois assim o indivíduo
pode olhar para fora mais facilmente. Indivíduos desconfiados tendem a escolher
quartos que lhes permitam a observação total dos arredores das portas. Ocasional-
mente, as razões para a escolha de um quarto no andar de baixo revelarão sentimen-
tos de insegurança e a necessidade de se estar mais próximo da realidade. Qualquer
outra escolha que não seja a de um quarto pode ser vista como significativa e pode
ser interpretada em termos da significação do cômodo particular escolhido. A posição
do cômodo escolhido em relação aos outros quartos pode indicar o grau de proximi-
dade sentido em relação a cada membro da família.
7. Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por que? Crianças
desajustadas podem revelar forte necessidade de afeto e aprovação paterna dizendo
que querem os pais morando com elas, mas não os seus irmãos. Indivíduos forte-
mente paranóicos geralmente preferem morar sozinhos ou com outra pessoa que
eles possam dominar. Os pacientes rapidamente detectam o significado desta per-
gunta e evitam respostas diretas; a tentativa de evasão pode ser mais reveladora do
que uma resposta franca.
8. Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe? Esta é uma
outra pergunta que testa a realidade e respostas diretas, contradizendo a realidade,
são significativas. Normalmente a proximidade parece significar capacidade de reali-
zação ou sentimentos de calor e acolhimento, ou ambos. A distância sugere luta ou
sentimentos de rejeição, ou ambos.
9. Quando você olha para esta casa, você tem a impressão que ela está acima,
abaixo ou no mesmo nível do que você? As respostas a esta pergunta parecem se
referir a relações pessoais, com ênfase no lar e na família.

48
 
 
1nterpretação

1O. Em que esta casa faz você pensar ou lembrar? A qualidade da associação é
importante, bem como sua valência para o indivíduo.
11 . Em que mais? É importante dar ao indivíduo a oportunidade de expandir suas
associações em cada desenho. Aqui, mais uma vez, a qualidade das relações entre as
idéias é tão interessante como o seu tom positivo ou negativo para o cliente.
12. É um tipo de casa feliz, amigável? O tom emocional que acompanha uma
resposta negativa pode dizer muito sobre o ponto de vista do indivíduo em relação ao
lar e aos que o habitam. Respostas altamente evasivas podem indicar valências forte-
mente negativas.
13. O que nela lhe dá essa impressão? Ocasionalmente um indivíduo tentará justi-
ficar uma resposta descrevendo detalhes físicos superficiais da casa, descrevendo-a
como uma casa feliz porque ela tem cortinas, fumaça saindo da chaminé, etc. Res-
postas a esta questão serão uma expressão direta dos sentimentos do indivíduo refe-
rentes às pessoas que ocupam a casa desenhada e sua opinião ou seus sentimentos
em relação a eles.
14. A maioria das casa é assim? Por que você acha isso? Esta pergunta tenta
determinar em que extensão têm sido generalizados os sentimentos hostis ou amigá-
veis do indivíduo em relação à casa e a seus ocupantes.
15. Como está o tempo neste desenho? (período do ano e do dia, céu, temperatura).
16. De que tipo de tempo você gosta? Esta pergunta mostra o nível de estresse ou
calor humano no lar.
17. De quem esta casa faz você lembrar? Por que? Muitas vezes a pessoa nomea-
da é um membro íntimo da família do indivíduo.
18. Do que esta casa mais precisa? Por que? Respostas definidas expressam,
normalmente, a necessidade do indivíduo de afeto, abrigo, segurança e boa saúde.
19. Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado
da casa), quem seria? Freqüentemente objetos aparentemente irrelevantes desenha-
dos ao redor da casa representam membros da família ou pessoas com as quais o
indivíduo está intimamente associado. A distância deles em relação à casa na folha
do desenho pode caracterizar estas relações pessoais.
20. A que parte da casa esta chaminé está ligada? Se a chaminé desenhada suge-
rir patologia, esta pergunta pode ajudar a identificar relações familiares relevantes ou
aspectos da vida no lar.
21. Inquérito da planta dos andares. (Desenhe uma planta dos andares com os
nomes, ex., Que cômodo é representado por cada janela? Quem geralmente está
Já?) A planta da casa pode expressar através de distorções de proporção, dificuldade
de apresentação ou omissão de um ou mais quartos, a presença de conflitos entre os
ocupantes da casa ou a função costumeira de um ou mais cômodos.

ÂRVORE

A árvore, que parece estimular menos associações conscientes e mais asso-


ciações subconscientes e inconscientes do que os outros dois desenhos, é uma ex-

49
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

pressão gráfica da experiência de equilíbrio sentida pelo indivíduo e da visão de seus


recursos de personalidade para obter satisfação no e do seu ambiente.
A qualidade do desenho da árvore parece refletir uma capacidade do indivíduo
para avaliar criticamente suas relações com o ambiente. Áreas adicionais de interpre-
tação incluem o quadro subconsciente do indivíduo em relação ao seu desenvolvi-
mento, contato com a realidade, sentimento de equilíbrio interpessoal e (quando a
árvore representa uma outra pessoa) pressões interpessoais.

Proporção
Uma árvore muito pequena sugere fortes sentimentos de inadequação para lidar
com o ambiente. Uma árvore muito grande, particularmente uma que é cortada pelas
margens da folha, implica uma busca de satisfação supercompensatória, fantasia, ou
ambas e conota, na melhor das hipóteses, hipersensibilidade.
Uma árvore com um tronco muito fino ou muito pequeno e com uma grande estru-
tura de galhos (ou copa) indica um equilíbrio precário da personalidade por causa da
excessiva busca de satisfação (Figura 15b). Uma pequena estrutura de galhos com
um tronco muito grande sugerem um equilíbrio precário da personalidade, por causa
da frustração gerada pela incapacidade de satisfazer fortes necessidades básicas
(Figurà 12b).
Um tronco com uma base larga, mas que se torna muito fino a uma pequena
distância acima da base implica um ambiente anterior sem estimulação calorosa e
saudável. Um tronco que é mais estreito na base do que em um ponto mais alto é uma
forte indicação de patologia, que sugere um esforço além das forças do indivíduo,
com uma implicação concomitante de um possível colapso do controle do ego.

Perspectiva
Localização vertical na página. Normalmente, a árvore é desenhada mais para
cima no eixo vertical da folha do que a casa ou a pessoa.
Margens da página. O uso do lado do papel como um lado do tronco sugere ten-
dências agressivas reativas à constrição de espaço, com uma sensibilidade aumentada
resultante. Essas tendências podem ser reprimidas ou não.
Relação com o observador. A árvore desenhada abaixo do observador parece
simbolizar um sentimento do indivíduo de depressão ou derrota. Uma árvore dese-
nhada como se estivesse parcialmente no alto de uma montanha parece simbolizar
um sentimento de esforço ou uma necessidade de proteção e segurança, o que é
parcialmente fornecido pelo lado da montanha. Uma árvore desenhada no topo de
uma montanha nem sempre indica um sentimento de superioridade. Ao contrário pelo
fato de estar exposta e, portanto sujeita ao ataque dos elementos, pode representar
um sentimento de isolamento concomitante a uma luta por autonomia.
Posição. Embora seja impossível desenhar a árvore de perfil, às vezes, um indiví-
duo irá, indicar que a árvore está mostrando seu lado para ele.
Transparências. Raízes que estão obviamente abaixo do solo, mas mesmo assim
são visíveis, sugerem fortemente uma falha patológica no contato com a realidade
(Figura 14b).

50
 
 
Interpretação

Movimento. A árvore é mais desenhada em movimento do que a casa. Quando é


óbvio que um forte vento está soprando, como quando a árvore está curvada para um
lado, o indivíduo pode estar sujeito a fortes pressões ambientais, mas ainda resiste e
luta para manter o equilíbrio. A árvore desenhada com suas folhas caindo pode ex-
pressar a impressão do indivíduo de que está sendo psicologicamente despido, per-
dendo a capacidade para ocultar pensamentos, emoções e fortes sentimentos de
culpa. O indivíduo que produz este tipo de árvore também pode sentir uma perda da
capacidade de fazer ajustamentos mais refinados e delicados ao ambiente. Crianças
dependentes freqüentemente desenham macieiras e mostram seu sentimento de re-
jeição ao desenharem as maçãs caídas ou caindo. Galhos caídos ou caindo expres-
sam a certeza do indivíduo de que ele está perdendo a capacidade para lidar com as
pressões ambientais.

Detalhes
Detalhes essenciais. A árvore deve ter um tronco e pelo menos um galho. O
tronco parece representar o sentimento básico de poder do indivíduo. Os galhos, por
seu tamanho e posição em relação ao tronco e à página, parecem indicar os recursos
de obtenção de satisfação do indivíduo. Galhos parcialmente bidimensionais e som-
breados e galhos apresentados com sombreamento desenhado fácil e rapidamente
parecem representar o ajustamento mais maduro. Galhos que se dirigem para o cen-
tro da árvore, em vez de convencionalmente se dirigirem para fora, implicam fortes
tendências ruminativas e são vistos em desenhos de obsessivo-compulsivos. Galhos
grossos e curtos, como se fossem cortados perto do tronco podem indicar tendências
suicidas; galhos quebrados ou mortos parecem representar eventos traumáticos vivi-
dos pelo indivíduo. Galhos reforçados sugerem um sentimento de inadequação na
busca de satisfação. Quanto maior a flexibilidade da estrutura e melhor a organização
dos galhos da árvore, maior é a capacidade presumida do indivíduo para obter satis-
fação de seu ambiente, se todas as outras condições se mantém iguais. A árvore,
particularmente seu tronco, é prontamente vista como um substituto fálico para indiví-
duos desajustados sexualmente.
Detalhes não essenciais. A folhagem é freqüentemente desenhada empregando
sombreamento e, às vezes, com detalhe cuidadoso; um sistema de galhos e a casca
da árvore são comuns. Quando a casca é desenhada facilmente uma interação bem
equilibrada está implicada, enquanto que a casca desenhada com linhas muito pesa-
das e consistentes refletem a presença de ansiedade. A casca que é desenhada
meticulosa e cuidadosamente sugere que o indivíduo possa estar compulsivamente
muito preocupado com sua relação com o ambiente presente (Figura 7b). Cicatrizes
desenhadas no tronco devem ser investigadas durante o Inquérito Posterior ao Dese-
nho (Figura 12b).
As folhas podem ser cosméticas ou funcionais. Como enfeites (cosméticas), elas
decoram e cobrem o esqueleto da árvore. Funcionalmente, elas servem para estabe-
lecer o contato mais imediato e direto com o ambiente. Folhas desenhadas meticulo-
sa e cuidadosamente são sinais de características obsessivo-compulsivas.

51
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Trepadeira no tronco ou casca tipo trepadeira têm-sido encontradas representando


um sentimento de que o indivíduo está perdendo ou já perdeu o controle de impulsos
constrangedores e/ou que os outros estão cientes de que ele tem idéias ou necessi-
dades proibidas. As frutas são desenhadas normalmente por crianças e, ocasional-
mente, por mulheres grávidas.
Para a maioria dos indivíduos, a estrutura da raiz parece representar, em um nível
superficial, a fonte de satisfação elementar e a estabilidade das forças da personalida-
de. Em um nível mais profundo, a estrutura da raiz representa impulsos básicos, ele-
mentares. Raízes que penetram fácil e delicadamente dentro do solo implicam um bom
contato com a realidade. Raízes como garras que parecem agarrar o solo, mais do que
entrar nele revelam a presença de fortes atitudes agressivas e paranóicas.
Detalhes irrelevantes. Pássaros ou animais desenhados nos galhos da árvore ou
na grama ao redor da base do tronco são comuns. Ocasionalmente, o indivíduo iden-
tifica o pássaro ou animal como uma pessoa com forte valência para ele. Mesmo
quando a identificação não for estabelecida, interpretações cautelosas podem ser
feitas baseadas nas características do pássaro ou animal ou em sua ação no dese-
nho. As implicações de um abutre voando sobre a árvore ou de um cavalo com o rabo
levantado, pronto para defecar na árvore são óbvias. Mais sutil é o desenho de uma
árvore com a cabeça de um esquilo saindo de um buraco do tronco. Isto foi interpre-
tado como simbolizando que um sentimento obsessivo de culpa está, infelizmente,
fora de controle e tem potencialidades destrutivas.
Uma linha de solo é mais freqüente no desenho da árvore do que no da casa ou da
pessoa. Uma linha de solo em formato de arco convexo aponta dependência mater-
na, com sentimentos de isolamento e desamparo, se a árvore for relativamente pe-
quena ou estiver inadequadamente organizada. Uma árvore grande e vigorosa
fundamentalmente implica que o indivíduo tem fortes necessidades para dominação
e exibicionismo. Às vezes, a linha de solo adquire a forma de uma caixa sem nenhu-
ma relação com a árvore, o que indica contato inadequado com a realidade.
Crianças muitas vezes desenham uma árvore de Natal. Quando adultos desenham
uma árvore de Natal alegremente ornamentada, a presença de narcisismo bem desen-
volvido, tendências regressivas e uma forte necessidade de cuidado e proteção são
sugeridas. As crianças freqüentemente desenham duas árvores que são identificadas
como o pai e a mãe. Por outro lado, uma ou mais árvores adicionais indicam patologia.
Uma pessoa desenhada perto da árvore geralmente revela patologia. Um indiví-
duo severamente perturbado com uma relação infeliz com seu pai desenhou uma
árvore enorme caída no chão com um homem, identificado como o pai do paciente,
em pé ao lado dela e trazendo um machado em suas mãos. Ocasionalmente uma
face humana é desenhada na estrutura dos galhos e reconhecida depois pelo indiví-
duo. Tais faces normalmente possuem significados negativos para os indivíduos.
Dimensão do detalhe. Uma árvore composta de um tronco unidimensional com
galhos unidimensionais é algumas vezes desenhada (Figura Bb). Galhos unidimen-
sionais indicam que os recursos de busca de satisfação do indivíduo são inferiores,
particularmente, se não houver uma organização com galhos conectados entre si e
com o tronco. Indivíduos com lesões orgânicas avançadas muitas vezes desenham

52
 
 
1nterpretação

uma árvore com tronco unidimensional e galhos unidimensionais tortuosos, que não
formam um sistema.
A maior parte dos desenhos da árvore são pelo menos bidimensionais. Galhos
bidimensionais desenhados como dedos ou bastões e com organização limitada im-
plicam forte hostilidade. Galhos bidimensionais fálicos sugerem o temor de castra-
ção. Galhos desenhados em duas dimensões, mas sem fechamento nas extremidades,
indicam falta de controle na expressão dos impulsos (Figura 12b).
Uma árvore com forma de um buraco de fechadura, sem linhas fechando a base
circular, com estrutura circular, sem sombreamento dos galhos e sem linha fechando
a base do tronco reflete fortes tendências oposicionistas. É como se o indivíduo dis-
sesse, "Eu vou desenhar com o mínimo que eu puder para fazer uma árvore reconhe-
cível." A árvore "Nigg's' é como a árvore buraco de fechadura, exceto pelo fato de sua
copa não ser sombreada, possuir bordas como dentes de serra que de certa forma
lembram as bordas serrilhadas de um quebra-nozes. Essa árvore é geralmente pro-
duzida por indivíduos de personalidade rígida e compartimentalizada.
Sombreamento do detalhe. O sombreamento é mais freqüentemente usado na
árvore do que na casa ou na pessoa. A estrutura de galhos da árvore e a folhagem
são geralmente indicadas por sombreamento total; a casca da árvore é normalmente
representada com sombreamento parcial. "Sombras brancas" são uma estratégia rara,
que sugere pensamentos esquizóides, em que os galhos são indicados como tendo
partes dos galhos bidimensionais mostradas através do espaço branco, e sem que a
área das folhas seja realmente desenhada, dando ao próprio espaço uma sugestão
de solidez. Quando os galhos forem indicados sem o uso de sombreamento, tendên-
cias oposicionistas podem estar presentes.
Seqüência do detalhe. A árvore é normalmente desenhada pela produção do
tronco, de um sistema de galhos e, depois da folhagem; ou fazendo a parte superior
da árvore, os galhos (com ou sem indicações de sombras), depois o tronco e a base
do tronco. Uma seqüência do desenho da árvore que indica desajustamento é aquela
em que o indivíduo começa fazendo de uma forma adequada, mas termina dese-
nhando galhos unidimensionais ou bidimensionais de forma vaga, sem apagar a pro-
dução original.
Patologia é indicada se dois galhos bidimensionais forem desenhados, um abaixo
do outro (à esquerda) começando do topo da árvore, seguido de galhos parecidos à
direita, mas que não se unem entre si ou ao tronco. As duas linhas do tronco, não
unidas no topo ou na base, e que não tocam os galhos são, então, desenhadas,
seguidas de uma linha periférica unindo as pontas externas dos galhos.
Ênfase no detalhe. Ênfase exagerada nos galhos do lado esquerdo da árvore
pelo número e/ou tamanho sugerem um desequilíbrio da personalidade ocasionado
por uma forte tendência de busca de satisfação emocional direta e imediata. Ênfase
exagerada no lado direito sugere desequilíbrio produzido também por uma forte ten-
dência a evitar ou adiar satisfação emocional e a procurar satisfação através do esfor-
ço intelectual. Por outro lado, simetria absoluta na estrutura dos galhos implica
sentimentos de ambivalência e incapacidade em aceitar dominância para qualquer
forma de ação.

53
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Adequação da Cor
Os troncos das árvores tendem a ser desenhados em marrom ou preto. Os galhos
são geralmente desenhados em marrom e preto; a folhagem em verde, amarelo, ver-
melho, marrom e preto; as frutas em vermelho, amarelo e verde; e as flores em verme-
lho, laranja, azul e violeta.

Inquérito Posterior ao Desenho


22. Que tipo de árvore é esta? Os indivíduos normalmente desenham as árvores
mais comuns da vizinhança de suas casas.
23. Onde esta árvore realmente está localizada? Muito freqüentemente, os indiví-
duos desenham a árvore perto de uma casa do passado ou da atual, ou de um lugar
associado a uma experiência de alta valência negativa ou positiva. Se a árvore está
em uma floresta, a definição do indivíduo de uma floresta pode ser reveladora. Para
alguns, é um lugar de paz, tranqüilo e de solidão; para outros, um lugar de medo e
ameaçador. A resposta "em um grupo de árvores" sugere que o indivíduo precisa e
gosta de companhia.
24. Mais ou menos qual a idade desta árvore? Muito freqüentemente, a idade é a
idade cronológica ou idade sentida pelo indivíduo. Às vezes, é o número de anos que
o indivíduo viveu após a puberdade, o número de anos que o ambiente tem sido
sentido como insatisfatório ou a idade da pessoa representada pela árvore.
25. Esta árvore está viva? Nenhum indivíduo bem ajustado já respondeu "não".
Uma resposta negativa usualmente indica que o indivíduo sente-se fisiologicamente
inferior ou psicologicamente inadequado, culpado, profundamente deprimido ou algu-
ma combinação desses sentimentos. Ocasionalmente, perguntas adicionais revela-
rão que o indivíduo vê a árvore mais adormecida do que morta, o que é um sinal de
esperança.
26. O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva? A resposta a esta questão
pode ser a primeira indicação de que o indivíduo vê a árvore em movimento, variando
desde um pequeno tremor das folhas, até um clara oscilação do tronco. Outras res-
postas indicam que tais qualidades como força, vigor, etc., criam a impressão de vida
na árvore. A resposta mais óbvia é a de que a árvore deve estar viva porque tem
folhagem.
27. O que provocou a sua morte? (se não estiver viva) Quando vermes, insetos,
parasitas, ferrugem, relâmpago, vento ou, ocasionalmente, ações malignamente agres-
sivas de crianças ou adultos são apontados como a causa da morte, o indivíduo ex-
pressa a convicção de que alguma coisa extrapessoal é a culpada. Se, entretanto, for
dito que a causa é o apodrecimento de alguma parte ou da árvore inteira, um senti-
mento de que alguma coisa dentro do "self' é culpada é indicado.
28. Ela voltará a viver? Às vezes, o indivíduo dirá que a árvore está morta, quando
quer realmente dizer que ela perdeu suas folhas no inverno. Perguntar se a árvore
viverá outra vez, pode ajudar a determinar se é este o caso.
29. Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você acha que causou
a sua morte? Há quanto tempo ela está morta? Folhas mortas podem indicar incapa-
cidade de fazer ajustamentos mais controlados e delicados como ambiente. Muito

54
 
 
Interpretação

comumente, os gaihos ou as raízes são vistas como mortas ou partes mortas. Gaihos
mortos parecem expressar a crença do indivíduo de que muita frustração foi produzi-
da apenas por fatores extrapessoais do ambiente. Às vezes, um galho morto repre-
senta um trauma físico ou psicológico, e a localização do galho ao longo do tronco
pode indicar a idade relativa em que o trauma ocorreu. Raízes mortas implicam dese-
quilíbrio ou desintegração intrapessoal com o início de uma séria perda de contato
com a realidade. Um indivíduo que desenha a árvore com um tronco morto revela uma
severa perda de controle do ego.
A pergunta sobre há quanto tempo a árvore está morta permite determinar a im-
pressão do indivíduo da duração de seu desajustamento, o que geralmente não coin-
cide com a data fornecida na história do paciente. Quando o indivíduo especifica uma
data deve-se determinar o evento que fixou a data tão firmemente em sua memória.
Como na questão 28, às vezes o indivíduo irá dizer que uma parte da árvore está
morta por ter perdido suas folhas no inverno. Perguntar se a parte que esta morta
voltará a viver um dia pode ajudar a determinar se é este o caso.
30. Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher? Em geral,
pinheiros ou abetos são vistos como masculinas; bordos e árvores frutíferas como
femininas. Para crianças, esta questão traz a identificação da árvore com o pai, a mãe
ou outra pessoa com quem a criança se identifica.
31. O que nela lhe dá esta impressão? O sexo atribuído à árvore parece ser nor-
malmente determinado por características, tais como a forma, a força, a aspereza, a
graciosidade, a fragilidade, etc. Algumas vezes, entretanto, certos aspectos da árvore
são vistos como partes correspondentes específicas da figura humana. Os longos
galhos de uma sempre-viva lembraram a um indivíduo o cabelo de sua mãe. Uma
pequena garota desajustada afirmou explosivamente que ela viu o punho de seu pai
no meio da estrutura dos galhos de uma árvore de bordo, "Exatamente como ele
costumava levantá-lo para bater em minha mãe!"
32. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma árvore para onde ela estaria virada?
Como a árvore não tem frente, lado e nem costas, exceto como vista pelo observador,
a resposta do indivíduo a esta pergunta é uma projeção de sua relação com o ambiente.
A resposta pode também revelar a atitude de pessoa representada pela árvore em
relação ao indivíduo.
33. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? Respostas a essa ques-
tão não são muito significantes, a não ser que tenham forte carga emocional. Sentimen-
tos de isolamento e/ou uma necessidade de associação com outros são freqüentemente
estimulados aqui.
34. Quando você olha para esta árvore, você tem a impressão de que ela está
acima, abaixo ou no mesmo nível do que você? Para alguns indivíduos, uma árvore
desenhada crescendo no topo de uma colina simboliza esforço tenso em relação a
um objetivo distante e talvez inatingível. Para outros, reflete necessidade de autono-
mia e domínio. Para muitos, uma árvore desenhada parcialmente protegida por um
montanha indica uma necessidade de proteção e auxílio. Uma árvore desenhada
claramente abaixo do observador quase invariavelmente conota depressão de hu-
mor, bem como um sentimento de inferioridade.

55
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

35. Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e ano; céu; temperatura)
Supõe-se que a árvore expressa um sentimento consciente ou subconsciente do
se/f do indivíduo em relação ao ambiente. Uma vez que as forças externas que
afetam uma árvore viva são amplamente metereológicas, não é surpreendente que
muitos indivíduos sejam capazes de expressar simbolicamente seus sentimentos
de que seu ambiente é protetor e amigável ou opressor e hostil. Os indivíduos po-
dem descrever condições de tempo desagradáveis em detalhe, apesar da ausência
de qualquer representação de tais condições no desenho. A significação que o tem-
po descrito tem para o indivíduo deve ser explorada. Obviamente, o significado de
um tempo frio, por ~xemplo, não será o mesmo para alguém que o prefira, em
relação a outro que não o faça. Crianças pequenas geralmente preferem a neve
porque gostam de brincar nela.
36. Há algum vento soprando? Mostre-me em que direção ele está soprando.
Que tipo de vento é este? O vento simboliza sentimentos de pressão de forças
ambientais, pessoais ou situacionais. Um jovem adulto com uma neurose severa
respondeu: "É a calma antes da tempestade." Para a pergunta do examinador: "A
tempestade irá danificar a árvore?" foi obtida a resposta, "Não, eu acho que não. É
a tranqüilidade antes da guerra atômica. Não irá destruir a árvore; apenas o cachor-
ro." O indivíduo reiterou várias vezes que a sua árvore, obviamente um auto-retrato,
representava a "Beleza" e o cachorro, que estava farejando o tronco da árvore,
significava o "Homem".
Normalmente o vento é descrito como soprando horizontalmente da esquerda para
a direita. Isso revela, na ausência de intensidade incomum, a tendência do campo psi-
cológico de locomoção do passado (esquerda) para o futuro (direita). Ventos que têm
intensidade acima da média e que desviam da direção convencional parecem ser signi-
ficativos; um indivíduo muito perturbado, por exemplo, afirmou que o vento estava so-
prando em todas as direções simultaneamente. Ventos descritos como soprando do
chão para o alto da árvore, cruzando a página ·diagonalmente para cima, simbolizam
um forte desejo de escapar da realidade. O inverso se aplica a ventos ditos como so-
prando diagonalmente de um canto superior para o inferior oposto (e a conotação tem-
poral, esquerda para passado, direita para futuro, parece se manter). O vento descrito
como soprando da direita para esquerda pode indicar uma tendência a regredir sob
pressões ambientais ou intrapessoais. Indivíduos narcisistas podem descrever o vento
como soprando "em minha direção".
A descrição do indivíduo da velocidade, umidade e temperatura do vento pode ser
reveladoras. Um vento descrito como soprando com grande força, muito úmido, muito
seco, muito quente, muito frio ou alguma combinação desse tipo, sugere que o indiví-
duo sofre pressões dolorosas de uma ou mais fontes ambientais. O grau da pressão
sentida presumivelmente corresponde ao grau de variação em relação a um estado
de tempo calmo. Isto pressupõe, é claro, que a resposta não seja apenas uma descri-
ção do tempo na hora do exame.
37. O que esta árvore faz você lembrar?
38. O que mais? Assim como para os outros desenhos, a qualidade destas associa-
ções deve ser observada de acordo com o seu tom positivo ou negativo.

56
 
 
1nterpretação

39. Esta árvore é saudável? O que nela lhe dá essa impressão? Os indivíduos têm
expressado imagem corporal, sentimentos de inadequação, isolamento, pressões am-
bientais, etc., mais facilmente nos comentários sobre a árvore do que nos relativos à
pessoa, aparentemente, porque a árvore não desperta fortes sentimentos de identifica-
ção ou nem muitas associações conscientes ou tão próximas do nível da consciência
como a pessoa. Logicamente, uma resposta negativa pode apenas indicar uma preocu-
pação do indivíduo acerca de sua saúde ou da saúde da pessoa que a árvore representa.
40. Esta árvore é forte? O que nela lhe dá essa impressão? Saúde e força são
duas qualidades diferentes para muitas pessoas. A presença de saúde não implica,
necessariamente, presença concomitante de força ou vice-versa. A resposta indica a
estimativa do indivíduo da sua própria força do ego.
Quando a estrutura da raiz da árvore não for desenhada, o examinador deve pedir
ao indivíduo para desenhar, já que ela pode representar sua visão da força e da
qualidade dos aspectos da personalidade teorizados como estando abaixo do nível
consciente.
41. De quem esta árvore faz você lembrar? Muitas vezes, estes são indivíduos
com quem o cliente se identifica fortemente.
42. Do que esta árvore mais precisa? Por que? Respostas claras comumente ex-
pressam simbolicamente as necessidades do indivíduo de afeto, proteção, seguran-
ça e boa saúde. Respostas como "luz do sol" ou "água" são freqüentes e devem ser
consideradas como particularmente significativas.
43. Alguém já machucou esta árvore? Como? Essas respostas costumam indicar
o grau em que o indivíduo sente-se agredido pelo ambiente. A localização do ferimen-
to pode ser informativo. Ferimento na raiz implica uma ameaça à capacidade funda-
mental do indivíduo de se manter em contato com a realidade; ferimentos nos galhos
podem indicar obstáculos à obtenção de satisfação bem sucedida por um indivíduo
cujos processos de pensamento estão basicamente intactos.
44. Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado
da árvore), quem ele poderia ser? Da mesma forma que nos outros desenhos, o
examinador deve observar a qualidade destas associações, bem como seus signifi-
cados positivos ou negativos para o cliente.

PESSOA

A pessoa desenhada estimula mais associações conscientes do que a casa ou


a árvore, incluindo a expressão direta da imagem corporal. A qualidade do desenho
reflete a capacidade do indivíduo para atuar em relacionamentos e para submeter o
"self" e as relações interpessoais à avaliação crítica objetiva. Este desenho desperta
sentimentos tão intensos que indivíduos paranóicos ou psicopatas podem se recusar
a fazê-los. Áreas adicionais de interpretação para o desenho da pessoa podem se
referir ao conceito do indivíduo de seu papel e atitude sexuais em relação a um rela-
cionamento interpessoal específico ou a relacionamentos interpessoais em geral.

57
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Proporção
Uma diferença acentuada de proporções entre o lado esquerdo e o direito da pes-
soa sugere confusão no papel sexual, especificamente, e desequilíbrio da personali-
dade, em geral.
Indivíduos desajustados que colocam ênfase indevida na inteligência ou na fanta-
sia como uma fonte de satisfação geralmente desenham uma cabeça muito grande.
Cabeças desproporcionalmente pequenas são desenhadas por indivíduos obsessivo-
compulsivos e podem representar uma negação do lugar de pensamentos dolorosos
e sentimentos de culpa. Olhos pequenos conotam um desejo de ver o mínimo possí-
vel. Uma boca muito grande implica erotismo oral e/ou tendências agressivas orais.
Um pescoço longo e fino sugere características esquizóides.
Um tronco desproporcionalmente grande implica a presença de muitos impulsos
insatisfeitos que o indivíduo pode sentir intensamente (Figura 19c). Um tronco des-
proporcionalmente pequeno sugere uma negação de impulsos do corpo e/ou sen-
timentos de inferioridade. Um tronco comprido e estreito carrega conotações
esquizóides. O tamanho do ombro é um indicador do sentimento de força básica ou
poder, tanto físico como psicológico. Ombros desproporcionalmente grandes revelam
sentimentos de força ou muita preocupação acerca da necessidade de força ou poder
(Figura 18c), enquanto que ombros muito pequenos implicam sentimentos de inferio-
ridade. Desigualdade no tamanho dos ombros sugere desequilíbrio da personalidade.
Braços muito longos implicam esforço para ambição exagerada, enquanto braços
muito curtos conotam a ausência de esforço (Figura 19c). Braços largos sugerem um
sentimento básico de força para luta; braços finos retratam sentimentos de fraqueza.
Mãos grandes implicam impulsividade e falta de capacidade nos aspectos mais refi-
nados do convívio social (Figura 15c). Mãos pequenas sugerem uma relutância para
estabelecer contatos mais íntimos e refinados na convivência psicossocial.
Pernas desproporcionalmente longas conotam um forte esforço para autonomia,
enquanto pernas muito curtas implicam sentimentos de constrição. Disparidade no
tamanho das pernas sugere ambivalência relacionada ao esforço para autonomia ou
independência. Pés muito grandes indicam necessidade de segurança e sugerem
uma necessidade de demostrar virilidade. Pés desproporcionalmente pequenos im-
plicam constrição e dependência (Figura 19c).

Perspectiva
Margens da página. Se as pernas forem cortadas pela margem inferior da página,
o sentimento de falta de autonomia do indivíduo é provavelmente quase esmagadora.
Quando as pernas forem desenhadas cortadas pelo papel, o clínico deve descobrir
qual seria a extensão da perna para baixo da borda inferior da folha.
Relação com o observador. A pessoa é raramente desenhada como acima do
observador. Quando isto ocorrer, a significação parece ser a de que o indivíduo dese-
ja manter-se afastado do convívio social ou sente-se oprimido e dominado pela pes-
soa representada.
Posição. Uma pessoa desenhada totalmente de frente, sem sugestão de profun-
didade e os braços completamente estendidos em ângulo reto com o tronco, implica

58
 
 
1nterpretação

que o indivíduo é essencialmente rígido e intransigente e que, entretanto, apresenta


uma profunda necessidade de ocultar sentimentos de inadequação e insegurança
com uma sugestão de prontidão para enfrentar tudo direta e firmemente (Figura 19c).
O perfil parcial é uma apresentação comum da pessoa. Uma pessoa desenhada
em perfil completo, sem nenhuma sugestão de que existe um outro lado, implica forte
retraimento e tendências oposicionistas (Figura 15c). Esta apresentação é mais co-
mumente usada por indivíduos que experienciam claros estados paranóicos. Uma
pessoa desenhada de costas para o observador indica afastamento esquizo-paranóico,
no qual o indivíduo rejeita diretamente o convívio psicossocial e, em muitos casos, a
realidade também. Um desvio da cabeça, como se ela estivesse menos voltada para
o observador do que o corpo, implica séria evasão e afastamento, mas não tanto
como quando é apresentada a parte posterior da cabeça.
A posição dos braços pode ser reveladora. Braços relaxados e flexíveis indicam
bom ajustamento, braços tensos mantidos firmemente colados ao corpo sugerem
rigidez (Figura 10c). Braços cruzados no tórax conotam desconfiança e atitudes hos-
tis. Braços desenhados atrás das costas da pessoa implicam relutância em conhecer
outros caminhos. Braços cruzados de forma que as mãos estejam dobradas sobre a
pélvis é uma postura freqüentemente desenhada por mulheres melancólicas em pro-
cesso involutivo e desajustadas sexualmente. Às vezes, os braços são desenhados
de forma que eles não são uma parte integral do tronco, mas que no entanto parecem
se estender por trás do tronco para a frente dos dois lados do corpo e de algum modo
que parecem estar forçando a pessoa para frente. Eles são chamados braços com-
pulsivos e mostram que o próprio indivíduo, às vezes, acha que ele está atuando de
forma descontrolada. Mãos desenhadas nos bolsos conotam evasão controlada, mas
esta interpretação pode ser modificada pela explicação do indivíduo dos conteúdos
das mãos ou do bolso (Figura 18c).
Uma posição aberta das pernas pode representar desafio e/ou forte necessidade
de segurança. Se as pernas forem desenhadas fortemente unidas, em uma atitude
de paralisia, rigidez e tensão, possivelmente indica desajustamento sexual. A posição
dos pés pode ser mais expressiva. Por exemplo, uma pessoa desenhada na ponta
dos pés pode conotar um tênue contato com a realidade ou um forte desejo de fuga.
Pés apontado para direções diametralmente opostas, com a pessoa totalmente de
frente, podem revelar sentimentos ambivalentes.
Transparências. A mais comum e menos significativa transparência para a pes-
soa é um braço visto através da manga da blusa. No entanto, órgãos corporais visí-
veis como o coração ou os pulmões sugerem fortemente a presença de patologia.
Movimento. O movimento pode indicar sentimentos de ajustamento satisfatório
do indivíduo. Uma pessoa andando de forma relaxada e fácil sugere bom ajustamen-
to, por exemplo. Corrida controlada, como em uma maratona, sugere uma forte ne-
cessidade de realização. Corrida "cega", entretanto, sugere que o indivíduo deve ser
vítima de estados de pânico em alguns momentos.

Detalhes
Detalhes essenciais. A pessoa deve ter uma cabeça, um tronco, duas pernas e
dois braços, a não ser que apenas um deles possa ser visto ou que a ausência seja

59
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

explicada de algum modo, como por uma amputação, por exemplo. Os traços faciais
devem incluir dois olhos, um nariz, uma boca e duas orelhas, a não ser que a posição
seja tal que as orelhas não possam ser vistas, ou sua ausência seja explicada verbal-
mente como por uma mutilação.
Considera-se que a cabeça representa a área de inteligência, controle e fantasia.
Os olhos, receptores de estímulo visual, são talvez os detalhes mais reveladores da
constelação facial. Eles são normalmente os primeiros detalhes faciais desenhados
pelas crianças pequenas. Olhos desenhados como buracos ocos, sem nenhuma ten-
tativa de indicar a íris ou a pupila, implicam uma forte evitação de estímulos visuais
desagradáveis (Figura 8c). Um indivíduo exprimiu uma tendência de excluir estímulos
visuais e procurar satisfação na fantasia desenhando os olhos de sua pessoa virados
para dentro. No Inquérito Posterior ao Desenho, ele comentou que estava olhando a
si mesmo pensar. Omissão completa de olhos é patológica e deve se suspeitar da
presença de alucinações visuais. Omissão das orelhas pode indicar a presença de
alucinações auditivas, embora as orelhas sejam freqüentemente omitidas por indiví-
duos retardados bem ajustados. A boca, presumivelmente a receptora das sensa-
ções mais precoces de prazer, pode também ser um instrumento de agressão; esta
probalidade é aumentada com a presença de dentes (Figura 8c). Acredita-se que o
queixo seja um símbolo de masculinidade.
O tronco é a sede das necessidades e impulsos físicos básicos; a ausência do
tronco implica a negação de impulsos corporais (figura 5c). Os ombros expressam o
sentimento do indivíduo de força básica ou poder. Ombros bem desenhados, nitida-
mente arredondados, implicam uma expressão de poder bem equilibrada, branda,
flexível e estável. Ombros claramente quadrados conotam atitudes hostis e demasia-
damente defensivas (Figura 11 c). Os braços são vistos como instrumentos de contro-
le ou para fazer mudanças no ambiente. A omissão dos dois braços implica um forte
sentimento de inadequação; tendências suicidas podem estar presentes e deve-se
'
suspeitar de um forte temor de castração. Esquizofrênicos tendem a desenhar braços
que se parecem com asas, com penas curtas e largas em vez de dedos. Desenhar a
parte inferior do tronco - o local dos impulsos sexuais - causa grande dificuldade para
muitos indivíduos desajustados. A incapacidade de fechar a base da pélvis é um forte
indicador de patologia.
As pernas, como os instrumentos do corpo para locomoção, podem ser considera-
das como representando a visão que o indivíduo tem de sua autonomia dentro do
ambiente. A ausência de pernas sugere fortes sentimentos de constrição e provavel-
mente preocupações igualmente fortes de castração.
Detalhes não essenciais. Um pescoço, mãos, pés, cabelo e roupas são normal-
mente incluídos no desenho da pessoa. O pescoço, unindo a cabeça (área do contro-
le) ao corpo (considerada área dos impulsos), é um indicador da coordenação entre a
cabeça e o corpo. Omissão de uma linha do queixo na representação da pessoa toda
de frente ou uma linha na base do pescoço em perfil implicam um preocupante fluxo
livre dos impulsos básicos do corpo com uma provável falta de controle adequado. A
mesma significação é ainda mais forte quando todo o pescoço for omitido. Nesses

60
 
 

 
1nterpretação

casos, o indivíduo sentem-se à mercê de seus impulsos corporais que freqüentemen-


te ameaçam dominá-lo (Figura 9c).
A representação direta dos genitais na pessoa não é considerada anormal se de-
senhada por uma criança pequena. Genitais cuidadosamente desenhados na pessoa
nua indicam patologia mais provavelmente, quando são feitos por uma criança mais
velha ou por um adulto.
As mãos são instrumentos mais refinados de ações defensivas ou ofensivas no
ambiente; a ausência das mãos pode expressar um sentimento de inadequação. Dedos
pontiagudos em uma mão rudimentar, ou desenhados como saindo do final do ante-
braço, conotam hostilidade (Figura 9c). Dedos como pétalas são uma forma mais
infantil de representação. Os pés são instrumentos refinados para modificar e contro-
lar a locomoção; eles também são usados como armas de ataque. A omissão dos pés
implica fortes sentimentos de constrição. Mesmo em desenhos de indivíduos bem
ajustados com boa aptidão para desenho, os pés são geralmente o detalhe de todo o
corpo desenhado de forma mais pobre.
Detalhes irrelevantes. Objetos desenhados normalmente têm uma relação íntima
com o indivíduo e servem para indicar o que a pessoa desenhada está fazendo. Um
cachimbo, charuto ou cigarro podem indicar um erotismo oral moderado. Bengalas,
espadas e outras armas implicam a presença de tendências agressivas e também
podem ter associações fálicas para o indivíduo.
Dimensão do detalhe. Uma "figura palito" unidimensional, às vezes, é desenhada
por indivíduos deficientes mentalmente ou com lesões orgânicas. Quando dedos uni-
dimensionais forem desenhados encerrados por uma linha estão implícitos esforços
conscientes para suprimir impulsos agressivos (Figura 10c).
Sombreamento do detalhe. Pelo sombreamento de todo o tronco da pessoa, o
indivíduo pode mostrar que o corpo está vestido. O sombreamento parcial com uma
série de linhas cruzando as pernas podem sugerir uma roupa. Mãos fortemente som-
breadas são consideradas características da culpa masturbatória, mas, como essa
culpa é comum e mãos sombreadas não, estas não devem ser interpretadas rotinei-
ramente desta maneira.
Seqüência do detalhe. Em muitos casos, a pessoa é iniciada pelo desenho da
cabeça, das características faciais (olhos, nariz etc.), pescoço, tronco, braços (com
dedos ou mãos), depois as pernas e pés (ou pernas, depois braços). Uma seqüência
patológica será vista quando o indivíduo começar desenhando um pé e fizer a cabeça e
as características faciais por último. O adiamento da representação das características
faciais pode refletir uma tendência para negar os receptores de estímulos externos ou
um desejo de postergar a identificação da pessoa pelo máximo de tempo possível.
Desenhar os dedos ou a mão por último, ou quase por último, reflete uma relutância
acentuada para estabelecer contatos íntimos e imediatos com o ambiente, às vezes,
determinada por um desejo de evitar sentimentos reveladores de inadequação.
Ênfase no detalhe. A ênfase exagerada no nariz sugere preocupações fálicas e
possível temor da castração (Figura 12c). A ênfase excessiva nas orelhas ocorre
usualmente em desenhos de indivíduos paranóicos (figura 17c). Esses indivíduos

61
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

podem estar expressando fortes desejos para ouvir distintamente aquilo que eles
sentem que os outros estão dizendo sobre eles. Pouca ênfase nas orelhas pode indi-
car um desejo de impedir a entrada da crítica. A ênfase exagerada no queixo implica
a necessidade de domínio social; pouca ênfase indica um sentimento de impotência
social.
A linha da cintura pode ser considerada a coordenadora dos impulsos de poder
(parte superior do tronco) e dos impulsos sexuais (parte inferior do tronco). Ênfase
exagerada na cintura, normalmente expressa pela dificuldade em desenhar um cinto
ou por um cinto muito sombreado, implica forte conflito entre a expressão e o controle
dos impulsos sexuais. Ênfase nos joelhos ou nas nádegas de uma pessoa masculina
desenhada por um indivíduo do sexo masculino pode indicar a presença de fortes
impulsos homossexuais. Muito detalhamento dos pés, como atenção minuciosa aos
laços do sapato, aos dedos do pé, etc., sugere características obsessivas com um
forte componente narcisista-exibicionista (Figura 10c).
A ênfase em certos itens da roupa parecem ter implicações específicas. Muita
ênfase no cinto implica preocupação e interesse sexual excessivo. Muita ênfase na
gravata conota preocupação fálica e sentimentos de impotência. Uma multiplicidade
de botões sugere regressão ou, quando desenhada por uma criança, forte dependên-
cia à mãe.
Qualidade da Linha. Ênfase nas linhas periféricas da cabeça sugere fortes esfor-
ços para a manter o controle frente a fantasias perturbadoras e ideação obsessiva ou
alucinatória.

Adequação da Cor
As cores típicas usadas para a pessoa são o preto e o marrom para o contorno;
preto, marrom, amarelo e vermelho para os cabelos; azul, marrom e preto para os
olhos; vermelho e preto para os lábios; preto e marrom para ternos; e preto, marrom,
verde, vermelho e azul para os sapatos.

Inquérito Posterior ao Desenho


45. Esta pessoa é um homem ou uma mulher (menino ou menina)? Um indivíduo
que afirma que uma figura obviamente feminina em roupas masculinas é um homem,
ou que uma figura obviamente masculina de vestido é uma mulher, confirmará verbal-
mente a impressão já criada pelo desenho, isto é, de que o indivíduo manifesta
confusão e indecisão no papel sexual que pode ser patológica. Indivíduos muito fe-
chados ou altamente perturbados freqüentemente dizem que a pessoa é do sexo
oposto do que foi representado. Este tipo de falha no teste da realidade é sempre
patológica.
46. Quantos anos ele (a) tem? O objetivo principal desta pergunta é descobrir o
quanto a idade aparente da pessoa desenhada se aproxima da idade atribuída pelo
indivíduo. Ocasionalmente, a idade estabelecida representa a idade sentida pelo indi-
víduo em vez da idade cronológica.
47. Quem é ele (a)? Essa tentativa brusca para determinar a identidade da pessoa
desenhada é respondida muitas vezes com: "Eu não sei". Freqüentemente o indi-

62
 
 

 
1nterpretação

víduo irá mais tarde identificar a pessoa durante o questionamento direto. Muitas
vezes a pessoa será identificada posteriormente como alguém diferente e o desenho
pode, na verdade, representar uma combinação de pessoas diferentes.
48. Ele (ela) é um parente, um amigo ou o que? Esta pergunta pode ajudar a
estabelecer a valência positiva ou negativa que a pessoa identificada apresenta para
o indivíduo.
49. Em quem você estava pensando enquanto estava desenhando? Em alguns
casos, o indivíduo nomeado aqui não é aquele que foi dito representar a figura. A
resposta "Ninguém" não é necessariamente evasão ou falsificação, uma vez que o
indivíduo pode não ter pensado conscientemente em alguém dúrante a produção do
desenho.
50. O que ele (a) está fazendo? Onde ele (a) está fazendo isso? Esta pergunta
tenta determinar o quanto a ação aparente da pessoa desenhada se aproxima da
descrição verbal do indivíduo. A questão pode, também, estimular sentimentos de
pressão ou compulsão. As ações descritas pelo indivíduo, bem como a força e o grau
em que elas estão de acordo com a representação gráfica, podem ser altamente
significativas. A ausência de movimento não indica necessariamente patologia; a menos
que ela seja rígida, excessivamente controlada e essencialmente defeituosa.
51. O que ele (a) está pensando? Esta pergunta pode estimular evidências de
pensamentos obsessivos e/ou alucinatórios do indivíduo. Se o indivíduo vê a pessoa
desenhada como um auto-retrato, ele revelará muitas vezes neste ponto sentimentos
bem desenvolvidos de culpa, raiva, confusão ou ressentimento. Se o indivíduo vê a
pessoa desenhada como alguém mais, os pensamentos expressos podem represen-
tar o que esta pessoa pensa dele.
52. Como ele se sente? Por que? A resposta a esta pergunta normalmente parece
expressar os sentimentos do indivíduo em relação à situação que envolve a pessoa
desenhada. A pergunta pode, também, fornecer estímulo suficiente para produzir
comentários diretos referentes aos sentimentos do indivíduo em relação às condições
do presente ou a assuntos que ele ainda n~o foi capaz de discutir. Às vezes, a respos-
ta "feliz" é, simplesmente, uma evasão.
· 53. Em que esta pessoa faz você pensar ou lembrar?
54. Em que mais? Essas perguntas provocam associações sobre a pessoa dese-
nhada e sobre relacionamentos interpessoais em geral.
55. Esta pessoa está bem? Para indivíduos que usam doenças como formas de
fuga, esta pergunta costuma estimular descrições detalhadas de queixas somáticas.
Indivíduos com problemas psicossomáticos dificilmente responderão afirmativamen-
te a esta questão; enquanto que aqueles que fingem ser doentes responderão que
sim. Em alguns casos, a questão libera hostilidade anteriormente reprimida contra a
pessoa representada no desenho.
56. O que nele (a) lhe dá essa impressão? Indivíduos com capacidade intelectual
limitada costumam dizer que a figura parece bem porque ela não parece doente.
57. Esta pessoa está feliz? Esta questão muitas vezes precipita expressões de quei-
xas, medos e ansiedades que tenham sido parcial ou totalmente reprimidos. Às vezes
ela gera comentários hostis sobre a pessoa representada no desenho. Uma resposta
afirmativa pode ser uma evasão.

63
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

58. O que nele (a) lhe dá essa impressão? Muitos indivíduos são compelidos a valer-se
de seus sentimentos sobre si mesmos para responder a essa questão satisfato-
riamente.
59. A maioria das pessoas é assim? Por que? Esta pergunta tenta estabelecer se os
sentimentos do indivíduo em relação à pessoa, particularmente se eles forem
desagradáveis ou hostis, são generalizados nas relações interpessoais. A per-
gunta seguinte "Por que" pode trazer muita informação referente à simpatia e
empatia do indivíduo.
60. Você acha que gostaria desta pessoa?
61. Por que? Um indivíduo que se sente maltratado pode lançar-se veementemente
em defesa dessa pessoa. É improvável que os narcisistas respondam negativa-
mente a esta questão.
62. Como está o tempo neste desenho? (período do dia e ano; céu; temperatura)
Raramente o indivíduo desenhará detalhes que indicam o tempo, tais como pin-
gos de chuva ou flocos de neve no desenho da pessoa. Portanto a representação
gráfica do tempo exige cuidado no inquérito posterior ao desenho, e presume-se
que seja altamente significativa. A projeção do tempo na figura descreve a visão
do indivíduo sobre as relações ambientais e interpessoais.
63. De quem esta pessoa o faz lembrar? Por que? Esta pergunta pode trazer a primei-
ra identificação franca da pessoa. Por outro lado, o indivíduo nomeado aqui pode
ser a quinta pessoa nomeada pelo sujeito como representada pelo desenho. En-
quanto tal multiplicidade de identificação é rara, não é incomum que a figura da
pessoa represente, no mínimo, duas pessoas - o indivíduo e alguém mais de
significado particular para ele. A explicação do porquê a pessoa desenhada o faz
lembrar de alguém além do primeiro nome dito é, geralmente, reveladora.
64. Do que esta pessoa mais precisa? Por que? Freqüentemente, o indivíduo usa o
pronome na primeira pessoa do singular para responder a esta pergunta. As ques-
tões de "necessidades" estão entre as mais produtivas do inquérito posterior ao
desenho. As necessidades podem ser expressas direta, simbolicamente, ou am-
bas e podem abranger desde as totalmente físicas às psicológicas mais abstratas.
65. Alguém já machucou essa pessoa? Como? Experiências traumáticas em relacio-
namentos com os outros geralmente são reveladas na resposta a esta pergunta.
66. Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer coisa desenhada separada da
pessoa principal), quem seria? Para todos os desenhos, as respostas a estaques-
tão são importantes tanto pelo seu tom negativo ou positivo como pela qualidade
das associações produzidas.
67. Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo? Quanto maior a discrepância entre
aparência objetiva do desenho e a descrição da roupa usada pela pessoa, menor
é a compreensão da realidade pelo indivíduo. O tipo de roupa pode fornecer
insigth sobre as necessidades do indivíduo. Por exemplo, o uniforme de um gene-
ral sugeriria necessidades de status e poder. A completa falta de roupa pode
indicar um sentimento de desamparo e exposição, ou fortes tendências narcisis-
tas e exibicionistas. Isso pode, também, expressar um desejo de degradar algu-
ma outra pessoa ou de colocá-la em uma posição embaraçosa.

64
 
 

 
1nterpretação

68. (Peça para o cliente desenhar um sol e uma linha de solo em cada desenho)
Suponha que o sol seja uma pessoa que você conhece - quem seria? A resposta
a esta pergunta em cada desenho pode identificar as fontes de calor humano
para o indivíduo. Entretanto, se o sol desenhado for muito grande, então as
pessoas aqui identificadas poderão ser aquelas que são percebidas pelo indiví-
duo como dominadoras. Se ninguém for identificado, o indivíduo pode apresentar
extrema dificuldade de identificação com os outros.

65
 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação

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Figura 5 - Sara
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

66
 
 

 
1nte rpretação

ÁRVORE

Figura 5 (continuação)
Sara

67
 
 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação

PESSOA

Figura 5 ( continuação)
Sara

68
 
 

 
1nterpretação

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Figura 6 - Marie
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

69
 
 

 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação

Figura 6 ( continuação)
Marie

70
 
 
1nterpretação

Figura 7 - Katherine
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

71
 
 

 
H-T-P - M anual e G u ia de Interpretação

Figura 7 ( continuação)
Katherine

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1nterpretação

PESSOA

Figura 7 ( continuação)
Katherine

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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Figura 8 - Gary
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

74
 
 
Interpretação

ÁRVORE

Figura 8 ( continuação)
Gary

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H -T-P - M anual e Guia de Interpretação

PESSOA

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Figura 8 (continuação)
Gary

76
 
 

 
1nte rpretação

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Figura 9 - Marlene
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

77
 
 

 
H -T- P - M anual e G ura
- de Interpretação

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Figura 9 ( continuação)
Marlene

78
 
 
1nterpretação

PESSOA

Figura 9 ( continuação)
Marlene

79
 
 

 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação

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Figura 1O - Morris
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

80
 
 
1nterpretação

ÁRVORE

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Figura 10 ( co?tinuação)
Morras

81
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

PESSOA

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Figura 1O ( continuação)
Morris

82
 
 
Interpretação

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Figura 10 (continuação)
Morris

 
 

 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretaçã o

ÁRVORE

Figura 10 (continuação)
Morris

84
 
 
Interpretação

PESSOA

Figura 10 (continuação)
Morris

85
 
 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Inquérito Posterior ao Desenho

Pl. Esta pessoa é um homem ou uma mulher (menino ou menina)? A. Menino


P2. Quantos anos ele tem? A. Cerca de 13.
P3. Quem é ele? A. Ninguém. Eu o desenhei.
P4. Ele é um parente, um amigo ou o quê? A. Certo, mais ou menos isso.
P5. Em quem você estava pensando enquanto estava desenhando? A. Não estava
pensando em ninguém.
P6. O que ele está fazendo? A. Está de pé.
Onde? A. Eu não sei; apenas o desenhei.
Por que você fez as mãos fechadas? A. Pronto para lutar. A razão que eu
desenhei desta forma foi porque eu não conseguia desenhar os dedos ..
P7. O que ele está pensando? A. Papel não pode pensar.
Pergunta repetida. A. (risos) Eu não sei.
PS. Como ele se sente? A. Eu não sei; ele se sentiria louco se estivesse neste lugar.
Por que? A. Gosta de estar em casa.
TI. Que tipo de Árvore é esta? A. Árvore de Cedro
T2. Onde esta Árvore realmente está localizada? A. Eu não sei.
T3. Mais ou menos qual a idade desta Árvore? A. Cerca de 14 anos.
T4. Esta Árvore está viva? A. Sim.
T5. (a) O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva? A. Eu não sei; porque
ela não foi cortada.
T6. Para você, esta Árvore parece mais um homem ou uma mulher? A. Mulher.
T7. O que nela lhe dá essa impressão? A. Parece a saia de um vestido.
T8. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma Árvore, para que onde ela estaria virada?
A. Para o lado.
Por que? A. Eu não sei; tem duas vidas; pés indo para os dois lados, não é
loucura pensar que árvores pareçam pessoas.
T9. Esta Árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? A. Sozinha.

Figura 1O ( continuação)
Morris

86
 
 
1nterpretação

T 1O. Quando você olha para esta Árvore, você tem a impressão de que ela está acima,
abaixu uu uu me~rnu uívd du 4ue vucê? A. Acima de rnim.
T l 1. Como está o tempo neste desenho? A. Tempo bonito.
Tl2. Há algum vento soprando neste desenho? A. Não.
T13. Mostre-me em que direção ele está soprando? A. Do leste.

Hl. Quantos andares tem esta Casa? A. Três.


H2. De que esta Casa é feita? A. Madeira.
H3. Esta é a sua própria Casa? A. Não.
De quem é ela? A. Não é de ninguém que eu saiba.
H4. Em que Casa você estava pensando enquanto estava desenhando?
A. De ninguém.
HS. Você gostaria que esta Casa fosse sua? A. Não.
Por que? A. Ela é de papel.
Pergunta repetida. Â. janelas tortas; portas estão tortas.
H6. Se esta Casa fosse sua e você pudesse fazer o que quisesse: com ela
(a) Qual quai1o você escolheria para você? A. (indicou a janela aberta na
varanda)
Por que? A. Porque há uma varanda para ela.
(b) Quem você gostaria que morasse nesta Casa com você? A. Ninguém -
exceto minhafamz1ia.
Quais? A. Todos eles!
Por que? A. Assim não estaria sozinho.
H7. Quando você olha para esta Casa, ela parece estar longe ou perto?
A. Perto.
H8. Quando você olha para esta Casa, você tem a impressão de que ela está acima,
abaixo ou no mesmo nível que você? A. No alto de uma colina.
H9. Em que esta Casa faz você pensar ou iembrar? Á. Não me faz pensar em nada,
apenas uma casa.
HlO. Em que mais? A. Celeiro.
Por que? A. Construída como um .
U11
.L.L..L.L. .i4. lVunca morei nela, eu não sei.
Hl2. (Pergunta não formulada neste caso.)
g ( cunlinuw,(i,u)

Figura 1O ( continuação)
Morris

87
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Hl3. A maioria das Casas é assim? A. Sim.


Por que você acha isso? A. Exceto essas casas aqui de cima, casas velhas de
tijolos; Colônia.
H 14. Como está o tempo neste desenho? A. Tempo Chuvoso.

T 15. Em que esta Árvore faz você pensar ou lembrar? A. Eu não sei o que pensar
dela. Parece uma árvore.
T 16. Em que mais? A. Sim, uma casa; tem a forma de uma.
T 17. Esta árvore é sadia? A Sim, senhora.
T 18. O que nela lhe dá essa impressão? A. Eu não sá
T 19. Esta árvore é forte? A. Queria nunca a ter desenhado; tenho que responder a
muitas perguntas que eu não sei.
T 20. O que nela lhe dá essa impressão? A. Porque ela é reta.

P 9. Em que esta Pessoa faz você pensar ou lembrar? A. Nada.


P 10. Em que mais? A. Nada.
P 11. Esta Pessoa está bem? A. Sim.
P 12. O que nela lhe dá essa impressão? A. (Sem resposta).
P 13. Esta Pessoa está feliz? A. Sim, senhora.

Neste ponto, o paciente recusou-se completamente a responder qualquer pergunta.


Alguns minutos mais tarde, entretanto, as seguintes questões foram propostas e ele as
respondeu rapidamente e com boa vontade.
Qual é o lado "bom" desta Casa e qual o lado "mau"?
(O S sorriu e sua expressão parecia dizer: "Agora, pela primeira vez, você fez uma
pergunta com sentido.")
A. (apontando) O lado direito é o lado "bom", o esquerdo, o "mau".
Qual o lado feminino desta casa e qual é o lado masculino?
A. (mais uma vez apontando) Lado direito feminino; lado esquerdo masculino.

g (continuação)

Figura 1O ( continuação)
Morris

88
 
 
Interpretação

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1

Figura 11 - Curtis
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

89
 
 

 
H -T -P - Manual e Guia de Interpretação

ÁRVORE

Figura 11 (continuação)
Curtis

90
 
 

 
1nterpretação

PESSOA

Figura 11 ( continuação)
Curtis

91
 
 

 
H-T-P - M anual e Gu ia de Interpretação

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Figura 12 - Kevin
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

92
 
 

 
Interpretação

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1:

Figura 12 ( continuação)
Kevin

93
 
 

 
H-T- P - M anual e Guia de Interpretação

PESSOA

Figura 12 ( continuação)
Kevin

94
 
 

 
1nterpretação

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Figura 13 - Dennis
(A discussão deste caso pode ser encontrada na seção de Ilustrações de
Caso deste capítulo.)

95
 
 

 
H-T-P - Manua l e Guia de Inte rpre tação

ÁRVORE

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Figura 13 ( continuação)
Dennis

96
 
 

 
Inte rpretação

PESSOA

Figura 13 (continuação)
Dennis

97
 
 

 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação

Figura 13 (continuação)
Dennis

98
 
 

 
Interpretação

ÁRVORE

Figura 13 (continuação)
Dennis

99
 
 

 
H -T-P - M anual e Guia de Interpretação

PESSOA

Figura 13 (continuação)
Dennis

100
 
 

 
1nterpretação

Caso D
Revisão de Jolles para Crianças do Inquérito Posterior ao Desenho
do H-T-P

P 1. Esta pessoa é um homem, uma mulher, um menino ou uma menina?


A. Um menino.
P 2. Quantos anos ele tem? A. Onze
P 3. Quem é ele (a)? A. Eu não sei.
P 4. Quem é este (a)? A. (sem resposta)
P 5. O que ele (a) está fazendo? A. Está de pé.
P 6. Onde ele (a) está fazendo isto? A. No chão.

T 1. Que tipo de Árvore é esta? A. Bordo5


T 2. Onde esta Árvore está? A. Ela veio da minha imaginação.
T 3. Mais ou manos qual a idade anos desta Árvore? A. Quinze anos.
T 4. Esta Árvore está viva? A. Sim.
T 5. A (se o sujeito disser que a árvore estava viva:)
(a) O que na árvore lhe dá a impressão de que ela está viva?
A. Tem folhas.
(b) Alguma parte da Árvore está morta? A. Sim.
Qual parte? A. A casca externa
(c) O que você acha que provocou sua morte? A. O tempo.

H 1. Esta casa tem um andar superior? A. Sim.


H 2. Esta casa é a sua? A. Não.
(Se não:) De quem é ela? A. Apenas afiz.
H 3. Você gostaria que esta Casa fosse sua? A. Não.
Por que? A. Ela é mal cuidada.
H 4. Se esta Casa fosse sua e você pudesse fazer o que quisesse com ela:
(a) Qual quarto você escolheria para você? A. Eu não escolheria nenhum,
venderia o conjunto.
(Insistência) A. Nenhum em particular.
(b) Quem você gostaria que morasse nesta Casa com você? A. Ninguém.
(Insistência) A. Mamãe e papai e meu irmão.
5 Em inglês: "Maple" - árvore da família das aceráceas

Figura 13 ( continuação)
Dennis

101
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

H 5. Quando você olha para esta Casa, ela parece estar perto ou longe?
A. Perto.
H 6. Ela parece estar acima, abaixo ou no mesmo nível do que você?
A. No mesmo nível que eu.

T 6. Para você esta Árvore parece mais um homem ou uma mulher?


A. Ninguém.
T 7. Se esta Árvore fosse uma pessoa, para onde ela estaria virada?
A. Na minha direção.
T 8. Esta Árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? A. Sozinha.
(Ela gostaria de estar com outras árvores?) A. Não exatamente.
T 9. Quando você olha para essa Árvore, ela parece estar acima, abaixo ou no mesmo
nível do que você? A. Abaixo.

P 7. Em que ele (a) está pensando? A. Em nada.


P 8. Como ele (a) se sente? A. Para baixo, muito triste.
P 9. Em que esta Pessoa faz você pensar? A. Na aula de artes.
P 10. Esta Pessoa está bem? A. Sim.
P 11. Esta Pessoa está feliz? A. (sem resposta).
P 12. Como está o tempo neste desenho? A. Normal - ensolarado.

T 10. Como está o tempo neste desenho? A. Comum, como todo dia.
T 11. De que tipo de tempo você gosta mais? A. De tempo quente.
T 12. Há algum vento soprando neste desenho? A. Não.

H7. Em que esta Casa faz você pensar? A. Casas de Nova Iorque.
H8. É um tipo de casa feliz, amigável? A. Não.
H9. Como está o tempo neste desenho? A. Como todo dia.
H 10. Em que pessoa esta casa faz você pensar? A. Em nenhuma.
H 11. Alguma coisa ou alguém já danificou esta Casa alguma vez?
A. Suponho que sim.
(Se já) Como? A. Chutando e batendo nela.

g (continuação)

Figura 13 (continuação)
Dennis

102
 
 

 
1nterpretação

H 12. (Se o sol não tiver sido desenhado, peça ao sujeito que o faça) Suponha que este
sol fosse uma pessoa que você conhece -quem ela seria?
(Sol não desenhado originalmente) A Eu não sei. (Linha de solo induzida)

T 15. (Se o sol não tiver sido desenhado, peça ao sujeito que o faça) Suponha que este
sol fosse uma pessoa que você conhece -quem ela seria?
(Sol não desenhado originalmente) A Eu não sei.
T 16. Em que esta árvore o faz pensar? A Em frutos do carvalho6
T 17. Esta Árvore é saudável? A Sim.
T 18. Esta Árvore é forte? A Não muito forte.

P 13. De que pessoa que você conhece esta Pessoa o faz lembrar? A Ninguém.
P 14. Que tipo de roupa esta Pessoa está vestindo? A. (sem resposta).
P 15. Do que esta Pessoa mais precisa? A De algo para fazer.
P 16. Alguém já machucou esta Pessoa? A. Sim.
(Em caso afirmativo:)
(a) Como? A Algumas brigas
(b) Quantos anos a pessoa tinha quando isso aconteceu? A.(sem respostà).

T 19. De que pessoa que você conhece esta Árvore o faz lembrar?
A.(sem resposta).
T 20. Alguma coisa ou alguém já machucou esta Árvore? A Sim.
(Em caso afirmativo:) Como? A. Empurrando ela
T 21. Do que esta Árvore mais precisa? A. Água.
Por que? A (sem resposta).

H 14. Do que esta Casa mais precisa? A. De uma pintura nova.


Por que? A (sem resposta).
H 15. A que parte da casa esta chaminé está ligada? A. Forno.

6 Em inglês: Acorn - bolota

g (continuação)

Figura 13 ( continuação)
Dennis

103
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

CASA

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a:
o
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a:
·<t:

b
Figura 14 - Paul
(A discussão deste caso pode ser encontrada na seção de Ilustrações de
Caso deste capítulo.)

104
 
 

 
Interpretação

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Figura 14 ( continuaçã 0 )
Paul

105
 
 

 
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação

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Figura 15 - Phillip
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

106
 
 
Interpretação

ÁRVORE

Figura 15 (continuação)
Phillip

107
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

PESSOA

Figura 15 ( continuação)
Phillip

108
 
 

 
1nterpretação

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Figura 16- Nenhum nome dado


(A discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

109
 
 

 
H -T -P - M anual e Guia de Interpretação

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Cf)
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Figura 17 - Sherman
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

110
 
 

 
1nterpretação

ÁRVORE

Figura 17 (continuação)
Sherman

111
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

PESSOA

Figura 17 ( continuação)
Sherman

112
 
 

 
1nterpretação

<(

~
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Figura 18 - Ted
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

l 13
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

PESSOA

1
b

Figura 18 (continuação)
Ted

114
 
 

 
1nterpretação

ÁRVORE

Figura 18 (continuação)
Ted

115
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

<(
(/)
<(
o

Figura 19 - Edith
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)

l 16
 
 

 
1nterpretação

ÁRVORE

Figura 19 (continuação)
Edith

117
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

PESSOA

Figura 19 ( continuação)
Edith

118
 
 

 
Interpretação

Ilustrações de Casos

As três ilustrações de casos que seguem representam exemplos de análises de


materiais do H-T-P. Os autores, John Buck, Isaac Jolles e Emanuel Hammer são
clínicos cuja especialidade no teste é amplamente reconhecida. Cada um tem um
estilo e foco interpretativo. Para exemplos adicionais de materiais do H-T-P e orien-
tações para identificação das características do desenho que sejam passíveis de indi-
car patologia, recomenda-se que o leitor consulte o capítulo 4 e o Apêndice deste
Manual, bem como: A Cata/og for Qualitative lnterpretation of the House-Tree-Person
(WPS Catalog No. W-1) e o House-Tree-Person Drawings: An 11/ustrated Diagnostic
Handbook (WPS Catalog No. W-147).

Caso 1: Morris - 14 anos de idade, Masculino (Buck)

Morris, o sétimo de oito filhos, nasceu de uma gestação completa. O parto não
teve complicações e não houve danos no nascimento. A história de sua família está
repleta de doenças mentais: seu pai e um irmão são esquizofrênicos paranóicos;
duas tias-avós maternas, duas tias maternas, três primos maternos e dois sobri-
nhos são, ou já foram, psicóticos. Aos 13 meses de idade, Morris andava bem e
tinha um vocabulário surpreendentemente bom. Ele teve as doenças comuns da
infância; nenhuma foi séria, nenhuma deixou complicações. Ele nunca esteve gra-
vemente doente. Ele entrou na escola aos 7 anos de idade. De acordo com seus
professores, ele fazia progressos lentos, exceto em leitura; tinha dificuldade em
terminar as tarefas e raramente participava das atividades em grupo, e só com
muita relutância. Seu ajustamento escolar se tornou menos satisfatório com o pas-
sar do tempo. Logo após seu décimo primeiro aniversário, ele apresentou queixas
corporais vagas. De tempos em tempos ele tinha períodos inexplicáveis de depres-
são. Sua mãe levou-o a um médico, mas ele não permitiu que o doutor o examinas-
se. Finalmente ele parou de ir à escola aos 13 anos, porque não aturava mais os
colegas que o atormentavam. Morris foi conduzido à custódia do Departamento do
Estado do Bem-Estar Público como incorrigível depois de ter se negado a morar na
sua casa, ter jogado pedras da janela de sua casa e ter brigado com um irmão mais
velho, ameaçando-o de morte. Morris adaptou-se mal a duas casas e, finalmente,
foi encaminhado a uma clínica para exame psicológico e psiquiátrico. O psicólogo
disse que, embora Morris parecesse ter pelo menos uma inteligência limítrofe, ele
não estava agindo neste nível em virtude da interferência de um possível distúrbio
esquizofrênico com características obsessivas. Morris foi conduzido a uma institui-
ção como deficiente mental.
Na admissão aos 14 anos e 9 meses de idade os Ois obtidos no Wechsler-Bellevue
foram: verbal - 69; execução - 83 ; total - 73. Os resultados no Wide Range Achievement
foram: nível de leitura - 5,0; nível de soletração - 5, 1; nível de aritmética - 3,3. O H-T-P
acromático-cromático foi aplicado (veja Figura 1O) e analisado da seguinte forma:

119
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Tempo
O tempo de 8 minutos gasto por Morris no desenho acromático da casa é excessi-
vo, dada a qualidade do desenho. Houve uma pausa de 40 segundos depois de com-
pletar a estrutura da casa e produzir parcialmente as janelas do sótão na parede
lateral. Então, foram desenhados o telhado da varanda, as colunas e o chão. Morris
conforma-se com a realidade, mas só depois de fazer muito esforço. Ele gostaria
muito de manter-se inacessível. O tempo de 1O minutos e 50 segundos gasto para o
desenho colorido da casa também é excessivo, dada a qualidade do desenho.

Comentários
Quando Morris começou a desenhar sua casa colorida, ele perguntou "Você quer
que eu pinte isso· também?" Quando ele estava desenhando as janelas do andar
térreo na parede frontal (da direita) ele observou "Eu fiz as janelas bem maiores do
que a porta." Durante o desenho acromático da pessoa, Morris comentou "As mãos
não parecem certas" e, logo depois, perguntou "Você pode apagar isto?" Ele, então,
usou a borracha intensamente nos dois primeiros desenhos acromáticos, a pergunta
sugere a possibilidade de sério distúrbio.

Capacidade Crítica
Houve muito uso de borracha no desenho acromático da casa. Alguma falha na
função crítica é evidente, pelo fato de que, apesar de Morris ter reconhecido a trans-
parência do telhado da varanda (a parede frontal na extremidade direita podia ser
vista através do telhado da varanda) e tentar corrigi-la, ele não notou que a base
esquerda do pilar da varanda estava encostada na casa. Falhas adicionais nas fun-
ção crítica aparecem no desenho acromático da árvore, em que Morris usou medidas
corretivas inadequadas na área esquerda da raiz.

Proporção
O desenho acromático da casa tem tamanho aproximadamente médio. As janelas
da parede conflituosa foram desenhadas grandes inicialmente, depois apagadas e
redesenhadas menores. A casa colorida é maior do que a acromática, mas não em
um grau que seja patológico. Essa ampliação, entretanto, parece significar o alto grau
de sensibilidade que ele sente nas relações íntimas, quando suas defesas do ego
estão dificultadas pela pressão adicional e pela fadiga. O desenho da árvore acromá-
tico é bastante grande. Aparentemente ele expressa a consciência de Morris das
pressões desagradáveis, internas e externas. O desenho colorido da árvore de Morris
muito grande indica que ele está penosamente consciente das pressões ambientais e
que esse distúrbio causa angústia em seu pensamento. Os braços e pernas no dese-
nho colorido da pessoa são desproporcionais em relação ao tronco. O alongamento
das pernas pode expressar seus sentimentos profundos de uma necessidade de au-
tonomia; os braços representam sua grande necessidade de se defender das amea-
ças externas.

120
 
 

 
Interpretação

Perspectiva
A casa foi colocada levemente à esquerda do centro no desenho acromático. A
colunâ esqueida da Vâíandâ tem a sua bâse encostada na paíede e, apesai do fato
da angulação da linha de base ser boa, esta é de uma combinação incomum. Ainda
mais impressionante é a grande disparidade com relação aos andares entre a parede
lateral e a frontal. A qualidade muito inferior da relação entre a parede frontal e a
lateral, na presença de uma apresentação excelente das paredes frontal e lateral leva
~ , ,m~ fnrtA e:, rc:pi:>it~ rlA qr IA, 1m c:Ãrin r.nl~pc:n rl~ pi:>rc:nn~lirl~rlA rlA tipn i:>c:qr 1i7nfriê!nir.n
é iminente.
No desenho colorido, a casa está localizada à esquerda e abaixo do centro, mos-
trando uma depressão leve no humor e uma necessidade de expressão emocional
franca e livre. A perspectiva imperfeita da varanda dá a impressão de que a casa está
tentando deixar sua posição de perfil para ficar totalmente de frente. A disparidade
entre os andares nas duas paredes é notável e há disparidade na localização entre as
janelas de um andar para outro em uma mesma parede. Tanto o desenho acromático
como o colorido da árvore estão quase perfeitamente centralizados, indicando a rigi-
dez de Morris nesta época.
O desenho acromático contém uma disparidade entre a qualidade dos galhos su-
periores, com excelente impressão de profundidade, e a base do tronco, a parte da
árvore mais próxima da realidade. Tais diferenças qualitativas extremas em um dese-
nho levam à suspeita da presença de um processo esquizofrênico. A impressão de
profundidade transmitida pela parte superior da árvore não é consistente com o resul-
tado de OI limítrofe obtido na admissão. A impressão de profundidade desaparece no
desenho colorido da árvore. Como nos desenhos da árvore, os dois desenhos da
pessoa são rigidamente centralizados. A posição da pessoa colorida é menos flexível
e a figura menos acessível do que no desenho acromático.

Detalhes
Todos os detalhes essenciais estão presentes em todos os desenhos. A seqüência
dos detalhes foi, na maior parte, incomum. No desenho acromático da casa, os pri-
meiros detalhes desenhados depois da estrutura da casa foram as janelas do sótão
do telhado da parede lateral. Cada janela foi desenhada com uma estrutura triangular
e não recebeu a forma de janela sótão até que tudo mais, exceto a janela do térreo na
parede frontal tivesse sido desenhado. Nenhuma porta foi desenhada até que a va-
randa e as colunas tivessem sido produzidas, indicando, quando muito, uma relutân-
cia em estabelecer contato. Morris seguiu uma seqüência similar nos desenhos
coloridos. Além disso, o barracão de ferramentas foi acrescentado ao desenho colo-
rido antes que quaisquer aberturas fossem feitas na parede lateral. A chaminé foi
adicionada tardiamente no desenho acromático e sem mostrar profundidade em am-
bos os desenhos, sugerindo conflito sexual. Morris achou todos os detalhes da pare-
de lateral perturbadores e difíceis de produzir. A ênfase nas linhas periféricas da parede
e janelas nos dois desenhos da casa indicam que ele sente uma forte necessidade de
manter o controle.

121
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

As seqüências dos detalhes foram incomuns nos outros desenhos de Morris. No


desenho acromático da árvore, a periferia da estrutura dos galhos foi feita primeiro,
exceto pelas duas linhas retas horizontais, com cerca de uma polegada de compri-
mento, na base do contorno da estrutura dos galhos. Então os galhos internos foram
desenhados, antes que uma tentativa de representar o tronco fosse feita. A falta de
unidade entre os elementos da personalidade é claramente revelada nessa seqüên-
cia incomum. Em seu desenho acromático da pessoa, Morris desenhou primeiro os
olhos como elipses vazias sem pupilas. As pupilas só foram colocadas depois que o
nariz e a boca foram produzidos, indicando fortes tendências de afastamento que
ainda são controláveis. Inicialmente, as pernas foram desenhadas como uma saia e a
diferenciação foi feita mais tarde por uma linha média e as bainhas da calça.
A ênfase nos detalhes nas áreas superiores da árvore sugere esforço excessivo e
tentativa de busca de satisfação na fantasia. No desenho colorido da árvore, o som-
breamento relativamente pesado do lado esquerdo sugere que Morris pode estar
experienciando ansiedade relacionada a uma necessidade de satisfação imediata. A
união da base do tronco da árvore ao chão é tênue (como seu contato com a realida-
de). No desenho acromático de uma pessoa, é colocada muita ênfase nas mãos, que
foram desenhadas cerradas, e nas linhas periféricas da cabeça; esta última indicando
uma necessidade sentida de controlar a fantasia. A qualidade dos detalhes no dese-
nho colorido da pessoa é inferior à do desenho acromático da pessoa.
Qualidade da linha. No desenho acromático da casa, há uma oscilação de linhas
quase patológica. Algumas são fortes, outras leves; algumas bem controladas, outras
mal controladas. O mesmo ocorre no desenho acromático da pessoa.

Cor
Morris escolheu as cores rápida e facilmente. Em geral, entretanto, a qualidade e a
organização dos desenhos, particularmente dos desenhos da casa, piorou dos dese-
nhos acromáticos para os coloridos. O barracão de ferramentas no desenho colorido
da casa tem a parede fechada pela base e pela lateral do papel. O sombreamento no
desenho colorido da árvore não é bem controlado, uma vez que as cores ultrapassam
as linhas periféricas precariamente definidas. A pessoa acromática está em pé e pronta
para lutar. O desenho colorido da pessoa foi feito, no início, somente em preto e,
depois, sombreado. Sua postura é desajeitada, com uma mão na garganta, de modo
a impedir expressões verbais hostis ou mesmo para sufocar a si mesmo.

Inquérito Posterior ao Desenho


Morris identificou sua casa acromática como uma casa de três andares, o que
representa uma séria falha na percepção da realidade. Ele disse que não gostava
desta casa porque ela era feita de papel, o que indica sua dificuldade de abstrair. Da
mesma forma, quando perguntado o que a pessoa em seu desenho acromático esta-
va pensando, respondeu "Papel não pode pensar." Depois, Morris disse que a casa
lembrava-lhe um celeiro. Sujeitos cuja situação nos lares são fontes de conflito inten-
so costumam degradar o lar desta forma ou de outra parecida. As duas respostas

122
 
 

 
1nterpretação

patologicamente mais significativas às perguntas sobre os desenhos acromáticos fo-


ram o momento da identificação dos lados "bom" e "ruim" da casa, e igualmente a
imediata identificação de gênero. Tais respostas, quando dadas seriamente por um
adulto razoavelmente cooperativo, com inteligência ao menos média inferior, são
quase que certamente sinais patognomônicos 1 de esquizofrenia. Morris descreveu
seu desenho da árvore acromática como viva, somente porque ela não havia sido
cortada. Isso sugere fortes sentimentos de uma ameaça externa e talvez pressenti-
mentos de um colapso emocional maior. Morris disse que a árvore estaria olhando
para o lado se ela fosse uma pessoa. Quando perguntado porque, ele disse "Eu não
sei, tem duas vidas, tem pés indo para os dois lados." O empurrão da realidade e a
atração pela irrealidade colocaram-no em um estado de tensão quase intolerável. Ele
evita contato com os outros, mas não está pronto para dar as costas para a realidade.
Embora Morris tenha dito que não havia vento soprando no desenho, ele respondeu
rápida e firmemente "do leste", quando perguntado em que direção o vento estava
soprando. Este tratamento segmentado das perguntas e a falha em ver uma relação
de continuidade de uma questão para outra, são obviamente patológicos, particular-
mente em alguém com seu nível de inteligência. Isto é visto novamente quando ele
descreveu seu desenho acromático de uma pessoa, que está pronta para lutar e que
se sente louco, mas responde "sim" quando perguntado se "Esta pessoa está feliz?"

Prognóstico
Os materiais gráfico e verbal do H-T-P fornecem ampla evidência para a conclu-
são de que Morris está caminhando para um claro colapso esquizofrênico. Seu baixo
resultado do OI provavelmente reflete desorganização devido a estresse intrapsíqui-
co, em vez de retardamento mental. Várias semanas depois de fazer o teste, a condi-
ção de Morris deteriorou-se e ele ficou catatônico.

Caso 2: Paul - 28 anos de idade, sexo Masculino (Hammer)

Uma comparação entre os conjuntos de desenhos acromáticos e coloridos produ-


zidos por um paciente masculino de 28 anos, internado em uma instituição, ilustra os
estímulos relativamente mais fortes representados pela fase cromática da técnica do
H-T-P e sua maior eficácia em penetrar nas defesas do paciente (veja Figura 14).
Apesar do processo psicótico, fortemente sugerido por uma grande distorção da
realidade (aparente na apresentação de fumaça que sopra simultaneamente em duas
direções e nas venezianas estendidas para baixo das janelas, na frente do prédio), a
qualidade global mais saudável dos desenhos acromáticos sugere uma certa integri-
dade da personalidade. A única evidência aparente de psicose manifesta no desenho
da árvore acromático é a semelhança incomum entre o entrelaçamento das raízes e a

1 Patognomônicos - sinal ou sintoma tido como característico de uma doença.

123
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

estrutura dos gaihos. Pacientes psicóticos ocasionaimente apresentam desenhos como


este, que apenas representam o conceito visto de cabeça para baixo. A forma deses-
perada com que as raízes estão agarradas ao solo sugere um medo de perder o
contato com a realidade. O quadro da personalidade, que aparece na consideração
dos desenhos acromáticos apenas, é de um severo desajustamento da integração da
personalidade e alguns recursos defensivos usuais aos quais recorrer. Parece haver
um grau de flexibilidade na estrutura da personalidade de Paul e o clínico pode querer
saber se o paciente será capaz de se recuperar e retornar à realidade, uma vez que
ele tenha sido empurrado além da linha dos limites da psicose.
Sob o impacto emocional das cores, as defesas do Paul não se fortaleceram, mas
desmoronaram totalmente. A casa desintegra-se inteiramente, as pedras que consti-
tuem o caminho para a porta parecem flutuar acima do chão, e pode-se supor que o
próprio Paul tenha se desintegrado nessa situação difícil. Paul projeta verbalmente
este sentimento interno comentando espontaneamente que os galhos da árvore colo-
rida estão "caindo". Impulsos emocionais caóticos estão claramente indicados pela
incapacidade de Paul de manter seu colorido dentro do contorno da árvore, bem
como pela sua escolha contrastando o vermelho, verde, laranja e amarelo amontoa-
dos desordenadamente na página. A própria árvore está caindo. O vento, estranha-
mente descrito como soprando não da esquerda e nem da direita, mas em linha reta,
de cima para baixo na árvore, revela os terríveis sentimentos de pressão de Paul.
Portanto, a projeção de si mesmo, agarrando-se à realidade, como transmitido pelas
raízes superenfatizadas no desenho da árvore acromática, agarrando-se no chão, é
substituída pelo auto-retrato de um colapso e desintegração total da personalidade no
nível das cores.

Caso 3: Dennis - 12 anos de idade, Masculino (Jolles [1969] )

Dennis tinha 12 anos e sete meses de idade. Na época de seu exame, ele tinha
sido suspenso de uma escola particular por causa de sua atitude negligente para com
seus trabalhos. As autoridades da escola recomendaram que os pais consultassem
um psicólogo para obter uma orientação apropriada para seu filho. Os boletins de
Dennis indicavam que ele tinha sido um aluno acima da média até aquele ano. De
acordo com seus pais, os professores achavam que ele poderia ir melhor, porque ele
tinha mostrado ser um aluno brilhante. Portanto, os pais exerceram forte pressão
sobre Dennis para ele se dedicar mais à escola. O menino ressentia-se muito dessas
atitudes da escola e de seus pais, porque sentia que estava fazendo o melhor que
podia.
Dennis vinha de uma casa que basicamente parecia ser boa. Entretanto, há fato-
res que provavelmente contribuíram para algumas de suas dificuldades emocionais.
O pai irritava-se facilmente com ele em muitas ocasiões, e a mãe admitiu que não
estava isenta de culpa. É concebível que a mãe, apesar de suas boas intenções,
tenha tido dificuldades em fornecer a Dennis o calor emocional que ele necessitava.

124
 
 

 
Interpretação

O WISC revelou um QI verbal de 124 e um QI de execução de 107. A análise de


seus resultados indicou que a principal deficiência de Dennis era na área da atenção.
Em todas as outras, ele tinha um nível superior (veja Figura 13).
O exame dos desenhos acromáticos indicou que Dennis fez um considerável es-
forço para controlar seus impulsos (localização horizontal). Entretanto, há também
evidências consideráveis de um ego fraco com dificuldade de manter o controle de
sua energia emocional, como é indicado pelo excessivo reforço das linhas da parede
do lado esquerdo da casa e pelo reforço dos limites externos do tronco da árvore. Isso
sugere que Dennis está muito preocupado em manter o controle do ego.
No resto da casa e da árvore, as linha são leves, tendendo a apontar mais um ego
fraco. Essa suposição é confirmada pela indicação de Dennis durante o Inquérito Pos-
terior ao Desenho de que a árvore não era muito forte; ele também descreveu a casca
da árvore como morta, o que certamente sugere uma deterioração do controle do ego.
Dennis afirmou que a casca da árvore morreu por causa do tempo, sugerindo que
Dennis sente que as pressões ambientais são responsáveis por suas dificuldades.
É interessante observar que a casa colorida é muito maior do que a acromática, o
que sugere que Dennis tende a reagir de forma exagerada à estimulação, uma indica-
ção adicional do pobre controle do ego. Além disso, a árvore colorida apresenta um
quadro de alguém que está se esforçando muito para manter o controle, como mos-
trado pela inclinação da árvore da esquerda para direita. A pessoa acromática rígida
sugere que Dennis usa repressão para se defender de sua impulsividade.
Dennis, evidentemente, não dispõe de recursos adequados para obter satisfação
do seu ambiente. Embora a estrutura dos galhos da árvore pareça adequada no de-
senho acromático, suas linhas fracas parecem revelar a preocupação de Dennis
nesta área. Esta suposição é confirmada pela limitada estrutura de galhos da árvore
colorida.
Certamente os desenhos de Dennis revelam sua preocupação com o calor huma-
no do ambiente. Suas respostas ao inquérito Posterior ao Desenho às questões so-
bre o tempo também sugerem isso. Dennis usou linhas pesadas ao representar o sol
em seus desenhos da casa e da árvore, novamente sugerindo ansiedade em relação
a sua fonte de calor. Nas relações interpessoais ele é muito mais susceptível quando
o calor é experienciado, como mostrado pela diferença entre os desenhos coloridos e
acromáticos. Ele afirma que a casa não é feliz, amigável, o que pode expressar que
sente falta de calor nas relações intrafamiliares, que podem contribuir para seus sen-
timentos de insegurança. Há uma indicação de que ele não se sente aceito nas rela-
ções interpessoais. Dennis diz que a árvore se mantém por si mesma - o que
normalmente reflete um sentimento de isolamento social entre uma pessoa e seus
pares. Além disso, Dennis evidencia tendências anti-sociais ao afirmar que a árvore
não está interessada em estar com outras árvores. Não é surpreendente achar que
Dennis seja um pouco depressivo. Seu tratamento do sol no desenho da casa (dese-
nhado inicialmente no horizonte, depois apagando-o e redesenhando-o no céu) retra-
ta, graficamente, suas tentativas para esconder seus sentimentos depressivos.
Através do exame, Dennis manifestou hostilidade de várias formas. Portanto, algu-
mas perguntas do inquérito posterior ao desenho foram omitidas, porque o examinador

125
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

sentiu que algumas questões em particular poderiam estimular o afastamento e assim


prejudicar o "rapport".
O uso exclusivo do crayon preto na casa colorida mostra a hostilidade de Dennis.
A pessoa acromática desenhada está em perfil absoluto, implicando retraimento e
tendências oposicionistas. Muitas respostas de Dennis ao inquérito foram evasivas e
indicativas de hostilidade. Ele expressou verbalmente sua hostilidade para sua casa,
descrevendo a casa como miserável, algo que ele rejeita. Ele não gostaria que aquela
casa fosse sua, mas, se fosse, ele não moraria nela, mas "venderia tudo". Apesar de
sua hostilidade em relação a seu lar, é encorajador observar que, quando foi forçado
a escolher alguém para viver na casa com ele, escolheu seus pais e o irmão. As
condições na casa não são tão completamente ruins que ele rejeitaria sua família. Ele
vê a casa como próxima dele e mesmo com ele, o que tende a contra-indicar um
sentimento de rejeição. Dessas observações; pode-se concluir que; embora Dennis
tenha considerável hostilidade em relação a sua casa, ele também tem sentimentos
positivos que trazem esperança para que ele tenha basicamente um melhor ajusta-
mento nesta área.
Finalmente, os sentimentos de inferioridade de Dennis parecem ter implicações
pc:il"nc::c::i:>vr r:::iic::. l\ln rli:>c::i:>nhn :::il"rnm~til"n rl:::i l":::IC:::::l, :::i l"h:::iminÁ Á mr ritn pi:>qr ri:>n:::i, n:::i l":::IC:::::l

colorida, não há chaminé. Dennis parece estar experenciando preocupações com


castração. Ele afirma que a árvore está abaixo dele, o que é consistente com senti-
mentos de inferioridade; os aspectos intelectuais das experiências de Dennis podem
ter produzido esses sentimentos. Nos dois desenhos da pessoa, particularmente no
colorido, as cabeças são desproporcionalmente pequenas, sugerindo fortemente que
Dennis tenta minimizar a importância da atividade intelectual. Ele tem usado esta
racionalização como uma defesa para suas dificuldades escolares.

Apêndice do Caso 3 (Buck). Este caso merece muita atenção porque os desenhos
acromáticos e colorido diferem acentuadamente como conceitos. O desenho acro=
mático da casa foi produzido de modo hesitante, ansioso e indeciso. Entretanto, a
casa colorida, com uma estrutura muito maior, foi desenhada rapidamente e sem
cuidado e parece estar para cair. O desenho acromático da árvore tem um tronco
sólido, vigoroso, mas uma estrutura de galhos semelhante a nuvem e imprecisa. A
árvoie coloiidã inclinâ-se píeCâiiâmente e possui ãpenâs folhãs grãndes. Suspeitâ-se
que a árvore colorida seja uma palmeira - um tipo de árvore costumeiramente asso-
ciado a lugares com um ambiente mais quente, mais relaxado e benevolente do que
o da casa de Dennis no Estado de Illinois. O desenho acromático da pessoa é peque-
no, tenso, rígido e friamente hostil. A pessoa colorida está em movimento quase vio-
lento - correndo e prestes a cair. A série acromática de desenhos enfatiza ansiedade,
indecisão e a necessidade de Dennis manter-se relativamente inacessível e sob con-
trole rígido. A série colorida enfatiza colapso iminente e fuga mal controlada.
Dennis é um menino infeliz que exibe ansiedade, confusão, insatisfação e rebel-
dia, e está mais do que moderadamente paranóico em relação a sua situação. Ele
está tentando manter a integridade de sua personalidade mantendo-se inacessível e
sob controle rígido. Os desenhos coloridos sugerem fortemente que seu limiar de

126
 
 

 
1nterpretação

tolerância à frustração está perigosamente baixo e, se ele não receber alívio imedia-
to, suas defesas vão sucumbir. Entretanto vários pontos indicam um prognóstico rela-
tivamente favorável: a inteligência básica de Dennis é alta, e sua história indica que
suas idéias paranóicas são baseadas em fatos e não em ilusões. Ele está lutando
bastante para manter a integridade de sua personalidade e sua história indica que as
pressões da família e da escola podem contribuir para seu presente desajustamento.
As informações de seguimento do caso revelaram que o estado de Dennis melho-
rou consideravelmente quando entrou em outra escola, em que foram feitas adapta-
ções aos seus problemas de atenção e na qual as pressões para tirar ótimas notas
foram removidas.

127
 
 

 
4
DESENHOS DO H-T-P DE CRIANÇAS
E ADULTOS: ALGUMAS QUESTÕES
E COMPARAÇÕES

L. Stanley Wench, Ed. D. e Donna Rait


Ball State University

A idade é um fator crucial para a interpretação dos desenhos do H-T-P, e a análise


dos desenhos não deve ser iniciada sem o conhecimento das idades cronológica e
mental. O aumento da complexidade e da sofisticação com o crescimento da idade
foram adequadamente demonstradas por Goodenough (1926), bem como por Buck
(1948) e Koppitz (1964). Além disso, quanto mais inteligente for o sujeito, mais com-
plexos são os desenhos, combinados, é claro, com as diferenças na estrutura da
personalidade. Thomas e Silk (1990) concluíram que os desenhos de crianças podem
ser divididos em cinco estágios, começando com o estágio das garatujas, dos 18
meses aos 2 anos. Gradualmente, alguns desenhos rudimentares aparecem por vol-
ta dos 2-3 anos até os 3-4 anos de idade, quando as figuras parecem ser baseadas
em um esquema mais primitivo. Esses desenhos vão então se tornando mais coeren-
tes à medida que a criança fica mais velha, e começam a aparecer desenhos visivel-
mente realistas quando a criança tem cerca de 8 anos de idade.
As Tabelas 1-4 apresentam as características de desenhos que recebem diferen-
tes interpretações para diferentes faixas etárias. As características foram escolhidas
de modo que distingam claramente entre, pelo menos, dois grupos de idade de acor-
do com pesquisadores e clínicos. A Tabela 1 inclui as características gerais dos dese-
nhos e as Tabelas 2, 3 e 4 incluem as características de desenho específicas dos
desenhos das casas, árvores e pessoas, respectivamente. Os grupos de idades es-
pecíficos encontrados na literatura foram os seguintes: crianças mais novas, .::;8 anos;
crianças mais velhas, 9-12; adolescentes, 13-16; adultos, 17-65; e idosos, >65. Essas
faixas de idade são aproximadas, e, em muitos casos, a interpretação diferencial é
apresentada para apenas dois desses grupos etários.

 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Em geral, considera-se que, à medida que o indivíduo se desenvolve, as hipóteses


interpretativas relacionadas a seus desenhos tornam-se mais específicas. Também,
características do desenho vistas como normais em crianças são consideradas como
tendo possivelmente implicações muito sérias para os adultos e os idosos. Principal-
mente, com relação ao tamanho, desenhos muito grandes ou muito pequenos são
considerados normais para crianças, mas são vistos de modo muito diferente quando
desenhados por um indivíduo mais velho. Outras características, tais como detalhes
bizarros e distorções acentuadas, despertam apenas preocupações leves quando
desenhadas por crianças, mas podem sugerir hipóteses diagnósticas mais graves
quando desenhadas em grupos de idade mais velhos.
Como pode ser visto na Tabela 3, muitos menos esforços de pesquisa e observa-
ções clínicas têm focalizado as interpretações diferenciais para o desenho da árvore
do que para os outros desenhos. Os dados de pesquisa indicam que os efeitos da
inteligência e do aumento da maturidade são menos aparentes nos desenhos da
árvore em comparação aos da casa ou da pessoa (Fukada, 1969). Mais especifica-
mente, os desenhos de árvores não parecem ser significativamente afetados por fa-
tores de desenvolvimento além dos 7 anos de idade. Tanto para crianças, como para
adultos, as árvores parecem refletir uma projeção dos, assim chamados, níveis in-
conscientes da personalidade (Buck, 1950b; Cassei, Johnson & Burns, 1958).

Tabela 1
Características Gerais dos Desenhos com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas

Rasuras Incerteza, Raramente


Excessivas inquietação observado
(Schi ldkrout, (Ogdon, 1977)
Shenker, &
Sonnenblick,
1972)

Localização Autocontrole (Levy, 1950) Auto-


central insatisfação
(Hammer, 1968)
Comum, rigidez
se no centro
absoluto (Urban,
1963)

Localização Possível neurose Tendências


Inferior na página (Dileo, 1973) depressivas
(Mursell,
1969)

tabela continua na próxima página ...

130
 
 

 
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações

Tabela 1
Características Gerais dos Desenhos com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças
Características Crianças
mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho mais velhas
novas
Canto superior Comum Tendências regressivas
esquerdo (Jolles, (Barnouw, 1969; Buck, 1969)
1952)
Pressão muito Baixo nível de energia, Hesitação, indecisão (Dileo,
leve personalidade inibida (Urban, 1973)
1963; Levy, 1958)

Desenho muito Comum até Tendências agressivas e de


grande 22,86 cm "acting out', expansividade
(9") (Koppitz, (Urban, 1963)
1968)
Desenho muito Comum Sentimento de inferioridade, Comum
pequeno (Britain, inadequação (Dileo, 1973; (Britain,
1970) Mundy, 1972) 1970)

Linhas de Autoconceito lnseg urança,


esboço pobre, autocon- timidez
fiança baixa (Dileo, 1973)
(Schildkrout et Meticulosidade
ai., 1972) (Jolles, 1964)
Sombreamento Problemas de ajustamento Ansiedade, depressão (Buck, 1966; Exner,
Excessivo (Koppitz, 1964) 1962; Wolk, 1969)
Comum (Machover, 1960)

Detalhes Personalidade seriamente Possível psicose (Buck, 1969; Mursell, 1969)


Bizarros desorganizada (Dileo, 1973)

Distorções Normais sob estresse (Britain, Autoconceito Possível psicose, deficiência


acentuadas 1970) pobre (Bodwin mental e/ou organicidade
Ajustamento e aproveita- & Brick, 1960} (McElhaney, 1969)
mento escolar pobres
(Koppitz, 1966)

Assimetria Agressão manifesta, possível Insegurança, inadequação física, organicidade


Acentuada organicidade (Koppitz, 1968) (Mundy, 1972)

Transparências Comum Imaturidade, Autoconceito Contato com a realidade


(Urban, problemas de pobre e pobre, possibilidade de
1963) ajustamento desajustamento voyeurismo, exibicionismo
(Hiler & (Hiler & Nesvig, (Schildkrout et ai., 1972)
Nesvig, 1965) 1965)
Nota. Crianças mais novas: ~ 8 anos; crianças mais velhas: 9 - 12 anos; adolescentes: 13 - 16; adultos: 17 - 65;
idosos: > 65 anos. Essas faixas são aproximadas e, em muitos casos, interpretações diferenciais são apresentadas
apenas para dois desses grupos de idade

131
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Tabela2
Características do Desenho da Casa com Hipóteses Diagnósticas Diferenciais
por Grupo de Idade

Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
Ausência de Abaixo de 6 A ausência de qualquer detalhe essencial sugere deterioração
detalhes essen- anos: comum intelectual e/ou sérios distúrbios emocionais (Beck, 1955; Buck,
ciais (ex. janela, (Beck, 1955; 1948)
parede, telhado Buck, 1948)
e chaminé)
Tulipas ou flores Comum (Buck, 1948; Imaturidade (Buck, 1966; Hammer, 1954a)
semelhantes a Hammer, 1954a)
margaridas
Casas Comum Regressão (Meyer et ai., 1955)
antropomórficas (Jolles, Baixa capacidade mental e organicidade (Jolles,
1964) 1964)
Chaminé em Comum Regressão,
ângulo reto com (Jolles, baixa capaci-
o telhado 1964) dade mental ou
organicidade
(Jolles, 1964)
Paredes: Comum (Jolles, 1952) Defesas
perspectiva regressivas
dupla com (Jolles, 1952)
paredes laterais Baixa
(extremas) capacidade
estreitas mental e/ou
organicidade
(Jolles, 1952;
Buck, 1950b)
Perspectiva Até os 8 Manutenção da
Simples (apenas anos: comum "persona"
uma parede (Jolles, aceitável (Buck,
mostrada) 1952) 1950b)
Evasão
(Hammer, 1954)
Paredes Comum Julgamento e
transparentes (Hammer, contato com a
1958) realidade
deficientes,
compulsividade/
ou baixa capaci-
dade mental
(Jolles, 1964)
Nota. Crianças mais novas: _s; 8 anos; crianças mais velhas: 9 - 12 anos; adolescentes: 13 - 16; adultos: 17 - 65;
idosos: > 65 anos. Essas faixas são aproximadas e, em muitos casos, interpretações diferenciais são apresentadas
apenas para dois desses grupos de idade.

132
 
 

 
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações

Tabela 3
Características do Desenho da Árvore com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças
Características Crianças
mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho mais novas
velhas

Detalhes Até 7 anos: A ausência de qualquer detalhe essencial em pessoas de


essenciais: comum (Buck, inteligência média acima de 7 anos sugere deterioração
tronco e um 1948) intelectual (Buck, 1948; Jolles, 1964)
galho

Macieiras Necessidades Acima de 7 Desejo infantil


de depen- anos: (Jolles, 1964)
dência; se as possível Desconfiança
maçãs imaturidade em mulheres
estiverem no ou regressão (Marzolf &
chão, senti- (Fukada, Kichner, 1972)
mentas de 1969)
rejeição (Buck,
1966)

ÁNore muito Rebeldia à autoridade Possível


grande (Landesberg, 1969) agressividade
(Buck, 1948)
Supercompen-
sação em
pensamentos
e ações (Buck,
1950b)

ÁNore fálica Até 8 anos: comum (Jolles, Desajustamento; preocupação


1964) ou imaturidade psicossexual em
homens a partir dos 9-1 O anos
de idade (Allen, 1958)
Nota. Crianças mais novas:::; 8 anos; crianças mais velhas: 9 - 12 anos; adolescentes: 13 - 16; adultos: 17 - 65;
idosos: > 65 anos. Essas faixas são aproximadas e, em muitos casos, interpretações diferenciais são apresentadas
apenas para dois desses grupos de idade.

133
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Tabela 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
Cabeça muito Até 7 anos: Agressividade e pensamento expansivo, ego inflado,
grande comum supervalorização da inteligência, fantasia (Urban, 1963)
(Koppitz,
1968)
Cabeça muito Problemas de ajustamento Inadequação intelectual, social ou sexual (Jolles,
pequena (Dileo, 1970) 1964)
Características Ajustamento pobre, Evasão e superficialidade (Urban, 1963)
faciais omitidas possível obsessividade Possíveis tendências de afastamento (McElhaney,
(Koppitz, 1966) 1969)
Olhos omitidos Ajustamento pobre, Personalidade ineficaz, sem discernimento (Gurvitz,
pensamento obsessivo, 1951)
ansiedade e/ou depressão Alucinações visuais (Jolles, 1964)
(Schildkrout et ai., 1972) Esquizofrenia (Hammer, 1969)
Olhos fechados Distúrbio Hostilidade encoberta (Schildkrout et ai., 1972)
emocional
(Koppitz,
1968)
Ênfase no nariz Comum (Machover, 1960) Dificuldades sexuais e Hipersensibilidade,
inferioridade (Buck, 1966) desconfiança;
defensividade e
perda da masculi-
nidade em homens
mais velhos (Wolk,
1969)
Nariz omitido Timidez, retraimento Sentimentos de castração
(Koppitz, 1968) (Schildkrout et ai., 1972)

Ênfase na boca Dependência normal e Autoconceito Defesas Incapacidade de


imaturidade (Urban, 1963) pobre (Bodwin regressivas, comunicação
& Bruck, 1960) oralidade (Wolk, 1969)
(Urban,
1963)
Boca omitida Possíveis obsessões e Sentimentos de culpa Condições
ansiedade (Haworth, relativos à agressividade oral respiratórias
1962) (Urban, 1963) somáticas
Timidez, síndrome Condições depressivas (Machover, 1949)
depressiva de retraimento (Koppitz, 1968)
(Koppitz, 1968)
tabela continua na próxima página ...

134
 
 

 
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações

Tabela 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas

Bocas côncavas Comum (Machover, 1960) Passividade e dependência


(Schildkrout et ai., 1972)

Dentes visíveis Agressividade (comum) Tendências


(Buck, 1966; Hammer, agressivas,
1965) infantis ou
sádicas;
"acting ouf'
(Buck, 1966;
Goldstein &
Rawn, 1957)

Sorriso aberto Comum (Machover, 1949) Simpatia


forçada; afeto
inadequado
(Machover,
1949; Urban,
1963)

Pescoço omitido Ajustamento pobre Impassividade (Mundy, 1972)


(Mundy, 1972) Posswel organicidade (Koppitz,
1968)
lrvt..,..h •.,j,-.1,,,,.j,.. """"'" "'",r,,. ..-.1,...fini,...n+,...,r,,.
11110.LUI IUO.UV \JVI I IV I IVOJ uv11vu:.1 m::;;;:,

mentais e pessoas regredidas


(Mundy, 1972)

Omissão de Comum Sérios distúrbios psicológicos, talvez psicose


partes (McElhaney, (Buck, 1948; Burton & Sjoberg, 1964)
importantes do 1969)
corpo

Assimetria do Agressão ou lesão cerebral Posswel


Corpo (Koppitz, 1968) personalidade
histérica
(Gilbert, 1969)

tabela contínua na próxima página ...

135
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Tabeia 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças
Características Crianças
mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho mais novas
velhas
Omissão do Comum em Ajustamento Possível
tronco crianças pobre e baixo organicidade,
muito novas aproveita- retardo mental;
(Gurvitz, mento escolar tendências
1951) (Koppitz, "voltadas para
1968) dentro" e
hipocondríacas
(McElhaney,
1969)
Linha da cintura Comum (Machover, 1960) Conflito ou perturbação sexuais
forte agudos (Buck, 1966; Hammer,
1954a)
Genitais Agressão manifesta e Possível Psicopatologia, Regressão
presentes patologia séria (Dileo, 1973; preocupação e possível primitiva
Koppitz, 1968) curiosidade psicopatia (Wolk,
sexuais (Urban, (Deabler, 1969; 1969)
1963 Dileo, 1973)
Braços curtos Ajustamento pobre (Koppitz, Falta de ambição, sentimentos de
1968) inadequação e dependência
(Schildkrout et ai., 1972; Gilbert,
1969)
Menos de cinco Organicidade (Koppitz, 1968) Sentimentos de inadequação
dedos (Schildkrout et ai., 1972)
Dedos sem Comum (Schneidman, 1958) Tendências de
mãos ataque infantis
e agressividade
(Schneidman,
1958)
Mais de cinco Organicidade Ambição, força,
dedos (Koppitz, ganância
1968) (Urban, 1963)
Pernas juntas Possível distúrbio emocional Tensão, possível desajustamento
pressionadas (Koppitz, 1968) sexual, temor de ataque sexual
uma à outra fantasiado (Machover, 1949)
Postura Possível impulsividade, agres- Insegurança e dependência relati-
inclinada são, organicidade, e pobre vasa alcoolismo, epilepsia e pro-
realização (Koppitz, 1968) blemas orgânicos (Deabler, 1969)
tabela continua na próxima página ...

' Em inglês: "convolutional"

136
 
 

 
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações

Tabela 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade

Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
Roupa Comum (Machover, 1960; Voyeurismo e/ou exibicionismo
transparente Urban, 1963) (Machover, 1949)
Desordem de caráter (Deabler,
1969)
Condições psicóticas regredidas
(McElhaney, 1969)
Ênfase nos Comum Dependência Imaturidade, dependência (Halpem,
botões (Buck, 1966) materna 1958) Regressão (Wolk, 1969)
(Jolles, 1964)
Ênfase na Preocupação Homens acima de
gravata sexual (Buck, 40 anos: inade-
1966) quação sexual
(Buck, 1966)
Ênfase nos Meninas Possível
sapatos púberes: impotência
comum (Levine (Machover, 1949)
& Sapolsky, Homens: possí-
1969) veis tendências
homossexuais
(Hammer, 1968)
Cottlboys Comum (Urban, 1963) Possível Imaturidade e
desordem de dissimulação"®S
caráter, necessidades
delinqüência (Hammer, 1958)
(Deabler, 1969)
Figuras Imaturidade, sentimentos de Organicidade
desumanisadas, despersonalização (Dileo, (Small, 1973)
ex., mecânicas 1973) Possível psicose
ou monstros (McElhaney, 1969)
Figuras Comum Mulheres: histeria
sedutoras (Machover, e narcisismo
1960) (McElhaney, 1969)
Figuras palitos Comum Tendências
(Machover, evasivas,
1960) insegurança
(Hammer, 1958)
Negativismo e/ ou
hostilidade
(Hammer, 1958)
Nota. Crianças mais novas: '.ó: 8 anos; crianças mais velhas: 9 - 12 anos; adolescentes: 13 - 16; adultos: 17 - 65;
idosos: > 65 anos. Essas faixas são aproximadas e, em muitos casos, interpretações diferenciais são apresentadas
apenas para dois desses grupos de idade.

137
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

Desenhos do H-T-P de Crianças Abusadas

Abuso Físico
Berk (1989) define abuso físico como ataques a crianças que produzem dor, cor-
tes, marcas, contusões, queimaduras, fraturas e outros danos. Esses ataques ten-
dem a diminuir à medida que a criança cresce (American Association for Protecting
Children lnc., 1985). Os agressores costumam ser os pais, sendo que as mães têm
uma probabilidade um pouco maior. Os meninos são mais submetidos à violência do
que as meninas (Gelles, 1978, Russel & Trainor, 1984).
Enquanto o abuso físico deixa evidências observáveis, ele também provoca se-
qüelas emocionais que podem afetar muito o desenvolvimento social, educacional e
emocional da criança (Williams, 1978). Essas dificuldades geram conseqüências de
longo alcance e podem se manifestar na idade adulta na forma de distúrbios nos rela-
cionamentos interpessoais, de predisposição a distúrbios emocionais e de potencial cres-
cente para o abuso de seus próprios filhos (Kempe, Silverman, Steele, Droegemuller
& Silver, 1962; Martin & Rodeheffer, 1976). O abuso infantil está relacionado a um
crescimento do comportamento anti-social, agressividade, e delinqüência juvenil em
crianças, adolescentes e adultos (Lewis, Shanok, Pincus & Glaser, 1979). Em casos
menos sérios, retraimento, passividade, depressão e apatia têm caracterizado adul-
tos que sofreram abusos quando crianças (Green, 1978; Galdston, 1965).
Segundo Wisson (1989), as respostas comportamentais de crianças fisicamente
abusadas variam desde inibição baseada em ansiedade até "acting ouf'. Os padrões
de vínculo em crianças abusadas parecem ser mais ansiosos do que seguros. À
medida que a criança amadurece, esses padrões manifestam-se em interações agres-
sivas com os outros. Além disso, as crianças abusadas mostram menor capacidade
para interpretar e responder a sinais sociais, o que causa ainda mais problemas em
situações sociais. Uma outra causa para as pobres habilidades sociais de crianças
abusadas é a sensação de impotência da criança, o sentimento de que as ações dos
outros controlam sua vida. A auto-estima é pobremente desenvolvida, uma vez que
as crianças abusadas são incapazes de assumir a responsabilidade não só por seus
fracassos, como também pelos seus sucessos. Elas irão sempre evidenciar ansieda-
de, quando se defrontarem com novos desafios e, freqüentemente, mostram baixa
tolerância à frustração. À medida que estas crianças ficam mais velhas, a depressão
é uma característica emocional saliente de sua forma de ser. As características emo-
cionais específicas que podem aparecer nos desenhos de crianças abusadas incluem:
• dificuldades com situações de dependência
• necessidade exagerada de controle
• auto-estima baixa
• agressividade, raiva
• retraimento tanto social como emocional
• sensação de desconfiança
• ansiedade, medo, desamparo

138
 
 

 
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações

Blain, Bergner, Lewis e Goldstein (1981) descobriram um conjunto de seis caracte-


rísticas de desenho que, quando ocorrem juntas, sugerem que a criança tenha tido
experiência de abuso físico. Sua amostra incluiu 109 crianças entre 5 e 12 anos de
idade. Um grupo de crianças (N=32) que estava em tratamento, e considerava-se que
tivessem sofrido abuso físico com um alto grau de certeza. Um segundo grupo de
crianças (N=32), que estavam em tratamento, mas foram julgadas com um alto grau
de certeza que não tivessem sofrido abuso físico. O terceiro grupo (N=45) era com-
posto por crianças bem ajustadas da escola primária e provenientes de lares em que
o abuso físico era altamente improvável. Os autores relataram que um quarto das
crianças que sofreram abuso físico incluíram em seus desenhos quatro ou mais ca-
racterísticas listadas na Tabela 5. Apenas três das crianças que estavam em trata-
mento, que foram consideradas como não abusadas fisicamente, incluíram tantas
dessas características em seus desenhos, e nenhuma criança considerada bem ajus-
tada incluiu quatro ou mais dessas características em seus desenhos. Este resultado
deve ser interpretado com cautela, já que a média de idade das crianças de cada
grupo não foi relatada, e pelo menos três dos seis indicadores (simetria dos mem-
bros, tamanho da cabeça, ausência de janelas no andar térreo) podem estar simples-
mente associados ao desenvolvimento grafomotor.

Tabela 5
Características do H-T-P Associadas a Abuso Físico

Fumaça na chaminé da casa Pés da pessoa omitidos


Ausência de janelas no andar térreo da casa Desenho da pessoa feito apenas com formas
Cabeça da pessoa maior do que 1/4 geométricas
da altura total Membros da pessoa muito assimétricos
Nota. N = 109

Abuso Sexual
Existe grande concordância entre os clínicos de que as crianças sexualmente abu-
sadas constituem um dos mais difíceis desafios para avaliação. Muitas vítimas que
estão em idade pré-escolar ou são muito pequenas não possuem capacidades de
linguagem para verbalizar suas experiências. A presença de ansiedade excessiva e a
compreensão limitada da criança sobre as circunstâncias freqüentemente fazem par-
te das dificuldades na avaliação. Segundo Helfer & Kempe (1976), o abuso sexual é
comumente definido como envolvendo crianças ou adolescentes dependentes e ima-
turos, em atividades sexuais consideradas socialmente como tabu. As atividades se-
xuais incluem exposição dos genitais do adulto ou da criança, carícii;i nos genitais,
estimulação (manual ou oral) dos genitais, intercurso vaginal ou anal, e inclusão da
criança em pornografia ou prostituição. Lefrancois (1992) expandiu a definição ao
incluir qualquer ato sexual indesejado envolvendo contato físico, ou ações tais como
proposta, sugestão, sedução verbal ou exibicionismo.
De modo diferente do abuso físico, o sexual raramente deixa sinais ou traumas.
Entretanto, há seqüelas emocionais, que parecem ser consistentes na literatura sobre

139
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

os efeitos dos abusos sexuais em crianças. Como os adultos, as crianças sexualmen-


te abusadas podem sofrer disfunções sexuais (Finkelhor, 1984; Browne & Finkelhor,
1986), e têm o funcionamento pessoal e emocional prejudicados (Steele & Alexander,
1981) tal como depressão, ansiedade (Briere, 1990; Briere & Runtz, 1988; Peters,
1985; Sedney & Brooks, 1984) e auto-estima baixa (Courtois, 1979; Herman, 1981).
Finkelhor e Browne (1986) identificaram quatro componentes gerais em crianças
sexualmente abusadas que eles dizem ser "dinâmicas traumatogênicas'. A primeira
delas é a sexualização traumática, que é a introdução de experiências sexuais impró-
prias no âesenvoivimento. A segunâa é a traição, que inciui a perâa âa confiança e âa
segurança. A terceira é a impotência, que envolve ansiedade, medo e desamparo
sentidos pela criança quando é incapaz de impedir ou conter o abuso. A última dinâ-
mica é a estigmatização, que leva à auto-estima baixa e ao sentimento de ter a vida
arruinada. Essas dinâmicas podem fornecer um modelo para a compreensão da psi-
codinâmica das crianças sexualmente abusadas.
Os indicadores emocionais específicos de crianças sexualmente abusadas que
podem aparecer nos desenhos incluem (McFadden, 1989; Rosenfeld & Wasserman,
1990; Wissow, 1989):
• indicadores sexuais e agressivos não apropriados
• perda do sensação de segurança; incapacidade para confiar
• ansiedade, medo, desamparo (impotência)
• auto-estima baixa
• depressão
• conflitos familiares
• idéias suicidas
• agressão, raiva
• sentimento de culpa, vergonha
• desconforto nas relações íntimas
• ligação exagerada a adultos (dependência)

Hibbard e Hartman (1990) compararam a presença dos indicadores emocionais de


Koppitz (Koppitz, 1964) nos desenhos da figura humana de 65 crianças que afirma-
ram ser vítimas de abuso sexual com os desenhos de 64 crianças supostamente não
abusadas. Os sujeitos tinham de 5 a 8 anos; 94 eram mulheres e 35, homens. As
vítimas de abuso sexual tenderam a desenhar com mais freqüência as pernas pres-
sionadas uma à outra, mãos grandes e genitais. Ãs vítimas de abuso sexuai tiveram
pontos mais freqüentemente nos indicadores emocionais da categoria de ansiedade
do que o grupo de crianças de comparação. A categoria ansiedade inclui sombrea-
mento da face, sombreamento do corpo e/ou dos membros, sombreamento das mãos
e/ou pescoço, nuvens e omissão dos olhos.
Em um estudo focalizando cinco partes do corpo, Hibbard, Roghmann e Hockelman
(1987) constataram que as vítimas que alegavam abuso sexual e crianças vítimas
que se tinha certeza de abuso sexual tendiam a desenhar com maior freqüência geni-
tais do que as crianças de comparação. Entretanto, os autores avisam que, embora a
presença de genitais em desenhos de crianças possa alertar os examinadores para

140
 
 

 
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações

considerarem uma história de abuso infantil, ela não o prova, bem como a ausência
dos genitais não exclui o abuso.
Yates, Beut!er e Crago (1985) compararam desenhos de crianças vítimas de in-
cesto, com os de crianças sem problemas sexuais em 15 dimensões. As dimensões
incluíram sexualização da figura, grau de dependência, qualidade das defesas do ego
e adequação do controle de impulsos. As crianças vítimas de incesto foram conside-
radas como possuindo controle dos impulsos precariamente desenvolvido e uma es-
trutura defensiva que enfatizava regressão. Os resultados dessas crianças foram
significantemente mais variáveis na expressão de características sexuais do que o
grupo de controle, mas menos variáveis na maturidade avaliada e na tendência para
usar a sublimação como uma defesa da ansiedade.
Spring (1985) discutiu a simbologia em desenhos de 14 mulheres que haviam sido
emocional, física ou sexualmente abusadas na infância ou que haviam sofrido espan-
camento ou estupro na idade adulta. As análises indicaram que essas mulheres fre-
qüentemente usaram formas e olhos triangulares em seus desenhos.
A Tabela 6, que resume os dados relativos às características dos desenhos do H-T-P
apresentadas nesta seção, que foi compilada considerando as dinâmicas de perso-
nalidade encontradas na literatura e na experiência dos autores.

Tabela 6
Características do H-T-P Associadas a Abuso Sexual

Nuvens em qualquer desenho Ptlrn~~ ri~ pt:1~~n~ j• 1nh:u:. tl prQi~~inn~rl~~ 11m~

Genitais desenhados na pessoa à outra


Mãos muito grandes Árvores fálicas
Olhos da pessoa enfatizados e muito grandes Sombreamento da face, do corpo, dos mem-
Olhos da pessoa pequenos ou omitidos bros, das mãos ou do pescoço da pessoa
Formas triangulares enfatizadas no desenho
da pessoa
Ênfase vertical no desenho da casa

141
 
 
5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
E PESQUISA

O H-T-P é melhor adaptado para uso como uma técnica de estabelecimento de


rapport durante as entrevistas terapêuticas. Os clínicos têm observado que as pessoas
respondem mais livremente às questões enquanto ocupadas ativamente na tarefa de
desenhar. Os itens específicos - casas, árvores e pessoas - parecem estimular mais
verbalizações abertas do que outros itens. O desenvolvimento da técnica do H-T-P é
semelhante ao das outras técnicas projetivas nas quais foi baseada sobre a suposição de
que o desenho do indivíduo inclui aspectos de seu mundo interno. As forças ou fraquezas
da personalidade que o indivíduo mostra envolvem o grau em que seus recursos internos
podem ser mobilizados para lidar com os conflitos psicodinâmicos. A técnica do H-T-P
mantém-se em uso por causa da sua contribuição única ao quadro clínico, que não se
sobrepõe a outros testes na bateria projetiva, tais como o Rorschach e o TAT.
A princípio, pode parecer que os estímulos apresentados durante a fase dos dese-
nhos do H-T-P não sejam tão ambíguos ou bem estruturados para qualificar o H-T-P
como um instrumento projetivo. Análises mais cuidadosas, entretanto, revelam que a
estruturação do H-T-P é mínima, e os seus estímulos são altamente ambíguos. Pede-
se ao indivíduo para desenhar uma casa, uma árvgre e uma pessoa, mas não se diz
que casa, árvore ou pessoa. O tipo, tamanho, idade, condição etc. não são restringi-
dos ou dirigidos. Mesmo crianças muito pequenas já viram muitas casas e árvores, e
envolveram-se emocionalmente com várias pessoas; essas experiências são as pre-
cursoras da projeção do H-T-P. O indivíduo, então, deve construir um desenho sim-
ples ou composto de cada objeto dentre os muitos que ele já viu. Na segunda fase, no
Inquérito Posterior ao Desenho, essas produções gráficas são usadas para estimular
projeções verbais.
Considera-se que os desenhos avaliam predominantemente processos expressi-
vos, enquanto um teste de resposta verbal como o Rorschach avalia processos reati-
vos. Zucker (1948) descobriu que os desenhos são os primeiros indicadores clínicos
a mostrar sinais de psicopatologia e o último a perder os sinais de doença, à medida
que o indivíduo se recupera, e concluiu que os desenhos são mais fortemente sensíveis

 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

a tendências psicopatológicas do que as outras técnicas projetivas. Assim, pode-se


esperar ver um H-T-P indicativo de um sério desajuste, mesmo se resultado do
Rorschach for relativamente normal. O uso projetivo dos desenhos foi considerado
útil isoladamente porque os conflitos profundos são mostrados mais prontamente du-
rante o desenho do que em outras atividades. Wyatt (1949), Bellak (1953) e Symonds
(1953) afirmaram que as técnicas de desenho avaliam camadas mais profundas da
personalidade do que o Rorschach e o TAT, que são de natureza principalmente ver-
bal. Os desenhos fornecem uma quadro grosseiro da personalidade, que é completa-
do pelo inquérito posterior ao desenho. Como afirma Stern, "A técnica usada (em
desenhos) atinge o nível do pensamento primitivo pictórico. Ele está no mesmo plano
que o do próprio pensamento inconsciente ... Parece que o a.feto proveniente de uma
figura alcança mais profundamente o inconsciente do que a linguagem, devido ao
fato da expressão pictórica ser mais adequada ao estágio de desenvolvimento em
que o trauma ocorreu; ela permaneceu mais dentro da amplitude do concreto e do
físico do que a expressão verbal" (Hammer, 1969, p. 3-4).
Considera-se que o desenho da pessoa reflete o ajustamento individual em um
nível psicossocial, enquanto o desenho da árvore parece revelar sentimentos intrapsí-
quicos básicos, mais duradouros e mais profundos e atitudes em relação a si próprio.
O desenho da árvore é considerado menos suscetível a mudanças em retestes do
que o da pessoa. Conseqüentemente, pode-se esperar que a psicoterapia de um tipo
não intensivo mostre melhora no desenho da pessoa, enquanto apenas uma terapia
psicanalítica profunda ou alterações fortemente significativas na situação da vida do
indivíduo possam produzir maiores mudanças na árvore. É mais fácil para o indivíduo
retratar material emocionalmente perturbador ou carregado de conflitos no desenho
da árvore do que no da pessoa, porque é mais difícil para o indivíduo tratar a árvore
como um auto-retrato. Sentimentos mais profundos e menos aceitáveis podem ser
revelados mais facilmente pelo desenho da árvore, sem medo de revelar a si próprio
ou a necessidade de manobras defensivas do ego. A casa situa-se entre a pessoa e
a árvore neste contínuo. O pior ajustamento é indicado quando a casa, a árvore e a
pessoa estiverem inundadas de indicadores psicopatológicos.
Uma vez que a árvore atinge camadas mais básicas do que o desenho da pessoa,
uma árvore que mostre um quadro mais saudável da personalidade sugere um prognós-
tico mais positivo do que o transmitido pelo desenho da pessoa. Em tais casos, recur-
sos positivos latentes são encobertos pelos efeitos de uma transtorno emocional reativo
ou induzido por uma situação. De modo inverso, um desenho da árvore que mostre
mais aspectos psicopatológicos do que o desenho da pessoa indica um prognóstico
negativo. Um pré-esquizofrênico pode desenhar uma pessoa cujos pés estejam fir-
rrn:::111er1te µlar1tadu::; riu i.;ht'tu, ir1dii.;c:111du um aju:sta111er1tu e:stctvel, u111 µuterrr.;ial :subja-
cente para a perda do equilíbrio da personalidade pode revelar-se em uma árvore
arrancada, tombada ou "rachada".
Os desenhos coloridos do H-T-P são associados com um nível intrapessoal de
experiência mais profundo do que os desenhos acromáticos, estabelecendo assim
um quadro mais rico dos conflitos e defesas do indivíduo. O H-T-P acromático e o
inquérito subseqüente compreendem uma experiência emocional durante a qual muitas

144
 
 

 
Fundamentação teórica e pesquisa

associações, agradáveis e desagradáveis, podem ser estimuladas. Em conseqüên-


cia, a série colorida é mais do que uma segunda amostra do H-T-P, porque o indivíduo
encontra-se em um estado um pouco mais vulnerável do que quando os desenhos
acromáticos foram produzidos. A série colorida é obtida quando o indivíduo está em
um nível diferente de frustração em relação à série acromática. Um indivíduo bem
ajustado pode se sentir menos tenso durante a fase de desenhos cromáticos do que
na fase de desenhos acromáticos. Entretanto, muitos indivíduos observados em clíni-
cas irão experimentar mais tensão durante os desenhos coloridos e uma falha resul-
tante em seus mecanismos de defesa pode revelar uma disparidade entre os padrões
de comportamento atual e potencial.
Os desenhos acromáticos e coioridos do H-T-P irão mostrar aproximadamente o
mesmo nível de integração para os indivíduos bem ajustados. Os desenhos coloridos e
acromáticos refletirão polaridades relativamente opostas da personalidade para indiví-
duos em condições neuróticas. Nesses casos, os desenhos acromáticos costumam
refletir mecanismos de defesa, enquanto aquilo contra o que eles estão se defendendo
aparece nos desenhos coloridos. Por outro lado, as mesmas defesas que aparecem
nos desenhos acromáticos tendem a aprofundar-se no desenho colorido de indivíduos
com desordem de caráter. Uma deterioração dramática é freqüentemente vista em
desenhos de indivíduos em condições psicóticas latentes. Seus desenhos acromáticos
costumam parecer normais. Evidência de patologia manifesta pode ser vista, tanto nos
desenhos acromáticos como nos coloridos de indivíduos esquizofrênicos.
Desde seu desenvolvimento, a técnica do H-T-P tem sido empiricamente investi-
gada tanto como uma medida do funcionamento intelectual como uma medida quali-
tativa de personalidade. Considera-se que a produção de desenhos do H-T-P envolve
a função intelectual na qual a capacidade para gerar e identificar informação elemen-
tar é requerida para desenhar os detalhes. A formação de conceito é evidenciada
pela organização e qualidade dos desenhos completados. Pesquisas explorando a
relação entre os desenhos projetivos com o QI ou com várias outras síndromes clíni-
cas têm sido inconclusivas. Os aspectos essenciais da técnica, tais como as respos-
tas ao Inquérito Posterior ao Desenho e as comparações entre os desenhos, são
geraimente omitidas destas pesquisas.
O H-T-P foi inicialmente apresentado como uma medida de QI para adultos (Buck,
1948) e tem sido usado para seleção de pessoal (Buck, 1941 ). Correlações com ou-
tras medidas de QI não foram replicadas em algumas outras amostras adicionais de
adultos (Guertin e Sloan, 1948; Hellkamp e Johnson, 1970), mas têm sido confirma-
das em outras (Rubin, 1954). Os resultados em QI do H-T-P para crianças não apre-
sentaram correlação com outras medidas de QI (Bieliauskas & Moens, 1961 ).
Contatou-se que o treinamento artístico aumentava os Qls estimados pelo H-T-P
(Beliauskas & Bristow, 1959), embora índices de desajustamento pareçam não ser
afetados pela capacidade artística (Lair e Trapp, 1960).
A relação entre os desenhos do H-T-P e a psicopatologia tem sido derivada teórica
e racionalmente (Buck, 1947; Hammer, 1954a, Jolles, 1964) e não foi rigorosamente
confirmada pela investigação empírica. Enquanto uma variedade de planos precisos
para avaliar os sinais clínicos do H-T-P foi descrita (Ouellette, 1988; Eyal & Lindgren,

145
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

i 977; Marzoif & Kirchner, i 970; Buck, i 948), a vaiidade das pontuações resuitantes
para o uso na predição de categorias psicodiagnósticas ou dos resultados em inven-
tários de personalidade ainda deve ser demonstrada.
Relatos de pesquisa relativos ao H-T-P tendem a se encaixar em uma de três
categorias. O estudo de caso (ex., Buck, 1949; 1950a; Schwartz, 1950; Smykal &
Thorne, 1951; Healy, 1984) é o mais comum, e é normalmente apresentado como um
exercício na interpretação e contribuição ao conhecimento clínico referente ao signi-
ficado de características particulares do desenho. Por exemplo, Smykal e Thorne
(1951) apresentaram características dos desenhos do H-T-P obtidas de um indivíduo
diagnosticado como psicopata (tipo anti-social) e descreveram como eles as relacio-
naram aos materiais de avaliação clínica administrados a esse indivíduo. õ estudo de
caso muitas vezes inclui desenhos obtidos antes do tratamento e após a recuperação
(Bowen & Rosal, 1989; Uhlin, 1969) ou acompanha o processo de deterioração orgâ-
nica (Babry, 1964; Jordan, 1970) ou psicopatológica, ou mudanças após intervenções
médicas (Freed & Pastor, 1951; Hammer, 1953; Meyer, Brown, & Levine 1955; Nathan,
1977; Toker, 1971 ). Toker, por exemplo, apresenta os desenhos do H-T-P de uma
criança submetida a cirurgia cardíaca e descreve suas relações com a psicoterapia
dirigida para otimizar o ajustamento da criança pré e pós-cirúrgico.
Como uma variação do estudo de caso, o investigador avalia os desenhos de um
pequeno número de sujeitos antes e depois de um tratamento destinado a mudar um
aspecto do funcionamento psicológico para o qual uma característica particular do
desenho é considerada como um indicador (Cowden, Deabler, & Feemster, 1955;
Perkins & Wagemaker, 1983; Ernst, 1977; Platzer, 1976; Gording & Match, 1968). Por
exemplo, Perkins e Wagemaker (1983) descreveram os desenhos do H-T-P de dez
pacientes esquizofrênicos antes e depois do tratamento de hemodiálise. O H-T-P foi
usado como um instrumento de avaliação preliminar para o aconselhamento dirigido
para arte com crianças escolares resistentes e não verbais (Allan & Clark, 1984), e
alguns dos materiais de pesquisa publicados refletem este uso. Uhlin e Dickson (1970),
por exemplo, relatam que 17 crianças com paralisia cerebral desenharam figuras do
H-T-P que incluíam características mais saudáveis quando elas usavam crayon bran-
co no papel preto do que quando usavam crayon preto no papel branco.
O próximo paradigma de pesquisa comum apresentado na literatura do H-T-P observa
a consistência com que certas características do desenho são produzidas por grupos
específicos psicodiagnósticos ou médicos. Por exemplo, contatou-se que estuprado-
res e pedófilos desenham no H-T-P mais pessoas jovens do sexo masculino do que
mulheres (Hammer, 1954b). Wildman (1963) constatou que pacientes que desenha-
vam as articulações do braço e do joelho tendiam a ser descritos como paranóicos
pelas equipes hospitalares. Muito deste trabalho envolve tentativas para identificar
indivíduos com lesões cerebrais orgânicas. Michal-Smith (1953) observou uma rela-
ção significativa entre a qualidade das linhas nos desenhos do H-T-P e a presença de
anormalidades no EEG em uma amostra de 25 indivíduos com lesões cerebrais orgâ-
nicas emparelhados a 25 pacientes médicos sem lesões cerebrais orgânicas. Gasa-
parrini, Shealy & Walters (1980) constataram que pacientes com lesões no hemisfério
esquerdo desenharam figuras pequenas situadas no canto superior esquerdo da página

146
 
 

 
Fundamentação teórica e pesquisa

com maior freqüência do que pacientes com lesões no hemisfério direito ou pacientes
médicos sem lesão cerebral identificada. Por outro lado, Bieliauskas e Kirkham (1958)
descobriram que 18 sinais considerados indicativos de organicidade não discrimi-
naram 20 indivíduos com lesões orgânicas de 20 indivíduos sem evidência de lesão
orgânica. Os sujeitos foram emparelhados pelo sexo, idade, tempo de institucionali-
zação e OI. Uma dificuldade com esse tipo de estudo é que os sinais que ocorrem
exclusivamente em um grupo de diagnóstico particular podem ocorrer com tão baixa
freqüência que eles são estatisticamente insignificantes em amostras pequenas típicas
de pesquisas feitas em ambientes clínicos. Esses eventos raros, clinicamente signifi-
cativos podem ser erroneamente atribuídos a diferenças individuais ou erro, mais do
que a diferenças entre grupos.
A terceira forma de pesquisa do H-T-P analisa os desenhos do H-T-P de popula-
ções não clínicas e procura correspondência com as medidas gerais de personalida-
de. Esses esforços são geralmente guiados por hipóteses sobre as características
dos desenhos desenvolvidas para uso com populações clínicas. Por exemplo, Gravitz
(1969), comparou o tamanho das figuras desenhadas por uma amostra não selecio-
nada de estudantes universitários com seus escores de depressão do MMPI, e não
encontrou relação significante. Marzolf e Kirchner (1971, 1972, 1973) examinaram
uma relação fraca, mas sistemática, entre os desenhos do H-T-P de uma amostra
não clínica de estudantes universitários com seus perfis no 16PF. Kirchner e Marzolf
(197 4) não encontraram relações estatísticas entre os desenhos de salgueiro chorão
produzidos por doze estudantes universitários e seus escores no Fator F do 16PF
(sóbrio vs. despreocupado).
A abordagem experimental orientada "nomoteticamente"1 pode não ser apropriada
para o H-T-P. Como mencionado acima, as características essenciais da técnica, tais
como as respostas ao inquérito e comparações entre os desenhos, não estão incluí-
das neste tipo de pesquisa. Quase nenhuma característica dos desenhos do H-T-P
possui uma interpretação única; enquanto de modo inverso, uma dada característica
ou traço pode ser expresso no H-T-P de muitas formas. Cada protocolo pode ter um
foco diferente: uma pessoa pode expressar mais características dos desenhos rela-
cionadas à agressão, enquanto outra pode produzir mais características relacionadas
ao domínio do funcionamento do ego. Os julgamentos são feitos para propósitos
diferentes ou diferentes juízes podem chegar à mesma interpretação por diferentes
rotas. O caráter quase completamente não estruturado do H-T-P pode automatica-
mente impedir o desenvolvimento de provas estatísticas de validade em uma base de
ponto por ponto. Nenhum detalhe ou combinação de detalhes no H-T-P possui um
significado fixo ou absoluto. Tem sido observado convincentemente que o significado
atribuído por um indivíduo a um dado detalhe ou combinação de detalhes, ou método
de apresentação, é muitas vezes completamente diferente do significado simbólico
geralmente aceito. Os sinais qualitativos no H-T-P são vistos apenas como indicati-
vos, nunca tendo significância diagnóstica invariável. Obviamente, entretanto, quanto

1 Nomotético - Diz respeito ao estudo dos princípios e leis gerais.

147
 
 

 
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação

maior for o número de indicadores diagnósticos que apontem para algum desajusta-
mento específico, maior será a magnitude de seu desvio em relação à média, maior a
probabilidade de que o desajustamento sugerido esteja, de fato, presente. Uma inter-
pretação precisa de um detalhe só pode ser feita depois que suas relações com a
configuração sejam estabelecidas. Por isso, os clínicos criam novos constructos para
cada caso e fazem predições para combinações únicas de eventos. A utilidade da
técnica parece residir na sua capacidade de trazer materiais previamente não verba-
lizados ou não verbalizáveis na experiência partilhada entre o clínico e o cliente, de
modo que permita o estabelecimento de uma comunicação em um nível terapeutica-
mente significativo.
Dada a natureza do material do H-T-P, psicólogos clínicos e psiquiatras dinamica-
mente orientados acreditam que as abordagens experimentais convencionais para
testar a validade são muito simplificadas e ignoram os aspectos constitutivos mais
abrangentes das técnicas projetivas. A evidência empírica apropriada a ser compila-
da, de acordo com essa visão, compara as conclusões e diagnósticos feitos por equi-
pes hospitalares baseados nos exames do Rorschach por examinadores experientes,
análises às cegas de produções do H-T-P, as opiniões de psiquiatras ou psicólogos
intimamente familiarizados com os pacientes, e as opiniões de indivíduos com bom
auto-conhecimento sobre a precisão das deduções produzidas dos seus H-T-Ps. As
conclusões e diagnósticos baseados em protocolos completos do H-T-P deveriam ser
examinados no contexto de estudos longitudinais que incluem mudanças nos sujeitos
relatadas pela equipe, dados históricos e observações do comportamento.

148
 
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155
 
 

 
APÊNDICE
MATERIAL SUPLEMENTAR DE CASOS

Os estudos de casos apresentados neste capítulo referem-se aos desenhos apre-


sentados no capítulo 3, figuras 5 - 19. As interpretações apresentadas nessas análi-
ses são baseadas nos desenhos dos indivíduos e na familiaridade do autor em relação
aos materiais suplementares dos casos. Portanto, o leitor deve considerar as inter-
pretações específicas como exemplos das análises integradas de todos os aspectos
de um caso mais do que como tratamentos definitivos das características de dese-
nho descritas.

Sara (Figura 5)

Histórico
Sam, 19 anos de idade, vem de um lar com posição educacional, economica e
social relativamente alta. Ela é a mais velha de quatro filhos; os outros são considera-
dos normais. Sara teve um problema no nascimento que acarretou uma leve espasti-
cidade que afeta todas as extremidades, mas é muito mais pronunciada no lado
esquerdo. Quando ela tinha 8 anos era evidente que seu nível de inteligência estava
abaixo da média. Quando ela mostrou fortes sinais de rivalidade em relação aos
irmãos, foi enviada a uma escola particular de treinamento. Seus resultados em tes-
tes psicológicos nesta escola indicaram que ela deveria ser considerada como defi-
ciente mental. Quando ela tinha 15 anos, Sara tornou-se tão incontrolável que foi enviada
de volta para casa. Quando não podia ser mais controlada em casa, ela foi institucio-
nalizada.
Imediatamente após sua admissão, Sara teve um episódio psicótico agudo, recu-
sou-se a responder a qualquer tipo de interrogatório verbal e rejeitou todos os exa-
mes psicológicos formais, exceto a fase de desenhos do H-T-P. Seu comportamento
durante o primeiro ano de institucionalização foi o de um esquizofrênico catatônico.
Ela era agressiva e altamente negativista, e às vezes tinha que ser isolada para prote-

 
 

 
Apêndice

ção de si mesma e dos outros. O caso de Sara ilustra a possibilidade de se extrair


informações diagnósticas úteis de uma pessoa altamente perturbada e negativista.
Os desenhos de Sara são muito parecidos com os de esquizofrênicos retardados.

Tempo
O tempo gasto para a casa (1 ':30") e para a árvore (49") foi excessivo; e para a
pessoa (9':46") foi altamente patológico. O negativismo crescente de Sara foi forte-
mente acentuado pelo desenho da pessoa.

Comentários
Sara não apenas absteve-se de fazer comentários espontâneos durante a fase
dos desenhos, mas também recusou-se totalmente a responder ao inquérito.

Proporção
Cada desenho é muito pequeno em relação ao tamanho da página, indicando
fortes sentimentos de inadequação e tendências de afastamento muito fortes. A casa
parece quase desmoronando. A situação do lar de Sara está perdida e sua reação é
uma rejeição hostil à casa. O espaço em branco no desenho da árvore é usado para
indicar detalhes subentendidos, evidência de hostilidade, e a simetria absoluta dos
poucos detalhes mostrados sugerem insegurança. Os pés da pessoa, que estão vira-
dos em direções opostas, sugerem uma imobilidade ambivalente, enquanto os bra-
ços, estendidos para fora receptivamente, mostram uma necessidade de afeição e
proteção. Todos os três desenhos estão localizados no canto superior esquerdo da
página, um indicador marcante de regressão; e todos os três desenhos parecem estar
muito distantes do observador. Sara está quase inacessível.

Detalhes
O desajustamento sexual e/ou sentimentos de hostilidade em relação à família são
refletidos pela omissão da chaminé na casa; a falta de vidraças nas janelas sugere
hostilidade. O pobre controle motor de Sara enquanto desenhava a casa foi aparente-
mente causado pela forte emoção estimulada ao pensar em sua própria casa. No
desenho da pessoa faltam muitos detalhes essenciais, incluindo as características
faciais e o tronco. Isso reflete a negação de Sara de formas de contato sensoriais e
possíveis tendências auto-destrutivas. O último item desenhado para cada desenho
foi um item básico de contato - para a casa, a porta; para a árvore, a linha de base do
tronco; e para a pessoa, os pés. Isso indica uma marcante relutância em estabelecer
contato com a realidade. Há uma diminuição progressiva do contato com a realidade
com hostilidade manifesta cada vez maior; o negativismo aumenta em força quase
para franca rejeição.

Sumário
Já que Sara não respondeu ao inquérito, seus desenhos podem ser avaliados
como auto-retratos apenas. Como tal, eles revelam inacessibilidade, hostilidade e

158
 
 

 
Material suplementar de casos

negativismo individual agudos de quem se sente completamente inadequado para


lidar com o seu ambiente.

Marie (Figura 6)

Histórico
Marie, 15 anos de idade, tem um QI de 55. Seus pais estão separados há mais de
seis anos. Seu pai, que é cego, é sustentado pela previdência. Marie é a terceira em
uma família de seis filhos, cinco dos quais mantidos pela Assistência a Crianças De-
pAnrlAntA~ A pAl:::i r.nntrih11içi:ín vnli int~ri:::i rl:::i irmi:í m:::ii~ vAlh:::i. M:::iriA Á ~nlit~ri:::i A Al:::i
mesma precisa proporcionar suas atividades de recreação e de lazer - principalmen-
te escutando discos e observando através da janela. Ela gostaria de sair e de fazer
coisas sozinha, mas ela não tem amigos. Qualquer excursão externa, mesmo a uma
loja na vizinhança, torna-se uma expedição, porque Marie tem muito medo de sair
sozinha. Sua mãe fica ansiosa em relação a ela, porque Marie pode não se lembrar
do que ela começou a fazer.
Marie admira muito os meninos e gostaria de ter um namorado, mas este desejo
não se materializou. A mãe queixa-se de que Marie é tagarela em casa, mas quieta
como um túmulo fora de casa. Ela freqüenta uma escola secundária e está em uma
classe para retardados mentais. Ela não se interessa por programas de trabalho,
porque teme que o trabalho, como a escola, será uma experiência insatisfatória.

Proporção
O tamanho da cabeça no desenho da pessoa certamente reflete a consciência de
Marie de suas limitações intelectuais.

Detalhes
O detalhamento excessivo e a semelhança repetitiva no desenho da casa sugerem
uma concretude rígida. Marie, obsessivamente, preenche os espaços vazios, como
rlAfA~:::i r.nntr:::i n~ ~AntimAntn~ A irlÁi:::i~ rAprimirln~. A~ pA~~n:::i~, :::inim:::ii~ A j:::inAl:::i~ ~119A-
rem uma necessidade de contato social e medo da ansiedade quando sozinha ou ina-
tiva. O sinal vermelho no extremo direito sugere uma necessidade de controles externos.
O tamanho pequeno das árvores e a falta de raízes e da linha de solo sinalizam insegu-
rança e inadequação. A copa da árvore é superposta ao tronco e não realmente uma
continuação dele, indicando uma negação da energia e dos impulsos. As duas árvores
parecem refletir a extrema necessidade de Marie de pertencer a uma família ou a um
grupo e a ansiedade de ficar sozinha. O detalhamento glamouroso na cabeça da pes-
soa é outra indicação das tendências obsessivas de Marie.

Sumário
Marie parece se ocupar com muitos pensamentos obsessivos. Ela nega seus impul-
sos e, muito provavelmente, sua responsabilidade pelo comportamento inadequado

159
 
 

 
Apêndice

que causa desaprovação. Suspeita-se de um ambiente familiar rígido. A ênfase de


sua família no controle e os sentimentos de inadequação de Marie, com relação à
quantidade de ideação e impulsos que ela tem de conter, sugerem que tem sido
exercida pressão considerável para se conformar às doutrinas de sua família (De
Michal-Smith e Morgenstern, 1969).

Katherine (Figura 7)

Histórico
Katherine é uma mulher branca de 50 anos cuja história familiar inclui um primo-
irmão materno com esquizofrenia e uma tia materna diagnosticada com desordem
esquizoafetiva, do tipo depressivo. Katherine completou a décima série com 16 anos,
e então deixou a escola. Dois anos depois, ela se casou e teve um filho desse casa-
mento. Seis anos depois, ela se divorciou do marido e casou-se novamente quase
imediatamente. Seu segundo casamento também terminou em divórcio depois de 19
anos. O segundo marido era um alcoólatra crônico.
A infância de Katherine é descrita como sem acontecimentos. Porém, na ado-
lescência, ela foi apontada como tendo um comportamento nervoso, irritável, instável
e com explosões de raiva. Ela teve um pobre ajustamento social e escolar. Aos 35
anos, Katherine teve seu primeiro episódio maníaco. Ela foi hospitalizada em outras
quatro ocasiões em estado maníaco. Durante seu último período de internação, ela
foi estabilizada até um ponto em que pudesse ser colocada em um centro de cuidado
da família mantido pelo estado. Ela conseguiu uma licença como esteticista, mas não
era capaz de manter um emprego estável por causa da sua instabilidade, caracteriza-
da por falar excessivamente, flutuações do humor e produção variável no trabalho.
Os desenhos do H-T-P de Katherine foram feitos vários meses antes de ela ser entre-
gue aos cuidados da família, numa ocasião em que ela aparentava uma melhora
clínica considerável.

Comentários
Após desenhar a linha divisória vertical na árvore, Katherine disse, "Este lado da
árvore é primavera, este lado é inverno. Esta é minha árvore, eu sou assim, meio a
meio." A compreensão da realidade de Katherine está gravemente enfraquecida. Após
desenhar o cabelo na cabeça da pessoa, ela comentou, "Meu marido tem muito
cabelo loiro caindo em seus olhos. Eu devo ter confundido." Uma forte ligação com
seu marido persiste. Após desenhar as linhas inferiores da saia, ela riu e disse, "Este
é um hermafrodita. Eu fiz as características de um homem", indicando sexualidade
confusa. Ela continuou com, "Devemos por um chapéu de Páscoa nela? Isso deve
ser quando eu tinha meu cabelo curto", negando a identificação inicial e aceitando o
auto-retrato.
Katherine também escreveu comentários em todos os três desenhos. Ela tem uma
necessidade altamente patológica para definir as situações precisamente.

160
 
 

 
Material suplementar de casos

Proporção
A casa é pequena em comparação ao tamanho da página, refletindo inadequação
na situação no lar; a linha de solo incomumente longa sugere insegurança básica. A
árvore é muito grande, sugerindo um sentimento de constrição ambiental. As raízes
são pequenas em comparação ao tronco, indicando instabilidade básica em relação
ao futuro visto como duvidoso. As mãos e os pés da pessoa são muito pequenos,
provavelmente uma tentativa de demonstrar uma feminilidade básica.

Perspectiva
A casa situa-se no canto superior direito, uma localização pouco comum. Isto pode
refletir um desejo de suprimir um passado desagradável, com concomitante superva-
lorização do futuro ou uma necessidade de exercer forte controle intelectual e rejeitar
respostas emocionais. A casa está distante e levemente acima do observador, suge-
rindo que Katherine sente que a realização de seus objetivos é improvável. A árvore
está levemente cortada pela margem superior do papel, o que sugere uma tentativa
agressiva manifesta para assegurar satisfação. O desenho está localizado um pouco
acima na página, indicando um sentimento de esforço. A linha de solo inclina-se acen-
tuadamente para baixo e para a direita. O futuro pode estar sendo visto como perigoso
e a volta da doença é temida. As raízes da árvore são mostradas abaixo da linha doso-
lo, uma grave falha da realidade em alguém com o nível intelectual de Katherine. A pes-
soa está perfeitamente centralizada, um sinal de rigidez nas relações interpessoais.

Detalhes
A montanha atrás da casa é desenhada como um detalhe irrelevante pouco distan-
te ligado à casa, representando uma necessidade de segurança e proteção materna.
O reforço das linhas de contorno indica um sentimento de luta para manter a integri-
dade. O galpão à direita foi o último item desenhado. A ênfase moderada na fumaça
saindo da chaminé sugere uma necessidade de um lar caloroso e ansiedade ligada
ao lar. No desenho da árvore de Katherine, o balde de açúcar, o corte e a seiva
pingando da árvore são detalhes irrelevantes mais ou menos ornamentais. O simbo-
lismo sexual é óbvio. A linha divisória vertical simboliza a divisão bimodal e bissexual
de sua personalidade. As características do desenho da pessoa de Katherine são
alternativamente masculinas e femininas, refletindo sua confusão do papel sexual.
Os aspectos decorativos da roupa estão superenfatizados em enfeites narcisistas. O
corpo, mãos e pés são nitidamente femininos, numa tentativa de negar a figura como
um retrato de seu ex-marido e os aspectos bissexuais sugeridos pelas características
faciais. Os pés bastante sombreados sugerem ansiedade em relação à sua capacida-
de para obter e manter a autonomia.

Inquérito Posterior ao Desenho


Neste caso ela escreveu as respostas ao inquérito posterior ao desenho no proto-
colo, o que torna suas respostas contraditórias a todas as perguntas sucessivas mais
patológicas. À pergunta, "Como está o tempo neste desenho?", Katherine escreveu,

161
 
 

 
Apêndice

"Céu limpo com alguns flocos de nuvem despedaçados." À pergunta, "Quando você
olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no
mesmo nível do que você?", ela respondeu, "No mesmo nível", indicando que sua
tendência a apresentar idéias de auto-referência é muito forte. Katherine gostaria
muito de possuir essa casa. Ela teria sua mãe morando com junto ela (dois casamen-
tos fracassados são suficientes). Katherine identificou sua árvore como "Pinheiro,
bordo vermelho, bordo branco", uma superexpansão maníaca do conceito. Quando
perguntada se a árvore era um homem ou uma mulher, ela primeiro respondeu: "Sem
sexo", depois escreveu, "Mulher", e disse que ela era feminina, "Porque um bordo 1
produz seiva de açúcar na primavera." Ela identificou o balde de seiva como "Deus
em pessoa, ou uma visão do céu", uma resposta patológica. A árvore é da sua idade,
localizada no pátio da casa de seu psiquiatra, refletindo sua relação subjetiva depen-
dente. A pessoa é Katherine aos 25 anos, em um desfile de páscoa. Essa foi a época
da lua-de-mel de seu segundo casamento, anterior aos graves colapsos mentais.
Quando perguntada como se sentia em relação a seu desenho da pessoa, Katherine
disse, "Bem, porque sou eu." Está presente ainda uma melhora do humor e o egocen-
trismo é óbvio. De modo geral, as respostas de Katherine ao inquérito indicam uma
pobre compreensão da realidade. As associações de Katherine para todos os três
desenhos revelaram um desejo saudoso e intenso de retornar aos dias mais felizes e
mais estáveis de sua infância, adolescência e início da idade adulta.

Sumário
A inspeção qualitativa mais casual revela que Katherine não está se comportando
eficientemente. Ela ia bem até o ponto em que contaminou a casa com o galpão, mas
a qualidade do conteúdo dos desenhos a partir daí, ainda que os desenhos em si
fossem executados de modo capaz, foram muito desviantes para alguém que se es-
pera que pudesse ter um ajustamento satisfatório a longo prazo fora do hospital. Os
desenhos de Katherine mostram uma compreensão diminuída da realidade e confu-
são no papel sexual expressa de uma forma manifesta. Eles revelam sentimentos,
expressos simbolicamente e com acentuada clareza, de ser dominada por intensa
emoção, cujo tom pode variar amplamente. Uma percepção fortemente pessimista do
futuro pode ser vista. Katherine apresentou uma "expansão anormal da expressão",
necessidades fortes de segurança, afeto e independência, certo grau de deterioração
mental orgânica e fortes sentimentos de auto-referência.

Gary (Figura 8)

Histórico
Este homem de 40 anos, branco e solteiro é o quarto de sete filhos. Os outros são
considerados normais. Nascido na Virgínia, Gary foi institucionalizado pela segunda

1 Eordo - árvore cerácea nativa da América do Norte, que uma vez ferida, dela escorre uma seiva rica em açúcar, que
pode ser extraída.

162
 
 

 
Material suplementar de casos

vez antes da aplicação do seu H-T-P. Entre as duas hospitalizações, ele recebeu, por
duas vezes, tratamento para alcoolismo. Seu ambiente, social e economicamente,
era elevado. Entretanto, sua mãe muito tolerante e protetora anulou todos os esforços
de seu pai para prepará-lo adequadamente para a vida adulta. Gary se formou no
ensino médio no período normal e freqüentou uma universidade por vários semestres.
Ele nunca se sustentou. Ele diz, "Eu nasci um cavalheiro - só um tolo trabalharia."
Desde seus 6 anos de idade, quando teve encefalite, ele se tornou progressivamente
mais anti-social. Ele reagiu violentamente à morte de sua mãe, 16 anos atrás, e foi
institucionalizado depois de ameaçar matar o seu pai. Recentemente, ele se tornou
alcoólatra fora da instituição. Parece que ocorreu uma deterioração orgânica.

Atitude
Gary expressou livre e claramente sua completa aversão durante toda a tarefa.
Trabalhar é detestável para ele.

Comentários
Os poucos comentários que Gary fez enquanto desenhava indicaram o reconheci-
mento de sua inadequação, com alguns sentimentos de frustração diante de sua
incapacidade de fazer melhor - uma impotência associada à lesão cerebral orgânica.
Enquanto Gary desenhava a pessoa, ele começou uma narração longa, irrelevante,
mas bem ordenada, de sua viagem à New York World's Fair. A disparidade acentuada
entre a qualidade conceituai de seus comentários verbais e a de seus desenhos, a
favor dos comentários verbais, sugere presença de lesão cerebral orgânica.

Proporção
A porta e as janelas da casa são muito pequenas em relação à parede em que
elas aparecem, indicando inacessibilidade e falta de interesse pelos outros. A árvo-
re é pequena em comparação ao tamanho da página, simbolizando o sentimento de
inadequação de Gary. A desproporção em todo o desenho da pessoa é geral, óbvia
e grande. É uma caricatura grotesca de uma pessoa próxima e das pessoas em
geral.

Perspectiva
A desorganização da relação espacial dos detalhes ilustra a segmentação da apre-
sentação dos detalhes, o que, quase sempre, indica um distúrbio orgânico. Na casa,
por exemplo, a porta está localizada bem acima dos degraus; a porta está colocada
levemente acima das janelas; o telhado que é descrito como cobrindo a porta, é apre-
sentado abaixo da porta; e a chaminé está suspensa acima do telhado. Os galhos da
árvore não estão ligados ao tronco, e nunca estão ligados entre eles. A pessoa tem
braços que não se unem ao tronco. A localização da casa e da árvore no canto supe-
rior esquerdo da página indica regressão e insegurança básica. Suspeita-se de que a
pessoa seria colocada na mesma localização, mas pelo fato de que a pessoa, como
ocorre com muitos psicopatas, gerou uma reação hostil, agressiva, a qual permitiu ou

163
 
 

 
Apêndice

produziu um outro tipo de localização. A diminuição considerável da capacidade críti-


ca sugere distúrbio orgânico, uma vez que Gary não é psicótico.

Detalhes
As janelas da casa não possuem vidraça, indicando hostilidade e possível erotismo
oral e/ou anal. A porta e os degraus foram os últimos itens desenhados: Gary determina
os termos nos quais ele estabelecerá contato. O desenho da árvore, inclui uma área
fortemente sombreada na parte superior do galho inferior esquerdo. Ao ser pergunta-
do, Gary disse que aquilo simbolizava a morte de sua mãe. No desenho da pessoa, a
boca e os braços foram os últimos itens desenhados. Os modos de expressão hostis
foram omitidos até o último instante. Ao fazer a pessoa como uma "figura palito", Gary
agride o examinador e as pessoas em geral. O controle motor pobre e a força excessiva
foram exibidos em cada desenho, sugerindo presença de lesão orgânica.

Inquérito Posterior ao Desenho


A casa de Gary o faz lembrar, entre outras coisas, de suas muitas rodadas de
bebida. Degradando a si mesmo, ele expressa agressão contra a sua família. É uma
pequena casa de colonos dentro da fazenda de seu pai, aonde ele foi muitas vezes
para ficar sóbrio. Mais uma vez, Gary humilha sua família pela autodegradação.
Garry descreveu sua árvore como delicada, precisando de muita atenção e cuida-
do pessoal. Isso reflete seus sentimentos de que ele merece cuidados especiais e
dedicados dos outros e de que uma existência parasita é seu direito. Em justificativa
ao seu comentário de que a árvore parecia-se mais com uma mulher do que com um
homem, ele disse, "O cabelo no alto da cabeça ou embaixo dos braços e outros
lugares." Para alguém de seu nível de inteligência e ambiente cultural, tal afirmação
é fortemente sugestiva de deterioração intelectual e confusão psicossexual. Ele disse
que o tempo, no desenho da árvore, estava muito frio: Um vento muito forte estava
soprando e, provavelmente, danificaria a árvore. Ele simboliza um ambiente frio, hos-
til e opressivo. Enquanto era questionado no inquérito posterior ao desenho, Gary
escreveu "Elberta" embaixo de sua árvore, demonstrando uma necessidade compul-
siva de estruturar a situação. Este é um pessegueiro - apesar do fato de seu pai ter
aproximadamente 10.000 macieiras - uma expressão sutil do sentimento livremente
verbalizado por Gary, de que ele não faz parte do mesmo rebanho. Isso revela, tam-
bém, sua confusão psicossexual, já que os pessegueiros costumam ser vistos defini-
damente como femininos.
A pessoa de Gary o fez pensar, entre outras coisas, em um amigo com quem ele
teve uma briga uma vez e cujos olhos ele deixou roxos, depois disso, era mais fácil
distinguir o amigo de seu irmão gêmeo. Gary desejava convencer alguém de fora
da família de que ele era fisicamente perigoso. Na verdade, ele tem sido protegido
dos outros pacientes. A pessoa é um amigo em estado de "delirium tremens', gri-
tando por cerveja, enquanto Gary, estava fora da vista, também esperando por cer-
veja. A conclusão é que Gary bebe como um cavalheiro. Isso também representa
uma agressão contra um homem que não está no hospital como Gary. Em geral, o

164
 
 

 
Material suplementar de casos

inquérito de Gary era temperado com comentários espontâneos, irrelevantes e ex-


tensos. Ele constantemente tentava impressionar o examinador com sua grande
amplitude de informações.

Sumário
O H-T-P de Gary revela muitas características tipicamente encontradas nos dese-
nhos de indivíduos com deterioração mental orgânica. Todos os três desenhos são
desorganizados. As relações relativas à proporção e à posição dos detalhes estão
distorcidas e seu senso-crítico é muito inferior. Ele mostra pobre controle motor. A
árvore é pequena, tortuosa e unidimensional. Fortes sentimentos de violência e des-
trutividade, acompanhados de uma pobre compreensão da realidade são evidentes.
Há sinais de desajustamento sexual e de sentimentos fortemente hostis em relação a
pessoas por quem ele mantém um mal disfarçado desprezo, cuja expressão verbal
direta e livre freqüentemente lhe tem causado dificuldades. Outros aspectos dos de-
senhos de Gary incluem reflexos de sua incapacidade para estabelecer relações du-
radouras, responsáveis, compartilhadas e afetuosas, e hostilidade em relação a sua
família tão forte que ele está disposto a degradar a si mesmo, se, ao fazer assim, ele tam-
bém puder degradar seus parentes. Idéias de perseguição e ilusões de grandeza
também estão indicadas.

Marlene (Figura 9)

Histórico
Marlene, 35 anos, nasceu em uma região rural de Virgínia, e é a quarta de sete
filhos. Suas condições econômicas e sociais eram de classe média baixa. O histórico
de sua família era negativo em relação a doença e deficiência mentais. Marlene com-
pletou o ensino médio no período de tempo médio, sem repetir nenhum ano e entrou
em um curso de treinamento de enfermagem num hospital metropolitano. Ela parou
depois de quatro meses de trabalho experimental para se casar com um taxista, que
tinha sido casado e ser divorciado uma vez antes. Depois do casamento, ela traba-
lhou como balconista em diversas farmácias. Sua vida conjugal foi tempestuosa. Para
começar, ela renunciou à religião de sua família (Batista Primitiva) para se juntar à
igreja de seu marido (Católica Romana). Seu marido, cuja aparência ela descreveu
como um tipo de deus norueguês, era flagrante e freqüentemente infiel. Ela queria
filhos; ele não. Ela teve dois abortos e, para seu grande desapontamento, nunca deu
a luz a uma criança viva. Três anos antes, ela se divorciou de seu marido com base no
adultério. Desde então, sempre que ele vem visitá-la, o que é freqüente, ela se abor-
rece, porque ela ainda está fortemente atraída por ele. Três dias antes da aplicação
do H-T-P, seu marido a visitou e encorajou-a a fugir com ele; essa visita ocorreu,
quando Marlene tinha quase decidido se casar com outra pessoa. Aquela noite ela
tomou uma overdose de fenobarbital, mas as circunstâncias em que ela o fez, era
quase certo que seria descoberta antes de que a morte pudesse ocorrer. Seu psiquiatra

165
 
 

 
Apêndice

pediu um exame psicológico para ajudar a determinar a estrutura e a dinâmica de sua


personalidade.

Atitude
Marlene apresentava uma tendência progressiva para o abandono, demonstrando
tendência à fatigabilidade e negativismo crescente. Ela rapidamente se afastou da
situação de tarefa, imediatamente após completar cada desenho.

Tempo
O tempo razoavelmente longo gasto para a casa (6':35") sugere que o lar seja uma
área de conflito para Marlene. Houve uma pausa incomumente longa para a chaminé,
provavelmente um reflexo do conflito sexual. O tempo gasto de 6':48" para a pessoa
é longo, sugerindo conflito nas áreas interpessoais e intrapessoais. A pausa anormal-
mente longa antes de desenhar as características faciais indica uma relutância para
produzir um auto-retrato.

Rasuras
Cada desenho foi apagado ocasionalmente, mas poucas vezes para corrigir. O reco-
nhecimento das falhas de Marlene indica uma capacidade intelectual básica mediana,
mas sua incapacidade de melhorar mostra a presença de um funcionamento depressivo.

Comentários
Antes de desenhar a chaminé, ela comentou que a casa parecia com uma prisão.
Isso pode expressar uma afeição por seu marido que a prende. Imediatamente de-
pois de rejeitar a chaminé, ela disse que a casa não lhe parecia certa, parecia-se mais
com um celeiro do que com uma casa. Os celeiros não têm calor e seu papel domés-
tico em muitos aspectos se assemelhava com o de um animal doméstico. Antes de
desenhar a estrutura de galhos da árvore, Marlene comentou que a árvore não dava
frutos. Isso reflete os fortes sentimentos de inadequação produzidos por sua pseudo-
esterilidade. Enquanto desenhava as características faciais da pessoa, Marlene co-
mentou, "Ela parece como se estivesse morta". Em outra hora, ela disse que preferiria
antes estar morta do que perder o seu marido, mas, para que ela voltasse para ele,
ela também precisaria estar morta.

Proporção
As características do desenho da casa apresentam disparidades de proporção
incomuns entre as medidas verticais e horizontais, com predomínio das horizontais,
indicando que a casa tem importante significado temporal no campo psicológico e é a
fonte de satisfação elementar.

Perspectiva
A apresentação da casa de frente sugere um desejo de reprimir a expressão do
sentimento verdadeiro. A organização é pobre. A casa parece que vai desabar,

166
 
 

 
Material suplementar de casos

simbolizando claramente os sentimentos de Marlene de ser esmagada pelos proble-


mas domésticos. A árvore está cortada pela margem superior direita. Marlene pode
ter uma tendência para buscar satisfação futura na fantasia. O uso de indicação ape-
nas sugerida dos galhos está próxima de ser contaminada pelo uso de rabiscos indi-
cando folhas. Isso parece mostrar uma incapacidade para planejar logicamente, e
simboliza os sentimentos de desorganização de Marlene. Os pés da pessoa estão em
uma posição incomum, sugerindo que Marlene sente que precisa exercer um esforço
consciente para se manter deprimida. Todos os três desenhos estão centralizados na
página em relação ao eixo láteral, indicando rigidez e tensão generalizadas. Eles
estão acima do centro do eixo vertical, sugerindo sentimentos de esforços inúteis.

Detalhes
A chaminé, um detalhe essencial do desenho da casa, foi desenhada em várias
posições e, finalmente, apagada, indicando conflito sexual. As rasuras fortemente
patológicas da chaminé sugerem que, para Marlene, conflitos graves são estimula-
dos por esse símbolo fálico. O reforço das linhas sugere que Marlene encontra dificul-
dade em manter o controle nas situações intrafamiliares.
A pessoa foi apresentada totalmente de frente e nua, ainda que sem as caracterís-
ticas sexuais, o que pode refletir conflito sexual e um sentimento de desamparo. A
~P.qiiÂnr.i:::i rlP. rlP.t:::ilhP.~ Á nitirl:::imP.ntP. p:::itnlngir.:::i A~ pP.rn:::i~ P. n~ pÃ~ fnr:::im rlP.~Anh:=i-
dos primeiro, depois o tronco e as características faciais por último. Esta seqüência
sugere um forte conflito relativo ao corpo e marcada relutância em ser identificado. A
ênfase exagerada nas linhas do tronco, coxas e pernas sugere que Marlene está
bastante consciente de seus impulsos sexuais, que ela reprime com dificuldade, e
que lhe causam fortes sentimentos de culpa. A qualidade acentuadamente vacilante
das linhas em cada desenho reflete a indecisão e ambivalência generalizadas de
Marlene.

Inquérito Posterior ao Desenho


 árvore era do tipo que perde as foihas e estava no quintai de sua casa paterna,
refletindo o desejo ardente de retornar ao status infantil. Marlene descreveu a pessoa
como saindo da banheira e esperando para colocar as roupas - as quais ela não tem
em uma quantidade suficiente. Isto sugere sentimentos de abandono, dependência e
empobrecimento. Perguntas posteriores revelaram que Marlene se ocupava em ba-
nhos rituais. A identidade foi rigidamente restrita a si mesma. Marlene riu ocasional-
mente enquanto cada desenho estava sendo discutido, mas seu riso era uma tentativa
melancólica de aliviar a tensão. Sempre que questões sexuais eram discutidas, ela se
tornava inquieta e apresentava vários sinais claros de ansiedade. Seu contato com a
realidade era extremamente precário, e seu funcionamento intelectual estava diminuído
por fatores emocionais. A introspecção é acentuada. Houve forte perseveração, em
assuntos sobre ela mesma, sua situação presente, seu marido, e seus sentimentos
de frustração por sua incapacidade de manter o marido e ter um filho. Uma séria de-
pressão do humor persistiu todo o tempo. Apesar da tentativa de suicídio suposta-
mente não ter sido genuína, Marlene estava definidamente deprimida.

167
 
 

 
Apêndice

Sumário
Marlene exibe desajustamento sexual com uma forte necessidade de satisfação
sexual e fortes sentimentos de culpa concomitantes. Seus desenhos indicam ansie-
dade e depressão, e sentimentos esmagadores de frustração, para a satisfação dos
quais ela sente que é inútil se esforçar. Uma tendência a se afastar da realidade é
também exibida. O comportamento obsessivo-compulsivo de Marlene parece ser a
sua maneira de lidar com suas fortes necessidades de segurança e estabilidade.

Morris (Figura 1O)

O material do caso de Morris é apresentado na seção de Ilustrações de Casos do


capítulo 3.

Curtis (Figura 11)

Histórico
Curtis é um rapaz de 23 anos, branco e o segundo de quatro filhos. Sua mãe é uma
mulher dominadora e agressiva; seu pai é submisso e ausente. O irmão mais velho de
Curtis apresenta muitas características esquizóides. Curtis formou-se na faculdade
há quatro anos e agora é um instrutor universitário. Ele sempre se orgulhou de suas
realizações literárias, habilidades artísticas, bom gosto e físico esplêndido (este últi-
mo era ilusão). No exército, durante a Segunda Guerra Mundial, ele serviu no Teatro
Mediterrâneo de Operações, onde adquiriu uma vasta coleção de fotos pornográfi-
cas. Sua primeira experiência homossexual foi no exército. Desde então, ele teve
mais de 50 amantes homossexuais. Recentemente, ele ficou profundamente ligado a
um autor bem conhecido. Ele tinha tido apenas uma experiência heterossexual antes
de se casar, há dois anos, com uma mulher aproximadamente 1O anos mais velha;
uma mulher que é muito convencional, socialmente estereotipada e carente de afeto.
Depois de três meses Curtis parou de tentar obter um ajustamento heterossexual
satisfatório. Quando estes desenhos do H-T-P foram feitos, ele estava pretendendo
seriamente a separação de sua esposa. Outra característica proeminente de Curtis é
o seu grande apetite sensual; tentativas para satisfazer este apetite têm dominado a
sua vida. Às vezes, ele mostra momentos de insigths muito dolorosos.

Atitude
No início, houve incredulidade surpreendente e, no final, algum negativismo.

Comentários
Curtis exibiu emotividade suspirando antes de desenhar a árvore e a pessoa.

168
 
 

 
Material suplementar de casos

Proporção
A casa é pequena em comparação com a página, indicando a inadequação de
Curtis para situações do lar em geral e rejeição de s.eu status marital em particular. ~4o
desenho da árvore, a estrutura dos galhos é muito grande em proporção ao tronco,
sugerindo que a busca de satisfação de Curtis coloca em perigo o equilíbrio de sua
personalidade. Quando ele desenhou a pessoa, Curtis inicialmente desenhou uma
cabeça grande com olhos hostis e penetrantes, e uma boca grande, sensual, exibindo
uma insistência negativista para fazer apenas o que lhe agradasse. Quando o exami-
nador repetiu o instrução original para que ele desenhasse a pessoa inteira, Curtis
apagou a cabeça grande e desenhou uma figura relativamente muito pequena, o que
sugere um sentimento de inferioridade em suas relações interpessoais, presumivel-
mente aumentado por seu presente desajustamento conjugal.

Perspectiva
A casa está localizada no alto da página, comunicando um sentimento de luta por
um objetivo aparentemente inatingível. Ela está acima e distante do observador, sina-
lizando o forte desejo de Curtis de se afastar e permanecer distante em isolamento.
A casa parece estar suspensa no ar; o que pode expressar urna supervalorização dó
abstrato com uma concomitante tendência para rejeitar os aspectos mais mundanos
da vida. A chaminé está ligada à lareira de seu quarto, acima da varanda. Ele encon-
tra mais calor nas situações dos quartos, mas ele precisa de calor artificial em sua
atual vida de casado. A coluna da varanda à esquerda é transparente. A emotividade
de Curtis está definidamente deprimindo sua eficiência intelectual. A árvore parece
estar tombada, indicando que Curtis pode estar consciente da desorganização poten-
cial de sua personalidade. A ênfase exagerada na estrutura dos galhos à direita pode
indicar uma supervalorização do futuro e ênfase exagerada na necessidade de con-
trole intelectual dos potentes impulsos emocionais. O sombreamento pesado em toda
a árvore assinala a presença de ansiedade generalizada. A pessoa, aparece empur-
rando um pé para frente hesitantemente, como se estivesse testando a temperatura
da água antes de mergulhar nela, o que pode refletir uma reação de "criança queima-
da" às relações interpessoais infelizes. As calças parecem ser transparentes e mos-
tram um shorts, refletindo preocupação sexual com tendências exibicionistas.

Detaihes
As grandes nuvens nos fundos da casa indicam ansiedade generalizada modera-
da. A ênfase exagerada nas janelas sugere fixação por orifícios. Há um número inco-
mum de janelas em seu quarto - o cômodo acima da varanda. Isso pode ser um
reflexo de tendências exibicionistas. Nenhuma porta é vista. Curtis disse que a porta
ficava à esquerda da varanda, um sinal de que ele estabelece contato em seus próprios
termos. No desenho da pessoa, as linhas muito sombreadas no nível do quadril, se-
gundo Curtis, são "bolsos" e podem ser vistas como sinais de conflito sexual. Os pés
são fortemente sombreados, sugerindo ansiedade referente à mobilidade. Ele se sen-
te preso em uma armadilha como um marido. A cabeça foi último item desenhado,

169
 
 

 
Apêndice

evidência de uma relutância para identificar o que ele mais tarde chamou de auto-
retrato, consciência do corpo definida, e uma tentativa de negar os impulsos da fanta-
sia. As mãos estão precariamente desenhadas, o que pode refletir um sentimento de
incapacidade para lidar com o ambiente ou uma possível fonte de culpa.

Inquérito Posterior ao Desenho


As associações de Curtis para a casa e a árvore foram acima da média em quali-
dade e revelaram uma grande amplitude de interesses. Curtis disse que a casa era
"realizadora de desejos". Curtis já viu esse pinheiro em uma pequena ilha do Mediter-
râneo e admirou-a por sua recusa a sucumbir aos elementos. O vento tem obviamen-
te no mínimo a força de uma ventania. De certa forma, isto simboliza a recusa dele em
se submeter às pressões sociais exercidas contra as suas atividades sexuais des-
viantes. Seu comentário sobre a pessoa foi: "Na maioria das vezes, eu gostaria de
poder desenhar melhor do que desenho, particularmente figuras humanas - assim eu
me sentiria mais agradecido com as pessoas quando elas me elogiam por minha
arte." Essa auto-avaliação é excessiva. Em resposta à pergunta, "É um homem, ou
uma mulher?", ele respondeu veementemente, "Obviamente um homem!", uma su-
gestão de que ele não está muito certo em relação a sua própria masculinidade. À
pergunta, "Quem é esta pessoa?", ele disse, "Eu- em roupas baratas, que é o que eu
gosto." Curtis rejeita convenção. Ele continuou com, "Roupa de qualidade inferior
indica mente de qualidade inferior." Essa observação, embora ilógica, indica que ele
pode duvidar de que é quase o gênio que pretende ser. A pessoa era o próprio Curtis
e não poderia ser ninguém mais. Os conceitos de Curtis são não convencionais, for-
temente subjetivos e possuem valência positiva para ele. A qualidade de sua organi-
zação e apresentação desses conceitos, entretanto, declinou nítida e progressivamente
à medida em que ele se tornava crescentemente emotivo e negativista.

Sumário
Curtis exibiu forte conflito no papel sexual e tendências narcisistas eróticas exibicio-
nistas orais e anais. Ele retratou sentimentos quase intoleráveis às pressões ambien-
tais e de grande esforço contra a tendência de obter satisfação emocional imediata.
Uma ansiedade fortemente generalizada é evidente. Curtis expressou uma tendência
para ver a convenção e os que a seguem com desprezo. Ele demonstrou uma forte
necessidade de autonomia, realização e criatividade.

Kevin (Figura 12)

Histórico
Kevin, graduado em uma escola de ensino médio, tem um IQ total de 121 no
Weschler-Bellevue Forma 1. Ele nunca se manteve muito acima de um nível econômi-
co marginal até pouco antes deste exame, quando começou a vender seguro de vida.

170
 
 

 
Material suplementar de casos

Uma vez que a ameaça de um supervisor, presumivelmente um pai substituto, foi


removida, Kevin estava bem. Embora ele fosse casado, ele nunca teve um ajusta-
mento sexual satisfatório, atribuindo isto à incapacidade física de sua mulher. Ele
reclamou de fadiga crônica, ansiedade difusa, baixo limiar de resistência à frustração
e muitas outras queixas somáticas menores. No exame psicológico, foi descoberto
que ele é propenso a procurar na fantasia as satisfações negadas a ele na realidade.

Comentários
Após fazer os galhos da árvore, Kevin comentou, "Eu estou mais interessado pelas
árvores mortas do que pelas vivas; isso está certo?" Ele reconhece a morbidez de seu
interesse, o que pode também indicar tendências autodestrutivas moderadas. Antes
de desenhar a pessoa, ele perguntou, "A pessoa toda? Deve ser semelhante a uma
pessoa viva? Eu tenho um personagem especial que eu gosto brincar." Ele, então,
disse que já havia o desenhado muitas vezes, mas nunca abaixo da cintura. Aqui,
Kevin mostra indecisão e conflito social. A área perturbadora da pélvis havia sido
evitada até então.

Proporção
A árvore é bastante grande em comparação ao tamanho do papel, sugerindo que
Kevin possa se sentir constrito pelo e em seu ambiente.

Perspectiva
A casa está localizada próxima ao canto superior esquerdo. Isto pode indicar uma
reação imatura ao lar. A árvore está localizada um pouco alta na página, sugerindo
sentimentos moderados de esforço. Ela se inclina para a direita. Kevin pode estar
demonstrando uma tentativa de reprimir o passado e de supervalorizar o futuro, como
uma fonte de satisfação e pode sentir-se incapaz de obter satisfação emocional no
seu ambiente. A pessoa está quase no centro da página, indicando rigidez e insegu-
rança básica em situações psicossociais. Kevin, depois, explicou que o movimento da
pessoa era uma reação de medo pela visão da passagem de algumas meninas. Um
certo grau de desajustamento sexual é indicado.

Detalhes
Não há chaminé na casa. Esta omissão, que não pode ser explicada pela inferiori-
dade intelectual, sugere falta de calor no lar ou conflito sexual. Os degraus são de
qualidade inferior, ilustrando que Kevin é um pouco inacessível. A barra desenhada
na frente da entrada indica relativa inacessibilidade ou rejeição da casa como uma
habitação tanto do passado como do presente. O caminho está incompleto e hesitan-
te, indicando apenas relativa inacessibilidade. Duas árvores e um arbusto foram de-
senhados ao lado da casa. Eles representam simbólica e realmente, da esquerda
para a direita, o pai, o irmão e a mãe do paciente. A mãe é a mais distante. As janelas
foram desenhadas numa seqüência incomum. A segunda da esquerda, no segundo

171
 
 

 
Apêndice

andar, foi desenhada por último. Associações muito desagradáveis resultaram pri-
meiro em uma recusa temporária em representar esse quarto e depois na sua desva-
lorização quando foi desenhado. A janela desse quarto possui barras como vidraças.
Kevin pode se sentir aprisionado nele. Duas cicatrizes foram desenhadas no tronco
da árvore. Para Kevin, a cicatriz mais perto da base do tronco simboliza a morte de
uma colega quando Kevin tinha quatro anos; a cicatriz mais acima simboliza o trauma
psíquico que ele experimentou aos 15 anos de idade, quando seu irmão morreu. Há
uma linha de solo saliente, mas não enfatizada, sugerindo insegurança básica. A
boca da pessoa e o charuto estão enfatizados, indicando uma forte preocupação oral.
Os detalhes ornamentais das roupas são enfatizados, o que pode refletir auto-apre-
ciação narcisista com auto-embelezamento compensatório. O nariz, o charuto e a
gravata, todos considerados como substitutos de objetos fálicos, são enfatizados,
sugerindo algum desajustamento sexual.

Inquérito Posterior ao Desenho


Kevin e seu irmão viveram momentos infelizes nesta casa durante o começo da
infância, depois de sua mãe abandoná-los, e de seu pai deixá-los para procurar em-
prego. A valência negativa é forte. A árvore está no pátio da casa em que Kevin teve
experiências agradáveis. Isso pode ser visto como um desejo de retorno ao papel da
infância dependente e sem responsabilidades. Kevin disse que sua árvore parecia
ser mais feminina do que masculina, e o fez pensar em sua mãe morta, desde que ela
abandonou a sua família, quando Kevin tinha 9 anos. Aqui, Kevin está expressando,
de fato, uma necessidade de cuidado materno. Kevin, inicialmente, disse que a sua
árvore estava morta, um reflexo de fortes sentimentos de inadequação com depres-
são; porém, depois, ele corrigiu dizendo que a árvore estava viva, mas não era sadia,
nem forte. Ele é capaz de ver o futuro como não completamente ruim. Quando per-
guntado, em relação à pessoa, "Como ele se sente?", Kevin disse, "Ele deveria se
sentir bem, porque ele é considerado ser do tipo embriagado." Esse comentário pare-
ce ser uma rejeição do estado atual de Kevin. A caricatura é "Oscar, um cowboy da
farmácia que está drogado." Kevin apresenta inflação do ego pela desvalorização da
outra figura. Oscar fica vendo as garotas passarem. O comentário de Kevin, "Está
tudo em sua cabeça", reflete sentimentos de inadequação sexual, com componentes
de voyeurismo. Oscar "sonha acordado, como eu - eu ficaria na esquina admirando
como minha mulher estava; o que estaria se passando em casa." Kevin demonstra
ansiedade acerca de sua relação conjugal e a tendência a usar a fantasia como fonte
de satisfação.

Sumário
O uso excessivo de detalhes sugere clara preocupação com aspectos superficiais
da vida diária e com o que os outros pensam dele. O número elevado e incomum de
elementos usado para a casa indica que supostamente a sua maior dificuldade no
presente é seu ajustamento conjugal insatisfatório. Kevin exibe grave desajustamen-
to sexual, produzindo ansiedade dolorosa. Seus desenhos do H-T-P refletem uma

172
 
 

 
Material suplementar de casos

tendência a evitar relacionamentos interpessoais sempre que possível e a agir de


modo rígido e indeciso em relações inevitáveis. Ele mostrou grande necessidade de
seguiânça, afeto, masculinidade, rnalização e autonomia, acompanhada de urn sen-
timento de que seu ambiente é frio, constritivo e não satisfatório e que é inadequado
para lidar com ele. Kevin tenta reprimir o passado e supervaloriza o futuro, como fonte
de satisfação. Seus desenhos indicam uma tendência para procurar satisfação na
fantasia.

Dennis (Figura 13)

O material do caso de Dennis foi apresentado na seção de Ilustrações de Casos


do capítulo 3.

Paul (Figura 14)

O material do caso de Paul foi apresentado na seção de Ilustrações de Casos do


capítulo 3.

Phiiiip (Figura 15)

Histórico
Phillip, um rapaz branco de 22 anos, é filho único do segundo casamento de seu
pai. Ele tem quatro meio-irmãos; um falecido. O meio-irmão mais novo é 14 anos
mais velho do que Phillip. O nível sócio-econômico de Phillip é médio. Seus pais são
um casal bem ajustado apesar do fato de sua mãe ser aproximadamente 20 anos
mais nova do que seu pai. Phillip serviu durante três anos na Força Aérea e, no
momento, está na faculdade. Ele se ajusta facilmente a situações sociais e é essen-
cialmente amigável. Ele tem tentado compensar seus sentimentos de inferioridade e
autoconsciência, por causa da sua altura incomum (1,97m), adotando uma máscara
extrovertida. Ele apresenta uma necessidade levemente neurótica de estruturar total-
mente as situações, mesmo quando conta simples piadas. Ele gosta do papel de
iconoclasta2 e defende, obstinadamente, teorias não convencionais, mas de forma
capaz. Ele tende a ser atraído pelo concreto e tangível e a ser repelido pelo abstrato
e pelo intangível. Seu egocentrismo moderado e temperamento relativamente rápido,
às vezes, têm lhe causado alguns problemas. Ele está para se casar.

2 Iconoclasta - aquele que quer destruir imagens ou ídolos, que não respeita tradições.

173
 
 

 
Apêndice

Atitude
Durante todo o exame, Phillip tentou parecer cinicamente divertido; no fim, ele
achou a tarefa um pouco perturbadora.

Comentários
Os comentários de Phillip enquanto desenhava a pessoa revelaram sua sensibili-
dade em relação a sua altura e mostraram sua tendência para agir como iconoclasta.

Tempo
O tempo despendido para a casa, 10':30", é um pouco excessivo. Isso reflete a
forte valência positiva que esta casa tem para Phillip. Houve uma pausa de 2 minutos
antes que ele desenhasse a estrada e o caminho. Phillip não pôde negar a forte
atração de um passado menos exigente. Para o desenho da pessoa, durante uma
latência inicial de 85 segundos, Phillip reprimiu seu impulso original de desenhar Schmoe,
um personagem dos desenhos animados que nunca é desenhado inteiro. Isso reflete
uma insegurança básica e uma necessidade de desvalorizar os outros. O tempo total
gasto por ele de 16':30" foi definidamente excessivo.

Proporção
A porta da casa é um pouco menor do que a média, indicando resistência em
estabelecer contato com os outros. A estrutura de galhos da árvore é um pouco gran-
de em proporção ao tronco, sugerindo esforço um pouco exagerado. O braço da
pessoa é um pouco longo demais, refletindo, talvez, sua auto-consciência.

Perspectiva
A casa está no centro horizontal da página, indicando rigidez moderada, e um
pouco abaixo em relação ao centro vertical, sugerindo uma depressão moderada.
Quando esta casa foi desenhada, Phillip não sabia se conseguiria fazer esta casa ou
não. A janela do banheiro está colocada, de uma maneira um pouco diferente, acima
das outras quatro janelas no mesmo andar, sugerindo modéstia excessiva. O som-
breamento da árvore ultrapassa ocasionalmente a linha periférica, sugerindo inibição
e ansiedade generalizada moderadas. A árvore está no centro do eixo vertical, evidência
da presença moderada de esforços. Esta pessoa está em perfil absoluto, evidenciando
certo grau de hostilidade nas relações interpessoais. A pessoa está rígida, mas incli-
nada levemente para a frente com sua mão estendida, uma expressão de conflito nas
relações interpessoais, com tentativas específicas de ser mais amigável para superar
sua própria hostilidade. Quando perguntado sobre porque a mão da pessoa ter sido
desenhada em preto, Phillip respondeu que a mão havia sido sombreada para cobrir
alguns erros que ele cometera, que ele achou que seria melhor fazer assim do que
apagar. Isso indica uma incapacidade primária para admitir um .erro, que foi levemente
diminuída pela verbalização subseqüente.

174
 
 

 
Material suplementar de casos

Detalhes
A linha de solo da casa foi desenhada primeiro e depois reforçada vária vezes,
indicando insegurança - esta casa ainda não é dele. Os degraus unidimensionais são
de qualidade inferior, sugerindo que Phillip não é muito facilmente acessível. A varan-
da à esquerda, voltada para a estrada levando à casa paterna, é fortemente sombrea-
da, o que pode refletir ansiedade provocada por um desejo de retornar ao seu antigo
papel infantil. Depois de desenhar a ala à direita (em que ele planejou construir um
quarto para ele e sua noiva). Phillip desenhou a estrada e o caminho de pedra da
porta para a estrada. Isso parece simbolizar a atitude temporal ambivalente de muitos
futuros noivos. A linha de solo da árvore foi desenhada primeiro, uma expressão de
insegurança moderada. Há ênfase exagerada no corpo da pessoa, o que não é sur-
presa em um futuro noivo. Os braços e as mãos foram desenhados por último. Phillip
adiou a mão estendida amigavelmente até o último momento possível. A mão está
muito sombreada, realmente dizendo, "Aceite-me como eu sou, com as mãos sujas
do trabalho honesto, ou não me aceite de modo algum." Culpa relativa à atividade
auto-erótica pode, também ser indicada. A casa e a árvore foram desenhadas de
modo muito metódico e de forma precisa de baixo para cima e da esquerda para a
direita. Phillip parece trabalhar mais contente quando é sistemático. A seqüência dos
detalhes para a pessoa foi menos ordenada do que para a casa e a árvore, indicando
que ele achou o auto-retrato perturbador. A qualidade das linhas dos três desenhos é
bastante boa.

Inquérito Posterior ao Desenho


Essa casa é uma antiga construção da fazenda de seu pai; ela foi propriedade da
família de seu pai por muitos anos, e tem muito valor sentimental e prestígio para
Phillip. Aqui, de maneira socialmente aceitável, ele pode estabelecer a sua casa sem
ter que se adaptar a vizinhanças novas e estranhas. Phillip se vê, encarado pela
árvore grande, velha e forte, a única do tipo no grupo - talvez uma figura paterna -
com o sol brilhando em suas costas. Ele comentou que os galhos mais internos ten-
dem a morrer quando eles não recebem a luz do sol. Isso simboliza a perda de ilusões
rl;:i inrnnr.i;:i A ;:i nAr.P.~~irl;:irlA rlA ;:ifP.tn rlA Phillip A ~AmAlh;:inç;:i AntrA ;:i~ r.;:ir;:ir.tP.rí~tir.;:i~
aqui atribuídas à árvore, e em outros lugares, com o pai de Phillip é notável. Ele
parece se identificar muito com o seu pai. Para Phillip, as árvores são apenas árvores,
e elas não sugerem coisa alguma. Ele desconfia de abstrações. O comentário inicial
de Phillip, no desenho da pessoa, indicou que ele sentia tal inquérito como absurdo e
se ressentia de estar sendo interrogado sobre questões para as quais suas respostas
poderiam ser reveladoras demais. Quando perguntado o que a pessoa precisava, ele
respondeu, "Nada - ele deve ser auto-suficiente." As próprias necessidades de Phillip
de independência e autonomia são patentes. A pessoa desenhada fez Phillip pensar
em "um manequim em uma vitrine." Presumivelmente, esta é uma outra rejeição à
convenção, já que apenas um tolo vestiria tal estilo de moda. Phillip negou-se a tentar
identificar a pessoa, embora o desenho realmente pareça-se com ele. Em geral, Phillip
demonstrou um excesso de subjetividade que pode representar uma fonte potencial

175
 
 

 
Apêndice

de perigo. Isso pode simplesmente refletir a auto-consciência aumentada de um futu-


ro noivo.

Sumário
Phillip exibe uma consciência corporal aumentada e ambivalência de um futuro
noivo. Ele mostra uma visão e uma reação à convenção imatura e rígida e uma inse-
gurança moderada nas relações interpessoais, às quais ele reage desenvolvendo um
falso padrão de comportamento amigável. Ele apresenta uma tendência a ser hiper-
crítico e a desconfiar do não familiar, do abstrato, do complicado e do sofisticado.

(Figura 16)

Esta casa foi desenhada por um homem de 38 anos de idade. A história do caso não
está disponível. As paredes transparentes denotam extremas dificuldades para diferen-
ciar entre os estímulos internos e externos. Ao exibir a.aridez interna da casa demonstra
falta de identificação, de empatia ou de ligação com outros. Diversas árvores desenha-
das levemente em volta da casa sugerem uma intensa e temerosa dependência. A
grande chaminé reflete um desejo de ser visto como um homem forte, potente. Mas a
chaminé é precariamente presa à casa, sugerindo uma falta de identificação com a
figura paterna. As tentativas de perspectiva sugerem esforços positivos, embora mal-
sucedidos, para mobilizar suas energias (De Levine & Sapolsky, 1969)

Sherman (Figura 17)

Histórico
Sherman é um rapaz branco, solteiro, de 28 anos e o segundo de dois filhos. Sua
mãe separou-se de seu pai quando ele tinha 2 anos. Entretanto, a mãe logo se casou
de novo e era feliz. Sherman completou o ensino médio no período de tempo normal.
Ele cursou 18 meses numa faculdade de administração, onde ele se saiu bem. Até
seu ingresso no exército, ele era considerado tranqüilo e amigável, relacionando-se
espontaneamente tanto com os homens, como com as mulheres. Entretanto, logo
após a sua convocação, ele desenvolveu sintomas gastrointestinais que o levaram a
sua hospitalização e dispensa. Depois de deixar o exército, ele melhorou e permane-
ceu bem por cerca de dois anos. Ele, então, se tornou isolado, tenso, nervoso e
irritável. Ele se negava a misturar-se a outras pessoas. Ele insistia em ficar em casa
lendo e ouvindo rádio. Ele dormia mal. Em pouco tempo, ele reclamava de que as
pessoas ficavam observando-o e rindo dele. Ele foi logo internado, depois de ter sido
preso por exposição indecente. No exame, ele se encontrava moderadamente de-
pressivo e paranóico. Ele atribuiu muito de sua dificuldade a uma fraqueza das gôna-
das. Ele manifestou um forte temor de castração. Ele estava convencido de que uma

176
 
 

 
Material suplementar de casos

mudança estava ocorrendo no formato de sua face e cabeça, o que faria com que o
observador casual seria capaz de reconhecer sua fraqueza sexual. No hospital, ele
passou grande parte do tempo olhando fixamente para um espelho. O diagnóstico foi
de esquizofrenia de tipo misto. Depois que a psicoterapia se mostrou ineficiente, fo-
ram administrados 27 choques de insulina, seguidos por 13 eletrochoques, o que,
inicialmente, produziu um estado de excitação e exaltação, mas, logo depois foi se-
guida de uma melhora suficiente para justificar sua saída do hospital. Dois anos de-
pois, ele regrediu acentuadamente, apresentando sintomatologia similar à que o tinha
levado à hospitalização.

Atitude
Aceitação relutante durante o tempo todo

Tempo
O tempo consumido foi um pouco excessivo para os três desenhos. Sherman es-
tava totalmente relutante em se comprometer.

Comentários
Após desenhar o telhado, as paredes e a chaminé, Sherman disse, "Eu posso
fazer a parte externa, mas como você consegue o lado de dentro?", uma expressão
de profundos sentimentos de impotência e confusão da realidade. Sherman reclamou
que ele sabia como uma árvore se parecia, mas não podia reproduzi-la. Esta é uma
característica de impotência associada à lesão cerebral orgânica. Depois de dese-
nhar os ombros, Sherman parou um momento e comentou, "Agora eu não sei se faço
um homem ou uma mulher", uma expressão verbal de confusão de gênero.

Proporção
Esta não é a desproporção ou a "dupla perspectiva" da casa da deficiência mental;
aqui, a êníase de tamanho é colocada nas paredes laterais e não na parede centrai.
A parede central simboliza o self. As paredes laterais protetoras simbolizam as defe-
sas da personalidade. A chaminé é muito enfatizada, sugerindo conflito sexual e medo
de castração. Todos os galhos da árvore são unidimensionais. As fontes de satisfa-
ção no ambiente de Sherman são poucas. As raízes são unidimensionais, indicando
que as fontes de satisfação elementares também são inadequadas. A confusão de
gênero é aparente no desenho da pessoa de Sherman: O queixo e os ombros são
claramente masculinos; enquanto a cintura e as curvas do corpo são totalmente femi-
ninas. A instabilidade marcante da qualidade das linhas em todos os três desenhos
são evidência de ampla flutuação no tom dos sentimentos e de tensão generalizada.

Perspectiva
A casa, que foi iniciada de forma convencional em três dimensões, foi executada
com uma apresentação plana e depois completada no estilo tridimensional. Este tipo

177
 
 

 
Apêndice

de hesitação na representação é um indicador muito forte de deterioração orgânica.


No desenho da árvore, a estrutura da raiz está pobremente organizada, refletindo os
sentimentos básicos, de Sherman, de instabilidade e inadequação. Enquanto dese-
nhava a pessoa, ele teve dificuldade com a posição final do braço esquerdo. Sherman
é canhoto. A posição do braço pode ser hostil ou amigável. Todos os três desenhos
estão no canto superior esquerdo da folha, um sinal de regressão generalizada. A
progressiva melhora, ainda que pequena, da casa para a pessoa na qualidade, orga-
nização, etc., é notável. A casa foi uma tarefa não familiar para Sherman, para a qual
ele não tinha muitas informações, enquanto o desenho da pessoa foi uma tarefa mais
fácil para este indivíduo com forte consciência corporal. Sherman não foi capaz de
completar a casa corretamente. Ele não conseguiu reconhecer a incongruente trans-
parência do solo de sua árvore. Isso confirma que sua recente desordem diminuiu
sua eficiência intelectual.

Detalhes
Há uma ausência patológica de detalhes essenciais. Não há portas nem janelas
abaixo do nível do sótão da casa, evidência da relutância debilitadora no contato com
a realidade. A seqüência dos detalhes é incomum. As janelas do sótão foram os
últimos itens desenhados, o que parece uma tentativa de esconder o fato de que a
fantasia é uma fonte de satisfação. A árvore foi produzida do alto para baixo. Esta é
uma forma mais espontânea, mas ainda relutante, de se aproximar da realidade.
Cada detalhe à esquerda foi seguido imediatamente de um detalhe correspondente à
direita. Uma grande necessidade de equilíbrio, como a ênfase em simetria, costuma
ser vista nos desenhos de esquizóides e obsessivo-compulsivos. As raízes unidimen-
sionais foram desenhadas espontaneamente, e indicam uma forte negação da reali-
dade em alguém do nível intelectual de Sherman. Embora a pessoa seja mostrada
totalmente de frente e nua, os genitais não foram desenhados, o que pode indicar
conflito sexual ou sentimentos de impotência. As orelhas foram o trigésimo item a ser
desenhado, possivelmente uma tentativa de evitar críticas ou, talvez, material aluci-
natório. A ênfase exagerada nos olhos reflete uma vigilância suspeita.

Inquérito Posterior ao Desenho


A respeito da casa, Sherman disse, "Quando eu estava desenhando, tinha uma
vaga impressão da minha casa, talvez eu estivesse me enganando." Outra vez, ele
não tem certeza. Em resposta parcial as suas associações para a casa, Shermao
respondeu, "Eu não sei se isso é agradável ou desagradável", revelando de novo
confusão atual. Sherman expressou retraimento ao dizer que ele preferiria morar so-
zinho. Quando perguntado se "é um tipo de casa feliz, amigável" ele respondeu, "Não
há indícios de perseguição ou nada deste tipo", confirmando a presença fortemente
suspeita de intensos sentimentos de perseguição. Quando foi perguntado a Sherman
se a árvore o fazia pensar em um homem ou uma mulher, ele respondeu, "Uma pes-
soa? Poderia ser qualquer uma das três" (masculina, feminina ou neutra). Esta é
outra indicação da orientação sexual confusa e provável medo de castração de Sherman.

178
 
 
Material suplementar de casos

Quando perguntado se a árvore era saudável e forte, ele disse, "Poderia ser boa ou
podre- eu não sou árvore- naturalmente isto aponta para mim", demonstrando auto-
referência extrema. Ele disse que o topo da árvore havia morrido recentemente, sim-
bolizando sua doença atual. A árvore de Sherman é um carvalho, localizado em algum
lugar do mundo: mais uma vez, ele não consegue decidir. Quando perguntado se a
pessoa era um homem ou mulher, Sherman disse, "Um homem, uma mulher, uma
menina ou um menino", de novo, demonstrando confusão do papel sexual. Ao ser
perguntado para onde a pessoa estaria olhando, ele disse, "Ele está olhando para
este lado, e deve estar querendo ir para aquele lado. Ele poderia estar hesitante se
deve sair ou ficar, ele pode estar indeciso, em estado de indecisão." Essa resposta
apresenta um retrato patético, mas claro, do próprio Sherman. Quando foi pergunta-
do o que a pessoa podia estar olhando, ele respondeu, "Ele pode estar lançando seus
olhos para dentro dele mesmo." Essa resposta revela a negação de Sherman da
realidade objetiva e autocontemplação narcisista. Ao ser perguntado em que a pes-
soa estaria pensando, ele respondeu, "É apenas um desenho, não há processo de
pensamento", uma tendência à concretude associada à lesão cerebral orgânica. A
pessoa é ele mesmo, ninguém mais; ele está certo disso. Ele está muito absorto em
si mesmo para conceber qualquer outra identidade. Em geral, durante o inquérito, o
tom dos sentimentos era essencialmente ameno, as coisas poderiam ser boas ou
ruins; agradáveis ou desagradáveis; felizes ou infelizes. A separação entre o afeto e
a cognição parecia ser quase total. Várias de suas associações ele imediatamente
considerava não razoáveis, mas ele não podia oferecer nenhuma melhora - outra
manifestação de impotência associada à lesão cerebral orgânica.

Sumário
Há muitos sinais de síndrome cerebral orgânica. A casa é acentuadamente desor-
ganizada, com um efeito de dois planos. Há uma grande dispersão na qualidade dos
detalhes desenhados. Sherman produziu muitas expressões verbais de impotência.
Os sinais esquizóides incluem compreensão falha da realidade, alucinações somáti-
cas, tendência a fugir da realidade com ênfase na fantasia como fonte de satisfação,
muitas expressões de brandura do afeto (contrastando agudamente com a forte ansie-
dade expressa nos desenhos), o forte conflito sexual de Sherman, sua desorganiza-
ção intrapessoal e sua hipersensibilidade paranóica.

Ted (Figura 18)

Histórico
Ted, 25 anos, é o mais novo de cinco filhos e o único homem. Sua irmã mais nova
é 1O anos mais velha do que ele. O pai e a mãe tinham uma relação conjugal preca-
riamente ajustada; os dois eram indivíduos dominadores. O pai, autocrático, rígido e
meticuloso, aparentemente nunca fez uma tentativa de estabelecer uma relação de
afeto com seu filho. A mãe, que procurava compensar sua insatisfação conjugal com

179
 
 
Apêndice

uma vida social extremamente ativa, era alternativamente superprotetora e supere-


xigente. Ted sofreu de enurese noturna até os 11 ou 12 anos de idade. Em toda sua
vida sempre reagia a situações desagradáveis com náusea intensa. Ted nunca foi
um bom estudante, apesar de sua inteligência acima da média; entretanto, ele com-
pletou um ano na faculdade, antes de achar que o trabalho acadêmico era muito
exigente. No começo de sua adolescência, a mãe descobriu Ted se masturbando
com outro garoto. Sua primeira experiência heterossexual foi aos 14 anos, quando
ele e alguns colegas do colegial foram a um prostíbulo. Suas relações sexuais com
sua mulher (uma pessoa tão estável, quanto ele era instável, que havia tido um
relacionamento desfeito há dois anos) nunca foram satisfatórias para ele. Ele afir-
ma que, agora, como sempre, ele acha impossível ter uma experiência satisfatória
de coito com uma mulher que não seja mais velha do que ele. Ele esteve empregado
alguns meses antes de se alistar no exército. Embora ele tenha sido hospitalizado
várias vezes por "problemas estomacais causados por nervosismo", enquanto esta-
va em serviço, ele parece ter tido um melhor ajustamento à vida no exército do que
jamais tivera antes ou desde então, apesar dos deveres de combate consideravel-
mente rigorosos. Logo depois de sua liberação do exército, ele foi empregado por
um parente numa posição que exigia mais habilidades executivas do que ele pos-
suía. Recentemente, ele desenvolveu muitos medos obsessivos, ansiedade e queixas
somáticas para as quais não foram encontradas causas físicas.

Atitude
Cada um dos três desenhos produziu frustração e abandono da tarefa. Ted é bas-
tante desajustado.

Tempo
O tempo gasto para a casa foi de 11 ':57". Este é um indicador de preocupação
patológica em relação à casa.

Comentários
Ted anunciou rapidamente que estava desenhando sua própria casa no cam-
po; depois, às vezes ele fazia comentários que indicaram sentimentos crescentes
de frustração e impotência, e de que ele não achava o desafio estimulante. Seu
primeiro comentário, enquanto desenhava o contorno da cabeça da pessoa, foi,
"O cowboy é uma pessoa." Mais tarde ele falou de modo ofensivo da falta de
posição social da família de sua esposa - Ted é esnobe. Logo após começar a
desenhar os braços, ele observou, "Deve ser uma tendência fazer uma cabeça e
ombros, porque sempre que eu fazia um desenho como este, na escola, era o
máximo que eu conseguia - cabeça e ombros." O conflito sexual é indicado por
sua esquiva de fazer o corpo, pélvis, etc. Seu último comentário foi, "Seria um
bom homem e bonito, se eu pudesse colocar os pés", enfatizando seus sentimen-
tos de mobilidade restrita.

180
 
 

 
Material suplementar de casos

Perspectiva
A casa é cortada pela margem da folha em ambos os lados. O forte sombreamento
na base da casa à direita sugere ansiedade em relação à estabilidade futura de sua
casa atual. Não menos de cinco transparências são vistas nos pilares e no telhado da
varanda. Uma emoção quase paralisante produziu uma significativa diminuição da
eficiência intelectual: Ted não consegue produzir sua casa dentro das margens late-
rais da folha.
Ted começou a desenhar uma árvore de folhas que caem, mas apagou-a rapida-
mente, quando foi dito (depois de ter perguntado) que poderia desenhar outro tipo
árvore. Então, ele desenhou uma árvore rígida, pontuda, usando as áreas não som-
breadas para indicar a estrutura dos galhos. Então, ele abandonou essa abordagem
mais uma vez e adotou seu plano definitivo. Este comportamento reflete acentuada
indecisão geral e conflito do papel sexual. Ted apagou de modo indiferente as duas
primeiras tentativas de produzir a árvore. Ele comentou, depois, que ele tende a se-
guir uma linha de resistência mínima.
A boa tentativa de mostrar as mãos da pessoa subentendidas (colocando-as no
bolso) é contaminada pela transparência do braço esquerdo na borda do bolso. Culpa
por atividades auto-eróticas é sugerida. Cada um dos três desenhos está levemente
abaixo do centro vertical da página, sugerindo depressão moderada.

Detalhes
A ênfase marcada nas linhas do contorno da casa indica dificuldade com o auto-
controle. A seqüência de detalhes é patológica. O telhado triangular à direita da pare-
de lateral foi o sétimo item desenhado, mas a parede abaixo dele não havia sido
desenhada até que quase toda a parte principal da casa tivesse sido completada. O
último item desenhado foi o conjunto de degraus em mau estado na extremidade
direita. A progressiva deterioração da qualidade dos detalhes é notável. Emotividade
crescente, presumivelmente trazida por associações despertadas pela casa, resulta-
ram em diminuição acentuada da eficiência funcional.
O tronco da árvore não possui linha de base, o que sugere que Ted evita contato
com a realidade. O freqüente reforço dos galhos indica ansiedade generalizada, e um
sentimento básico de inadequação é refletido no forte sombreamento do tronco. Inde-
cisão e ansiedade moderada livremente flutuante são sugeridas pelo enfraquecimen-
to das linhas da porção superior do tronco e da estrutura de galhos.
A seqüência dos detalhes para a pessoa foi patológica. Ted desenhou as sobran-
celhas, mas não desenhou os olhos até desenhar mais três itens; ele é muito sensível
em relação a seu leve estrabismo. As orelhas foram o vigésimo sexto item desenha-
do, refletindo talvez uma relutância em aceitar críticas. O reforço excessivo geral
expressa uma notável indecisão. O braço e a mão esquerdos causaram dificuldade,
sugerindo culpa sexual. Os pés lhe causaram ainda mais dificuldade: Ted sente-se
preso às responsabilidades. Uma explicação posterior das dificuldades nestes deta-
lhes foi dada por Ted no inquérito posterior ao desenho (veja abaixo). Há muita inde-
cisão em todos os três desenhos e muitos conflitos são despertados pelos estímulos.

181
 
 

 
Apêndice

Inquérito Posterior ao Desenho


Quando foi perguntado a Teci quem ele gostaria que morasse na casa com ele,
ele respondeu com bastante emoção, "Eu preferia morar sozinho!" Ele nunca estabe-
leceu um relacionamento afetivo duradouro mutuamente compartilhado com outra
pessoa. Esta é uma reprodução reconhecível de sua própria casa (não a dos pais).
Teci reclamou amarga e amplamente de suas inadequações depreciando-a na com-
paração com a casa dos pais. Seu desejo de retornar ao papel de uma criança é
evidente. Em relação à idade da árvore, Teci disse, "Eu diria que a árvore tem uns 12
ou 15 anos, ainda que o tronco parecesse mais velho." Teci, também, parece mais
velho, mas age como um garoto de 12 ou 15 anos. Em relação ao gênero da árvore,
ele disse, "Eu acho que é mulher... Pode ser dito que elas (as árvores) são delicadàs,
bonitas - Eu acho particularmente que todas as sempre-vivas são mulheres, eu acho
que, pelo cabelo comprido." Em um momento, a árvore estava no pátio de sua casa
paterna; num outro, ele gostaria de levá-la para o pátio de sua própria casa. Uma
confusão temporal é marcante. Quando o examinador perguntou diretamente o que
os pés significavam para ele, Teci comentou, "Ir para casa, você quer dizer? Eu pensei
em mim mesmo." Ele retorna à casa dos pais sempre que há oportunidade. Depois,
ele divaga para discutir o seu casamento, que ele considera um caso que tinha aca-
bado, descrevendo vividamente sua raiva quando sua noiva o abandonou. Ele obser-
vou que sua casa atual era feliz, mas acrescentou, estranhamente, que seu sentimento
não tinha fundamento (veja Detalhes). Quando perguntado em que a pessoa o fazia
pensar, ele respondeu com forte emoção, "Eu vejo a mesma face" (a "face" era a de
seu pai num caixão). Quando questionado sobre seus comentário espontâneo em
relação aos pés da pessoa, ele explicou que recentemente ele não conseguiu ir a um
funeral, depois de ouvir que os pés tinham sido cortados para que o cadáver coubes-
se no caixão; desde então, ele não consegue se livrar deste pensamento obsessivo.
O tempo, no desenho da casa, foi descrito como típico de primavera, agradável,
ensolarado. O "lar" é um local de calor. O sol estava brilhando sobre a árvore, mas "as
árvores o fazem pensar em neve." Este comentário foi interpretado como refletindo o
medo de perder, no futuro, o papel de centro de atenção no qual ele recebe toda
adulação de sua esposa e de suas dedicadas irmãs. O tempo estava nublado no
desenho da pessoa.
Os relacionamentos interpessoais de Ted são difíceis e sua falta de capacida-
de, para não ver seus superiores no trabalho como pais-substitutos, tem sido um
grave obstáculo. A pessoa de Ted, primeiro lembrou-lhe um cunhado que ele teme
muito, em uma rivalidade com um pseudo-irmão. Mais tarde ele disse, "Eu queria
dizer o Papai - ele tinha o braço esquerdo deformado", uma indicação do complexo
de Édipo não resolvido. Então, ele entrou em uma longa discussão espontânea, di-
zendo que seu pai não era seu ideal, como sua irmã insistia, e que ele desejaria que
seu pai estivesse vivo, para que pudesse dar a Ted ajuda financeira, de modo que ele
pudesse trocar os carros com mais freqüência. A discussão pareceu expressão de
sentimentos de culpa e conflito de dependência.
A multiplicidade de identidades da pessoa é patológica. A pessoa era um este-
reótipo de infância fácil de se desenhar; depois Tom Mix (uma figura heróica proemi-

182
 
 
Material suplementar de casos

nente publicamente); depois, um cunhado (rival do afeto da irmã); então, seu Pai
(rival do afeto de sua mãe); e, finalmente, "Poderia ser eu mesmo." Como um cowboy,
Ted pôde se livrar de responsabilidade e atuar em certas fantasias da infância.

Sumário
Ted exibiu muitos dos sintomas comuns e manifestos de estresse, tais como
inquietação, roer a .unha, etc. Obviamente, sua coragem para vir ao examinador foi
estimulada e, também obviamente, arrependeu-se de fazê-lo. Ted gastou muito tem-
po tentando convencer o examinador de que não havia nada errado com ele. Seus
desenhos refletem uma incapacidade para estabelecer relações totalmente afetivas
responsáveis e compartilhadas. Ele demonstrou ansiedade generalizada, indecisão,
medos específicos, obsessão e queixas somáticas, todos esses sintomas tendem a
restringir gravemente suas atividades.

Edith (Figura 19)

Histórico
Edith, uma menina branca de 16 anos, foi atendida como paciente externa encami-
nhada pelo departamento do bem-estar do município. Seus pais separaram-se quan-
do eia era uma criança pequena. Ela e sua mãe, uma deficiente mental, foram morar
na casa de sua avó materna, uma mulher dominadora com quem Edith se identificava
fortemente, e de quem ele dependia para apoio emocional. Edith começou a escola
aos 7 anos e parou aos 14, quando ainda estava na terceira série. Ela foi entregue
aos cuidados do departamento do bem-estar quando descobriu-se que ela estava
tendo relações sexuais com os meninos da comunidade. Seu ajustamento ao interna-
to não foi nem feliz, nem satisfatório. Quando ela foi examinada, ela estava tensa,
levemente depressiva e expressou um forte desejo de voltar à casa de sua avó.

Comentários
Os comentários durante os desenhos restringiram-se a expressões verbais de ina-
dequação, que aumentaram em número do desenho da casa para o da pessoa. Edith
mostrou o reconhecimento doloroso e com compreensão de sua incapacidade inte-
lectual, não infreqüentes em indivíduos mentalmente retardados.

Proporção
A casa é o maior dos três desenhos, sugerindo nostalgia. Há um prolongamento
vertical das paredes das extremidades, uma distorção de proporção, freqüentemente
realizada por indivíduos mentalmente retardados. No desenho da árvore, a ênfase é
na porção inferior da estrutura de galhos. Edith procura satisfação no nível elementar,
concreto. Do ponto de vista da proporção, a pessoa é o mais pobre dos desenhos,
provavelmente resultado de fadiga e depressão moderada.

183
 
 

 
Apêndice

Perspectiva
O movimento da fumaça no desenho da casa implica um forte vento soprando da
esquerda para a direita, sugerindo que Edith sente fortes pressões ambientais e emo-
cionais. A relação entre a localização das janelas e da porta é inferior e pode expres-
sar, graficamente, suas dificuldades de ajustamento. A árvore está inclinada levemente
para a direita. Edith tenta reprimir as lembranças desagradáveis do passado e tende
a supervalorizar o futuro como uma fonte de satisfação. O espaço em branco é usado
como uma indicação indireta, um reflexo de hostilidade moderada. A pessoa foi dese-
nhada com os braços estendidos receptivamente, sinalizando uma necessidade de
afeto. A casa, árvore e pessoa são localizadas progressivamente mais à esquerda do
centro vertical, uma indicação de tendências regressivas crescentes. A pessoa é a
mais próxima da margem inferior da página, consistente com a idéia de que, para
Edith, as relações psicossociais têm diminuído e são, essencialmente, concretas.

Detalhes
O material da chaminé e da almofada da porta da casa parecem apenas ser uma
perseveração de seu método de apresentar as vidraças das janelas, que foram dese-
nhadas imediatamente antes. O corpo e as pernas são de qualidade inferior em rela-
ção ao resto da pessoa, refletindo, talvez, uma negação culposa de fontes de satisfação
sensual. Esta apresentação relativamente primitiva de detalhes para os três dese-
nhos é comum nas produções do H-T-P de indivíduos mentalmente retardados. A
qualidade das linhas da pessoa é inferior à utilizada para a casa e a árvore. O controle
intelectual de Edith foi, provavelmente, reduzido pela emotividade despertada pelas
associações da pessoa. Há uma falta completa de energia, um resultado da depres-
são moderada somada a sentimentos generalizados de inadequação de Edith.

Inquérito Posterior ao Desenho


Edith gostaria de ter sua mãe e avó morando com ela, uma expressão de nostal-
gia, e uma negação da necessidade de um "homem." Edith disse que a casa lembra-
va-lhe o "lar", uma simples nostalgia, cuja emoção foi expressa claramente. A casa é
uma casa das proximidades, que ela podia ver através da janela da sua casa. A
árvore de Edith foi morta, foi cortada algumas semanas antes. Isto simboliza seus
sentimentos de ser empurrada pelas pessoas em seu ambiente. A árvore a fez pen-
sar no Natal, um reflexo da necessidade de satisfação e de estar em casa, uma outra
expressão de nostalgia. A árvore é um abeto (árvore de natal) no jardim da casa atual
de Edith. "Ela se parece com uma mulher", ela disse, "porque não é muito forte", um
reflexo de seus próprios sentimentos de inferioridade. Ela disse que a árvore precisa
de vida, um uma expressão de seus próprios sentimentos de morte. Edith descreveu
a pessoa como sendo um menino que deveria estar preso, porque "ele me tenta". Ela
não gosta do menino, porque ele não usa roupas. Desse modo, ela nega a tentação,
e em um sentido a realidade. A pessoa é um homem disposto a abraçar uma mulher.
A necessidade de satisfação sexual de Edith é, aqui, expressa, talvez um pouco de
inveja do papel relativamente livre de um homem nessas situações.

184
 
 

 
Material suplementar de casos

Sumário
Não parece que Edith seja gravemente desajustada. Nesta época, ela exibiu con-
flito sexual de maneira relativamente moderada, com sentimentos de culpa, senti-
mentos de pressão de um ambiente, que ela vê como essencialmente não amigável;
nostalgia; falta de calor; sentimentos de inadequação e insegurança generalizadas; e
compreensão dolorosa de suas limitações intelectuais.

185
 
 

 
ÍNDICE DE CONCEITOS
1NTERPRETATIVOS

Este índice abrange os conceitos interpretativos incluídos no Protocolo de Inter-


pretação do H-T-P e o Protocolo de Interpretação do H-T-P e Desenho da Pessoa.
Esses conceitos e as características gerais dos desenhos são descritas nos Capítulos
3 e 4 e no Apêndice deste ~v1anual.

Agressão / Agressividade 50, 58, 60, Cor


61,131,135,136,138,140,164 adequação 17, 29, 41
Ansiedade 25, 26, 27, 28, 29, 35, 39, 34, árvore 54
36,37, 38,39,40,46,47,51,63 contorno 30, 41
exemplos de casos 122, 125, 126, 138, escolha 41, 122, 124
139,140 casa 47
Características de desenhos relativos à pessoa 41 , 62
idade 129 Culpa 40, 52, 54, 58, 61, 140, 175, 182,
Características normais 129 167
árvore 50, 51, 52, 53 Deficiência mental 43, 61, 131, 135, 137,
casa 42, 43, 44, 45, 46 183
inquérito 47 Desamparo 35, 52, 64, 140
pessoa 59, 60, 64 Desenho da árvore 37, 38, 49, 130
Conflito sexual 45, 57, 58, 59, 60, 61, características normais 50, 51, 52, 53
exempiosdecasos 122,164,166,167, inquérito 41, 51, 54
169,171,177,178,179,180,181, cor 53
185, detalhe
Consistência entre os desenhos, 37, 40, dimensão 47, 50, 51, 52, 177
50 ênfase 53
exemplo de casos 121, 125, 126, 160, essencial 51, 133, 159
163,167,169,175,178,181,184 "buraco de fechadura," 53
Controle 35, 36, 41, 45, 52, 53, 60, 62, galhos 43, 50, 51, 52, 53
122,130,138,141 "Nigg's," 53
exemplos de casos 122, 125, 126, 159, tronco 50, 51, 52, 55, 121
160,167,169 tipo 52,133,141,184

 
 

 
indice de conceitos interpretativos

morta 54 caminho 43, 46


irrelevante 52, 161 degraus 46
pessoa 52 não essencial 38, 46
não essencial 51 , 172 cortinas 46, 49
casca da árvore 51, 125 calhas 46
folhas 51 venezianas 46
frutas 52 qualidade da linha 39, 45, 122
raízes 51, 52, 57, 123, 124 seqüência 39, 120
trepadeiras 52 perspectiva 34, 35
qualidade da linha 39 distância 44, 48
seqüência 53 linha de solo 47
perspectiva localização superior 169
linha de solo 52 margem do papel 44, 181
localização superior 50 movimento 44, 125, 158, 166
margem da página 50, 167 planta da casa 31, 44
movimento 51, 54 posição 44, 121
posição 50, 55 relação com o observador 44, 48,
relação com o observador 50, 55 161
transparências 50, 161 transparências 44
proporção parede 44, 132
detalhe da figura desenhada 50 inquérito 41, 48, 47
simetria 53 planta da casa 31, 43
tamanho em relação à folha 50 proporção 42, 166
Desenho da casa 38, 42 distorções 43, 44, 47, 141
características normais 42, 43, 44, 45, simetria 47
46 Desenho da pessoa 23, 37, 57, 140
inquérito 47 características normais 59, 60, 64
cor 15 cor41,62
escolha 47 detalhe
detalhe dimensão 61
dimensão 47, 175 ênfase 61
essencial essencial
antropomórfico 27, 46, 132 boca 58, 59, 134
chaminé 22, 43, 46, 126, 132 braços 58, 59, 136, 158
fumaça 46, 49, 123, 139 cabeça 58, 60, 62, 122, 126,
janela 45, 46, 121, 139 134,139,159
paredes 42, 45, 46, 120, 177, gênero 62
183 nariz 61, 134
porta 42, 45 olhos 58, 60, 134, 141
telhado 42, 44, 45, 46 omissões 60, 61, 134, 135,
excessivo 176 136,139,158
irrelevante 46 orelhas 61,
anexo 46 pernas 58, 59, 60, 136, 141
arbustos 46, 148 tronco 58, 60, 61, 62

188
 
 

 
Índice de conceitos interpretativos

irrelevante 61 antropomórfica 27, 46, 132


qualidade da linha 39, 62 chaminé 13, 43, 45, 49,
não essencial 60, 172 126,132
dedos 61, 136 fumaça 13, 44, 45, 49,
mãos 60, 61, 62, 122, 141 123,139
pés 58,59,61 janela 45, 46, 121, 139
pescoço 58, 60, 135 omissões 39, 178
roupas 62, 64, 137 paredes 13, 42, 43, 45, 46,
seqüência 61, 167 122,139
inquérito 41, 58, 62, 184 porta 13, 42, 43, 45
perspectiva telhado 13, 42, 44, 45, 46
margem da página 58 pessoa 59
movimento 59, 63, 124 boca 14, 58, 59, 134
posição 58, 171 braços 13, 58, 59, 136, 158
perfil 59 cabeça 13, 58, 60, 62, 121,
transparências 59 126,134,139,159
proporção 58, 135 gênero 62
detalhe da figura desenhada nariz 14, 61, 134
120 olhos 13, 58, 60, 134, 141
distorções 163 omissões 59, 61, 134, 135,
tipo 137, 139 158
Desenhos coloridos 38, 40, 122, 124 orelhas 11, 13, 61
Desenhos de crianças abusadas 138 pernas 14, 58, 59, 60, 136,
Desenvolvimento 34, 36, 41, 45, 60 141
Detalhe 35, 38, 121 tronco 14, 58, 60, 61, 62,
Bizarro 27, 38,130,131 133
dimensão 38 excessivo 37, 38, 159, 171
árvore 51, 52, 53, 177 casa 175
casa 47, 175 irrelevante 29, 38, 42
pessoa 61 nuvens 29, 38, 46
ênfase 22, 35, 39, 122 árvore 52, 161
árvore 53 pessoa 52
pessoa 61 casa 46
essencial 27, 38, 51, 132 anexo 46
árvore 51, 133, 159 arbustos 29, 38, 46, 148
"Buraco de fechadura ," 13, caminhos 44, 46
53 degraus 46
galhos 43, 50, 51, 52, 53 chuva ou neve 47, 63
"Nigg's," 13, 53 montanhas 29, 47, 161
tipo 52, 133, 184 pessoa 61
morta 54 não-essencial
tronco 13, 50, 51, 52, 55, árvore 51, 172
121 casca de árvore 51 , 125
casa 45 frutas 51

189
 
 
lndice de conceitos interpretativos

folhas 51 exemplos de casos 122, 123, 124,


raízes 50, 52, 55, 57, 123, 124 161,164,167,170,172,174,178,
trepadeiras 52 182,184
casa 14, 38, 46, 171 número de respostas 41
calhas 14, 46 pessoa 41, 58, 62, 182
cortinas 14, 46, 49 relevância da resposta 42
venezianas 46 Insegurança 33, 35, 36, 37, 38, 43, 47,
pessoa 60, 172 48,58, 125,159,163,170,171,174,
roupas 14, 62, 64, ~ 37 175
pés 11, 14,59,60,61, 139 Julgamento 34
dedos 15, 61,136 Lista de Conceitos Interpretativos 21, 25
mãos 15, 51, 59, 60, 61, 141, Negativismo/ Oposicionismo 36, 37, 45,
172 53,59, 126,159
pescoço 15, 58, 60, 135 Observações gerais
qualidade da linha 15, 40, 45, 122, atitude 22, 158, 163, 166, 168, 174,
125,131,164,167,171,181,184 177,180
árvore 29, 40 capacidade crítica 11 , 22, 25, 33, 120
casa 40, 62, 121, comentários 25, 33, 36, 40, 120, 124,
pessoa 40, 62 158,160,163,166,168,171,174,
seqüência 47, 122, 158, 164, 169, 171, 177,180,183
178, 181 bizarros 33
árvore 53 excessivos 33
casa 47, 120 latência 11 , 23, 174
pessoa 61, 167 pausas 23, 174
sombreamento 39, 41, 122, 131 rasuras 11, 22, 25, 33, 40, 53, 120,
árvore 52,53, 164, 169 125,130,167,168
casa 47, 175 recusa 23, 36, 41 , 57
pessoa 61, 141 tempo 5, 23, 25, 120, 158, 166, 174,
Emoção 34, 40, 41, 51, 53, 55 177,180
Esforço 36, 38, 44, 50, 58, 122, 125, 161, Perspectiva 34, 35, 121, 161, 163, 166,
167,168 171,174,177,181,184
Figuras palito 39, 67, 137, 164 casa 44, 132
Hostilidade 35, 40, 47, 53, 59, 61, 122, planta da casa 43
126, 158, 164, 174 distância 37
Lar34,42,43,47,48,49,139, 140,143, casa 43, 48
158 linha de solo 37
exemplos de casos 122, 126, 161, árvore 52
166,169,171,182,184 casa 47
Impulsividade 36, 41, 58, 61, 125 localização à direita 35, 43, 161
Inquérito 41 localização à esquerda 35, 121,
árvore 41, 52, 54 131,158,163,184
características normais 41 localização central 36, 121, 130,
casa 41, 46, 47 161,167
planta da casa 31, 43 localização inferior 36, 121, 130, 181

190
 
 

 
Índice de conceitos interpretativos

localização superior 36, 163, 167 distorções 130, 131


árvore 50 casa 42, 45, 47, 141
casa 169 pessoa 163
margem da página 36, 37, 121, pessoa 58, 134
161 simetria 131, 158, 178
árvore 50, 167 árvore 53
casa 44, 181 casa 47
pessoa 58 tamanho em relação à folha 35, 40,
movimento 37 131
árvore 51, 54 árvore 50
casa 44, 124, 125, 158, grande 35, 131
166 pequena 35, 37, 131
pessoa 59, 63, 125 Psicopatologia
posição 37 alucinação 60, 63, 134, 178
árvore 50, 55 conflito sexual 43, 44, 45
casa 44, 121 contato com a realidade 35, 37, 38, 39,
perfil 37, 44 40,42,43, 46,47,48,50,52,55,
pessoa 58, 174 59, 67,122, 123, 132, 160
perfil 59 depressão 35, 36, 40, 45, 50, 51, 55,
relação com o observador 126 119,121,166,181,183
árvore 50, 55 desordem de personalidade 48, 49,
casa 44, 48, 161 53,58
pessoa 58 esquizofrenia / esquizóide 43, 44, 45,
"visão de minhoca" 37, 44 60,121,123
''visão de pássaro" 37 funcionamento do ego 40, 44, 50, 125
rotação 36 mania 38, 42, 160
transparências 37, 120, 131, 176, obsessivo-compulsivo 23, 33, 38, 46,
181 51,52,58,59,62,63,80, 134,159,
árvore 50, 161 168,178,182
casa 44 organicidade 22, 33, 34, 36, 37, 40, 47,
parede 44 52, 61, 131, 132, 133, 134, 135,
pessoa 59 136,137,138,146,147,16 3,164,
Pressões ambientais 42, 43, 44, 47, 51, 179
55,56,64 paranóia 34, 37, 48, 52, 57, 59, 61, 119,
exemplos de casos 120,124,127,164, 126,127,146,176
170,184 potencial para suicídio 51, 60, 140,
Prognóstico 37, 123, 127, 162, 185 165,167
Proporção 34, 120, 130, 158, 159, 161, psicopatia 57, 146, 163
166,169,171,174,177,18 3 psicótico 36, 42, 44, 119, 123, 157,
detalhe na figura desenhada 35, 163, 137,164, 177
174 psicossomático 63
árvore 50 visão crítica 34
pessoa 120 Regressão 36, 41, 52, 61, 62, 132, 133,
casa 42, 166 136,141,147,158,163,17 8

191
 
 
lndice de conceitos interpretativos

egocentrismo 26, 35, 162, 170


Rejeição 44, 46, 48, 51, 126
Relacionamentos 40, 42, 43, 48, 55, 57,
58,64
exemplos de casos 120, 125, 161, 165,
183,184
Retraimento ou afastamento 35, 37, 38,
44,59,61,62, 120,122,126,138,158,
178
n:-:....r--
n1y1ut::L
••1 1, r-}C- An Ari cl"1 cn c-11
00, "tu, "t<::., ;,.,0, ;,.,;;::,, U"t,
•1.:::.
n •
1,

126,130,160,161,167,174
S0I39,47, 125,175,182

192
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
SOBRE O HTP NO BRASIL

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