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PHA3001 - Engenharia e Meio Ambiente - Atividade 1 - 25/04/2017 - Grupo 5

Nome N° USP
César Seo Takose 9833621
Ricardo Ken Wang Tsuzuki 4449641
Rodrigo Deliberador Mickosz Toledo Galvao de Camargo 9833555
Vitor Yamashita Akamine 8992350

ATIVIDADE 1 - ÁGUA NA INDÚSTRIA TÊXTIL

1 - Introdução
Neste trabalho iremos analisar a utilização da água na indústria têxtil através do
mapeamento dos processos, entradas e saídas de água na cadeia produtiva. A partir dessa
análise, serão sugeridos métodos e práticas para melhorar a eficiência no uso da água
nesse segmento industrial, tendo como base os conceitos de P2 (Prevenção à poluição) e
P+L (Produção mais limpa) visto em aula.
Atividades referentes aos processos de fabricação de tecidos exigem um grande
volume de água e, como consequência, é notável que o nível de consumo da mesma é
historicamente um dos mais alarmantes quando comparado a outros tipos de indústria,
como podemos verificar na tabela abaixo:

Figura 1: Tabela relacionando o uso de água


por tonelada de produto nos principais
ramos industriais.

Os dados da tabela são de 1987 mas até os anos 2000 eles ainda eram compatíveis
já que, segundo a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção) o setor têxtil,
até os anos 2000, utilizava 100 litros de água para produzir 1kg de tecido.
Portanto, fica claro que é de suma importância tentar otimizar o consumo de água
para reduzir o impacto ambiental.
2 - Processo de fabricação:

Abaixo o fluxograma resumido contendo os insumos e atividades da cadeia


produtiva da indústria têxtil:

Figura 2: Fluxograma das atividades na indústria Têxtil - Fonte: IEL (2000)

2.1-Matéria prima:

A matéria prima usada na indústria têxtil é sempre algum tipo de fibra, a partir da
qual serão feitos e fios e posteriormente tecidos. Essas fibras podem ser tanto naturais,
oriundas de plantas (algodão, linho, etc) ou de animais (lã), quanto artificiais.
As fibras artificiais são usualmente divididas em duas categorias: as sintéticas e as
artificias. As fibras sintéticas sao usualmente aquelas formadas a partir da celulose e
ganham esse nome pois tem origem vegetal, mas é necessário que as fibras seja formadas
pela atividade humana. Já as fibras artificiais sao constituídas basicamente por polímeros
feitos a partir do petróleo (PVC, Nylon, Poliéster, etc).
Ao chegar na indústria, essa matéria prima normalmente está compactada e em
embalagens de aproximadamente 200kg.
2.2- Fiação:

Esse processo tem como objetivo transformar o compactado de fibras em fios mais
finos e maleáveis, com os quais é possível começar a fabricação de um tecido propriamente
dito.
Com esse objetivo, o processo de fiação começa com uma preparação da matéria
prima que envolve a abertura (remove impurezas), a cardagem (faz mechas do material), e
passadores, que uniformizam o peso e comprimento de cada unidade de comprimento a ser
fiado.
Após a preparação, essas mechas podem ser fiadas de três maneiras diferentes: a
fiação penteada, a fiação convencional e a fiação não convencional.

2.3-Malharia e Tecelagem:

Em suas origens utilizava-se um tear manual no trabalho, já atualmente esses


processos foram automatizados para aumentar sua produtividade, pois ambos têm como
objetivo produzir um tecido plano a partir dos fios produzidos na etapa anterior. Esses
processos diferem quanto ao método empregado para a confecção do mesmo, dando
origem a tipos diferentes de arranjos.
A tecelagem é um processo de trançar os fios de trama (longitudinais) e
urdume/urdidura (horizontais), cujo método empregado é dividido em: abrir a cala, inserir a
trama e bater o pente. Esse processo dá origem ao tecido, cujas caracteristicas são
ligações rígidas que impedem o deslizamento.

Figura 3: Representação da tecelagem com detalhes. - Fonte: DuPont, 1991, p.5

Já a malharia é o método utilizado para a obtenção de malhas, que diferentemente


dos tecidos, são obtidas a partir do entrelaçamento dos fios na mesma direção. O resultado
desse processo são malhas cujas ligações são móveis, possibilitando um deslizamento
entre os fios e, consequentemente, maior flexibilidade.
Figura 4: Malha com enfoque em um fio

2.4-Beneficiamento:

Nessa etapa da produção o substrato têxtil já está fisicamente pronto para ser usado
para quaisquer fins, porém, além de integridade estrutural, a maioria dos consumidores
requisitam características fisico-químicas específicas (tingimento, textura, brilho, etc.). Para
que essas alterações sejam feitas, o processo é subdividido em 3 etapas: beneficiamento
primário, beneficiamento secundário e acabamento.

Beneficiamento primário: Primeiramente é necessário preparar o substrato para que


ele receba da melhor maneira o tingimento (total ou parcial) e acabamento final. Para isso
são utilizados processos físicos, químicos, bioquímicos e fisico-químicos como: a
chamuscagem, desengomagem, cozimento/purga, lavagem/purga, mercerização, fixação,
alvejamento químico.

Beneficiamento secundário: É a parte do processo na qual o substrato é


efetivamente tingido total ou parcialmente, no que são chamados respectivamente de
tingimento e estampagem. O primeiro envolve dispersar um corante num meio líquido e
através de reações físico-químicas fazer com que o mesmo seja absorvido pelo substrato,
que ganha coloração de maneira homogênea. Já o segundo envolve aplicar um corante
sobre regiões específicas do substrato formando figuras ou desenhos, o pode ser feito de
várias maneiras (quadro manual, quadro automático, cilindro com superfície gravada ou
com cilindro perfurado).

Acabamento: Trata-se de operações nos substratos têxteis, cujos objetivos são


torná-lo mais adequado para o fim desejado, além de, muitas vezes, tornar ainda mais
sofisticado o produto final. Tendo isso em vista, podem ser feitos processos: exclusivamente
físicos, como a calandragem, flanelagem, lixamento, sanforização e fixação por vapor ou ar
quente; ou físico-químicos, como a aplicação de amaciantes, encorpantes, tratamentos anti-
chamas, anti-rugas ou impermeabilizantes/resistentes a água.
3-Entrada e saída de água:

Figura 5: Evidencia em quais segmentos do complexo têxtil a água é mais utilizada.

As principais entradas de água na indústria têxtil são as etapas de formação de


fibras sintéticas e de beneficiamento do substrato têxtil, visto que são as etapas processo
que consomem a maior quantidade do recurso. Isso porque nesses processos, um dos
procedimentos comuns é mergulhar um material em um meio aquoso para que substâncias
químicas reajam e alterem as propriedades do substrato. A água é então descartada,
saturada de reativos, sendo um poluente para qualquer corpo d’água em que seja
despejada.
As fibras não-naturais são feitas misturando o produto a ser trabalhado e reagentes
químicos. Após a mistura, os fios são formados por meio da extrusão através de pequenos
furos. No final, a água é descartada com a matéria-prima que não conseguiu virar fibra e
com as substâncias químicas em excesso.
Passadas várias etapas, com o substrato já obtido, as etapas de beneficiamento são
as mais impactantes para o consumo dos recursos hídricos. Primeiramente, o
beneficiamento primário, que tem como finalidade a remoção de impurezas e
aprimoramento do aspecto visual e da maciez do tecido, envolve processos que utilizam
químicos dissolvidos em água para alterar a composição e aparência do material. São eles:

-A purga: remove resíduos como cera, gorduras e resinas de fibras naturais ou


químicos que restaram do processo de síntese das fibras artificiais, além de aumentar a
capacidade de absorção de água para processos seguintes.
-O alvejamento: utiliza peróxido de hidrogênio, hipoclorito de sódio e clorito de sódio
para branquear o tecido.
-O branqueamento óptico: o tecido é submetido a luz ultravioleta e outros reativos
para ficar com a cor branca mais característica.
-Mercerização: utiliza hidróxido de sódio para alterar a fibra do tecido e deixá-lo mais
confortável e maleável. No entanto, é necessário um ácido forte para neutralizar a base ao
fim do processo.
Todos esses processos do beneficiamento utilizam químicos extremamente reativos
para alterar as propriedades do tecido, o que aumenta o impacto que o esgoto do setor tem
sobre o ambiente em relação à sintetização de fibras não naturais.

Em relação ao beneficiamento secundário, o tingimento é o processo que mais polui,


pois é feito tradicionalmente com a peça mergulhada em um recipiente com o pigmento ou
corante dissolvido em água. Além de os aditivos utilizados para dar a pigmentação serem
tóxicos, a água poluída bloqueia a infiltração de luz, o que pode afetar radicalmente o
ecossistema aquático e causar eutrofização. Portanto, quanto mais vibrante a cor que deve
ser conferida à vestimenta, maior o impacto ambiental.
Existem novos processos que pretendem aumentar a eficiência do tingimento, e
assim diminuir o desperdício de água. A estampagem é um processo que usa uma tinta
concentrada em forma de pasta para pigmentar o tecido e o dye clean é outro processo que
utiliza um corante mais reativo para diminuir a dependência na água. É interessante
mencionar também que as etapas de beneficiamento aumentam a hidrofilidade do tecido, o
que facilita a tintura e diminui o desperdício.

4-Sugestões e Soluções:

Face ao acima exposto, é possível notar que há no Brasil alguns casos de sucesso
nos quais indústrias implantaram sistemas com o intuito de aumentar a eficiência dos
processos e reduzir consumo de água.

Figura 6: Tabela mostrando casos bem sucedidos de redução na poluição.

Tendo em vista todo o processo de fabricação na indústria têxtil - fiação, malharia,


tecelagem, acabamento e confecção - e a situação hídrica no Brasil e no mundo, urge a
necessidade de arrumar meios de mudar essa situação. Essa mudança deve ser guiada por
dois conceitos principais anteriormente citados.
O primeiro é o P2, a prevenção à poluição, qualquer prática que visa que tem por
objetivo a redução ou eliminação em quantidade ou toxicidade dos poluentes na fonte
geradora. Para sermos incisivos com a medida, devemos mirar nos processos com maior
consumo e alteração na toxicidade da água: a formação de fibras sintéticas e o
beneficiamento. Visto que ambos precisam de muitos reagentes químicos aquosos, ou seja,
muita água, são pontos críticos na prevenção à poluição.
As principais maneiras de se aplicar o P2 são reduzir a quantidade de substâncias
tóxicas ao meio e reduzir a quantidade de água utilizada. Para isso, deve-se pesquisar
sobre de tecnologias e técnicas anteriormente testadas para aumentar a eficiência dos
processos, estudar o desempenho das indústrias analisadas e por fim escolher a opção
mais sustentável. Uma alternativa ao uso excessivo de água, é a utilização de água de
reuso, dando prioridade às estações de tratamento mais próximas, o que diminui o custo do
transporte.
O segundo é o P+L, a produção mais limpa, “aplicação contínua de uma estratégia
ambiental integrada e preventiva para processos, produtos e serviços, para aumentar a
eficiência global e reduzir os riscos às pessoas e ao meio ambiente” (UNEP- Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, 2009). Como o processo como um todo envolve
grande quantidade de produtos indesejáveis em corpos d’água, é necessário a
implementação de um sistema de tratamento de efluentes, que deve, através de métodos
físicos e químicos, diminuir a contaminação da água que sai da indústria. Não é necessário
que a água saia completamente pura, o que seria inviável para as indústrias, mas deve
reduzir a contaminação de modo que o ecossistema nos arredores do local de descarte
desta não seja prejudicado.

5-Conclusão

A fabricação de fibras não-naturais, em geral, utiliza uma pequena parte dos


recursos hídricos alocados à indústria têxtil. Um fator que colabora para esse cenário é o
fato da fibra artificial mais comum ser o poliéster, que usa pouca água em sua produção, até
possivelmente menos do que o necessário para a irrigação de qualquer plantação de
algodão ou outra fonte de fibra natural. Um método de diminuição de gastos de água que já
existe no Brasil é a reutilização de água para fins não potáveis, o que encaixa na P+L, pois
a fábrica pode tratar a sua própria água de descarte ou de outra indústria e utilizá-la no
processo de produção de fios, poupando água potável para fins mais delicados, como
consumo humano.
Para diminuir efetivamente a poluição dos recursos hídricos proporcionada pela
indústria têxtil, entretanto, é necessário o uso de outros métodos. Os gastos de água estão
acumulados nas etapas beneficiamento, com químicos muito reativos e pigmentos
concentrados, sendo necessária a substituição dos métodos de tratamento de água e de
tingimento clássicos para tornar a indústria mais sustentável.
É essencial fazer um tratamento específico para neutralizar os oxidantes e outras
substâncias polarizantes usadas no beneficiamento primário para atenuar o impacto
ambiental dos efluentes. Já em relação ao processo de tingimento, é possível procurar
novos métodos que contornam o uso de água ou diminuem a sua poluição no
processo,além de tentar tratar e decompor os pigmentos que deixam a água turva.
A estampagem e o dye clean foram técnicas mencionadas que podem aumentar a
eficiência hídrica da indústria. A estampagem utiliza misturas pastosas que devem ser
aplicadas localmente no tecido, ao passo que o dye clean utiliza químicos com melhor
reatividade com o tecido de tal forma que a quantidade de reagentes é diminuída e o
impacto dos efluentes é menor, pois é mais fácil de tratá-lo, podendo ser transformado até
em água de reuso. Assim, é possível tornar a indústria têxtil efetivamente sustentável.

6-Referências bibliográficas:

- Universidade Anhembi Morumbi. Profa. Mitiko Kodaira de Medeiros.


Beneficiamento têxtil. Disponível em
<http://www2.anhembi.br/html/ead01/tecnol_textil/aula6.pdf>. Acesso em 24/04/2017
-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA
CATARINA. UNIDADE DE ENSINO DE ARARANGUÁ. Profa. Gislaine de Sousa Pereira.
Curso têxtil em malharia e confecção, Módulo 2. Disponível em
<https://pt.slideshare.net/coopermoda/tecnologia-textil-apostilha-tecnica>. Acessado
22/04/2017.
-Blog ReciclandoIdeias. Gestora ambiental, Marcela Barquet. Programa de
Prevenção à Poluição - Como implantar?. Disponível em
<http://reciclandoasideias.blogspot.com.br/2011/02/programa-de-prevencao-poluicao-
como.html>. Acessado em 25/04/2017.
-GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO. CETESB. Produção mais limpa.
Disponível em: <http://consumosustentavel.cetesb.sp.gov.br/casos-de-sucesso/listagem-por-
setor-produtivo-industrial/textil/>. Acessado em 24/04/2017

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