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ü Temperatura homóloga
ü Visco-elasticidade
- Comportamento mecânico das famílias de polímeros
- Viscosidade
- Comportamento visco-elástico
ü Efeito da temperatura sobre a deformação plástica em materiais
cristalinos
ü Fluência
- A taxa mínima de fluência
- Mecanismos de fluência
ü Outros fenômenos que ocorrem a altas temperaturas
ü Materiais para aplicação em temperaturas elevadas
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A temperatura homóloga
Ø O calor, como uma forma de energia, afeta os diferentes materiais de formas diversas
dependendo da energia de coesão do sólido. Fenômenos observados em certas
faixas de temperatura para um material (como a fluência, por exemplo) também são
observados em um segundo material similar, só que provavelmente em uma faixa de
temperaturas diferentes.
Ø Experimentalmente observa-se que as faixas de temperaturas em que os diferentes
fenômenos ocorrem são fortemente correlacionadas nos diferentes materiais em uma
escala adimensional na qual a temperatura (absoluta) de uso do material é dividida
pela temperatura de fusão (Tc) do mesmo. À temperatura adimensional assim obtida
dá-se o nome de temperatura homóloga:
T = 300K ⇒ τH = 0,6 para polímeros (Tc ~ 500K) e 0,16 para aços (Tc ~ 1800K)
ü Portanto a temperatura ambiente é uma temperatura relativamente elevada para a maioria dos polímeros,
porém uma temperatura baixa para a maioria dos materiais inorgânicos
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Termorígidos Elastômeros
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Viscosidade
τ=F/A
∆x área A γ = ∆x / h
V,F τ = η d γ / dt
h
σ = tensão; γ = deformação;
η: viscosidade
Ø Asfalto 100.000
Ø Polímero Fundido 1.000
Ø Melaço 100
Ø Mel líquido 10
Ø Glicerina 1
Ø Óleo Vegetal 0,01
Ø Água 0,001
Ø Ar 0,00001
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Visco-elasticidade
Ø Fios de seda (observação
experimental)
Quando se aplica uma tensão
observa-se uma deformação
imediata (elástica) que prossegue
com o tempo. Quando a força é
removida há um encolhimento
instantâneo (elástico), seguido de
um encolhimento que prossegue
com o tempo.
James Clerk Maxwell (1867)
Encyclopedia Britanica: Teoria
da visco-elasticidade
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Efeito da temperatura sobre o
comportamento mecânico do poliestireno
Módulo de rigidez do poliestireno em
função da temperatura
Comportamento
elástico
Comportamento
visco-elástico
Fluência
Líquido viscoso
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Efeito da temperatura sobre a deformação
plástica
Ø Os mecanismos de deformação plástica (também) são
fenômenos termicamente ativados, portanto o limite de
escoamento cai com o aumento da temperatura (para a
grande maioria dos materiais)
Ø Isto faz com que a aplicação intencional dos
conhecimentos de ciência dos materiais (ou seja a
engenharia do material) seja essencial no projeto para
aplicações em altas temperaturas → mecanismos de
endurecimento (superligas à base de níquel), formação
de compósitos (compósitos de matriz cerâmica),
modificações na estrutura das cadeias poliméricas
(black orlon)
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O fenômeno e o ensaio de fluência
Ø Materiais (metálicos, cerâmicos e poliméricos) expostos a altas temperaturas
homólogas por tempos longos sofrem deformação plástica, mesmo quando
submetidos a tensões inferiores ao limite de escoamento na mesma temperatura.
Este fenômeno é denominado fluência ("creep") e tem grande importância em
engenharia.
Ø O ensaio de ruptura por fluência é realizado com cargas maiores, tem duração típica
inferior a 1.000 horas. A deformação é usualmente determinada com menor precisão
e a deformação total pode atingir valores da ordem de 50%. A principal informação
obtida no ensaio de ruptura em fluência é o tempo de ruptura sob uma determinada
tensão numa dada temperatura.
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais
PMT - 2200
Escola Politécnica - USP
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A taxa de fluência
Ø A taxa mínima de fluência ("creep rate") é o parâmetro mais importante
para finalidade de projeto extraído dos ensaios de fluência,
particularmente a velocidade de fluência no estágio estacionário
("steady-state creep rate") ou segundo estágio.
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Os mecanismos de fluência em materiais
inorgânicos
Ø A deformação plástica durante o ensaio de fluência ou em serviço pode
ocorrer por três mecanismos: movimentação de discordâncias, difusão
e escorregamento de contornos de grãos.
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Os mecanismos de fluência
Ø A difusão, sob ação de tensão externa, também pode causar
deformação plástica. A difusão tanto pode ocorrer através do volume
(mecanismo de Nabarro-Herring) como ao longo dos contornos de
grãos (mecanismo de Coble). Conforme esperado, as energias de
ativação para difusão e para fluência apresentam excelente correlação.
a) Escalada ("climb) de
discordância:
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Os mecanismos de fluência
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A equação de Mukherjee-Bird-Dorn
AGbD b σ
p n
ε&min =
kT d G
Onde:
G = módulo de cisalhamento, b = módulo do vetor de Burgers, D = difusividade, k =
constante de Boltzmann, d = tamanho de grão, σ = tensão aplicada, A, p e n são
parâmetros
Q
Lembrando: D = D0 exp − D
kT
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais
PMT - 2200
Escola Politécnica - USP
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Fratura em fluência
Ø Durante a deformação plástica de materiais policristalinos em temperaturas
elevadas pode ocorrer o deslizamento de grãos, o qual é favorecido pelo
aumento da temperatura e pela diminuição da velocidade de deformação. A
contribuição deste mecanismo na deformação total é pequena (exceto em
cerâmicas, onde é o mecanismo dominante), mas ele está freqüentemente
associado com o início da fratura nos contornos de grãos.
a) Mecanismo de formação
de trincas
intergranulares por
deslizamento de grãos
(segundo H. C. Chang e
N. J. Grant).
b) Mapa de mecanismos de
fratura (segundo M. F.
Ashby).
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Outros fenômenos ("internos" e "externos") que
ocorrem em altas temperaturas
Ø Durante a exposição em altas temperaturas por tempos longos, o
material sofre modificações internas e externas, que por sua vez,
afetam a resistência à fluência. Os dois problemas "internos" principais
são o engrossamento ou coalescimento da microestrutura (“Ostwald
ripening”) e a precipitação de fases duras e frágeis conhecidas como
fases intermetálicas. Os três problemas "externos" principais são:
oxidação, carbonetação e corrosão a quente ("hot corrosion").
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Resistência à Oxidação
Ø A resistência à oxidação dos aços inoxidáveis e superligas
à base de níquel, cobalto ou ferro é obtida por meio da
adição de cromo, que propicia a formação de um óxido à
base de cromo aderente e protetor. O alumínio tem efeito
similar ao do cromo e em algumas superligas o óxido
formado é a alumina.
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Resistência à
Oxidação
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Resistência à oxidação e resistência à fluência para
vários materiais metálicos
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Recobrimentos ("coatings")
Ø A proteção contra ataques do meio, principalmente oxidação, só é
alcançada em alguns casos com auxílio de recobrimentos. Os
recobrimentos metálicos têm espessura de alguns µ m, enquanto
os cerâmicos também funcionam como barreira térmica e têm
cerca de 1 mm. Os principais recobrimentos metálicos utilizados
para proteger as superligas são os aluminetos. Na proteção de
metais refratários são utilizados predominantemente silicetos.
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Algumas Propriedades dos Principais Materiais Utilizados para Recobrimentos em
comparação com os substratos (Ni, aço inoxidável austenítico AISI 316 e Mo).
Material Ponto de Fusão Densidade Coef. Dilat. Térm. Cond. Térm. Estrutura
(10 -6 K)
(°C) (g/cm3) (W/cm K) Cristalina
Pt 1770 21,4 8,8 0,71 CFC
NiAl 1640 5,90 14 - Cúbica
CoAl 1640 6,04 - - Cúbica
NbAl 3 >1700 4,60 8,3 - Tetragonal
TaAl 3 >1500 7,0 6,9 - Tetragonal
NbSi 2 2000 5,3 8,5 Hexagonal
MoSi 2 1870 6,2 8,1 0,31 Tetragonal
TaSi 2 2400 8,8 8,5 Hexagonal
WSi 2 2150 9,3 8,5 0,31 Tetragonal
Al 2O3 2030 4,0 7,4 0,088 Hexagonal
Cr2O3 2430 3,6 8,1 0,088 Hexagonal
MgO 2800 5,2 14,2 - Cúbica
ThO2 3220 9,7 9,9 0,050 Cúbica
Ni 1455 8,90 13,3 0,80 CFC
AISI 316 1400-1370 8,00 16,0 0,16 CFC
Mo 2625 10,22 4,9 1,42 CCC
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Cerâmicas para aplicações em altas
temperaturas
ü Cerâmicas geralmente apresentam estruturas cristalinas
complexas que reduzem a difusividade e a habilidade do material
em sofrer deformação plástica. Desta forma, cerâmicas geralmente
apresentam boas propriedades em solicitações de fluência
ü Além disto, cerâmicas freqüentemente apresentam uma excelente
resistência à oxidação e à corrosão a quente
ü A limitação é a baixa tenacidade intrínseca do material, além da
sua sensibilidade ao choque térmico
ü Exemplo de material promissor para uso até 1900o C → MoSi2
ü Alternativa é o uso de cerâmicas como material de reforço em
compósitos de matriz metálica (aumentando a resistência à
fluência da matriz) ou de matriz cerâmica (aumentando a
tenacidade da matriz)
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Exemplos de aplicação
Ø O desenvolvimento das turbinas, especialmente daquelas utilizadas para
propulsão a jato, ocasionou grande desenvolvimento nos materiais para altas
temperaturas nos últimos 50 anos.
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